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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SANTA BARBARA DOESTE - SP .
PROCESSO Nº 1004141-03.2020.8.26.0533 
FABIANA RODRIGUES DE OLIVEIRA, brasileira, casada, inscrita no CPF sob nº 341.358.348-41, portadora do R.G:. 42.672.428-8, residente e domiciliada Rua Sebastião Godoy Leite, nº 1621, Frente, Jardim Geriva, Santa Barbara D’oeste, Estado de São Paulo, CEP: 13.456-346, por meio do sua Advogada e bastante procuradora que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência, apresentar 
CONTESTAÇÃO 
Em face da AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO COM PEDIDO LIMINAR, que lhe move B.V. FINANCEIRA S.A. C. F. I., dizendo e requerendo o que segue.
I - BREVE SÍNTESE
Alega a requerente na inicial que concedeu financiamento a requerida no valor de R$ 38.822,40 (trinta e oito mil, oitocentos e vinte e dois reais e quarenta centavos), a ser pago em 48 (quarenta e oito) parcelas fixas e mensais no valor de R$ 808,80 (oitocentos e oito reais e oitenta centavos), sendo a primeira parcela em 20/09/2018 e a última em 10/08/2022, tendo o contrato como garantia o próprio bem.
Alega ainda que a partir de 20/03/2020 a requerida tornou-se inadimplente até a presente data, porém constituída em mora não regularizou a sua situação de inadimplência.
A requerente informa ainda que tentou por várias e várias vezes, formalizar acordo extrajudicial com a ora requerida, porém sempre sem êxito.
Sem assim não teve outra alternativa a não ser ajuizar a presente, requerendo em sede de liminar a busca e apreensão do veículo, o que ocorreu em 17/09/2020.
Por fim, requer, o vencimento antecipado das parcelas vincendas bem como a sua cobrança, valor este de R$ 24.715,05.
III - PRELIMINARMENTE
III.I – DO VALOR EQUIVOCADO ATRIBUIDO À CAUSA
Excelência, inicialmente, é imprescindível discorrer que o valor atribuído à causa, pela autora, não está de acordo com a realidade dos fatos.
Nesse viés, versa o art. 293, do Código de Processo Civil:
Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas.
Isso porque, é crível que o valor dado à causa pela autora, no valor de R$ 31.152,00 (trinta e um mil cento e cinquenta e dois reais), é o valor da TOTALIDADE do financiamento concedido ao réu, como a própria autora afirma na sua inicial (fls. 15), quando deveria corresponder apenas as PARCELAS VENCIDAS E VINCENDAS, o verdadeiro proveito econômico da demanda.
Nesse viés, tem-se o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, vejamos:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE VEÍCULO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE RÉ. [...] CAUSA VALORADA COM AMPARO NO IMPORTE TOTAL DO CONTRATO. REDUÇÃO QUE SE IMPÕE. NOVO VALOR EM CONSONÂNCIA COM O SALDO DEVEDOR DA RÉ, O QUAL CORRESPONDE AO PROVEITO ECONÔMICO DA DEMANDA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. [...]. (TJSC, Apelação Cível n. 0301498-75.2015.8.24.0006, de Jaraguá do Sul, rel. Des. Tulio Pinheiro, Terceira Câmara de Direito Comercial, j. 26-10-2017). (grifei).
Frisa-se que, em que pese determinada a retificação do valor atribuido à causa, pelo MM. Juiz, na decisão de fls. 21-22, no mandado de BUSCA E APREENSÃO expedido às fls. 25, constou valor equivocado (total do contrato) e não o valor de R$ 22.023,13 (vinte e dois mil e vinte e três reais e treze centavos), como deveria ser.
Dessa forma, o réu requer, desde já, seja retificado o valor dado à causa, bem como requer, posteriormente, seja retificado tal valor de toda a documentação acostada aos autos, inclusive nos mandados expedidos, para que passe a constar apenas o VALOR DO SALDO DEVEDOR do réu devidamente atualizado, que à época do ajuizamento da ação era de R$ 22.023,13 (vinte e dois mil e vinte e três reais e treze centavos).
