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Tópicos em treinamento funcional e core training Copyright © 2020 by Cauê Vazquez La Scala Teixeira Nenhuma parte desse livro pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer meio, sem autorização prévia por escrito do autor/editor. Sua distribuição e/ou comercialização também não é permitida por outros meios que não os autorizados pelo autor/editor. O descumprimento está sujeito às penas previstas em lei. Como citar: La Scala Teixeira, CV; Guedes, KM. Tópicos em treinamento funcional e core training. Santos: Edição do Autor, 2020. Inclui referências bibliográficas ISBN: 978-85-917506-6-5 Apresentação Se você quer aprimorar seu conhecimento teórico-prático sobre Treinamento Funcional e Core Training, parabéns por estar aqui. Esse e-book irá te ajudar! Como você sabe, Treinamento Funcional e Core Training são fortes tendências do fitness brasileiro e mundial. Diante dessa realidade, conhecer mais sobre esses temas pode proporcionar boas oportunidades de mercado. Nesse material, usamos de nossa experiência científica e prática para compartilhar tópicos importantes relacionados ao Treinamento Funcional, possibilitando melhora na qualidade e diversidade dos seus treinos, além de maior compreensão sobre seus resultados. Como o título leva a crer, o e-book é organizado em tópicos que trazem informações claras e objetivas, no intuito de facilitar a leitura, a compreensão e a aplicação prática imediata das ideias compartilhadas. Além disso, esse formato deixa o leitor livre para consumir o conteúdo na ordem em que julgar mais produtivo para suas necessidades. Além das informações apresentadas no presente, os autores estimulam a leitura complementar, disponibilizando links clicáveis nas referências utilizadas. Assim, com apenas um clique, o leitor poderá ser redirecionado para os sites dos artigos, onde poderá ter mais informações sobre os estudos citados, aprofundando ainda mais seu conhecimento. Desejamos a você uma produtiva e agradável leitura. Autores https://caueteixeira.com/tendencias-fitness-para-2018/ https://caueteixeira.com/tendencias-fitness-para-2018/ Veja também Nesse curso 100% online, o prof. Cauê apresenta o conceito e as características do Treinamento Funcional, além de demonstrar exemplos práticos de exercícios e sessões de treino com base em evidências. Saiba mais clicando AQUI Nesse curso 100% online, o prof. Cauê apresenta aspectos anatômicos fisiológicos e metodológicos que possibilitarão a prescrição do Core Training de forma prática, segura e eficiente. Saiba mais clicando AQUI Nesse livro, os conceitos de Treinamento Funcional e Core Training são apresentados para viabilizar sua aplicação nas academias de Musculação, sendo uma opção para fugir da monotonia de treinos tradicionais e aumentar os resultados. Saiba mais clicando AQUI Nesse livro, os conceitos de Treinamento Funcional e Core Training são apresentados para viabilizar sua aplicação em situações nas quais recursos materiais são escassos, sendo uma opção para o treinamento ao ar livre ou em domicílio. Saiba mais clicando AQUI https://caueteixeira.com/loja-virtual/curso-online-treinamento-funcional/ https://caueteixeira.com/loja-virtual/curso-online-core-training-abdominais-e-lombares/ https://caueteixeira.com/loja-virtual/livro-musculacao-funcional-ampliando-os-limites-da-prescricao-tradicional/ https://caueteixeira.com/loja-virtual/livro-treinamento-funcional-sem-equipamentos-calistenia-autorresistencia-e-resistencia-manual/ Sumário O treinamento funcional pode ser uma das melhores estratégias time-efficient para a aptidão física geral ........................................................................................................................................... 7 Musculação tradicional vs. treinamento funcional: quais são as diferenças? ............................ 8 Suas alunas acham a musculação monótona? O treinamento funcional pode ajudar a mudar essa percepção. .................................................................................................................................. 9 Musculação tradicional vs. treinamento funcional: adaptações multissistêmicas .................. 10 Em muitos casos, o básico é a melhor opção no treinamento funcional ............................... 11 Por que usar circuitos nas aulas de treinamento funcional? ..................................................... 12 5 dicas para turbinar os circuitos de Treinamento Funcional - Parte 1: Iniciantes ............... 13 5 dicas para turbinar os circuitos de Treinamento Funcional - Parte 2: Intermediários ...... 14 5 dicas para turbinar os circuitos de Treinamento Funcional - Parte 3: Avançados ............. 15 Dicas práticas para progressão no treinamento funcional ........................................................ 16 Instabilidade, treinamento funcional e neuroplasticidade cerebral .......................................... 18 Quer um aquecimento eficiente? Alongamentos dinâmicos .................................................... 19 Posição neutra da coluna: atente-se a isso ................................................................................... 20 Por que treinar o core no início da sessão? ................................................................................. 21 Como treinar o core sem fazer pranchas e pontes? ..................................................................... 22 Exercícios para quem tem dores nas costas - Parte 1 ................................................................ 23 Exercícios para quem tem dores nas costas - Parte 2 ................................................................ 24 Treinamento funcional vs. tradicional em idosas: efeitos sobre o core .................................. 25 Push-up aberta ou fechada: qual "pega" mais? ............................................................................. 26 5 dicas para evitar a retroversão pélvica no agachamento ........................................................ 27 Levantamento de peso olímpico - LPO: vale a pena conhecer essas técnicas? ..................... 29 Diferentes tipos de HIIT: corrida vs. funcional ......................................................................... 30 Quantas calorias são gastas no treinamento funcional de alta intensidade? ........................... 31 Como aumentar o gasto calórico nas sessões de treinamento funcional ................................ 32 Treinamento funcional para crianças: O que, de fato, precisamos trabalhar? ....................... 33 É possível periodizar o treinamento funcional ........................................................................... 34 Cuidado com o volume de treino semanal para determinados músculos! 5 dicas que podem ajudar. ................................................................................................................................................ 36 O padrão adequado de movimento ou de postura não deve ficar restrito ao treino, mas ser transferido para a vida .................................................................................................................... 38 Treinamento funcional no esporte recreativo e alto rendimento ............................................ 39 Sobre os autores .............................................................................................................................. 