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ISABELLA GHIRARDELLO PROPOSTA PARA IMPLEMENTAÇÃO DO “VOLUNTARIADO CORPORATIVO” DA ONG TETO EM UMA EMPRESA DO RAMO DA SAÚDE LORENA-SP 2020 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Engenharia de Lorena ISABELLA GHIRARDELLO PROPOSTA PARA IMPLEMENTAÇÃO DO “VOLUNTARIADO CORPORATIVO” DA ONG TETO EM UMA EMPRESA DO RAMO DA SAÚDE Monografia apresentado à Escola de Engenharia de Lorena - Universidade de São Paulo como requisito legal para a conclusão de graduação no curso de Engenharia de Produção, sob a orientação do Prof. Dr. Marco Antonio Carvalho Pereira. LORENA-SP 2020 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Engenharia de Lorena AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizado da Escola de Engenharia de Lorena, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) Ghirardello, Isabella Proposta para Implementação do programa “Voluntariado Corporativo” da ONG TETO em uma empresa do ramo da saúde / Isabella Ghirardello; orientador Marco Antonio Carvalho Pereira. - Lorena, 2020. 51 p. Monografia apresentada como requisito parcial para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia de Produção - Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo. 2020 1. Teto. 2. Responsabilidade social. 3. Ong. 4. Voluntariado corporativo. 5. Pdca. I. Título. II. Pereira, Marco Antonio Carvalho , orient. AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente à Deus, por ter colocado em meu coração o sonho de me tornar engenheira e por ter me capacitado para tornar este sonho em realidade. Aos meu pais: Nilson, pelo suporte financeiro em todos anos da minha faculdade, pela ajuda na correção deste TCC e por ter sido minha inspiração para cursar universidade pública. À Marizabel, por ter me criado com tanto amor e ter me socorrido em Lorena quando mais precisei. À minha irmã, Giovanna, por ser meu maior exemplo de superação. Ao meu professor favorito, Marquinhos, por nunca deixar de acreditar em mim. Professor, é admirável seu amor pela profissão e seu esforço ao curso de Engenharia de Produção da USP de Lorena. À Sofia, por ter me ajudado a treinar para a apresentação da banca. Ao meu lar, REPousada: À Liliane, por ter cuidado de mim desde meu primeiro dia em Lorena. À Sarah, por, mesmo sendo sempre tão diferente de mim, ter sido minha primeira companheira em Lorena. À Lívia, por incitar em mim a vontade de ser melhor, para assim ser um exemplo. À Catharina, por me ajudar com as entrevistas em inglês e sempre me dar conselhos profissionais. À Helena, por me fazer questionar e descontruir. À Alessandra, por, mesmo sendo bixete, ser extremamente madura. Ao meu grupo de amigos, Rightteggs: Ao Rodrigo Gama, por ter sido meu primeiro amigo na faculdade e sempre querer estudar comigo, mesmo quando eu não me sentia inteligente. Ao Vinicius Dupin, por se preocupar comigo, mesmo a 10.000 km de distância. Ao Vidinha, por ter tornado os anos da faculdade mais divertidos. Ao Henrique, por mesmo nunca confirmando, sempre estar presente. À Gabriela, por ter sido alguém com quem eu me identifiquei, fazendo-me sentir menos sozinha. À Fernanda, por ser companheira e sempre topar tudo. Ao Raul, por ser meu par. Ao Guto, por ser sincero ao elogiar e criticar. RESUMO GHIRARDELLO, I. Proposta para Implementação do programa “Voluntariado Corporativo” da ONG TETO em uma empresa do ramo da saúde. 2020. 51 p. Monografia (Trabalho de Graduação) – Escola de Engenharia de Lorena - Universidade de São Paulo, Lorena, 2020. A desigualdade social é um dos maiores problemas do Brasil e o governo não tem capacidade e estrutura para, sozinho, fazer com que ela diminua de forma acentuada. Por conta disso, a partir da década de 1990 ocorre a multiplicação de organizações privadas, sem fins lucrativos e que trabalham em prol do interesse público (sociologicamente conheci das como terceiro setor). Como exemplo, pode-se citar a ONG TETO, criada em 1997 no Chile, estabelecida formalmente no Brasil em 2007 e que tem o propósito de contribuir com a mitigação da situação de pobreza em que vivem milhões de pessoas. Por outro lado, as empresas privadas começaram a também se sentir responsáveis por retribuir algo à sociedade. Nesse sentido, ao incorporarem o conceito de responsabilidade social, geram também uma imagem positiva, ganho de confiança de seus consumidores e do mercado, além de retorno financeiro. Neste contexto, é imprescindível que as empresas estejam sempre em busca de ideias inovadoras e parcerias com ONGs para causar um impacto positivo na comunidade em que estão inseridas. Este trabalho teve como objetivo a elaboração de uma proposta para a implementação do programa “Voluntariado Corporativo” da TETO em uma grande empresa do ramo da saúde. A proposta foi embasada em cinco ferramentas de gestão de projetos: Estrutura Analítica de Projetos (EAP), Técnica de Avaliação e Revisão de Programas (PERT), Método do Caminho Crítico (CPM) e o ciclo PDCA. Analisou-se os problemas sociais da realidade brasileira, relacionou-se o déficit habitacional com a causa da empresa, pesquisou-se sobre as ONGs que atuam a favor de moradias dignas e capacitou-se para aperfeiçoamento das técnicas de influência sem autoridade. Ademais, foi feita uma pesquisa de campo: participação em duas construções da TETO no interior do estado de São Paulo (Bauru e Ribeirão Preto). Foram realizadas entrevistas com a área de Responsabilidade Social da empresa para se entender as etapas necessárias para implementação do projeto e com a gerente comercial da TETO para se conhecer o programa de “Voluntariado Corporativo”. Com os resultados do Estudo de Caso foi elaborada a proposta para participação do programa “Voluntariado Corporativo” da ONG, contendo cenário, estratégia e impacto. Após finalizada, foi apresentada à companhia e aprovada. Como resultado, pôde-se constatar um aumento no grau de adesão da empresa com a erradicação da pobreza e a formação de cidades e comunidades sustentáveis, dois dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda do Milênio da ONU, com os quais já havia se comprometido. Palavras-chave: TETO. Responsabilidade Social. ONG. Voluntariado corporativo. PDCA. ABSTRACT GHIRARDELLO, I. Proposal for the implementation of the NGO TETO's “Corporate Volunteer” program in a healthcare company. 2020. 51 p. Monograph Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo, Lorena, 2020. Social inequality is one of Brazil’s biggest problems and the government doesn’t have the capacity and structure to sharply reduce it on its own. For that reason, starting from the 90’s, there was a rise in the nonprofit private organizations (also known as third sector), which aims the public interest. As an example of this increase, one can mention the NGO TETO, which was founded in Chile in 1997, formally established in Brazil in 2007 and aims to contribute to the alleviation of the poverty in which millions of people live. On the other hand, private companies also began to feel responsible for contributing to society. Furthermore, by incorporating the concept of social responsibility, there is a improve in the company’s public image, consumer and market confidence, as well as financial return. Therefore, it is essential that companies keep looking for innovative ideas and partnerships with NGOs to benefit the community in which they operate. This work aimed to develop a proposal for the implementation of the “Corporate Volunteer” program of the NGO TETO in a large healthcare company. The proposal was based on five project management tools: Work Breakdown Structure (WBS),PERT (Program Evaluation and Review Technique), CPM (Critical Path Method) and the PDCA cycle. Brazil’s social issues were analyzed, the housing deficit was linked to the company’s cause, a research on the NGOs that work on building decent houses was carried out and the author was trained to improve her influence without authority skills. Furthermore, a field research was also carried out, which comprised of participation in two TETO’s constructions that happened in two different cities in São Paulo State (Bauru e Ribeirão Preto). Moreover, interviews with the company’s social responsibility team to better understand the required steps to implement the project and with the TETO’s commercial manager to learn about “Corporate Volunteering” program were conducted. At last, the proposal to join the NGO’s “Corporate Volunteering” program, which included a scenario, a strategy and an impact, was written based on the Field Study findings, presented to the company and approved. As a result of that, it was possible to verify an increase in the company's degree of adherence to poverty eradication and development of sustainable cities and communities, that are two of the 17 Sustainable Development Goals of the UN Millennium Agenda, with which the company had already committed itself. Keywords: Corporate volunteer. TETO. Social responsability. NGO. PDCA. