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A governança corporativa está relacionada à forma como as organizações são dirigidas e por
qual �nalidade, uma vez que é capaz de determinar quem possui poder e responsabilidade,
bem como quem toma decisões. Nesse contexto, esse sistema funciona mediante um conjunto
de mecanismos que possibilita ao conselho de administração lidar com mais e�ciência em
relação aos desa�os no ambiente organizacional. Diante disso, esse conjunto de mecanismos
assegura que as entidades possuam processos e controles adequados de tomada de decisões,
de forma que os interesses das partes interessadas sejam balanceados.
Caro(a) estudante, ao ler este roteiro você vai:
relembrar os aspectos que envolvem a organização societária;
entender a relação entre governança corporativa e valor;
compreender os princípios da governança corporativa;
conhecer a liderança no contexto da governança corporativa;
estudar as relações entre a auditoria interna e externa.
Introdução
A governança nas organizações inclui os processos mediante a forma como os objetivos de
uma entidade são delineados e buscados no contexto do ambiente de mercado, regulatório e
social, uma vez que a governança está relacionada a práticas e procedimentos para buscar
assegurar que uma organização seja gerenciada de forma a atingir seus objetivos e de forma
Governança Corporativa
Roteiro deRoteiro de
EstudosEstudos
Autor: Dra. Marcela Gimenes Bera Oshita
Revisor: Hamilton Moura
simultânea, assegurando que as partes interessadas possam ter con�ança bem fundamentada
nessa organização.
Assim, a partir deste roteiro de estudos poderemos entender a governança corporativa no
contexto das organizações, bem como a sua relação com a liderança e a e�cácia nas
organizações. Para isso, compreenderemos inicialmente o funcionamento da organização
societária e, na sequência, avançaremos para a relação entre governança e valor, bem como os
princípios da governança corporativa.
Organização Societária
A estrutura societária, muitas vezes, é de�nida como relações sociais padronizadas, isto é,
aspectos regulares e repetitivos das interações entre os membros de uma determinada
entidade. O comportamento mediante a relação e separação entre propriedade e controle
pode resultar em um estímulo à expropriação dos acionistas minoritários.
Na maioria dos países, são comuns a concentração do capital e a separação
entre controle e propriedade, pois os controladores podem desejar abrir o
capital de uma empresa, mas sem correr o risco de perder o controle sobre ela.
As estruturas de propriedade e de controle correspondem à estrutura societária
(SILVA, 2016, p. 182).
Assim, o percentual de ações de determinado acionista é a sua estrutura de propriedade em
relação ao total de ações emitidas pela empresa; por sua vez, a estrutura de controle está
relacionada com percentual de ações com direito a voto. Ações essas que estão em posse de
um determinado acionista, com relação ao total de ações com direito a voto. “Podemos dizer
que existem três formas de reduzir a propriedade sem perder o controle. A primeira é a
emissão de ações sem direito a voto ou com direitos inferiores de voto. Esse é o caso das ações
preferenciais não votantes no Brasil” (SILVA, 2016, p. 182).
Acionistas diretos são aqueles que possuem ações da própria companhia considerada,
enquanto os indiretos são aqueles que detêm a propriedade da empresa em última instância
(SILVA, 2014, p. 26). Conforme o autor, se um acionista é controlador da empresa A, que é
controladora da empresa B, podemos a�rmar que o acionista é controlador direto da empresa
A e controlador indireto da empresa B. Nesse contexto, observe na �gura a seguir os modelos
de estrutura acionária indireta.
Figura 1 - Estrutura acionária indireta
Fonte: Silva (2016, p. 182-184).
Observe no modelo 1 que um acionista possui 70% de ações da empresa B, que tem 60% da
�rma A. Esse acionista tem 42% da propriedade da empresa A (70% × 60%) e controla 60% de
ações da empresa A (SILVA, 2014).
