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O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NA ERA DIGITAL Wanderlei Gonçalves (professor / tutor) Palavras-chave: Ensino. Educação digital. Língua Inglesa. 1 INTRODUÇÃO Não há como negar que o processo de aprendizagem pode se tornar complexo, a partir do momento que passa a envolver diversas tecnologias, principalmente se elas forem desconhecidas pelo aluno ou professor. No entanto, partindo-se da ideia de que a escola pública deve promover educação de qualidade, o que envolve inserção social e busca de novos conhecimentos, é necessário que a mesma, instigue o uso das tecnologias como parte integrante do ensino em sala de aula, integrando em suas práticas escolares a utilização da internet, apresentação de materiais como data show, apresentações em vídeos, podcasts e etc.... Desta forma, tanto professor quanto aluno, aprenderão com as inovações acerca da educação e seus modernos métodos de apresentação. Na sociedade da informação todos estamos reaprendendo a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o grupal e o social. Uma mudança qualitativa no processo de ensino/aprendizagem acontece quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e corporais (MORAN, 2000,p.137). Sendo assim, observamos então, que as chamadas TICs, podem e devem ser utilizadas como ferramenta socializadora e cultural, possibilitando descobertas em tempo real, de forma mais ampla, com ferramentas que na maioria das vezes, fazem parte do cotidiano do aluno. 2 O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NA ERA DIGITAL 2 As era digital chegou para ficar, e junto dela um número enorme de novas tecnologias surgem a cada dia, exigindo da sociedade em geral, uma mudança na forma de pensar, de agir e de se adaptar a elas. Essa mudança também acontece na educação, onde profissionais devem se adaptar as novas formas de ensinar, lidando ao mesmo tempo com a forma como o aluno vai se identificar com essa nova forma de ensino, e a forma como ele, o profissional, lidará com as situações e dúvidas, diversas, que possam surgir. A escolha do tema “O Ensino da Língua Inglesa na Era Digital”, vem exatamente contrastar com a realidade em frente ao esperado, a abordagem em frente ao inesperado, pois, como será apresentado adiante, há muito o que se fazer, e muito o que se discutir, tanto na parte da formação, quanto na parte estrutural e material no que se refere a introdução das TICs. Segundo Braga (2011), “a capacidade do professor está intimamente ligada à sua capacidade de buscar e vivenciar um aperfeiçoamento profissional contínuo e à sua postura crítica diante das políticas públicas dos órgãos educacionais”. Debater sobre a árdua tarefa dos professores, a falta de preparo de alguns deles, a falta de iniciativa por parte das autoridades, os materiais em uso e a forma como os alunos são instigados a usá-los, são assuntos expostos neste trabalho, que tem por objetivo delimitar uma explanação, acerca do que fazer e de que forma fazer. Para tanto usou-se de pesquisas bibliográficas e na internet, principalmente usando as ideias e teorias de Braga, Piva, Moreira e Moran 2.1 AS PRIMEIRAS FERRAMENTAS E SEU USO NO APRENDIZADO DO IDIOMA INGLÊS Desde 1442, quando Gutemberg, deu início a imprensa, o mundo é bombardeado por tecnologias inovadoras, que influenciam, quase sempre, de forma positiva na ascensão cultural dos povos. Os próprios impressos de jornais e posteriormente de livros, podem ser considerados ferramentas inovadoras no que se refere ao aprendizado de idiomas, por exemplo. Isso pode ser evidenciado com a obra infantil “Orbis Sensualium Pictus”, de Comenius de 1658, um livro de 3 gravuras, com o objetivo principal de ensinar latim através da contextualização de imagens (PAIVA, 2012). Já no século XIX um passo ainda maior, Thomas Edison inventa o fonógrafo, que permitia reprodução e gravação de áudios, possibilitando que cilindros com sulcos e cobertos com folhas de estanho, gravassem e reproduzissem, por exemplo, material didático e específico. Já um pouco mais adiante, Walt Disney lançou material exclusivo em forma de “cartoons”, também, com o intuito de ensinar inglês. Depois vieram as fitas magnéticas, o rádio e a televisão, que durante muito tempo serviu de ferramenta essencial no ensino de línguas via satélite. Enfim, chegamos a era digital, impulsionada pelos primeiros computadores e depois pelos aparelhos móveis, que utilizando da internet, socializaram o mundo de uma forma uniforme e rápida como nunca antes visto. Segundo Menezes de Souza (2011), “o mundo globalizado contemporâneo traz consigo a aproximação e justaposição de culturas e povos diferentes – muitas vezes em situações de conflito.” 