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Apostila-Ecologia-PDF

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECOLOGIA 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 Noções Gerais de Antropologia .............................................................................. 3 
1.1 Histórico da Ecologia Humana.......................................................................... 5 
2 ORGANIZAÇÃO E COMPLEXIDADE NO AMBIENTE ........................................... 6 
2.1 Abordagens da Ecologia Humana .................................................................... 7 
2.2 Ecologia Humana Evolutiva ............................................................................ 8 
2.3 Ecologia Humana Aplicada ............................................................................. 8 
2.4 Relações entre a Biologia, Sociologia e Ecologia ........................................... 9 
3 VALOR DA NATUREZA: CONCEITO DE VALOR E OS CRITÉRIOS DE 
ESTIPULAÇÃO DOS VALORES ELEMENTOS NATURAIS ..................................... 11 
4 USO DO HABITAT, TEORIA DE NICHO ECOLÓGICO E ASPECTOS 
BIOCULTURAIS HUMANOS ..................................................................................... 13 
4.1 O Uso do Habitat .......................................................................................... 13 
4.2 Teoria de Nicho Ecológico ............................................................................ 13 
4.3 Aspectos bioculturais humanos .................................................................... 15 
5 VISÃO E ATITUDES DO HOMEM PARA COM A NATUREZA: PARADIGMAS ... 16 
6 ESTUDOS DE POPULAÇÕES E COMUNIDADES INSERIDOS NA ECOLOGIA 
HUMANA ................................................................................................................... 17 
7 METAPOPULAÇÃO .............................................................................................. 20 
7.1 Resiliência .................................................................................................... 22 
8 POPULAÇÕES HUMANAS E FUNCIONAMENTO DOS ECOSSISTEMAS ......... 25 
8.1 Interferências Antrópicas Negativas: ............................................................ 26 
8.2 Interferências Antrópicas Positivas: .............................................................. 26 
9 INTERAÇÕES ENTRE O HOMEM E O MEIO AMBIENTE. .................................. 27 
9.1 Fases da relação do homem com o meio ambiente: .................................... 27 
9.2 Homem como agente modificador do ambiente ........................................... 30 
 
 
 
 
 
 
9.3 Interferência antrópica na redução de problemas ambientais ...................... 31 
10 BASES BIOLÓGICAS DO COMPORTAMENTO HUMANO ............................... 34 
11 IMPORTÂNCIA DO HOMEM JUNTO A CRIAÇÃO DE UNIDADES DE 
CONSERVAÇÃO ...................................................................................................... 36 
11.1 Visão histórica das transformações das sociedades humanas..................... 39 
12 ECOLOGIA SOCIOCULTURAL ........................................................................... 43 
12.1 Eco pedagogia e Educação Ambiental ......................................................... 45 
12.2 Eco desenvolvimento e Inclusão Social ........................................................ 46 
13 SOCIOBIOLOGIA ............................................................................................... 49 
14 ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA ................................................................ 50 
15 MODELOS DE TRANSMISSÃO CULTURAL E ECOLOGIA HUMANA ............... 52 
16 RECURSOS COMUNS E CONSERVAÇÃO ....................................................... 54 
17 Argumentos para a conservação da Natureza .................................................... 57 
17.1 Populações Rurais e o meio ambiente ......................................................... 60 
17.2 Populações Indígenas e o meio ambiente .................................................... 63 
18 RELAÇÕES ENTRE BIODIVERSIDADE E SOCIODIVERSIDADE ..................... 65 
19 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ....................... 67 
19.1 Aspectos da Gestão Socioambiental ............................................................ 69 
20 ECONOMIA VERDE ........................................................................................... 71 
20.1 Importância e benefícios da Economia Verde .............................................. 72 
21 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ...................................................................................... 73 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 NOÇÕES GERAIS DE ANTROPOLOGIA 
Você já parou para pensar o quanto as ações humanas têm contribuído para a 
problemática ambiental atual? Compreender o papel da espécie humana no planeta 
Terra é condição primordial para nortear novas posturas a serem adotadas para a 
manutenção da nossa espécie. O homem como único ser racional do planeta Terra, 
adquiriu uma responsabilidade imensurável para a manutenção e preservação da vida 
tal qual conhecemos, nós criamos diferentes maneiras de estudar e entender o papel 
que devemos desempenhar neste sentido. Várias ciências surgiram deste tipo de 
pensamento, uma delas foi a “Antropologia”: 
 
ANTROPOLOGIA = (anthrophos=homem e logos= estudo). 
 
A Antropologia tem por objetivos: 
 
 Explorar o conhecimento do ser humano quanto as suas características: 
psíquicas, biológicas e socioculturais. 
 Estabelecer relações entre os indivíduos e culturas, origens, evolução e 
repercussões na humanidade. 
 
Assim a antropologia fundamenta seus estudos em questões que envolvam 
diretamente a espécie humana. Para tal é dividida em: 
 
 Antropologia Biológica ou Física: estuda o processo da evolução humana, 
com destaque aos aspectos biológicos e físicos inerentes a este processo; que 
considera os aspectos genéticos e biológicos do homem. 
 Antropologia Sociocultural: compreende as alterações dos aspectos 
socioculturais, comportamentais, técnicas, saberes e práticas da sociedade. Surgiu no 
final do séc. XIX; que considera a organização social e política, o parentesco e as 
instituições sociais. 
 Arqueologia: que se dedica ao estudo das manifestações materiais e às 
condições de existência dos grupos humanos desaparecidos. 
 
Portanto a Antropologia é a ciência que estuda a natureza do homem. O 
esquema abaixo resume o papel do ser humano junto a natureza. 
 
 
 
 
4 
 
Esquema do papel do homem junto à natureza. 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
 
A Antropologia também estuda os fundamentos religiosos que interferem na 
evolução da espécie humana. As principais correntes filosóficas neste sentido são: 
Deísta: é uma doutrina que considera a razão como a única via capaz de nos 
assegurar da existência de Deus. 
Panteísta: acredita ou tem a percepção da natureza e do Universo, como 
divindade. 
Politeísta: crença em mais do que uma divindade de gênero masculino, 
feminino ou indefinido, sendo que cada uma é considerada uma entidade individual e 
independente. 
Nesta primeira aula você pode conhecer os principais conceitos, objetivos e 
diretrizes da Antropologia. Além disso, conheceu as principais subdivisões da 
Antropologia que ajudam a compreender o papel da espécie humana na natureza. Na 
próxima aula você vai aprender sobre a evolução histórica das relações da 
Antropologia com a Ecologia Humana. 
 
 
 
 
5 
 
1.1 Histórico da Ecologia Humana 
O termo “Ecologia Humana” foi usado pela primeira vez por sociólogos da 
Escola de Chicago de Sociologia, em 1921. Durante o século XX, as interpretações e 
definições de Ecologia Humana foram as mais diversas, não só entre as ciências 
sociais e os naturais, como dentro de disciplinas sociais, como a Geografia, a 
Antropologia, a Psicologia e a Sociologia (Amaro, 1981; Borden, 2008; Lawrence, 
2003; entre outros).O zoólogo alemão Ernest Haeckel (discípulo de CharlesDarwin,1886) foi o primeiro cientista a empregar palavra Ecologia nos finais do século 
XIX. Na análise epistemológica da palavra Ecologia Humana, temos: 
 
 
 
A Ecologia Humana é a ciência que estuda o ambiente, as relações dos seres 
vivos no meio em que vivem e como ocorrem as interferências antrópicas neste 
ambiente; a Ecologia Humana só começa a ganhar contornos mais específicos 
durante a segunda metade do século XX, embora o termo tenha sido pela primeira 
vez usado no início da década de 1920.A Ecologia Humana tomou forma como ciência 
a aproximadamente 40 anos, com o início das discussões em torno dos problemas 
ocasionados pelo crescimento econômico sem limites, auxiliando num 
posicionamento frente a utilização de recursos naturais ou ainda, de deixar a natureza 
intocada. Segundo sua definição, a Ecologia Humana surge como uma área de 
conhecimentos que analisa as interações do homem com o meio em que vivem. 
Com a Ecologia Humana surge uma nova perspectiva sobre tudo o que nos 
rodeia e pode ser usada, por exemplo, para aprendermos a lidar com os problemas 
ambientais causados pelo próprio ser humano, fato que atualmente é de extrema 
importância, já que o planeta atravessa uma grave crise ambiental. Esta crise tem 
mobilizado gradualmente vários segmentos da sociedade em busca da compreensão 
das suas causas profundas e das dimensões reais do problema, assim como de 
alternativas para a redução da degradação ambiental e dos seus impactos na 
qualidade de vida humana. 
 
 
 
 
6 
 
Nesse contexto, duas frentes de posicionamento se solidificam: a primeira com 
a visão que defende a continuidade do modelo de crescimento como forma de 
proporcionar aos países em desenvolvimento os mesmos benefícios alcançados pelos 
desenvolvidos; e a segunda apresenta-se totalmente contrária a anterior, pregando o 
famoso “vamos parar tudo” como forma de garantir a manutenção dos recursos do 
planeta. A esse respeito, perguntamos a você, prezado(a) aluno(a): como encontrar 
um meio termo para essas frentes de posicionamento? Como agir de forma orientada 
para uma visão de futuro da humanidade? Para responder a estes questionamentos 
sugerimos que você analise o esquema abaixo: 
 
 
Figura 2 – Os limites a serem adotados pela espécie humana. 
Fonte: www.slideshare.net 
 
2 ORGANIZAÇÃO E COMPLEXIDADE NO AMBIENTE 
Segundo a Ecologia, no meio ambiente existem interações entre dois tipos de 
fatores: os bióticos (relacionados diretamente aos seres vivos) e os abióticos 
(relacionados a questões físicas, químicas e ambientais propriamente ditas), desta 
forma podemos perceber a necessidade de organização entre estes fatores de forma 
a subsidiar o alto grau de complexidade que percebemos ao analisar um ambiente 
específico, como por exemplo, o ecossistema da floresta Mata Atlântica.Cada 
organismo presente num ecossistema apresenta comportamento, recursos e 
http://www.slideshare.net/
 
 
 
 
7 
 
interações próprios e que precisam estar em harmonia com outros seres vivos, quando 
pensamos em uma população humana constituída por indivíduos da mesma espécie, 
logo identificamos numa mesma área geográfica outras populações de outras 
espécies e que vivendo numa mesma área geográfica constituem uma comunidade, 
todas as comunidades de uma área delimitada, como no caso a Mata Atlântica, 
compõem o ecossistema Mata Atlântica. Fica claro então que o homem faz parte deste 
processo de organização e, portanto, deve respeitar tais limites de forma a perceber 
que sua interferência pode atingir outras espécies vivas, agindo significativamente na 
complexidade do meio ambiente. 
 
