Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PRINCÍPIOS DE QUÍMICA 2020.6 Organizador: Elmar Damasceno Junior UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA MÓDULO 2 Reações Químicas em Solução Aquosa Material elaborado durante o Estágio à Docência na disciplina de Princípios de Química Analítica, sob orientação da Profa. Dra. Nedja Suely Fernandes. A apostila foi montada a partir de conteúdos apresentados em referências bibliográficas. 1 Reações Químicas em Solução Aquosa PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 Solubilidade -À medida que um soluto sólido começa a se dissolver em um solvente, a concentração de partículas de soluto na solução aumenta, aumentando as chances de que algumas partículas de soluto colidam com a superfície do sólido e reconectem-se. -Esse processo, que é o oposto do processo de dissolução, é chamado de cristalização. -Assim, dois processos ocorrem em uma solução em contato com o soluto não dissolvido. Essa situação é representada em uma equação química de duas meias setas: Soluto + Solvente Solução -Quando as taxas desses processos opostos se tornam iguais, um equilíbrio dinâmico, entre o soluto não dissolvido e o soluto dissolvido na solução, é estabelecido e não há mais aumento na quantidade de soluto na solução. Solução saturada → Uma solução que está em equilíbrio com o soluto não dissolvido. O soluto adicional não se dissolve se adicionado a uma solução saturada. -A quantidade de soluto necessária para formar uma solução saturada em uma determinada quantidade de solvente é conhecida como a solubilidade desse soluto. Solubilidade: É a quantidade máxima de soluto que pode se dissolver em uma determinada quantidade de solvente a uma temperatura especificada, dado que o excesso de soluto está presente. Unidade mais utilizada: g do soluto por 100 g de solvente. Exemplo: A solubilidade de NaCl em água é de 35,7 g por 100 mL de água. Esta é a quantidade máxima de NaCl que pode ser dissolvida em água para dar uma solução de equilíbrio estável a essa temperatura. -Se dissolvermos menos soluto do que a quantidade necessária para formar uma solução saturada, a solução será insaturada. ✓ Assim, uma solução contendo 10,0 g de NaCl por 100 mL de água é insaturada porque tem capacidade de dissolver mais soluto. -Sob condições adequadas, é possível formar soluções que contenham uma quantidade maior de soluto do que o necessário para formar uma solução saturada. Tais soluções são supersaturadas. Exemplo: -Precipitação de uma solução supersaturada de acetato de sódio. A solução à esquerda (a) foi formada dissolvendo cerca de 170 g do sal em 100 mL de água a 100 °C e depois resfriando lentamente até 20 °C (b). -Como a solubilidade do acetato de sódio é de 46 g por 100 mL de água, a solução é supersaturada. -A adição de um cristal de acetato de sódio faz com que o excesso de soluto cristalize a partir da solução (c). Dissolução Cristalização Quantidade de acetato de sódio dissolvido é maior que a sua solubilidade a essa temperatura. (a) (b) (c) 2 Reações Químicas em Solução Aquosa PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 -Fatores que influenciam a solubilidade: ✓ Interação soluto-solvente; ✓ Pressão; ✓ Temperatura; ✓ Natureza do solvente. Efeito da Temperatura -Conforme dito anteriormente, existe um equilíbrio dinâmico entre o soluto não dissolvido e o soluto dissolvido na solução. -De acordo com o princípio de Le Châtelier, quando adicionamos energia térmica para elevar a temperatura, o sistema responde consumindo parte da energia que adicionamos. ✓ Isso faz com que o equilíbrio “desloque para a direita”. Em