2.2 O PROFESSOR E AS NOVAS TECNOLOGIAS É perceptível, que as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) estão, a cada dia, mais presentes nas salas de aula, sejam elas em escolas públicas ou escolas particulares. A percepção inicial, é que se dispõe de ferramentas facilitadoras no processo de ensino e aprendizagem, o que não deixa de ser verdade, mas em muitas situações, estas novas ferramentas, 4 batem de frente com uma triste realidade, a falta de capacitação e conhecimento adequado por parte de profissionais das áreas de educação. Este despreparo, de certa forma atrapalha na socialização da educação, não permitindo que as conexões multiculturais se concretizem, e impedindo que o conhecimento se multiplique. O aprender tem que ser constante e o conhecer operante, por isso, não se pode aceitar tais entraves com naturalidade. Moran (2000, p. 37), diz que: Na sociedade da informação todos estamos reaprendendo a conhecer, a comunicar-nos, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o grupal e o social. Uma mudança qualitativa no processo de ensino/aprendizagem acontece quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e corporais. Não bastasse a falta de qualificação de muitos educadores, percebe-se também uma certa resistência quanto ao uso de novas tecnologias, desencadeadas principalmente, pelo medo de trabalhar com o novo, a falta de treinamento formação sobre o uso de recursos, e até mesmo a defasagem das ferramentas oferecidas pelos órgãos governamentais. Contudo, uma tentativa de burlar ou fugir do uso das novas tecnologias, evidencia um certo preconceito ou até mesmo medo, visto que num mundo globalizado a aproximação e a comunicação são de extrema necessidade. Desta forma ferramentas como computadores, multimídias e celulares, mesmo que a princípio causem uma desconfiança, poderão ser aliados, e não algozes, no ensino do inglês. Quando surge uma nova tecnologia, a primeira atitude é de desconfiança e de rejeição. Aos poucos, a tecnologia começa a fazer parte das atividades sociais da linguagem e a escola acaba por incorporá-la em suas práticas pedagógicas. Após a inserção, vem o estágio da normalização, definido por Chambers e Bax (2006, p.465) como um estado em que a tecnologia se integra de tal forma as práticas pedagógicas que deixa de ser vista como cura milagrosa ou como algo a ser temido (PAIVA, 2008. p.1) É necessário que o professor entenda, que na maioria das vezes, seus alunos também estarão diante de algo novo, que no seu caso seria a tecnologia, mas também um novo idioma, que decerta forma vai trabalhar com seu intelecto e promover mudanças sociais, principalmente na comunicação com outros indivíduos de outras culturas e costumes. 5 Segundo Revuz (1998, pg 217), toda tentativa para aprender uma outra língua vem perturbar, questionar, modificar aquilo que está inscrito em nós com as palavras dessa primeira língua. Muito antes de ser objeto de conhecimento, a língua é o material fundador de nosso psiquismo ede nossa vida relacional. Se não se escamoteia essa dimensão, é claro que não se pode conceber a língua como um simples "instrumento de comunicação" Sendo assim, o educador, deve estar preparado para as várias situações que podem aparecer, visto que o mesmo será mediador entre as novas tecnologias e a forma como o aluno irá encarar as Tics e o novo idioma, principalmente se o seu aluno estiver nos anos iniciais, ou seja, com pouca ou nenhuma intimidade com as novas tecnologias e o novo idioma. O educador é o mediador entre crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano (MONTEIRO, 2002, p. 5). A educação, além de ser agente transformador do ser humano, de certa forma, é o elo de ligação entre a escuridão do desconhecimento e a luz da visibilidade social e cultural. Paulo Freire diz com clareza: educação como prática da liberdade. Trata-se, como veremos, menos de um axioma pedagógico que