41 7 O treinamento funcional pode ser uma das melhores estratégias time-efficient para a aptidão física geral Quando o assunto é promoção de saúde através do exercício físico, um dos colegiados mais respeitados do mundo é o American College of Sports Medicine (ACSM). Em seu "position stand" (Garber et al., 2011), o ACSM recomenda acombinação de diferentes tipos de treino distribuídos na semana, conforme abaixo. Treino cardiorrespiratório: 3-5x/semana em sessões de 20-60 minutos. Treino de força: 2-3x/semana em sessões completas (~40-60 minutos). Treino de flexibilidade: >2-3x/semana em sessões completas (~30-40 minutos). Treino neuromotor/funcional: 2-3x/semana em sessões de 20-30 minutos. A justificativa para essa recomendação é que a combinação de diferentes tipos de treino promoveria adaptações mais abrangentes, ou seja, contemplaria (quase) todos os componentes da aptidão física, o que, de fato, é verdade. Porém, na prática, esse modelo ideal está longe das possibilidades do mundo real. No Brasil, por exemplo, mais da metade da população não atinge o mínimo de 150 minutos/semana de atividade física, quiçá tudo isso de exercício físico. É aí que pode entrar o treinamento funcional como estratégia tempo-eficiente. Como já mencionado em diversas publicações, o objetivo do treinamento funcional é promover adaptações concomitantes em várias capacidades físicas e isso, de fato, tem sido demonstrado em diversos estudos. Diversos estudos obsevaram melhora de componentes como força, potência, resistência, flexibilidade, equilíbrio, agilidade, velocidade, coordenação e aptidão cardiorrespiratória, além de variáveis antropométricas e composição corporal (La Scala Teixeira et al., 2017). Tudo isso após intervenções que tomaram apenas 2-3 sessões semanais de treinamento funcional. Então, para os alunos do mundo real, onde a falta de tempo para o exercício é uma barreira importante, o treinamento funcional pode ser uma excelente opção. https://journals.lww.com/acsm-msse/fulltext/2011/07000/Quantity_and_Quality_of_Exercise_for_Developing.26.aspx https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5582309/ 8 Musculação tradicional vs. treinamento funcional: quais são as diferenças? Essa é uma pergunta comum entre profissionais e praticantes de exercício físico. Na prática, e também nas pesquisas, existem mais semelhanças do que diferenças. A principal semelhança é que ambos utilizam a mesma ferramenta base: o treinamento de força. Em suma, os exercícios que usam sobrecargas externas (ex. barras, anilhas, etc.) e/ou técnicas associadas (ex. calistenia) fazem parte do repertório tanto da musculação, como do treinamento funcional (La Scala Teixeira et al., 2017). Já a principal diferença se dá quanto aos objetivos, que por serem distintos levam ao uso distinto da mesma ferramenta base. Um programa de musculação, em geral, objetiva o aumento da força e da massa muscular. Para isso, o uso dos exercícios tradicionais de força associados a manipulação do volume, da intensidade e da densidade, parece proporcionar resultados ótimos. Já um programa de treinamento funcional objetiva a promoção de adaptações multissistêmicas ou multicomponentes, ou seja, a melhora simultânea e equilibrada de várias capacidades físicas (força, coordenação, equilíbrio, agilidade, potência, etc.). Para esse fim, embora o modelo tradicional de treino possa ajudar, o uso de exercícios de força com progressão da complexidade (nível de dificuldade técnica) tem se mostrado mais interessante em boa parte dos estudos (La Scala Teixeira et al., 2019). Em suma, os objetivos parecem ditar as diferenças e, como são distintos, a musculação tradicional e o treinamento funcional podem ser complementares em um programa de treinamento periodizado. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5582309/ https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphys.2019.00839/full 9 Suas alunas acham a musculação monótona? O treinamento funcional pode ajudar a mudar essa percepção. Quebrar a monotonia da musculação tradicional é um desafio diário que acompanha muitos profissionais de Educação Física, especialmente, no atendimento de mulheres. Essa monotonia pode ser uma barreira importante para a continuidade no programa de exercícios físicos e, diante disso, gerar percepções mais positivas nas sessões de treinamento torna-se uma necessidade. Em um estudo publicado recentemente (Faro et al., 2019), os autores recrutaram 34 mulheres universitárias (~27 anos) que não atendiam as recomendações semanais mínimas do American College of Sports Medicine para treinamento resistido. Essas mulheres foram submetidas a 2 sessões distintas de treinamento resistido, chamadas pelos autores de Tradicional e Funcional. O treinamento Tradicional foi conduzido com exercícios clássicos de musculação em máquinas, enquanto que o treinamento funcional usou exercícios livres com peso corporal ou pesos livres. Em ambas as sessões, foram avaliadas as respostas imediatas sobre algumas variáveis psicobiológicas como afetividade (prazer/desprazer), satisfação e ansiedade, variáveis que, quando respondem positivamente, pode facilitar a adesão ao programa. Os resultados revelaram que ambas as sessões proporcionaram aumento na afetividade e satisfação, além de diminuição no estado de ansiedade. As alterações percentuais foram significativamente maiores no modelo Funcional para satisfação e ansiedade, mesmo diante de uma resposta fisiológica (frequência cardíaca) maior nessa sessão de treino. Como conclusão, os autores sugerem que esse modelo de treino (Funcional) pode ser mais atrativo para mulheres que apresentam barreiras psicológicas para a prática da musculação tradicional. https://www.researchgate.net/publication/330413984_Functional_Resistance_Training_and_Affective_Response_in_Female_College-Age_Students 10 Musculação tradicional vs. treinamento funcional: adaptações multissistêmicas Há vários estudos que compararam os efeitos de programas de treinamento de força com modelos distintos (Tradicional vs. Funcional). Um exemplo é o estudo de Distefano et al. (2013), um dos mais interessantes sobre o tema, pelo fato de ter sido um dos primeiros, ter sido publicado em um importante periódico, ter sido conduzido com adultos jovens e ter avaliado várias variáveis diferentes. Nesse estudo, os pesquisadores submeteram 30 adultos jovens (~19 anos) a 8 semanas de treinamento de força, randomizados em 2 grupos: Isolado/Tradicional (IT; n=15) Integrado/Funcional (IF; n=15). Como supramencionado, todos os voluntários foram submetidos a programa de treinamento de força, porém a diferença entre as intervenções se deu na escolha dos exercícios. Enquanto o grupo IT usava exercícios tradicionais de musculação, o grupo IF usava exercícios mais complexos (multiplanares, multissegmentares, instáveis, unilaterais, alternados, rápidos). Os resultados observados após 8 semanas são resumidos abaixo: IT: melhora no salto vertical (potência) e no teste de sentar e alcançar (flexibilidade) IF: melhora no salto vertical (potência), no teste de sentar e alcançar (flexibilidade), no LESS score (coordenação motora), na flexão de braços em 1 minuto (resistência muscular), na flexão abdominal em 1 minuto (resistência muscular) e no T-test (agilidade) Em suma, quando o objetivo é usar o treinamento de força para promover adaptações multissistêmicas/multicomponentes, a aplicação do conceito de treinamento funcional parece ser uma opção interessante. https://www.researchgate.net/publication/235385491_Comparison_of_Integrated_and_Isolated_Training_on_Performance_Measures_and_Neuromuscular_Control_Comparison_of_Integrated_and_Isolated_Training 11 Em muitos casos, o básico é a melhor opção no treinamento funcional Embora o treinamento funcional já seja popular há, pelo menos, uma década, ainda tem muita gente com dúvidas sobre como selecionar exercícios para montagem de uma sessão de treino. Na prática, acaba-se percebendo que não é rara a opção pelo "diferentão", afinal quem procura esse tipo de treinamento quer fugir do convencional. E nessa busca constante pelo "diferentão", tambémé comum a observação de exercícios que não