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Questões de Direito Constitucional

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1- Maria, Prefeita do Município de Jacobal do Sul, no curso do mandato, deseja 
concorrer ao cargo de Senadora da República que ocorrerá em outubro 
próximo, ou seja, daqui a 09 (nove) meses. Você, advogado(a), foi procurado(a) 
por Maria para orientá-la sobre que medidas ela deve adotar, no que tange às 
inelegibilidades, para viabilizar a candidatura. responda justificadamente. 
 
Primeiramente eu lhe perguntaria sua idade, tendo em vista que a constituição 
em seu Art. 14, § 3° nos alerta sobre a idade mínima para concorrer ao cargo de 
Senadora, que é no mínimo 35 anos. 
Em segundo lugar, alertaria sobre a renúncia que ela deverá realizar seis meses 
antes do pleito para poder se candidatar ao cargo de Senadora, como é 
estabelecido pela constituição em seu Art. 14, § 6°. 
Em terceiro lugar, lhe explicaria a necessidade de possuir domicílio eleitoral no 
estado pelo qual ela irá concorrer ao cargo e, a necessidade de estar inscrita 
em algum partido político. 
 
2- Determinado tratado internacional de proteção aos direitos humanos, após ser 
assinado pelo Presidente da República em 2005, foi aprovado, em cada casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por quatro quintos dos votos dos 
respectivos membros, sendo promulgado na ordem interna. Após a sua 
promulgação na ordem jurídica interna, percebeu-se que ele era 
absolutamente incompatível com regra constitucional que disciplinava certo 
direito dos administrados perante a Administração Pública, já que o ampliava 
consideravelmente. Com base na situação narrada, responda aos itens a seguir. 
A) O referido tratado pode ser considerado norma válida de natureza 
constitucional? 
A Constituição Federal de 1988 é clara ao afirmar que os tratados internacionais sobre 
direitos humanos aprovados com o procedimento do art. 5º, § 3º (aprovação nas duas 
Casas do Congresso Nacional, em dois turnos, por 3/5 dos seus membros), têm força 
de norma constitucional e fazem parte do bloco de constitucionalidade, portanto, o 
referido tratado é formalmente valido. 
 
B) Caso seja identificado algum vício de inconstitucionalidade, seria possível 
submeter esse tratado ao controle concentrado de constitucionalidade 
realizado pelo Supremo Tribunal Federal? 
 
Certamente que sim, por ter sido aprovado de tal modo descrito, tendo assim natureza 
de ato normativo estará sujeito ao controle concentrado de constitucionalidade 
realizado pelo Supremo Tribunal Federal conforme o disposto no Art. 102, inciso I, 
alínea a), da Constituição da República Federativa do Brasil. 
 
 
3- João da Silva é proprietário de um terreno não edificado e que vem servindo de 
atalho para se chegar à única escola pública da sua região. A grande maioria 
das crianças do bairro costumam passar por dentro da propriedade de João da 
Silva. Incomodado com o grande número de crianças circulando em sua 
propriedade, João da Silva resolver proibir a passagem das crianças de pele 
negra, como meio de reduzir o número de crianças que cortam o caminho para 
a Escola por seu terreno. A família de uma das crianças decide ajuizar uma ação 
para obrigar João da Silva a liberar a passagem de todas as crianças, 
amparando sua pretensão no direito à igualdade. Citado, João da Silva 
argumenta que a propriedade é sua e que não há nenhuma lei 
infraconstitucional que o obrigue a liberar a passagem por sua propriedade. 
Alega que, nos termos do inciso II do artigo 5º da Constituição de 1988, 
ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei. Portanto, como não há nenhuma lei que o impeça de proibir o 
trânsito pela sua propriedade, ele pode permitir a passagem de quem bem 
entender. 
Na qualidade de juiz da causa e com espeque na reconstrução 
neoconstitucionalista, responda, JUSTIFICADAMENTE, se o caso em tela é de 
aplicação direta dos direitos fundamentais nas relações entre particulares? 
 
A aceitação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais em tal caso é viável, 
todavia, a eficácia horizontal deve ser aplicada com cautela, sob pena de ferir a 
autonomia da vontade, princípio que rege as relações privadas. 
Não há como aplicar às relações entre particulares os direitos fundamentais na mesma 
amplitude que nas relações que envolvem o Estado. 
 
4- Maria, brasileira, residente e domiciliada em Paris (França), casou-se com o 
francês Jean Pierre. Desta união nasceu, em Lisboa, Helena. Supondo que a 
França e Portugal adotem o critério do jus soli, qual(is) seria(m) a(s) possível(is) 
nacionalidade(s) originária(s) de Helena? 
Supondo que a França e Portugal adotem o critério do jus soli, Helena terá sua 
nacionalidade vinculada ao território que ocorreu seu nascimento(Lisboa/Portuguesa), 
portanto, a nacionalidade de Helena será portuguesa, Podendo optar pela 
nacionalidade brasileira se vier a residir no Brasil e fizer uso do critério da opção de 
nacionalidade, conforme dispõe o Art. 63 da Lei 13.445/2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5- Renata Abreu, Bacharel em Direito, foi reprovada no último exame da Ordem 
dos Advogados do Brasil. Inconformada, resolve impetrar Mandado de 
Segurança no Poder Judiciário, na forma do art. 5º, LXIX , CRFB/88 ( LXIX - 
conceder-se- á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, 
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa 
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público), alegando em apertada 
síntese que, uma vez Bacharel em Direito, tem direito líquido e certo de se 
inscrever nos quadros da OAB e trabalhar como advogada, concluindo em seu 
writ que o art. 8º, inciso IV da Lei n.º 8.906/94 (Art. 8º Para inscrição como 
advogado é necessário: IV - aprovação em Exame de Ordem;) é 
inconstitucional, frente ao comando normativo exposto no art. 5º, XIII, CRFB/88 
(XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer;) , verdadeiro direito 
fundamental. Na qualidade de advogado representante dos interesses da OAB, 
elabore um texto apresentando as razões que levarão o mandamus à 
improcedência. 
O mandamus impetrado por tal bacharel em Direito, Renata Abreu acabou se 
tronando vergonhoso para todos nos advogados desse Brasil, tendo em vista que 
Renata Abreu conhece as Leis vigentes em nosso país, portanto, tem conhecimento 
sobre a lei N° 8.906, de julho de 1994 que em seu Art. 8° dispõe sobre o que se 
torna necessário para inscrição como advogado em nosso país. 
A lei N° 8.906, de julho de 1994 é clara em seu Art. 8°, quando em seu inciso IV 
estabelece a aprovação em Exame de Ordem como um dos pilares para inscrição 
como advogado, tornando assim tal mandamus intolerável, pois não há ilegalidade 
e muito menos abuso de poder para que se quer seja aceitável tal mandamus, a 
jurisprudência é farta em indicar que o mandado de segurança, por possuir um rito 
sumaríssimo, não comporta dilação probatória. 
Como dizem a doutrina e a jurisprudência, não cabe mandado de segurança contra 
lei em tese, pois esta, como norma abstrata de conduta, não lesa, por si só, 
qualquer direito individual, seria necessário que ela se converta em ato concreto 
para ensejar a impetração. 
“Não cabe mandado de segurança contra lei em tese” (Súmula 266, STF).

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