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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS - EQA BIOQUÍMICA EXPERIMENTAL Prática 3: EXTRAÇÃO, ISOLAMENTO E DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DO ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLÉICO (DNA) DE TECIDOS VEGETAIS Júlia Gonzalez - 86756 Lisliane Kickofel - 71591 Simone Soares - 47475 Profª.: Márcia Luvielmo Rio Grande 2018 1. INTRODUÇÃO DNA é a sigla da molécula da vida. O ácido desoxirribonucleico (DNA) é um dos ácidos nucleicos que constituem o material genético da maioria dos seres vivos. Os ácidos nucleicos são polímeros formados por nucleotídeos, que é um grupamento fosfóricos (fosfato), glicídio (monossacarídeo/pentose) e uma base nitrogenada (SÓ BIOLOGIA). Figura 1.1. Representação do nucleotídeo As bases nitrogenadas que compõem o DNA são as responsáveis pela codificação das informações genéticas de cada célula. O açúcar e o grupo fosfato são responsáveis pela função estrutural (KOMSKI, 2018). O ADN é presente no núcleo dos eucariotas e disperso no hialoplasma dos procariotas. Os ácidos nucleicos podem ser de dois tipos:DNA e RNA. O RNA significa ácido ribonucleico e também está relacionado ao mecanismo de controle celular e transmissão hereditária das características (SÓ BIOLOGIA). A partir de pesquisas feitas em laboratório e utilizando resultados de complexa técnica de difração de raio X, Watson e Crick concluíram que no DNA, as cadeias complementares são helicoidais, sugerindo uma escada retorcida. Nessa escada, os corrimãos são formados pelos fosfatos e os açúcares, enquanto os degraus são as bases nitrogenadas (SÓ BIOLOGIA). Em cada fita do DNA o corrimão é interligado por moléculas de açúcares e radicais fosfatos. As duas cadeias são unidas uma à outra por pontes de hidrogênios, que se formam entre duas bases nitrogenadas de cada fita. O pareamento das bases acontece de forma exata: uma base púrica (adenina (A), guanina (G)) se liga a uma pirimídica (timina (T), citosina (C)) (SÓ BIOLOGIA). O ADN pode ser observado na figura 1.2. No corrimão, uma zona de ligações entre os açúcares e os fosfatos é uma zona hidrofílica, enquanto em contraste com os degraus, é uma zona hidrofóbica, onde se encontram as bases nitrogenadas. Figura 1.2. Representação da molécula de ADN A biologia molecular é a área da biotecnologia que surgiu a partir da dedução da estrutura tridimensional da molécula de ácido desoxirribonucléico (DNA) e envolve diversos princípios e técnicas que permitem analisar o material genético dos organismos. O desenvolvimento da biologia molecular permitiu diversas aplicações, como o diagnóstico de doenças genéticas e patologias, o melhoramento genético animal e vegetal, e a genética forense. Neste capítulo, estão descritas as principais técnicas de biologia molecular utilizadas na obtenção, manipulação e análise de DNA, bem como os principais tipos de análises realizadas no diagnóstico de doenças, na determinação de paternidade e no auxílio à elucidação de crimes (NONOHAY E HEPP). Existem vários protocolos de extração de DNA e RNA descritos na literatura, e a escolha do mais adequado deve levar em consideração a molécula desejada (DNA e/ou RNA), o tipo de amostra, o grau de pureza e o rendimento desejado, além da disponibilidade de recursos para a sua realização. O conhecimento a respeito das características dos organismos envolvidos, como suas especificidades e a localização das moléculas de ácidos nucleicos, é importante para o planejamento dos procedimentos a serem utilizados, visando às aplicações específicas posteriores (NONOHAY E HEPP). A lise celular envolve o rompimento das células e deve ser realizada em soluções tamponadas, geralmente contendo um detergente