Note que, no Modelo 2, o acionista possui 70% de ações da empresa B e tem 60% da empresa
A. Ainda, esse acionista possui de forma direta 9% das ações da empresa A. Diante disso, o
acionista detém 51% (70% × 60% + 9%) da propriedade da empresa A e controla 69% (min (70%,
60%) + 9%) da empresa A (SILVA, 2014). Considere agora o Modelo 3, no qual o acionista 1 tem
70% das ações da empresa B e o acionista 2 possui os 30% restantes. Por sua vez, a empresa B
possui 60% da empresa A, e o acionista 3, os 40% restantes (SILVA, 2014). Dessa forma, o
acionista 1 tem 42% (70% × 60%) da propriedade e controla 60% (min (70%, 60%)) da empresa
A; o acionista 2 tem 18% (30% × 60%) da propriedade e controla 0% da empresa A; e o acionista
3 tem de forma direta 40% da propriedade e do controle da empresa A (SILVA, 2014).
Observe que pode haver acordos entre os acionistas sobre a questão do exercício do direito a
voto ou do poder de controle. “Os grandes acionistas podem agregar suas participações de tal
forma que aumentem seu poder de controle diante dos acionistas minoritários” (SILVA, 2016, p.
182).
Além disso, podem ser empregados mecanismos de participação cruzada, em que uma
companhia controlada por outra tem ações da sua controladora. “Os empresários também
podem montar estruturas de pirâmide, as quais consistem em manter o controle de uma
empresa de capital aberto que seja controladora de outra empresa de mesma natureza” (SILVA,
2016, p.183). Nessa perspectiva, o controle é salvaguardado com menos de 50% dos votos do
sistema tradicional, isto é, uma ação igual a um voto.
Figura 2 - Estrutura acionária direta
Fonte: Silva (2016, p. 184).
“Acionistas controladores são aqueles que possuem, isolada ou conjuntamente, pelo menos
50% dos direitos de voto de uma empresa” (SILVA, 2016, p. 184). Nessa perspectiva, a análise da
governança corporativa está voltada à estrutura de controle e de propriedade das companhias.
Governança Corporativa e Valor
A empresa, em sua essência, tem como �nalidade a geração de valor. Assim, como a
governança corporativa fornece a estrutura para atingir os objetivos de uma organização, ela
abrange todas as esferas da administração, que vão desde planos de ação e controles internos
até medição de desempenho e divulgação corporativa. Nesse aspecto, a governança
corporativa deve trabalhar de forma que busque assegurar que esse valor seja criado.
LIVRO
Governança corporativa nas empresas: um guia prático
de orientação para os acionistas, investidores,
conselheiros de administração e �scal, auditores,
executivos, gestores, analistas de mercado e
pesquisadores
Autor: Edson Cordeiro da Silva
Editora: Atlas
Ano: 2016
Comentário: no capítulo 2 desse material, você poderá
encontrar os aspectos que envolvem a governança corporativa:
histórico, fundamentos e desenvolvimento. Desse modo, você
poderá compreender as bases para interação entre os membros
de uma sociedade. Assim, ao ler esse material de estudos, você
possuirá um pouco mais de orientação e auxílio para a
compreensão e resolução da nossa situação-problema. Leia
atentamente o item proposto antes de fazer sua análise.
Onde encontrar?
Biblioteca Virtual da Laureate
Mas as mudanças nas relações entre as corporações e a sociedade, com a
consequente revisão dos objetivos corporativos, têm ampliado o escopo da boa
governança. Concepções de conteúdo mais amplo, não apenas derivadas de
pressões de ativistas, mas também das diferenças culturais e institucionais
entre os países, têm levado a pelo menos quatro abordagens, derivadas da
abrangência dos interesses geridos (ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 132).
Há como objetivo primário de longo prazo, em todas as organizações, o máximo retorno total
do capital integralizado pelos investimentos, entretanto “outros constituintes organizacionais,
internos e externos, são objeto de administração estratégica” (ROSSETTI; ANDRADE, 2019,
p.132).
Perceba que a melhor forma de minimizar os con�itos da agência (con�itos de interesses entre
a administração e os acionistas da empresa)no ambiente empresarial é a aplicação das boas
práticas de governança. Nesse contexto, é importante notar que, nas empresas de capital
aberto, as taxas de retorno devem também atender às expectativas dos analistas de mercado.