outras palavras, mais soluto é dissolvido quando o processo de dissolução é endotérmico (e geralmente é endotérmico, próximo ao ponto de saturação); ✓ Aumentar a temperatura aumentará, na maioria dos casos, a solubilidade do produto; ✓ Situação comum para sólidos dissolvidos em solventes líquidos. -Geralmente, à medida que a temperatura aumenta, a solubilidade dos sólidos aumenta. O açúcar, por exemplo, se dissolve melhor em água quente do que em água fria. -Alguns solutos, como o sulfato de cério (III), Ce2(SO4)3, tornam-se menos solúveis com o aumento da temperatura. A energia deve ser liberada de uma solução saturada de Ce2(SO4)3para fazer com que mais soluto se dissolva. -Para a sua reação de equilíbrio, devemos mostrar “energia” no lado direito, porque o calor é liberado. Soluto não dissolvido Soluto dissolvido + energia Solubilidade de Compostos Iônicos em Meio Aquoso Capacidade de dissolução → A capacidade de dissolução de um sal em água é fortemente influenciada pela entalpia de dissolução, que representa o calor envolvido na dissolução de uma substância em um dado solvente à pressão constante. -A figura abaixo mostra uma seção de um cristal de NaCl em contanto com a água. Os dipolos das moléculas de água se orientam de forma que as extremidades negativas de algumas apontam para os íons Na+ e as extremidades positivas de outras apontam para os íons Cl-. -Em outras palavras, ocorrem atrações íon-dipolo que tendem a puxar os íons do cristal. Nos cantos e bordas do cristal, os íons são mantidos por menos vizinhos dentro do sólido e, portanto, são mais facilmente desalojados do que aqueles em qualquer outra parte da superfície do cristal. -Conforme as moléculas de água desalojam esses íons, novos cantos e bordas são expostos e o cristal continua a se dissolver. -À medida que se tornam livres, os íons ficam completamente rodeados por moléculas de água. O fenômeno é denominado dissolução de íons. 3 Reações Químicas em Solução Aquosa PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 -O termo geral para o entorno de uma partícula de soluto por moléculas de solvente é solvatação; portanto, dissolução(ou hidratação) é apenas um caso especial de solvatação. -Os compostos iônicos são capazes de se dissolver na água quando as atrações entre os dipolos e os íons superaram as atrações dos íons entre si dentro do cristal. Em outras palavras, a tração eletrostática entre os íons no retículo deve ser superada. -Eventos semelhantes explicam por que os sólidos compostos de moléculas polares, como as do açúcar, se dissolvem em água. As atrações entre o solvente e os dipolos do soluto ajudam a desalojaras moléculas do cristal e colocá-las em solução. Solvatação → é o processo de associação das moléculas ou íons de um soluto em uma solução via forças intermoleculares. A solvatação ocorre em solução iônica quanto moleculares. ENTALPIA DE DISSOLUÇÃO -Podemos considerar o processo de solução como tendo três componentes, cada um com uma alteração de entalpia associada: partículas de soluto separadas um das outras (ΔHsoluto), partículas de solvente separadas uma das outras (ΔHsolvente) e mistura de partículas de soluto e solvente (ΔHmistura). A mudança geral de entalpia, ΔHsol, é: ΔHsol = ΔHsoluto + ΔHsolvente + ΔHmistura -A separação das partículas de soluto umas das outras sempre requer uma entrada de energia para superar suas interações atraentes. O processo é, portanto, endotérmico (ΔHsoluto > 0). Da mesma forma, a separação de moléculas de solvente para acomodar o soluto também requer energia. O terceiro componente, que surge das interações atrativas entre partículas de soluto e partículas de solvente, é sempre exotérmico (ΔHsoluto < 0). ✓ Dissolução endotérmica: Nesta situação, somente a entalpia de solvatação não é suficiente para superar as forças atrativas entre os íons. Nesse caso, registra-se uma diminuição de temperatura. A entalpia de dissolução será positiva (ΔHsol > 0). 