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Natalia Silva Bueno - TXXI Síndromes Respiratórias INTRODUÇÃO EXPANSIBILIDADE (inspeção e palpação) Alterações pleurais e no parênquima pulmonar podem reduzir a expansibilidade, dependendo do grau de acometimento. Alterações brônquicas que geram hiperinsuflação pulmonar podem reduzir o volume corrente e também reduzir a expansibilidade (bilateralmente). FRÊMITO TÓRACO-VOCAL (FTV) Nas afecções pleurais há diminuição ou mesmo abolição do FTV, a depender da intensidade do acometimento. Nas afecções brônquicas: Não há alterações significativas ou quando ocorrem são simétricas. Podem surgir vibrações nas secreções brônquicas quando o paciente respira ou tosse (frêmito brônquico). Nas afecções parenquimatosas: Quando houver acúmulo de líquidos ou células há aumento do FTV (síndrome consolidativa - pneumonia; síndrome cavitária quando há líquido no interior da caverna; na síndrome congestiva há aumento nas bases, mas é simétrico. Quando houver aumento de ar no alvéolos ocorrerá redução de FTV (enfisema). Quando não houver permeabilidade brônquica (atelectasia) ocorre redução do FTV. PERCUSSÃO Nas afecções pleurais com acúmulo de líquido ou espessamento, o som se torna maciço ou submaciço, a depender do volume do líquido ou do grau de espessamento. No acúmulo de ar no espaço pleural (pneumotórax), o som claro pulmonar se torna timpânico ou hipertimpânico, a depender da quantidade de ar. Nas afecções brônquicas há alteração quando ocorre aprisionamento de ar nos pulmões (como na DPOC), com hipersonoridade difusa bilateral. Nas afecções parenquimatosas com acúmulo de líquidos (síndrome congestiva) ou células (síndrome consolidativa), o som se torna submaciço nos locais afetados. Nas afecções parenquimatosas com hiperaeração (enfisema) ocorre o chamado som hipersonoro, bilateralmente. Nas afecções parenquimatosas com colapso alveolar por obstrução brônquica (atelectasia), ocorre submacicez no local acometido. AUSCULTA (1- respire fundo com a boca aberta e 2- fale “33” – RV)) Nas afecções pleurais ocorre diminuição ou abolição do MV, dependendo da intensidade do acometimento. Se houver inflamação com fricção das pleuras pode ocorrer atrito pleural. Nas afecções parenquimatosas: Natalia Silva Bueno - TXXI Com hiperaeração (enfisema) ocorre redução difusa e bilateral do MV. Podem estar presentes sibilos. Com colapso alveolar por quebra da permeabilidade brônquica (atelectasia) ocorre redução ou abolição do MV no local acometido adventícios. Com infiltração de células inflamatórias (consolidação), o MV se torna “grosseiro” ou “rude” no local acometido e surgem ruídos adventícios. Com acúmulo de líquido nos alvéolos por congestão pulmonar: há redução do MV e surgem estertores finos, nas bases pulmonares. Nas afecções brônquicas: Com broncoespasmo (asma) surgem sibilos expiratórios e nos casos graves (hipersecreção) podem surgir estertores grossos. Na bronquite crônica ocorrem estertores grossos bilateralmente, podendo surgir também roncos e sibilos. OBS.: EXAMINAR TAMBÉM A RESSONÂNCIA VOCAL – os achados da RV são idênticos ao FTV. SÍNDROMES PLEURAIS Decorrem do comprometimento das pleuras. PLEURITE Pode ser aguda (dias) ou crônica (semanas ou meses) Pode conter ou não uma coleção líquida (pleurite com derrame ou sem derrame) Doenças causadoras: tuberculose, pneumonia, colagenoses, viroses, neoplasias da pleura. Pode ter evolução aguda (pleurite aguda ou pleurisia) Sintomas: dor tipo pleurítica (em facada que piora com respiração e