Só uma visão sistêmica, unitária e sinfônica poderá nos aproximar de 
uma compreensão do que é nosso maravilhoso planeta vivo. 
José Lutzemberger 
Gaia, o planeta vivo. Porto Alegre: L&PM, (1986) 1990 
 
Portanto, frente à complexidade do planeta no qual o homem está inserido é 
necessário a concretização de um pensamento focado na compreensão da natureza 
complexa do meio ambiente, resultante das interações dos seus aspectos biológicos, 
físicos, sociais, culturais, econômicos, éticos, estéticos, políticos, etc. As questões 
ecológicas permeadas pela postura do homem não devem ser somente encaradas 
como problemas socioambientais que podem gerar catástrofes, mas desafios ao 
conhecimento científico e limites ao próprio homem no planeta. Neste sentido a 
Ecologia Humana assume papel fundamental, que será mais detalhado nas próximas 
aulas. Neste início do curso, estamos fazendo apenas a apresentação de conceitos 
fundamentais necessários à compreensão destes aspectos. 
2.1 Abordagens da Ecologia Humana 
Terminamos a aula passada inserindo mais alguns conceitos importantes sobre 
o papel do homem na complexidade do meio ambiente e do papel que a Ecologia 
Humana desempenha nesta questão, porém quais as abordagens exploradas neste 
sentido? A Ecologia Humana apresenta diferentes possibilidades de abordagens 
 
 
 
 
8 
 
sobre o papel do homem no meio em que vivem. Abordagens voltadas para o estudo 
da adaptabilidade do Homem às variações ambientais: 
 
 
Figura 3: O Homem e o Meio Ambiente 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
2.2 Ecologia Humana Evolutiva 
 Influenciados por um “determinismo ambiental” 
 Exemplos: Antropologia ecológica, sociobiologia, etnobiologia 
Abordagens voltadas para o estudo dos impactos do Homem sobre o ambiente: 
 
 
Figura 4: O meio ambiente e o Homem 
Fonte: Arquivo Pessoal 
 
2.3 Ecologia Humana Aplicada 
 Exemplos: Ecologia de ecossistemas, ecologia aplicada. 
 
 
 
 
9 
 
Neste curso de Ecologia Humana adotaremos a abordagem da Ecologia 
Humana Aplicada, considerando que o Homem faz parte do sistema. Incluindo os 
impactos sobre o Homem de uma escala de tempo não-evolutiva. 
 
 
Figura 5: Influência do Homem sobre o meio 
Fonte: Arquivo Pessoal. 
 
A abordagem da ecologia aplicada se interessa mais pelo Homem "moderno" 
(não-tradicional), Homo sapiens: espécie generalista, onívora de borda (transicional). 
É uma espécie chave que determina a evolução do sistema e sofre as consequências 
de sua deterioração. 
2.4 Relações entre a Biologia, Sociologia e Ecologia 
Quando analisamos as questões que permeiam a Ecologia Humana é possível 
dimensionar realidade socioambiental e ampliar seu foco a outras áreas do saber, 
criando maior poder de ação e de discussão das populações envolvidas nos 
processos abordados neste contexto. A evolução do ecologismo primitivo para a 
ecologia multidisciplinar tem demonstrado uma grande influência sobre novos 
conhecimentos, que vão além do antropocentrismo primitivo e possibilita a geração 
de novos questionamentos sobre progresso, desenvolvimento, justiça, distribuição de 
valores e sobre o determinismo ambiental. Assim surge a Ecologia Humana e 
associada a ela as ciências sociais como a Sociologia. A Sociologia 
estuda/compreende a realidade social, que é o nome dado ao conjunto das diferentes 
relações entre os indivíduos no seu dia a dia, o que implica em uma rede de 
 
 
 
 
10 
 
informações que define e assegura a vida de um grupo de indivíduos em um 
determinado tempo e espaço. 
 
 
 
 
 
Neste contexto percebe-se uma conexão entre diferentes áreas do saber, como 
a Biologia, que aborda o estudo da vida num contexto mais amplo e contundente, a 
Sociologia que aborda conceitos relativos à sociedade Humana e a Ecologia que 
aborda questões sobre o homem, os seres vivos e suas interpelações com eles 
próprios e com o meio ambiente em que vivem. De um lado a crise nos paradigmas 
das ciências, em particular das ciências humanas, decorrente das mudanças 
profundas e rápidas na sociedade atual, movidas pela era industrial-capitalista; de 
outro, a crise nas relações entre o homem e a natureza, permitem uma maior 
integração entre a Sociologia e a Ecologia. A necessidade de mudança de valores e 
quebra de paradigmas aproximaainda mais as diferentes ciências, que se unem para 
proporcionar a transferência de conhecimentos de forma mais integrada e através de 
uma visão holística e não puramente ecológica. A quebra de paradigmas é uma 
questão complexa e que deve ser explorada de forma interdisciplinar e multidisciplinar 
para obter os resultados positivos que se espera quanto a mudança de postura da 
espécie humana frente a complexidade do meio ambiente 
“O efeito determinante da natureza sobre a sociedade e sobre a 
cultura humana, a adaptação humana à natureza, e a natureza como 
um fator limitante para as possibilidades humanas”. Moran (1994) 
p.47. 
 
 
 
 
 
11 
 
3 VALOR DA NATUREZA: CONCEITO DE VALOR E OS CRITÉRIOS DE 
ESTIPULAÇÃO DOS VALORES ELEMENTOS NATURAIS 
 
Figura 6: Comparação da visão do Homem em relação aos recursos naturais. 
Fonte: mestresergiosantos.com.br 
 
Para atribuir valores a elementos naturais a espécie humana possui diferentes 
pontos de vista .Visão Egocêntrica ou Antropocêntrica: onde o homem representa o 
topo da pirâmide de interesses, ou seja, a natureza está para servi-lo, acima de 
qualquer outra necessidade; o Homem não faz parte da natureza, o ser humano e 
suas obras não costumam ser incluídos na definição de natureza do senso comum, 
neste tipo de visão. 
Na etimologia das palavras: 
 
 
 
 
 
 
 
Egocentrismo - do Lat. ego, eu + centro - tendência pessoal exagerada em 
considerar tudo sob o próprio ponto de vista e em fazer de si próprio o centro 
do universo; 
 
Antropocentrismo - do grego: anthropos, o homem (como ser humano, como 
espécie); do latim: centrum, centricum, o centro, o cêntrico, o centrado. 
 
http://www.mestresergiosantos.com.br/site/mestre-sergio-santos/index.php/etica-35/ego-x-eco
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É a partir da visão que se tem sobre os recursos naturais que o Homem atribui 
grau de importância a estes recursos atribuindo valores a eles. Portanto; Valor 
ambiental: Pode ser interpretado como a qualidade das condições ambientais, como 
natureza da água, composição gasosa da atmosfera e temperaturas adequadas para 
a manutenção da vida ou das atividades de um certo organismo ou determinada 
espécie. Agregar valores econômicos aos valores ambientais é prática difundida em 
larga escala nos dias atuais, pela espécie humana. 
Tal prática é defendida inclusive na Constituição Federal de 1988, através da 
ligação do artigo 170 com o artigo 225; neste sentido existe a possibilidade de atribuir 
o valor de determinado recurso natural, ou de estimar por meio de uma medida 
monetária o valor de um dano ecológico. Desta forma é possível disciplinar a 
apropriação dos recursos naturais, regulamentando novas definições como os 
princípios do poluidor-pagador (que obriga o conhecimento dos custos, dos valores 
que o poluidor potencial pagará para desenvolver suas atividades), da 
responsabilidade socioambiental e do desenvolvimento sustentável. Portanto, 
podemos entender que agregar valores aos elementos naturais tem como ponto 
crucial, a busca de uma poupança ou preservação de recursos ambientais para as 
gerações futuras e só poderá ser alcançada quando for amplamente conhecido os 
limites de sua utilização e os custos do consumo de tais recursos. Complexo o 
conceito de agregar valores a elementos naturais não é mesmo? Nesta aula 
procuramos apresentar subsídios para que vocês alunos (as) entendam tal 
complexidade e que possam apresentar uma visão mais crítica sobre tais questões. 
Visão Egocêntrica: nesta visão, as preocupações científicas, políticas, 
econômicas e culturais se voltam para a “oikos”, ou seja, para a Terra 
considerada casa comum e mais do que isto, um sistema vivo, constituindo, 
ela mesma, um organismo vivo, conforme a Teoria de Gaia. Como visto na 
figura 6, o homem passa a apresentar um papel de igualdade de importância 
em relação as relações ecológicas com os demais seres vivos e com o 
planeta Terra. Nesta concepção toda a organização do planeta, incluindo os 
fatores bióticos e abióticos tem o mesmo grau de importância e a interferência 
em qualquer um deles é sentida por todos. 
 