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Entidades participantes do CENSO 11 Figura 2 - Áreas de gerenciamento de projetos segundo o PMBOK 16 Figura 3 - Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 21 Figura 4 - TOP 3: ODSs trabalhados pelo CBVE 22 Figura 5 - Classificação da pesquisa 27 Figura 6 - Primeiro contato da pesquisadora com a ONG TETO 30 Figura 7 - Segundo contato da pesquisadora com a ONG TETO 31 Figura 8 - Casas construídas pela ONG Teto em comunidade de São Paulo 32 Figura 9 - Modelo lógico: voluntariado corporativo da ONG TETO 40 Figura 10 - Esgoto a céu aberto em uma via do Jardim Maravilha 41 Figura 11 - Níveis de indicadores para PDCA 43 Figura 12 - Cronograma de atividades do projeto 44 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Lista de atividades para o projeto de pavimentação de uma rua de um bairro urbano 19 19 Quadro 2 - Gráfico de Gantt para o projeto de pavimentação de uma rua Quadro 3 - Situações Relevantes para diferentes estratégias de pesquisa 28 Quadro 4 - Relação entre o ciclo PDCA e as etapas do projeto 43 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Principais benefícios do programa de voluntariado para a instituição 12 Gráfico 2 - ODSs que estão sendo trabalhadas pelo CBVE 22 Gráfico 3 - Custos e despesas da ONG TETO em 2018 38 LISTA DE EQUAÇÕES (1) – Primeira Data de Término ................................................................................ 17 (2) – Primeira Data de Início ..................................................................................... 17 (3) – Última Data de Início ........................................................................................ 17 (4) - Última Data de Término .................................................................................... 17 (5) - Folga ................................................................................................................. 18 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10 1.1 Contextualização .......................................................................................................... 10 1.2 Objetivo ........................................................................................................................ 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 15 2.1 PMBOK ........................................................................................................................ 15 2.2 Estrutura Analítica de Projetos (EAP) .......................................................................... 16 2.3 Programme Evaluation and Review Technique (PERT) e Critical Path Method (CPM)………………………………………………………………………………………………16 2.4 Gráfico de Gantt ........................................................................................................... 18 2.5 Direitos fundamentais .................................................................................................. 19 2.5.1 Constituições brasileiras ........................................................................................ 19 2.5.2 Organização das Nações Unidas ........................................................................... 20 3 METODOLOGIA ................................................................................................................. 23 3.1 A Empresa ................................................................................................................... 23 3.2 A ONG TETO ............................................................................................................... 24 3.3 Motivação para o projeto .............................................................................................. 25 3.4 Proposta de projeto ...................................................................................................... 26 3.5 Método de Pesquisa .................................................................................................... 26 4 PESQUISA DE CAMPO: CONHECENDO A ONG TETO ................................................. 30 5 PROPOSTA DE PROGRAMA DE VOLUNTARIADO CORPORATIVO ........................... 39 5.1 Cenário ......................................................................................................................... 39 5.2 Estratégia ..................................................................................................................... 42 5.3 Impacto ........................................................................................................................ 45 5.4 Resultado ..................................................................................................................... 45 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 47 6.1 Dos objetivos do trabalho ............................................................................................. 47 6.2 Limitações do presente trabalho .................................................................................. 47 6.3 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................................ 47 6.4 Reflexões da autora ..................................................................................................... 48 Referências .......................................................................................................................... 49 10 1 INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização Segundo Landim (1993), do Instituto de Estudos da Religião (Iser), ao longo da história, a sociedade civil brasileira passou por cinco fases. Do século XVI ao século XIX, houve um monopólio caracterizado pelo domínio da Igreja Católica sobre as instituições sociais. Já durante o Estado Novo, houve uma maior preocupação do governo em prestar serviços sociais. A década de 1950 foi marcada pela multiplicação do movimento dos trabalhadores, que se congregavam em associações representativas para a defesa de seus interesses. Durante o período da ditadura militar (1964–1985) há um fortalecimento do poder do Estado, no qual passa a querer controlar até a mesmo a área social. Afim de diminuir as desigualdades regionais e a pobreza, são criados órgãos assistencialistas centralizados e hierarquizados:Banco Nacional da Habitação (BNH), Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), Companhia Brasileira de Alimentos (COBAL), Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), Central de Medicamentos (CEME) etc (OLIVEIRA, 2005). Na década de 1990, ocorreu uma proliferação do terceiro setor, que inclui ONGs, organizações comunitárias, braços sociais de empresas como institutos e fundações etc. De acordo com Goldberg (2001, p.12): Cerca de 45% dos membros do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), entidade associativa que reúne organizações de origem privada com atuação sistemática na área social no Brasil, constituíram-se na década de 90. Segundo o IBGE (2016), havia 237 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos (FASFIL) ativas no Brasil em 2016. 48,3 % se concentravam na Região Sudeste e 29,5 % foram criadas no período de 2001 a 2010. No período de 2011 a 2016 surgiram 45,7 mil (19,4%) novas FASFIL, o que representa, em média, um aumento de 3,2% a cada ano. É notório que o governo brasileiro não é capaz de suprir todas as expectativas relacionadas à sociedade civil e, como parte desta mesma sociedade, as empresas começaram a ser visadas como uma opção para preencher esta defasagem e não apenas como uma fonte geradora de riqueza e empregos (GOLDBERG, 2001). 11 Em 1999, a pesquisa intitulada “Estratégias de empresas no Brasil: atuação social e voluntariado”, realizada pelo Programa Voluntários em parceria com o Ceats/USP, Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Gife e Centro de Educação Comunitária para o Trabalho do Senac-SP, trouxe um retrato animador. Segundo o estudo, que englobou 273 empresas de todos os portes e regiões do país, 56% delas realizam algum tipo de ação social para a comunidade - de doações pequenas e pontuais a projetos grandes e estruturados. Atualmente, no Brasil, existe o Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE) que, de forma independente e apartidária, incentiva o crescimento do voluntariado empresarial, englobando empresas e instituições, que tem como objetivo comum, contribuir para a sociedade onde está inserida. Ele é composto por 3 órgãos: Assembleia Geral, Comitê Gestor e Secretaria Executiva. Desde 2015 o CBVE é responsável por realizar CENSO’s a fim de estudar e conhecer o cenário do voluntariado empresarial no Brasil através das entidades associadas a este Conselho. Na Figura 1 são apresentadas as entidades participantes do CENSO de 2018, nas quais representam 100% das entidades associadas. Figura 1 – Entidades participantes do CENSO Fonte: CENSO CBVE (2018, p. 9). 