tosse), febre, tosse, dispneia. Causas: vírus (coxsackie). Evolução limitada evolui para cura geralmente. Pode ter evolução crônica (pleurite crônica “seca” ou com derrame) Sintomas: dispneia aos esforços, outros sintomas são menos frequentes. Causas: tuberculose, neoplasias, colagenoses. PLEURITE AGUDA INSPEÇÃO: expansibilidade diminuída no lado acometido. PALPAÇÃO: expansibilidade diminuída, pode surgir frêmito pleural. PERCUSSÃO: normal ou submacicez no local acometido. AUSCULTA: atrito pleural. PLEURITE CRÔNICA INSPEÇÃO: expansibilidade diminuída no lado acometido. PALPAÇÃO: expansibilidade diminuída, FTV diminuído (se o espessamento pleural for importante). PERCUSSÃO: submacicez ou macicez no local acometido. AUSCULTA: MV diminuído no local acometido (se > espessamento) RV diminuída no local acometido (se > espessamento). DERRAME PLEURAL Acúmulo de líquido no espaço pleural. Doenças: neoplasias, pneumonias, ICC, nefropatias, colagenoses, pleurites. Natalia Silva Bueno - TXXI Sintomas: dispneia. Pode haver dor torácica ou tosse seca. HIDROTÓRAX: acúmulo de transudato = líquido seroso (límpido, com pouca quantidade de proteínas) Causas: insuficiência cardíaca, cirrose hepática, hipoalbuminemia, nefropatias. QUILOTÓRAX: acúmulo de quilo (linfa) proveniente do ducto torácico. Causas: iatrogenias cirúrgicas ou neoplasias HEMOTÓRAX: sangramento para a cavidade pleural. Causas: trauma torácico aberto ou fechado (lesões por arma branca). Ruptura de vasos (tuberculose, neoplasias, aneurismas) EMPIEMA PLEURAL (usualmente secundário a pneumonia bacteriana): acúmulo de secreção purulenta. DERRAME PLEURAL INSPEÇÃO: expansibilidade diminuída. PALPAÇÃO: expansibilidade diminuída, FTV diminuído ou abolido na área do derrame, FTV aumentado na área pulmonar em contato com o derrame. PERCUSSÃO: submacicez ou macicez. AUSCULTA: MV abolido na área do derrame, egofonia (ruído semelhante ao som que cabra faz – som anasalado) na área adjacente ao derrame. PNEUMOTÓRAX Ar que se acumula no espaço pleural, penetrando através de lesão traumática, ruptura de bolha subpleural ou lesões pulmonares. Sintomas: dispneia e dor no lado acometido. Doenças causadoras: traumas torácicos, bolhas pulmonares (“blebs”), tuberculose, pneumoconiose, neoplasias de pulmão. PNEUMOTÓRAX INSPEÇÃO: abaulamento dos espaços intercostais quando volumoso (achado infrequente). PALPAÇÃO: expansibilidade diminuída no lado afetado, FTV diminuído ou abolido no lado afetado, dependendo do volume do pneumotórax. PERCUSSÃO: timpanismo ou hipertimpanismo. AUSCULTA: MV diminuído ou abolido, dependendo do volume, RV diminuída ou abolida, dependendo do volume. SÍNDROMES BRÔNQUICAS Decorre do envolvimento primordial da árvore traqueo-brônquica. Quando há inflamação ocorre: Achados hispopatológicos: edema, hipersecreção, limitação ao fluxo. Sintomas: tosse produtiva, dispneia, estertores grossos. Quando há obstrução parcial (broncoespasmo - edema) ocorre: Sintomas: Dispneia, tosse seca ou pouco produtiva. Achados na ausculta: roncos e sibilos. Quando há obstrução completa: Ocorre atelectasia. BRONQUITE BRONQUITE AGUDA: infecção usualmente viral, com febre; tosse seca mucosa mucopurulenta. Também pode ser de natureza alérgica ou causada por bactéria e toxinas. Acomete cerca de 5% de todos ao adultos, anualmente. Natalia Silva Bueno - TXXI 95% dos casos são causados por vírus, usualmente os mesmos que causam os resfriados, pode ser alérgica também. Bactérias podem causar bronquite aguda em pacientes com doenças pulmonares crônicas. Sintomatologia: tosse seca ou