4 Reações Químicas em Solução AquosaPRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 ✓ Dissolução exotérmica: Nessa situação, a energia de rede é superada pela entalpia de solvatação. As interações soluto-soluto (íon-íon) são menos intensas que o somatório de todas as interações solvente- solvente. Observa-se um aumento de temperatura e a entalpia de dissolução será negativa (ΔHsol < 0). O processo tende a ser espontâneo. -Em muitos casos, a entalpia de dissolução para compostos iônicos em água é positiva. Se a entalpia de solução for muito positiva e o segundo termo da equação de energia livre (relacionado à desordem) ΔG = ΔH – TΔS > 0, não for suficiente para compensá-la, o composto iônico será insolúvel. Íons em Solução Aquosa: Eletrólitos -A água pura é um condutor muito ruim de eletricidade. A condutividade da água se origina das substâncias dissolvidas, não da própria água. -Entretanto, nem todas as substâncias que se dissolvem na água conduzem a solução resultante. Exemplo: -Imagine preparar duas soluções aquosas – uma dissolvendo uma colher de chá de sal de mesa (cloreto de sódio) em um copo de água e a outra dissolvendo uma colher de chá de açúcar de mesa (sacarose) em um copo de água. -Ambas as soluções são claras e incolores, mas possuem condutividades diferentes: a solução salina é um bom condutor de eletricidade, enquanto a solução de açúcar não. -Para que a lâmpada do dispositivo acenda, deve haver uma corrente (isto é, um fluxo de partículas eletricamente carregadas) entre dois eletrodos imersos na solução. -A condutividade da água pura não é suficiente para completar o circuito elétrico e acender a lâmpada. -A situação muda quando os íons estão presentes na solução porque os íons carregam carga elétrica de um eletrodo para outro, completando o circuito. -Assim, a condutividade das soluções de NaCl indica a presença de íons. A falta de condutividades das soluções de sacarose indica a ausência de íons. -Quando o NaCl se dissolve na água, a solução contém íons e, cada um rodeado por moléculas de água. Quando a sacarose (C12H22O11) se dissolve em água, a solução contém apenas moléculas de sacarose neutras rodeadas por moléculas de água. -Uma substância (como NaCl) cujas soluções aquosas contém íons é chamada de eletrólito. Uma substância (como C12H22O11) é chamada de não eletrólito. As diferentes classificações de NaCl e C12H22O11 surgem em grande parte porque o NaCl é iônico, enquanto o C12H22O11 é molecular. 5 Reações Químicas em Solução Aquosa PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 E A ÁGUA? É CONSIDERADA UM ELETRÓLITO OU NÃO? -Conforme veremos no módulo referente à equilíbrio iônico, a água sofre auto ionização, formando íons H3O+ e OH-. Dessa forma, conceitualmente, a água é considerada um eletrólito. Entretanto, a condutividade da água pura é baixíssima (cerca de 0,055 µS/cm), insuficiente para completar o circuito elétrico e acender a lâmpada no exemplo apresentado anteriormente. Eletrólitos → Solutos que, quando dissolvidos em água (ou em alguns outros solventes) formam íons e assim produzem soluções que conduzem eletricidade. Os eletrólitos diferem na medida que conduzem eletricidade. ✓ Eletrólitos fortes: substâncias que se dissociam completamente em água e cujas soluções são boas condutoras de eletricidade. ✓ Eletrólitos