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psicologia social pequenos grupos -Will Schutz

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9Revista da SBDG – n. 3, p. 9-13 dezembro de 2007
Abstract – This article analyzes, under the look of three authors:
Kurt Lewin, Wilfred Bion and Will Schutz, the question of the
phases tried for a development group, and has the intention to
point out to be much more important of what the identification of
the phases, the question of the authors complementary.
MAURO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
Sócio Fundador e Didata da SBDG
Lewin, Bion e Schutz:
um olhar a respeito de fases
ARTIGO
Resumo – Este artigo analisa, sob o olhar de três autores: Kurt
Lewin, Wilfred Bion e Will Schutz, a questão das fases experimen-
tadas por um grupo de desenvolvimento e tem o propósito de
salientar ser muito mais importante do que a identificação das
fases, a questão da complementaridade dos autores.
Introdução
Se há um desejo comum a muitos daqueles que
trabalham com grupos, é o de poder identificar com a
maior probabilidade de certeza em qual fase se encontra
o grupo com que está trabalhando. Isso identificado
facilitaria decisões mais adequadas no exercício de sua
posição de Coordenador: ajudar o grupo a caminhar
em direção ao seu objetivo, propiciando crescimento
aos membros do grupo.
O caminho para facilitar a realização deste desejo
é através do exercício do diálogo, da troca entre
pessoas, da ampliação de nossas percepções e aumento
de nossas informações, além, principalmente, da
apropriação da teoria assim como já nos apropriamos
da prática.
Kurt Lewin pode nos servir de estímulo:
A maior limitação da Psicologia aplicada está no fato de
que, sem auxílio teórico adequado, teve que seguir o
método custoso, improdutivo e limitado de ensaio-e-
erro. Muitos psicólogos trabalhando hoje num campo
aplicado estão plenamente conscientes da necessida-
de de uma cooperação entre Psicologia teórica e aplica-
da. Isto pode ser conseguido em Psicologia como o foi
em Física, se o teórico não olhar para problemas aplica-
dos com aversão ou com medo dos problemas sociais,
e se o psicólogo aplicado perceber que não existe nada
tão prático quanto uma boa teoria (LEWIN, 1965, p.
191).
Também Luis López-Yarto Elizalde pode nos servir
de fonte de motivação quando escreve:
Existen hoy día muchas personas, pertenecientes a la
profesión psicológica o no, que utilizan con profusión
técnicas de trabajo que pretenden movilizar las fuerzas
del grupo. Encontramos entre estas personas
profesionales altruistas dedicados a la difícil tarea de la
reinserción de drogodependientes, o exitosos consul-
tores de empresa. Pocos hay que carezcan en sus
archivos personales, interiores o exteriores, de sufici-
entes recursos. Saben muy bien qué hacer se quieren
ser eficaces. Pero probablemente son pocos los que
saben por qué hacen lo que hacen (YARTO-ELIZALDE,
1997, p. 16).
É importante, neste momento, fazermos uma
diferenciação a respeito de grupo. Normalmente
trabalhamos com dois tipos de grupos: o grupo que
trabalha nas instituições, nas escolas, nas comunidades,
que é um grupo que já tem vida, história, uma cultura
influenciando todos os seus membros, e uma
movimentação diferente do grupo de laboratório, que
é o grupo onde os participantes não se conhecem e
que se reúnem para iniciar um processo grupal.
Este artigo enfocará fortemente o grupo de
laboratório, sem excluir o grupo que convive no
cotidiano. Abordaremos os três principais autores que
são citados como tendo classificado “fases de um
grupo”, Kurt Lewin, Wilfred Bion e Will Schutz.
10 Revista da SBDG – n. 3, p. 9-13, dezembro de 2007
O grupo segundo Kurt Lewin
Havia para Kurt Lewin uma preocupação fundamental
que ele procurou elucidar até sua morte: que estrutu-
ras, que dinâmica profunda, que clima de grupo, que
tipo de liderança permitem a um grupo humano atingir
autenticidade em suas relações tanto intragrupais quan-
to inter-grupais, assim como à criatividade em suas ati-
vidades de grupo? (MAILHIOT, 1970, p. 15).