Observe a Figura 3, na qual se sintetizam as concepções de governança de acordo com o raio
de alcance dos interesses harmonizados.
Figura 3 - A concepção restrita de governança: a harmonização dos con�itos derivados da concentração de propriedade e
dos derivados da dispersão
Fonte: Rossetti e Andrade (2019, p. 132).
Assim, a boa governança corporativa alinha as ações da administração executiva com os
interesses dos acionistas. De forma prática, a governança corporativa está alinhada com
questões de decisão sobre se a estratégia formulada pela administração executiva e as táticas
implantadas atendem aos melhores interesses dos acionistas, isto é, maximizam o preço de
mercado das ações ordinárias da entidade.
[...] boas práticas de governança quando o conjunto dos stakeholders é
administrado com o propósito estratégico de gerar condições de sustentação e
de continuidade da companhia. Não obstante, neste caso, a companhia esteja
aberta a ampla harmonização de interesses, o retorno total de longo prazo –
que satisfaz às expectativas dos investidores – é a condição essencial de
manutenção dos negócios (ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 132).
Assim, a governança corporativa é uma sistemática de regras, práticas e processos em que uma
organização é dirigida e controlada. Essencialmente, a governança corporativa envolve
equilibrar os interesses de diversas partes interessadas, como: executivos da alta
administração, acionistas, clientes, �nanciadores, fornecedores, governo e comunidade.
LIVRO
Governança 2.0: como tornar uma organização
e�ciente
Autor: Roberto Cintra Leite
Editora: Trevisan Editora
Ano: 2017
Comentário: nos capítulos 1 e 3 desse material, você poderá
encontrar os aspectos que envolvem a administração geral da
empresa e o conselho. Nesse sentido, você poderá
compreender as bases para interação entre ambos numa
sociedade. Assim, ao ler esse material de estudos, você possuirá
um pouco mais de orientação e auxílio para a compreensão e
resolução da nossa situação-problema. Leia atentamente o item
proposto antes de fazer sua análise.
Onde encontrar?
Biblioteca Virtual da Laureate
Princípios da Governança
Corporativa
Podemos notar que a dimensão mais importante da governança corporativa são os princípios e
valores (Fairness, Disclosure, Accountability e Compliance), �rmando concepções, práticas e
processos de alta gestão.
O princípio de fairness está relacionado ao tratamento dos acionistas considerando o senso de
justiça, equidade, respeitando aos direitos dos acionistas minoritários, por “participação
equânime com a dos majoritários, tanto no aumento da riqueza corporativa, quanto nos
resultados das operações, quanto ainda na presença ativa em assembleias gerais” (ROSSETTI;
ANDRADE, 2019, p. 140).
O princípio de disclosure signi�ca transparência das informações, principalmente com relação
às de alta relevância, que in�uenciam os negócios e que envolvem oportunidades, resultados e
riscos.
O princípio da accountability é a “prestação responsável de contas, fundamentada nas
melhores práticas contábeis e de auditoria” (ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 140).
A compliance é a conformidade no atendimento de “normas reguladoras, expressas nos
estatutos sociais, nos regimentos internos e nas instituições legais do país. Esses valores estão
presentes, explícita ou implicitamente, nos conceitos usuais de governança corporativa”
(ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 141).
Note que princípios da governança corporativa são a sua base ética e, por isso, possuem como
um atributo importante a universalidade. Nesta perspectiva, são administráveis e aceitáveis
distinções na cultura, nas instituições, bem como nos marcos regulatórios entre os países:
“trata-se de conjuntos diferentes de atributos, que podem ou não, em longo prazo, caminhar
para maior homogeneidade pelas exigências do processo de globalização” (ROSSETTI;
ANDRADE, 2019, p. 143-145). Observe, na Figura 4, os princípios de boa governança:
Figura 4 - Princípios de boa governança
Fonte: Silva (2016, p. 86).