12 Segundo o CENSO, o voluntariado empresarial traz diversos benefícios para os colaboradores participantes, entre os principais estão: desenvolvimento de competências e habilidades dos funcionários, fortalecimento do engajamento cívico e melhoria no clima organizacional, conforme evidenciado no Gráfico 1: Gráfico 1 – Principais benefícios do programa de voluntariado para a instituição Fonte: CENSO CBVE (2018, p. 33). Em âmbito mundial, desde 1970, existe a Associação Internacional de Esforços Voluntários (IAVE)1, rede global composta por ONGs, empresas e voluntários de 70 países que, por meio de conferências, serviços jurídicos e desenvolvimento do conhecimento, visa promoção do voluntariado. Em 2006, a IAVE criou o Conselho Global de Voluntariado Empresarial (GCVC), uma iniciativa para compartilhamento de ideias, projetos e propostas de voluntariado corporativo entre empresas do mundo todo. A sua atuação global permite criar panoramas sobre como é atuação do voluntariado empresarial em cada continente2. Na África, incluindo as nações árabes, o voluntariado corporativo está emergindo gradativamente. Na Ásia-Pacífico, por ser uma região com histórico de 1 Site da IAVE: https://www.iave.org/about-iave/ 2 Consultar: https://www.iave.org/corporations/gcvc/ https://www.iave.org/about-iave/ https://www.iave.org/corporations/gcvc/ 13 desastres naturais, já há proativamente respostas voluntárias. Os jovens trazem consigo a vontade de agir e há uma crescente preocupação com o impacto por suas ações. Na Europa cada país tem sua singularidade na forma de atuar e apesar de muitos europeus considerarem o voluntariado algo muito particular e pessoal, as empresas passam a enxergá-lo como elemento central da política de responsabilidade social. Na América do Norte, berço desta prática, o voluntariado empresarial deixou de ser uma preocupação somente das grandes empresas e começa a atingir as pequenas e médias, ocasionando o surgimento de uma indústria com tecnologias, avaliação, consultoria e gestão de programas especializados neste ramo. Na América do Sul, os programas de voluntariado não visam mais apenas aquele assistencialismo distante, mas sim o exercício do direito da participação cidadã (IAVE, 2011). Contudo, segundo o Relatório Final do Projeto de Pesquisa sobre Voluntariado Empresarial Global (2011), ainda restam barreiras significativas que impedem o avanço do voluntariado empresarial: • Armadilhas de Ser um Recurso Estratégico: sempre há um certo receio das empresas colocarem seus próprios interesses acima dos interesses comuns. É necessário que haja equilíbrio entre os benefícios trazidos às empresas e às comunidades; • Impacto: é muito difícil calcular o impacto que uma ação pode gerar e é essencial que a empresa o dimensione de forma precisa, disponibilizando os mesmos recursos que usaria para o desenvolvimento de um novo produto; • Equilíbrio do Programa: por ser uma atividade recente, cheia de novos programas tudo se torna interessante, mas é preciso saber distinguir aquilo que realmente faça sentido para a companhia e manter o foco. • Definição: se a atividade está sendo realizada durante o horário de trabalho e o funcionário está recebendo por isso, será que ela é mesmo voluntária? As empresas não podem cair na armadilha de definições absolutas impostas por outros; • Gestão Rigorosa: infelizmente, é raro uma companhia tratar um projeto voluntário com a mesma seriedade que levaria um projeto que teria retorno financeiro; 14 • Mudança Interna: quando a empresa passa por alguma alteração ou qualquer tipo recessão a primeira área a ser afetada é a de responsabilidade social; • Globalização do conhecimento: Ainda não há muito investimento em estudos e pesquisas sobre o tema o que dificulta o compartilhamento do conhecimento. 1.2 Objetivo O objetivo geral deste trabalho foi elaborar uma proposta de implementação do programa “Voluntariado Corporativo” da ONG TETO, como mais uma das ações de responsabilidade social de uma grande empresa de saúde. O propósito foi a aprovação do projeto pela empresa, para isso foi desenvolvido um plano bem estruturado e embasado em pesquisa científica adequada. Para tanto, os seguintes objetivos específicos foram estabelecidos: • Aprofundar o conhecimento sobre responsabilidade social empresarial; • Entender como funciona o programa “Voluntariado corporativo” da ONG TETO; • Estudar as ações de impacto social dentro da empresa; • Aplicar ferramentas de gestão de projetos para elaborar uma proposta de implementação do projeto; • Mapear os requisitos necessários para a implementação de um novo projeto social dentro da empresa; • Buscar melhores técnicas e métodos para o planejamento e condução do projeto; • Estruturar as etapas necessárias para se alcançar o objetivo geral. Por motivos de confidencialidade entre a empresa e a autora, não será revelado o nome da companhia. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 PMBOK Apesar da disciplina Administração, conhecida por este nome a partir do século XX, ter se expandido devido à Revolução Industrial, na verdade, ela foi criada para suprir as necessidades de gerenciamento de projetos (MAXIMIANO,2010). Os primeiros exemplos mais notáveis de projetos estão na área da construção civil, que conta com cinco mil anos de tradição. Os egípcios foram responsáveis pela construção de grandes pirâmides e os romanos ergueram grandes residências, arenas, templos, cidades, estradas, portos, pontes, piscinas aquecidas, sistemas de fornecimento de água e de saneamento básico. O conhecimento técnico desses projetos, tal como o uso de cimento e concreto, foi passado adiante e é usado até hoje, entretanto, muito dos conhecimentos gerenciais foi perdido (MAXIMIANO, 2010). Em 1969, o Project Management Institute (PMI) conduziu uma iniciativa de compilar, organizar e converter as práticas de administração de projetos em um corpo organizado de conhecimentos, por meio da produção do Guia dos conhecimentos sobre a administração de projetos (Guide to the Project Management Body of Knowledge - PMBOK) (MAXIMIANO, 2010). O objetivo primordial do PMBOK é: Identificar o subconjunto do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos que é amplamente reconhecido como boa prática. “Identificar” significa fornecer uma visão geral, e não uma descrição completa. “Amplamente reconhecido” significa que o conhecimento e as práticas descritas são aplicáveis à maioria dos projetos na maior parte do tempo e que existe consenso geral em relação ao seu valor e sua utilidade. “Boa prática” significa que existe acordo geral de que a aplicação correta dessas habilidades, ferramentas e técnicas pode aumentar as chances de sucesso em uma ampla série de projetos diferentes (VALLE et al., 2007, p. 38). O PMBOK engloba as práticas do gerenciamento de projetos em dez áreas do conhecimento, como mostra a Figura 2: 16 Figura 2 - Áreas de gerenciamento de projetos segundo o PMBOK Fonte: Spudeit, Ferenhof (2017, p. 312) 2.2 Estrutura Analítica de Projetos (EAP) A EAP é uma representação gráfica da estruturação sistêmica do projeto, na qual, ao construir uma inter-relação hierárquica entre as macro e micro etapas, se possibilita uma visão geral do projeto. As duas ferramentas mais comuns usadas para a EAP são a “Work Breakdown Structure – WBS” e “Project Breakdown Structure – PBS” e suas vantagens são: maior nível de detalhamento, comunicação simplificada entre as partes interessadas pela facilitação do fluxo de informações, aumento da precisão na estimação do tempo, atribuição de tarefas e responsabilidades e identificação de interfaces e eventos, programação e controle do projeto e recursos (MENEZES, 2009). 2.3 Programme Evaluation and Review Technique (PERT) e Critical Path Method (CPM) Segundo Pricklandnick (2003), as ferramentas baseadas em análises matemáticas mais utilizadas na criação de cronogramas são o PERT (Program Evaluation and Review Technique) e o CPM (Critical Path Method). O CPM foi inventado em 1957 por consultores da Ramington Rand Univac que estavam trabalhando para a Du Pont Corporation (CUCKIERMAN, 1998). Por sua vez, o PERT foi desenvolvido em 1958 pelo Departamento de Defesa dos Estados 17 Unidos, em um Programa chamado Polaris. É um dos primeiros procedimentos formais que possibilitou o cálculo da probabilidade de um projeto ser concluído dentro de um prazo estipulado (PRADO, 1999). Ambas ferramentas tomam como base a Teoria dos Grafos, que estuda objetos combinatórios. Ela foi criada devido ao problema das pontes da cidade de Konigsberg, em 1736, pelo grande matemático suíço Leonhard Euler (1707-1783) (SILVA, 2017). Segundo Menezes (2009), para se calcular as datas de um projeto é preciso estabelecer uma rede de atividades, que será a base da rede PERT-CPM. Essa rede é formada por símbolos, que representam cada atividade, informando a PDI (Primeira Data de Início), a PDT (Primeira Data de Término), a UDI (Última data de Início) e UDT (Última Data de Término). As atividades que dão início ao projeto têm como PDI a data 0. A equação (1) apresenta a fórmula de cálculo para a duração de cada atividade: PDTI = PDII + duraçãoi (1) Quando uma atividade tiver mais de um precedente, a sua PDI será igual à maior PDT das atividades imediatamente precedentes, conforme mostra a equação (2): PDII = máx. {PDTi – 1} (2) Após ter calculado as primeiras datas, se retorna calculando as últimas datas do final para o começo, conforme mostra a equação (3): UDIi = UDTI - duraçãoi (3) As atividades com vários precedentes terão sua UDTi menor ou igual a UDI das atividades imediatamente precedentes, conforme mostra a equação (4): UDTI = min. {UDIi +1} (4) 18 Nenhum caminho pode ter a UDT maior à UDT do projeto, que será igual à PDT. A folga é o tempo máximo que uma atividade pode atrasar sem afetar o prazo do projeto e pode ser calculada pela fórmula da equação (5): F = UDI – PDI = UDT – PDT (5) Ainda, de acordo com Menezes (2009), se a folga de uma atividade for zero significa que aquela é uma atividade crítica e que faz parte do(s) caminho(s) crítico(s) do projeto. O caminho crítico é composto pelas atividades que merecem maior atenção, pois, se alguma delas atrasar, isso afetará diretamente a UDT do projeto. Caso isso ocorra, é possível intervir ajustando os prazos das atividades do projeto, por meio de duas técnicas: • Crashing (ou compressão): é uma avaliação dos custos da redução das atividades do caminho crítico do projeto; • Fast tracking (ou sobreposição): é admissão de algumas atividades serem executadas simultaneamente. 