se alinham com o propósito do treinamento funcional, ou seja, que vão na contramão da funcionalidade. Apesar do treinamento funcional preconizar a progressão de cargas pela estratégia da complexidade - o que está relacionado ao aumento da dificuldade técnica da tarefa, muitas vezes alterando o padrão motor - para que o complexo seja seguro e eficaz, o simples deve precedê-lo. Em outras palavras, antes de se explorar o "diferentão", deve-se formar uma base sólida. Nesse sentido, os levantamentos básicos são excelentes opções para aprimorar a capacidade de realização dos padrões básicos de movimento (empurrar, puxar e agachar). Assim exercícios como supino, terra, agachamento e suas variações podem ser usados e abusados no treinamento funcional, especialmente, com iniciantes. Empurrar: supinos e desenvolvimentos Puxar: puxadas e remadas Agachar: agachamentos, afundos, levantamentos terra Prescreva os exercícios com segurança e eficiência, analisando o custo e o beneficio de cada exercício. Em suma, o "diferentão" pode até ser funcional, mas o básico jamais deixará de ser. 12 Por que usar circuitos nas aulas de treinamento funcional? Que os circuitos otimizam o tempo da sessão, aumentam a demanda cardiorrespiratória e ainda tornam o treino mais dinâmico, todos já sabem. O que talvez a maioria não saiba é que os circuitos não estão nas sessões de treinamento funcional só por isso. Isso tudo vem de brinde, mas não é a motivação principal. O treinamento funcional usa algumas características presentes nas atividades cotidianas e esportivas durante as sessões de treino, no intuito de atender ao princípio da especificidade. Uma dessas características é a execução de tarefas diferentes realizadas em sequência, o que chamamos de aciclicidade (ou padrão não cíclico). E onde o circuito entra nisso? O circuito é um modelo de treino que preconiza exatamente isso, ou seja, a execução de tarefas diferentes realizadas em sequência, portanto apresentando característica semelhante ao que vivenciamos em atividades cotidianas e/ou esportivas. E o que isso traz de benefício adicional? Esse modelo de treino com característica de variação constante e imprevisibilidade pode contribuir para melhora adicional de coordenação motora e do equilíbrio, capacidades que, quando desafiadas através do treino, estão associadas a neuroplasticidade cerebral (La Scala Teixeira et al., 2019). Assim, ao elaborar circuitos, aloque exercícios com padrões diferentes de movimento em sequência, pois isso será mais desafiador para seus alunos. https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphys.2019.00839/full https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphys.2019.00839/full 13 5 dicas para turbinar os circuitos de Treinamento Funcional - Parte 1: Iniciantes Para quem tem dificuldade de organizar sessões de Treinamento Funcional em modelo de circuito ou que quer ideias para diversificar as aulas para iniciantes, essas informações podem ser valiosas: 1. Estabilidade do core: essa deve ser uma das prioridades da sessão; pode-se alocar os exercícios para essa finalidade (ex. pranchas e pontes) de forma intercalada no circuito (uma estação sim, uma estação não); assim a sessão não fica monótona e se atende a essa necessidade. 2. Movimentos básicos fundamentais: as demais estações devem ser preenchidas com movimentos que desenvolvam a capacidade de empurrar e puxar em diferentes direções (ex. push-ups, remadas), além dos agachamentos. 3. Técnica de execução: em iniciantes, a técnica deve ser enfatizada; para isso, a intensidade não precisa ser alta e a falha concêntrica não precisa ser estimulada; iniciantes podem adotar voluntariamente pausas em meio à série de estímulos, caso percebem a necessidade. 4. Complexidade baixa: para facilitar o aprendizado e a execução, prescreva exercícios com baixa complexidade técnica; se perceber necessidade, escolha apenas uma das características de complexidade (ex. instabilidade, multiplanaridade, etc.) para utilizar nas sessões. 5. Intervalos: como a técnica é prioridade, os intervalos entre as estações (exercícios) devem ser suficientes para recuperar a capacidade de realização da próxima estação de forma plena; nesse sentido, a adoção de proporções 1:2 (ex. 30" de estímulo por 1' de recuperação) ou, no mínimo, 1:1 (ex.: 30" de estímulo por 30" de recuperação) pode ser interessante. 14 5 dicas para turbinar os circuitos de Treinamento Funcional - Parte 2: Intermediários Para progredir nos circuitos de Treinamento Funcional com segurança e eficácia, algumas dicas podem ajudar. 1. Core: nesse nível, os circuitos não precisam ter muitos exercícios isométricos para o core; assim diminua o volume desses exercícios e insira mais exercícios dinâmicos. 2. Complexidade: continue explorando os movimentos básicos fundamentais (puxar, empurrar e agachar), mas agora com mais características que aumentam a complexidade (unilaterais, alternados, cargas instáveis, multissegmentares, etc.). 3. Equilíbrio puxar-empurrar: atente-se à distribuição equilibrada entre exercícios que envolvam puxar e empurrar nos membros superiores. 4. Volume nos membros inferiores: é aceitável que o volume de exercícios que envolvam membros inferiores seja maior que o volume de ações para membros superiores. 5. Intervalos ativos: a aplicação de exercícios com padrão cíclico e/ou de baixa intensidade (ex. polichinelo, corrida estacionária, escada de coordenação) nos intervalos entre estações é válida para aumentar o componente cardiometabólico da sessão. 15 5 dicas para turbinar os circuitos de Treinamento Funcional - Parte 3: Avançados Prescrever circuitos para alunos avançados é o desafio mais motivador para muitos profissionais, pois nesse nível de treino, em geral, pode-se usar todas as ferramentas disponíveis. Para deixar seus circuitos atrativos e eficientes, veja as dicas abaixo: 1. Alta complexidade: use e abuse dos exercícios com técnicas mais complexas, pois muitos deles são excelentes para promover adaptações multissistêmicas. 2. Clássicos e básicos: embora o treinamento funcional use muitos exercícios, a priori, pouco convencionais, não abra mão dos exercícios clássicos e básicos; eles são excelentes opções para os momentos em que o uso de cargas pesadas é desejado. 3. Alta velocidade: a alta velocidade de execução pode ser uma aliada na busca por intensidades elevadas de esforço, mesmo diante do uso de baixas cargas externas. 4. Falha concêntrica: embora a falha concêntrica seja possível nesse nível de treino, ela não é necessária, principalmente em tarefas complexas associadas a cargas pesadas (ex. levantamento de peso olímpico - LPO); explore-a desde que a técnica não seja prejudicada. 5. Controle da carga: em avançados, as sessões costumam ser mais intensas e gerar percepções de esforço elevadas; para isso, sugere-se avaliar o nível de recuperação do aluno antes da sessão de treino; assim, reserve as sessões muito intensas para os dias em que a recuperação estiver ótima; diante de níveis baixos de recuperação, sessões menos intensas serão bem vindas. 