Entretanto, existem princípios éticos que estão presentes e são inegociáveis. Presença essa que
ocorre, muitas vezes, de forma explícita ou implicitamente, na de�nição dos propósitos, bem
como nas formas de exercício do poder, nas práticas cotidianas e nas operações dos processos,
no mundo corporativo (ROSSETTI; ANDRADE, 2019). Como é o caso dos quatro princípios e
valores (fairness, disclosure, accountability e compliance), que traduzem e sistematizam muito
bem os princípios da alta gestão das empresas. Pela sua universalidade, esses princípios e
valores estão nos códigos de boas práticas editados nas organizações em todas as partes do
mundo. Assim, as boas práticas de governança corporativa, conforme Rossetti e Andrade
(2019), envolvem a abrangência e a diversidade das categorias conceituais, como:
Valores: que regem as empresas em suas relações com o ambiente interno e externo.
Direitos: a partir de um sistema de gestão que preserva a maximiza o retorno em longo
prazo dos acionistas, assegurando um tratamento justo tanto para os majoritários quanto
para os minoritários.
Relações: entre os acionistas, conselhos e direção executiva, com a �nalidade de
maximizar o desempenho da organização.
Governo: mediante um sistema de gestão e controle das entidades que disciplinam suas
relações com todas as partes interessadas.
Poder: por meio de uma estrutura de poder que envolve a de�nição da estratégia, as
operações, geração de valor e a destinação dos resultados.
Normas: são instrumentos, derivados de estatutos legais e de regulamentos que possuem
como �nalidade a excelência da gestão e a visão dos direitos dos interessados que são
in�uenciados pelas decisões dos gestores.
Partindo de uma concepção que de�ne a abrangência da governança corporativa, podemos
a�rmar que esse sistema “é um conjunto de princípios, propósitos, processos e práticas que
rege o sistema de poder e os mecanismos de gestão das empresas” (ROSSETTI; ANDRADE,
2019, p. 141), abrangendo:
❏ Propósitos dos proprietários.
❏ Sistema de relações proprietários-conselho-direção.
❏ Maximização do retorno total dos proprietários, minimizando oportunismos
con�itantes com este �m.
❏ Sistema de controle e de �scalização das ações dos gestores.
❏ Sistema de informações relevantes e de prestação de contas às partes
interessadas nos resultados corporativos.
❏ Sistema guardião dos ativos tangíveis e intangíveis das companhias
(ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 141).
Observe que valores “estão expressos nos códigos de boas práticas, que estabelecem critérios
fundamentados na conduta ética que deve estar presente no exercício das funções e das
responsabilidades dos órgãos que exercem a governança das companhias” (ROSSETTI;
ANDRADE, 2019, p. 142). Assim, compreende-se como posturas fundamentais para a boa
governança corporativa a integridade ética, permeando todas as relações internas e externas
da organização.
Liderança no Contexto da
Governança Corporativa
A governança corporativa é um sistema interno que envolve políticas, processos e pessoas
visando atender às necessidades dos acionistas e de outras partes interessadas, direcionando e
controlando as atividades de gestão, com bom conhecimento dos negócios, objetividade,
responsabilidade e integridade.
LIVRO
Governança corporativa na prática: integrando
acionistas, conselho de administração e diretoria
executiva na geração de resultados
Autor: Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira
Editora: Atlas
Ano: 2015
Comentário: nos capítulos 2 e 3 desse material, você poderá
encontrar os aspectos que envolvem a estruturação do conselho
de administração e da governança corporativa e administração
e da governança corporativa, respectivamente. Assim, poderá
compreender como ocorrem as relações entre o conselho e a
administraçãoda entidade. Portanto, ao ler esse material de
estudos, você possuirá um pouco mais de orientação e auxílio
para a compreensão e resolução da nossa situação-problema.
Leia atentamente o item proposto antes de fazer sua análise.
Onde encontrar?