 
 
 
 
13 
 
4 USO DO HABITAT, TEORIA DE NICHO ECOLÓGICO E ASPECTOS 
BIOCULTURAIS HUMANOS 
4.1 O Uso do Habitat 
Segundo a Ecologia Habitat (do latim “ele habita”) é um conceito que inclui o 
espaço físico e os fatores abióticos que formam um ecossistema e que assim definem 
a distribuição das populações de uma determinada comunidade. No uso do Habitat, 
diferentes estratégias físicas (biológicas) e culturais são utilizadas, nem sempre de 
forma positiva, quando isto ocorre é comum haver migração de espécies para outro 
habitat. A Ecologia Humana aborda questões específicas sobre o Habitat, como os 
modos de produção, as escolhas adaptativas inseridas na obtenção de recursos pelas 
populações. No caso dos seres humanos a relação destes com o seu habitat, o 
desenvolvimento e avanços científicos e tecnológicos, bem como as relações da 
sociedade com estes processos é fundamental, incluindo também aspectos evolutivos 
e adaptativos. 
4.2 Teoria de Nicho Ecológico 
Existem diferentes definições para o termo nicho ecológico: 
 
 para a Ecologia: 
 
A posição ou status de um organismo dentro de sua comunidade e ecossistema 
resultante de suas adaptações estruturais, respostas fisiológicas e comportamento 
específico por herança e/ou aprendizado. (Odum, 1959). 
 
 para a Biologia: 
 
Nicho ecológico é a soma total do uso dos recursos bióticos e abióticos por um 
organismo em seu ecossistema. (Campbell, 1996). 
 
 para a Ecologia Humana: 
 
 
 
 
 
14 
 
Relação do indivíduo ou da população com todos os aspectos de seu ambiente, 
dessa forma o papel ecológico das espécies dentro da comunidade. (Ricklefs,1996). 
Na evolução dos conceitos de nicho ecológico chegamos a definição de que as 
condições em que um organismo (espécie, população) pode persistir (sobreviver e 
reproduzir-se) são em geral maiores do que as condições em que o organismo 
realmente vive. Esta redução é causada por interações bióticas. Podemos classificar 
o nicho ecológico em: 
 
Nicho Fundamental: Nicho com os limites máximos possíveis, no qual um organismo 
pode ocupar na ausência de interações prejudiciais com outras espécies, contando 
apenas com condições abióticas, tolerância para tais condições e respostas 
fisiológicas a estes fatores. 
Nicho Realizado ou Efetivo: É o nicho verdadeiro do organismo, na situação real em 
que se encontra, limitado ou expandido pelas interações com outros organismos, da 
mesma ou de outra espécie. 
 
 
Figura 7: Ilustração de nicho fundamental e nicho efetivo 
Imagem disponível em: www.commons.wikimedia.org.com.br 
 
 
 
http://www.commons.wikimedia.org.com.br/
 
 
 
 
15 
 
4.3 Aspectos bioculturais humanos 
Grande parte das ações humanas são bioculturais (comer, dormir, defecar, 
acasalar, cantar, dançar, pensar ou meditar). Toda ação humana é, ao mesmo tempo, 
totalmente biológica e totalmente cultural. 
 
 
Figura 8: Imagem ilustrativa da biocultura humana 
Imagem disponível em: www.amandin.com.br 
 
A Cultura é tudo o que não é apenas biológico. “Modos de sentir, pensar e agir 
comuns a grupos maiores ou menores de pessoas”, segundo o sociólogo Guy Rocher, 
in Sociologia Geral, tomo 2.A Cultura envolve hábitos alimentares (culinária), 
vestuário, crenças (religião, por exemplo), valores (honestidade, honra e vergonha, 
questões relativas à sexualidade e costumes), divertimentos, etc.A Biologia do 
Homem, agrega aos indivíduos necessidades peculiares para manterem-se vivos, o 
ato de alimentarem-se, respirarem, acasalarem-se, dormirem, etc, que refletem as 
necessidades orgânicas estudadas pela Biologia.Desde o nascimento até a morte, o 
ser humano está marcado e marca uma sociedade. O Homem tem a capacidade de 
se adaptar ao meio, transformando-o, que odistingue dos outros animais. Enquanto 
os animais são dotados de mecanismos biológicos, o ser humano tem de criar 
condições para se proteger, ex: roupa. É a fraqueza biológica que o obriga a produzir 
cultura, concluindo que tudo o que é cultural não é natural, porque é criado pelo 
 
 
 
 
16 
 
homem. Na próxima aula, aprofundaremos nossos conhecimentos sobre a visão e 
atitudes do homem para com a natureza - paradigmas. 
 
5 VISÃO E ATITUDES DO HOMEM PARA COM A NATUREZA: PARADIGMAS 
Ampliar a percepção que possuímos quanto a visão e as atitudes do homem 
para com a natureza é um dos importantes papéis desempenhados pela Ecologia 
Humana. Desde o surgimento do Homem na Terra, a natureza tem passado por 
intensas modificações, algumas influenciadas diretamente pelo próprio Homem. 
Assim, o processo de degradação do meio ambiente se confunde com o aparecimento 
do homem no planeta. 
O dinamismo da civilização industrial introduziu radicais mudanças no Meio 
Ambiente físico. Essas transformações implicaram a formação de novos 
conceitos sobre o ambiente e o seu uso. A Revolução Industrial, que teve 
início no século XVIII, alicerçou-se, nos três fatores básicos da produção: a 
natureza, o capital e o trabalho. Porém, desde meados do século XX, um 
novo, dinâmico e revolucionário fator foi acrescentado: a tecnologia. Esse 
elemento novo provocou um salto, qualitativo e quantitativo, nos fatores 
resultantes do processo industrial. Passou-se a gerar bens industriais numa 
quantidade e numa brevidade de tempo antes impensáveis. (Carvalho, 2003, 
p.67) 
Estamos vivendo atualmente uma crise de paradigma, ao ocuparmos a posição 
de “ser superior” em relação a todos os demais seres que habitam o planeta. Tal crise 
envolve aspectos ético-morais, ocorrendo com a influência da política, da economia, 
da cultura e da religião sobre o homem e sua atuação em relação ao meio ambiente. 
Para compreendermos melhor tais questões vamos definir o conceito de “Paradigma”? 
 
 
 
 
 
. 
O paradigma ambiental dominante é fundamentado num modelo de 
desenvolvimento fundamentado em princípios, valores e conceitos que foram 
construídos na visão de uma natureza infinita e que devem estar a serviço do homem; 
Paradigma: do grego “parádeigma”, significa literalmente um modelo, a 
representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, uma 
matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um saber 
científico. 
 
 
 
 
 
17 
 
assim tudo se justifica em nome do progresso, da técnica, do crescimento econômico 
e da geração e acumulo de riquezas. As questões ambientais contemporâneas 
exigem uma reavaliação de conceitos, ou seja, uma mudança de paradigmas. Com 
um paradigma equivocado sendo adotado por grande parte da sociedade, passamos 
pela maior crise ambiental já presenciada, o que cobra da sociedade humana uma 
mudança de paradigmas. 
 
 Novo modelo de paradigma: 
 
 O desenvolvimento sustentável passa a ser o novo modelo de paradigma 
proposto para as questões ambientais, este é fundamentado nas diferentes relações 
que o Homem tem em relação a natureza, atendendo às necessidades do presente 
sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias 
necessidades. 
 
6 ESTUDOS DE POPULAÇÕES E COMUNIDADES INSERIDOS NA ECOLOGIA 
HUMANA 
Nesta aula, vamos analisar o padrão de crescimento e estabilização de 
comunidades e populações e abordar questões iniciais sobre o limite de crescimento 
destas. Como parte importante da Ecologia Humana, surge a Ecologia Evolutiva cujo 
papel é de grande importância, procurando entender as relações entre indivíduos e 
populações e o meio ao qual estão inseridos. Para Ecologia, todos os organismos são 
membros de uma população, espécie ou comunidade. 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
Um dos pilares da Ecologia Evolutiva é o conceito de “fitness” (adaptabilidade): 
 
Fitness é a capacidade de um organismo se perpetuar e é medido pelo 
sucesso reprodutivo deste organismo. Avaliar o sucesso reprodutivo de um organismo 
é fundamental para entender a relação organismo/ambiente porque o sucesso 
reprodutivo é de determinado pela posição ocupada por um organismo dentro de sua 
população e as associações interespecíficas destes e a comunidade em que estes se 
encontram inseridos. (Begossi, 2002). 
Para a Ecologia Humana o interesse principal é de como as populações 
urbanas se adaptaram ao meio ambiente. A ecologia urbana estuda detalhes da vida 
humana nas cidades, do ponto de vista ambiental, sua relação com os recursos 
naturais, o ar, a água, a fauna e flora, bem como as relações entre indivíduos. 
Problemas sociais como o êxodo rural, o crescimento descontrolado das cidades, 
infraestrutura urbana, bem como características das populações (taxa de crescimento, 
densidade, índices de nascimento e mortalidade e idade média) são abordados nesta 
especialidade. A ecologia explora o limite máximo de crescimento de uma população, 
neste sentido é possível observar que toda população de seres vivos só consegue 
sucesso em relação aos recursos naturais, quando respeita estes limites de 
crescimento. A ecologia humana tem o desafio, de auxiliar no reconhecimento das 
causas dos desequilíbrios ambientais existentes na sociedade humana e propor 
 
 
 
 
19 
 
soluções alternativas ou minimizadoras. Vamos conhecer alguns destes parâmetros 
de crescimento? 
 
densidade populacional: é o tamanho de uma população. Mantendo-se fixa a área de 
distribuição, a população pode aumentar devido a taxa de nascimento e imigrações. A 
diminuição da densidade pode ocorrer como consequência de aumento da 
mortalidade ou de emigrações. 
 
curvas de crescimento populacional: define o padrão de crescimento padrão de uma 
dada população (Figura 10), é esperada para a maioria das populações de seres vivos 
existentes ela é caracterizada por uma fase inicial de crescimento lento, em que 
ocorrem ajustes dos organismos ao meio de vida. Seguindo de um crescimento, do 
tipo exponencial, que culmina numas fases de estabilização onde a população para 
de crescer e estabiliza. 
 