Lewin trilhou um caminho que o levou da psicologia
individual para a psicologia social a ponto que o
descobrimento da psicologia dos grupos o fez ir além
de uma ampliação de seus interesses acadêmicos.
Entendeu que o grupo constituía o “miolo” da psicologia
e a chave do êxito evolutivo do ser humano
(GONZÁLEZ, 1997, p. 72).
Lewin era um humanitário que acreditava que somente
resolvendo o conflito social, religioso, racial, marital ou
industrial, poderia haver melhora na condição humana.
Acreditava que somente os valores democráticos
permeando em todas as facetas da sociedade poderiam
impedir os extremos do conflito social que tinha visto
em sua vida. Acreditava que a chave para resolver o
conflito social era facilitar a mudança planejada através
da aprendizagem, e assim permitir aos indivíduos a
compreensão e reestruturação de suas percepções do
mundo em torno deles. (BURNES, 2004).
Esta mudança planejada inclui procedimentos
individuais e de grupo. As experiências de Lewin sobre
treinamento de líderes, sobre mudanças de hábitos de
alimentação, produção, criminalidade, alcoolismo,
preconceito – indicam que é geralmente mais fácil
mudar indivíduos num grupo do que mudar cada um
separadamente (LEWIN, 1965, p. 256).
Para realizar esta mudança planejada Lewin
identificou três etapas:
a) Degelar (se necessário), o nível presente. Para
Lewin, o comportamento humano está baseado
num equilíbrio quase-estacionário, suportado por
um complexo campo de forças e antes de
descartar os velhos comportamentos para que os
novos fossem adotados o equilíbrio precisava ser
desestabilizado. Lewin não acreditava que isso
fosse fácil nem que pudesse ser obtido pela simples
aplicação de técnicas.
b) Mover-se para o novo nível. O descongelamento
não é um fim em si mesmo. Ele cria a motivação e
propicia a aprendizagem mas não controla nem
prevê a direção da mudança. É necessário para
examinar e avaliar as forças que operam no
sistema. A aprendizagem do processo de pesquisa-
ação possibilita aos membros de um grupo
movimentar-se para um patamar de compor-
tamento mais aceitável.
c) (Re)congelar. Esta busca visa assegurar-se de que
os novos comportamentos estejam protegidos de
uma regressão. Estes novos comportamentos
precisam ser congruentes com o ambiente de
aprendizagem, caso contrário ele conduzirá
rapidamente a um novo círculo de descon-
formação.
Lewin viu a mudança bem sucedida como uma
atividade do grupo, pois, a menos que as normas dos
grupos também se transformem, somente as mudanças
nos comportamentos individuais não propiciarão a
sustentação necessária.
O grupo segundo Wilfred Ruprecht Bion
Talvez pela influência de Bennis e Shepard, que,
em 1956, identificaram etapa por etapa o movimento
de um grupo de universitários, a proposta de Bion tenha
sido encarada desta forma também. Bion, no entanto,
em momento algum utilizou os termos “etapas” ou
“fases” de um grupo, nem estabeleceu a existência de
uma seqüência ou ordem.
Bion falou de estados emocionais de um grupo que
exercem um forte poder de influência na execução da
tarefa a que se propõe o grupo. Palavras do próprio
Bion: “[...] considero o estado emocional como
existente e a suposição básica como a ser dedutível
dele” (1975, p. 83).
Suposições básicas, porque o grupo funciona num
“como se ...”
• ... como se quisesse obter segurança de um
indivíduo do qual todos possam depender –
dependência;
• ... como se quisesse proteger-se de inimigos
desconhecidos e isto pudesse ser feito somente
atacando e fugindo ao mesmo tempo, como se faz
em uma batalha – luta-fuga;
• ... como se quisesse reproduzir-se para perpetuar-
se na vida e isso só poderia ser feito mediante
uma estreita união de uns com os outros em uma
11Revista da SBDG – n. 3, p. 9-13 dezembro de 2007
espécie de matrimônio total que fosse capaz de
criar algo novo e redentor – pareamento.