fracos: substâncias que produzem concentrações baixas ao se dissolverem em água e cujas soluções não são boas condutoras de eletricidade. ✓ Não eletrólitos: substâncias que se dissolvem em água, mas não se ionizam e não conduzem corrente elétrica. Não há formação de íons. OBS.: A ideia de que sais como o NaCl dissociam- se completamente em solução é uma simplificação. Na verdade, uma concentração mensurável de espécies de “pares de íons”, também ocorre em solução. *H2SO4 é completamente dissociado para formar os íons HSO4- e H3O+ e, por essa razão, é considerado um eletrólito forte. Deve-se observar, entretanto, que o íon HSO4- é um eletrólito fraco, sendo apenas parcialmente dissociado para formar SO42- e H3O+. -Devemos ter cuidado para não confundir até que ponto um eletrólito se dissolve (sua solubilidade) com se ele é forte ou fraco. Por exemplo, o ácido acético (CH3COOH) é extremamente solúvel em água, mas é um eletrólito fraco. O Ca(OH)2, por outro lado, não é muito solúvel em água, mas a quantidade que se dissolve se dissocia quase completamente. Assim, Ca(OH)2 é um eletrólito forte. -Quando um eletrólito fraco, como o ácido acético, se ioniza em solução, escrevemos a reação na seguinte forma: CH3COOH(aq) ⇌ CH3COO-(aq) + H+(aq) -As meias setas (seta dupla) apontando em direções opostas significam que a reação é significativa em ambas as direções. A qualquer momento, algumas moléculas de CH3COOH estão se ionizando para formar íons, e íons estão se recombinando para formar CH3COOH. Classificação de Eletrólitos Fortes 1. Ácidos inorgânicos como HNO3, HClO4, H2SO4*, HCl, HI, HBr, HClO3, HBrO3 2. Hidróxidos alcalinos e alcalinos-terrosos 3. A maioria dos sais Fracos 1. Muitos ácidos inorgânicos, incluindo H2CO3, H3BO3, H3PO4, H2S, H2SO3 2. A maioria dos ácidos orgânicos 3. Amônia e a maioria das bases orgânicas 4. Haletos, cianetos e tiocianatos e Hg, Zn e Cd Anotações ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ 6 Reações Químicas em Solução Aquosa PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 -Os químicos usam meias setas em direções opostas para representar a ionização de eletrólitos fracos e uma única seta para representar a ionização de eletrólitos fortes. -Como o HCl é um eletrólito forte, escrevemos a equação para a ionização do HCl como: HCl(aq) → H+(aq) + Cl-(aq) -A ausência de uma seta apontando para a esquerda indica que os íons e não têm tendência a se recombinar para formar moléculas de HCl. -A ausência de uma seta apontando para a esquerda indica que os íons não têm tendência a se recombinar para formar moléculas de HCl. Equações de Reações Iônicas -Frequentemente, os compostos iônicos reagem uns com os outros quando suas soluções aquosas são combinadas. Por exemplo, quando soluções de nitrato de chumbo (II), Pb(NO3)2, e iodeto de potássio, KI, são misturada, um precipitado amarelo de iodeto de chumbo (II), PbI2, se forma, conforme mostrado na figura a seguir. -A equação química para a reação é: Pb(NO3)2(aq) + 2KI(aq) → PbI2(s) + 2KNO3(aq) -Onde notamos a insolubilidade de PbI2 escrevendo (s) seguindo sua fórmula. Isso é chamado de equação geral, porque todas as fórmulas são escritas com os íons juntos, como se as substâncias em solução consistissem em espécies neutras. -A equação apresentada anteriormente é adequada para realizar cálculos estequiométrico, mas vamos examinar outras maneiras de escrever a equação química. -Os compostos iônicos solúveis são totalmente dissociados em solução. Sendo assim, Pb(NO3)2, KI e KNO3 não estão presentes na solução como unidades intactas. -Para mostrar isso, podemos escrever as fórmulas de todos os eletrólitos fortes solúveis na forma “dissociada” para dar a equação iônica para a reação. Pb(NO3)2(aq) + 2KI(aq) → PbI2(s) + 2KNO3(aq) Pb2+(aq) + 2NO3-(aq) + 2K+(aq) + 2I-(aq) → PbI2(s) + 2K+(aq) + 2NO3-(aq) -Observe que não separamos PbI2 em seus íons nesta equação. Isso ocorre porque o PbI2 tem uma solubilidade extremamente baixa em água; é essencialmente insolúvel. Vamos exercitar? 