2.4 Gráfico de Gantt Nos Estados Unidos, em 1917, Henry L. Gantt, influenciado por Taylor, desenvolveu um gráfico para gerenciar a construção de navios na Primeira Guerra Mundial. Esta foi a primeira ferramenta moderna de administração de projetos que, apesar de simples, consegue, por meio de barras e marcos, expor de maneira visual as tarefas menores que compõem um projeto (MAXIMIANO, 2010). Segundo Peinado e Graeml (2007), “Trata-se de um gráfico de forma matricial das atividades do projeto e uma linha de tempo onde, para cada tarefa é atribuída uma barra de comprimento proporcional ao tempo de duração da tarefa”. O quadro 1 mostra, a título de exemplo, lista de atividades para um projeto de pavimentação de rua em bairro urbano, com as durações (em dias) e as atividades precedentes: 19 Quadro 1 - Lista de atividades para o projeto de pavimentação de uma rua de um bairro urbano Código da atividade Descrição da atividade Duração (dias) Predecessoras A Escavação do solo 2 - B Colocação da tubulação de esgoto 3 A C Colocação da tubulação de água 2 B D Cobrir escavação do solo 1 C E Terraplanagem e compactação do solo 3 D F Colocação de guias ou sarjetas 5 - G Camada de pedras grandes 1 E, F H Compactação 2 G I Camada pedras pequenas 1 H J Compactação 2 I K Asfaltamento 3 J Fonte: Adaptado de Peinado; Graeml (2007, p. 496). O quadro 2 ilustra, como exemplo, o Gráfico de Gantt sendo aplicado para o projeto de pavimentação de uma rua em bairro urbano, com as durações (em dias) e as atividades precedentes. Quadro 2 - Gráfico de Gantt para o projeto de pavimentação de uma rua Atividade Dias de trabalho 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0 A Escavação do solo B Colocação da tubulação de esgoto C Colocação da tubulação de água D Cobrir escavação do solo E Terraplanagem e compactação do solo F Colocação de guias ou sarjetas G Camada de pedras grandes H Compactação I Camada pedras pequenas J Compactação K Asfaltamento Fonte: Adaptado de Peinado; Graeml (2007, p. 496). 2.5 Direitosfundamentais 2.5.1 Constituições brasileiras 20 A primeira Constituição Brasileira promulgada em 1824, após independência nacional, ainda na época do Brasil Império, legitima os conceitos de liberdades individuais e direitos políticos, bem como a primeira Constituição da República, decretada em 1891 (ALEXY, 2008), embora o voto ainda não fosse universalizado. A criação da justiça trabalhista, o voto secreto e o direito das mulheres são legalizados no governo provisório de Getúlio Vargas, após a Revolução Constitucionalista de 1932, pela Constituição de 1934 (SILVA, 2018). Ainda na Era Vargas, o Estado Novo é instituído pela Constituição de 1937, marcada pelo fortalecimento do Poder Executivo (STF, 2018). Com o fim da Segunda Guerra Mundial, é feito um processo de redemocratização por meio da Constituição de 1946, mas que teve seu fim com o Golpe Militar de 1964, a Constituição de 1967 e Emenda Constitucional nº 1, de 1969, que retrocederam os progressos já realizados relacionados à liberdade da imprensa, os direitos civis e políticos das pessoas (SILVA, 2018). Entretanto, após o fim da ditadura militar em 1985, é promulgada, pela Assembleia Nacional Constituinte, a Constituição de 1988, vigente até hoje e conhecida como a Constituição Cidadã, por se basear nos direitos fundamentais (STF, 2018). 2.5.2 Organização das Nações Unidas Com a evolução dos direitos fundamentais e o fim da Segunda Guerra Mundial, identifica-se a necessidade da criação de uma organização internacional que tivesse como objetivo assegurar a paz mundial e os direitos humanos. Em 1945, após a elaboração da Carta das Nações Unidas pelos representantes de 50 países presentes à Conferência sobre Organização Internacional, é criada oficialmente as Nações Unidas (ONU, 2019). De 25 a 27 de setembro de 2015, durante os dias da comemoração do septuagésimo aniversário da Organização das Nações Unidas, 193 Estados-Membros se reuniram para definir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (mostrados na Figura 3) e 169 metas (ONU, 2018). Que se constituiu em uma agenda global com metas para serem cumpridas até 2030. Elas englobam as seguintes áreas, consideradas cruciais: pessoas, planetas, prosperidade, paz e parceria. 21 Figura 3 - Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 Fonte: ONU (2018). Segundo CENSO do Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são trabalhados pelas associadas e distribuídos com heterogenia de acordo com o Gráfico 2: 22 Gráfico 2 - ODSs que estão sendo trabalhadas pelo CBVE Fonte: CENSO CBVE (2018, p. 9). O ODS que é mais trabalhado pelo CBVE por anos consecutivos é o 4 - Educação de Qualidade e em seguida temos o ODS 3 - Saúde de Qualidade que apareceu no pódio em 2016 e 2018, conforme Figura 4: Figura 4 – TOP 3: ODSs trabalhados pelo CBVE Fonte: CENSO CBVE (2018, p. 9). 23 3 METODOLOGIA 3.1 A Empresa O projeto foi realizado em uma multinacional americana do ramo da saúde, mundialmente reconhecida pela qualidade de seus produtos. Ela foi fundada em 1886 e iniciou suas operações no Brasil em 1933. A empresa é composta por três franquias, cada uma delas voltada para segmentos diferentes: • Consumidor final, organizada em 7 unidades de negócios: higiene oral, saúde da mulher, cuidados com a pele, medicamentos, cuidados com o bebê e a criança, lentes de contato e cuidados tópicos; • Área farmacêutica, dedicada a trazer soluções para as seguintes especialidades médicas: oncologia, imunologia, neurociência, doenças infecciosas e vacinas, doenças cardiovasculares e metabólicas; • Médica hospitalar, com uma ampla gama de produtos nas áreas de: ortopedia, neurovascular, cirurgias, diabetes, prevenção de infecção, diagnósticos, doenças cardiovasculares, medicina esportiva e estética. A empresa é engajada na mudança da trajetória da saúde global e na busca por um futuro mais equitativo, sendo que nela existe um departamento inteiro voltado somente pelas ações de responsabilidade social. A área de Responsabilidade Social (ou, em inglês, conforme adotado mundialmente pela empresa, Global Community Impact) é cross sector, ou seja, pertencente às três companhias, encarregada de impulsionar programas de doações à comunidade, impacto social e outras iniciativas filantrópicas em todo o mundo. À seguir, estão descritas algumas das ações sociais que este departamento realiza atualmente no Brasil: Maratona de Aceleração Social Essa iniciativa consiste no oferecimento de soluções criativas, inovadoras e de baixo custo por meio do conhecimento de seus colaboradores para contribuir com a aceleração do desenvolvimento de organizações sociais a fim de que aumentem o impacto de suas atuações. 24 Equipes multidisciplinares são montadas e durante um dia e meio os profissionais da companhia ajudam de forma pro-bono uma instituição a ter uma gestão mais estratégica e sustentável. No primeiro dia é feita uma imersão, em que os colaboradores visitam a ONG e realizam entrevistas para conhecer melhor a sua causa. No segundo dia, as equipes se reúnem e trabalham o dia inteiro utilizando metodologias baseadas no design thinking para encontrar soluções para os desafios propostos pela organização. Make a Wish É uma parceria com a fundação “Make a Wish”, no qual os colaboradores da empresa têm a oportunidade de se tornar realizadores de sonhos de crianças que lutam contra doenças graves. 