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VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br O PROCESSO ORÇAMENTÁRIO BRASILEIRO Paulo César Nunes de Souza e Mello (UFAM) paulo@ufam.edu.br Zuila Paulino Cavalcante (UFAM) zuila@ufam.edu.br RESUMO: Este artigo dedica-se a apresentar o funcionamento do processo orçamentário brasileiro bem como fazer algumas considerações sobre a legislação no qual ele está alicerçado: a Lei do Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei de Orçamento Anual. O conhecimento sobre o modelo contribui para esclarecer a respeito dos instrumentos legais que norteiam o assunto e outros detalhamentos a serem considerados pelo Governo para materialização da Lei orçamentária. O estudo foi realizado, a partir de um levantamento bibliográfico a respeito do assunto. Observou-se que O PPA, ou Lei do Plano Plurianual, tem o papel de estabelecer as diretrizes, os objetivos e metas da Administração Pública Federal para as despesas de capital e para os programas de duração continuada. Este instrumento configura-se como o planejamento do governo para médio prazo, visto que vigora por um período de 04(quatro) anos. A Lei de Diretrizes Orçamentárias detalha as metas do governo para o ano subseqüente, e tem o caráter norteador para a implementação da terceira lei que compõe este processo: a LOA. Nesta, estão fixadas as despesas e estimadas as receitas para o próximo exercício, relativos à Administração Federal. Neste ciclo estão envolvidas diversas etapas; desde metas, previsões, financiamentos, fixação de valores, determinação de limites, processo legislativo, até a realização efetiva do orçamento, ou execução orçamentário-financeira, a qual personifica os planos de governo para determinado período. Pode-se concluir que o processo atualmente praticado é um instrumento de controle que envolve metas e objetivos firmados através da planificação quadrienal, através do PPA e se materializa através da LOA, onde se materializam os planos do Governo a serem alcançados em prol da sociedade. Palavras chaves: metas, execução, orçamento ABSTRACT: This article is dedicated to presenting the functioning of the budgetary process and as well as make some considerations on the legislation on which it is based: the law of the multiannual plan, the law of Budgetary Guidelines and the Annual Budget Law. The knowledge about the model helps to clarify the legal instruments that guide the subject and other details to be considered by the Government for the materialization of the budget Law. The study was carried out, from a bibliographic survey regarding the subject. It was noted that the PPA, or law of the multiannual plan, has the role of establishing the guidelines, objectives and goals of the Federal public administration for the capital expenditure and the programmes of continuous duration. This tool configures itself as the Government planning to medium term, as applicable for a period of 04 (four) years. The law of Budgetary Guidelines, details the Government's goals for the subsequent year, and have the character for guiding the implementation of the third law that makes up this process: the LOA. This are fixed expenses and estimated revenues for the next financial year concerning the Federal Administration. In this cycle are involved several steps since, forecasts, targets, funding, determining values, limits to the legislative process, effective implementation of the budget, or budget execution and financial, which embodies the Government plans for a given period. It can be concluded VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br that the process currently practised is an instrument of control that involves goals and objectives concluded through the quadrennial planning, through the PPA and is materialized through the LOA, where Government plans materialize to be achieved in the interests of society. Key Words: goals, budget, execution, VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Introdução A origem etimológica da palavra orçamento está fortemente vinculada ao termo italiano orzare ou ao latino ordior, orsus sum, ordiri (urdir) que significa planejar, calcular. A história do orçamento público teve origem no Reino Unido em 1217, quando o rei João sem – terra outorgou a famosa Magna Charta Libertatu a qual segundo Pires et al (2006, p. 2) estabeleceu em seu artigo 12 que: “nenhum tributo ou auxílio será instituído no Reino, senão pelo Conselho Comum”. No Brasil, a chegada da família imperial em 1808 e a conseqüente abertura dos portos as Nações amigas fez com que houvesse um aumento na arrecadação dos impostos aduaneiros iniciando-se dessa forma o processo de organização das finanças públicas que culminou com a criação do Erário Público e do regime de contabilidade. Para Pires (2006) et al: “no Brasil o orçamento público sempre se apresenta como um poderosíssimo instrumento de controle de recursos financeiros gerados pela sociedade, os quais retornam a essa mesma sociedade na forma de bens e serviços prestados”. (PIRES, 2006, pg. 20) Tal fato se justifica quando se estuda as Constituições Federais e Estaduais, bem como as leis orgânicas dos municípios do Império até os dias atuais, as quais sempre apresentaram dispositivos sobre a programação das receitas públicas no orçamento público. Na primeira Constituição, outorgada por D. Pedro I em 1824 atribuiu-se à Câmara dos Deputados a iniciativa das leis para instituir impostos (art. 36) e estabeleceu a exigência de uma proposta de orçamento por parte do Ministro da Fazenda. A segunda Constituição, promulgada em 1891 após a proclamação da República, trouxe importantes modificações na distribuição de competências para elaboração, tramitação e aprovação do orçamento. Segundo Pires et. al (2006, p. 3): “o Poder Legislativo passou a ter competência para elaboração do orçamento de todos os poderes da nova República”, através do artigo 34 da referida Constituição. Porém, em janeiro de 1892 com a publicação da Lei n.º 30 que fixou a responsabilidade pela apresentação da proposta de orçamento ao Presidente da República, instituiu-se se um impasse que quase culminou com a reforma da Constituição, sendo superado com a decisão de que o Executivo apresentaria a proposta como subsídio ao Poder Legislativo que deliberaria. Em 1926, através de uma reforma na Constituição, foi finalmente realizada a transferência da elaboração da proposta orçamentária para o Poder Executivo. Na terceira Constituição, de 1934, o Executivo voltou a ser o responsável por elaborar e decretar o orçamento. As questões de ordem orçamentária mereceram destaque sendo classificadas em seção própria. No entanto, a falta de ordem jurídica – constitucional e de leis VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br complementares sobre limitações às emendas inseridas pelos legisladores deu ao orçamento uma modalidade do “tipo misto”, com participação do Executivo e do Legislativo. Em 1937, o Conselho Federal do Serviço Público Civil expôs ao Executivo justificativas para modificações na técnica orçamentária e sugeriu a criação de um órgão especializado, que ficaria responsável por tratar os problemas orçamentários do Governo Federal. Em 1938 foi criado o Departamento de Administração do Serviço Público – DASP, que deu início ao planejamento orçamentário no Brasil, cujo objetivo principalsegundo Pires (2006, p.08) era: “organizar anualmente a proposta orçamentária, de acordo com as instruções do Presidente da República”. A quinta Constituição do Brasil promulgada em 1946 e denominada “planejamentista” deu ênfase na criação de planos setoriais e regionais, com reflexos no orçamento. Em 1947, o governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra cria então o primeiro ensaio de planejamento econômico no Brasil: o Plano SALTE cujo objetivo era alavancar o desenvolvimento dos setores da saúde, alimentação, transporte e energia. Para isto, a captação de recursos tanto da Receita Federal como de empréstimos externos por parte do Governo era imprescindível para injetar nessas aéreas. Em maio de 1964 o Decreto n.º 53.914 criou o cargo de Ministro Extraordinário do Planejamento e Coordenação Econômica, cabendo ao economista Celso Furtado ocupá-lo com a missão de: “dirigir e coordenar a revisão do plano nacional de desenvolvimento econômico; coordenar e harmonizar em planos gerais, regionais e setoriais, os programas e projetos elaborados por órgãos públicos; coordenar a elaboração e a execução do Orçamento Geral da União, harmonizando-os com os plano nacional de desenvolvimento econômico”. Neste mesmo ano surge a Lei n.º 4.320 que delineou os princípios orçamentários no Brasil e ainda é até hoje a principal diretriz para a elaboração do Orçamento Geral da União. Em 1967 é criado através do Decreto-Lei 200 o Ministério do Planejamento e Coordenação Geral que tinha por atribuição desenvolver a programação orçamentária e a proposta orçamentária anual. Por sua vez, o Ministro, através da Portaria n.