Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTA - INSTITUTO SUPERIOR DE TEOLOGIA APLICADA GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINARIA JOÃO HELTON DA ROCHA BRASIL MONOGRAFIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO TUBERCULOSE BOVINA (REVISÃO DE LITERATURA) SOBRAL – CE 2016 II JOÃO HELTON DA ROCHA BRASIL MONOGRAFIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO TUBERCULOSE BOVINA (REVISÃO DE LITERATURA) Monografia apresentada ao Instituto Superior de Teologia Aplicada – INTA, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Medicina Veterinária. Sob a orientação do Professor Moisés Dias Freitas. SOBRAL – CE 2016 III Monografia apresentada como requisito necessário para a obtenção do Grau de Bacharel em Medicina Veterinária qualquer citação atenderá as normas da ética científica. João Helton da Rocha Brasil Monografia aprovada em: ____/____/____ Professor Dr. M.V. Moisés Dias Freitas Orientador MSc. M.V Edney Tauney Santos do Nascimento Banca Professor Dr. Juliano Cézar Minardi da Cruz Banca IV DEDICATÓRIA A Deus, a toda minha família, amigos. E ao meu grande amigo João Paulo Olímpio Frota ( In Memoriam ). V AGRADECIMENTOS A Deus por ter me dado força e saúde para concluir esse curso. Aos meus pais Regina e Dacino, pelo apoio, paciência e amor. Aos meus irmãos Helder e Roberta que me ajudaram sempre que precisei. Minha namorada Lorena que esteve sempre ao meu lado. Ao diretor do HOVET- GA Dr. Paulo Henrique Cavalcante e ao Dr. Michael Medeiros pelos ensinamentos Ao Dr. Moisés Dias, pela orientação desse trabalho e conselhos. A minha avó Enilda, pelas orações e incentivo. Aos meus amigos Davi e Marcilio Aos meus cunhados e cunhadas, tios e tias, afilhados, sobrinhos, primos pela força e apoio. E a todos que de alguma forma me ajudaram a concluir esse curso VI EPÍGRAFE “Deus nunca deixou trabalho sem recompensa nem lágrimas sem consolação” “Padre Cícero Romão Batista” VII SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... IX I. DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES RELACIONADAS AO ESTÁGIO SUPERVISIONADO ......................................................................................... 12 LOCAL E DESCRIÇÃO DE ESTÁGIO .......................................................... 12 FAZENDA EXPERIMENTAL FACULDADES INTA ....................................... 12 ASPIRAÇÃO FOLICULAR GUIADO POR ULTRASOM ............................ 13 PROTOCOLO DE SINCRONIZAÇÃO DE CIO .......................................... 14 INOVULAÇAO DE EMBRIÕES ................................................................. 15 SEXAGEM FETAL ..................................................................................... 16 DIAGNOSTICO DE GESTAÇÃO AOS 30 DIAS ........................................ 16 FAZENDA SANTA LUZIA ............................................................................. 18 BEZERREIRO ........................................................................................... 18 RECRIA ..................................................................................................... 19 II. CASO DE INTERESSE ............................................................................. 21 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 21 2. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 24 2.1. HISTÓRICO ........................................................................................ 24 2.2. ETIOLOGIA ......................................................................................... 26 2.3. EPIDEMIOLOGIA ................................................................................ 28 2.4. SAÚDE PÚBLICA: TUBERCULOSE BOVINA .................................... 31 2.5. PATOGENIA ....................................................................................... 33 2.6. SINAIS CLÍNICOS............................................................................... 34 2.7. ACHADOS DE NECROPSIA ................................................................. 35 2.8. DIAGNÓSTICO ...................................................................................... 37 2.8. CONTROLE E ERRADICAÇÃO ............................................................. 40 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 42 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 44 VIII LISTA DE ABREVIATURAS WHO World Health Organization FAO Food And Agricultural Organization CMT Complexo Mycobacterium Tuberculosis M.BOVIS Mycobacterium Bovis HCL Ácido Clorídrico ELISA The Enzyme-Linked Assay PCR Polymerase Chain Reaction OIE World Organization For Animal Health PPD Derivado Proteico purificado MAPA Ministerio da Agricultura Pecuaria e abastecimento BAAR Bacilo álcool-acido Resistente PNCBET Programa Nacional de Controle e Erradicação de Tuberculose e Brucelose IX LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Bomba de vácuo e Ovum pick up usado na aspiração de oócitos_______________________________________________________ 14 FIGURA 2 - Protocolo Usado para Receptoras_______________________15 FIGURA 3 -Ultrassom usado para diagnostico de gestação e sexagem fetal_________________________________________________________17 FIGURA 4 - Aleitamento de bezerras/ Bezerreiro tropical fazenda Santa Luzia_________________________________________________________18 FIGURA 5 - Bezerro no tronco coletivo para realização dos exames/ Piquetes de recria______________________________________________________19 X RESUMO A tuberculose bovina é uma doença crônica causada por Mycobacterium bovis,. O bacilo foi identificado pela primeira vez por Robert Koch em 1882. Atualmente está presente em todos os continentes, em alguns países a enfermidade já foi erradicada. No Brasil a prevalência média é de 1,3%. A principal via de transmissão em bovinos é a via respiratória sendo responsável por 90% da casuística em bovinos. A tuberculose é uma zoonose, estima-se que todo ano surgem 7.000 novos casos de tuberculose causado por Mycobacterium bovis, a população do meio rural é as mais afetada. O diagnóstico pode ser feito in vivo e in vitro, o teste padrão ouro é o bacteriológico e o exame alérgeno cutâneo é o indicado pela OIE. A profilaxia é feita através de identificação do animal positivo e eliminação do mesmo. A vacinação e tratamento não são indicados. Palavras chaves: Mycobacterium bovis; zoonose; saúde pública. XI ABSTRACT Bovine tuberculosis is a chronic disease caused by Mycobacterium bovis , is one of the oldest diseases in the world. The bacillus was first identified by Robert Koch in 1882. Currently is present on every continent , in some countries the disease has been eradicated. In Brazil the average prevalence is 1.3 %. The main route of transmission in cattle is the airway accounting for 90 % of the sample in cattle. Tuberculosis is a zoonosis , it is estimated that every year comes 7000 new cases of tuberculosis caused by Mycobacterium bovis . the rural people are the most affected. The diagnosis can be done in vivo and in vitro , the gold standard test is the bacterial and allergen skin test is indicated by the OIE . Prophylaxis is made through the positive animal identification and disposal thereof. Vaccination and treatment are not indicated. Key words : Mycobacterium bovis; zoonosis; health12 I. DESCRIÇÃO DAS CONDIÇÕES RELACIONADAS AO ESTÁGIO SUPERVISIONADO LOCAL E DESCRIÇÃO DE ESTÁGIO O estágio foi realizado na FAZENDA EXPERIMENTAL DAS FACULDADES INTA (NOVA ESPERANÇA) que está localizada na cidade do Cariré-Ce distrito de Bonfim. E na FAZENDA SANTA LUZIA do grupo cabo verde localizada no município de passos – Minas Gerais. Na Fazenda experimental das faculdades INTA, o estagio foi realizado em dois períodos. O primeiro período foi no dia 7 de março à 8 de abril no segundo momento foi do dia 9 de maio à 17 de junho. Na Fazenda Santa Luzia o período de estagio foi do dia 13 de abril ao dia 25 de abril. A Fazenda Santa Luzia possui uma área total de 900 hectares e