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DIREITO CONSTITUCIONAL Prof° Fabio Tavares Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 MINISTÉRIO PÚBLICO Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 1. Ministério Público 1.1. Considerações Iniciais e Ingresso na Carreira O Ministério Público também recebe o nome de Parquet (palavra de origem francesa, que remete aos antigos procuradores do rei da França, que ficavam em pé sobre o assoalho (parquet) da sala de audiência). Você ainda pode ouvir expressões como custos legis (fiscal da lei), custos constitucionis (fiscal da Constituição) ou ouvidor da sociedade. Mas fique atento(a) a uma coisa: custos legis (fiscal da lei) é o MP, enquanto defensor legis (curador da lei) é o Advogado-Geral da União, que atua defendendo a norma questionada no STF. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 1.2. Princípios Institucionais O artigo 127, § 1º, da Constituição elenca três princípios institucionais do Ministério Público: unidade, indivisibilidade e independência funcional. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 1.2.1. Unidade A unidade significa que os membros do Ministério Público integram um só órgão sob a direção de um só Procurador-Geral. Contudo, você tem que lembrar que a unidade existe dentro de cada MP. Em outras palavras, há uma chefia para o Ministério Público da União – PGR – e uma chefia no Ministério Público Estadual – PGJ. É dentro desse cenário que o STF reconhece a legitimidade do membro do MP Estadual para recorrer diretamente no STF e no STJ nos processos que ele tenha atuado na primeira instância. Aliás, também se confere essa mesma possibilidade em relação ao ajuizamento de reclamação, quando a instância de origem não quiser dar cumprimento à decisão do Tribunal Superior ou do STF (STF, RCL 7.245). Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 1.2.2. Indivisibilidade O princípio da indivisibilidade é uma decorrência do postulado da unidade. Por meio dele, é possível que um membro do MP substitua outro, dentro da mesma função, pois quem exerce os atos não é a pessoa do Promotor, e, sim, a instituição Ministério Público. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 1.2.3. Independência Funcional Este princípio é muito importante, principalmente dentro do Direito Processual Penal. No exercício de suas funções, o membro do MP é livre e independente, não ficando sujeito às ordens de seu superior hierárquico ou mesmo de outro Poder. O que há é hierarquia no sentido administrativo, mas nunca de índole funcional. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 1.3. Princípio do Promotor Natural De antemão, lembre-se: existe o princípio do juiz natural (artigo 5º da Constituição); existe o princípio do defensor natural (artigo 4º-A da LC n. 80/1994), mas não existe o princípio do delegado natural. Embora haja certa resistência (minoritária), prevalece a orientação segundo a qual também se admite o princípio do promotor natural. Ele decorreria da norma contida no art. 5º, inciso LIII (“ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”). Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 1.4. Autonomia Funcional, Administrativa e Orçamentária Em relação à autonomia administrativa, a Constituição prevê que o MP poderá propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, política remuneratória e os planos de carreira. É com base na autonomia deferida pela Constituição que o STF assentou o entendimento segundo o qual o Ministério Público não se submete a controle interno, feito pelo Executivo (STF, ADI 2.513). Ao contrário, essa instituição, assim como todo o Poder Público, está sujeita ao controle externo, realizado pelo Legislativo com o apoio dos Tribunais de Contas. Quanto à autonomia financeira, assim como acontece em relação ao Poder Judiciário, o próprio MP é responsável pela elaboração de sua proposta orçamentária, obviamente dentro dos limites estabelecidos na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 1.5. Diferentes Ramos Existentes no Ministério Público Além do Ministério Público da União (MPU), existe também o Ministério Público Estadual (MPE) e aquele que atua junto aos Tribunais de Contas (MP/Contas). De outro lado, convém alertar que não existe Ministério Público municipal – também não há Judiciário ou Defensoria Pública na esfera municipal. O MPU abrange quatro ramos: a) Ministério Público Federal – MPF; b) Ministério Público do Trabalho – MPT; c) Ministério Público Militar – MPM; d) Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios – MPDFT. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 1.5.1. Ministério Público junto aos Tribunais de Contas (MP/ Contas) De acordo com o artigo 130 da Constituição, aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas se aplicam as mesmas disposições pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura inerentes aos outros membros do MP. Um ponto importantíssimo: o MP/Contas não se insere na estrutura do MP comum, sejam os dos Estados, seja o da União. Em razão disso, não podem os membros do MP Estadual atuar junto ao Tribunal de Contas, ainda que transitoriamente (STF, MS 27.339). Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 Além disso, também se entende que o MP/Contas estadual não dispõe das garantias institucionais pertinentes ao Ministério Público comum dos Estados-membros, notadamente das prerrogativas que concernem à autonomia administrativa e financeira, ao processo de escolha, nomeação e destituição de seu titular e ao poder de iniciativa dos projetos de lei relativos à sua organização (STF, ADI 2378). É por essa razão que cabe ao respectivo Tribunal de Contas a iniciativa de projetos de lei de interesse do MP/Contas. Isso é o oposto do MP comum, que conta com o poder de dar o start nos projetos de lei de seu interesse. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 1.5.2. Chefia do MPU O chefe do MPU é o Procurador-Geral da República – PGR. Ele é nomeado pelo Presidente da República, dentre integrantes da carreira, com mais de 35 anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução. Note que não há limitação no número de reconduções. Ou seja, pode o PGR ser reconduzido ao cargo quantas vezes o Presidente da República quiser. Contudo, em todas as reconduções será necessária a aprovação pelo Senado. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 CUIDADO! Na escolha do PGR, não há elaboração de lista tríplice. Apenas se exige que a indicação recaia sobre um integrante da carreira. Daí você me fala; “Professor, eu vi no noticiário que foi elaborada uma lista tríplice recentemente para a escolha do novo PGR”. Pois é, o que acontece é que informalmente a Associação Nacional dos Procuradores da República – ANPR – elabora uma lista como espécie de sugestão ao Presidente da República. Desde o primeiro mandato do Presidente Lula, passando por Dilma e agora por Temer, o escolhido sempre foi algum dos integrantes da lista. Repito: não há obrigatoriedade de o Presidente escolher um nome da lista. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 Antes do término do prazo de dois anos, é possível a destituição do PGR, que dependerá de iniciativa do Presidente da República e de autorização de maioria absoluta do Senado. Veja que o Senado e o Presidente participariam do processo de escolha e também de destituição antes do término do biênio. Cabe, ainda, lembrar que o PGR será o Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público, sendo membro nato. Em outras palavras, o tempo em que ele ficar como PGR permanecerá à frente do CNMP. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165Foro por Prerrogativa de Função É do Tribunal de Justiça a competência para julgar todos os membros do Ministério Público Estadual nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Agora, quanto aos membros do MPU, TOME CUIDADO. Vejamos: Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 Foro por Prerrogativa de Função 1. O PGR, chefe da instituição, será julgado, nos crimes comuns, pelo STF e, nos crimes de responsabilidade, pelo Senado. 2. Os membros do MPU que atuem perante Tribunais (de 2ª instância ou superiores) serão julgados, nos crimes comuns + de responsabilidade, pelo STJ. 3. Os membros do MPU que atuam na primeira instância serão julgados, nos crimes comuns + de responsabilidade, pelo respectivo TRF (sempre ressalvada a competência da Justiça Eleitoral). Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 Foro por Prerrogativa de Função Cuidado com uma particularidade: os membros do MPDFT recebem o mesmo nome dos membros do MP Estadual. Ou seja, temos Promotores de Justiça, Procuradores de Justiça e o Procurador-Geral de Justiça. E, embora o TJDFT também seja organizado e mantido pela União, o STF, invocando o princípio da especialidade, entendeu que não cabe ao TJ julgar os membros do MPDFT. Em outras palavras, os membros de nenhum dos ramos do MPU serão julgados pelos TJs (STF, RE 418.852). Dito isso, eles serão julgados pelo TRF (Promotores de Justiça) ou pelo STJ (Procuradores de Justiça e o Procurador- Geral de Justiça) Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 Quarentena de Saída Todo cuidado é pouco aqui, pois são muitas questões cobrando este assunto. Você viu que são exigidos três anos de atividade jurídica para o ingresso na carreira (quarentena de entrada). Agora é hora de vermos a quarentena de saída, que nada mais é do que o período em que se proíbe que o membro do MP exerça a advocacia no juízo ou Tribunal no qual oficiava, também pelo período de três anos. Note que a restrição alcança o Tribunal de onde o membro oficiava, ainda que a Corte tenha jurisdição em todo o território nacional. Assim, poderia o PGR após a sua aposentadoria advogar em processos na 1ª instância, sem a necessidade de aguardar o triênio. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 Dedicação a Atividades Político-Partidárias Para os Magistrados, essa vedação já estava prevista desde o texto original da Constituição, do ano de 1988. Por sua vez, a proibição só alcançou os membros do Ministério Público com a EC n. 45/2004. Um ponto importante: a vedação não persiste durante a inatividade. Ou seja, com a aposentadoria, o membro do MP poderia candidatar-se a mandato eletivo. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 FUNÇÕES INSTITUCIONAIS São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 FUNÇÕES INSTITUCIONAIS V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP O CNMP também foi criado pela EC n. 45/2004, também conhecida como Reforma do Judiciário. Ele é competente para fazer o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. Em sua composição, conta com quatorze membros, sendo oito deles da própria carreira, enquanto outros seis vêm de fora da estrutura da instituição. Aliás, traçando um paralelo, o CNJ tem quinze membros (um a mais, certo?). Deles, nove vêm do Judiciário e há também seis de fora. A paridade nos seis membros de fora do Poder/Instituição. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165 Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP O CNMP, ele será presidido pelo PGR. O cargo de Corregedor será preenchido por um dos sete membros do Ministério Público – Estadual ou da União. A duração do mandato é de dois anos, admitida uma recondução. Há duas exceções a essa regra: a primeira, relativa ao PGR, que ficará na presidência do CNMP enquanto for PGR – mesmo que haja reconduções sucessivas. A segunda em relação ao Corregedor, que não pode ser reconduzido – art. 130-A, § 3º, da Constituição. Jéssica Iwata - jessy_ywata@hotmail.com - IP: 191.189.10.165
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