produtiva com expectoração mucoide; sibilância (“chiado no peito”). Duração da doença: 10 a 14 dias, com bom prognóstico. BRONQUITE CRÔNICA: inflamação crônica de brônquios e bronquíolos que se tornam espessos e com constante produção de muco. Para o diagnóstico é necessário quadro de tosse produtivana maioria dos dias, por pelo menos três meses ao ano, em dois anos consecutivos e outras causas de tosse crônica (como infecções respiratórias e tumores) tem que ser excluídas. É uma das causas de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). BRONQUITE INSPEÇÃO: taquipneia, tiragens, expansibilidade normal ou globalmente diminuída (DPOC). Tórax em tonel (caso de DPOC). PALPAÇÃO: FTV normal ou diminuído bilateralmente. PERCUSSÃO: sem alterações expressivas se não há DPOC, hipersonoridade difusa bilateral nos casos de DPOC. AUSCULTA: estertores grossos difusos (bilaterais), roncos e sibilos esparsos. BRONQUIECTASIA Dilatação irreversível dos brônquios por destruição da parede. Mecanismo genético que dificulta o mecanismo mucociliar de depuração e/ou infecção por germe agressivo. A evolução da doença é crônica e intermitente, com necessidade de uso frequente de antibióticos. Os lobos inferiores (principalmente o esquerdo) são mais acometidos, pela maior dificuldade de drenagem das secreções brônquicas. BRONQUIECTASIA INSPEÇÃO: taquipneia, tiragens, expansibilidade normal ou globalmente diminuída. PALPAÇÃO: FTV sem alterações expressivas (teoricamente, pode estar simetricamente aumentado). PERCUSSÃO: usualmente normal (pode haver submacicez no local de maior acometimento). AUSCULTA: estertores grossos no local acometido. BRONCOESPASMO (ASMA) Doenças: asma brônquica (estreitamento difuso dos brônquios de pequeno calibre). Alergias. Sintomas: quadros intermitentes de dispneia (predominantemente expiratória), roncos e sibilos (chieira), tosse seca ou produtiva, pode haver dor torácica. ASMA INSPEÇÃO: dispneia, tiragens. PALPAÇÃO: FTV normal ou diminuído simetricamente. PERCUSSÃO: normal ou hipersonoridade. AUSCULTA: MV diminuído, tempo expiratório prolongado, roncos e sibilos difusos (predominantemente Natalia Silva Bueno - TXXI expiratórios), estertores grossos difusos nos casos mais graves (hipersecreção brônquica associada). SÍNDROMES PARENQUIMATOSAS SÍNDROME CONSOLIDATIVA Pneumonia (evolução aguda), tuberculose (evolução crônica), câncer de pulmão (evolução crônica). Sintomas: dispneia e tosse (seca ou produtiva), hemoptoicos (escarro com sangue), dor torácica. Fisiopatologia: ocupação dos espaços alveolares por células de defesa e exsudato. PNEUMONIA: inflamação aguda, de qualquer natureza, localizada no parênquima pulmonar. Causada por bactérias, vírus fungos ou outros agentes. Broncopneumonia: participação bronquíolo-alveolar, infiltrados múltiplos. TUBERCULOSE: enfermidade produzida pelo Mycobacterium tuberculosis. Sintomatologia: febre vespertina, sudorese (vespertina/ noturna) emagrecimento e tosse crônica com expectoração amarelada/esverdeada. Caracteriza-se histologicamente por granuloma caseoso, se não tratado tem- se a formação de cavitações. A evolução depende da relação entre a bactéria e o sistema imunológico do hospedeiro. CÂNCER DE PULMÃO 90% são do tipo CARCINOMA BRÔNQUICO. Altamente relacionado com o tabagismo. Usualmente indivíduos >40 anos, tabagista, com tosse por mais de algumas semanas, com ou sem outros sintomas (expectoração mucopurulenta, hemoptoicos ou hemoptise, dispneia febre, dor torácica). Metástases mais comuns: mediastinal, gânglios periféricos, ósseas (coluna costelas e bacias) hepáticas. SÍNDROME CONSOLIDATIVA INSPEÇÃO: expansibilidade diminuída no lado acometido. PALPAÇÃO: expansibilidade diminuída, FTV aumentado. PERCUSSÃO: submacicez ou macicez. AUSCULTA: MV é substituído por respiração brônquica ou broncovesicular (MV RUDE), RV aumentada (broncofonia), sopro tubário, egofonia, estertores finos (crepitantes), estertores grossos (broncopneumonia), pectorilóquia fônica e afônica. COLAPSO ALVEOLAR (ATELECTASIA) Desaparece o ar dos alvéolos, sem que o espaço alveolar seja ocupado por células ou exsudato (colabamento). Causas comuns: neoplasias, corpos estranhos. Pode ser segmentar, lobar ou do pulmão inteiro. Sintomas: dispneia, tosse seca, desconforto respiratório. ATELECTASIA INSPEÇÃO: retração do hemitórax, tiragens. PALPAÇÃO: expansibilidade diminuída, FTV diminuído ou abolido no local acometido. Natalia Silva Bueno - TXXI PERCUSSÃO: submacicez ou mesmo macicez no local acometido dependendo da extensão do acometimento. AUSCULTA: MV diminuído (exceção é a atelectasia do lobo superior direito, onde pode haver som brônquico ou broncovesicular), RV diminuída ou abolida. AERAÇÃO (ENFISEMA PULMONAR) Hiperaeração por aumento anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal + modificações estruturais das paredes alveolares. TÓRAX EM TONEL Consequência de um destruição crônica dos alvéolos (tabagistas). Os pulmões perdem a elasticidade e os alvéolos ficam maiores. Sintomas: dispneia progressiva, sibilância. ENFISEMA PULMONAR INSPEÇÃO: expansibilidade diminuída bilateralmente, tórax em tonel. PALPAÇÃO: expansibilidade diminuída bilateralmente, FTV diminuído bilateralmente. PERCUSSÃO: hipersonoridade. AUSCULTA: MV diminuído globalmente (bilateral), fase expiratória prolongada, RV diminuída. Podem ser encontrados sibilos. SÍNDROME PULMONAR CONGESTIVA Acúmulo de líquido no interstício (inicialmente), posteriormente (intra-alveolar, de corrente de aumento da pressão venosa pulmonar), normalmente por insuficiência ventricular esquerda ou estenose mitral. Sintomas: dispneia de esforço dispneia de decúbito, dispneia paroxística noturna, tosse seca sibilância. SÍNDROME DE CONGESTÃO PULMONAR INSPEÇÃO: expansibilidade simétrica (normal ou diminuída globalmente). PALPAÇÃO: expansibilidade normal ou diminuída, FTV simétrico (teoricamente aumentado nas bases). PERCUSSÃO: submacicez nas bases pulmonares. AUSCULTA: MV normal ou diminuído em bases; RV simétrica, normal (ou teoricamente aumentada); estertores finos (crepitações) em bases; sibilos ocasionais. Fase muito avançada pode-se formar um quadro de Edema Agudo de Pulmão (EAP) e o líquido que está intra-alveolar em grande quantidade vai para os brônquios junto com hemácias. Paciente começa a tossir e expectorar um expectoração rósea e espumosa com dispneia acentuada. SÍNDROME CAVITÁRIA (CAVERNAS) Escavação ou caverna pulmonar. Eliminação do parênquima por necrobiose. Tuberculose, também em abscessos pulmonares, neoplasias e micoses. Sintoma principal: tosse produtiva. Só apresentam alterações ao exame físico as cavernas de localização periférica e com mais de 4 cm de diâmetro. SÍNDROME CAVITÁRIA INSPEÇÃO: expansibilidade diminuída na região afetada. PALPAÇÃO: FTV aumentado se houver secreção intra-cavitária. Natalia Silva Bueno - TXXI PERCUSSÃO: normal (timpânico se houver grandes cavernas próximas à superfície). AUSCULTA: MV é substituído por respiração brônquica ou broncovesicular, RV aumentada se houver secreção, pectorilóquia.
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