um rebanho de 3.500 fêmeas, sendo a composição racial do rebanho adulto 45% de vacas 1/2HZ, 40% de vacas 3/4HZ e 15% de vacas 7/8HZ. No ranking de 2016, a Santa Luzia alcançou a 15ª posição com produção anual comercializada de 9.012.760 litros, e média diária de 24.692 litros de leite . A Fazenda experimental das faculdades INTA, possui cerca de 582 hectares. Possui um laboratório de biotecnologia que tem como principal objetivo a produção de embriões. Possui um rebanho de 350 vacas, sendo constituída por doadoras gir, guzerá e sindi, receptoras e bezerras 1/2 HZ. O principal objetivo da fazenda é a produção de bezerras através da técnica de fertilização in vitro. FAZENDA EXPERIMENTAL FACULDADES INTA Durante o estágio realizado na FAZENDA EXPERIMENTAL DAS FACULDADES INTA, acompanhei o manejo reprodutivo e as biotecnologias realizadas na fazenda, acompanhando o médico veterinário 13 Dr. Michael Medeiros, responsável pela fazenda. Entre os procedimentos acompanhados estão: Aspiração folicular guiada por ultrasom Protocolo de sincronização de cio Inovulação de embriões Diagnóstico de gestação aos 30 dias Sexagem fetal aos 60 dias Durante o estágio foi realizado a vacinação de todos os animais. As vacinas aplicadas foram: Febre aftosa IBR BVD Leptospirose Clostridiose Raiva ASPIRAÇÃO FOLICULAR GUIADO POR ULTRASOM A primeira etapa para produção de embriões in vitro é a obtenção de ovócitos in vivo, que ocorre com a técnica de aspiração folicular transvaginal, conhecida também com ovum pick-up (OPU), está técnica vem sendo a mais utilizada a décadas.(SENEDA, et al 2005) O medico veterinário Dr. Michael Medeiros utilizava esta técnica para a obtenção dos ovócitos na fazenda. O ultrassom usado na fazenda era um mindray dp2200 Utilizava também uma sonda de aspiração e uma bomba de vácuo. Durante o período do estagio foi realizado a aspiração em 40 vacas sendo da raça Gir e Guzerá. A media de oocitos aspirados e viáveis foram oito, o responsável pela aspiração relacionou essa baixa obtenção de oócitos com o estresse térmico e a subalimentação dos animais. Diversos trabalhos relatam que a subalimentação influencia diretamente na fisiologia da reprodução da vaca. 14 Sartori (2010) fala que um dos fatores que mais exercem influencia na reprodução, é a nutrição que exerce um papel importante por afetar diretamente a fisiologia e desempenho reprodutivo das vacas. Figura 1: Bomba de vácuo e Ovum pick up usado na aspiração de oócitos PROTOCOLO DE SINCRONIZAÇÃO DE CIO Em bovinos, protocolos hormonais que controlam o desenvolvimento folicular e função lútea permitem a utilização de varias biotécnicas como a inseminação artificial em momento pré-determinado e inovulação de embrião, aumentando a eficiência reprodutiva. (BÓ et al, 2004) Na fazenda, o protocolo de sincronização tinha como objetivo a sincronização de vacas receptoras para receber embriões de vacas doadoras superiores geneticamente. Existem diversos protocolos que podem ser usados para sincronização de receptoras para receber um embrião. A FIGURA 2 mostra o protocolo usado na fazenda. Durante o período do estágio foram realizados protocolo de sincronização em 150 receptoras. 15 Figura 2: Protocolo Usado para Receptoras INOVULAÇÃO DE EMBRIÕES Segundo Pieroni (2009), a técnica de TE utilizada em bovinos está bem definida e consiste na inovulação de um embrião no trato reprodutivo de uma fêmea receptora, previamente preparada, que irá completar a gestação. O local de deposição do sêmen deve ser no corno uterino ipsilateral ao corpo lúteo (CL). Na fazenda o médico veterinário primeiramente realizava a palpação retal para identificação e localização do corpo lúteo, pois a deposição do embrião era feita no corno uterino ipsilateral ao corpo lúteo. Depois da localização do corpo lúteo eram aplicados 3ml de lidocaína epidural e em seguida, com uma pipeta o embrião era depositado no corno uterino. Durante o período do estágio foram inovuladas 4 lotes de vacas sendo 3 lotes com 30 vacas e um lote com 60 vacas, no total 150 vacas foram inovuladas. D 0 • Colocar Implante • 2ml BE D 7 • 2 ml Prolise D9 • Ret. implante • 0,3 ml ECP • 2 ml NOVORMON • 2 ml Prolise 16 SEXAGEM FETAL A sexagem fetal era realizada na fazenda com 30 dias após a inovulação e era feito com auxilio de um aparelho de ultrassom. A estrutura observada no aparelho de ultrassom era o tubérculo genital, esta estrutura dará origem aos órgãos reprodutores do macho e da fêmea. No macho, o tubérculo genital está sempre próximo ao cordão umbilical, diferente da fêmea onde essa estrutura esta presente na base da cauda. DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO AOS 30 DIAS O uso de ultrassom possibilita o melhor manejo reprodutivo do rebanho através exames clínicos, diagnóstico precoce, acompanhamento de gestação, diagnóstico de patologias, sexagem fetal, etc. O diagnostico precoce de gestação pode ser realizado 30 dias após a cobertura, tendo até 100% de acurácia.(ARAUJO 2009) O diagnóstico realizado na fazenda era realizado com 30 dias após a inovulação, dos embriões. Vacas com gestação confirmada eram agrupadas ao lote de vacas prenhes, vacas que não estavam prenhes permanecia no lote de vacas vazia para entrar em novo protocolo de sincronização. 17 Figura 3: Ultrassom usado para diagnóstico de gestação e sexagem fetal 18 FAZENDA SANTA LUZIA Durante o estagio realizado na fazenda Santa Luzia, acompanhei o manejo de dois setores da fazenda: Bezerreiro Recria BEZERREIRO Durante o estágio na fazenda santa luzia acompanhei o manejo no bezerreiro. O bezerreiro da fazenda Santa Luzia tinha capacidade para 350 bezerros onde no período do estagio estavam todos ocupados. Os bezerros eram mantido em um bezerreiro tipo tropical, onde eram fornecidos 6 litros de leites diários, 2 vezes ao dia previamente pasteurizados. Após os 35 dias de idade os bezerros eram alimentados com leite artificial, o leite artificial era fornecidos até os 70 dias de idade. Logo após os 70 dias os bezerros eram transferidos para o piquete de recria. As principais enfermidades que afetavam os bezerros nos primeiros dias de vida era: diarréia neonatal, infecções umbilicais e pneumonias. Para cada enfermidade existia um protocolo de tratamento predefinido onde os funcionários realizavam sem o auxilio de um veterinário. Figura 4: Aleitamento de bezerras/ Bezerreiro tropical fazenda Santa Luzia 19 RECRIA Os animais depois de transferidos do bezerreiro aos 70 dias deidade eram mantidos no piquetes de recria, onde eram alimentadas com silagem de milho, os animais eram mantidos nesses piquetes até os 8 meses onde eram transferidos ao pasto. Ao entrar nesses piquetes todos os animais eram vermifugados. As principais enfermidades que afetavam essa categoria animal eram: tristeza parasitária bovina, pneumonias, ectoparasitas, diarréias, eimeriose. Os animais eram examinados três vezes por semana em tronco coletivo, a temperatura e a coloração de mucosas eramobservados. Animais com alterações eram tratados de acordo com protocolo de tratamento pré- definido. Após a vacinação de clostridiose, brucelose e raiva os animais eram transferidos para o pasto, onde permaneciam até a fase reprodutiva. Figura 5: bezerro no tronco coletivo para realização dos exames/ Piquetes de recria 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, A. A.; MOURA, A. A. A. Utilização da ultrassonografia no manejo reprodutivo de rebanhos bovinos. 2009. SARTORI, Roberto; GUARDIEIRO, Monique Mendes. Fatores nutricionais associados à reprodução da fêmea bovina. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, p. 422-432, 2010. SENEDA, M. M. et aI. Utilização da bomba de infusão contfnua para OPU. Use of infusion plllllp for OPU. Ulilizaci6n de la bomba de infusi6n para OPU. Rev. Educ. Contin. CRMV-SP I Confin. Educ. J. CRMV-SP, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 168-175, 2005. 