III – DA REALIDADE DOS FATOS
A Contestaste impugna todos os fatos articulados na inicial o que se contrapõem com os termos desta contestação, esperando a IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO PROPOSTA, pelos seguintes motivos: 
DA INEXISTENCIA DE MORA PELO ENTABULAMENTO DO ACORDO E PAGAMENTO DO ACORDO PELO PAGAMENTO. 
A ora requerida entabulou acordo com a requerente para adimplência das parcelas em atraso, em 08/09/2020, o débito restou caracterizado somente em virtude da pandemia de COVID-19, ou seja, fato imprevisível, inevitável e alheio a vontade da requerida, haja vista que a mesma é autônoma e sobrevive de vendas.
Entretanto, a RÉ se achava amparada pela contratação de seguro prestamista embutido no contrato, disto é prova o apontamento da segurado CARDIF DO BRASIL no campo B6 do orçamento de operação de crédito.
INCLUIR FOTO DO CAMPO
O seguro, pode ser comprovado pelo contrato, cuja cópia INTEGRAL com previsão de cobertura foi solicitada a CARDIF em 17/09/2020. 
O seguro prestamista, possuía valor de R$ 979,00, ao todo, previsto na cláusula 5.5. da Cédula de Crédito.
A grande questão que se coloca é que, a requerente no momento da contratação, foi informada de que o mesmo cobriria a situação de perda de renda por incapacidade ou por causa involuntária, e somente por isso a requerida efetuou a aquisição do seguro, haja vista que, no momento da contratação o vendedor tinha plena ciência de que a consumidora era profissional autônoma.
Entretanto, ante a Pandemia do COVID-19 a contratante procurou a seguradora pelo canal indicado pela BV, via contato telefônico, informou a impossibilidade para trabalhar ante a suspensão e determinação de isolamento social, qual não foi sua surpresa quando a atendente informou que a cobertura do contrato se aplicava tão somente a morte natural e acidental invalidez permanente ou total por acidente e perda da renda por desemprego involuntário.
A ré ainda argumentou no sentido de que, no momento da contratação e aquisição do financiamento já estava desempregada, uma vez que o seu trabalho tem por objeto e natureza a autonomia no campo de vendas.
Ainda neste sentido, a atendente registrou o pedido de reanálise para utilização do seguro e ficou de dar resposta a solicitação.
Sendo justa que, a interpretação do contrato de seguro abarcasse a impossibilidade ou incapacidade da renda por evento caracterizado como, caso fortuito/força maior, seria de rigor o direito a utilização da cobertura do seguro.
A resposta quanto a utilização do seguro demorou e até o momento a consumidora não sabe quais são as hipóteses de cobertura do contrato, seja porque se quer foi enviada uma cópia do documento, seja porque se quer foi enviada resposta justificada por escrito.
Em que pese a discussão quanto ao direito ou não de usufruir do contrato de seguro prestamista, serve a presente argumentação apenas para esclarecer que a ré permaneceu inadimplente por circunstâncias alheias, notórias ante a Pandemia, mas, mesmo assim tentou reverter a situação com a utilização do produto “empurrado”, “ mau informado”, pela requerente.
	Sem o apoio do seguro que já pagava a mais de 24 (vinte e quatro) meses, a ora requerida ficou inadimplente com as parcelas 19/20/21 e 22, vencidas nos meses de março, abril, maio e junho.
	Muito embora, em meio ao desemprego, e a PANDEMIA que impossibilitou inclusive o gozo do direito de ir e vir a requerida sempre tentou buscar alternativas para liquidar seu débito, requerendo prorrogação das parcelas, ou redução das mesmas, apenas durante a excepcionalidade exigida pelo momento.
	Foi então que, no dia 08/09/2020, a autora efetuou contato com a RÉ, respondendo as solicitações de renegociação, o que foi prontamente atendido, aguardando apenas a ré o boleto para pagamento do valor acordado para as parcelas em atraso, qual seja R$ xxxxxxxxx.
