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Thiago Correia de Matos - AV2 Processo Civil

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1) Anitta, incapaz, representado por sua mãe, Ludmilla, promoveu ação de alimentos em face de Mateus, 
na qual foi proferida sentença de procedência integral do pedido. O réu, Mateus, ao constatar a ausência 
de manifestação do Ministério Público nos autos, interpõe apelação tempestiva, pleiteando anulação de 
todo o processo com base na ausência de intervenção no feito do órgão ministerial, que, no caso, é 
obrigatória. INDAGA-SE: 
 
a) A alegação enunciada pelo apelante deve ser acolhida? Sua resposta seria a mesma se o autor não 
tivesse conseguido o valor de prestação alimentícia almejado na petição inicial? 
Resposta:​ Não, a alegação feita pelo Réu não deve ser acolhida, como disposto no Art. 279 §2, novo CPC. 
“É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva 
intervir. ​§ 2º A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará sobre 
a existência ou a inexistência de prejuízo.” 
 
Não houve prejuízo para o autor. Se houvesse prejuízo para o autor (incapaz) aí sim, pediria-se a nulidade do 
processo, por ausência do Ministério Público. 
 
2) Desejando propor ação de dissolução da sociedade empresária Casa Cruz Ltda., Mário Cruz, tendo 
ciência de que um dos sócios, Bruno, está ausente do país, omite sua qualificação na inicial, e ajuíza a 
demanda em tela somente contra os demais sócios, Carlos e Daniel. Indaga-se: 
Qual providência deve ser adotada pelo juiz? 
Classifique o litisconsórcio formado no pólo passivo da referida demanda. Responda fundamentadamente, 
indicando os dispositivos legais pertinentes 
O litisconsórcio é passivo necessário​. ​Como dispõe o ​Art. 115 ​do novo​ CPC 
“A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será: 
I​ - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo; 
II​ - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados. 
Parágrafo único​. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a 
citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo. 
Caberá ao Juiz declarar a anulação do processo. 
3) Renato, recém-nascido, e Antônia, sua mãe, são autores de ação ajuizada em desfavor de Luiz, suposto 
pai de Renato. Na ação, são pleiteados a declaração de paternidade de Luiz em favor de Renato e o 
ressarcimento de despesas decorrentes do parto em favor de Antônia. Essa situação configura hipótese de 
litisconsórcio: 
D) Litisconsórcio facultativo e comum. O litisconsórcio é facultativo porque poderiam ser ajuizadas demandas 
diversas em face do mesmo réu: uma ajuizada por Renato, requerendo a declaração de sua paternidade, e outra 
ajuizada por Antônia, requerendo o ressarcimento das despesas com o parto do filho comum. Não há 
obrigatoriedade para que figurem, em conjunto, no polo ativo da ação. ​É sucessivo por que a apreciação do 
segundo pedido, depende da procedência do primeiro; Se ele não for o pai, logo, não deverá pagar as despesas 
decorrentes do parto. Caso seja, aí sim, poderá ter o mérito do segunda pedido analisado. Como poderá ter o 
mérito analisa, também poderá ser negado o segundo pedido, tornando-o comum, pois quando a decisão de 
mérito puder ser diferente para os litisconsortes. A simples possibilidade de a decisão de mérito ser diferente já 
torna comum o litisconsórcio. 
4) André ajuizou ação de cobrança contra Reinaldo e Letícia, demandando o pagamento de alugueres de 
um imóvel que lhes havia locado, mediante contrato verbal. Em sua contestação, Reinaldo nega a 
existência de locação, argumentando que o imóvel lhes havia sido cedido em comodato. Por sua vez, na 
contestação de Letícia, ela admite a existência da locação, sustentando que ela e Reinaldo, seu irmão, 
deixaram de pagar os alugueres por conta de dificuldades financeiras. Nesse caso, dada a existência do 
litisconsórcio passivo, a confissão de Letícia quanto à existência da locação: 
 
A faz prova apenas contra ela, Letícia. Desta forma ​o litisconsórcio será simples e não unitário. 
Novo CPC, 
Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes. 
Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, 
exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicaram os outros, mas os 
poderão beneficiar. 
 
5) Analise as assertivas abaixo e após responda o que se pede: 
 
I. Realizada a citação o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. 
Alínea I do Art. 485, § 4o "Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da 
ação". A questão diz que foi realizada a citação e não foi oferecida a contestação, por isso, o autor ainda poderá 
desistir sem o consentimento do réu. 
 
II. Os litisconsortes, ainda que casados, que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia 
distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, 
independentemente de requerimento, em processos físicos e eletrônicos. 
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos 
contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de 
requerimento. 
 
III. Não é possível a denunciação de funcionário em ação indenizatória ajuizada contra empresa por vício de 
fabricação do produto. 
É possível o ajuizamento de ação de indenização por acidente de trânsito contra o segurado apontado como 
causador do dano e contra a seguradora obrigada por contrato de seguro, desde que os réus não tragam aos autos 
fatos que demonstrem a inexistência ou invalidade do contrato de seguro (nem o causador do dano nem a 
seguradora negam a existência do seguro ou questionam as cláusulas do contrato). 
 
O STJ afirmou que esse ajuizamento contra ambos é possível porque não haverá nenhum prejuízo para a 
seguradora, considerando que ela, certamente, seria convocada para compor a lide, por meio de denunciação da 
lide, pelo segurado. 
STJ. 4ª Turma. REsp 710.463-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 9/4/2013. 
 
IV. Nas ações de fornecimento de medicamentos, em razão da solidariedade entre a União, os Estados e os 
Municípios, é necessário o chamamento ao processo dos demais entes federativos. 
Errada, pois em face apenas de um Ente Federativo 
Não cabe aos entes federativos fazer o chamamento nas ações de saúde pública. 
 
A sequência correta corresponde a assertiva: F, V, V, F 
 
 
 
 
 
 
6) Natasha, domiciliada em Niterói, recebeu a informação de que um imóvel de sua propriedade, situado 
em Itaboraí, havia sido invadido pelo ex-namorado, Bruce. Apurada a veracidade da notícia, Helena 
propôs ação de reintegração de posse em face do invasor, tendo distribuído a sua petição inicial na 
Comarca de Niterói. Nesse cenário, é correto afirmar que a demanda foi proposta no: 
 
E) foro absolutamente incompetente, devendo tal vício ser reconhecido de ofício pelo juiz. 
 
Foro da situação da coisa (regra geral). O art. 47 prevê que para as ações fundadas em direito real sobre 
imóveis será competente o foro da situação da coisa (foro rei sitae). Essa ​competência é absoluta para as ações 
que recaíram sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e nunciação deobra nova (art. 47, § 1º). Para as ações possessórias que envolvam bens imóveis também não há mudanças. O 
CPC/2015 apenas criou um novo dispositivo (§ 2º) para evidenciar o entendimento segundo o qual, em se 
tratando de ação fundada em direito de posse sobre bem imóvel, será competente o foro da situação da coisa 
(competência absoluta). Tal regra prevalece sobre o princípio da ​perpetuatio jurisdictionis.

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