21 II. CASO DE INTERESSE 1. INTRODUÇÃO A tuberculose bovina é uma doença infecto contagiosa, de evolução crônica causada por uma bactéria pertencente ao Complexo Mycobacterium tuberculosis. Esta enfermidade pode afetar praticamente todos os mamíferos, inclusive humanos, sendo portanto considerada uma zoonose, e é caracterizada pela formação nódulos granulares nomeados de tubérculos que podem localizar-se em qualquer órgão. A tuberculose é uma das mais graves e antigas patologias que se conhece. A identificação do seu agente, o bacilo da tuberculose, ocorreu em 1882, por Robert Koch e desde então foram estabelecidas medidas e programas de sanidade para controle e erradicação da doença. No século passado, nas décadas de 60 – 70 a tuberculose humana foi considerada, nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, como uma patologia totalmente controlada. No entanto, o crescimento desordenado das cidades, o aumento demográfico e da pobreza propiciou o estabelecimento de periferias urbanas com condições sanitárias precárias, que juntamente com o surgimento da Síndrome da Imunodeficiência da Adquirida (AIDS) favoreceram para que a tuberculose se tornasse um problema reemergente. A Organização Mundial de Saúde (World Health Organization – WHO), em 1993, juntamente com Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (Food and Agricultural Organization – FAO) ratificaram a importância dessa enfermidade, e estabeleceram para a tuberculose o status de emergência mundial. A tuberculose é uma zoonose que causa grandes prejuízos para a pecuária e para a saúde mundial Segundo a WHO. Em 2014, foram registrados 9,6 milhões de novos casos tuberculose em humanos, dos quais um milhão foram crianças. Estima-se que nesse século, nas duas primeiras décadas, um bilhão de pessoas serão infectadas, mais de 150 22 milhões desenvolverão a doença e 36 milhões morrerão em consequência das complicações da tuberculose (ABALOS e RETAMAL, 2004). O plano internacional da WHO aponta que 22 países concentram cerca de 80% da tuberculose no mundo. O Brasil faz parte desse grupo ocupando 16° posição em número absoluto de casos e a 22° posição em incidência. Em 2014 foram diagnosticados 67.966 novos casos de tuberculose. No Estado do Ceará no período de 2001 a 2014 houve um pequeno declínio nas taxas de incidência caindo de 46,5 casos por 100 mil habitantes, em 2001, para 38,7 casos por 100 mil habitantes em 2014. As cidades que apresentaram maior incidência no Ceará foram: Chaval, Martinópole, Forquilha, Itaitinga, Senador Sá e Sobral. Dentre as bactérias pertencentes ao complexo de Mycobacterium tuberculosis (CMT) o Mycobacterium bovis assume grande importância por sua alta prevalência e incidência em países em desenvolvimento. O M. bovis é causador da tuberculose em uma ampla variedade de mamíferos silvestres e domésticos incluindo os bovinos, suínos, primatas e carnívoros. No homem, o M. bovis causa a doença de forma semelhante ao M. tuberculosis sendo clinicamente indistinguível e tratada da mesma forma (ABALOS e RETAMAL, 2004). É uma doença de notificação obrigatória e mesmo sabendo que esta patologia está disseminada em todo território nacional, ainda não se conhece detalhes com relação a sua prevalência e distribuição (BRASIL, 2006). A tuberculose bovina é uma enfermidade contagiosa de grande importância na saúde pública e saúde animal, causando grandes perdas econômicas. Suas perdas econômicas estão associadas à mortalidade, redução de 10 a 20% da produção de leite e do ganho de peso, redução da eficiência reprodutiva, descarte involuntário e eutanásia de animais de alto valor zootécnico, condenação de carcaças, perda de mercados potenciais à exportação, além dos custos do tratamento em seres humanos. 23 Devido os grandes prejuízos causados por essa zoonose reermegente, o objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura sobre abordando aspectos da etiologia, epidemiologia, etiopatogenia, sinais clínicos, diagnóstico, controle e erradicação da tuberculose bovina. 24 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. HISTÓRICO A tuberculose, também conhecida como doença tísica, morte branca ou peste branca causou grande horror e desespero na Europa nos séculos XVIII e XIX. Neste período a tuberculose era endêmica e causou milhões de mortes, sobretudo nas cidades mais pobres. Ao final do século XIX, houve uma redução no número de casos, no entanto até os dias atuais tuberculose é um problema de saúde pública (FRITHA, 2014). A tuberculose é uma das doenças infecto contagiosa mais antiga do mundo. Lesões sugestivas de tuberculose foram encontradas em múmias no Antigo Egito, da dinastia de Ramsés, que reinaram há três mil anos antes de Cristo (aC). Na Grécia, Hipócrates, descreveu-a, no Livro I – Das Epidemias (410-400 aC), como doença de fraqueza dos pulmões e a referenciou como doença tísica, que evoluía progressivamente acarretando no definhamento dos indivíduos afetados. Posteriormente, já nos séculos XVII e XVIII, François de la Boe identificou em pacientes mortos pela doença tisica, estruturas anormais que se assemelhavam a tubérculos, do latim tuberculum dando origem a terminologia tuberculose. No século XVIII, a doença citada como peste branca, foi relatada por Girolamo Tracastoro, pai da anatomia patológica, no livro – De morbis Contagiosis e mais tarde descrita detalhadamente por René Laennec (REICHMAN e TANNE, 2002; DANIEL, 2006; FRITHA, 2014) Em 1865, Villemin demostrou que a tuberculose era transmissível e a descoberta do agente foi realizada em 24 março de 1882, por Robert Koch (HIJJAR e.PROCÓPIO, 2006). O médico alemão e um dos fundadores da bacteriologia, Robert Koch, descobriu o bacilo utilizando o material obtido de lesões pulmonares, extra-pulmonares, meningite tuberculosa e escrófula. Com auxílio de Jonh Tyndall, microbiologista britânico, Koch obteve sucesso no cultivo das bactérias e a partir daí o pesquisador pode infectar e reproduzir a doença em animais de laboratório (FRITHB, 2014). Após a descoberta do bacilo, Koch tentou produzir uma vacina anti- tuberculose utilizando o extrato glicerídeo de bacilos – tuberculina velha 25 (old tuberculin). Embora ineficaz como vacina, a tuberculina velha permitiu a descrição do fenômeno alérgeno em pacientes que tiveram contato prévio com o agente (LEE e HOLZMAN, 2002). Em seus experimentos, os quais deram origem ao Postulado de Henle-Koch, os autores demonstraram a presença do agente em todas as formas da tuberculose humana e animal, provando não apenas que o bacilo era o causador, mas também era responsável pelas diversas manifestações da doença. Em 1897, nos Estados Unidos da América, Theobald Smith, descreveu que o bacilo que acometia bovinos era menor, crescia de forma mais lenta o que levantou dúvidas sobre a teoria de um único bacilo (PRITCHARD, 1988; DANIEL, 2006; FRITHB,2014). Mesmo após o grande avanço obtido por Koch, no inicio do século XIX as dúvidas acerca da tuberculose em humanos e animais, e seu possível caráter zoonótico da tuberculose bovina eram grandes, e dessa forma a Inglaterra nomeou criou a Royal Comission on Tuberculosis (RCT), que desenvolveu pesquisas que esclarecessem a tuberculose bovina e sua relação com a patologia humana (PRITCHARD, 1988). Em 1902 Ravenel obteve a primeira prova definitiva de transmissão de tuberculose bovina ao humano. Em 1911, a RCT finalmente concluiu que vacas tuberculosas representavam um grande risco a saúde publica e que era necessário a implantação de programas voltados à sanidade animal, uma vez que a prevalência de bovinos doentes era alarmante. Apesar da comissão ter referido a cepa bovina como M. bovis, somente em 1970 ele foi reconhecido oficialmente, antes era considerado uma espécie variante do M. tuberculosis (ABRAHÃO, 1998; FRISTHB, 2014). Na América Latina a doença foi trazida por europeus durante suas expedições, causando mortes nas populações indígenas. No Brasil, os colonizadores jesuítas chegavam doentes e transmitiam a doença para os índios (CAMPOS, 2001). No final do século XIX e inicio do século XX, a tuberculose nos bovinos era endêmica, acometendo entre 20-40% dos animais em muitos 26 países da Europa. Após várias décadas, e a implantação de programas de controle e erradicação, muitos países alcançaram parte de seus objetivos apresentando baixas taxas de incidência e prevalência de tuberculose bovina (PAES et al., 2016). A tuberculose é, atualmente, a doença infecto contagiosa humana que mais mata em todo o mundo, principalmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Ao mesmo tempo é importante salutar que muitos destes países possuem grande parte de sua população na zona rural (Ásia – 94%; África 82%; e América Latina 60%) aumentando as possibilidades de contrair tuberculose zoonótica (SILVA et al., 2013). 