 
 
Figura 10: Gráfico da curva de crescimento de uma população. 
Fonte: Arquivo Pessoal 
 
 
 
 
 
20 
 
Fase A: crescimento lento. Fase B: crescimento acelerado ou exponencial. 
Fase C: a população está sujeita aos limites impostos pelo ambiente, a resistência 
ambiental é maior sobre a população. Fase D: estabilização do tamanho populacional. 
Fase E: é a curva teórica de crescimento populacional sem a interferência dos fatores 
de resistência ambiental. Os limites de crescimento estão intimamente associados a 
atual posição da espécie humana em relação ao planeta. Grande parte dos problemas 
ambientais atuais está relacionado à curva de crescimento da espécie humana. O 
aumento da densidade populacional de nossa espécie, associado a grande 
capacidade de transformação da natureza que possuímos como forma de criar 
adaptações necessárias através da evolução científica e tecnológica, são alvo dos 
estudos da Ecologia Humana. Na próxima aula exploraremos alguns conceitos 
referentes a metapopulação. 
 
7 METAPOPULAÇÃO 
Dando continuidade aos nossos estudos, após explorarmos a interferência das 
populações e comunidades junto a Ecologia Humana, vamos aprofundar nossos 
conhecimentos sobre os conceitos referentes a Metapopulações. Metapopulação é 
definida por um conjunto de populações conectadas por indivíduos que se movem 
entre elas. É a junção de subpopulações de regiões fragmentadas e que devido a 
conectividade destas passam a se reproduzir. A formação de metapopulações tem 
aumentado por conta dfragmentação de hábitat (Figura 11). Ou seja, um hábitat que 
era contíguo, como por exemplo, uma grande floresta, ao sofrer desmatamento em 
algumas áreas, faz com que uma determinada espécie que antes vivia em uma 
população por toda área da floresta torne-se distribuídade forma esparsa entre estas 
manchas ou fragmentos de habitat. 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 Figura 11: Fragmentação de Habitat 
 
Como é possível perceber as fragmentações de habitat são intensificadas pela 
ação humana, conforme ocorre a necessidade de ocupação de novos habitats devido 
ao crescimento populacional de nossa espécie. Podemos então concluir que, um dos 
grandes responsáveis pela criação de novas metapopulações é o Homem. Segundo 
a visão do homem existem duas fontes de heterogeneidade na paisagem de um 
ambiente: 
 
 Heterogeneidade do ambiente físico: topografia, solos, umidade, dinâmica 
hidro geomorfológica. 
 Heterogeneidade na paisagem: interferências diretas nos habitats. 
 regime de alterações naturais: fogo, tornado e pestes. 
 perturbações antrópicas: desmatamento, fragmentação, criação de estradas e 
reservatórios. 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
É através da interferência do homem junto a heterogeneidade das paisagens 
que os fenômenos de metapopulação se intensificam nos dias atuais. 
7.1 Resiliência 
Devido ao elevado grau de interpelações entre as diferentes espécies vivas 
junto ao ecossistema onde estão inseridas, surgiu o conceito de resiliência: 
 
 Resiliência = poder de recuperação = capacidade de absorver impactos. 
 
 
Figura 14: Definição de resiliência 
Fonte: criacionismo.com.br 
 
 
 
 
23 
 
Ao crescer os sistemas aumentam sua produtividade, primeiro se expandindo, 
depois se tornando mais complexos, finalmente eliminando elementos redundantes 
(diversidade). Depois muitos colapsam. Com a resiliência os ecossistemas perdem a 
diversidade e perdem também a capacidade de recuperação. Nesse caso, os 
impactos que sofrem causam quebras de funcionamento que se transmitem por todo 
o sistema (não sendo amortecidas no local de impacto). 
 
 
Figura15: Ilustração de resiliência em ambientes. 
 Fonte: Arquivo pessoal. 
 
Portanto, “Resiliência” é a capacidade de um ecossistema de aguentar 
intervenções, choques, impactos, golpes. Imagine um sistema com grande 
biodiversidade, com vários mecanismos de ação atuando em paralelo, se uma falha 
os outros o substituem. A diversidade gera robustez e flexibilidade nos ecossistemas. 
Os impactos são amortecidos por vários mecanismos. Por exemplo: Quando um 
ambiente, por uma decisão econômica perde biodiversidade, estabelecendo-se então 
uma monocultura, ocorre degradação e o sistema se torna frágil. Sem rotas 
alternativas, as transformações biológicas diminuem e os serviços ecossistêmicos se 
perdem, outras populações que restaram podem emigrar para outros sistemas. A 
espécie humana passou a preocupar-se com a resiliência devido aos graves impactos 
ambientais enfrentados na atualidade. O conceito de resiliência, passou a ser 
considerado como multidisciplinar envolvendo questões como a educação, a 
psicologia, a pedagogia, a ecologia, o gerenciamento de empresas, é adotado para 
 
 
 
 
24 
 
todos os fenômenos vivos que implicam flutuações, adaptações, crises e superação 
de fracassos ou de estresse. Resiliência comporta dois componentes: 
 
 resistência face às adversidades, capacidade de manter-se inteiro quando 
submetido a grandes exigências e pressões; 
 a capacidade de dar a volta por cima, aprender com as derrotas e 
reconstituir-se, criativamente, ao transformar os aspectos negativos em novas 
oportunidades e em vantagens. 
 
 
Figura 15: Imagem ilustrativa do conceito de resiliência 
 Fonte: riozinho.net 
 
Neste sentido o Homem criou os conceitos de Desenvolvimento Sustentável e 
Sustentabilidade, com a finalidade de apresentar os conceitos de resiliência frente as 
problemáticas ambientais atuais. Os fatores que necessários a formação da resiliência 
ambiental são: 
 
1- Administração das emoções; 
2- Controle de impulsos; 
3- Otimismo com a vida; 
 
 
 
 
25 
 
4- Análise de ambiente; 
5- Empatia; 
6 – Auto eficácia; 
7 – Alcançar as pessoas. 
Chegamos ao final de mais uma aula. Estudaremos a seguir as metodologias 
de análises de riscos. 
 
8 POPULAÇÕES HUMANAS E FUNCIONAMENTO DOS ECOSSISTEMAS 
É isso aí pessoal, estamos na última aula desta unidade II, vamos estudar de 
que forma as populações humanas interferem no funcionamento dos ecossistemas; 
as vezes de maneira negativa e as vezes de maneiras positivas. Basicamente as 
interferências negativas nos ecossitemas podem ser classificadas em dois tipos de 
catástrofes, as naturais e as provocadas pelo homem : 
 
 
Figura: Tipos de catástrofes de interferência em ecossistemas. 
Fonte: biogilmendes.blogspot.com.br 
 
 
 
 
 
26 
 
As interferências do homem junto a estas catástrofes que impactam 
diretamente nos ecossistemas têm papéis distintos, às vezes de maneira negativa e 
às vezes de maneira positiva. 
8.1 Interferências Antrópicas Negativas: 
A população humana interfere direta ou indiretamente no funcionamento dos 
ecossistemas terrestres e aquáticos, atuando de diferentes maneiras, agindo nas 
catástrofes provocadas pela ação antrópica. Seja na extração de recursos naturais, 
na poluição de diferentes ecossistemas, na ocupação do solo, causando perda de 
biodiversidade, degradação de ambientes naturais entre outros fatores. 
 
 
Figura 16: Esquema Ilustrativo de interferência antrópica nos ecossistemas 
Fonte: scielo.br 
 
8.2 Interferências Antrópicas Positivas: 
A Terra é um planeta extremamente ativo e por vezes essa atividade manifesta-
se sobre a forma de fenômenos naturais com consequências prejudiciais ao bom e 
harmonioso funcionamento dos ecossistemas e das populações humanas. A estes 
fenómenos chamamos de catástrofes naturais.No caso das catástrofes naturais 
podemos identificar a ação do homem de forma positiva, através do desenvolvimento 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-06032010000400010
 
 
 
 
27 
 
científico-tecnológico o Homem, que tem permitido a identificação antecipada destas 
catástrofes: as suas causas, a sua detecção, como funcionam, as zonas do globo 
onde há mais probabilidade de se verificarem, e desta forma atuar positivamente no 
funcionamento dos ecossistemas afetados 
Como pudemos identificar o Homem intervém no funcionamento complexo de 
um ecossistema, tanto junto aos fatores bióticos quanto aos abióticos de maneiras 
distintas e em circunstâncias específicas; de qualquer forma por ser um ser 
constituinte destes ecossistemas, as ações por ele realizadas afetam direta ou 
indiretamente todo os demais fatores destes ecossistemas.Agora, já temos um 
panorama geral dos conceitos ecológicos necessários a compreensão da Ecologia 
Humana. 
 
9 INTERAÇÕES ENTRE O HOMEM E O MEIO AMBIENTE. 
 A relação do Homem com a Natureza vem sofrendo mudança significativa 
desde os tempos mais remotos, podemos destacar algumas fases desta evolução: 
9.1 Fases da relação do homem com o meio ambiente: 
 Fase primitiva (nômade coletor): 
 
Nesta fase o homem só extraia da natureza o que precisava para sobreviver, 
existia harmonia entre o Homem e a Natureza 
 Fase agrícola inicial (agricultura e pastoreio): 
 
Início da dominação, o homem domestica a natureza para poder sobreviver, 
recolhe o que dela pode ser extraído para o seu sustento; é a fase da “Domesticação”. 
 Fase urbana primitiva (há +- 5000 anos): 
 
Fase da relação da ocupação do espaço natural, o homem como centro das 
questões ambientais. 
 Fase industrial moderna (Rev. Industrial): 
 
 
 
 
28 
 
 
É a fase da produção e consumo, vale o econômico sobre as questões 
ambientais. Processo de instalação dos desequilíbrios ambientais convido a todo, 
caros alunos (as) a assistirem o vídeo proposto no link abaixo para refletirem mais 
sobre a Fase industrial moderna. As relações Homem-Natureza focam-se 
principalmente nos problemas provocados pelos processos industriais criados pelo 
Homem; tal processo é gerador de desenvolvimento, empregos, conhecimento e 
maiorexpectativa de vida, no entanto, afastou o Homem do mundo natural. A 
revolução Industrial associado à era tecnológica, provocou a contaminação do próprio 
ar que respiramos, a contaminação dos rios e da água que bebemos, a contaminação 
do solo de onde provém nossos alimentos, a destruição de florestas e os tantos 
habitats de outros seres vivos. Todas essas destruições colocam em risco a 
sobrevivência da Terra e dos próprios seres humanos. As interações do 
homem com o meio ambiente envolveram principalmente questões sobre impactos 
ambientais provocados pela ação humana. Tais interferências ocorrem em diferentes 
componentes dos ecossistemas. 
 