16 Dicas práticas para progressão no treinamento funcional Para quem já se pegou rodando sempre entre as mesmas variações de exercícios e sessões de treino ou para quem está com dificuldade de estipular progressões eficazes para seus alunos, essas informações podem ser úteis. Progredir e variar são necessidades que vão ao encontro de dois dos mais importantes princípios do treinamento físico: sobrecarga progressiva e variabilidade. Nesse sentido, simples incrementos de cargas externas, aumento na quantidade de séries e repetições ou alteração na ordem dos exercícios já servem para atender a diversos objetivos tradicionais, como hipertrofia, por exemplo.Porém no treinamento funcional os objetivos são diferentes, fato que tem levado ao uso de progressões também diferentes. E foi exatamente isso que foi constatado em um artigo recentemente publicado (La Scala Teixeira et al., 2019). Em suma, o treinamento funcional usa, principalmente, progressões técnicas em sua proposta. Abaixo são compartilhadas algumas das mais utilizadas na prática: Unissegmentar → Multissegmentar: parta de exercícios que mobilizem somente membros superiores ou inferiores para aqueles que mobilizam membros superiores e inferiores (ex. do agachamento para o thruster). Estáveis → Instáveis: parta de exercícios com alto grau de estabilidade para aqueles com elevado grau de instabilidade (ex. de sentado para de pé; do halter para o kettlebell; com espelho para sem espelho) Cíclico → Acíclico: parta de modelos cíclicos de treino para modelos acíclicos (ex. das séries múltiplas para os circuitos) ou ainda de exercícios com padrão cíclico de movimento para aqueles com padrão acíclico (ex. do push-up para o burpee) Bilateral → Unilateral: parta de exercícios que mobilizem simultaneamente os dois braços (ou as duas pernas) para aqueles que mobilizem somente um (ex. do snatch convencional com barra para o snatch unilateral com dumbell). Tarefa simples → Dupla tarefa: parta da simples execução de determinado exercício para sua execução combinada com uma tarefa cognitiva (ex. do agachamento normal para o agachamento contando de 100 a 0, subtraindo 7) https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fphys.2019.00839/full 17 Lento → Rápido: parta de execuções controladas/moderadas para execuções em alta velocidade (ex. do agachamento para o jump squat) As progressões devem obedecer à capacidade de execução do aluno. Atente-se a isso. 18 Instabilidade, treinamento funcional e neuroplasticidade cerebral A instabilidade é um recurso usado para treinar o equilíbrio e, por isso, é uma ferramenta comumente utilizada no treinamento funcional. O uso da instabilidade no treinamento promove diversos ajustes interessantes como melhora do equilíbrio, da coordenação e da estabilidade do tronco, mas estudos recentes têm mostrado desfechos a nível de sistema nervoso central. No estudo de Rogge et al. (2018), 37 adultos saudáveis foram submetidos a 12 semanas de intervenção (2x/semana) distribuídos em 2 grupos: 1. Treinamento de equilíbrio: circuito de 8 estações (5 minutos/estação) que contemplavam diferentes superfícies como tábuas de balanço (gangorra), almofadas, rolos e plataformas de equilíbrio, desafiando o equilíbrio estático e dinâmico em situações que envolviam olhos fechados e diferentes posições dos pés. 2. Treinamento de relaxamento: combinação de exercícios de alongamento e treinamento autogênico (respiração, imaginação). Além da melhora do equilíbrio observada somente no grupo 1, o treinamento de equilíbrio também promoveu neuroplasticidade (avaliada através de imagem) em regiões cerebrais associadas à percepção de movimento (visual e vestibular). Como essas áreas são conhecidas pelo papel na orientação espacial e memória, o treinamento com instabilidade mostra-se interessante para melhora não só de capacidades físicas (ex. equilíbrio, coordenação), mas também de aspectos cognitivos. Uma das prováveis explicações para os resultados está associada à imprevisibilidade gerada pelas instabilidade, o que leva ao aumento do nível de concentração e, por conseguinte, ativação de áreas cerebrais responsáveis pela percepção de movimento. Como o treinamento funcional usa diversas características que levam à imprevisibilidade (instabilidade, aciclicidade, alta velocidade), pode-se inferir que esse tipo de treinamento apresente grande potencial para promover neuroplasticidade, mas essa hipótese precisa ser testada em estudos futuros. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29959048 19 Quer um aquecimento eficiente? Alongamentos dinâmicos O uso de alongamentos durante o aquecimento (ou preparação para o movimento) tem sido uma prática comum há décadas. Os alongamentos estáticos sempre foram os mais utilizados para isso, no entanto, essa prática tem sido questionada em diversas pesquisas. Assim, os alongamentos dinâmicos vão ganhando popularidade entre esportistas e praticantes de diferentes tipos de exercício físico, pois são intervenções que apresentam características mais semelhantes àquelas observadas nas diferentes modalidades. Porém muitas pessoas praticam esse tipo de exercício influenciadas por outras, sem o real conhecimento de seus efeitos sobre a performance na parte principal do treinamento. Nesse sentido, uma recente estudo de revisão (Opplert e Babault, 2018) analisou os efeitos agudos dos alongamentos dinâmicos sobre a flexibilidade e performance neuromuscular. Considerando a inclusão de 84 estudos que foram analisados, os autores chegaram às seguintes conclusões. Há substancial quantidade de evidências positivos efeitos sobre a amplitude de movimento e subsequente performance em atividade de força, potência, sprints e saltos. Alongamentos dinâmicos realizados durante tarefas dinâmicas (ex. caminhada) podem ampliar os resultados. Alongamentos balísticos (em altas velocidades) são menos benéficos que alongamentos dinâmicos controlados. Os estudos são muito divergentes no que se refere ao controle das variáveis (volume, amplitude de movimento, etc.), portanto essa lacuna ainda precisa ser preenchida. No treinamento funcional, os alongamentos dinâmicos têm sido bastante utilizados no primeiro bloco das aulas, visando a melhora da mobilidade ou capacidade de realizar movimentos mais limpos e fluidos. Considerando os achados do estudo citado, essa prática pode continuar sendo incentivada não somente no treinamento funcional, mas em outros tipos de treino. https://www.researchgate.net/publication/320578528_Acute_Effects_of_Dynamic_Stretching_on_Muscle_Flexibility_and_Performance_An_Analysis_of_the_Current_Literature 20 Posição neutra da coluna: atente-se a isso A posição neutra da coluna é aquela que preserva as curvaturas anatômicas e fisiológicas, sobretudo as três móveis: lordose cervical, cifose torácica e lordose lombar. Mantendo as curvaturas, mesmo diante da exposição a cargas externas, as forças são dissipadas e não sobrecarregam em demasia as estruturas da coluna, o que ajuda a preservar, principalmente em longo prazo, a integridade da medula e das ramificações nervosas. Na posição neutra, a coluna apresenta um pequeno grau de liberdade tridimensional em que as estruturas passivas não sofrem (ou sofrem pequena) tensão. Esse amplitude é de dois graus em todos os planos, ou seja, a coluna pode se movimentar em até dois graus de flexão/extensão (plano sagital), flexão lateral (plano frontal) e rotação (plano transversal) que as estruturas passivas não são adicionalmente sobrecarregadas (La Scala Teixeira et al., 2019). Portanto, durante a realização de exercícios para estabilidade do tronco (ex. pranchas e pontes), a posição neutra deve ser preservada. Além disso, orientar os alunos a manterem essa posição durante todos os demais exercícios de um programa de treinamento de força/funcional ajuda não somente a diminuir as sobrecargas sobre a coluna, como também estimular os músculos adjacentes à mesma. Atente-se a isso! https://www.researchgate.net/publication/329100874_Ten_Important_Facts_about_Core_Training https://www.researchgate.net/publication/329100874_Ten_Important_Facts_about_Core_Training 21 Por que treinar o core no início da sessão? Geralmente os exercícios abdominais são executados ao final das sessões tradicionais de treino. Isso não é errado, mas está longe de ser uma regra, pois se estiverem alocados no início da sessão de treino, seus efeitos agudos podem ser mais produtivos. Foi exatamenteisso que o estudo de Lee e McGill (2017) mostrou. Os autores recrutaram 24 homens com