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CONTABILIDADE APLICADA AO SETOR PÚBLICO 3

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CONTABILIDADE APLICADA AO 
SETOR PÚBLICO 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. José Luis Modena 
 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Na última aula debatemos sobre a despesa pública, que é a parte das 
finanças que representam os dispêndios destinados ao atendimento do bem 
comum. Para fazer frente a esses gastos, o governo conta com as receitas 
públicas, que será o objeto do nosso estudo no decorrer dessa aula. Para tanto, 
traremos inicialmente os conceitos legais e doutrinários relacionados a receita 
pública. Em seguida veremos que para fins de registro e controle, essas entradas 
são segregadas em diferentes classificações. Conquanto, também 
mencionaremos sobre as etapas da receita pública, que de modo geral passa 
pelo processo de planejamento e execução. Falaremos ainda sobre as receitas 
públicas e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Por último traremos os impactos 
que essas receitas geram nos subsistemas patrimonial, orçamentário e de 
compensação. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
As receitas públicas possibilitam a realização de ações governamentais. 
É através desses recursos que o governo tem amparo creditício para agir em 
programas educacionais; de segurança pública; saúde; bem como outras ações 
que vislumbre o bem comum. 
Nesse contexto, os tributos representam a maior fonte de receita do poder 
público. Para se ter uma ideia, em 2019 dados do portal da transparência 
evidenciam uma receita corrente pública, no âmbito da União, de R$ 1,69 
trilhões. Desse montante, 82% possui origem tributária. Matias Pereira (2017) 
lembra que o Estado depende dessa fonte de recurso, sem a qual há uma 
impossibilidade de executar as atribuições que se espera do poder público. 
Obviamente que o governo conta com outras fontes de entradas 
financeiras. É o caso das receitas advindas das ações do estado como 
empresário; e as receitas de capital. 
De todo modo, é notória a importância da arrecadação pública para as 
ações do governo. É nesse contexto que a compreensão de algumas 
peculiaridades atinentes ao conceito e aplicação da receita no contexto público, 
se faz relevante. Seria o entendimento doutrinário da receita pública equivalente 
ao existe no ambiente corporativo? Como podemos classificar essas entradas 
financeiras nas contas públicas? E os registros, quais subsistemas são 
 
 
3 
impactados pelas ocorrências das receitas? No decorrer dessa nossa terceira 
aula, responderemos esses e outros questionamentos acerca da receita pública. 
 
TEMA 1 – CONCEITO 
No campo doutrinário, existem peculiaridades que diferenciam a aplicação 
do conceito da receita na esfera pública e privada. Conforme explicam Araújo e 
Arruda (2020), no âmbito privado, entende-se como receita, de modo 
simplificado, como as movimentações patrimoniais que geram variação positiva 
no patrimônio líquido da entidade, como venda de mercadoria, juros e aluguéis. 
Por outro lado, no setor público, são consideradas como receita, em um sentido 
amplo, todas as entradas de recursos ao governo, inclusive aquelas que 
transitam pelas contas públicas apenas em caráter transitório. 
Essa amplitude conceitual, para Kohama (2016), deriva do fato da 
contabilidade pública reconhecer a receita no enfoque orçamentário e 
patrimonial. 
Na esfera orçamentária é que a receita ganha uma extensão mais 
abrangente. Nesse caso, em observância aos preceitos contidos no art. 57 da 
Lei 4320/64, seriam considerados como receita orçamentária “todas as receitas 
arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito”. Com base 
nessa constatação, destaca-se primeiramente o fato de que no aspecto 
orçamentário, a receita deve ser reconhecida pelo regime de caixa, conforme 
mencionamos nas aulas precedentes. Não obstante, percebe-se ainda que até 
mesmo os valores advindos das operações de crédito também são tidos como 
receitas. 
Já no âmbito patrimonial, o conceito e reconhecimento da receita estão 
mais aderentes a doutrina aplicada no setor privado. Dessa forma, são 
reconhecidas como receitas somente os valores que geram uma variação 
patrimonial aumentativa. Além disso, conforme destaca Kohama (2016), essa 
valoração, para fins patrimoniais, independe do recebimento, ou seja, registra-
se de acordo com o regime de competência. 
Vale destacar também, que a receita pública pode não estar vinculada a 
realização de algum tipo de despesa. Uma das principais fontes de arrecadação 
pública é de origem tributária, cuja cobrança deriva do poder coercitivo do 
governo, sendo que em alguns casos, como dos impostos, a lei não obriga uma 
contraprestação do estado para com o indivíduo que arcou com o ônus do tributo. 
 