Tanto se fala nas suposições básicas, que o trabalho
de Bion parece ter ficado reduzido a isso. Pouco se
fala que Bion identificou a presença em todo grupo de
duas formas de funcionamento grupal ou dois grupos:
O grupo de suposição básica e o grupo de trabalho.
O próprioBion parece ter uma parcela de
responsabilidade nesta questão: como bom psicanalista
dedicou mais tempo e páginas ao estudo do subjacente.
O grupo de suposição básica
As emoções associadas com as suposições básicas
podem ser descritas pelos termos costumeiros de ansi-
edade, medo, ódio, amor e outros semelhantes. No en-
tanto, as emoções comuns a qualquer suposição bási-
ca são sutil e mutuamente afetadas, como se fossem
experimentadas numa combinação peculiar à suposi-
ção ativa, ou seja, a ansiedade no grupo de dependên-
cia possui uma qualidade diferente da ansiedade que
aparece no grupo de acasalamento e o mesmo acontece
com outros sentimentos (BION, 1975, p. 142).
A atividade da suposição básica não exige
treinamento, experiência ou desenvolvimento mental.
Ela é instantânea, inevitável, instintiva e tem origem
numa ansiedade muito forte que, fantasiosamente, o
grupo espera controlar através da suposição básica
emergente.
As três suposições podem se alternar ou acontecer
ao mesmo tempo em um grupo de suposição básica, já
que uma parte do grupo pode estar em uma suposição
e outra parte do grupo em outra suposição, gerando
um conflito no grupo.
Bion diz (1975, p. 135) “o ponto essencial é que a
suposição básica só pode ser compreendida se as
palavras são tomadas como literais e não metafóricas”,
ou seja, o elogio a um professor não significa que os
alunos estejam na suposição básica de dependência.
Discordar de uma afirmação feita por uma liderança
formal do grupo não significa, necessariamente, luta-
fuga; pode ser somente uma discordância.
O grupo de trabalho
[...] a função do grupo de trabalho acha-se sempre à
mostra com uma - e apenas uma – suposição básica.
Embora a função do grupo de trabalho possa permane-
cer inalterada, a suposição básica contemporânea que
impregna suas atividades pode mudar com freqüência;
pode haver duas ou três modificações a cada hora ou
ser a mesma suposição básica dominante por meses a
fio (BION, 1975, p. 141).
Para Bion, o grupo de trabalho, que ele também
chamou de grupo refinado, funciona com base na
cooperação, e o amadurecimento e o progresso virão
da consciência do seu funcionamento e da canalização
da energia da suposição básica para a realização da
tarefa. O grupo de trabalho precisa de treinamento.
É diferente dizermos que um grupo se apresenta
numa suposição básica de dependência como reação
ao novo, como manifestação do medo e, por isso, busca
uma liderança que propicie “segurança”, e dizermos
que um grupo de trabalho que tem a suposição básica
de dependência no seu funcionamento precisa de um
líder mais autoritário, mais paternalista.
O grupo segundo Will Schutz
Em 1958, sob o título FIRO: A Three Dimensional
Theory of Interpersonal Behaviour (Uma Teoria
Tridimensional do Comportamento Interpessoal), Shutz
apresenta originalmente sua teoria e diz “existirem três
necessidades básicas interpessoais. Essas neces-
sidades constituem o fundamento da investigação no
campo das relações interpessoais e a base dos métodos
por meio dos quais se alcança o pleno potencial humano
na relação de um ser para outro”. São as necessidades
de Inclusão, Controle e Afeto (SCHUTZ, 1974)
Ultimamente, Schutz optou por utilizar o termo
Abertura, substituindo o termo Afeto, pois o termo
afeto estava sendo tomado como a manifestação
afetiva, quando desde o início o autor quis se referir à
proximidade, à relação autêntica, verdadeira.
Yarto-Elizalde nos apresenta uma descrição dessas
necessidades:
La primera necesidad en surgir es la necesidad de
Inclusion. La palabra inclusión expressa la necesidad
de pertenencia al grupo. Es literalmente la necesidad de
ser incluido en él. Como sucederá con las necesidades
siguientes, puede ser vivida de una forma pasiva:
necesidad de que me incluyen en el grupo. O de una
forma activa: necesidad de incluir yo a otros para que
entren a pertenecer al mismo grupo que yo.