2.2. ETIOLOGIA A tuberculose é uma doença infecto contagiosa, crônica e é causada por uma bactéria do gênero Mycobacterium, ordem Actinomycetales, e família Mycobacteriaceae e existem aproximadamente 127 espécies e 11 subespécies. Hirsh (2003) cita que as bactérias do gênero Mycobacterium são compostos por lipídeos em sua parede celular, esses lipídeos são responsáveis pelas propriedades imunológicas e patogênicas. O gênero Mycobacterium tem como características taxonômicas comuns álcool-ácido-resistência, a presença de ácidos micólicos e desoxirribonucleico com alto teor de guanina e citosina. São bacilos curtos 0,5 - 10 µm de comprimento por 0,2 - 0,7 µm de largura, são imóveis, não flagelados, não capsulados e apresentam um aspecto granular quando corados. A coloração de Ziehl-Neelsen é a técnica usada para coloração das bactérias tuberculosas (BEER, 1988). Sua característica marcante da coloração é a resistência em ácido, que depois de corada resiste a descoloração com 3% de HCl em etanol (REBHUN, 2008; HISRH, 2003). Outra característica marcante é a grande quantidade de lipídeos presente na parede celular, podendo chegar ate 40% do peso total e 60% do peso da parede celular. A parede celular é muito complexa e possui substâncias 27 como peptideoglicanos, glicolipídeos. Acredita-se que essa grande quantidade de lipídeos, confere uma maior resistência ao Mycobacterium ao meio ambiente (ABRAHÃO, 1998) As bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis são resistentes quando estão no ambiente. Estas quando estão presente nas fezes bovinas podem durar até 13 dias, podendo chegar até 150 dias quando presente em esterco ressecado e em estábulos escuros. Se elas forem expostas a luz solar sua sobrevivencia diminui consideravelmente podendo morrer em até cinco horas. No leite o tempo hábil delas é de 15 dias, e morrem durante o aquecimento de 65ºC por 30 minutos (BEER, 2003). O Mycobacterium bovis é o principal causador da tuberculose em bovinos, mas pode causar infecções em outras espécies inclusive em humanos. O Mycobacterium tuberculosis é o causador mais comum da tuberculose em humanos, mas também pode causar infecção em suínos, macacos, bovinos e cachorros. A espécie Mycobacterium avium é causador comum de tuberculose em aves e raramente infecta bovinos e humanos (REBHUN 2008). A identificação do M. bovis pode ser realizada através da cultura, cujo meio mais indicado é o Stonebrink (MARCONDES et al., 2006). Outros meios de identificação podem ser utilizados, como o uso de animais experimentais, este método é baseado em espécies que são sensíveis a tuberculose bovina, como por exemplo, o coelho (BEER, 2003). Radostits et al. (2002) relata que hoje é possível a identificação exata do Mycobacterium através de provas do ácido nucléico e técnicas moleculares. Beer (2003) relata que os agentes químicos mais ativos contra o CMT são as soluções de formalina, o ácido cresol sulfônico e, também soluções cloradas 3-4% e da mesma forma a soda cáustica. Dentre os agentes químicos que não fazem efeito sobre as microbactérias estão às soluções de antiformina acido sulfúrico. 28 2.3. EPIDEMIOLOGIA O agronegócio brasileiro vem anualmente se consolidando como uma das atividades mais importantes para a economia nacional. O censo agropecuário, em 2014, constatou que o Brasil possui um rebanho de bovinos próximo das 213 milhões de cabeças, sendo que a região Nordeste possui um total de 29.350.651, e o Estado do Ceará abriga 2.597.139 deste montante (IBGE, 2014). A tuberculose bovina está presente em todos os continentes e em alguns países da Europ a, a doença está em fase avançada de erradicação ou já foi erradicado como Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Finlândia, Holanda, Luxemburgo, Noruega e Suécia .Entretanto, outros países, apesar de possuirem programas eficientes de controle ou estarem em fase de erradicação, como a Espanha, Estados Unidos da América, Grécia, Itália, Portugal e o Reino Unido. Existem indícios que os animais silvestres assumem um papel importante na cadeia epidemiológica como reservatórios, representando um risco de introdução e reintrodução da patologia nos rebanhos (BRASIL, 2006; MATHEWS et al., 2006). Nos países em que não há medidas efetivas de controle e erradicação da tuberculose, a morbidade em bovinos está por volta de 8-10%, e a letalidade natural pode chegar a 50%, caso o animal não for para o abate precocemente (NEILL et al., 2001). A maioria dos países da América Latina possui plano de controle e erradicação da tuberculose, somente alguns estão em fase avançada de erradicação, entre eles Cuba, Costa Rica, Panamá e Uruguai (KANTOR, 1998). A principal via de transmissão nos bovinos é a via aérea, principalmente nos bovinos estabulados, condição que a maioria dos bovinos leiteiros se encontra, com isso a prevalência de tuberculose em bovinos leiteiros é maior. No entanto, a tecnificação da exploração agropecuária aumentou a densidade animal, favorecendo a contaminação ambiental e disseminação de diversos agentes patogênicos como o M. 29 bovis, tornando não só a pecuária leiteira, mas também a pecuária de corte exposta aos fatores de riscos associados ao desenvolvimento da doença (OLIVEIRA et al., 2008). As infecções pelo M. bovis em bovinos e bubalinos, em torno de 80 – 90% ocorrem por via respiratória através da inalação de aerossóis contaminados com (LOPES FILHO, 2010; COSTA, 2012). No entanto o patógeno pode ser eliminado, também, por secreções lácteas, uterovaginais e sêmen, fezes, urina, escarros e conteúdos de abscedação de linfonodos, sendo que nestes casos a transmissão ocorre através da contaminação da água, pastagens, utensílios e cochos por essas secreções (KLEEBERG, 1984). A transmissão entérica causada pela ingestão do M. bovis diretamente de fômitescontaminadas é considerada secundária à infecção via respiratória, podendo ocorrer em 10% dos casos. Entretanto em animais jovens lactentes ou mesmo em humanos que ingerem leite contaminado a via digestiva é a principal forma de infecção, representando 13%. Esta contaminação ocorre somente em vacas com infecção mamária e em estágios avançados da doença (NEILL et al., 2001; RADOSTITS et al. 2002). A infecção intrauterina acontece quando o animal apresenta tuberculose uterina ocorre pela via placentária, no entanto a transmissão é raro (BEER, 2003). Segundo Smith (2006) animais portadores são a fonte usual de infecção e o microrganismo é encontrado nas fezes, urina, aerossóis exalados, leite, secreções vaginais e sêmen, com isso todos os bovinos com lesões de tuberculose são potenciais disseminadores da doença. O confinamento de animais predispõe a doença, quanto maior a proximidade entre animais, maior a possibilidade de disseminação da doença entre os bovinos. Animais criados extensivamente podem apresentar alta morbidade da doença quando animais são introduzidos 30 animais infectados ao rebanho ou quando esses animais ingerem água estagnada na seca. (RADOSTITS et al, 2002). A disseminação da tuberculose no rebanho ocorre, normalmente, pela aquisição de animais infectados podendo contaminar os bovinos independente da idade, raça ou categoria animal, sendo a prevalência maior no rebanho quanto maior for o tempo de permanência destes animais infectados (ABRAHÃO, 