 
4 
Em outras palavras, registra-se uma receita, sem necessariamente implicar em 
um reconhecimento concomitante de uma despesa 
 
TEMA 2 – CLASSIFICAÇÃO 
A receita, para fins de registro e controle, recebe uma classificação que irá 
distinguir as diferentes entradas nos cofres públicos. A primeira diferenciação desses 
recebimentos é com relação a previsão nas leis orçamentárias, dividindo-os em 
orçamentários e extraorçamentários. Para o MCASP (2018), as receitas orçamentárias 
ainda poderiam ser subdivididas por natureza; e indicador de resultado primário. A 
seguir, falaremos a respeito de cada uma dessas classificações. 
 
2.1 Receita orçamentária e extraorçamentária 
As receitas orçamentárias, de modo geral, são previstas em dispositivos 
legais aprovados pelo poder legislativo. Conforme explicado pelo MCASP 
(2018), essa conjectura deriva do princípio da universalidade, cuja definição 
pressupõe que o orçamento irá prever todos as receitas e despesas públicas. 
Ocorre que algumas receitas, mesmo não previstas na LOA são tidas 
como orçamentárias. Squizzato (2013) lembra que a natureza da receita irá 
determinar se a mesma pode ser classificada como orçamentária, que é o caso 
de algum tipo de tributo não previsto no orçamento, mas que adentrou aos cofres 
públicos. Kohama (2016), de modo prático, menciona que se a entrada financeira 
pertence ao ente público de forma permanente, então estamos diante de uma 
receita orçamentária. 
Não obstante a isso, temos ainda as entradas extraorçamentárias. Seria 
as receitas que adentram as disponibilidades financeiras do ente público, apenas 
de modo temporário (MCASP, 2018). Em outras palavras, não representem 
acréscimos no patrimônio líquido da entidade pública. 
É o caso, de acordo com o parágrafo único do art. 3º da Lei 4320/64 da 
“operação de crédito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e 
outras entradas compensatórias”. Nesses casos elencados, de modo geral, não 
servem para amparar a realização de despesas públicas orçamentárias. 
 
2.2 Classificação em relação a natureza 
Assim como ocorre com as despesas, as receitas também podem ser 
classificadas por natureza. Em referência ao MCASP (2018), essa distinção das 
 
 
5 
entradas permitirá identificar a origem da receita; espécie; desdobramento dessa 
espécie; e o tipo. Cada um desses fragmentos empregados para discriminar as 
receitas recebe uma codificação numérica. Para ilustrarmos essa divisão e 
codificação, evidenciamos a seguir o exemplo utilizado pelo MTO (2020), onde 
evidencia-se receitas com imposto de renda pessoa física. 
Figura 1 – Classificação da despesa por natureza 
 
Fonte: MTO (2020) 
 
Na primeira classificação da receita, como é possível verificar na Figura 
1, tem-se a divisão por categoria econômica, onde é permitido segregar as 
entradas orçamentárias em: receita corrente e de capital. Para fins de 
identificação numérica, emprega-se 1 para referir-se a receita corrente e 2 para 
as receitas de capital. 
As receitas correntes, de acordo com o MCASP (2018), seriam recursos 
que entram nas finanças públicas dentro do exercício financeiro, que alteram o 
patrimônio líquido da entidade. É o caso, de acordo com o art. 11 da Lei4320/64, 
das “receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de 
serviços e outras”. Esses recursos também serviriam de amparo para realização 
das despesas correntes. 
Em relação as receitas de capital, o MCASP (2018) define como sendo 
o montante financeiro cuja entrada também ocorre ao longo do exercício 
financeiro, mas não altera o patrimônio líquido da entidade pública. Estariam 
contidas nessa categoria, em observância ao § 2º do art. 11 da Lei 4320/64, os 
“recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; de conversão, em 
espécie, de bens e direitos”. A norma também inclui nesse rol o superávit do 
orçamento corrente, que seria o montante positivo derivado do confronto entre 
receitas e despesas correntes. 
 