de um desafio da história presente. Quando alguém diz que a educação é afirmação da liberdade e toma as palavras a sério — isto é, quando as toma por sua significação real — se obriga, neste mesmo momento, a reconhecer o fato da opressão, do mesmo modo que a luta pela libertação. (…) Teoria e denúncia se fecundam mutuamente do mesmo modo que nos círculos de cultura, o aprendizado ou a discussão das noções de “trabalho” e “cultura” jamais se separa de uma tomada de consciência, pois se realiza no próprio processo desta tomada de consciência. E esta conscientização muitas vezes significa o começo da busca de uma posição de luta. A compreensão desta pedagogia em sua dimensão prática, política ou social, requer, portanto, clareza quanto a este aspecto fundamental: a ideia da liberdade só adquire plena significação quando comunga com a luta concreta os homens por libertar-se. Isto significa que os milhões de oprimidos do Brasil — semelhantes, em muitos aspectos, a todos os dominados do Terceiro Mundo — poderão encontrar nesta concepção educacional uma substancial ajuda ou talvez mesmo um ponto de partida. (WEFFORT, 1969, p. 6-8) 6 Pensando desta forma, chega-se à conclusão então, que as TICs são uma ferramenta maravilhosa para o professor e para o aluno, pois pode levar ao conhecimento do aluno, uma realidade diferente, mas real, na maioria das vezes melhor do que a que ele vive. Melhor ainda, conclui-se que quando usada de forma correta, as TICs, tornam o trabalho do professor de inglês mais fácil, visto que a internet é um mundo cheio de possibilidades. Além disso o aluno que está aprendendo inglês, poderia por exemplo, criar grupo de bate-papo com nativos, ou seja, praticar a socialização e descobrir um mundo novo e cheio de oportunidades, um mundo que a cada dia é mais globalizado, e portanto, mais dependente de ferramentas ágeis e de fácil manipulação, que é o caso de celulares, notebooks, pcs e tantos outros.... As TICS, então, não agiriam somente como ferramenta de educação, mas também como ferramenta social, já que possibilita ao aluno um desapego de um mundo cheio de dificuldades e um apego a um mundo onde suas ambições tornam-se realidade, e suas mazelas desaparecem num clicar de um mouse. Há uma jornada longa e, portanto, há uma necessidade de buscar conhecimento e derrubar os entraves. Não há como negar que um professor bem preparado, irá fazer sim, diferença na vida do seu aluno, basta apenas que ele queira se preparar e utilize estas ferramentas com responsabilidade e sabedoria que se espera de um mestre. 5 REFERÊNCIAS BRAGA, Junia de Carvalho Fidelis. Integrando tecnologias no ensino de inglês nos anos finais do ensino fundamental - São Paulo: Edições SM, 2012. MORAN, J.M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Informática Na Educação: Teoria & Prática, Porto Alegre, v. 3, n. 1, p.137-144, set. 2000. MONTEIRO, Silas Borges. Epistemologia da prática: o professor reflexivo e a pesquisa colaborativa. In: GHEDIN, Evandro e PIMENTA, Selma. O professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo. Cortez. 2002 7 MENEZES DE SOUZA, L.M.T. Para uma redefinição de Letramento Crítico: conflito e produção de significado. In: Maciel, R.F. e Araujo, V. de A. Formação de Professores de Línguas: Ampliando Perspectivas. Jundiaí, Paco Editorial 2011, p. 128-140 PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e. O uso da tecnologia no ensino de línguas estrangeiras: breve retrospectiva histórica. Disponível em <http://www.veramenezes.com/techist.pdf>. Acesso em: dezembro, 2012. PAIVA, M. A. V. O professor de matemática e sua formação: a busca da identidade profissional. In: NACARATO, A. M.; PAIVA, M. A. V. (Org.). A formação do professor que ensina matemática: perspectivas e pesquisas. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. p. 89-112 REVUZ, C. A língua estrangeira entre o desejo de um outro lugar e orisco do exílio. In: SIGNORINI, I. (Org.). Lingua(gem) e identidade :elementos para uma discussão no campo aplicado. Campinas: Mercadode Letras, 1998. p. 213-230 WEFFORT, F.C. Educação e Política (Reflexões sociológicas sobre uma pedagogia da Liberdade) In: FREIRE, Paulo. Educação como prática da Liberdade. 2ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1969
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