	O boleto fora devidamente pago no mesmo dia 08/09/2020 conforme comprovante de pagamento emitido pelo aplicativo do Banco Ítau, e assim a requerida se manteve tranquila.
	Até que, no dia posterior, notou que a quantia havia sido devolvida para sua conta e a operação estornada, ao entrar em contato com o seu banco, o mesmo informou que haviasuspeita de fraude sob aquele boleto e que por segurança o pagamento havia sido restituído a ré.
	Novamente a ré voltou a contatar a BV, para que emitisse novo boleto e apresentou a justificativa mencionada pelo banco.
	A BV ainda chegou a abrir um chamado para apurar o ocorrido o que deu causa a demora na emissão do novo boleto, pois bem, foi durante a espera da resposta da requerente quanto a emissão de novo boleto, que a ré fora surpreendida com a citação/intimação e apreensão do seu veículo.
	A requerida agora não pode ser penalizada pela péssima prestação de serviços oferecida pelos funcionários da financeira, ora requerente.
	Como prova do alegado segue anexo as imagens ilustrativas do boleto emitido em 08/09/2020 pela BV, seu pagamento na mesma data por aplicativo do Banco Ítau e por derradeiro a recusa com a devolução/restituição do valor pago.
	Por todo exposto, neste ato, apresenta o comprovante de depósito judicial com o valor ofertado pela autora a título de pagamento em 08/09/2020, e também valor este pago devidamente e prontamente pela requerida.
	Posteriormente, diligenciando junto a gerente do Banco de sua conta este informou que a devolutiva do boleto teve como autor a própria BV.
 	Assim requer seja recebido o comprovante de pagamento das parcelas cujo valor confere com o acordo entabulado entre as partes em 08/09/2020 e que por culpa da autora não fora recebido.
DA ILEGALIDADE DA CONTRATAÇÃO OBRIGATÓRIA DO SEGURO PRESTAMISTA, COMO VENDA CASADA.
Para regular processo de busca e apreensão, alguns requisitos legais e principiológicos devem ser observados, especialmente pela função social do contrato e equilíbrio contratual regido pelo Direito Brasileiro.
Razões pelas quais, o ato de busca e apreensão deve ser revisto, conforme fundamentos a seguir expostos.
VI - DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, em sede de CONTESTAÇÃO, requer:
O deferimento do pedido de Gratuidade de Justiça;
O acolhimento das preliminares arguidas com a imediata extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos dos arts. 354 e 485 do CPC;
O reconhecimento da concessão indevida da AJG ao Autor, devendo o mesmo arcar com as custas processuais e honorários de sucumbência;
A TOTAL IMPROCEDÊNCIA da presente demanda, com a condenação do Autor ao pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros previstos no art. 85, §2º do CPC;
Em sede de RECONVENÇÃO, requer:
O recebimento das razões de reconvenção para o seu devido processamento, nos termos do art. 343 do CPC;
Seja intimado o Autor para apresentar resposta, nos termos do §1º art. 343, do CPC;
A total procedência da RECONVENÇÃO para fins de REVISÃO DO CONTRATO, para fins de ________ 
A produção de todas as provas admitidas em direito;
Requer que as intimações ocorram EXCLUSIVAMENTE em nome do Advogado ________ , OAB ________ .
Por fim, manifesta o ________ na audiência conciliatória, nos termos do Art. 319, inc. VII do CPC.
Nestes termos, pede deferimento.
________ , ________ .
________ 
Anexos:
1. Cópia da inicial e andamentos do primeiro processo
2. Cópia da inicial e trânsito em julgado do primeiro processo
3. Termo de convenção de arbitragem
4. Prova dos pagamentos
5. Comprovante de renda
6. Declaração de hipossuficiência
7. Prova do comprometimento da renda
8. Procuração
9. Custas, se houver reconvenção sem pedido de gratuidade de justiça
10. Provas do alegado