 
6 
A partir dessa primeira segregação da receita, podemos então identificar 
a sua origem, que é uma subdivisão da categoria econômica. Giacomoni (2017) 
menciona que essa discriminação da receita, além de representar uma forma 
mais analítica, também viabiliza o acompanhamento de cada tipo de entrada que 
foi preteritamente estimada na lei orçamentária. Para tanto, o MTO (2020), em 
observância as origens mencionadas no art. 11 da Lei 4320/64, salienta a 
possibilidade segregar a receita corrente e de capital, conforme elencado a 
seguir. 
a) Para as receitas correntes: 
1 – Impostos taxas e Contribuições de Melhoria: nessa categoria, são inseridas 
as receitas de origem tributária, exceto aquelas que serão direcionadas para a 
divisão relatada a seguir. 
2 – Contribuições: também de origem tributária, mas nesse caso, essa 
subdivisão é destinada para abarcar as receitas de contribuição social e 
econômica. De modo exemplificativo, temos o caso da Contribuição Social sobre 
o Lucro Líquido (CSLL) e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico 
(Cide). 
3 - Receita patrimonial: são entradas provenientes da exploração do patrimônio 
público, como por exemplo o aluguel e as concessões. 
4 - Receita Agropecuária: conforme mencionado pelo MCASP (2018), são 
receitas do Estado agindo como empresário, no ramo do agronegócio; 
5 - Receita Industrial: envolve atividades industriais, incluindo a extração 
(inclusive mineral) da matéria prima e o seu beneficiamento. 
6 - Receita de Serviços: receitas provenientes da cobrança de tarifa, onde o 
Estado presta serviço ao particular. 
7 - Transferências Correntes: recebimento de receita pública de outro ente 
federado. Por exemplo, temos o caso do repasse dos estados, para os 
municípios, de parte da arrecadação com ICMS. 
9 - Outras Receitas correntes: subdivisão destinada aos casos não amparados 
nas classificações precedentes. 
 
b) Para as receitas de capital: 
1 – Operação de crédito: derivados da contratação de empréstimos 
2 – Alienação de bens: receita oriunda da venda de bens públicos. 
 
 
7 
3 – Amortização de empréstimos: para os casos onde o ente público concedeu 
empréstimos. No momento do recebimento, o valor amortizado é 
reconhecimento como receita. 
4 – Transferências de capital: valores recebidos de outras entidades públicas, 
classificado como receita de capital. 
9 – Outras receitas de capital: classificação utilizada para as situações não 
enquadradas nos itens precedentes. 
 Além dessa classificação por origem, ainda seria possível determinar a 
espécie da receita, dando maiores detalhes. No âmbito municipal, por exemplo, 
além de identificar que a receita é com impostos, teríamos a prerrogativa de 
visualizar se é com IPTU, ISS ou ITBI. Em outras palavras, representaria um 
desdobramento da origem da receita. 
 