Biblioteca Virtual da Laureate
A governança corporativa é apenas um meio para o �m de permitir que diferentes partes
trabalhem em conjunto com con�ança; a verdadeira prova de sucesso é um negócio com
crescimento sustentável. Diante disso, ao estabelecer a governança corporativa, ela vai re�etir
no papel que a liderança tem desempenhado na empresa. Assim, ao implantar a governança
corporativa a liderança se depara com:
As decisões devem ser tomadas levando -se em conta que os diferentes grupos
necessitam mediar seus interesses.
Obtenção de concordância sobre qual é o melhor caminho para a orga nização como um
todo.
As decisões também devem ser tomadas levando em conta a forma como tal caminho
pode ser trilhado.
Essa forma de obter decisões requer uma perspectiva de longo prazo para que ocorra
desenvolvimento sustentável (BURMESTER, 2018, p. 8).
Note que a liderança precisa fornecer a motivação e o impulso para tornar a governança
corporativa e�caz. Seu papel principal é criar uma cultura na empresa que use governança
e�caz para atingir seu objetivo. Essa cultura incentiva os comportamentos necessários para
incorporar a governança corporativa na entidade.
No passado, a liderança da empresa identi�cava-se com a do empresário – o
indivíduo que unia a propriedade ou o controle do capital com a capacidade de
organizar os outros fatores de produção e, na maioria dos casos, com a
capacidade de fazer inovações. Muitos destes velhos líderes reagiram de forma
autocrática à sua perda de poder para a tecnoestrutura das organizações que
construíram (ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 79-80).
Atualmente, “a primeira diferenciação que se deve observar ao falar de competências da
liderança talvez seja entre ‘como’ fazer e ‘o que’ fazer: ou seja, líderes devem estar mais
preparados para ‘fazer’ ou para entender e orientar ‘o que’ e ‘por que’ fazer” (BURMESTER, 2018,
p. 29-30). Nessa perspectiva, a diferenciação entre gerentes e líderes é que os gerentes
estariam mais focados no “fazer”, e os líderes em “o que” e “por que” fazer.
Os líderes devem de�nir um esquema geral de ação para as equipes; a visão deve ser
congruente com os objetivos maiores da organização, sem entrar em planos muito detalhados
que podem ser restritivos, visto que controles tendem a dimi nuir o ritmo da organização. As
abordagens tradicionais de liderança enfatizam a necessidade de o líder ser um visionário e
transmitir essa visão aos seus segui dores (BURMESTER, 2018, p.30).
Para de�nir um esquema geral de ações para as equipes, é essencial que a empresa possua
líderes multifuncionais nas unidades de negócios, regiões e funções de modo a fornecer
supervisão, orientação estratégica e mobilização dos funcionários para implementar
estratégias. Assim, é possível que uma organização possua bons princípios de governança
corporativa sob uma liderança efetiva, uma vez que a cultura possibilita que os indivíduos se
esforcem pelo aprimoramento dos sistemas. Assim, a governança corporativa é
autorreguladora, mas requer liderança efetiva para torná-la e�caz.
Auditoria Interna e Externa
Neste tópico, trataremos dos aspectos que envolvem a auditoria interna e externa. Os
auditores internos trabalham dentro de uma organização e se reportam ao seu comitê de
auditoria e/ou diretores. Já os auditores externos são independentes da organização que estão
auditando. Eles se reportam aos acionistas da empresa.
LIVRO
Governança corporativa
Autor: Giancarlo Giacomelli et al.
Editora: SAGAH
Ano: 2017
Comentário: nas unidades 2 e 3 desse material, você poderá
encontrar os aspectos que envolvem a análise administrativa
das estruturas organizacionais e os pilares de sustentação da
governança corporativa. Assim, poderá compreender as
estruturas de poder nas relações empresariais e os
fundamentos de sustentação de um sistema de governança
corporativa. Diante disso, ao ler esse material de estudos, você
possuirá um pouco mais de orientação e auxílio para a
compreensão e resolução da nossa situação-problema. Leia
atentamente o item proposto antes de fazer sua análise.