3.2 A ONG TETO TETO ou “Um Teto para meu País” (razão social) é uma ONG, fundada em 1997 no Chile, com o sonho de superar a pobreza em que milhões de pessoas vivem por meio de (TETO, 2019): • Projetos de construção de sedes comunitárias; • Programa de formação de liderança comunitárias; • Projetos de infraestrutura comunitária; • Formação e mobilização de voluntariado; • Diagnóstico e avaliação; • Programa de construção de moradias emergenciais e • Fundo para fomento a projetos comunitários (FUNTETO). Após 10 anos, em 2007, o TETO se estabeleceu formalmente no Brasil, com sua primeira sede em São Paulo. Atualmente está presente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná e Minas Gerais. Além do Brasil e Chile, a ONG trabalha ativamente em mais 17 países da América Latina e tem dois escritórios nos Estados Unidos que buscam financiamento e parcerias (TETO, 2019). Dentro dos programas existentes na ONG TETO, encontra-se o “Voluntariado Corporativo” que é uma parceria entre a ONG e uma empresa, na qual a mesma, por 25 meio de uma doação, financia a construção de uma ou mais casas e disponibiliza seus funcionários para trabalharem neste projeto (TETO, 2019). Para a empresa, são identificados os seguintes benefícios em contrapartida da parceria: • Customização da camiseta do TETO com o logo da empresa; • Acesso e direito de uso das imagens fotografadas no dia da construção; • Direito de uso de marca do TETO em ações de comunicação. Para os colaboradores voluntários e, consequentemente, para a empresa, são identificados os seguintes benefícios em participar do projeto: • Melhora do ambiente de trabalho e suas relações interpessoais; • Fortalecimento da integração e a comunicação do grupo de trabalho; • Promoção da responsabilidade e a conscientização social. 3.3 Motivação para o projeto A empresa estudada neste trabalho foi uma das primeiras do setor privado a se comprometer com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030. Sempre pensando em melhorar o curso da saúde humana, por meio do apoio e defesa das pessoas que estão na linha de frente e no centro dos serviços de cuidados com a vitalidade humana. Portanto, a área de Global Community Impact (GCI) foca em 3 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030: saúde e bem-estar,igualdade de gênero e parcerias e meio de implementação. Como Global Community Impact é uma área global, ela segue um cronograma programado por países que vivem uma realidade totalmente diferente daquela experimentada no Brasil. Analisando o contexto brasileiro, além destes 3 objetivos, foi observada a oportunidade de se implementarem projetos que abrangessem mais alguma dessas metas, como por exemplo: erradicação da pobreza e cidades e comunidades sustentáveis. Outro ponto que foi observado é que, como a área de Global Community Impact fica baseada na cidade de São Paulo, as suas ações se concentram, majoritariamente, nela e na cidade de São José dos Campos, onde está localizado o maior polo industrial da empresa no Brasil. Outros sites com menor número de 26 funcionários, como por exemplo, centros de distribuição acabam não participando de tais ações, por conta da logística. 3.4 Proposta de projeto A solução proposta para ajudar a empresa a alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável é a implementação do programa “Voluntariado Corporativo” da ONG TETO, pois sua missão, visão, valores e propósito estão totalmente alinhados com as metas da ONU para 2030. A intenção é que este projeto não seja liderado por nenhum dos “maiores” sites da empresa (São Paulo e São José dos Campos), mas, sim, por um Centro de Distribuição, neste caso, localizado na cidade de Guarulhos. Dessa forma, será possível englobar os funcionários que, por falta de oportunidade, tem menor índice de participação nos programas de responsabilidade social. Portanto, propõe-se aqui estruturar um projeto a ser implementado, por meio da utilização de ferramentas de gestão de projetos, como por exemplo, PERT/CPM, Gráfico de Gantt e outras. 3.5 Método de Pesquisa Dentre os métodos de pesquisa, existem os qualitativos e os quantitativos. Os qualitativos tiveram aumento significante a partir da década de 1970 e, como exemplo deste método, pode-se citar: pesquisas participantes, etnográficas, estudo de casos, narrativas, histórias de vida, pesquisa-ação, entre outros (LIMA; SILVA, 2016). Para a condução deste trabalho, a forma de abordagem utilizada será a qualitativa, com o objetivo exploratório, aplicando o estudo de caso como procedimento técnico em campo, conforme mostrado na Figura 5: 27 Figura 5 - Classificação da pesquisa Fonte: Elaborado pela autora. O estudo de caso foi escolhido como metodologia, pois se trata de uma pesquisa de natureza empírica e contemporânea. O objetivo é aprofundar o conhecimento acerca do tema, visando estimular a compreensão para tentar esclarecer os motivos de ter se escolhido este projeto e a referida ONG, bem como, prever os resultados que poderão ser alcançados com sua implementação (MIGUEL, 2007). Além disso, foi analisado no Quadro 3, onde se retrata as três condições que Yin (2001) define como sendo essenciais para se determinar a estratégia de pesquisa. Foi delineado que as questões do estudo salientam somente indagações do tipo "como" e “por que”, sem exigência de controle sobre eventos comportamentais e apenas focalizando acontecimentos contemporâneos. 28 Quadro 3 - Situações Relevantes para diferentes estratégias de pesquisa. Estratégia Forma de questão de pesquisa Exige controle sobre eventos comportamentais Focaliza acontecimentos contemporâneos Experimento como, por que sim sim Levantamento quem, o que, onde, quantos, quanto não sim Análise de arquivos quem, o que, onde, quantos, quanto não sim/não Pesquisa histórica como, por que não não Estudo de caso como, por que não sim Fonte: Adaptado de COSMOS Corporation apud Yin (2001, p. 24). Antes de começar a pesquisa teórica foi preciso entender quais assuntos que, se estudados, poderiam acrescentar algum tipo de conhecimento para a elaboração da proposta. Sendo assim, o conceitual teórico foi estruturado da seguinte forma: • Análise dos problemas sociais da realidade brasileira; • Estudo para relacionar o déficit habitacional brasileiro com a causa da empresa; • Pesquisa das ONGs que atuam a favor de moradias dignas; • Capacitação para aperfeiçoamento das técnicas necessárias para aprovação da proposta na empresa. Primeiramente, foi preciso descobrir qual era a causa raiz de diversos problemas sociais em nosso país e, por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), evidenciou-se que o déficit habitacional brasileiro vem crescendo ano após anos e que, caso fosse tratado, poderia amenizar a desigualdade social. Depois, foi preciso entender qual era a relação de uma moradia digna com as questões de higiene básica e como isso poderia refletir na saúde da população de um país, pois como a empresa é do ramo da saúde seus projetos sociais visam atuar nesta área. Após descoberto o problema a trabalhar, foi necessário entender quais eram as ONGs que atuam no cenário brasileiro e quais delas trabalhavam para mitigar o problema relatado acima. Foi neste momento que se encontrou a ONG TETO e que se aprofundou o conhecimento sobre a organização e suas ações. Além de todo o embasamento teórico para a elaboração da proposta, constatou- se que também era necessário estudar sobre como fazer esta proposta ser aceita na empresa, para isso, a autora participou do treinamento “Influência sem 29 autoridade” oferecido pela empresa. Neste treinamento foi abordado, por exemplo, a diferença entre influenciar e manipular e os seis passos do modelo de influência: 1. Assuma que todos são aliados potenciais; 2. Esclareça objetivos e prioridades; 3. Faça o diagnóstico do mundo da outra pessoa; 4. Identifique as moedas relevantes – as suas e as dos outros; 5. Dedique-se aos relacionamentos; 6. Influencie pelos atos de dar e receber. 30 4 PESQUISA DE CAMPO: CONHECENDO A ONG TETO O primeiro contato da pesquisadora com a ONG TETO foi em uma de suas ações voltadas a construção de moradias emergenciais que ocorreu nos dias 03 e 04 de agosto de 2019, no bairro de Piquete, na cidade de Bauru. Por meio dessa imersão foi possível identificar um alinhamento entre os propósitos da ONG e os valores da empresa, além de assegurar que a instituição trabalha com seriedade e profissionalismo, mesmo contando com uma equipe formada por jovens universitários. Na Figura 6, pode-se ver a autora trabalhando durante a construção. Figura 6 – Primeiro contato da pesquisadora com a ONG TETO Fonte: Acervo TETO. Após esta imersão, foi realizada a primeira reunião com a área de Global Community Impact (GCI), quando foi possível conhecer seus programas. Nesta reunião ficou claro que o projeto deveria ser liderado por outra área, pois o cronograma da área de GCI já estava comprometido com a programação global. Em seguida, foi agendada uma reunião com os supervisores e o gerente de um dos centros de distribuição da empresa, os quais se interessaram pelo projeto e assumiram a liderança como área/site responsável por ele. Em setembro de 2019, foi convocada uma reunião com a diretora comercial do TETO que, por meio de uma entrevista aberta, tirou-se todas as dúvidas pertinentes ao programa de voluntariado corporativo da organização. 