2.3 Classificação de acordo com o resultado primário 
De acordo com o MCASP (2018), a divisão da receita por resultado 
primário, foi uma inovação trazida no âmbito da União, não sendo de uso 
obrigatório para os demais entes públicos. Trata-se de uma segregação da 
receita em dois blocos: as primárias e as financeiras. 
As receitas primárias de acordo com o item 3.2.4 do MCASP (2018) inclui 
as receitas correntes, exceto aquelas advindas dos juros, bem como as receitas 
de capital provenientes de alienação de bens e transferências de capital. 
Por consequência, as receitas financeiras seriam as demais entradas 
correntes e de capital. Nas palavras do MCASP (pg. 49, 2018) seriam as receitas 
que “criam uma obrigação ou extingue um direito”. De modo exemplificativo, 
temos o caso das operações de crédito, que são tidas como receita de capital e 
criam para o Estado a obrigações de uma reposição financeira futura. 
Não obstante a isso, faz-se necessário retomarmos o assunto sobre 
despesa, na ótica da apuração do resultado primário. À vista disso, tem-se como 
esse tipo de despesa, aquelas empregadas para o custeio da máquina pública e 
realização de investimentos, exceto os montantes despendidos para pagamento 
da dívida pública e dos juros da mesma. 
Do confronto entre as receitas primárias e despesas primárias, o governo 
tem a possibilidade de apurar o que chamamos de resultado primário. Esse 
indicador é um dos parâmetros empregados para avaliar as contas públicas, 
compondo as metas fiscais contidas na Lei das Diretrizes Orçamentárias. 
 
 
8 
PARA SABER MAIS 
Assista uma explicação do Senado Federal sobre as receitas e despesas 
primárias no link que segue: 
https://www.youtube.com/watch?v=lB6ofoyonxc&t=188s 
 
TEMA 3 – ESTÁGIO DA RECEITA 
As receitas orçamentárias, para integrarem as disponibilidades 
financeiras do ente público passa, de modo geral, por duas etapas: o 
planejamento e a execução. A seguir veremos alguns detalhes sobre essas duas 
fases percorridas pela maior parte das receitas orçamentárias. 
 
3.1 Planejamento 
 Na Lei Orçamentária Anual, as receitas públicas são devidamente 
previstas, adentrando nas finanças públicas no contexto orçamentário. É nesse 
instrumento que a intenção arrecadatória da fazenda pública é exposta, como 
resultado da aplicação de critérios, com pressupostos básicos já previamente 
estabelecidas na Lei. 
 De acordo com o art. 12 da Lei Complementar 101/200 (Lei de 
Responsabilidade Fiscal) as previsões da receita orçamentária: 
Considerarão os efeitos das alterações na legislação, a variação do 
índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator 
relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução 
nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que 
se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. 
Perceba que esse fragmento legislativo determina parâmetros mínimos 
que o ente público deverá observar para estimar as receitas, mas não impõe de 
forma arbitrária, nenhuma métrica de cálculo. No nível federal, o Manual de 
Demonstrativos Fiscais (2017), esclarece que as receitas futuras são projetadas 
com base no histórico de arrecadação; índice de preço; a variação 
macroeconômica dos segmentos atinentes a fonte arrecadatória; e as mudanças 
legislativas, como alteração da alíquota ou criação de novos tributos. Os demais 
entes têm a prerrogativa de aplicação de outros parâmetros, desde que 
obedeçam aos critérios mencionadas na Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Cumpre ainda ressaltar que essa estimativa da receita é relevante para 
que ocorra embasamento legal das despesas. Conforme salientado por Araújo 
e Arruda (2020), essa previsão inicial permite que o governo projete as diferentes 
 
 
9 
aplicações financeiras, destinadas a atender as atividades de manutenção da 
máquina pública e também de investimento. 
 