 
 Figura 17: Esquema dos Impactos das atividades humanas no ambiente. 
Fonte: Arquivo Pessoal. 
 
 
 
 
29 
 
 
A definição das interferências humanas sobre o meio ambiente é defendida 
inclusive pelas legislações ambientais, criadas pelo próprio Homem para defender o 
meio ambiente de suas interferências. A resolução normativa CONAMA 001/86 
considera “impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas 
e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia 
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 
 
 I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
 II. as atividades sociais e econômicas; 
 III. a biota; 
 IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
 V. a qualidade dos recursos ambientais.” 
Como principais problemas ambientais podemos destacar: 
 
►Globais: 
 
●Mudanças no clima; 
●Redução da camada de ozônio 
●Redução da biodiversidade e habitat. 
 
►Regionais: 
 
●Alterações químicas das águas; 
●Degradação do solo; 
●Chuva ácida; 
●Herbicidas e pesticidas. 
 
►Locais: 
 
●Contaminação do lençol freático; 
 
 
 
 
30 
 
●Resíduos das estações de tratamento de efluentes; 
●Áreas degradadas ou contaminadas; 
●Herbicidas e pesticidas 
9.2 Homem como agente modificador do ambiente 
O homem é o único animal racional que pensa antes de agir e por esse motivo 
tem consciência dos resultados dos seus atos antes mesmo de praticá-los. Como 
modificador, transforma a natureza e cria meios artificiais de adaptação ao meio 
ambiente: 
 
A) Paisagem Natural: destacam-se o clima, o relevo, o solo e a vegetação. 
 
B) Espaço Geográfico: a ação humana modifica o meio natural 
Em virtude destes fatos, o meio ambiente já sofreu e continua sofrendo a ação 
modificadora do homem de várias maneiras: 
 
- Desmatamento; 
- Assoreamento dos rios; 
- Poluição dos mananciais; 
- Emissão de gás carbônico; 
- Extinção das biodiversidades da fauna, flora e animais; 
- Pesca e caça predatória; 
- Aquecimento global; 
- Erosão do solo 
- Construção de hidrelétricas; 
- Ocupação desordenada de áreas verdes primitivas. 
 
Tais modificações são as causas da maioria dos problemas ambientais 
urbanos: 
 
 Revolução industrial (industrialização); 
 
 
 
 
31 
 
 Capitalismo e globalização (Consumismo); 
 Urbanização (crescimento das cidades); 
 Aumento populacional (7 bilhões de habitantes no mundo); 
 Ineficácia da política de Educação Ambiental 
Num contexto mais global podemos considerar o homem como um grande 
modificador do meio ambiente; o início deste comportamento de domínio surgiu com 
o domínio do fogo nas eras primitivas, que possibilitou a queima de matas e florestas 
para inserção do plantio e obtenção de combustível; o fator motivador para esta 
conduta modificadora surgiu de acordo com as necessidades e crescimento 
populacional vertiginosos causando graves consequências ao meio natural. Este 
comportamento fez surgir nas sociedades humanas uma preocupação intensa sobre 
a capacidade de suporte do meio ambiente natural as intervenções humanas. 
 
 
Figura 18: Dicotomia entre sustentabilidade e danos ambientais. 
Fonte: atitudessustentaveis.com.br 
 
9.3 Interferência antrópica na redução de problemas ambientais 
Em contrapartida aos impactos ambientais provocados pela ação humana, no 
mundo contemporâneo surgem diferentes participações humanas na tentativa de 
http://www.atitudessustentaveis.com.br/artigos/sustentabilidade-ambiental-desenvolvimento-e-protecao/
 
 
 
 
32 
 
redução destes impactos. Tais interferências antrópicas surgem em diferentes setores 
das sociedades: 
 
 através da mudança nos padrões de produção e consumo; 
 na criação de comportamentos focados na sustentabilidade e 
desenvolvimento sustentável; 
 no desenvolvimento de práticas efetivas de educação ambiental; 
 na criação de legislações específicas às questões ambientais; 
 na inserção de práticas socioambientais a nível de empresas, governos e 
corporações. 
Neste sentido, diversas práticas pautadas em benefícios aos elementos 
naturais estão sendo fundamentadas e desenvolvidas pelo Homem 
 Sustentabilidade: Criar um comportamento humano com a concepção de que 
a Biosfera é finita e que os subsistemas econômicos devem respeitar tais 
limites. 
 
 
Figura 18: Esquema da definição de sustentabilidade. 
Fonte: Arquivo Pessoal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 Desenvolvimento Sustentável: 
 
Desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, 
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas 
próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam 
um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana 
e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e 
preservando as espécies e os habitats naturais. 
 
 
 Figura 19: Esquema que define o desenvolvimento sustentável. 
Fonte: infap.org.br 
 
 Educação Ambiental 
 
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o 
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, 
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso 
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (art. 1º, 
da Política Nacional de Educação Ambiental Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999). 
 
http://www.infap.org.br/
 
 
 
 
34 
 
 
Figura 20: Imagem representativa da Educação Ambiental. 
Fonte: espirall-ltda.blogspot.com.br 
 
10 BASES BIOLÓGICAS DO COMPORTAMENTO HUMANO 
As Bases Biológicos ou Fisiológicos – estão relacionadas ao plano físico. 
 
 As alterações hormonais proporcionadas pela gravidez, por exemplo, geram 
em algumas mulheres alterações no comportamento. 
 Charles Darwin, por exemplo, defendia a ideia de que o comportamento tem 
uma função adaptativa (que afeta o sucesso reprodutivo) e possui algum grau de 
determinação genética; segundo este princípio os órgãos e outras estruturas 
corporais, assim como o comportamento é produto e instrumento do processo de 
evolução através de seleção natural. Isto quer dizer que o comportamento é produto 
da evolução filogenética. 
 
A importância destas explicações pode ser útil no estudo do comportamento 
(Crawford, 1989), sendo importante para: 
 
1. escolher variáveis independentes para o desenvolvimento de modelos e teorias 
envolvendo a análise comparativa entre espécies; 
http://espirall-ltda.blogspot.com.br/2012_03_01_archive.html
 
 
 
 
35 
 
2. compreender os fatores do ambiente que podem modular o comportamento; 3. 
determinar quais variáveis serão consideradas como causa e quais serão 
consideradas como efeitos; 
3. descobrir explicações com grande poder de generalização. 
 
O comportamento é o resultado de influências biológicas e ambientais. No caso 
específico do ser humano, mais do que separar o que é biológico do que é cultural, 
devemos concentrar nossos esforços para compreender de que forma essas duas 
variáveis se integram e interagem entre si. As origens do comportamento não estão 
somente pautadas duranteo ciclo de vida, como o nascimento ou mesmo durante a 
vida intrauterina, mas também durante a nossa história filogenética evolutiva. 
O que somos hoje é o resultado de nossas predisposições biológicas com a 
história individual e cultural de cada um. Homens e mulheres apresentam diferentes 
estratégias em relação ao comportamento reprodutivo. Quando consideramos o 
comportamento humano frente a perspectiva biológica surgem conceitos polêmicos 
como o fatalismo e determinismo, pois o envolvimento de aspectos orgânicos no 
comportamento parece ameaçar a liberdade de definir comportamentos frente a 
situações específicas. A participação das Neurociências: O desenvolvimento recente 
das neurociências leva-nos a uma aproximação, do conhecimento do funcionamento 
do cérebro. Embora grande parte destes estudos tenha sido realizada em animais, 
existem evidências que contribuem, para o entendimento das bases neuro-humorais 
do comportamento humano. Por exemplo, existem diversos relatos de pessoas que 
sofreram algum tipo de lesão ou AVC e, posteriormente, passam a agir de modo 
diferente de como se comportavam antes do acidente. A maioria passa a agir de modo 
mais contemplativo, harmonioso, tolerante etc. 
 
 
 
 
 
36 
 
 
Figura 21: esquema ilustrativo das bases de comportamento humano. 
Fonte: arquivo pessoal 
 
Como podemos perceber, as influências culturais, psicológicas e biológicas 
podem atuar diretamente na mudança de comportamentos; quando associamos estas 
bases aos comportamentos ambientais existe uma grande possibilidade de que tais 
aspectos possam influenciar as gerações futuras para uma adoção real de novas 
posturas frente ao meio ambiente. 
 