e os reagentes tris-hidroximetil aminometano (Tris), cloreto de sódio (NaCl) e ácido etileno diamino tetra-acético (EDTA). O detergente atua sobre os lipídios, promovendo o rompimento das membranas e a liberação do conteúdo celular. O reagente Tris mantém o pH da solução tampão de lise estável (próximo a 8,0), evitando que o DNA, ao ser liberado, sofra o ataque das enzimas desoxirribonucleases (DNases) endógenas que o degradam, as quais atuam em pH ótimo de 7,8. A adição do agente quelante EDTA também auxilia na inibição da ação das DNases por se ligar aos cofatores Ca+2 e Mg+2 da enzima DNase. O NaCl contribui rompendo ligações iônicas das cadeias peptídicas, auxiliando na desnaturação das proteínas e adicionalmente promove a aglomeração das moléculas de DNA (NONOHAY E HEPP). Em condições de baixa temperatura e elevada concentração salina (devido ao NaCl presente no tampão de lise), a adição de etanol absoluto, isopropanol ou soluções acetatos de amônio ou sódio resulta na precipitação do DNA, o que forma em solução um aglomerado de filamentos esbranquiçados que podem ser “pescados” com um bastão de vidro ou concentrados no fundo do tubo por centrifugação. Geralmente a lavagem do DNA é realizada com etanol 70% para a remoção dos sais, detergentes e de outras impurezas. Após a secagem por evaporação, o DNA é solubilizado preferencialmente em solução tampão TE (Tris-HCl e EDTA) (NONOHAY E HEPP). Já o teste de Molisch é um teste químico sensível para a presença de carboidratos. Este teste baseia-se na desidratação do carboidrato pelo ácido sulfúrico ou pelo ácido clorídrico, dando origem a um aldeído, que sofre condensação com duas moléculas de fenol (normalmente o α-naftol, mas também podem ser outros fenóis, como resorcinol ou timol), resultando em compostos com cor vermelha ou púrpura. A solução teste é combinada com uma pequena quantidade de reagente de Molisch (α-naftol dissolvido em etanol). Depois de misturado o reagente, adiciona-se lentamente, pelas paredes do recipiente (inclinando o recipiente), uma pequena quantidade de ácido sulfúrico concentrado, sem mexer a mistura, de forma a criar uma interface. Uma reação positiva corresponde ao aparecimento de um anel de cor púrpura na interface (RODRIGUES, 2014). Todos os carboidratos – monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos – devem levar a testes positivos. ácidos nucleicos e glicoproteínas também podem dar resultados positivos, dado possuírem carboidratos, os quais são hidrolisados por ácidos minerais fortes. As pentoses são desidratadas a furfural, enquanto que as hexoses são hidrolisadas a 5-hidroximetilfurfural. Qualquer um destes aldeídos, quando presentes na solução teste, condensam-se com duas moléculas de naftol, formando um produto com coloração púrpura (RODRIGUES, 2014). A quantificação de DNA por espectrofotometria é realizada por medição da quantidade de luz absorvida pelo DNA em solução no comprimento de onda de 260 nm. Quanto maior for a absorção de luz nesse comprimento de onda, maior a concentração de DNA na solução. Assim, sabendo que o valor de absorbância (A) de 1,0 corresponde a uma concentração de 50 µg de DNA (fita dupla) por mililitro (mL), é possível calcular a concentraçãodo DNA obtido das amostras (NONOHAY E HEPP). 2. OBJETIVO Os objetivos da aula prática é a demonstração de uma técnica geral de extração do ADN de algum tecido e revisar os componentes estruturais das células https://www.fciencias.com/2014/09/25/hidroximetilfurfural-hmf-molecula-da-semana/ e as reações químicas dos componentes dos ácidos nucléicos, assim como a determinação da concentração do ADN extraído e a sua pureza. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Materiais ● Tecidos vegetais; ● Proveta de 500 mL; ● Detergente neutro; ● EDTA 10 mM; ● Sal de cozinha (NaCl, 10 mM); ● Recipiente para banho de gelo; ● Erlenmeyer; ● Algodão; ● Tubos de ensaio; ● Pêra de sucção; ● Pipetas de 2 mL e 5 mL; ● Álcool etílico 95% (gelado: -4 a 8 °C); ● Béqueres; ● Água destilada; ● Ácido sulfúrico concentrado; ● Solução de xilose 0,01%; ● Tampão Tris-HCl 0,01 M pH 8; ● Reagente de Molish: ➔ Dissolver 5 g de - naftol em 50 α mL de álcool. ● Espectrofotômetro. 3.2 Métodos 3.2.1 Extração do ADN Pesou-se em torno de 100 g de morango e cortou-se em quadrados (5 mm). Em uma proveta de 500 mL, colocou-se 100 mL de detergente neutro e 15 g de NaCl e completou-se com água destilada. 100 mL dessa solução preparada foi colocada em um béquer e adicionou-se o morango cortado, o qual foi homogeneizado uniformemente com um bastão de vidro. Essa mistura foi colocada em banho-maria a 60 °C durante 20 minutos com agitação e logo após resfriada em um banho de gelo, agitando sempre (5 a 10 minutos). Num erlenmeyer, com auxílio de um funil e algodão, filtrou-se a amostra, que após foi colocada em 5 tubos de ensaio, um volume de 3 mL e também adicionou-se lentamente 3 mL de álcool etílico 95% gelado, no qual observou-se o que ocorria. 3.2.2 Verificação da presença de DNA Enrolou-se o DNA dos tubos 1 e 2 em um bastão de vidro e transferiu-se ambos para outro tubo de ensaio contendo 2 mL de água destilada para solubilizar o DNA Em outro tubo de ensaio adicionou-se 2 mL de solução de açúcar tipo pentose. Aos dois tubos, adicionou-se 0,5 mL do reagente de Molish e cuidadosamente foi adicionado 2 mL de ácido sulfúrico pela parede do tubo, sem agitação. Figura 1. Foto retirada da prática experimental 3.2.3 Determinação da concentração de DNA O DNA foi enrolado em um bastão dos tubos 3 e 4 e transferiu-se para outros 2 tubos de ensaio, contendo 2 mL de tampão Tris-HCl, 2 mL de EDTA e 2 mL de NaCl em cada. O material foi deixado em repouso em uma geladeira, após a amostra foi centrifugada e determinou-se a absorbância do sobrenadante à 260 e 280 nm. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a realização dessa prática utilizou-se amostras de morango e kiwi, no qual as absorbâncias obtidas a 260 e 280 nm no espectrofotômetro pode ser observada da tabela 4.1. Tabela 4.1. Absorbâncias obtidas para as amostras em 260 a 280 nm, com o branco (0,075) já descontado Amostra Morango (1) Kiwi (1) Morango (2) Kiwi (2) Absorbância a 260 nm 0,133 0,102 0,05 0,0,42 0,064 0,056 0,023 0,056 Média 0,118 0,046 0,060 0,040 Absorbância a 280 nm 0,132 0,100 0,059 0,046 0,084 0,070 0,042 0,062 Média 0,116 0,053 0,077 0,052 Ao saber que uma unidade de absorbância a 260 nm (A260 = 1) corresponde à 50 µg mL-1 de DNA, foi possível calcular a concentração em cada uma das amostras. Morango (1) 50 µg mL-1 1 x 0,118 x = 5,9 µg mL-1 Morango (2) 50 µg mL-1 1 x 0,060 x = 3 µg mL-1 Kiwi (1) 50 µg mL-1 1 x 0,046 x = 2,3 µg mL-1 Kiwi (2) 50 µg mL-1 1 x 0,040 x = 2 µg mL-1 Por fim, para calcular a pureza de cada amostra, calculou-se a razão entre as absorbâncias, ou seja, dividiu-se a absorbância obtida em 260 nm pela obtida em 280 nm. Obtendo os valores, observados na tabela 4.2. Tabela 4.2. Razão entre as absorbâncias Amostra Morango (1) Kiwi (1) Morango (2) Kiwi (2) Média 1,02 0,88 0,78 0,77 Uma amostra de DNA, considerada pura apresenta a razão entre 1,8 a 2. Caso essa razão for menor, como é o caso, possivelmente há a presença de contaminação, como as proteínas. Valores acima de 2, a contaminação se dá devido a presença de fenóis ou outros contaminantes que absorvem fortemente em 280 nm (PALMA et al. 2017). A amostra com maior pureza, foi a amostra que obteve-se uma melhor extração, porém com os resultados é possível observar que todas possuem alguma contaminação. 