3.2 Execução 
 A fase de execução da receita, tendo como base a Lei 4320/64, será 
representada pelo: lançamento, arrecadação e recolhimento. 
 O lançamento, de acordo com o art. 52 da Lei 4320/64, é aplicado para 
receitas de origem tributária, ou para rendas, cujo vencimento já é determinado 
em lei ou contrato. Seria o caso, a título exemplificativo, dos impostos, lançadospela fazendo pública. Nessas situações, o ato administrativo de lançar teria como 
propósito a identificação do devedor; valor da receita; origem; e o vencimento. 
Ressalta-se ainda que essa fase também representa o momento da ocorrência 
do fato gerador da receita, para efeito de reconhecimento patrimonial. 
 Ressalta-se ainda, conforme destacado por Araújo e Arruda (2020) que 
essa etapa de lançamento pode ocorrer de três maneiras: 
 a) direto ou de ofício: quando o próprio ente público realiza o lançamento, 
que é o caso do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), 
cuja cobrança independe de alguma ação do particular; 
 b) homologação: ocorre nas circunstâncias onde o particular realiza o 
pagamento antecipado do tributo, para que então a administração pública 
homologue o lançamento. Como exemplo, temos o Imposto sobre Produtos 
Industrializados (IPI), em que o contribuinte apura mensalmente o valor a pagar, 
sem que exista necessidade de uma ação do poder público; 
 c) declaração: situação onde há participação do contribuinte com o 
fornecimento de informações, que irão viabilizar a realização do lançamento pela 
Fazenda Pública. 
 Quando esses valores, objeto do lançamento, são repassados ao agente 
responsável pela captação de recurso, temos a ocorrência da fase de 
arrecadação. Kohama (2016) lembra que há múltiplos agentes que possuem 
essa autorização para arrecadar receitas, como por exemplo os bancos, 
delegacias fiscais e alfandegas. No caso tributário, o agente de maior 
representatividade no recolhimento é sistema bancário, que ao receber as 
receitas públicas, dá liquidação a obrigação de pagar do contribuinte. 
 De posse das receitas públicas os agentes arrecadadores repassarão os 
recursos para a conta do Tesouro, em um processo designado como 
 
 
10 
recolhimento. Para Giacomoni (2017), embora esse estágio pareça muito óbvio, 
ele se faz necessário para o atendimento do princípio da unidade de tesouraria, 
que possui previsão legal no art. 56 da Lei 4320/64. Essa regra representa, em 
outras palavras, a existência de um único caixa do ente público, para o devido 
gerenciamento das entradas. 
 Acentua-se, por oportuno, a existência de exceção ao recolhimento em 
conta única. No art. 43 da Lei de Responsabilidade Fiscal, há menção aos 
valores arrecadados a título de previdência dos servidores públicos, os quais 
serão direcionados para um conta separada. 
 
TEMA 4 – RECEITA E A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF) 
 A receita pública, devido sua importância, também ganhou notoriedades 
na Lei de Responsabilidade Fiscal. O capítulo III da referida norma foi destinado 
a esse assunto, sobretudo no quesito de previsão da receita e renúncia da 
mesma. 
No que tange as previsões, adicionalmente aos critérios de cálculo 
evidenciados no item 3.1 dessa aula, cumpre ainda mencionar algumas 
limitações impostas pelo legislador em relação a possíveis reestimativas. De 
acordo com o § 1º do art. 12 da Lei de Responsabilidade Fiscal, o poder 
legislativo somente poderia realizar esse tipo de alteração, caso fosse 
comprovado erro ou omissão. Com essa limitação, acaba evitando que uma vez 
aprovada, a previsão da receita venha a ser modificada. 
Contudo, como trata-se somente de uma previsão, a lei prevê um 
acompanhamento rotineiro dessas entradas. Em obediência ao texto legal 
contido no art. 13 da mesma norma, após a aprovação da LOA, o poder 
executivo deverá desdobrar a projeção de entradas em metas bimestrais, 
elencando inclusive as ações que serão realizadas a título de inibição de evasão 
fiscal. Dessa forma, viabiliza-se um controle maior da arrecadação, 
possibilitando inclusive reajustes nos gastos públicos, em função de eventuais 
frustrações nas previsões de arrecadação. 
 Em relação a renúncia da receita, cumpre primeiramente frisar que nas 
finanças públicas, representa um ato de dispensar o recebimento de algum tipo 
de arrecadação. De modo exemplificativo, o § 1º do art. 14 da LRF, cita as 
hipóteses de anistia, que é o perdão das infrações tributárias; remissão, que 
representa o perdão do crédito tributário; alteração da alíquota; e isenções. Essa 
 