11 IMPORTÂNCIA DO HOMEM JUNTO A CRIAÇÃO DE UNIDADES DE 
CONSERVAÇÃO 
As questões ambientais foram reconhecidas como um fenômeno social deram-
se a partir da década de 1970, propiciado pela combinação de fatores como: a crise 
do petróleo e o alerta ao esgotamento dos recursos naturais; as deliberações e a 
repercussão da 1º Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio 
Ambiente em 1972; os primeiros relatórios científicos questionando os limites do 
crescimento econômico em relação à capacidade de suporte dos ecossistemas e a 
aparição do movimento. Surgiu então o paradoxo sobre o crescimento econômico e a 
preservação dos recursos naturais, de grande importância para identificação dos 
limites à continuidade do próprio crescimento econômico. Para responder a esse 
 
 
 
 
37 
 
paradoxo, a espécie humana criou conceitos que refletissem a busca por harmonizar 
a atividade humana em suas relações com a natureza, como Eco desenvolvimento, 
Desenvolvimento Sustentável, Gestão Ambiental (GA). As formas de intervenção da 
Ecologia Humana para a criação de sistema de preservação e conservação de 
elementos naturais passam por: 
 
 Conceitos de modo de produção e sistemas de subsistência: 
 
Dentre os referenciais teóricos em ecologia humana o estudo dos modos de 
produção e sistemas de subsistência tem papel de destaque na análise e 
entendimento das escolhas, obtenção e usos de recursos do ambiente por populações 
humanas (BEGOSSI, 2002); 
 
 Territorialidade: 
 
O território ecológico na espécie humana é constituído pela área da qual 
são extraídos os recursos naturais de subsistência e os materiais necessários para 
o desenvolvimento da tecnologia característica de uma sociedade. 
 Sistemas de Parentesco e residência: 
 
As famílias podem se organizam em vários padrões; podem ser extensas, 
envolvendo várias gerações que residem juntas ou ser nucleares, compreendendo 
apenas um casal e seus filhos. Quanto ao local de residência das famílias, este varia 
em função da importância dos gêneros em relação ao sistema de subsistência 
predominante na sociedade em questão. 
 Percepção Ambiental: 
 
A identificação de alterações no ambiente (ex: construções de rodovias, 
represas, criação de unidades de conservação), afetam a vida local, a gestão 
ambiental local e adequação às restrições legais. Também se deve considerar de que 
modo transformações dos usos da água e da terra estão afetando a identidade local, 
a noção de territorialidade e mesmo a possibilidade de sobrevivência dessas 
populações. 
 Etnociências e Conhecimento Local: 
 
 
 
 
38 
 
Visam ao estudo do conhecimento e uso local de recursos naturais, realizando, 
para tanto, estudos de percepção com populações locais. A etnobiologia busca 
compreender a diversidade cultural, no que se refere à interação das populações 
humanas com o ambiente, incluindo a atual perspectiva de conservação biológica e 
cultural. 
 Economia Ecológica: 
 
Onde, o sistema econômico deve passar a respeitar critérios, condições e 
normas ecológicas. Quando o Homem decidiu criar as Unidades de Conservação 
(UC), o objetivo principal foi de preservação da biodiversidade, para permitir seu 
aproveitamento atual e em especial, para o futuro. Em longo prazo, a sobrevivência 
de muitas espécies passou a depender estreitamente da proteção dos seus habitats. 
Existem diferentes tipos de Unidades de Conservação, conforme Figura abaixo: 
 
 
Figura 22: Quadro dos diferentes tipos de Unidades de Conservação. 
Fonte: Arquivo Pessoal 
 
Vários foram os fatores de motivação do Homem, para a criação das Unidades 
de Conservação (UC´s): 
 
●Os ciclos antropogênicos no passado (café, cana e pastagem) início séc. 18 
até os dias atuais; 
● Intenso processo de industrialização na década 60; 
 
 
 
 
39 
 
● Inadequado manejo do solo; 
● Supressão de mata nativa; 
● Êxodo rural; 
● Intenso processo de urbanização; 
● Degradação ambiental; 
● Diminuição dos recursos hídricos 
● Vulnerabilidade econômica, social, ambiental e cultural; 
11.1 Visão histórica das transformações das sociedades humanas 
Iniciaremos nosso estudo sobre Ecologia e Sociedade, através da 
apresentação de uma visão holística das transformações das sociedades humanas. A 
relação que o ser humano tem tido com a natureza, é, muitas vezes, ambígua. São 
muitas as correntes filosóficas pregando a figura de um “homem natural”, holístico, 
integrante da natureza, no entanto, o que historicamente parece ter predominado no 
mundo é uma figura de dominação e desrespeito sobre o meio ambiente. As 
sociedades humanas desenvolveram-se através da reflexão da interdependência 
entre: 
► Cidadania – participação da vida em sociedade (direitos e deveres) 
► Ética – em razão de ser esta a formulação dos costumes socialmente 
aceitáveis. 
 
Num momento inicial as sociedades humanas viviam em “harmonia” com a 
natureza, o homem pré-histórico tinha a função de coletor/caçador, extraindo apenas 
os recursos que necessitavam, este era o perfil dos povos primitivos. 
 
 
 
 
 
40 
 
 
Figura 23: Ilustração das relações do homem pré-histórico com a natureza. 
Fonte: Arquivo Pessoal. 
 
Na sequência vivemos num período de “dominação”, o homem passou a 
domesticar a natureza para poder sobreviver e recolhe o que dela pode ser extraído 
para o nosso sustento. Fase da domesticação – agricultura, pecuária, avicultura 
(domesticando a natureza o homem subtraiu o ambiente selvagem); compreendendo 
melhor o ambiente circundante, homem pode se fixar nas regiões e deixou de ser 
coletor/caçador, ou seja, não precisou mais sair de seu território em busca de víveres. 
 
 
 
 
 
41 
 
 
Figura 24: Ilustração do período de domesticação da natureza. 
Fonte: mundoeducacao.com.br 
 
Surgiu então a relação de antropomorfizarão, onde o Homem cria uma relação 
cultural com a natureza; tornando a natureza a imagem e semelhança do homem, ele 
constrói significados culturais; passa a educar as crianças através de relatos de mitos; 
atua na organização da sociedade através da sociologia (exemplos: gibis, histórias 
em quadrinho, fábulas e etc.). 
A seguir surgiu a relação de ocupação do espaço, criação das cidades(a. C. 
até o final do Feudalismo, era pré-cristã até o final dos anos 1500); basicamente foram 
criadas as cidades pequenas, vilarejos e povoados. O perfil das cidades abrigava no 
centro a igreja, ao redor a área de comércio, onde o fator econômico passou a ser o 
valor da época, e fora destas áreas os palácios que abrigavam o Poder. O centro das 
cidades era lugar exclusivo para homens. As moradias no campo e nas periferias 
apresentavam ruas de terra, espaços sinuosos, sem planejamento geométrico algum. 
As casas tinham quartos, a cozinha ficava no lado externo e não existiam sanitários, 
os pinicos eram usados e os resíduos lançados janela a fora, ou seja, nada de 
saneamento. Após a criação das cidades, surgiram os primeiros problemas frente aos 
 
 
 
 
42 
 
recursos ambientais; os principais problemas estavam relacionados aos elementos 
naturais: 
 Nas periferias o lixo e as atividades consideradas grosseiras (não civilizadas) 
 Rios usados pela autodepuração 
 Mares usados como depósitos; os objetos não utilizados eram lançados 
longe da visão dos homens. 
 Tudo que era considerado pecado era escondido. 
Passamos então a era da Industrialização, de 1615 à 1890 – Revolução 
Industrial: 
 da primeira máquina (bomba de extrair água das minas de Invenção carvão 
– Inglaterra); 
 Progressiva substituição do sistema artesanal pelo sistema de produção em 
grande escala 
Nesta fase ocorreram mudanças em relação as cidades; o centro das cidades 
passou a ser local de moradia dos operários, surgiram as favelas e os cortiços; o 
campo passou a representar o local de moradia da burguesia; a cidade continuou a 
ser o centro do poder e das decisões; com a expansão das fábricas, ocorreu a 
expansão desordenada das cidades, da pobreza e das doenças; o surgimento do 
esgoto e da poluição, aumento caótico de doenças. Nesta época surgiram então as 
primeiras preocupações com urbanização, como forma de proteger o setor produtivo, 
como: 
 Saneamento Básico 
 Engenharia Ambiental 
 Saúde Pública (orientação e educação para a população). 
 
 
 
 
43 
 
12 ECOLOGIA SOCIOCULTURAL 
A Ecologia Sociocultural e na verdade a fusão de duas partes da Ecologia 
Humana, onde: 
A Ecologia Social representa o cuidado com o próximo. Trata dos seguintes 
temas: Valores Humanos, Bem-Estar Social e Cultura de Paz. Incentiva a construção 
de relacionamentos justos e harmoniosos com pessoas e organizações do convívio 
direto e indireto. Chama a atenção para a necessidade de reinserção social e cultural 
de indivíduos, grupos sociais marginalizados; busca a integração do ser humano com 
a sociedade, o exercício da cidadania, da participação e dos direitos humanos, a 
justiça social, a simplicidade voluntária e o conforto essencial, a escala humana, a 
cultura de paz e não violência, a ética da diversidade, os valores universais, a 
inclusão, a multi e a transdisciplinariedade. A Ecologia Cultural é estudo da maneira 
como a cultura de um grupo humano se adapta aos recursos naturais do meio 
ambiente e à existência de outros grupos humanos. A Ecologia Sociocultural garante 
que o desenvolvimento aumente o controle das pessoas sobre suas vidas, compatível 
com a cultura e valores, mantendo e fortalecendo a identidade da comunidade. A 
prática da Ecologia Sociocultural, leva em consideração os pontos positivos e 
negativos dos relacionamentos humanos com as questões ambientais: 
 
 Pontos positivos: 
 
 Restauração; 
 Recuperação; 
 Conservação e proteção do patrimônio natural e cultural; 
 Geração de renda; 
Entre outros. 
Pontos negativos: 
 Danos ambientais 
 
 
 
 
44 
 
 Poluição do ar; 
 Poluição sonora; 
 Poluição das águas; 
 Extinção de espécies; 
 Degradação de ecossistemas; 
Entre outros. 
A Ecologia sociocultural defende que seja necessário a reformulação de 
valores para integrar as questões econômicas, na natureza, da sociedade e cultural 
na defesa do meio ambiente. 
 