º 20, “[...]instituiu a Subsecretaria de Orçamento e Finanças, hoje Secretaria de Orçamento Federal (SOF) com a atribuição de órgão central do sistema orçamentário”. (PIRES, 2006, pg. 22) O processo de planejamento e programação/execução orçamentária no Brasil se desenvolveu a partir de 1969 através da elaboração, revisão e acompanhamento dos seguintes documentos: I – Plano Nacional de Desenvolvimento (PND); II – Programa Geral de Aplicação (PGA); III – Orçamento Plurianual de Investimento (OPI); IV- Orçamento Anual da União; VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br V- Decreto de Programação Financeira Em 1988, o país recebeu a sua sétima Carta Magna. Essa Constituição atribuiu ao processo orçamentário “uma seção especial e à parte: Título VI – Da Tributação e do Orçamento, Capitulo II das Finanças Públicas, Seção I dos Orçamentos. Com ela os instrumentos de planejamento orçamentário passaram a ser hierarquizados por três leis: Lei do Plano Plurianual (PPA); Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA)”. Para Pires (2006) esses documentos “são inovadores em relação aos processos orçamentários anteriores”. Processo planejamento-orçamento O sistema de planejamento-orçamento integrado no Brasil está firmado no artigo 165 da Constituição Federal e compreendem a elaboração dos seguintes instrumentos de planejamento, todos caracterizados sob a forma de Lei: a) Lei do Plano Plurianual – PPA b) Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO c) Lei de Orçamento Anual A Lei do Plano Plurianual é o planejamento estratégico do Governo de médio prazo que deverá estabelecer, segundo Feijó (2008): “de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Federal para as despesas de capital e outras delas decorrestes; e para as relativas aos programas de duração continuada.” (FEIJÓ, 2008, pg. 128) Os trabalhos relacionados ao Plano Plurianual compreendem as etapas de preparação, elaboração, aprovação, implantação, execução e avaliação, sendo que as etapas de preparação, elaboração, implantação e execução competem ao executivo. Já a etapa de avaliação, na esfera federal compete o poder legislativo. O prazo para o envio do projeto do Plano Plurianual ao Poder Legislativo é de até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial e devolvido para sanção do Presidente até o encerramento da sessão legislativa; de acordo com o artigo 35 § 2 do ADCT. A Lei de Diretrizes Orçamentárias assim como a Lei Orçamentária é anual. Elaborada pelo Poder Executivo com a tutela do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e coordenado pela Secretaria de Orçamento Federal. Segundo Paludo, a Lei de Diretrizes Orçamentárias é: “um instrumento de planejamento e o „elo de ligação‟ entre o PPA e a LOA. Ela antecipa e orienta a direção e o sentido dos gastos públicos, bem como os parâmetros que devem nortear a elaboração do projeto de Lei Orçamentária para o exercício subseqüente, além, é claro, de selecionar, dentre os programas do Plano Plurianual, quais terão prioridades na programação e execução do orçamento anual subseqüente” VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Além disso, a Lei de Diretrizes Orçamentárias tem competência constitucional de orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual, dispor sobre as alterações na legislação tributária e estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Na esfera federal, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias será encaminhado ao Congresso até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro devendo ser apreciado e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa. Finalmente a Lei de Orçamento Anual, segundo Feijó (2008): “consiste em um instrumento de que dispõe o Poder Público para expressar, em determinado período de tempo, seu programa de atuação, discriminando a origem e o montante dos recursos a serem obtidos, bem como a natureza e o montante dos dispêndios a serem efetuados” (FEIJÓ, 2008, pg. 129). Em resumo, é o produto final do processo orçamentário coordenado pela Secretaria de Orçamento Federal, compreende apenas o exercício financeiro a que se refere. Ela contém a previsão de receitas e fixação das despesas a serem realizadas no exercício financeiro. Segundo Paludo (2010), “a Lei Orçamentária Anual, é uma Lei ordinária formal, pois percorre todo o processo legislativo (discussão, votação, aprovação, publicação), mas não é em sentido material, pois dela não se origina nenhum Direito Subjetivo”. (PALUDO, 2010, pg. 51) È importante ressaltar que a LOA é composta pelos orçamentos: Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento das Estatais. O orçamento Fiscal compreende os Poderes, seus fundos, órgãos, suas entidades d administração direta, inclusive fundações instituídas pelo Poder Público. Já o Orçamento da Seguridade Social abrange as entidades e órgãos a ela vinculados: saúde, previdência e assistência social. O orçamento de investimento das empresas compreende os investimentos realizados pelas empresas do Poder Público. (GIACOMINI, 2009). O Projeto de Lei Orçamentária Anual deve ser enviado pelo Presidente da República ao Poder Legislativo até o dia 31 de agosto de cada ano, devendo ser aprovado até o final da sessão legislativa. Uma vez aprovada e promulgada a Lei de Orçamento Anual, as despesas nela contidas passam a ser autorizadas ficando a critério do gestor avaliar