12 Revista da SBDG – n. 3, p. 9-13, dezembro de 2007
1 Esta é uma expressão utilizada por Fela Moscovici sinalizando que
nada está pronto.
La segunda necesidad que surge es la de Control. Esta
palabra sugiere la necesidad de ejercer un grado de
autoridad en su forma activa, y una necesidad de
someterse en su forma pasiva.
La tercera, por fin, en manifestar-se, es la necesidad de
Afecto. Con ella vendrán las manifestaciones activas
que surgen del impulso a manifestar sentimientos posi-
tivos a los demás, ya las más pasivas de solicitar de
otros que nos manifiesten a su vez (YARTO-ELIZALDE,
1997, p. 188).
Em O prazer, Schutz diz o seguinte: “[...] Talvez
o modo mais simples de estudar essas dificuldades seja
caricaturar um indivíduo desequilibrado nessas áreas,
tendo ao mesmo tempo excesso e deficiência daquilo
de que necessita” (1974, p. 104).
Há uma outra passagem do mesmo livro que
afirma:
os problemas de controle geralmente assemelham-se
aos de inclusão no funcionamento de um grupo ou de
um relacionamento interpessoal. Uma vez formado o
grupo, começa a diferenciar-se, pessoas diferentes as-
sumem ou procuram papéis diversos, e comumente lu-
tas pelo poder, competição e influência tornam-se os
problemas centrais (SCHUTZ, 1974, p. 132).
Com relação à abertura, Schutz afirma:
como a abertura se baseia na formação de ligações emo-
cionais, é geralmente a última fase a emergir na evolu-
ção do relacionamento humano, após a inclusão e o
controle. Na fase da inclusão as pessoas têm de encon-
trar-se umas com as outras e decidir se continuam seu
relacionamento; os problemas de controle exigem as
pessoas se confrontem umas com as outras e descu-
bram como desejam relacionar-se; então, para prosse-
guir a relação cumpre que se formem ligações afetivas e
elas têm então de abraçar-se umas as outras, a fim de
que se crie um vínculo duradouro (SCHUTZ, 1974, p.
149).
M. Pilar González (1997, p. 205), analisando o
trabalho de Schutz, identifica três princípios da teoria:
1) Desenvolvimento de grupo – todos os grupos,
de qualquer tamanho, se desenrolam na seguinte ordem:
inclusão, controle e abertura.
2) Compatibilidade de grupo – determinadas
combinações produzem uma compatibilidade grupal,
enquanto que outras combinações produzem
incompatibilidade. Dá um exemplo da presença em um
grupo de alguém controlador e alguém que queira ser
controlado: este será um grupo compatível e mais
facilmente alcançará seus objetivos.
3) Continuidade relacional – os padrões de
comportamento nos adultos são um reflexo das
relações na infância e estas relações são diretamente
predizíveis usando-se as medidas de inclusão, controle
e abertura.
Sobre compatibilidade, González (1997) abrange
um pouco mais sua análise e faz a seguinte clas-
sificação:
1) Compatibilidade de intercâmbio por igualdade:
acontece quando as pessoas que interagem desejam
uma similar quantidade de intercâmbio nas três
dimensões (inclusão, controle e abertura), enquanto que
a incompatibilidade é produzida quando existem
discrepâncias na quantidade de intercâmbio esperado.
Quando duas pessoas esperam ambas muito ou pouco
intercâmbio afetivo, se produz uma compatibilidade
entre elas.
2) Compatibilidade doador-receptor: quando as
posições de dois membros são complementares entre
si, se produz compatibilidade. Quando dois sujeitos
querem ambos exercer o controle, se produz uma
incompatibilidade.
3) Compatibilidade recíproca: se produz quando
os membros satisfazem reciprocamente suas
necessidades. Isto acontece quando um atua segundo
as necessidades do outro.
Conclusões provisórias1
Examinando a abordagem dos três autores é
possível afirmarmos que não há contradição nos seus
olhares. Pelo contrário, é visível uma leitura com-
plementar se não descartarmos nenhum deles.