 
 
Ecologia sociocultural é um neologismo elaborado a partir do conceito mais 
amplo, a Ecologia Integral, onde o ser humano e o ambiente que ele habita são uma 
unidade orgânica autogerada e auto organizada, um organismo vivo no qual tudo está 
interconectado e fluindo. Inserida nessa perspectiva, a ecologia sociocultural 
compreende as ideias e as formas de pensar, imaginar, emocionar, linguajar e agir 
humanas como ponto de partida para a articulação da sustentabilidade e continuidade 
da espécie, é a única forma de assegurar o futuro para as próximas gerações. 
 
 
 
 
45 
 
12.1 Eco pedagogia e Educação Ambiental 
Primeiramente vamos conceituar a Ecopedagogia e a Educação Ambiental: 
 Ecopedagogia: segundo Moacir Gadotti, (2000), 
“(...) a Ecopedagogia é um projeto alternativo global onde a preocupação não 
está apenas na preservação da natureza (Ecologia Natural) ou no impacto das 
sociedades humanas sobre os ambientes naturais (Ecologia Social), mas num novo 
modelo de civilização sustentável do ponto de vista ecológico (Ecologia Integral) que 
implica uma mudança nas estruturas econômicas, sociais e culturais. Ela está ligada, 
portanto, a um projeto utópico: mudar as relações humanas, sociais e ambientais que 
temos hoje. Aqui está o sentido profundo da Ecopedagogia, ou de uma Pedagogia da 
Terra.” 
 
Figura 26: Esquema de conceituação da Ecopedagogia. 
Fonte: ecopedagogiayareli.blogspot.com.br 
 
 Educação Ambiental: segundo a Política Nacional de Educação 
Ambiental. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. 
 
“A Educação Ambiental (EA) surge como resposta à preocupação da sociedade 
com o futuro da vida. Sua proposta principal é a de estimular o surgimento de uma 
cultura de ligação entre natureza e sociedade, através da formação de uma atitude 
ecológica nas pessoas. Um dos seus fundamentos é a visão socioambiental, que 
 
 
 
 
46 
 
afirma que o meio ambiente é um espaço de relações, é um campo de interações 
culturais, sociais e naturais (a dimensão física e biológica dos processos 
vitais).”Segundo a UNESCO (1975), Educação Ambiental é um processo que visa: 
 “(...) formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com 
os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, 
as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e 
engajamento que lhe permitam trabalhar individualmente e coletivamente para 
resolver os problemas atuais e impedir que se repitam (...)”. 
 
 
 Figura 27: Esquema de conceituação da Educação Ambiental 
 Fonte: comitepardo.com.br 
 
A Ecopedagogia não se opõe à Educação Ambiental, mas amplia o seu campo 
de reflexão e de ação. Ambos estão associados em busca da inserção dos novos 
paradigmas da educação. Objetivam compreender melhor o papel de educação na 
construção de um desenvolvimento com justiça social - centrado nas necessidades 
humanas e não no capital - e que, ao mesmo o tempo, não agrida o meio ambiente 
12.2 Eco desenvolvimento e Inclusão Social 
O Eco desenvolvimento se define como um processo criativo de transformação 
do meio com a ajuda de técnicas ecologicamente prudentes, concebidas em função 
das potencialidades deste meio, impedindo o desperdício inconsiderado dos recursos, 
e cuidando para que estes sejam empregados na satisfação das necessidades de 
 
 
 
 
47 
 
todos os membros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e dos 
contextos culturais. Prega o uso "sábio da natureza", ou seja, a administração 
consciente dos recursos naturais. O termo Eco desenvolvimento foi sugerido por 
Sachs (1986, p. 18), que se refere ao eco desenvolvimento como um processo que 
“dá um voto de confiança à capacidade das sociedades humanas de identificar seus 
próprios problemas e de lhes dar soluções originais” [...] põe em destaque a 
autoconfiança. Substituição de práticas recorrentes por possibilidades construídas 
coma efetiva participação dos sujeitos e orientadas para o bem comum (SACHS, 
2000, p. 52). 
O Eco desenvolvimento tem como princípios: 
 
1- A satisfação das necessidades básicas da população; 
2- A solidariedade com as gerações futuras; 
3- A participação da população envolvida; 
4- A preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; 
5- A elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social 
e respeito a outras culturas; 
6-Programas de Educação. 
 
Inclusão Social é um termo amplo, utilizado em contextos diferentes, em 
referência a questões sociais variadas. De modo geral, o termo é utilizado ao fazer 
referência à inserção de pessoas com algum tipo de deficiência às escolas de ensino 
regular e ao mercado de trabalho, ou ainda a pessoas consideradas excluídas, que 
não tem as mesmas oportunidades dentro da sociedade. A inclusão social, em suas 
diferentes faces, é efetivada por meio de políticas públicas, que além de oficializar, 
devem viabilizar a inserção dos indivíduos aos meios sociais. As ações para a 
inserção da inclusão social através de práticas de eco desenvolvimento podem ser 
 
 
 
 
48 
 
apoiadas pelo tripé que reúne sustentabilidade, reparação do meio ambiente e 
inclusão social. Por este motivo, podem ser exploradas em diversos setores 
socioambientais, como por exemplo: 
 
● Criação de cooperativas de reciclagem de materiais, favorecendo a inclusão 
social de grupos excluídos pela falta de estudo, família, perspectivas de futuro; 
● Trabalho com comunidades específicas priorizando a confecção de 
artesanato locais, por exemplo, em detrimento a extração de recursos ambientais 
além da capacidade de suporte do meio ambiente. 
 
 
 
 Trabalho com comunidades indígenas, trabalhando com a divulgação de sua 
cultura, prevendo um resgate cultural com impactos direto no socioambiental. 
 
 
 
 
 
49 
 
 
Figura 29: Exemplos de inclusão social indígena. 
Fonte: pib.socioambiental.org 
 
 
 Incentivo à agricultura familiar. 
Eco desenvolvimento pode ser explorado como alternativa pra conter a 
exploração desenfreada do uso de recursos naturais. A ideia é de associar o Eco 
desenvolvimento com a inclusão social através da inserção de minorias no mercado 
de trabalho, legitimando sua cidadania. Para isto uma das ferramentas utilizadas para 
elucidar a inclusão social: pode ser o Cooperativismo como um dos cenários da 
Gestão Social. 
 
13 SOCIOBIOLOGIA 
Sociobiologia é um ramo da biologia que estuda o comportamento social dos 
animais, usando conceitos da etologia, evolução, sociologia e genética de populações. 
O termo foi popularizado por Edward Osborne Wilson, em seu livro Sociobiologia: A 
Nova Síntese, lançado em 1975. Essa disciplina científica propõe que 
comportamentos e sentimentos animais, também existente nos seres humanos, como 
http://pib.socioambiental.org/
 
 
 
 
50 
 
o altruísmo e a agressividade, são em parte derivados da genética, e não são apenas 
culturais ou socialmente adquiridos. A sociobiologia desenvolveu-se a partir dos anos 
70 e inclui disciplinas como a etologia clássica, a ecologia evolutiva e a genética. A 
Sociobiologia se apoia em alguns conceitos que formam a base dessa ciência: Em 
primeiro lugar a evolução centrada no gene é importante para se identificar as 
vantagens e desvantagens evolutivas de um determinado comportamento social. Este 
conceito é o assunto central do livro 1976 de Richard Dawkins "O Gene Egoísta" (uma 
importante obra de popularização da Sociobiologia). Outro conceito importante para a 
disciplina é a Seleção de Parentesco (Kin Selection). A Seleção de Parentesco é 
especialmente útil para o entendimento de atos altruísticos entre indivíduos 
aparentados. A ideia do altruísmo recíproco, proposta por Robert Trivers é eficaz para 
a explicação de atos altruísticos entre indivíduos não necessariamente aparentados. 
A palavra altruísmo é percebida como sinônimo de solidariedade, a palavra foi criada 
em 1830 pelo filósofo francês Augusto Comte para caracterizar o conjunto das 
disposições humanas (individuais e coletivas) que inclinam os seres humanos a 
dedicarem-se aos outros. Sociobiologia Humana: como já foi dito a Sociobiologia trata 
do entendimento do comportamento social dos animais; como são animais sociais, ou 
seja, apresentam vida organizada em sociedades, os seres humanos são objeto da 
Sociobiologia; entretanto os seres humanos apresentam um fator que os torna 
diferentes da maioria dos animais sociais: a cultura. A cultura é capaz de promover 
transformações na forma como os humanos interagem com seu ambiente abiótico e 
biótico, independente de sua herança genética. Assim, é importante lembrar que para 
os sociobiólogos, o comportamento é fenótipo, isto é, é um produto dos genes com o 
ambiente. Sociobiólogos não têm um consenso sobre o papel da Sociobiologia 
Humana. 
 
14 ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA 
Segundo (Haverroth, 1997) a etnobiologia é um termo relativamente recente, 
surgiu com a linha de pesquisa conhecida como etnociência, que ganhou impulso a 
partir da década de 1950 com alguns autores norte-americanos que começaram a 
desenvolver pesquisas na área. A Etnobiologia é "essencialmente o estudo do 
 
 
 
 
51 
 
conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito 
da Biologia". Portanto, a etnobiologia está relacionada "com a ecologia humana, mas 
enfatiza as categorias e conceitos cognitivos utilizados pelos povos em estudo”. A 
etnobiologia origina-se da antropologia cognitiva, em particular da etnociência, que 
busca entender como o mundo é percebido, conhecido e classificado por diversas 
culturas humanas. A etnobiologia tem como objetivo analisar a classificação das 
comunidades humanas sobre a natureza, em particular sobre os organismos. Por isso, 
disciplinas como botânica, ecologia e zoologia são fundamentais. 
 