a necessidade e utilidade de sua execução no decorrer do exercício financeiro. Cabe ressaltar que essa regra não se aplica as despesas obrigatórias (pessoal e benefícios). VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br DOCUMENTO LEGAL PRAZOS PARA ENCAMINHAMENTOAO CONGRESSO DEVOLUÇÃO PARA SANÇÃO Lei Orçamentária (Anual) 31/08 22/12 Lei de Diretrizes Orçamentárias (Anual) 15/04 17/07 Plano Plurianual (4 anos) 31/08 22/12 Quadro I – Prazos de envio da Legislação O Ciclo Orçamentário O Estado é o responsável pela satisfação das necessidades da população. Neste sentido, produz bens e serviços, não atendidos pela atividade privada. O intuito destas ações é sempre propiciar melhorias nas condições de vida e social da sociedade em geral. Para o atendimento destes objetivos é necessária uma primeira investigação das demandas de forma a ser ter um diagnóstico das situações a serem atendidas. Para isto, o esclarecimento do ciclo orçamentário se faz necessário, os quais são representados pelas seguintes etapas: a) elaboração; b) estudo e aprovação; c) execução d) avaliação. (KOHAMA, 2008). Segundo Feijó (2008): “o ciclo orçamentário percorre, então, numerosos estágios que podem ser resumidos em quatro, extrapolando o próprio exercício financeiro, o qual, segundo a lei 4.320/1964, começa em 1º de janeiro e encerra-se em 31 de dezembro de cada ano. O ciclo orçamentário começa antes do início do exercício financeiro, em vista do prazo que a Constituição Federal determina para envio do projeto de lei orçamentária ao Congresso Nacional, e termina após o encerramento do mesmo, já que a avaliação somente poderá ser feita após a execução do orçamento.” (FEIJÓ,2008, pg. 130) Para Paludo (2010), o ciclo orçamentário abrange as seguintes etapas: elaboração do projeto de lei orçamentária, apreciação, votação, sanção e publicação da lei orçamentária, execução da lei orçamentária e acompanhamento e avaliação da execução orçamentária. A primeira etapa do ciclo orçamentário, denominada de elaboração, é onde são realizados estudos preliminares, são definidas as prioridades, fixados objetivos e previstos os recursos financeiros necessários a implantação das políticas públicas contidas no orçamento sob a forma de programas. É nesta fase que os órgãos setoriais, as Unidades Orçamentárias e as Unidades Administrativas, além dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas apresentam suas propostas orçamentárias à Secretaria de Orçamento Federal (SOF) que as consolida em um único orçamento. Segundo Paludo (2010) a proposta orçamentária VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br “deverá conter diversos quadros demonstrando a receita e as despesas de acordo com as categorias econômicas; as fontes de recursos e legislação pertinente, quadro de dotações por órgão do Governo e da Administração; quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Governo em termos de realizações de obras e prestação de serviços; devem também conter tabelas explicativas com o comportamento da receita e da despesa, abrangendo diversos exercícios financeiros.” (PALUDO, 2010, pg. 51) Após consolidar o processo orçamentário anual a SOF o encaminha à Casa Civil e ao Presidente da República. Cabe ao Presidente encaminhar o Projeto de Lei ao Poder Legislativo que irá proceder à leitura inicial. Após discussões e votações apresentar emendas e relatórios preliminares. Ao término desse processo o projeto é novamente enviado ao Presidente da República para sanção e publicação no Diário Oficial da União. Publicada a Lei de Orçamento Anual no Diário Oficial da União cabe a SOF dar início a descentralização das dotações orçamentárias aos Órgãos Setoriais. Isso é feito através de ND – Nota de Dotação. Os Órgãos Setoriais por sua vez descentralizam esses créditos orçamentários às Unidades Orçamentárias, às entidades e aos demais beneficiários do Orçamento Público, através das NC – Notas de Crédito. Inicia-se desse modo a fase de execução. Segundo Paludo (2010): “conforme estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu artigo 8º, até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso”. (PALUDO, 2010, pg. 102) No momento em que passa a ter conhecimento sobre o orçamento aprovado e o dispêndio destinado a cada unidade a STN/MF define os limites financeiros que cada entidade poderá utilizar para o pagamento de suas despesas. No que diz respeito ao Orçamento Fiscal e o da Seguridade Social, sua execução fica registrada no SIAFI – Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal. Ainda durante a execução da despesa, inicia-se a fase de controle dos orçamentos, que pode ser interno quando realizado por agentes do próprio órgão ou externo exercido pelo Congresso Nacional auxiliado pelo Tribunal de Contas da União no que se refere à fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e suas entidades da Administração direta e indireta respeitando sempre os princípios da legalidade, legitimidade e economicidade e a aplicação das subvenções e renuncia de receitas. A figura abaixo mostra o ciclo orçamentário: VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br (3) Execução (1) Elaboração do Projeto (4) Acompanhamento e CICLO ORÇAMENTÁRIO (2)Apreciação, Aprovação Avaliação Sanção e Publicação Quadro II – As fases do ciclo orçamentário VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Conclusão Desde a sua origem, no Reino Unido em 1217, o orçamento teve o caráter de planejamento e cálculo do que era arrecadado, mesmo de maneira arcaica, dos impostos daquele País. No Brasil Império, com a vinda da familial real, houve um acréscimo significativo na arrecadação de impostos aduaneiros, gerando a necessidade da organização das finanças públicas, respeitadas as limitações no modo de planejar os gastos e controlar o erário. A evolução nas funções de controle e planejamento do orçamento público pôde ser constatada, a partir da promulgação das Constituições de 1824, 1891, 1934, 1946 e 1988, pois se observa a preocupação pelos governantes em delegar competências aos legisladores, fossem do Executivo ou do Legislativo, de instituir impostos a partir de uma proposta orçamentária. A implementação da Lei 4320/64, bem como do Decreto 200/67 e de outras legislações complementares, ajudaram sobremaneira a estruturação do que hoje é o orçamento, visto trazerem o norteamento e diretrizes para a elaboração do Orçamento Geral da União. Na sociedade contemporânea, o orçamento público é o recurso empregado pelo governo brasileiro para a realização das políticas públicas, organizadas em programas e vinculadas a metas. Ademais, tem o papel de alocar recursos para as ações orçamentárias. Seu papel deixou de ser de mero instrumento de escrituração contábil das receitas e despesas. Efetivamente, o orçamento é acima de tudo uma decisão governamental, não se restringindo a uma questão apenas técnica, como também política. Isso significa que todo orçamento público dever determinar as prioridades, relacionadas por sua vez, com a capacidade de intervenção e negociação de certos setores da sociedade ou do próprio governo local. O orçamento permite a identificação dos recursos disponíveis, que serão aplicados segundo as prioridades estabelecidas e afinadas coma política adotada pelo gestor público. Pode-se dizer que a evolução do orçamento público implicou num grande avanço para a democracia e para as liberdades individuais, ao contribuir, na sua trajetória histórica, para a separação dos poderes, condição sine qua non para o regime político democrático. Ao longo do tempo transformou-se em um instrumento de bem estar social, que deseja reduzir as despesas e diminuir a carga tributária. É sinônimo de esclarecimento das responsabilidades dos governantes perante a sociedade. Um bom orçamento pode prestar serviços e estimular o desenvolvimento. Se elaborado na direção certa promove em muito o bem estar social, mas se elaborado de forma errada, atrapalha e até inibe o desenvolvimento. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Referências BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1964; BRASIL. Decreto-Lei n.° 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências; FEIJÓ, Paulo Henrique; PINTO, Liane Ferreira; MOTA, Francisco Glauber Lima. Curso de SIAFI – Uma abordagem Prática da Execução Orçamentária e Financeira. 2 ed. Brasília: Coleção Gestão Pública, 2008 FONTENELE, Alysson Maia. O Orçamento Público no Brasil: Uma visão geral. Disponível em <http://www.jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3738> acesso em 24 de março de 2010 GIACOMONI, James. Orçamento Público, 13. ed.. São Paulo: Atlas, 2009; Histórico das Atividades Orçamentárias. Disponível em http;//www.portalsof.planejamento.gov.br/ acesso em 24 de março de 2010 KOHAMA, Hélio. Contabilidade Pública: Teoria e Pratica. 10. ed. – 2. reimpr. 2008 – São Paulo: Atlas, 2008. ROCHA, Denis. Evolução do Orçamento Público. Disponível em <http://www.editoraferreira.com.br> acesso em 24 de março de 2010 PALUDO, Augustinho Vicente. Orçamento Público e Administração Decreto nº 53914, de 11 de maio de 1964. Define as atribuições do ministro de estado extraordinário para o planejamento e coordenação econômica, extingue órgãos da Presidência da República e dá outras providências. PIRES, José Souto Dal Bem; MOTTA, Walmir Francelino. A Evolução Histórica do Orçamento Público e sua Importância para a Sociedade Financeira e Orçamentária. Rio de Janeiro. Elsevier, 2010. Disponível em <http://www.reflexao contabil.com.br> acesso em 25 de março de 2010
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