diferentes níveis de treinamento (12 treinados e 12 destreinados) que foram submetidos a uma única sessão de core training com foco em exercícios isométricos. A sessão contou com 5 séries de 10 segundos em cada um dos exercícios abaixo: Prancha abdominal (ventral) Prancha lateral Perdigueiro (bird-dog, superman) Antes e após 15 minutos da sessão de treino, todos os voluntários foram submetidos a avaliação da rigidez (estabilidade) passiva e ativa do tronco. Em relação à avaliação inicial, os resultados revelaram aumento significante na rigidez do tronco após 15 minutos do término da sessão, indicando que esse protocolo de treino pode ser produtivo para aumentar a estabilidade do tronco. Sendo assim, se a parte principal da sessão de treino for alocada após o core training, a capacidade do tronco em sustentar cargas estará aumentada, o que pode representar vantagens, caso esse seja o objetivo da sessão. Porém para que esses efeitos sejam vivenciados, alguns detalhes são importante: Os exercícios para o core devem ser isométricos. Os exercícios devem contemplar a estabilidade tridimensional, ou seja, os 3 planos de movimento (sagital, frontal e transversal). O volume de treino deve ser baixo. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28282756 22 Como treinar o core sem fazer pranchas e pontes? Treinar a estabilidade do core é uma necessidade real e isso não é novidade pra ninguém. As pranchas e pontes são exercícios eficazes para esse objetivo e todos também já estão carecas de saber disso. Porém, convenhamos! Para muitas pessoas, fazer prancha é chato! Por essas e outras, diversas pesquisas se propuseram a avaliar o nível de ativação dos músculos do core em exercícios, a princípio, não destinados ao core. Os resultados de várias dessas pesquisas nos servem de base para sugerir alternativas para quem não suporta fazer prancha. Aí vão 5 delas, segundo La Scala Teixeira et al. (2019): Bases instáveis: executar exercícios sobre bases instáveis (ex. balance disc, mini- trampolim) aumenta a ativação de músculos estabilizadores Fita de suspensão: o treino suspenso (ex. TRX) também aumenta a ativação dos músculos do core. Levantamentos básicos: agachamento e levantamento terra são boas opções para trabalhar os músculos da cadeia posterior do tronco. Levantamentos olímpicos: arranco e arremesso exigem muito da musculatura do core. Exercícios unilaterais: a execução unilateral de exercícios de musculação (ex. desenvolvimento unilateral com halter) aumenta a ativação dos músculos contralaterais do core. Um ponto interessante a ser considerado é o fato de que, em nosso dia a dia, a estabilidade do core ocorre de maneira dinâmica, ou seja, o core faz o papel de estabilizar o centro (tronco) para que o movimento reproduzido pelas extremidades (braços e pernas) seja mais eficiente (alavancas). Em suma, treinar o core através de exercícios que envolvam movimentos dos membros (dinâmicos) tende a ser mais específico para as tarefas da vida diária. Além disso, as tarefas cotidianas geralmente ocorrem em base estável. https://journals.lww.com/acsm-healthfitness/Abstract/2019/01000/Ten_Important_Facts_About_Core_Training.7.aspx 23 Exercícios para quem tem dores nas costas - Parte 1 Embora as dores nas costas possam ter origem multifatorial e, em muitos casos, a causa não é definida, uma característica comum às pessoas com dores nas costas, sobretudo na parte baixa (lombar), é a deficiência na ativação do transverso abdominal. Essa característica nos leva a crer que exercícios direcionados ao fortalecimento do transverso podem ser úteis no alívio das dores nas costas. Dentre os exercícios possíveis, a literatura atual destaca o bracing como um dos mais produtivos. O bracing é uma técnica que estimula a contração do transverso juntamente com os demais músculos abdominais. Para isso, deve-se contrair e manter o abdome contraído, ao mesmo tempo em que se expira (solta o ar) e tenta-se encolher a barriga. Essa manobra pode ser sustentada por alguns segundos e repetida por algumas vezes. Em um estudo recente (Aleksiev, 2014), 600 pacientes com dor lombar recorrente foram acompanhados por 10 anos. A análise visou comparar a influência de diferentes práticas corporais sobre a dor lombar recorrente, conforme distribuição abaixo: Praticantes de exercícios de força (n=150) Praticantes de exercícios de flexibilidade (n=150) Praticantes de exercícios de força + bracing (n=150) Praticantes de exercícios de flexibilidade + bracing (n=150) Nos primeiros 2 anos, todas as intervenções proporcionaram diminuição das dores, tanto na intensidade, como na duração. Porém, após esse período, somente as intervenções que incluíram o bracing proporcionaram continuidade dos efeitos. Como conclusão, o bracing pode adicionar efeitos benéficos aos exercícios e, por ser relativamente simples, possibilita que pessoas aumentem a frequência de estímulos aos músculos abdominais, pois pode ser realizado durante as tarefas cotidianas. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24732860 24 Exercícios para quem tem dores nas costas - Parte 2 Até mesmo a pessoa mais ignorante já ouviu falar que para melhorar as dores nas costas, praticar exercícios físicos é fundamental. Mas quais são os melhores exercícios para essa finalidade? Uma metanálise recente (Wang et al., 2012), que incluiu 5 estudos, comparou os efeitos de programas gerais de exercícios físicos (incluindo exercícios de fortalecimento, alongamento e aeróbios) com programas de exercícios de estabilidade do tronco (core stability) sobre os níveis de dor de pacientes com dor lombar crônica. Ao final das intervenções, os programas que incluíram exercícios de estabilidade do tronco foram mais efetivos para diminuir a intensidade da dor, resultados que se mantiveram em follow-ups de curto prazo. Já nos follow-ups de longo prazo, as intervenções não diferiram nos resultados. Como conclusão, embora os autores alertem para a limitada quantidade e qualidade dos estudos incluídos na metanálise, exercícios de estabilidade do tronco parecem mais efetivos em relação aos exercícios gerais quando o objetivo é reduzir dores lombares em curto prazo. https://www.researchgate.net/publication/234043716_A_Meta-Analysis_of_Core_Stability_Exercise_versus_General_Exercise_for_Chronic_Low_Back_Pain 25 Treinamento funcional vs. tradicional em idosas: efeitos sobre o core Com a crescente popularidade do treinamento funcional, cresce também a dúvida sobre qual tipo de treino é mais adequado para diferentes desfechos. Nesse sentido, um artigo bastante interessante avaliou os efeitos do treinamento funcional e do treinamento tradicional em 45 idosas submetidas a 12 semanas (3x/semana) de intervenção (Da Silva- Grigoletto et al., 2019). O objetivo do trabalho foi comparar os efeitos de ambas as intervenções sobre força máxima isométrica, taxa de desenvolvimento de força e resistência dos músculos flexores e extensores do tronco (core). As voluntárias foram distribuídas em 3 grupos: Treinamento funcional: n=16; 5 minutos de exercícios de mobilidade, 15 minutos de circuito com exercícios de agilidade, coordenação, velocidade e potência muscular, 20 minutos de circuito com exercícios resistidos com ampla liberdade de movimento que simulavam situações cotidianas + exercícios para estabilidade do core, 5 minutos de exercício intermitente Treinamento tradicional: n=14; 5 minutos de exercícios de mobilidade, 15 minutos de caminhada contínua, 20 minutos de exercícios resistidos em máquinas, 5 minutos exercício intermitente Controle: n=15; exercícios gerais de alongamento estático O treinamento funcional promoveu melhora em todos os testes realizados(6 testes), contemplando força máxima, rápida e de resistência dos músculos flexores e extensores do tronco. Já o treinamento