31 Nos dias 02 e 03 de novembro de 2019 a pesquisadora participou de outra construção do TETO em Ribeirão Preto, agora com olhar mais crítico, observador e detalhista, como deve ser aquele voltado à pesquisa de campo. Na Figura 7, pode-se ver a autora trabalhando durante sua segunda construção. Figura 7 – Segundo contato da pesquisadora com a ONG TETO Fonte: Acervo TETO Nas pesquisas de campo, realizadas nas construções realizadas em Bauru e Ribeirão Preto, foi possível entender como funciona a logística e a infraestrutura da ONG. Foi constatadoque o interesse da população em participar das construções é altíssimo e as vagas oferecidas extremamente limitadas, pois se esgotaram após 5 minutos da abertura das inscrições, efetuadas de forma online. Outro dado importante é que os eventos, devido algumas questões de segurança destinam-se apenas para maiores de 18 anos. Depois de confirmada a inscrição é enviado um e-mail ao voluntário informando os próximos passos, com perguntas e respostas da seguinte forma: • O que é a Construção? • Como iremos até a comunidade que trabalharemos? • Onde iremos dormir? • Estou certo da minha participação: COMO GARANTIR MINHA VAGA? 32 Há uma taxa mínima de inscrição, cobrada dos voluntários que possuem condição de auxiliar financeiramente. Esta taxa ajuda suportar gastos relacionados à alimentação, camisetas e seguro de vida. Em caso de desistência, não são realizadas devoluções do valor arrecadado. Para aqueles que não podem custear, é necessário preencher um formulário justificando e solicitando a isenção da taxa de inscrição. As construções são realizadas durante um final de semana, com início na sexta no final da tarde e término no domingo à noite. Os voluntários ficam instalados em uma escola pública ou igreja da comunidade e a presença é obrigatória durante os dois dias (sábado e domingo), sem possibilidade de voltar para casa para dormir e/ou tomar banho. O almoço de sábado e domingo é preparado pelas famílias com alimentos arrecadados e oferecidos pelo TETO. Os cafés da manhã e o jantar de sábado é servido na escola/igreja, neste jantar as famílias são convidadas a se juntarem aos voluntários, para que haja um momento de troca de ideias e comunhão. As casas são feitas de painéis pré-fabricados de madeira de reflorestamento certificada e têm 18 ou 15 metros quadrados. Em 2013, as casas custavam para ONG, em torno de, R$ 3.500,00 e, para contribuir com a logística, dos moradores era cobrada uma taxa única e fixa de R$ 200,00 (KAWATA, 2015). Na Figura 8 é possível ver casas construídas pela ONG Teto em uma comunidade de São Paulo. Figura 8 – Casas construídas pela ONG Teto em comunidade de São Paulo. Fonte: Rede Globo (2020) 33 Por meio de uma entrevista aberta com o gerente da área de Global Comunnity Impact e suas duas estagiárias foi possível sanar as duas grandes dúvidas que a autora tinha para se iniciar o projeto: 1. “Se o projeto precisaria passar pela aprovação da área de Segurança e Saúde Ambiental?” 2. “Quais são as etapas necessárias para a implementação do projeto, bem como suas respectivas aprovações?” Para a primeira pergunta a resposta foi de que os projetos sociais da companhia não precisavam ser comunicados e nem aprovados pela área de Segurança e Saúde Ambiental, apenas pelo diretor geral da empresa e pelas áreas de Global Community Impact e Health Care Compliance (área responsável pela conformidade e observância relacionada aos cuidados de saúde e afins). O que foi de grande alívio, tendo em vista as restrições e empecilhos que esta área poderia apresentar ao projeto. Segue abaixo o passo a passo necessário para a implementação do projeto e suas respectivas aprovações, conforme questionado na segunda pergunta: 1. Certificar que a instituição beneficiada é uma instituição de caridade (ONG/OSCIP); 2. Realizar o processo para verificação de integridade da organização; 3. Conseguir a verba para doações; 4. Receber proposta de doação (solicitação de doação); 5. Realizar a aprovação da doação com Global Community Impact, Health Care Compliance, pelo diretor financeiro e vice presidente; 6. Contrato de doações (para o contrato, a organização precisa ser cadastrada); 7. Acordo interno de doação; 8. Pagamento via plataforma da empresa; 9. Recibo de doações; 10. Carta de Agradecimento; 11. Comprovação de utilização da doação (Bona Fide) – relatório, fotos, vídeos, materiais de comunicação, entre outros; 12. Finalização do processo – envio de todos os materiais para Global Community Impact e Health Care Compliance. 34 Antes da entrevista aberta com a gerente comercial da TETO, um material explicativo foi compartilhado sobre o programa de voluntariado corporativo. À partir deste material, foram elaboradas perguntas. Segue abaixo as perguntas feitas e suas respectivas respostas: 1. “Qual o objetivo do programa de voluntariado corporativo da TETO?” Resposta: “Nosso programa de voluntariado tem como objetivo envolver as empresas em atividades massivas do TETO junto com as comunidades e é uma oportunidade de colocar a mão na massa e participar de ações sociais. O programa fortalece relações entre os colaboradores, a empresa e a comunidade com a qual trabalhamos.” 2. “Quais são os benefícios para empresa?” Resposta: “Essa é uma oportunidade de fortalecer os valores da empresa e promover uma consolidação de equipe social ao oferecer uma oportunidade de trabalho conjunto entre colaboradores de diferentes níveis hierárquicos e áreas da empresa lado a lado com o mesmo objetivo. O processo de consolidação de equipe social consiste no desenvolvimento de integração, trabalho cooperativo, empatia, trabalho em equipe e liderança nas equipes com as quais trabalhamos.” 3. “Por que acreditar no potencial desta parceria?” Resposta: “Acreditamos no potencial dessa parceria, pois compreendemos que o alinhamento entre os objetivos da sua empresa, de seus colaboradores e o nosso modelo de trabalho convergem para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária, integrada e sem pobreza, possibilitando que diversas famílias que vivem em situação de vulnerabilidade nas favelas mais precárias e invisíveis tenham direito à moradia mais digna.” 4. “Valor da doação da empresa por casa?” Resposta: “R$ 17.000,00 por casa.” 5. “Número de colaboradores por casa?” 35 Resposta: “A empresa pode envolver até 10 voluntários por dia de atividade, 10 no sábado e domingo (os mesmos 10 nos dois dias) ou se preferir 10 voluntários/as no sábado e outros 10 no domingo (10 pessoas diferentes a cada dia). Não aconselhamos a segunda opção pois o voluntário/a não passa por todo o processo de construção da casa e não conseguimos garantir a experiência completa. Além da construção, nessa atividade também incluímos a pintura da casa em que também são liberadas 10 vagas.” 6. “Quais são itens viabilizados pela TETO?” Resposta: “Todos os materiais da casa, camiseta uniforme do TETO, ferramentas de uso coletivo (cavadeira, alavanca, mangueira de nível, serrote, etc), almoço e água durante o evento.” 7. “Forma de pagamento: é possível o pagamento através do cartão corporativo? Podemos dividir essa taxa em vários cartões ou precisaríamos pagar o valor total em um só? É possível o pagamento através de boleto?” Resposta: “A doação é realizada através de transferência bancária para a conta do TETO em uma parcela. Vocês podem transferir para uma única conta e desta transferir para o TETO. É possível gerar um boleto sim, mas não é nossa prática mais comum. Geralmente as empresas transferem o valor diretamente para a conta do TETO.” 8. “O voluntariado corporativo funciona da seguinte forma: Vocês reúnem todas a empresas interessadas e escolhem uma comunidade para realizar a ação. Vamos supor que a nossa empresa queira um final de semana, uma construção só dela, por quantas casas precisaríamos pagar? Existe um número mínimo?” Resposta: “Haveria a possibilidade de uma construção só de vocês como você comentou, mas não seria o ideal tendo em vista que o valor pago pelas casas do voluntariado corporativo ajuda a custear as casas construídas pelos jovens universitários.” 36 “Calendário das construções previstas para o ano de 2020?” Resposta: “SÃO PAULO • 01 e 02 de fevereiro • 04 e 05 de abril • 11 e 12 de julho • 26 e 27 de setembro • 28 e 29 de novembro RIBEIRÃOPRETO • 23 e 24 de maio • 28 e 29 de novembro” 9. “Que tipo de documentação é enviada para a empresa comprovando a forma de utilização da doação?” Resposta: “Como padrão, mandamos o relatório financeiro após auditoria para os doadores.” 10. “Da verba investida, existe algum valor que será utilizado para a administração da ONG?” Resposta: “O TETO tem um fluxo de caixa nacional e valores recebidos são destinados a projetos realizados naquele momento. Acredito que seja importante ressaltar que o valor da participação não é o pagamento por um serviço oferecido, mas sim uma doação para uma organização social sem fins lucrativos, que será revertido em projetos realizados nas comunidades nas quais atuamos, e em custos administrativos essenciais para que a organização possa funcionar e garantir tais projetos.” 