1999). No Brasil os dados de notificação oficial indicam a prevalência de 1,3% em média, para animais positivos ao teste de tuberculina no período de 1989 a 1998 (BRASIL, 2006). Furlanetto (2012A), no Mato Grosso do Sul, em um matadouro frigorífico com inspeção federal, observou uma prevalência de 0,007% e o mesmo considerou o estado com status sanitário de baixa prevalência. No Estado de Rondônia Vendrame (2013) realizou o levantamento epidemiológico e identificou 0,12% de animais positivos para o teste alérgeno cutâneo. No Espirito Santo, em um matadouro frigorífico com inspeção estadual, Lopes (2008) realizou o levantamento epidemiológico de tuberculose em animais abatidos e observou a prevalência 0,16% de animais positivos. Em Santa Catarina, 11.650 bovinos foram testados e apenas nove foram positivos, apresentando uma prevalência baixa - 0,077% (VELOSO, 2014). Oliveira (2007) determinou a prevalência da tuberculose, pelo teste alérgeno cutâneo. O teste da prega caudal foi realizado em 150 animais com percentual de 8,66% de animais positivos. Em 120 vacas foi relizado o teste cervical comparativo e 3,33% dos animais apresentaram reação positiva. Esses testes foram realizados em 15 propriedades diferentes na região oeste do Rio Grande do Norte. O autor constatou uma prevalência alta na região, superando a média nacional que foi estimada em 1,3% no 31 período de 1989 a 1998 (BRASIL,2001). O autor atribuiu este resultado a falta de conscientização dos produtores da região e a aquisição de novos animais sem realização de testes diagnósticos da tuberculose bovina. No Estado de Pernambuco, Mendes (2009) realizou o teste de alérgeno cutâneo em 612 animais dos quais 86 apresentaram o resultado positivo correspondendo a 14% do total. Esse resultado encontrado esta acima da media nacional que é 1,3%, o autor relacionou esta alta incidência a falha do manejo sanitário, principalmente de pequenos produtores. No Estado do Ceará, na bacia leiteira do Quixeramobim, Nascimento (2014) realizou o teste alérgeno cutâneo em 248 animais, oriundos de 5 assentamentos e não identificou nenhum animal positivo ao teste (0/248). O autor relatou uma estiagem prolongada na região, que dificulta a aquisição de novos animais para a fazenda, fator que pode ter contribuído para esse resultado. 2.4. SAÚDE PÚBLICA: TUBERCULOSE BOVINA A tuberculose bovina é considerada uma das zoonoses mais importantes no mundo, e cerca de 10% da tuberculose humana é causada pelo M. bovis (ABRAHÃO, 1998). Ordonez (1999) relata que a tuberculose zoonótica causada pelo M. bovis é responsável por 7.000 novos casos, todos os anos, na América Latina, e o problema se agrava devido à existência de indivíduos portadores do vírus da imunodeficiência adquirida humana (AIDS), pois esses indivíduos são os mais susceptíveis à doença. No Brasil, não há dados sobre a tuberculose humana causada pelo M. bovis (ABRAHÃO, 1999). O M. bovis é tão patogênico quanto o M. tuberculosis, e entre os indivíduos susceptíveis, as crianças apresenta maior susceptibilidade à doença. A infecção ocorre, normalmente pela ingestão de leite cru contaminado. Entre os adultos a doença tem uma característica ocupacional, dessa forma os trabalhadores rurais, ordenadores, trabalhadores da indústria da carne são os mais susceptíveis (MODA,1996 et al. apud ABRAHÃO, 2005) 32 A doença causada pelo M. bovis é indistinguível clinicamente, pela tuberculose causada pelo M. tuberculosis. Nos países onde a tuberculose bovina não é controlada as pessoas são infectadas pela ingestão de leite in natura, ou pelo manuseio de carne contaminada. Já os trabalhadores rurais que estão em contato com bovinos enfermos podem se infectar com a tuberculose pela inalação de aerossóis (COSIVI et al., 1998). Outro grupo de risco de transmissão de tuberculose causada por M. bovis são os magarefes que entram em contato direto com a carne animal. A contaminação acontece, na maioria das vezes, pelo uso incorreto de equipamentos de proteção e pela falta de conhecimento sobre a enfermidade. (RIBAS, 2010). A possibilidade de contrair a tuberculose causada pelo M. bovis pela ingestão de carne é baixa, mas não deve ser desprezada, pois no Brasil ainda se consome muita carne sem inspeção e existem muitos matadouros clandestinos (ABRAHÃO, 2005). Corroborando com este fato Mathias (2008) relata que o consumo de carne clandestina no Brasil é estimado em 50%. Em relação ao consumo leite in natura, outra forma de adquirir tuberculose causada por M. bovis, o consumo ainda é grande no Brasil, mesmo apesar de sua comercialização ser proibida, este produto é amplamente oferecido a população em todas as regiões do país (ABRAHÃO, 2005). Entre as populações rurais, aqueles que trabalham com a pecuária leiteira são os que apresentam mais riscos de contrair a doença pela proximidade com os animais doentes, sendo esta atividade a que apresenta maior prevalência de tuberculose bovina (ABRAHÃO, 1998). 33 2.5. PATOGENIA A principal porta de entrada do M. bovis nos bovinos é a via respiratória por meio da inalação, cerca de 90% ocorre por esta via. Logo após infecção o agente atinge o alvéolo, que em seguida é capturado por macrófagos, sendo seu destino determinado por fatores associados à virulência da cepa, carga infectante, e resistência do hospedeiro.(BRASIL, 2006) Caso o bacilo não seja eliminado ele começa a multiplicação dentro do macrófago até destruí-los. Os bacilos liberados serão fagócitados por outros macrófagos ou por monócitos recém-chegados Quando essa multiplicação se estabiliza, cerca de duas à três semanas após a inalação do agente infeccioso, acontece a reação de hipersensibilidade tardia, o hospedeiro destrói os próprios tecidos por meio da necrose de caseificação para conter o crescimento intracelular dos bacilos, mediados por linfócitos T, ocorre a migração de novas células de defesa culminando na formação de granulomas (BRASIL, 2006). Os granulomas são chamados de tubérculos e são constituídos principalmente de células gigantes de Langerhans. e células epitelióides em volta, havendo mais na periferia da lesão uma barreira linfócitos, células plasmáticas e de monócitos (BIER, 1978, apud ABRAHÃO, 1998) Inicialmente as lesões pulmonares ocorrem na junçãobronquíolo- alveolar, com disseminação para os alvéolos e linfonodos brônquicos, podendo regredir, persistir, e disseminar. A generalização da infecção pode ocorrer de duas formas: a miliar que ocorre de maneira abrupta a maciça com entrada de um grande numero de bacilos; e a protraída que é mais comum, que se dissemina por via sanguínea ou linfática acometendo pulmão, linfonodo, baço, fígado, ossos, rins, sistema nervoso central (BRASIL, 2006). A resposta do bovino pode ter um perfil humoral ou celular. Na resposta imune humoral acontece quando os linfócitos T helpers virgens (Th0), modulam em linfócitos T helper 2 (Th2) expressando co-receptores 34 CD8+, sensibilizados por interleucinas, com isso os linfócitos B são acionados e através da liberação de quimiocinas tipo interleucinas, que estimulam a célula a produzir anticorpos, os quais não são capazes de neutralizar M. bovis, devido a sua localização intracelular, caracterizando por uma resposta ineficiente para tuberculose NEILL et al., 2001). A resposta mediada por células é ativada quando macrófagos e células dendríticas ou células de Langerhans fagocitam M. bovis e apresentam o antígeno para linfócitos T helper 1 (TH1), que expressa co- receptor CD4+, através do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classe II. O MHC de classe II está presente nos macrófagos, células dentríticas e linfócitos B e representa a principal resposta imune à micobacteria, liberando interleucinas, interferon-gama, fator de necrose tumoral-alfa e beta, que estimula a ativação de novos macrófagos, linfócitos e fibroblastos. A modulação dos linfócitos T helper virgens (Th0) em TH1 ou Th2 depende de cada animal (NEILL et al., 2001). 