tradicional proporcionou melhora em parte dos testes (3 testes). O grupo controle não observou alterações significantes em nenhum dos testes. Em conclusão, o treinamento funcional proporcionou adaptações mais abrangentes e de maior magnitude sobre o desempenho dos músculos do tronco. Esse fato já era esperado devido às características dos exercícios utilizados no treinamento funcional, que estimulam direta e indiretamente os músculos dessa região. Assim, para aprimorar o condicionamento dos músculos do core de idosas, o treinamento funcional parece mais adequado que o treinamento tradicional. https://www.researchgate.net/publication/336952394_Functional_Training_Induces_Greater_Variety_and_Magnitude_of_Training_Improvements_than_Traditional_Resistance_Training_in_Elderly_Women https://www.researchgate.net/publication/336952394_Functional_Training_Induces_Greater_Variety_and_Magnitude_of_Training_Improvements_than_Traditional_Resistance_Training_in_Elderly_Women 26 Push-up aberta ou fechada: qual "pega" mais? O push-up (flexão de braços ou apoio) é um exercício bastante popular por conta de sua praticidade e eficácia no trabalho dos músculo de membros superiores. Porém, por ser um exercício razoavelmente fácil, principalmente para homens, a busca por variações de execução que possam elevar o nível de dificuldade e de estímulos é comum entre seus praticantes. Nesse sentido, um estudo (Cogley et al., 2005) comparou a ativação dos músculos peitoral maior e tríceps braquial entre 3 variações de push-ups (diferentes posições das mãos): 1. Fechada (largura menor que os ombros) 2. Média (na linha dos ombros) 3. Aberta (largura maior que os ombros) Quarenta pessoas executaram uma repetição de cada variação e o sinal eletromiográfico foi captado e analisado. Como resultado, os níveis de ativação da variação 1 foram significativamente maiores que na variação 3 para ambos os músculos. Já a variação 2 não apresentou diferença em relação a 1 e 3. Portanto, considerando os resultados desse estudo, a variação fechada do push-up recruta mais os músculos envolvidos. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16095413 27 5 dicas para evitar a retroversão pélvica no agachamento O agachamento é um exercício extremamente funcional e, por isso, costuma ser aplicado com frequência nas sessões de treino. Porém, é comum ver pessoas realizando retroversão pélvica ao final da fase excêntrica do agachamento, principalmente, quando o exercício é realizado em amplitude completa (profundo). Como o movimento pélvico vem associado a uma retificação da lordose lombar e essa posição aumenta as cargas de cisalhamento sobre os discos intervertebrais, muitos colegas buscam estratégias para minimizar tal ocorrência. Abaixo seguem 5 estratégias que podem ajudar na manutenção da posição neutra da pelve e da coluna lombar durante o agachamento profundo: 1. Faça o teste de 4 apoios antes do exercício: esse teste permite identificar se o aluno sabe manter pelve e lordose neutras sem receber feedback visual e verbal. Se o aluno apresentar postura inadequada, a correção prévia do padrão postural ajudará na transferência do padrão correto para o exercício. 2. Melhore a resistência isométrica dos extensores da coluna: embora essa musculatura não aja diretamente sobre a pelve, a solicitação dos mesmos para manutenção da curvatura lombar durante o agachamento é elevada. Assim, a melhora prévia do condicionamento desses músculos ajudará a manter a coluna em posição neutra no agachamento. 3. Melhore a flexibilidade da cadeia posterior: o encurtamento dos músculos da panturrilha leva a uma maior projeção do tronco à frente, aumentando a chance de flexionar a lombar. Já o encurtamento dos posteriores da coxa e de alguns músculos adutores puxará a pelve para trás. Assim, a melhora prévia da flexibilidade da cadeia posterior ajudará na manutenção das posições neutras no agachamento. 4. Faça exercícios de mobilidade antes da execução: algumas técnicas de mobilidade, como os rolos de liberação miofascial, podem exercer efeitos agudos positivos sobre amplitude de movimento. Dessa forma, podem ser usadas sobre músculos da cadeia posterior e adutores do quadril antes do exercício. 5. Afaste lateralmente os pés e mantenha os quadris em rotação externa: isso minimiza a necessidade de projetar os quadris para trás, diminuindo o grau de 28 flexão pura dos mesmos e minimizando a necessidade de altos níveis de flexibilidade na cadeia posterior, ajudando a manter as posições neutras no agachamento. 29 Levantamento de peso olímpico - LPO: vale a pena conhecer essas técnicas? O levantamento de peso olímpico (LPO) tem se popularizado nos últimos anos e essa tem sido uma realidade que extrapola os limites do esporte de competição e invade, com cada vez mais frequência, o fitness e o wellness. Para acompanhar essa realidade, tem-se observado um crescente interesse de acadêmicos e Profissionais de Educação Física em buscar mais informações e aprender mais sobre as técnicas de LPO, explorando seus movimentos (arranco e arremesso) e derivações. Mas será que vale a pena? Uma síntese de 2 artigos de revisão da literatura sobre o tema (Stone et al., 2006; Hedrik e Wada, 2008) permite tirar conclusões interessantes. Sobre os benefícios fisiológicos: São exercícios que estimulam concomitantemente o aprimoramento da força e da potência, capacidades físicas fundamentais para performance em tarefas esportivas e cotidianas. Capacidades como coordenação, equilíbrio, flexibilidade e consciência corporal também são diretamente estimuladas, o que amplia a abrangência em termos de melhora da aptidão física geral. Sobre a relação custo-benefício: O custo dos equipamentos (barras, anilhas e plaforma) é menor em relação ao custo de uma sala de musculação completa. Em apenas 2 exercícios, músculos de todas as regiões corporais são bastante estimulados, o que torna os LPO's intervenções tempo-eficientes. As derivações dos 2 movimentos de LPO podem incluir, pelo menos, mais 10 exercícios, o que pode tornar o treino menos monótono e mais completo, mesmo com poucos recursos materiais Sobre o risco: O risco de lesão é baixo se comparado à prática de outros esportes, mas como existe, cuidados com a técnica de execução e com a adequação da sobrecarga externa são fundamentais. https://journals.lww.com/nsca-scj/Abstract/2006/02000/Weightlifting__A_Brief_Overview.10.aspx https://journals.lww.com/nsca-scj/fulltext/2008/12000/weightlifting_movements__do_the_benefits_outweigh.3.aspx 30 Diferentes tipos de HIIT: corrida vs. funcional Nos últimos anos, o HIIT (treinamento intervalado de alta intensidade) vem crescendo em popularidade devido, principalmente, a característica de tempo-eficiência demonstrada em várias pesquisas. As propostas mais clássicas/tradicionais de HIIT são baseadas em modelos unimodais, ou seja, um único exercício - geralmente com padrão cíclico de movimento (ex. corrida) - é executado em repetidos intervalos de alta intensidade. Porém, mais recentemente, diferentes propostas de HIIT têm emergido, dentre as quais, as que são baseadas em modelos multimodais, utilizando diferentes exercícios (calistênicos, funcionais, etc.) na mesma sessão de treino. Resta a dúvida se esses modelos distintos de HIIT podem ser igualmente eficazes. Nesse sentido, estudo recente (Menz et al., 2019) distribuiu 15 adultos saudáveis moderadamente treinados em 2 grupos: HIIT-R: HIIT baseado em corrida (n=8) HIIT-F: HIIT baseado em exercícios funcionais, por exemplo burpee, push-ups, escalador, polichinelo, squat jump, entre outros (n=7) Durante 4 semanas, ambos os grupos foram submetidosa sessões com 3-4 séries de 8x20 segundos/10 segundos ("tipo Tabata") com intervalo de 5 minutos entre as séries e frequência semanal de 3-4 vezes. Ao final do período de intervenção, foi observado aumento significante e similar no VO2máx em ambos os grupos (HIIT-R: ~13%; HIIT-F: ~11%), além de melhora em alguns testes de resistência muscular. A sobrecarga cardiovascular nas sessões de HIIT-F foi menor em relação ao HIIT-R. Em suma, ambos os modelos de HIIT foram eficazes para melhorar o VO2máx e certos parâmetros de resistência muscular em um curto espaço de tempo. O HIIT-F pode ser uma opção mais interessante quando o objetivo é atenuar as respostas cardiovasculares agudas da sessão. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6683610/ 31 Quantas calorias são gastas no treinamento funcional de alta intensidade? Essa é uma curiosidade de muitas pessoas envolvidas com o exercício físico, pois o gasto calórico proveniente do exercício físico e/ou da atividade física tem muitas implicações, incluindo desde o auxílio no processo de emagrecimento (≥ 2000 kcal/semana) até diversos outros benefícios à saúde (≥ 1000 kcal/semana). Nesse sentido, um recente estudo (Willis et al., 2019) analisou o gasto calórico (através de calorimetria indireta / análise de gases) de uma sessão de treinamento funcional de alta intensidade (tipo de treino popularmente conhecido como "Cross Training" ou "HIFT"). Para isso, foram recrutados 20 adultos (10 mulheres) saudáveis já praticantes de HIFT. As coletas foram realizadas ao longo de 20 sessões de treino e cada voluntário teve seu gasto energético avaliado em, no máximo, 3 sessões. As sessões foram diferentes entre si e as médias foram consideradas para os resultados. Os resultados revelaram gasto energético médio de ~485 kcal proveniente da sessão completa de treino (~388 kcal excluindo aquecimento e volta à calma). Nos homens, o gasto médio foi de ~552 kcal (~442 excluindo aquecimento e volta à calma), enquanto que nas mulheres, ~418 kcal (~334 kcal excluindo aquecimento e volta à calma). Os autores concluem que o HIFT, se realizado 3 vezes por semana, tem potencial para atingir o mínimo necessário de gasto calórico recomendado para benefícios à saúde. https://journals.humankinetics.com/view/journals/jpah/16/6/article-p470.xml 32 Como aumentar o gasto calórico nas sessões de treinamento funcional As taxas de sobrepeso e obesidade crescem de forma acelerada no Brasil. Em virtude disso, a procura por intervenções que auxiliem no emagrecimento, dentre as quais, a prática de exercícios físicos, também aumenta. Nesse contexto, o treinamento funcional tem sido uma das opções mais procuradas devido, principalmente, às características de dinamismo do programa. Para que o treinamento funcional seja, de fato, efetivo para esse objetivo, estratégias que maximizam o gasto calórico de uma sessão devem ser exploradas. Nesse sentido, seguem algumas dicas interessantes, segundo La Scala Teixeira e Guedes Junior (2016): Organize sua sessão em circuito, pois os circuitos são conhecidos por aumentar a demanda cardiometabólica. Priorize exercícios multissegmentares, ou seja, aqueles que movimentam simultaneamente braços e pernas; o aumento na quantidade de massa muscular envolvida na tarefa reflete no aumento da demanda energética. Priorize o uso de cargas instáveis (ex. kettlebell) como recurso nos exercícios, pois o aumento da demanda coordenativa aumenta a participação de grupos musculares adjacentes às articulações envolvidas nos exercícios. Considere o uso de bases instáveis em alguns exercícios, pois o desequilíbrio favorece o recrutamento adicional de grupos musculares. Sempre que possível, execute os exercícios em alta velocidade, pois isso também aumenta a demanda cardiometabólica. https://caueteixeira.com/loja-virtual/livro-musculacao-funcional-ampliando-os-limites-da-prescricao-tradicional/ 33 Treinamento funcional para crianças: O que, de fato, precisamos trabalhar? Até o final do século passado, as capacidades biomotoras eram desenvolvidas na infância, em sua maioria através de brincadeiras de rua, atividades ao ar livre e na prática desportiva, expondo as crianças a um grande arsenal de movimentos diferentes de maneira recreativa. Atualmente, por questões de segurança e tecnologia, algumas crianças perderam o costume de brincar ao ar livre ou praticar esportes, dificultando dessa forma sua aprendizagem motora em fases sensíveis. Para compensar a falta de movimento espontâneo na infância, a quantidade de crianças matriculadas em academias tem aumentado, exigindo dos professores conhecimento especifico para trabalhar com um publico tão particular. Uma meta-análise recente (Colins et al, 2019) analisou os efeitos do treinamento de força nas habilidades fundamentais de movimento em crianças e encontrou influência positiva na melhora das seguintes habilidades: sprint, salto vertical, salto horizontal, arremesso de medicine ball e salto com contra-movimento. Cabe ressaltar que os principais “guidelines” enfatizam a importância do treinamento de força para o desenvolvimento muscular e ósseo nas crianças, sugerindo que o treinamento de força pode ter um papel fundamental no desenvolvimento das habilidades de movimento. É importante entender que o principal objetivo do treinamento para crianças é a melhora na performance motora e não a hipertrofia muscular, e esse fato considera que, nessa fase, o sistema nervoso (neuromuscular) é mas sensível a adaptações em relação ao sistema muscular (músculo esquelético). Assim, expor as crianças a maior quantidade possível de movimentos/tarefas diferentes é o objetivo principal do treinamento (puxar, empurrar, saltar em diferentes direções, mudança de direção, etc.), pois estimulará o desenvolvimento de todas as capacidades física nas fases mais sensíveis. Como o objetivo do treinamento funcional parece estar alinhado com as necessidades do treinamento físico na infância, o mesmo é uma ferramenta valiosa para melhora da saúde, prevenção de lesões e motivação ao programa de exercícios físicos voltado para o publico infantil. Portanto, usar e abusar das tarefas complexas pode ser mais produtivo que aumentar volume e intensidade das atividades. https://sportsmedicine-open.springeropen.com/articles/10.1186/s40798-019-0188-x 34 É possível periodizar o treinamento funcional Periodização é uma forma de planejamento do treinamento em um determinado prazo. Esse planejamento pode ser de curto, médio ou longo prazo. Em modelos mais tradicionais de treino, em que o aprimoramento de uma ou poucas capacidades físicas é o objetivo, planejamentos mais longos são possíveis, pois as variações de volume e intensidade, geralmente, ocorrem de forma mais linear. Já em intervenções cujo objetivo é o aprimoramento de muitas capacidades físicas, planejamentos mais curtos podem ser mais interessantes, pois permitem ajustes mais frequentes nas variáveis de treino. Como o desenvolvimento das diferentes capacidades biomotoras de maneira integrada é um dos principais objetivos do treinamento funcional, estruturar o microciclo semanal baseado nas capacidades biomotoras é uma maneira interessante de periodizar esse tipo de treino, contudo a combinação do treino para essas capacidades numa mesma sessão deve gerar uma transferência positiva (ex. Potencia → Força), ou seja, o treino de uma capacidade física não pode prejudicar o treino da outra. Abaixo segue um exemplo de microciclo semanal com 3 sessões na semana. Considere que os alunos não apresentam nenhum tipo de lesão articular e o objetivo é a melhora do condicionamento fisico geral. Segunda-Feira: Coordenação - Agilidade - Velocidade - Flexibilidade Pode ser feito em forma de circuito (atente-se com o tempo dos intervalos). Exercícios de mudançade direção realizados em alta velocidade são interessante para o desenvolvimento da agilidade e velocidade, contudo a coordenação é importante para realizar movimentos eficientes; assim, exercícios