A etnobiologia possui vários campos específicos de estudo: 
 
● etnozoologia, 
● etnobotânica, 
● etnoecologia, 
●etnoentomologia, 
 O termo Etnoecologia, assim como o termo Ecologia Humana, claramente faz 
referência à interação entre pessoas e ambiente. À Etnoecologia tem suas raízes na 
antropologia, apesar de possuir influências de outras áreas e de hoje constituir-se 
claramente como uma área de confluência entre as ciências biológicas e as ciências 
humanas. A introdução do termo Etnoecologia na literatura científica está situada no 
ano de 1954. O prefixo “etno” começou a ser usado com dois significados: 
 
 primeiro, para fazer referência a um grupo étnico em particular – assim, a 
etnoecologia é o estudo da ecologia de um dado grupo étnico, algo único na 
história deste grupo. 
 segundo, fazendo referência às percepções ou visões do grupo indígena/local 
sobre o fenômeno em questão 
A Etnoecologia, assim como a própria Ecologia, possui influências de diferentes 
áreas do conhecimento, e é caracterizada por uma consolidação relativamente 
recente. Um crescente interesse pelos aspectos aplicados da etnoecologia pode ser 
 
 
 
 
52 
 
percebido a partir da década de 1980, com contribuições de pesquisadores das 
ciências humanas e, especialmente no Brasil, das ciências naturais. O 
amadurecimento da Etnoecologia traz algumas contribuições importantes para as 
questões que envolvem populações locais e recursos naturais. 
 
 
 Figura 32: Imagem Ilustrativa sobre conceitos da Etnoecologia. 
 Fonte: biologias.com 
 
As etnociências têm, nos últimos anos, se destacado em sua busca por 
técnicas, métodos, teorias e análises que possam ajudar a entender a complexa 
relação entre pessoas e o ambiente. Por este motivo, passaram a assumir um papel 
fundamental de apoio ao desenvolvimento da Ecologia Humana. 
 
15 MODELOS DE TRANSMISSÃO CULTURAL E ECOLOGIA HUMANA 
Diversos autores desenvolveram nos últimos tempos teorias que tentam 
explicar como ocorrem a transmissão cultural,na Ecologia Humana não foi diferente. 
Os precursores dos modelos de transmissão cultural encontram-se na década de 70. 
Um deles, Ruyles (1973), compara a "estratégia dos gens" para se reproduzirem com 
a "estratégia das ideias" para se reproduzirem na mente dos indivíduos. Cloak (1975) 
analisa como a seleção natural atua na cultura e discute a possibilidade de uma 
"etologia cultural”. Em 1978, Durbam afirma que a seleção cultural é complementar à 
seleção natural, sem a base genética da segunda e que o estudo do comportamento 
http://biologias.com/eventos/agenda/156-IV-Seminario-de-Etnobiologia-e-Etnoecologia-do-Sudeste
 
 
 
 
53 
 
social humano deve integrar os mecanismos de herança genética e 
cultural. CavalliSforza & Feldman (1981), ênfase na transmissão cultural, ou seja, 
sendo a capacidade de aprender e transmitir conhecimento entre gerações. Para eles 
a transmissão cultural é analisada em três hipóteses junto com as forças da evolução 
cultural: 
 
● A transmissão cultural vertical (pais para filhos). 
● A transmissão horizontal (mesma geração). 
● A transmissão oblíqua (entre gerações). 
 
Os pesquisadores preocupados em entender o comportamento sob o ponto de 
vista genético e cultural focalizaram seus estudos em quatro aspectos: 
 
● comparar sistemas de herança genético e cultural; 
● entender as forças de transmissão cultural (seleção cultural, por exemplo); 
● entender as principais estratégias de aprendizado humano em termos 
evolutivos (tentativa e erro, imitação e aprendizado social); 
● calcular os "coeficientes de similaridade cultural" (análogos aos coeficientes 
de parentesco genético). 
Boyd & Richerson (1985) sistematizaram as diferenças e semelhanças entre os 
sistemas genético e cultural e propuseram algumas forças de evolução cultural sem 
analogia com as genéticas. Esta é uma das principais forças de evolução cultural, 
baseada na imitação. As forças de evolução cultural são: 
● variação ao acaso (análoga à mutação): por exemplo, a tradição oral "muda" 
os fatos; 
● oscilação cultural (análogo à oscilação genética): perdas de traços culturais 
ao acaso, em populações isoladas e pequenas; 
● variação dirigida (guided variation): inclui aprendizado por tentativa-c-erro, 
introduz variação na população; 
● seleção natural: comportamentos que aumentam as chances de 
sobrevivência aumentam de frequência em uma população; 
 
 
 
 
54 
 
● transmissão desviada (biased transmission): inclui os desvios diretos, 
indiretos e dependentes de frequência. 
Os sistemas de herança genético e cultural nem sempre são concordantes. Por 
exemplo, a maternidade precoce aumenta a reprodução genética, mas pode diminuir 
a cultural. Uma forma de maximizar a reprodução cultural pode ser através de um 
trabalho relacionado à formação intelectual de pessoas. 
 
16 RECURSOS COMUNS E CONSERVAÇÃO 
Ao longo da história, as sociedades inventaram e desenvolveram modos de 
gestão coletiva dos recursos naturais visando assegurar sua sobrevivência e sua 
prosperidade: os “comuns”. Tratava-se, de administrar a relativa raridade desses 
recursos e de prevenir os conflitos que essa raridade poderia gerar; muitas vezes, a 
escolha de um tipo de gestão correspondia à simples constatação de que este 
permitiria que uma maior quantidade de recursos disponíveis fosse mais bem 
aproveitada, preservando-os, ao mesmo tempo, para as gerações futuras e 
garantindo, desse modo, as condições da perpetuação e da renovação de suas 
sociedades. O conceito de bens naturais comuns compreende os elementos do meio 
físico que são necessários para sustentar a vida, que são a terra, a água, o ar e as 
espécies da fauna e da flora, cuja variedade denomina-se biodiversidade. Tal conceito 
está associado a problemática de gerir tais recursos. Consideram-se recursos naturais 
comuns a classe de recursos naturais onde: 
 
1. a exclusão de usuários é difícil; 
2. e o uso envolve subtração ou rivalidade de uso. 
 
 
Figura 33: Recursos Naturais Comuns. 
 
 
 
 
55 
 
 Fonte: Arquivo Pessoal 
 
Por exemplo: peixes, os animais selvagens, as florestas, águas subterrâneas, 
biodiversidade, parques e espaços públicos…Hardin (1968) descreveu através de 
uma parábola uma explicação sobre a exploração de pastagens na Inglaterra 
Medieval, conhecida como Tragédia dos “commons”, afirmando que indivíduos que 
usam em conjunto o mesmo recurso são incapazes de se organizarem e engajarem 
uma ação coletiva; sabem que um desastre está para acontecer, mas são incapazes 
de fazer algo para evitá-lo. Segundo a Hipótese Inicial proposta por Hardin, a 
problemática principal está nas questões onde: 
 
 interesses individuais estão acima dos interesses coletivos; 
 e no regime de propriedade comum. 
Cabe destaque as Fragilidades desta Hipótese: 
 A natureza coletiva da propriedade não implica necessariamente a 
condição de livre acesso; 
 Confusão entre as noções de propriedade comum e livre acesso; 
 Modos de apropriação privada tenderiam aos cálculos econômicos. 
 
A compreensão da crise socioambiental passa pela análise de modos de 
apropriação e dos sistemas de gestão de recursos comuns. Para manterem-se os 
recursos naturais, estabeleceu-se então regimes de apropriação: 
 
 
 
 
56 
 
 
Figura 34: Regime de Apropriação de Recursos. 
Fonte: Arquivo Pessoal. 
 
A metáfora de Hardin, sobre os recursos naturais comuns, ilustra como o livre 
acesso e a demanda irrestrita de um recurso finito termina por condenar 
estruturalmente o recurso através da superexploração. Isto ocorre porque os 
benefícios da exploração aumentam para indivíduos ou grupos, cada um dos quais é 
motivado a maximizar o uso dos recursos até o ponto no qual se tornam dependentes 
dele, enquanto os custos da exploração são distribuídos entre todos aqueles para os 
quais o recurso está disponível. 
 
 
 
 
57 
 
 
Figura 35: Imagem ilustrativa de Conservação dos Recursos Naturais Comuns. 
Fonte: 8ereciclagem.wordpress.com 
 
Pensando neste aspecto para que se conservem os recursos naturais, é 
preciso adotar uma série de medidas em diferentes áreas. Entre elas, estão as 
práticas educativas de reaproveitamento, reciclagem e cuidado dos insumos para 
produção; as políticas de preservação e uso adequado dos recursos hídricos e da 
biodiversidade; redução de fontes de origem fóssil para a geração de energia, 
substituindo-as por fontes renováveis, como a eólica, solar e as pequenas e médias 
hidrelétricas, e regulação das atividades agrícolas e agroindustriais para que não 
saturem o solo e os recursos hídricos. Cabe destacar também que é importante 
identificar a grande variedade de recursos cujo controle e o uso, os cidadãos comuns 
em geral ou comunidades específicas têm interesses políticos e morais. Parte destes 
recursos está sendo convertidos em propriedade privada para poder entrar no 
mercado. Este processo é conhecido como o “cercamento dos bens comuns” 
(enclosure of the commons). 
 
17 ARGUMENTOS PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA 
Consideramos como recursos naturais todos os bens da natureza que o homem 
utiliza, como o ar, a água e o solo. Costuma-se classificar os recursos naturais em 
http://8ereciclagem.wordpress.com/about/
 
 
 
 
58 
 
dois tipos principais: renováveis e não renováveis. Esta separação entre recursos 
renováveis e não renováveis é apenas relativa. 
Os recursos naturais renováveis são aqueles que, uma vez utilizados pelo 
homem, podem ser repostos. Por exemplo: a vegetação, as águas em geral, o ar e o 
solo. 
Os recursos naturais não renováveis são aqueles que se esgotam, ou seja, que 
não podem ser repostos. Exemplos: o petróleo, o carvão, o ferro, o manganês, o 
urânio, a bauxita, o estanho, etc. Uma vez utilizado o petróleo, por exemplo, através 
da produção e da queima da gasolina, do óleo diesel, do querosene, etc., é evidente 
que não será possível repor ou reciclar os restos. 
Conservacionismo

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