37 “Além da doação a empresa precisa fornecer algo?” Resposta: “A empresa precisa fornecer o transporte dos colaboradores até o local.” 11. “Podemos escolher a comunidade que será atendida, bem como as famílias que serão assistidas?” Resposta: “Não. A escolha da comunidade a ser beneficiada, bem como das famílias é de responsabilidade do TETO, de acordo com seus critérios.” 12. “Os colabores da empresa participantes do voluntariado corporativo precisam obrigatoriamente pernoitar na escola/igreja da comunidade?” Resposta: “Não. Os funcionários participantes têm a opção de voltar para dormir em suas casas, desde que se comprometam a voltar no horário estabelecido para que não haja atraso na programação.” Além das perguntas, foram solicitados ao TETO os seguintes documentos: • Cartão CNPJ; • Ata de Assembleia atualizada (do ano em que o DD está sendo feito ou a mais recente); • Estatuto da ONG; • Certificado emitido pelo governo, ou instituição competente, ou artigos de incorporação, que comprove a existência da associação de fundação ou organização sem fins lucrativos. Com a documentação recolhida da ONG foi iniciado o processo de verificação de integridade da Organização de Caridade necessário para comprovar a idoneidade da organização. A Ata de Assembleia atualizada foi analisada e verificou-se quem são as pessoas chave e os participantes do conselho diretor da ONG. Cada um desses nomes foi pesquisado no Google para constatar que não haveria resultados relevantes relacionados à corrupção, licitação, condenação, fraude, improbidade administrativa ou a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior. Seguiu-se a mesma lógica para pesquisar o nome empresarial e o nome fantasia da ONG. 38 Além do Google, utilizou-se também a plataforma World Check, um banco de dados de pessoas com funções públicas de destaque, que ajuda a identificar pessoas e/ou organizações que podem apresentar risco reputacional e/ou regulatório à companhia. Estudou-se também os Relatórios Anuais de Atividades, as demonstrações contábeis, as notas explicativas e as demonstrações de resultados da TETO para entender qual seria o destino dado à contribuição da empresa. Verificou-se que, aproximadamente, 65% da doação é usada pelo TETO para custear as moradias emergenciais e 35% da doação usada para custos administrativos e financiamento de outras atividades em comunidade. É difícil estipular uma porcentagem concreta, pois O TETO funciona em fluxo de caixa, todas as entradas são direcionadas para custear projetos e custos administrativos em todas as sedes, por ordem de pagamento. No Gráfico 3, extraído do relatório Anual de Atividades 2018 do TETO, pode-se ver a distribuição dos custos e despesas da instituição: Gráfico 3 – Custos e despesas da ONG TETO em 2018 Fonte: TETO - Relatório Anual de Atividades 2018, pg. 46. 39 5 PROPOSTA DE PROGRAMA DE VOLUNTARIADO CORPORATIVO O presente capítulo tem o intuito de apresentar a proposta de implementação do programa de voluntariado corporativo do TETO na empresa do ramo da saúde. A proposta foi dividida em quatro partes: cenário do projeto, estratégia, impacto e resultado. No cenário é contemplado o objetivo do projeto, o problema a ser trabalhado, as etapas da estratégia, a contribuição da instituição na atuação do problema, a contribuição financeira da empresa apoiadora do projeto, os resultados esperados dessas atividades, a quantidade de colaboradores selecionados, o orçamento necessário e o impacto. Na estratégia de implementação é explicado como funcionará a logística necessária para a execução da ação, a metodologia utilizada e sua relação com as etapas do projeto. Através da figura 5 do cronograma, é esclarecido em que mês/ano ocorrerá cada uma das atividades propostas no Quadro 4. No impacto é mostrado como as ações do projeto refletirão na vida dos voluntários e da comunidade. No resultado resgate-se do Capítulo 4 o passo a passo necessário para a implementação do projeto, evidenciando as etapas que já foram completadas até o presente momento. 5.1 Cenário O problema a ser trabalhado se refere à moradia inadequada, ou seja, que não oferece condições mínimas de salubridade. Por meio do mapeamento e validação de comunidades, contato com lideranças, diagnóstico socioeconômico local, definição de famílias, acompanhamento de famílias, construção e pintura de moradias pretende- se garantir condição digna de habitação à seis famílias que vivem em aglomeração subnormal na região metropolitana de São Paulo. Com a construção da moradia de emergência, há significativa melhoria na condição de habitabilidade e segurança das famílias, pois as casas pré-fabricadas construídas dispõem de estrutura muito mais segura e estável que os barracos onde as famílias moravam anteriormente. 40 A Contribuição financeira da empresa apoiadora do projeto será a doação de R$ 51.000,00 para a TETO. No contrato entre a ONG e a empresa cada casa equivale ao valor de R$ 17.000,00, no entanto, como cada casa doada pela companhia acaba financiando a construção de mais outra construída por jovens , podemos assumir que o resultado final será a construção de seis casas. Três casas serão construídas pelos colaboradores da empresa e três casas construídas por voluntários universitários. Serão selecionados 20 colaboradores por casa. 10 vagas dedicadas à construção e 10 vagas dedicadas à pintura e reparo. Como serão erguidas três casas pelos funcionários da empresa, no total serão ofertadas 60 vagas. Os critérios para seleção dos colaboradores serão: • Disponibilidade para atuar em período integral no Final de Semana (sábado e domingo) da construção e/ou pintura; • Ser funcionário da empresa; • Justificar o interesse pelo projeto. Serão selecionados, preferencialmente, funcionários alocados nos Centros de Distribuição. O orçamento total necessário para o projeto será de R$ 70.000,00: R$ 19.000,00 – Custos extras do projeto (transporte, kits de segurança e etc); R$ 51.000,00 – 3 Casas TETO no valor de R$ 17.000,00 (1 casa para cada franquia da companhia). Na Figura 9 foi montado um modelo lógico para sintetizar de forma visual a cadeia de causa e efeito do projeto e seus resultados: Figura 9 – Modelo lógico: voluntariado corporativo da ONG TETO Fonte: Elaborado pela autora. 41 As comunidades de atuação da TETO e suas respectivas famílias são escolhidas através de uma ação chamada ECO (Escutando Comunidades), na qual os voluntários, por meio de conversas com as famílias e a aplicação de um formulário, diagnosticam planos de ação para suprir as necessidades daquele bairro (KAWATA, 2015). A comunidade escolhida pela ONG para realizar sua próxima construção é o Jardim Maravilha, uma favela que tem cerca de seis mil habitantes, localizada na Zona Leste de São Paulo, no bairro Cidade Tiradentes, um distrito emancipado em 2001 que compreende uma área de 15 quilômetros quadrados. O distrito Cidade Tiradentes contempla o maior conjuntohabitacional da América Latina, construído pelo Estado, por meio da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab-SP), criada pela Lei n.6.738, de 16 de novembro de 1965 para amenizar os danos causados pela urbanização do século XX (SOUZA, 2019). Na Figura 10 pode-se ver a situação de uma das vias do Jardim Maravilha. Figura 10 – Esgoto a céu aberto em uma via do Jardim Maravilha Fonte: SOUZA (2009, p. 270). 42 5.2 Estratégia Após aprovação do projeto e pagamento da doação, se iniciará de fato a sua implementação. Será necessário agendar uma reunião com a ONG TETO para definição da data da construção, dentro das opções disponibilizadas pela ONG. Quando definidas as informações da ação, deve ser feito um comunicado aos colaboradores das áreas que contribuíram com a doação, convocando os interessados para participar da seleção. Esta se dará por meio de um formulário. Selecionados os participantes, será realizado um treinamento para explicar como funcionará a ação, sua agenda e os cuidados que devem ser tomados para a prevenção de acidentes. Durante este treinamento serão disponibilizados kits aos voluntários contendo: • 1 capacete; • 1 par de luvas; • 1 óculos de proteção. A ação será executada em dois finais de semana. Durante o primeiro final de semana, serão construídas as casas e, no segundo, serão feitos os reparos finais e a pintura nas moradias. Cada final de semana contará com uma equipe de 10 voluntários por casa, que poderá ser composta pelas mesmas pessoas, ou não, dependendo do número de inscritos. Ulteriormente, será solicitado aos voluntários o preenchimento de uma avaliação para que seja possível analisar pontos de melhoria, os impactos causados e como isso refletiu, ou refletirá, na vida pessoal e profissional do colaborador. Por fim, todas essas considerações serão documentadas e a programação do calendário da ação para o ano futuro planejado. Para execução do projeto será utilizada a metodologia PDCA, que a princípio foi criada para solucionar problemas de qualidade, mas que hoje em dia é amplamente aplicada como ferramenta de gestão de projetos. 