 
11 
renúncia de receita, em observância ao § 6º do art. 150 da Constituição Federal 
de 1988, deverá ser realizada por lei específica, autorizando que o poder público 
deixe de receber créditos que já possuíam amparo legal para cobrança. 
 Não obstante a isso, a LRF também determina que essa abdicação de 
ganhos também seja acompanhada de previsões acerca dos impactos gerados. 
No art. 14 da referida norma, essas estimativas deverão abarcar o período em 
que a norma que dá legalidade a renúncia da receita começa a produzir efeitos, 
bem como para os próximos dois exercícios subsequentes. Além disso, os 
incisos I e II do mesmo artigo, exigem a apresentação dos seguintes relatórios: 
 a) Evidenciação de que a renúncia não afetará as metas fiscais previstas 
na LDO; 
 b) Medidas compensatórias, como por exemplo a elevação da alíquota de 
um tributo existente, ou até mesmo a criação de novos tributos, de maneira que 
supra os recursos que já não entrarão nos cofres públicos. 
 Squizzato (2013) destaca que essa regra não se aplica para alterações 
na alíquota dos tributos que possuem limites para que o próprio poder executivo 
realize mudanças. Seria o caso do imposto de importação (II); impostos sobre 
operações financeiras (IOF); imposto sobre produtos industrializados (IPI); e o 
imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro (IOF). Nesses casos, 
mesmo que exista uma redução na alíquota e um impacto na arrecadação, não 
será necessário seguir os ditames previstos para renúncia da receita. 
 Sobre o aspecto de registro nos subsistemas, o MCASP (2018) cita a 
necessidade de escrituração, desde que exista a possibilidade de uma 
mensuração confiável. O detalhamento desse impacto está descrito no próximo 
tópico da nossa aula. 
 
TEMA 5 – LANÇAMENTO CONTÁBIL DA DESPESA PÚBLICA 
Desde o momento em que a receita é aprovada na Lei Orçamentária 
Anual, já existe a possibilidade de registrar a informação no Subsistema 
Orçamentário. Na medida em que esses ingressos vão se movimentando nas 
diferentes etapas, expostas no item 3 dessa aula, outros registros se fazem 
necessários, impactando nos Subsistemas Orçamentário; Patrimonial; e de 
Compensação. A seguir demonstraremos como essa movimentação é 
registrada, de acordo com as etapas da receita. 
 
 
 
12 
5.1 Reconhecimento da receita nos diferentes estágios 
 Para evidenciarmos as movimentações contábeis nos diferentes 
subsistemas, imagine o seguinte caso hipotético: determinado munícipio, em 
consonância às regras da Lei de Responsabilidade Fiscal, realiza uma estimativa 
inicial R$ 1 milhão de receitas correntes e R$ 500 mil de receitas de capital. Com 
base nessa previsão, teríamos que realizar a seguinte movimentação no 
Subsistema Orçamentário: 
Tabela 1 – Previsão da receita 
 Débito Crédito 
Previsão Inicial 
Receita corrente 
Receita de capital 
Receitas a realizar 
Receita correntes 
Receita de capital 
 
1.000.000 
500.000 
 
 
 
 
1.000.000 
500.000 
 
 Subsistema patrimonial: não há registro 
Subsistema de compensação: não há registro. 
 Após esse primeiro registro, seguindo a ordem elencada no item 3 dessa 
aula, teríamos a fase da execução da receita, cujo primeiro passo consiste no 
lançamento dela. 
 Dando sequência ao nosso caso, considere agora que o município realize 
o lançamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana 
(IPTU), no valor de R$ 150 mil. Com base nessa constatação, teríamos a 
ocorrência do fato gerador da receita para fins de registro, acarretando a 
necessidade de escrituração no Subsistema patrimonial, conforme segue: 
Tabela 2 – Lançamento da receita 
 Débito Crédito 
Ativo 
Crédito tributário a receber 
Variação patrimonial aumentativa 
IPTU150.000 
 
 
 
