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Análise Doppler na Prática Dr. Wercules Oliveira Dr. Rafael Piveta Dr. Miguel Osman Introdução O efeito Doppler foi descrito em 1842 pelo físico austríaco Johan Doppler e representa um princípio direcionado ao estudo do fluxo sanguíneo. Trata-se de uma característica observada nas ondas que são dispersas por um objeto em movimento; e, no caso do ecocardiograma este objeto que está em movimento e promove a dispersão das ondas sonoras emitidas pelo transdutor é a hemácia. Assim, através do movimento das hemácias, o sinal Doppler pode ser registrado e analisado a partir de 4 principais modalidades: o Doppler colorido, o Doppler pulsado, o Doppler contínuo e o Doppler tecidual (movimento do tecido miocárdico). Doppler colorido ou mapeamento de fluxo a cores Promove uma análise visual e subjetiva da dinâmica do fluxo sanguíneo no interior dos vasos e das cavidades cardíacas. As cores representam o sentido do fluxo de sangue no interior das cavidades cardíacas, definindo se o fluxo se aproxima (habitualmente cor vermelha) ou se afasta (habitualmente cor azul) do transdutor. Fluxos de altas velocidades, por exemplo presentes em lesões valvares estenóticas, podem se expressar como um "mosaico" de cores, representando o aliasing (ocorre quando a velocidade do sangue excede um limite superior de medida, o chamado limite Nyquist). Doppler Pulsado Analisa a velocidade do fluxo sanguíneo em um ponto específico do coração, com um espectro de velocidade limitado. Portanto, mede velocidades baixas e localizadas. Uma importante aplicação do Doppler pulsado em ambiente de terapia intensiva é a análise da velocidade e cálculo da integral velocidade-tempo (VTI) da via de saída do ventrículo esquerdo. Doppler pulsado na análise da velocidade da via de saída do ventrículo esquerdo. Doppler pulsado na análise das velocidades do fluxo transmitral. Doppler Contínuo Analisa o somatório das velocidades de todos os fluxos em uma determinada faixa do coração (orientado pelo feixe do ultrassom). Permite analisar fluxos de altas velocidades. Não é apropriada para medir velocidades localizadas, já que analisa a maior velocidade ao longo do feixe de ultrassom. Tem grande utilidade em lesões valvares estenóticas e na estimativa da pressão sistólica pulmonar. Doppler contínuo na análise da velocidade do fluxo em valva aórtica estenótica. A partir das velocidades medidas através do Doppler contínuo ou pulsado, utilizando a fórmula de Bernouilli é possível calcular o gradiente de pressão em determinado ponto do coração. Equação de Bernouilli simplificada = 4.V² (sendo V a velocidade obtido pela análise Doppler). A partir da análise do fluxo com o Doppler contínuo ou com o Doppler pulsado (em baixas velocidades) é possível a avaliação: Velocidade máxima (e consequentemente o gradiente máximo) Velocidade de pico atingida pelo fluxo de sangue naquele local Importante parâmetro para quantificar estenoses Fórmula de Bernouilli - Cálculo do gradiente de pressão Velocidade média (e consequentemente o gradiente médio) Média das velocidades no local estudado Menos dependente de estado hemodinâmico Integral Velocidade-Tempo (VTI) Distância que o sangue percorre em um batimento Importante para o cálculo do débito cardíaco Curva do Doppler contínuo permitindo o cálculo de VTI, além das velocidades e gradientes máximo e médio. Principais diferenças entre o Doppler pulsado, que mede velocidades baixas e localizadas; e o Doppler contínuo, que mede altas velocidades ao longo do feixe de ultrassom. Doppler Tecidual Permite avaliar as velocidades de diferentes pontos do tecido miocárdico. O estudo com Doppler tecidual é feito da mesma forma que o Doppler convencional. São obtidos os cortes ecocardiográficos convencionais e um cursor é posicionado no segmento miocárdico que se deseja estudar. Em seguida, ativando-se a função Doppler tecidual do aparelho pode-se observar no monitor a curva espectral com as velocidades de movimentação do miocárdio naquele segmento especifico. Exemplo de análise do Doppler tecidual em 2 pontos distintos: uma região normal e uma região infartada revelando menores velocidades teciduais miocárdicas. Em ambiente de terapia intensiva, a principal utilidade do Doppler tecidual será a medida das velocidades miocárdicas no anel mitral lateral e medial (complementando a análise da função diastólica, além de estimar pressões de enchimento ventricular esquerdo através da relação E/E' e pressão capilar pulmonar). Permite ainda a da medida da velocidade miocárdica no anel tricúspide lateral (com o cálculo da velocidade da onda S´, importante índice de função sistólica ventricular direita). Doppler tecidual em anel mitral lateral, com as velocidades das ondas S', E' e A'. Conjugação da análise com o Doppler pulsado do fluxo mitral e Doppler tecidual do anel mitral, a fim de acurada análise da função diastólica e cálculo da relação E/E'. Exemplo de fluxograma para a classificação de disfunção diastólica utilizando a conjugação da análise com o Doppler pulsado e Doppler tecidual. Importante aplicação do Doppler tecidual em ambiente de terapia intensiva - Relação E/e' Exemplo de comandos habituais para acionar as funções de Doppler pulsado, Doppler contínuo, Doppler tecidual e Doppler colorido.
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