Auditoria Interna
Os auditores internos comumente possuem como responsabilidade auxiliar na projeção dos
sistemas organizadores da companhia e a desenvolver políticas especí�cas de gerenciamento
de riscos, além de garantir que todas as políticas implementadas para gerenciamento de riscos
estejam operando de forma efetiva. Nessa perspectiva, há uma continuidade no trabalho do
auditor interno, uma vez que é baseado nos sistemas de controle interno de uma organização,
independente do seu tamanho ou estrutura societária.
A Auditoria Interna não é habitualmente destacada como órgão de governança,
mas como um dos serviços corporativos de apoio da Direção Executiva. Vamos
porém destacar suas funções, tendo em vista as relações entre este serviço
interno e os órgãos de governança do ambiente de auditoria e �scalização. O
papel básico da Auditoria Interna é o de organizar o ambiente interno de
controle, formalmente focado em compliance (ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p.
275).
Notavelmente, a robustez do ambiente de controle inicia-se a partir da de�nição, dos
balizamentos éticos de seu código de conduta, pela alta administração, que envolve a
infraestrutura disponibilizada para o exercício de uma controladoria e�caz; e se completa com
o desenvolvimento de processos e de práticas formais e contínuas, envolvendo de forma
permanente todas as áreas da empresa (ROSSETTI; ANDRADE, 2019).
Claro que a edição de códigos de ética, sobretudo quando de�nidos com ampla
participação de toda a organização, são uma indicação de compromissos com
boas práticas e de dureza na apuração de erros e na punição de fraudes. Mas
não bastam, caso não sejam seguidos da criação de condições que efetivem,
por bons instrumentos de controle interno, os propósitos corporativos nesta
área (ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 275).
Os controles internos são os instrumentos de governança corporativa, e, por isso, a auditoria
interna possui uma relação importante com a �nalidade de compliance, uma vez que ela tem
como responsabilidade duas áreas de controle: uma com relação ao alinhamento com normas
internas da companhia e a outra com relação ao atendimento a normas externas, resultante
das leis e de regulamentos (ROSSETTI; ANDRADE, 2019).
“A Auditoria Interna constitui o órgão de controle interno da empresa, responsável pela
veri�cação da adequação e da efetividade do gerenciamento de riscos operacionais em relação
a exigências internas e externas” (ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 275). Note que a inibição de
fraudes, a minimização de erros e a redução de falhas nos sistemas (em especial os da
tecnologia da informação) podem ser realizadas pelo gerenciamento dos riscos operacionais.
As atribuições da Auditoria Interna são bem conhecidas, contudo seu papel vem
evoluindo: inicialmente, sua função estava ancorada na análise das transações,
visando inibir fraudes; a seguir, esteve focada na avaliação dos controles
internos, de forma abrangente, com o objetivo genérico de reduzir os erros; a
abordagem atualmente está centrada na avaliação dos controles internos sob
a ótica de risco, com a �nalidade de otimizar o processo de gestão (ROSSETTI;
ANDRADE, 2019, p. 275-276).
O escopo do trabalho de auditoria interna vem sofrendo alterações signi�cativas resultantes da
mudança do enfoque tradicional para o foco em riscos.
O enfoque tradicional era voltado para a inspeção, detecção e reação aos
riscos das operações. Os testes de conformidade aplicados eram elaborados
com base em programas de trabalho endereçados a objetivos de controle
padrão (ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 275-276).
Ainda que o foco da auditoria interna seja compliance, se ela realizar um bom trabalho ele irá se
estender a outros dois princípios da boagovernança: accountability e disclosure.
Auditoria Externa
A auditoria externa é um exame independente das demonstrações �nanceiras preparadas pela
organização. Assim, os auditores externos, nomeados pelos acionistas, fornecem sua opinião
sobre a veracidade das demonstrações �nanceiras da companhia. E, diferentemente dos
auditores internos, devem ser capazes de agir de forma independente para garantir uma
abordagem objetiva ao processo de auditoria. Nesse contexto, vale salientar que os relatórios
desenvolvidos pelos auditores externos são colocados em domínio público por meio das
demonstrações �nanceiras.