Lewin centra seu foco na questão interpessoal e
na importância do grupo na vida do indivíduo, a ponto
de afirmar ser o grupo o seu “espaço vital”, que nenhum
de nós vive só, pois mesmo em situação de isolamento
temos um grupo internalizado. Deixa muito claro em
sua obra o equilíbrio entre os objetivos individuais e os
objetivos grupais: Nem a destruiçãodo grupo pelo
individualismo, nem a submissão do indivíduo pela
pressão grupal.
Enquanto Lewin vê, ao mesmo tempo, o indivíduo
e o grupo, Bion não refere-se ao indivíduo em momento
algum. Vejamos as palavras que Maria Pilar González
13Revista da SBDG – n. 3, p. 9-13 dezembro de 2007
utiliza para fazer a síntese do trabalho de Bion: “O
grupo existe para realizar algo e para isso deve
desenvolver suas capacidades racionais para chegar
à solução do problema. Não obstante, existem no grupo
uns padrões de mentalidade básica que tendem a
obstruir seu trabalho. Na medida em que o grupo seja
capaz de superar ditas mentalidades ou tendências
emocionais, será capaz de chegar a seus objetivos”
(1995, p.118). Também este fato deve ter feito com
que Bion recebesse a ordem de Melanie Klein, sua
analista, para abandonar o estudo sobre grupos, ainda
mais se ele pretendia ser o presidente da Real
Sociedade de Psiquiatria, como o foi.
E com relação a Will Schutz, eu quero tomar as
palavras de Mailhiot a respeito do seu trabalho:
[...] as teorias de Schutz sobre as necessidades
interpessoais marcam um evidente progresso sobre al-
gumas das descobertas de Lewin. Schutz, entre outros,
conseguiu explicar-nos experimentalmente o que Lewin
havia percebido de modo intuitivo, a saber: como e por
que um grupo que não concluiu sua integração é inca-
paz de criatividade duradoura. Por outro lado, Schutz
não conseguiu ir além do nível das relações
interpessoais. Com a ajuda de instrumentos validados
por ele, diagnosticou, com muito acerto e não sem mé-
rito, que há uma equação entre a integração de um gru-
po, a solidariedade interpessoal de seus membros e a
satisfação em grupo e pelo grupo das necessidades de
inclusão, de controle e de afeição de seus membros.
Mas eis o que lhe escapou e que Lewin havia pressen-
tido antes dele: as relações interpessoais não podem
tornar-se mais positivas mais socializadas e o grupo
integrar-se de modo definitivo, enquanto subsistirem
entre os membros fontes de bloqueios e de filtragens
em suas comunicações [...]. Já se aceita como um dado
de realidade que somente em um clima de grupo em que
as comunicações são abertas e autênticas, as necessi-
dades interpessoais podem encontrar satisfações ade-
quadas (MAILHIOT, 1970, p. 69).
Podemos falar em complementaridade sim.
Schutz vê o indivíduo precisando do grupo para
satisfazer suas necessidades.
Lewin vê o indivíduo e o grupo um precisando do
outro.
Bion vê o grupo, independente do indivíduo
precisar ou não dele.
E isso é muito mais do que simplesmente fases do
grupo.
Referências
BION, W. R. Experiencias com grupos. São Paulo: Imago, 1975.
BURNES, B. Kurt Lewin and Complexity Theories: back to the future?.
Joumal of Change Management, v. 4, n. 4, p. 309-325, Dec., 2004.
GONZÁLEZ, M. P. Orientaciones teóricas fundamentales en
psicología de los grupos. Barcelona: EUB, 1997.
LEWIN, K. Teoria de campo em ciência social. São Paulo: Pioneira,
1965.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. São Paulo: Duas
Cidades, 1970.
SCHUTZ, W. C. O prazer – expansão da consciência humana. Rio de
Janeiro: Imago, 1974.
YARTO-ELIZALDE, L. L. Dinámica de grupos – cincuenta años
después. Bilbao, Espanha: Desclée de Brouwer, 1997.

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