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A sucessão legítima é aquela direcionada aos herde

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1. A sucessão legítima é aquela direcionada aos herdeiros necessários listados no rol do art. 1.845 do CC/02, cabendo, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) do patrimônio do de cujus a eles. É o típico caso do falecimento de uma mãe que não deixou testamento, e a transmissão de todos os seus bens aos seus filhos. Ou, no falecimento de um homem solteiro, sem filhos, que também não deixou testamento, e a transmissão de todos os seus bens aos seus pais. A sucessão testamentária, por sua vez, é aquela em que o de cujus, ainda em vida, designa um ou mais herdeiros para o recebimento de toda herança a título universal, ou de um determinado bem, a título singular, podendo ser herdeiro(s) necessário(s) ou não. É o caso, pois, da determinação por testamento de todos os bens a uma grande amiga, ou de específicos bens aos filhos, havendo herdeiros necessários do de cujus.Como já mencionado, cumpre esclarecer que a capacidade sucessória não se confunde com a capacidade civil. No que se refere ao nascituro, o art. 1.798 CC/02 cuidou de especificar que, na data do óbito, quem ainda não nasceu, mas já tiver sido concebido, possui capacidade para suceder. Além disso, o art. 2º do CC/02 especifica que a personalidade civil das pessoas naturais começa a partir do início de sua vida, mas a lei assegura, desde a concepção, os direitos do nascituro.
2. Passamos agora à análise dos últimos herdeiros legítimos, sendo estes os parentes colaterais, ou seja, aqueles que são provenientes de um só tronco, até o quarto grau, sem descenderem uns dos outros (BRASIL, 2002, art. 1.592)dois-pontos os irmãos, tios, sobrinhos, tios-avós, sobrinhos-netos e primos-irmãos (filhos(as) dos irmãos(ãs) dos pais do falecido). Desse modo, não havendo descendentes, ascendentes ou cônjuge, os colaterais até o quarto grau serão chamados a suceder (BRASIL, 2002, art. 1.839). Como vimos, se houver companheiro, a herança será dividida entre ele e o(s) colateral(is) (BRASIL, 2002, art. 1.790, III). Observe que, se não for mantido o reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 1.790 (BRASIL, 2002), como menciona Dias U2 - Sucessão legítima 89 (2013), boa parte da doutrina defende que, concorrendo os colaterais com o companheiro, este tem direito a 1/3 dos bens comuns, restando àqueles 2/3 dos aquestos e a integralidade dos bens particulares do falecido, fazendo com que os colaterais sejam mais beneficiados diante de uma relação de união estável, já que, no casamento, eles somente herdam diante da ausência do cônjuge (BRASIL, 2002, art. 1.829, IV). Entre os colaterais, os irmãos são os primeiros na ordem de sucessão legítima, seguidos dos sobrinhos e depois dos tios (BRASIL, 2002, art. 1.843). Assim, os sobrinhos não concorrem com os tios no recebimento da herança. Entretanto, havendo tios-avós e sobrinhos-netos, dividem a herança igualmente entre si.
3. Analisando esse dispositivo legal, fica parecendo que o testamento deverá sempre prevalecer, incidindo os termos da lei apenas no que ele não tratou. Contudo, é importante esclarecer que, embora a vontade do falecido deva, sim, ser enaltecida e devamos sempre ir ao encontro de seus anseios, a lei também estabelece alguns limites e critérios para que o testamento seja cumprido (assuntos que estudaremos adiante e, mais especificamente, na Unidade 3, quando falarmos sobre a sucessão testamentária). Entre esses limites, desde já, destacamos o limite imposto à liberdade de testar, tendo em vista que ao autor da herança só é permitido dispor, em testamento, de metade (50%) do seu patrimônio quando ele tiver descendentes, ascendentes e cônjuges, pois a eles, tidos como herdeiros necessários, é garantido o direito à legitima que corresponde a, no mínimo, metade da herança, nos termos do art. 1.845 e 1.846, do Código Civil
4. Ressalta-se que a renúncia terá caráter ex tunc, ou seja, desde a data da abertura da sucessão, como se o acervo hereditário nunca tivesse sido transferido àquele que renunciou a herança, motivo pelo qual o que foi objeto de renúncia retorna aos demais herdeiros e não aos descendentes de quem a renunciou. Nesse sentido, o artigo 1.808 do Código Civil estabelece que tanto a aceitação quanto a renúncia não podem ser exercidas de forma parcial, sob condição ou a termo, o mesmo valendo para os herdeiros testamentários ou legatários. O §2o, do mesmo dispositivo legal esclarece, contudo, que se um herdeiro for chamado por mais de um quinhão, poderá deliberar sobre qual aceitará.
5. É legítima a possibilidade de ver reconhecida a paternidade biológica, pois, conforme julgamento em sede de repercussão geral, merecem tutela jurídica concomitante, para todos os fins de direito, os vínculos parentais de origem afetiva e biológica, a fim de prover a mais completa e adequada tutela aos sujeitos envolvidos, ante os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável.O Pleno do Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, fixou no dia 22 de Setembro de 2016 a tese de repercussão geral, admitida no Recurso Extraordinário nº 898.060-SC, julgado na sessão do dia anterior, quando resultou definido que a existência de paternidade socioafetiva não exime de responsabilidade o pai biológico

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