43 Figura 11 – Níveis de indicadores para PDCA Fonte: CALOBA; KLAES (2016, p. 5). O Quadro 4 correlaciona todas etapas do ciclo PDCA com as atividades do trabalho proposto, incluindo 12 passos acrescidos de algumas outras atividades que poderão ser necessárias para a execução do projeto, de maneira sintetizada. Quadro 4 - Relação entre o ciclo PDCA e as etapas do projeto Fases do PDCA Etapas do Projeto Planejar Observação de uma oportunidade na organização Seleção de uma ONG alinhada com o propósito do projeto Imersão em um programa realizado pela ONG selecionada Seleção da área e site responsável pelo projeto Certificação que a instituição beneficiada é uma instituição de caridade (ONG / OSCIP) Realização o processo para verificação de integridade da organização Captação das partes interessadas para doação da verba Recebimento de uma proposta de doação (solicitação de doação) Aprovação da doação por Global Community Impact, Health Care Compliance, diretor financeiro e vice presidente. Cadastro da ONG na plataforma de fornecedores Contrato e acordo de doações Pagamento e recebido das doações continua 44 continuação Fases do PDCA Etapas do Projeto Executar Escolha da data da construção TETO Divulgação das inscrições para participação do projeto Seleção dos colaboradores participantes Treinamento dos colaboradores selecionados Construção TETO Pintura e reparos Verificar Formulário de avaliação Divulgação do projeto para toda a empresa Reunião com o TETO Agir Análise do resultado do formulário de avaliação Documentação de melhorias futuras Programar calendário do próximo ano Fonte: Elaborado pela autora. O cronograma na Figura 12 (baseada no Quadro 4) vem sendo executado desde agosto de 2019 e irá até março de 2021: Figura 12 - Cronograma de atividades do projeto Fonte: Elaborado pela autora. Atividades 08/1909/1910/1911/1912/1901/2002/2003/2004/2005/2006/2007/2008/2009/2010/2011/2012/2001/2102/2103/21 Seleção de uma ONG alinhada com o propósito do projeto Imersão em um programa realizado pela ONG selecionada Seleção da área e site responsável pelo projeto Certificação que a instituição beneficiada é uma instituição de caridade (ONG / OSCIP) Realização do processo de Due Diligence da organização Captação dos stakeholders para doação da verba Recebimento de uma proposta de doação (solicitação de doação) Aprovação da doação por Global Community Impact Aprovação da doação por Health Care Compliance Aprovação da doação pelo vice presidente Aprovação da doação pelo diretor financeiro Cadastro da ONG na plataforma de fornecedores Contrato e acordo de doações Pagamento e recebido das doações Escolha da data da construção TETO Divulgação das inscrições para participação do projeto Seleção dos colaboradores participantes Treinamento dos colaboradores selecionados Construção TETO Pintura e reparos Formulário de avaliação Divulgação do projeto para toda a empresa Reunião com o TETO e Carta de Agradecimento Análise do resultado do formulário de avaliação e Bona Fide Documentação de melhorias futuras (finalização do Programar calendário do próximo ano 45 5.3 Impacto A doação beneficiará seis famílias, que receberão uma casa mais digna, segura e salubre. Três casas serão construídas pelos colaboradores da empresa e financiarão também outras três casas construídas por voluntários universitários, possibilitando o desenvolvimento de uma visão mais integrada de sociedade de, pelo menos, 30 jovens universitários. O Impacto social esperado é o aumento na satisfação da qualidade das moradias, aumento na percepção de segurança e, consequentemente, aumento na qualidade de vida das famílias assistidas. Para os realizadores do projeto o TETO permite um verdadeiro encontro com a realidade em que milhares de brasileiros convivem diariamente, causando um choque cultural que ajudará a quebrar paradigmas e preconceitos. Possibilitando assim o desenvolvimento da empatia através da reflexão causada pelo programa. 5.4 Resultado Em agosto de 2020, as seguintes etapas do projeto já tinham sido concluídas com sucesso: 1. Certificar que a instituição beneficiada é uma instituição de caridade (ONG/OSCIP); 2. Realizar o processo para verificação de integridade da organização; 3. Conseguir a verba para doações; 4. Receber uma proposta de doação (solicitação de doação); 5. Realizar a aprovação da doação com Global Community Impact, Health Care Compliance, pelo diretor financeiro e vice presidente; 6. Contrato de doações (para o contrato, a organização precisa ser cadastrada); 7. Acordo interno de doação; Comprovando assim a aprovação da proposta pela empresa. As demais etapas serão concluídas nos próximos meses, conforme cronograma apresentado na figura 14: 8. Pagamento via plataforma da empresa; 9. Recibo de doações; 46 10. Carta de Agradecimento; 11. Comprovação de utilização da doação (Bona Fide) – relatório, fotos, vídeos, materiais de comunicação, entre outros. 12. Finalização do processo – envio de todos os materiais para Global Community Impact e Health Care Compliance. 47 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 6.1 Dos objetivos do trabalho Os objetivos do presente trabalho foram alcançados. Ao fazer a contextualização da pesquisa, aprofundou-se o conhecimento sobre responsabilidade social empresarial. Por meio da entrevista com a gerente comercial da TETO, realizada na coleta de dados para o estudo de caso, entendeu-se como funciona o programa “Voluntariado corporativo” da ONG. Na reunião com a área de responsabilidade social foi possível descobrir quais eram as ações de impacto social dentro da empresa e quaisos requisitos necessários para a aprovação de um novo projeto de voluntariado. Através da revisão bibliográfica, estudou-se as ferramentas de gestão de projetos e buscou-se as melhores técnicas e métodos para o planejamento e condução do projeto, possibilitando a elaboração de uma proposta para sua implementação, contendo etapas e atividades bem estruturadas. 6.2 Limitações do presente trabalho A princípio, no presente estudo pretendia-se não só a elaboração de uma proposta para implementação do programa de voluntariado corporativo da ONG TETO, mas sim efetivamente a implementação do projeto. Infelizmente, devido à pandemia do COVID-19, as datas das construções apresentadas na seção 3.6.3 (coleta de dados) foram canceladas sem previsão de retorno, impossibilitando assim qualquer ação de campo com a ONG TETO. A empresa, por sua vez, prioriza a segurança e a saúde de seus funcionários, postergando qualquer tipo de ação que colocasse isso em risco. As entrevistas e reuniões relatadas neste trabalho foram realizadas antes do desdobramento do atual panorama mundial, entre agosto e novembro de 2019. 6.3 Sugestões para trabalhos futuros Seria interessante se trabalhos futuros pudessem implementar o projeto proposto por este estudo, para validar o seu escopo, por meio de uma prova de conceito. Possibilitando assim, a análise dos resultados trazidos para a empresa, ONG e comunidade 48 Uma frente de trabalho mais ampla seria buscar entender como a pandemia do COVID-19 afetou o terceiro setor que, em sua maior parte, depende de ações presenciais. Também será necessário entender a relação das empresas privadas com estas organizações durante este cenário, bem como, as ações inovadoras trazidas pela área de responsabilidade social desta companhia. 6.4 Reflexões da autora Obviamente que o presente trabalho não pretende acabar com o déficit habitacional brasileiro, muito menos com a desigualdade social do país, mas foi a maneira encontrada por esta autora de contribuir com a sociedade e, de certa forma, retribuir para a comunidade o investimento feito em sua graduação. Apesar de estar prevista a construção de apenas 6 casas com a doação que será realizada, o intuito é de também proporcionar aos voluntários uma experiência única e transformadora. Vale ressaltar, que a cultura da empresa contribuiu com o sucesso e a aprovação da proposta, na qual foi inteiramente elaborada e conduzida por uma, até então, estagiária. Em nenhum momento o cargo da pesquisadora foi um empecilho para o projeto, o que não significa que não houve barreiras. Todos estes empecilhos, fizeram com que o processo, desde a sua ideia até a aprovação, durasse, aproximadamente, um ano. 49 REFERÊNCIAS ALEXY, R. Teoria dos direitos fundamentais. 2. ed. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008. CALOBA, G.; KLAES, M. Gerenciamento de Projetos com PDCA. São Paulo: Alta Books, 2016. CBVE – Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial. Censo CBVE 2018: apresentação dos resultados. Rio de Janeiro. 2018. CUKIERMAN, Z. S. O modelo PERT/CPM aplicado a projetos. 5. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed. 1993. FRANCO, M. A. S. Pedagogia da pesquisa-ação. Educação e pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, 2005. GOLDBERG, R. Como as empresas podem implementar programas de voluntariado. São Paulo: Ethos, 2001. IAVE – Associação Internacional para Esforços Voluntários. O estado da arte Voluntariado Empresarial. 2011. 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