2.6. SINAIS CLÍNICOS A tuberculose bovina tem uma evolução lenta e progressiva, os sinais clínicos podem levar meses e até anos a aparecer. Os sinais clínicos mais comuns são: fraqueza, perda do apetite, perda de peso, febre, tosse seca intermitente, diarréia, gânglios linfáticos proeminentes. Muitas vezes o animal pode se encontrar infectado sem apresentar sinais clínicos. (OIE, 2004). Radostits (2002) cita que o animal pode ter um apetite caprichoso, temperatura oscilante. Os animais acometidos se apresentam apáticos, olhos permanecem brilhantes e alertas. Todos esses sinais podem ser mais evidenciados no período pós-parto, devido a queda da imunidade. Outros sinais clínicos dependem do órgão envolvido, a principal via de transmissão em bovinos é a respiratória. Os sinais respiratórios incluem tosse crônica úmida e leve, dispnéia, taquipnéia. Na auscultação os ruídos 35 mais frequentes são: crepitações, sibilos e pontos silenciosos ocupados por granulomas. (SMITH, 2006). 2.7. ACHADOS DE NECROPSIA A inspeção post-mortem de bovinos destinado à alimentação humana nos abatedouros tem grande importância para vigilância epidemiológica da tuberculose no Brasil. Com esta medida de inspeção consolidada juntamente com um bom programa de erradicação, países endêmicos tem conseguido reduzir a prevalência da tuberculose (KANTOR e RITACCO, 2006). Corner et al. (1994) citam que 70 a 76% das lesões causadas por tuberculose, encontradas durante a inspeção post-mortem de bovinos em abatedouros, ocorreram nos linfonodos da cabeça e cavidade torácica. Tabosa et al. (2000) relataram a ocorrência de lesões de tuberculose em bovinos em um matadouro no município de Patos – PB através de lesões na carcaça e vísceras. No total foram inspecionados 1.021 bovinos abatidos e foram inspecionados pulmão, fígado, baço, rins, útero, além da cadeia linfática mediastínica e mesentérica e carcaça. Deste total, 32 animais apresentaram lesões sugestivas para tuberculose e somente cinco apresentaram nódulos caracterizados por acúmulos focais de macrófagos, células epitelióides, células gigantes de Langerhans e área central necrótica com calcificação e negativa para fungo, caracterizando um granuloma tuberculóide. Fragas (2008) verificou 97 bovinos que foram destinados ao abate após o diagnóstico pelo teste intradérmico e verificou que 70 animais apresentaram algum tipo de lesão macroscópica sugestiva de tuberculose. O autor comparou métodos diagnósticos e demonstrou que o teste alérgeno apresentou maior sensibilidade (72,15%) quando comparados 36 com os demais testes diagnósticos, histopatológicos (64,95%) baciloscopia (48,94%), ELISA (34,02%) e cultura (11,34%). Segundo McGAVIN (2009) o foco inicial da infecção, na porta de entrada somado a participação de linfonodos regionais é denominado complexo primário da tuberculose. Se a infecção não for debelada nesse complexo primário, os bacilos disseminam-se via linfática a diversos órgãos. Caso a disseminação bacteriana seja intensa, vários focos de infecção desenvolver-se-ão, e estes focos são designados como tuberculose miliar. Beer (1999) relata que na tuberculose miliar diversos órgãos podem ser afetados entre eles, amigdalas, intestino – principalmente no jejuno, rins, fígado, baço, órgãos genitais masculino e feminino, útero, glândula mamaria, sistema nervoso central e ossos. Furlanetto (2012b) relata que existem métodos que podem auxiliar no diagnóstico da tuberculose, entre eles o teste histopatológico, a baciloscopia com coloração de Ziehl-Neelsen, cultura bacteriológica e PCR. Em bovinos a calcificação é muito frequente, principalmente nos linfonodos, outra lesão comum é tubérculos disseminado na superfície pleural e peritoneal. Os tubérculos normalmente tem um diâmetro em torno de 0,5 a 1 cm e por isso que é também conhecido como doença das perolas ou tuberculose perolada (JONES, 2000; McGAVIN, 2009). O tubérculo é a lesão característica da tuberculose, e é formado por um granuloma clássico composto por células epitelióides, circundado por fibroblastos com linfócitos presente. O centro do granuloma encontra-se frequentemente necrosado e calcificado. Comparável com lesões de outras doenças o tubérculo é a reação do hospedeiro aos microrganismos invasores, e a sua patogênese está ligado a uma resposta do sistema imune do animal e é comumente chamada de hipersensibilidade. Inicialmente a lesão consiste em aglomerados de neutrófilos que horas depois passa a ser substituído por macrófagos. A multiplicação das microbactérias ocorre intracelularmente, isso ocorre pela presença de 37 glicolipídeos que impede a fusão dos fagossomas aos lisossomas (JONES, 2000). Microscopicamente o tubérculo é composto por vários tipos de células mononucleares. Inicialmente quando não são caseosos, eles apresentam células epitelóides e células gigantes de Langhans encontram-se no centro e são circundadas por linfócitos, plasmócitos e macrófagos. Mais tarde os tubérculos apresentam necrose caseosa no centro devido a efeitos da hipersensibilidade mediada por células, esses tubérculos apresentam outros tipos de células e fibrose na periferia (McGAVIN, 2009). 2.8. DIAGNÓSTICO Atualmente vários métodos de diagnóstico para tuberculose estão disponíveis e contribuem para o controle, porém esses testes laboratoriais devem ser sempre interpretados em conjunto com os achados clínicos (RUGGIERO, 2007). Segundo Roxo (1996) a tuberculose bovina pode ser diagnosticada in vivo pelos sinais clínicos e teste tuberculínico e após a morte pelo exame post mortem (busca por lesões macroscópicas), bacteriológicos e histopatológicos. Sendo esses os mais utilizados para o diagnostico da tuberculose bovina. A dificuldade do isolamento do Mycobacterium, os sinais clínicos inespecíficos e o baixo nível de anticorpos no inicio da infecção fazem com que o diagnóstico clínico, bacteriológico e histopatológico tenha valor relativo. O exame clínico é um método de diagnóstico in vivo preconizado para bovinos, no entanto apresenta uma dificuldade, pois as os sinais clínicos,geralmente, aparecem no estágio avançado da doença (RUGGIERO, 2007). Outro diagnóstico realizado in vivo em bovinos é o alérgico-cutâneo, e é o instrumento básico para os programas de controle e erradicação de tuberculose bovina no mundo. Esse teste pode revelar infecções incipientes a partir de três a oito semanas da exposição ao Mycobacterium 38 e apresenta uma boa especificidade e sensibilidade sendo considerado pela OIE o teste de referência. Para que este teste funcione como ferramenta diagnóstica de um programa de controle é indispensável à padronização do teste, desde a produção de tuberculinas até a leitura do exame (BRASIL, 2006). O teste intradérmico consiste na avaliação de uma reação de hipersensibilidade tardia existente em animais que foram previamente expostos ao bacilo da tuberculose. O Derivado Proteico Purificado (PPD) bovino e o PPD aviário são tuberculinas utilizados para desencadear a reação de hipersensibilidade tardia nos animais. (MONAGHAN et al., 1994 apud RUGGIERO, 2007) Segundo a Instrução Normativa nº 06, de 08 janeiro de 2008 do Plano Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCBET), elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), pode ser utilizados três tipos de teste intradérmicos, o teste cervical simples que é usado em gado de leite, o teste da prega caudal que é realizado somente em gado de corte e o teste cervical comparativo que é um teste confirmatório e pode ser usado para rebanhos que apresentem resultados inespecíficos (BRASIL, 2004). Alguns bovinos podem apresentar o resultado falso negativo, entre as possíveis causas estão: deficiência do sistema imunológico; animais infectados a menos de 40 dias; testes feitos próximo ao parto; animais com tuberculose generalizada ou em estágios finais da doença, esse fenômeno é chamado de anergia. Um novo teste alérgeno cutâneo só pode ser realizado no mesmo animal 60 dias depois, pois o resultado pode ser falso negativo devido a dessensibilização temporária (BRASIL,2006).O exame histológico é realizado através da coloração de Ziehl-Neelsen-Faraco, e permite a verificação da presença do bacilo álcool-ácido resistentes (BAAR). A fucsina de Ziehl é a coloração especifica de bactérias álcool- ácido resistentes. As micobactérias contem grande quantidade de lipídeos em suas paredes, essa particularidade faz com que elas quando submetidas a uma coloração de fuscina e ácido fênico, impregnem-se pelo 39 corante. Após a descoloração com uma solução de acido clorídrico em álcool, constituintes celulares e outras bactérias se descoram, mantendo-se colorados somente as micobactérias (CORNER, 1994). O diagnóstico presuntivo pode ser feito se o tecido tem lesões histológicas características, tais como necrose caseosa, mineralização e células epitéloides (RAMOS 2015). Essas características podem ser observadas com a coloração de hematoxilina e eosina, e com a coloração de Zielh-Neelsen-Faraco através da identificação das micobacterias (CHARRO, 2009). A inspeção post-mortem de rotina realizada em matadouros de bovinos é um método de diagnóstico muito importante, porém muitas vezes as lesões causadas pela tuberculose são semelhantes a outras doenças e em outras ocasiões o animal doente não apresenta lesões macroscópicas (FURLANETTO, 2012A). O teste bacteriológico é considerado o “padrão ouro” para diagnosticar tuberculose, pois é um método seguro, porém necessita de meios de cultivos específicos, descontaminação da amostra, além do longo período para detecção das primeiras colônias (CORNER,1994 ). Segundo o PNCBET o teste bacteriológico será necessário em algumas situações: confirmação da tuberculose bovina em locais onde não foi comprovada anteriormente; estudo de animais positivos ao teste alérgico cutâneo, nos quais não apresentaram lesões macroscópicas sugestivas a tuberculose; confirmação da presença de infecção em animais positivos ao teste tuberculínico com ou sem lesão macroscópica em uma propriedade considerada livre de tuberculose; pesquisa de micobactérias em lesões sugestivas de tuberculose, encontrada durante a inspeção sanitária post-mortem de animais provenientes de unidades de criação monitoradas para tuberculose; pesquisa de micobactérias em leite e outros produtos de origem animal; necropsias de animais com reações inespecíficas, nos quais são encontradas lesões sugestivas de tuberculose (BRASIL, 2004). 40 Os meios utilizados para o cultivo do M. bovis devem conter piruvato de sódio como fonte energética, diferente das outras micobactérias como, por exemplo o M. tuberculosis que utiliza o glicerol como fonte de energia. O bacilo bovino utiliza o piruvato como fonte energética, essa diferença dá- se pela mutação do gene da enzima catalizadora do glicerol (KANTOR et al. 2008). O isolamento do M. bovis requer um longo período de incubação (30 a 90 dias), pois as micobactérias tem um crescimento lento em culturas artificiais. Para que ocorra o crescimento de qualquer bactéria do gênero Mycobacterium sp. recomenda-se a semeadura concomit ante nos meios de cultura Lowenstein-Jensen e Stonebrink-Lesslie. O Lowenstein-Jensen é indicado para quase todas as espécies mas o M.bovis não cresce bem em meio que contenha glicerol, para o M bovis é indicado o Stonebrink- Lesslie que utiliza o piruvato como fonte de energia. (BRASIL 2006; ABRAHÃO,1998). A técnica reação de cadeia em polimerase (PCR) permite a amplificação de segmentos gênicos. Esta técnica foi um dos principais avanços tecnológicos em relação a diagnóstico de doenças genéticas, neoplásicas e infecciosas. Na tuberculose a técnica de PCR vem sendo empregado para identificação e detecção do agente tanto em isolados de cultivo, como amostras clinicas (RUGGIERO, 2007). Apesar das vantagens e da clareza dos resultados, os custos e a complexidade da técnica são algumas restrições apontadas para a utilização de PCR para diagnóstico de tuberculose bovina (RUGGIERO 2007). 2.8. CONTROLE E ERRADICAÇÃO Existem varias razões para a tentativa de erradicação da tuberculose bovina entre elas estão o risco de infecção para a população humana, perda de produtividade dos animais infectados, restrição do comércio de animais para aqueles países onde a tuberculose encontra-se em fase de erradicação avançada (COUSINS, 1987 apud AYELE, 2004). 41 Segunda o OIE 2004 o método habitual para o controle de tuberculose bovina é o diagnostico individual do animal em seguida o eutanásia dos que apresentarem resultado positivo. A erradicação da tuberculose bovina apresenta diversas dificuldades, mas pode ser superada por qualquer país, desde que ele apresente um bom programa de erradicação. O Canadá foi um dos que conseguiu diminuir os índices de tuberculose bovina, trazendo diversos benefícios para o mesmo como abertura de mercado de animais, baixa incidência de tuberculose humana causada por M. bovis e aumento da produtividade do rebanho (KENNETH, 1973). Ao contrário do Canadá que conseguiu reduzir os níveis de tuberculose bovina a níveis de erradicação, existem países que não conseguiram ainda. O Equador, por exemplo, não conseguiu implementar um bom programa de erradicação e como consequência não consegue controlar a doença em seu território, trazendo grandes prejuízos para a pecuária local (PROAÑO-PÉREZ et al., 2011) O Brasil através do MAPA, em 2001, criou o PNCEBT, pois reconheceu que a tuberculose é uma doença que necessita ser erradicada devido aos sérios prejuízos a pecuária nacional com a eutanásia de animais positivos, depreciação das carcaças dos animais, além disso causa embargos sanitários dificultando o comercio internacional de carne (BRASIL, 2006). O principal objetivo do PNCEBT é diminuir os prejuízos causados por tuberculose e brucelose reduzindo aprevalência e a incidência de novos focos e criar um número significativo de propriedades certificada ou monitoradas para brucelose e tuberculose (BRASIL,2006) A estratégia do PNCBET está ligada às ações compulsórias, que é a vacinação de fêmeas de 3 a 8 meses de idade contra brucelose e ações de adesão voluntária como a certificação de propriedades livres de brucelose e tuberculose (BRASIL,2006). 42 O primeiro passo para o controle da tuberculose em uma fazenda é saber situação do rebanho, realizando o teste alérgeno cutâneo em todos os animais. Aqueles animais positivos devem ser eliminados. A aquisição de novos animais só deve ser feita após a realização do exame alérgeno cutâneo, primeiramente realiza o exame na propriedade de origem e um novo teste feito na fazenda após o intervalo mínimo de 60 dias.(BRASIL, 2006) A vacinação e tratamento não são indicados para tuberculose bovina, pois diversos trabalhos foram feitos e os resultados não justifica a adoção dessas medidas para o controle dessa enfermidade. Além disso países conseguiram o controle dessa enfermidade sem o uso dessas medidas (BRASIL,2006). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de ser uma enfermidade muito conhecida por todos, a tuberculose bovina ainda causa grandes perdas para a pecuária mundial , além de perdas na pecuária a tuberculose é uma zoonose que afeta milhares de pessoas todos anos, principalmente em países em desenvolvimento. O Brasil possui um programa nacional de controle e erradicação de tuberculose e brucelose, que visa diminuir a prevalência da tuberculose a índices de erradicação. Depois de implantado houve melhorias, mas há muito a ser melhorado. As ações de certificação voluntaria são onerosas e ainda não trazem um retorno esperado pelo criador. A transmissão da tuberculose bovina pra humanos ainda ocorre com muita frequência através da ingestão do leite cru, que afeta principalmente a parcela da população mais pobre. Talvez um maior investimento por parte do governo possa diminuir a prevalência de tuberculose bovina no brasil , e como consequência a transmissão deste bacilo para os humanos. 43 Finalizando esta revisão, evidencia a importância da tuberculose bovina, que ainda preocupa tanto, causando grandes prejuízos para a pecuária e problema de saúde publica. 