150.000 
 
 Como as receitas, no âmbito orçamentário, são reconhecidas pelo regime 
de caixa, não há que se falar em registro no subsistema orçamentário. Também 
não constará movimentação no subsistema de compensação. 
 Partindo dessas considerações, considere agora que o ente municipal 
obteve a arrecadação e recolhimento de R$ 20.000 a título de receita tributária 
com IPTU. Para esse fato, teríamos somente o reconhecimento da fase de 
recolhimento, gerando a seguinte movimentação: 
 a) Subsistema patrimonial 
 
 
13 
Tabela 3 – Recolhimento da receita - SP 
 Débito Crédito 
Ativo 
Caixa e equivalente de caixa 
Ativo 
Crédito tributário a receber 
 
20.000 
 
 
 
20.000 
 
 b) Subsistema orçamentário 
Tabela 4 – Recolhimento da receita 
 Débito Crédito 
Receita a realizar 
Receitas correntes 
Receita realizada 
Receita correntes 
 
20.000 
 
 
 
 
20.000 
 c) Subsistema de compensação 
Tabela 5 – Recolhimento da receita 
 Débito Crédito 
Controle de disponibilidade de 
recursos recebidos 
Disponibilidade por Destinação 
de Recursos a Utilizar 
 
20.000 
 
 
 
 
20.000 
 Por meio desses registros de recolhimento da receita pública, tem-se o 
encerramento do reconhecimento patrimonial, orçamentário e compensação da 
receita pública. 
 
5.1 Reconhecimento da renúncia da receita 
 Conforme relatado no tópico 4 dessa aula, existem situações em que o 
poder público, por meio de lei, abdica do recebimento de receitas, por vezes já 
reconhecidas nos demonstrativos contábeis. 
 Para descrevemos as movimentações, daremos continuidade ao exemplo 
exposto anteriormente, mas nesse caso, consideraremos que o município 
concedeu uma redução na alíquota de 10%, no momento da ocorrência do fato 
gerador da receita. Portanto, supondo que existisse uma previsão de R$ 20 mil, 
o valor que efetivamente produziu efeitos nas contas públicas foi de apenas R$ 
18 mil. 
 Nesse caso hipotético, seria necessário registrar a renúncia da receita no 
subsistema orçamentário, conforme segue. 
Tabela 6 – Recolhimento da renúncia da receita 
 Débito Crédito 
Receita realizada 
Dedução da Receitas correntes 
Receita realizada 
Receita correntes 
 
2.000 
 
 
 
 
2.000 
 
 
14 
 Os demais lançamentos seguem o mesmo esquema apresentado no item 
anterior. O que necessita de ajuste é justamente as previsões orçamentárias, 
que por estarem com os montantes defasados, necessitam da contabilização 
mencionada na tabela 6, evidenciada anteriormente. 
 
TROCANDO IDEIAS 
 Uma das necessidades inerentes a gestão orçamentária é o 
acompanhamento das receitas públicas. À vista dessa realidade, os governos 
necessitam constantemente confrontar as previsões com as respectivas 
realizações, afim de garantir o atingimento das metas fiscais, bem como para 
realizar os gastos públicos. 
 No âmbito federal, esse acompanhamento pode ser observado no link a 
seguir: http://www.portaldatransparencia.gov.br/receitas. 
 Procure explorar as informações disponibilizadas nesse portal do governo 
federal, bem como os dados orçamentários da receita do seu estado e município, 
objetivando trazer subsídios para uma discussão em nosso fórum. 
Buscaremos desenvolver uma exposição de dados, afim de comparar as 
principais fontes de arrecadação no âmbito da União, estado e munícipio, assim 
como a proximidade daquilo que foi estimado, com a sua respectiva realização. 
Participe dessa discussão e conheça as diversidades arrecadatórias existentes 
nas diferentes partes do Brasil. 
 