5. CONCLUSÃO Com o experimento foi possível verificar a eficiência da técnica para a extração, verificação e determinação da concentração e pureza das amostras utilizadas, como o morango e o kiwi. Sendo o morango, o que teve a melhor extração e pureza, mesmo com algumas contaminações. 6. ANEXOS 6.1. QUESTÕES 1. Que tipo de composto presente na parede celular dos vegetais prejudica a extração? E qual facilita? Explique e dê exemplos. 2. Explique o que ocorreu após a adição de álcool etílico durante a extração de DNA. 3. Por que é utilizado o reagente de Molish na verificação da presença de DNA no extrato vegetal? 4. Qual é a função do tampão, EDTA e NaCl na determinação da concentração de DNA? 5. Por que a determinação da pureza é realizada com leituras da amostra nos comprimentos de onda de 260 e 280 nm? 6.2. RESPOSTAS 1. A pectina pode prejudicar a extração. Um fator que pode facilitar a extração (no caso de amostras de frutas) é prestar atenção na maturação da fruta. É ideal que a maturação esteja mediana e que a fruta não esteja nem muito verde e nem muito madura, pois estes fatores dificultam a extração. 2. O álcool etílico desidrata o DNA e a molécula não fica mais dissolvida no meio aquoso. Como o DNA não é solúvel em álcool, suas moléculas ficam agrupadas, e por ter menor densidade que os outros constituintes celulares, ele surge na superfície do extrato. 3. O reativo de Molish é importante na etapa de verificação do DNA. As pentoses adicionadas formam o furfural, que reagem com o reativo de Molish e formam um anel na interface das duas soluções. 4. A função da solução tampão é deixar o pH do sistema estável. O EDTA é um agente quelante que tem como função quelar os cátions divalentes, integrando a molécula de DNA. O NaCl proporciona um ambiente favorável para a extração porque o sal, depois de ser dissolvido em água, se dissocia e contribui com íons positivos que neutralizam a carga negativa do grupo fosfato do DNA. Com isso, as moléculas de DNA não sofrem mais repulsão de cargas entre si, o que favorece a sua aglomeração. 5. Porque o DNA absorve luz no comprimento de onda igual a 260 nm, enquanto as proteínas absorvem luz no comprimento de onda igual a 280 nm. Logo, com a razão entre as duas absorbâncias obtidas sabe-se a pureza da amostra. Se a razão entre as duas absorbâncias for menor que 1,8, há muita contaminação de proteína na amostra. 7. REFERÊNCIAS 1. A duplicação do DNA. Disponível em: <https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia2/AcNucleico3.php>. Último acesso: 12/10/18 2.KOMSKI, Lisa. 10 métodos de extração de DNA. Disponível em: <http://pt.wakolatinamerica.com/blog/post/10-metodos-de-extracao-de-dna/>. Último acesso: 14/10/2018. 3. DHALIWAL, Anandika. Extração e purificação de DNA. Disponível em: <https://www.labome.com/method/DNA-Extraction-and-Purification.html>. Último acesso: 12/10/2018. 4. SOUZA, Karina. Caracterização de carboidratos: teste de Molisch. Disponível em: <http://www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquimica/praticas_ch/molisch.htm>. Último acesso: 14/10/2018. 5.NONAHAY, Juliana Schmitt de e HEPP, Diego. Capítulo 1: Técnicas e análises de biologia molecular. Disponível em: <http://srvd.grupoa.com.br/uploads/imagensExtra/legado/B/BRUNO_Alessandra_N ejar/Biotecnologia_II/Lib/Amostra.pdf> 6. PALMA, Bianca Fogazza et al. SISTEMÁTICA DE EXTRAÇÃO DE DNA PARA ESTUDOS VIA ESPECTROSCOPIA RAMAN. Disponível em: 14/10/18 <http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2007/trabalhos/engenharias/inic/INICG0032 6_01O.pdf> 7. RODRIGUES, João. Teste de Molisch. Disponível em: <https://www.fciencias.com/2014/10/30/teste-de-molisch-laboratorio-online/>
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