44 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABALOS, P.; RETAMAL, P. Tuberculosis:? una zoonosis reemergente?. Revue Scientifique et Technique-Office International des Epizooties, v. 23, n. 2, p. 583-594, 2004. ABRAHÃO, R. M. C. M. Tuberculose humana causada pelo Mycobacterium bovis: considerações gerais e a importância dos reservatórios animais. 1998. Dissertação (Mestrado)- Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. ABRAHÃO, R. M. C. M. Tuberculose humana causada pelo Mycobacterium bovis: considerações gerais e a importância dos reservatórios animais. Archives of Veterinary Science, v. 4, n. 1, p. 5-15, 1999. ABRAHÃO, R. M. C. M.; NOGUEIRA, P. A.; MALUCELLI, M. I. C. O comércio clandestino de carne e leite no Brasil e o risco da transmissão da tuberculose bovina e de outras doenças ao homem: um problema de saúde pública. Archives of Veterinary Science, v. 10, n. 2, 2005. AYELE, W. Y. et al. Bovine tuberculosis: an old disease but a new threat to Africa. The International Journal of Tuberculosis and Lung Disease, v. 8, n. 8, p. 924-937, 2004. BEER, J. Doenças Infecciosas em Animais Domésticos. Roca. São Paulo. 1988, 380p. BRASIL. Manual Técnico do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal - PNCEBT. MAPA/SDA/DSA - MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2006. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 6, de 08 de janeiro de 2004. CAMPOS R, Pianta C. Tuberculose: histórico, epidemiologia e imunologia, de 1990 a 1999, e co-infecção TB/HIV, de 1998 a 1999, 2001 CHARRO, F.D.; OSÓRIO, A.L.A.R. Diagnóstico da tuberculose bovina por meio de histopatologia. Campo Grande, 2009. CORNER, L.A. Post mortem diagnosis of Mycobaterium bovis infection in cattle. Veterinary Microbiology. v.40, n.53-63, 1994 COSIVI, O. et al. Zoonotic tuberculosis due to Mycobacterium bovis in developing countries. Emerging infectious diseases, v. 4, n. 1, p. 59, 1998. 45 DANIEL, T M. The history of tuberculosis.Respiratory medicine, v. 100, n. 11, p. 1862-1870, 2006. FRÁGUAS A, Suzana et al. Estudo comparativo de métodos complementares para o diagnóstico da tuberculose bovina em animais reagentes à tuberculinização. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 15, n. 3, 2008. FRITH, John et al. History of tuberculosis. Part 1-phthisis, consumption and the white plague.Journal of Military and Veterans Health, v. 22, n. 2, p. 29, 2014. FRITH, John et al. History of tuberculosis. Part 2-the sanatoria and the discoveries of the tubercle bacillus. Journal of Military and Veterans Health, v. 22, n. 2, p. 36, 2014. FURLANETTO, L. V. et al. Prevalência de tuberculose bovina em animais e rebanhos abatidos em 2009 no estado de Mato Grosso, Brasil. Arq. bras. med. vet. zootec, v. 64, n. 2, p. 274-280, 2012. FURLANETTO, Leone V. et al. Uso de métodos complementares na inspeção post mortem de carcaças com suspeita de tuberculose bovina.Pesq. Vet. Bras, v. 32, n. 11, p. 1138-1144, 2012. HIJJAR, M., PROCóPIO, M.. Tuberculose – epidemiologia e controle no Brasil. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, 5, dez. 2006. HIRSH, D. C.; ZEE, Y. C. Microbiologia Veterinária. 3ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2003. 446p JONES, T.C., HUNT, R.D., KING, N.W. Patologia Veterinária. 6. ed. São Paulo: Manole, 2000. p. 499-507. KANTOR N.I,RITACCO. An update on bovine tuberculosis programmes in Latin American and Caribean countries. Vet. Microbiol. 112, 111-118. 2006 KANTOR, I., 1998. Situación de la TBC Bovina en América Latina y el Caribe. CEPANZO. Buenos Aires. KENNETH F. WELLS, D.V.M., F.R.S.H., F.R.C.V.S.2 the administration of bovine tuberculosis eradication in canada, english edition-boletin de la osp . vol. vii, no. 1, 1973. KLEEBERG, H.H. Tuberculosis humana de origem bovina y salud pública. Revue scientifique et technique International Office Epizootics, v.3, p. 55- 76, 1984. LEE, E; HOLZMAN, R.S. Evolution and current use of the tuberculin test. Clinical infectious diseases, v. 34, n. 3, p. 365-370, 2002. 46 LOPES C.A.R. prevalência de tuberculose e brucelose em bovinos abatidos sob inspeção estadual no município de Aracruz. Espirito Santo. 2008 MARCONDES, A.G.; SHIKAMA, M. L.; VASCONCELLOS, S. A.; BENITES, N. R., MORAIS, Z. M.; ROXO, E.; DIAS, R. A.; LEÃO, S. L.; PINHEIRO, S. R. Comparação entre a técnica de cultivo em camada delgada de agar Middlebrook 7H11 e meio de Stonebrink para isolamento de Mycobacterium bovis em amostras de campo. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.43, n.3, p.362-369, 2006. MATHEWS, F. et al. Bovine tuberculosis in cattle: reduced risk on wildlife- friendly farms. Biology letters, v. 2, n. 2, p. 271-274, 2006. MATHIAS, J.F.C.M. A clandestinidade na produção de carne bovina no Brasil. Revista de Política Agrícola, v. 17, n. 1, p. 63-73, 2008. MCGAVIN M.D.; ZACHARY, J.F. Bases da Patologia em Veterinária, 4ª ed., Elsevier Editora, 2009. MENDES, E I Avaliação da intercorrência entre leucose enzoótica e tuberculose bovina em vaca leiteiras do Estado de Pernambuco .2009 NASCIMENTO. aspectos epidemiológicos da tuberculose bovina em quixeramobim (ce). bacia leiteira do sertão central do ceara. UECE.2014. NEILL, S. D.; BRYSON, D. G; POLLOCK, J. M. Pathogenesis of tuberculosis in Cattle. Tuberculosis. v. 81, n. 1-2, p.79-86, 2001. OIE (World Organization for Animal Health),. Annual Animal Disease Status, Bovine Tuberculosis. 2004 OLIVEIRA, I. A. S et al. Prevalência de tuberculose no rebanho bovino de Mossoró, Rio Grande do Norte. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 44, n. 6, p. 395-400, 2007. OLIVEIRA, V. M. et al. Análise retrospectiva dos fatores associados à distribuição da tuberculose bovina no estado do Rio de Janeiro. Arq. bras. med. vet. zootec, v. 60, n. 3, p. 574-579, 2008. ORDÓÑEZ, P.T.; FLORES, M.A.S.; SUAZO, F.M.; CASILLAS, I.C.R. Aislamiento e identificación de Mycobacterium bovis a partir de muestras de expectoración de pacientes humanos con problemas respiratorios crónicos. Veterinária, México, v. 30, n. 3, p. 227-229, 1999 PRITCHARD, D. G. A century of bovine tuberculosis 1888–1988: conquest and controversy. Journal of comparative pathology, v. 99, n. 4, p. 357-399, 1988. 47 PROAÑO-PÉREZ F, BENÍTEZ-ORTIZ W, PORTAELS F, RIGOUTS L, LINDEN A. Situation of bovine tuberculosis in Ecuador. Rev Panam Salud Publica. ;30(3):279–86.2011 RADOSTITS, O. M.; GA Y, C. C.; BLOOD, D. C.; HINCHCLIFF, K. W. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos e eqüinos. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 817-827 RAMOS, D. F.; SILVA, P. E. A.; DELLAGOSTIN, O. A. Diagnosis of bovine tuberculosis: review of main techniques. Brazilian Journal of Biology, n. AHEAD, p. 0-0, 2015. REBHUN. Diseases of dairy cattle. 2.ed.elsevier.2008 p 687 REICHMAN, L B.; TANNE, J. H. Timebomb: the global epidemic of multi- drug resistant tuberculosis. 2002. RIBAS, L.C.M. Brucelose e tuberculose como doenças ocupacionais em matadouros-frigoríficos de bovinos no Brasil. 2010. ROXO, E. Tuberculose bovina: revisão. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.63, n.2, p.91-97, 1996 RUGGIERO, A. P. et al. Tuberculose bovina: alternativas para o diagnóstico.Arq Inst Biol, v. 74, n. 1, p. 55-65, 2007. SMITH, B.P. Medicina interna de grandes animais. 3. ed. São Paulo: Manole. 2006. 1728 p. TABOSA, I.M.; TRINDADE, V.M.; VALE, G.M.G.; DANTAS, A.F.M.; VIEIRA, J.M.; MEDEIROS, M.B.A.; AZEVEDO, E.D.; MELO, M.A.; ANDRADE, M.G.; SOUZA, S.B.; MEDEIROS, L.S.; RODRIGUES, R.D.; XAVIER, S.D. Ocorrência de tuberculose em bovinos abatidos no matadouro municipal de Patos – PB – Brasil. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v.7, n.1, p.61-62, 2000 VELOSO, F.P. Prevalência e fatores de risco da tuberculose bovina no Estado de Santa Catarina. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 31p. Dissertação de Mestrado.2014 VENDRANE F.B. situação epidemiológica da tuberculose bovina no estado de Rondônia, 2013
Compartilhar