NA PRÁTICA 
Para colocarmos em prática o conteúdo abordado em nossa aula, 
considere a seguinte situação hipotética: o município de Guardião do Estudante, 
no primeiro bimestre de 2020, apresentou as seguintes informações: 
- receita com IPTU – R$ 100.000,00 
- receita com ISS – R$ 257.000,00 
- operação de crédito de longo prazo – R$ 1.000.000,00 
- receita com contribuição de melhorias – R$ 50.000,00 
- depósito recebido a título de caução – R$ 200.000,00 
- despesa primária – R$ 300.000,00 
 Com base unicamente nesses dados, classifique as receitas de acordo 
com sua previsão no orçamento; categoria econômica e origem. Por fim, apure 
o resultado primário do município. 
http://www.portaldatransparencia.gov.br/receitas
 
 
15 
 
FINALIZANDO 
 Iniciamos a nossa aula trazendo conceitos atinentes a receita no âmbito 
público. Vimos com isso, que na literatura consta uma intepretação tanto no 
sentido amplo como no estrito. 
 De posse desses preceitos iniciais, partimos para uma verificação da 
classificação das receitas públicas. Para tanto, apresentamos as possibilidades 
de segregar as entradas de acordo com a previsibilidade orçamentária; natureza; 
e resultado primário. 
 Não obstante a isso, descrevemos as etapas das receitas que passa pelo 
processo de planejamento e execução. De acordo com a Lei 4320/64, a etapa 
de execução ainda se divide em lançamento, arrecadação e recolhimento. 
 Também relatamos a as regras contidas na Lei de Responsabilidade 
Fiscal, pertinentes a receita. Percebemos que a norma dita preceitos tanto para 
previsão das entradas, como no caso da sua renúncia. 
 Por último, descrevemos as movimentações contábeis necessárias para 
o devido reconhecimento da receita no subsistema orçamentário, patrimonial e 
de compensação. 
 
 
REFERÊNCIAS 
ARAÚJO, Inaldo; ARRUDA, Daniel. Contabilidade Pública da Teoria a Prática. 3 
ed. São Paulo, Saraiva, 2020. 
BRASIL. Lei n. 4320, de 17 de março de 1964. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 17 mar. 1964. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm> Acesso em 5 jun. 2020. 
BRASIL. Lei n. 101, de 04 de maio de 2000. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 04 mai. 2000. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em 6 jul. 2020. 
MCASP – Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público. 8 ed. Ministério 
da Fazenda, 2018. Disponível em: < 
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:31484
>. Acesso em 06 jun. 2020. 
MTO – Manual Técnico do Orçamento. 14 ed. Ministério da Economia, 2020. 
Disponível em: 
<https://www1.siop.planejamento.gov.br/mto/lib/exe/fetch.php/mto2020:mto202
0-versao14.pdf>. Acesso em 08 jun. 2020. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:31484
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:31484
https://www1.siop.planejamento.gov.br/mto/lib/exe/fetch.php/mto2020:mto2020-versao14.pdf
https://www1.siop.planejamento.gov.br/mto/lib/exe/fetch.php/mto2020:mto2020-versao14.pdf
 
 
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GIACOMONI, James. Orçamento Público. 17 ed. São Paulo, Atlas, 2017. 
KOHAMA, HEILIO. Contabilidade Pública – Teoria e Prática. 15 ed. São Paulo, 
Atlas, 2016. 
SQUIZZATO, Ana Carolina. Direito Financeiro e Econômico. 1 ed. São Paulo, 
Método, 2013. 
 
GABARITO 
Com base nas informações apresentadas no exercício, teríamos a 
seguinte classificação da receita: 
Tabela 7 – Classificação da receita 
Previsão 
orçamentária 
Categoria 
econômica 
Origem Receita 
Orçamentária 
Corrente 
Impostos taxas e 
contribuição de 
melhorias 
IPTU – 100.000 
ISS – 257.000 
Contribuição – 50.000 
Patrimoniais Aluguel – 4.000 
Capital Operação de crédito Empréstimo – 200.000 
Extraorçamentária Depósito – 200.000 
 
No que tange ao resultado primário, conforme vimos no item 2.3 da nossa aula, 
seria o confronto das receitas correntes, exceto as provenientes de juros, com as 
despesas primárias. Dessa forma teríamos: 
100.000 + 257.000 + 50.000 – 300.000 = 107.000 
Portando, o resultado primário do ente público, perfaz R$ 107.000,00.

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