2.1 O sal de Epsom, MgSO4•7H2O, é vendido nas drogarias e usado, na forma de solução aquosa, para várias finalidades medicinais.O metanol, CH3OH, é dissolvido na gasolina no inverno em climas mais frios para impedir a formação de gelo em linhas de combustível do automóvel. Qual desses compostos é um eletrólito e qual é um não-eletrólito? Anotações ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ 7 Reações Químicas em Solução Aquosa PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 -Quando os íons Pb2+ e I- se encontram na solução. o PbI2 insolúvel se forma e se separa como um precipitado. Portanto, após o térmico da reação, os íons Pb2+ e I- não são mais capazes de se mover independentemente. Eles estão presos no produto insolúvel. -A equação iônica fornece uma imagem mais clara do que realmente está acontecendo na solução durante a reação. Os íons Pb2+ e I- se unem para formar o produto. Os outros íons, K+ e NO3-, não são alterados pela reação. -Os íons que não participam de fato de uma reação são chamados de íons espectadores; em certo sentido, eles apenas “ficam parados e observam a reação”. -Para enfatizar a reação real que ocorre, podemos escrever a equação iônica simplificada, que é obtida eliminando os íons espectadores da reação iônica. Pb2+(aq) + 2NO3-(aq) + 2K+(aq) + 2I-(aq) → PbI2(s) + 2K+(aq) + 2NO3-(aq) Pb2+(aq) + 2I-(aq) → PbI2(s) -Observe como ela chama nossa atenção para os íons que estão realmente participando da reação, bem como para a mudança que ocorre. Reações entre Eletrólitos -Todas as reações químicas são descritas por uma equação química. As reações químicas são classificadas em dois tipos gerais: reações redox, nas quais ocorrem mudança no estado de oxidação dos componentes do sistema reacional; e reações não redox em que não ocorre mudança de estado de oxidação em algum elemento e/ou substância do sistema reacional. Ambos os tipos de reações são comuns na análise química. Reações não redox → São aquelas que não ocorre transferência de elétrons entre as espécies envolvidas. REAÇÕES DE PRECIPITAÇÃO -Reações nas quais sais insolúveis são formados quando os componentes são colocados em uma solução aquosa e, nesse meio aquoso, há remoção dos íons diretamente envolvidos na reação de precipitação. IMPORTANTE! Ver tabela anexada ao final da apostila com a REGRA GERAL para solubilidade em meio aquoso de compostos iônicos. Exemplo: Formação do precipitado de cloreto de prata. AgNO3(aq) + NaCl(aq) → AgCl(s) + NaNO3(aq) Equação Geral Ag+(aq) + NO3-(aq) + Na+(aq) + Cl-(aq) → AgCl(s) + Na+(aq) + NO3-(aq) Equação Iônica Ag+(aq) + Cl-(aq) → AgCl(s) Equação Iônica Simplificada Vamos exercitar? 2.2 Quando as soluções de (NH4)2SO4 e Ba(NO3)2 são misturadas, um precipitado de BaSO4 se forma, deixando NH4NO3 solúvel na solução. Escreva as equações geral, iônica e iônica simplificada para a reação. (Dica: lembre-se de que os íons poliatômicos não se separam quando os compostos iônicos se dissolvem na água). Anotações ___________________________________________ ___________________________________________ 8 Reações Químicas em Solução Aquosa PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 REAÇÕES COM FORMAÇÃO DE GÁS -Soluções contendo sulfeto, S2-, e carbonatos, CO32- , reagem prontamente com ácidos ocorrendo liberação de gases, cuja remoção é a força motora da reação. Exemplo: Reação entre Na2S(aq) e HCl(aq). 