As responsabilidades essenciais da Auditoria Independente concentram-se na
análise das demonstrações contábeis das empresas, veri�cando, de um lado, se
elas estão conformes com as normas exigidas no país e com as internacionais,
para as empresas que emitiram títulos em mercados �nanceiros externos; de
outro lado, se elas re�etem corretamente a realidade da empresa, quanto a
resultados e a variações patrimoniais (ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 272).
Atribuições essas que interessam aos analistas e aos investidores do mercado de capitais, bem
como aos proprietários, ao Conselho de Administração e ao seu Comitê de Auditoria. Para
atender esse grupo de interessados, uma auditoria externa deve cumprir os códigos de ética e
conduzir uma auditoria de acordo com o padrão internacional de auditoria ou leis e
regulamentos estabelecidos pelo órgão governamental.
No Brasil, este órgão é expressamente destacado na Lei das Sociedades
Anônimas, ao estabelecer que “as demonstrações �nanceiras das companhias
abertas observarão as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) e serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes
registrados na mesma comissão” (ROSSETTI; ANDRADE, 2019, p. 272-274).
Portanto, a �nalidade da auditoria externa é fornecer um exame independente, com o objetivo
de veri�car se as demonstrações �nanceiras fornecem uma re�exão verdadeira e justa sobre a
empresa. Isso não aumenta somente o valor e a credibilidade dos dados �nanceiros
produzidos pela administração, mas também a con�ança do usuário, além de reduzir o risco do
investidor e de fornecer uma maior transparência aos acionistas, destacando áreas de
importância.
Conclusão
Neste roteiro de estudos, você teve a oportunidade de entender os aspectos que envolvem o
contexto da governança corporativa no contexto das organizações. Para isso, compreendemos
inicialmente o funcionamento da organização societária relacionados com o controle direto e
indireto e que isso está relacionado ao percentual de posse das ações, e que essas podem ser
adquiridas ou combinadas, a �m de obtenção do controle.
Na sequência, estudamos a relação entre governança e valor, bem como os princípios da
governança corporativa, que envolve fairness, disclosure, accountability e compliance. Vimos
também os conceitos de auditoria interna, que atua como uma veri�cação das atividades dos
LIVRO
Governança corporativa: fundamentos,
desenvolvimento e tendências
Autores: José Paschoal Rossetti e Adriana Andrade
Editora: Atlas
Ano: 2019
Comentário: no capítulo 5 desse material, você poderá
encontrar a estrutura de poder e o processo e as práticas de
governança corporativa. Assim, poderá compreender os
aspectos que envolvem a governança corporativa e as relações
entre os membros de uma sociedade. Portanto, ao ler esse
material de estudos, você possuirá um pouco mais de
orientação e auxílio para a compreensão e resolução da nossa
situação-problema. Leia atentamente o item proposto, antes de
fazer sua análise.
Onde encontrar?
Biblioteca Virtual da Laureate
negócios e auxilia no aconselhamento sobre vários assuntos para obter e�ciência operacional.
Por outro lado, a auditoria externa é totalmente independente, na qual um terceiro é levado à
organização para executar o procedimento. Ele veri�ca a precisão e a validade das contas
anuais da organização.
Referências Bibliográ�cas
BURMESTER, H. Manual de gestão: organização, processos e práticas de liderança. 2. ed. São
Paulo : Saraiva Educação, 2018.
GIACOMELLI, G. et al. Governança corporativa. Porto Alegre: SAGAH, 2017.
LEITE, R. C. Governança 2.0: como tornar uma organização e�ciente. São Paulo: Trevisan, 2017.
OLIVEIRA, D. de P. R. Governança corporativa na prática: integrando acionistas, conselho de
administração e diretoria executiva na geração de resultados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
ROSSETTI, J. P.; ANDRADE, A. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e
tendências. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
SILVA, E. C. Governança corporativa nas empresas: guia prático de orientação para
acionistas, investidores, conselheiros de administração e �scal, auditores, executivos, gestores,
analistas de mercado e pesquisadores. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
SILVA, A. L. C. Governança corporativa e sucesso empresarial: melhores práticas para
aumentar o valor da �rma. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

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