2HCl(aq) + Na2S(aq) → H2S(g) + 2NaCl(aq) Equação Geral 2H+(aq) + 2Cl-(aq) + 2Na+(aq) + S2-(aq) → H2S(g) + 2Na+(aq) + 2Cl-(aq) Equação Iônica 2H+(aq) + S2-(aq) → H2S(g) Equação Iônica Simplificada Reações redox → São reações químicas em que ocorre mudança no número de oxidação das substâncias reagentes devido à transferência de elétrons. -A oxidação é definida como a perda de elétrons, e a redução, como um ganho de elétrons. -Agente oxidante é toda espécie química que pode ganhar elétrons diminuindo o seu estado de oxidação; agente redutor é toda espécie química que pode doar elétrons aumentando o seu estado de oxidação. -Nas reações redox, os processos de oxidação e redução ocorrem simultaneamente, envolvendo a transferência de elétrons entre um agente redutor (doador de elétrons) e um agente oxidante (receptor de elétrons). -Os metais são oxidados por ácidos para formarem sais. Durante a reação, 2H+(aq) é reduzido para H2(g). Exemplo: O níquel metálico se dissolve em contato com a solução de ácido clorídrico porque ocorre a seguinte reação: Ni(s) + 2HCl(aq) → NiCl2(aq) + H2(g) Neste caso, a solução resultante não é a do metal Ni, mas sim o seu sal NiCl2. Se a solução é evaporada até a secura, esse sal pode ser recuperado. Vamos exercitar? 2.3 Escreva as equações geral, iônica e iônica simplificada para a reação de soluções aquosas de nitrato de chumbo (II) e cromato de potássio, que produz um precipitado de cromato de chumbo (II) e deixa o composto nitrato de potássio em solução. Vamos exercitar? 2.4 O carbonato de bário, BaCO3, é muito utilizado em fábricas de tijolos, de cerâmica, de vidro e indústria química. Escreva uma equação balanceada que mostre o que acontece quando o carbonato de bário é tratado com ácido nítrico. 9 Reações Químicas em Solução Aquosa PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 -Os metais também podem ser oxidados por outros sais. Observe no exemplo abaixo que o Fe é oxidado para Fe2+ e o Ni2+ é reduzido para Ni. Fe(s) + Ni2+(aq) → Fe2+(aq) + Ni(s) -Alguns metais são facilmente oxidados; outros não. Para facilitar tal interpretação, os metais são organizados em ordem decrescente pela facilidade de oxidação numa lista chamada série de atividade. -Quanto mais no topo da tabela estiver o metal, mais ativo ele é. Qualquer metal pode ser oxidado pelos íons dos elementos abaixo dele. IMPORTANTE! Ver tabela anexada ao final da com a SÉRIE DE ATIVIDADE. REAÇÕES DE NEUTRALIZAÇÃO -Surge da mistura de um ácido e uma base e origina como produto um sal e a água. Exemplo: Reação entre HCl e NaOH. HCl(aq) + NaOH(aq) → H2O(l) + NaCl(aq) Equação Geral H+(aq) + Cl-(aq) + Na+(aq) + OH-(aq) → H2O(l) + Na+(aq) + Cl-(aq) Equação Iônica H+(aq) + OH-(aq) → H2O(l) Equação Iônica Simplificada Referências DIAS, S. L. P.; BOHRER, F. M. G.; LUCA, M. A. DE; VAGHETTI, J. C. P.; BRASIL, J. L. Análise Qualitativa em Escala Semicro. Porto Alegre: Bookman, 2016. FERNANDES, Nedja Suely – Notas de Aula da Disciplina Princípios de Química Analítica – Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2020. SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUNCH, S. R. Fundamentos de Química Analítica – 9ª Ed. São Paulo: Cengage Learnig, 2015. JESPERSEN, N. D.; BRADY, J. E.; HYSLOP, A. Chemistry: the molecular nature of matter – 6ª Ed. New York: Wiley, 2012. BROWN, T. L.; LEMAY JR., H. E.; BURSTEN, B. E.; MURPHY, C. J.; WOODWARD, P. M. Chemistry: the central science – 12ª Ed. New York: Pearson, 2012. SILVA, Luciana Almeida; MARTINS, Cláudia Rocha; ANDRADE, Jailson Bittencourt de. Por que todos os nitratos são solúveis?. Quím. Nova, v. 27, n. 6, p. 1016-1020, 2004. Respostas Vamos exercitar 2.1 MgSO4•7H2O – eletrólito. Sal solúvel em água que se dissocia completamente, formando íons. Consequentemente, a solução resultante é capaz de conduzir eletricidade. MgSO4(aq) → Mg2+(aq) + SO42-(aq) CH3OH – não eletrólito. O metanol é um solvente orgânico molecular, formado por ligações covalentes. Portanto, o metanol não se dissocia em água e, consequentemente, não ocorre formação de íons. O composto é miscível em água e as moléculas permanecem solvatadas em solução. 2.2 Ba(NO3)2(aq) + (NH4)2SO4(aq)→ BaSO4(s) + 2NH4NO3(aq) Equação Geral 10 Reações Químicas em Solução Aquosa PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 Ba2+(aq) + 2NO3-(aq) + 2NH4+(aq) + SO42-(aq) → BaSO4(s) + 2NH4+(aq) + 2NO3-(aq) Equação Iônica Ba2+(aq) + SO42-(aq) → BaSO4(s) Equação Iônica Simplificada 2.3 Pb(NO3)2(aq) + K2CrO4(aq) → PbCrO4(s) + 2KNO3(aq) Equação Geral Pb2+(aq) + 2NO3-(aq) + 2K+ (aq) + CrO42-(aq) → PbCrO4(s) + 2K+(aq) + 2NO3-(aq) Equação Iônica Pb2+(aq) + CrO42-(aq) → PbCrO4(s) Equação Iônica Simplificada 2.4 BaCO3(s) + 2HNO3(aq) → Ba(NO3)2(aq) + CO2(g) + H2O(l) 11 Reações Químicas em Solução Aquosa PRINCÍPIOS DE QUÍMICA ANALÍTICA | QUI0054 Universidade Federal do Paraná – Setor de Ciências Exatas – Departamento de Química Tabela de íons – versão 2 Prof. Dr. Flávio Massao Matsumoto Cátions (íons positivos) Ag+ prata Al3+ alumínio As3+ arsênio(III) Be2+ berílio Ba2+ bário Ca2+ cálcio Cd2+ cádmio Ce3+ cério(III) ou ceroso Ce4+ cério(IV) ou cérico Co2+ cobalto(II) ou cobaltoso Co3+ cobalto(III) ou cobáltico Cr2+ cromo(II) ou cromoso Cr3+ cromo(III) ou crômico Cs+ césio Cu+ cobre(I) ou cuproso Cu2+ cobre(II) ou cúprico Fe2+ ferro(II) ou ferroso Fe3+ ferro(III) ou férrico H+ hidrogênio Hg22+ mercúrio(I) ou mercuroso Hg2+ mercúrio(II) ou mercúrico K+ potássio La3+ lantânio Li+ lítio Mg2+ magnésio Mn2+ manganês(II) Na+ sódio NH4+ amônio (CH3)4N+ tetrametilamônio (C2H5)4N+ tetraetilamônio Ni2+ níquel(II) Pb2+ chumbo(II) ou plumboso Pb4+ chumbo(IV) ou plúmbico Pd2+ paládio(II) Pd4+ paládio(IV) Pt2+ platina(II) Pt4+ platina(IV) Rb+ rubídio Sc3+ escândio Sn2+ estanho(II) ou estanoso Sn4+ estanho(IV) ou estânico Sr2+ estrôncio Y3+ ítrio Zn2+ zinco Ânions (íons negativos) AlO2– aluminato AsO33– arsenito (ortoarsenito) AsO43– arsenato BO33– ortoborato B4O72– tetraborato BF4– tetrafluorborato Br– brometo OBr– hipobromito BrO2– bromito BrO3– bromato BrO4– perbromato Cl– cloreto OCl– hipoclorito ClO2– clorito ClO3– clorato ClO4– perclorato CO32– carbonato HCO3– hidrogenocarbonato ou bicarbonato C2O42– oxalato CN– cianeto OCN– cianato SCN– tiocianato HCO2– formiato ou metanoato CH3CO2– acetato ou etanoato FCH2CO2– fluoroacetato ClCH2CO2– cloroacetato C6H5CO2– benzoato CrO42– cromato Cr2O72– dicromato F– fluoreto [Fe(CN)6]4– hexacianoferrato(II) ou ferrocianeto [Fe(CN)6]3– hexacianoferrato(III) ou ferricianeto H– hidreto I– iodeto OI– hipoiodito IO2– iodito IO3– iodato IO4– metaperiodato IO65– ortoperiodato MnO42 – manganato MnO4– permanganato N3– azida ou azoteto NO2– nitrito NO3– nitrato NH2– amideto O2– óxido OH– hidróxido O22– peróxido O2– superóxido PO43– fosfato (ortofosfato) HPO42– monoidrogenofosfato H2PO4– diidrogenofosfato P2O74– pirofosfato H2PO2– hipofosfito HPO32– fosfito PF6– hexafluorfosfato S2– sulfeto HS– hidrogenossulfeto ou bissulfeto SO32– sulfito HSO3– hidrogenossulfito ou bissulfito SO42– sulfato HSO4– hidrogenossulfato ou bissulfato S2O82– persulfato S2O32– tiossulfato SiO44– ortossilicato
Compartilhar