de coordenação podem ser utilizados no inicio da sessão até como parte do aquecimento; no final da sessão, a flexibilidade pode ser trabalhada através de exercícios de alongamento estático e mobilidade articular. Quarta-Feira: Potencia - Força Para otimizar o tempo, a sessão pode ser feita com cargas complexas, onde as duas capacidades podem ser trabalhadas paralelamente; as séries podem incluir entre 3-6 repetições máximas nos exercícios de força e entre 6-10 repetições em máxima velocidade nos exercícios de potência; intervalos de 3-5 minutos entre séries para a 35 restauração da via metabólica ATP-CP; No trabalho de força, exercícios básicos como supino, agachamento, levantamento terra e desenvolvimento são os mais indicados; no trabalho de potência, prioridade para saltos, arremessos e educativos do LPO. *em idosos o trabalho de potencia muscular é feito com aumento da velocidade de execução dos exercícios na fase concêntrica. Sexta- Feira: Equilibrio - Resistencia muscular - Resistencia Aeróbia A sessão pode ser organizada em forma de circuito; os intervalos são mais curtos entre os exercícios e entre as passagens, a pausa pode ser ativa em algum ciclo- ergômetro; e cada estação, pode ser executada 12-20 repetições ou o máximo possível em um determinado tempo; exercícios multissegmentares e multiplanares com um maior grau de complexidade podem ser inseridos, trabalhando movimentos de empurrar e puxar de maneira equilibrada; exercícios unilaterais ou alternados também são opções interessantes para desafiar o equilíbrio Existem diversas formas de combinar as capacidades biomotoras dentro de uma periodização do treinamento. Assim, pense nas capacidades físicas que "combinam" e considere-as antes de selecionar os exercícios e a disposição do treino. 36 Cuidado com o volume de treino semanal para determinados músculos! 5 dicas que podem ajudar. Um problema comum e muitas vezes despercebido dentro do treinamento de força, seja na musculação tradicional ou no treinamento funcional, é o fato de realizarmos um volume maior do que o recomendado na literatura para alguns músculos e um volume abaixo das recomendações presentes na literatura para outros. Para se ter um exemplo disso, em um recente estudo, La Scala Teixeira et al. (2018) demostraram que homens realizam, em média, 16 séries semanais para o quadríceps e 8 séries semanais para os isquiotibiais, podendo chegar em um máximo de 40 séries para quadríceps e 18 para os isquiotibiais. Esse desequilibrio no volume de treino entre músculos antagonistas pode gerar desequilíbrio de forças e aumento do risco de lesões. Pensando nisso, seguem algumas dicas que podem ajudar a equilibrar o volume de treino entre alguns músculos Quadríceps/isquiotibiais: a literatura mostra que a relação de força entre quadríceps e isquiotibiais (déficit funcional) está diretamente ligada ao risco de lesão no ligamento cruzado anterior (Ebben, 2009); assim, calcular a quantidade de exercícios e séries para cada um desses músculos dentro da semana de treinamento é fundamental; a relação não precisa ser necessariamente de 1:1, mas também não pode ficar muito distante disso. Abdominal/lombar: a relação fisiológica de força entre flexores e extensores do tronco é próxima de 1:1; assim, não se esqueça da lombar!; embora os exercícios específicos para os abdominais sejam mais populares em relação àqueles para lombar, clássicos como levantamento terra, stiff ou "bom dia" podem ser inseridos dentro da sessão, pois apresentam boa ativação dos músculos extensores do tronco. Repetir exercícios: não é pecado repetir exercícios dentro de uma semana de treinamento; diante da limitada quantidade de exercícios específicos para determinados grupos ou cadeias musculares, repetir os mesmos exercícios já executados em sessões anteriores se faz necessário; variar é importante, mas equilibrar o corpo é fundamental; caso se julgue necessário, complemente as http://dx.doi.org/10.1590/S1980-6574201800020011 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19417230 37 sessões de treino funcional com exercícios isolados de musculação (ex. cama flexora). Exercícios são movimentos: é importante sempre que um exercício é um movimento sistematizado com sobrecarga; sendo um movimento, geralmente, demanda a participação de vários músculos que trabalham de forma integrada; assim, na elaboração da sessão de treino é preciso entender que uma série de supino, por exemplo, não contabiliza uma série apenas para o peitoral, pois deltoide e tríceps braquial também são amplamente ativados e devem ser quantificados nesse exercício. Registre: faça contas!; some a quantidade de exercícios, de séries, de repetições e a frequência semanal em que determinado músculo (ou cadeia) foi ou será trabalhado na sessão ou na semana; diante disso, equilibre os volumes totais entre grupos (ou cadeias) musculares, principalmente entre antagonistas. 38 O padrão adequado de movimento ou de postura não deve ficar restrito ao treino, mas ser transferido para a vida O treinamento funcional tem como um de seus objetivos a melhora da eficiência nas atividades da vida diária, consequentemente melhorando a qualidade de vida do individuo, além de prevenir lesões. Reproduzir movimentos do dia a dia em forma de exercícios é uma estratégia utilizada nas sessões, porém de que adianta executar o movimento correto apenas durante o treino? Imagine uma senhora em um supermercado, onde sua sacola com um peso considerável está no chão e ela precisa levantá-la e caminhar para casa. Reproduzindo o movimento em exercício, um levantamento terra seria mais seguro para preservar a região lombar quando comparado a um stiff. Dessa forma, ao prescrever um levantamento terra na sessão de treino, uma sugestão interessante é usar analogia para associá-lo a alguma tarefa do cotidiano. Isso pode aumentar a chance de conscientização, com consequente transferência do gesto para as tarefas do dia a dia. A execução correta de movimentos e de posturas durante as atividades cotidianas pode diminuir de forma substancial o risco de lesões e, cabe aqui ressaltar que, na maioria dos casos, as lesões dos alunos não foram adquiridas no treino, mas fora dele, nas tarefas cotidianas. Portanto, treine e eduque seus alunos para a vida e não somente para a sessão de treino. Concluindo, educar os alunos para o movimento demanda uma atuação que extrapola os limites da função "treinador" e invade a área do "professor". Cabe aqui a reflexão: você é um treinador, um professor ou ambos? 39 Treinamento funcional no esporte recreativo e alto rendimento No geral, quase todos os esportes são praticados em pé, em ambientes abertos como campos, quadras ou na natureza, baseados em movimentos, em grande parte, multiarticulares, com alternância de velocidade e mudança de planos e ângulos de movimento, onde a estabilidade precisa ser fornecida pelo próprio atleta e não por algum tipo de equipamento e tendo a velocidade na mudança de direção como fator determinante. No treinamento funcional, a aplicação dessas características nos exercícios é algo a qual procura-se atender. Assim, cresce a ideia de que o treinamento funcional pode ser mais produtivo para a performance esportiva em relação ao treinamento de força tradicional, pois os ajustes multissistêmicos proporcionados pelo treinamento funcional poderiam apresentar maior capacidade de transferência para tarefas desportivas (ou que demandam a participação simultânea de diferentes capacidades físicas). Nesse sentido, alguns estudos têm mostrado resultados interessantes. Aproposta de um estudo recentemente publicado (Yildiz et al., 2019) foi analisar e comparar os efeitos do treinamento funcional e do treinamento de força tradicional sobre a performance atlética de jovens atletas. Vinte e oito jovens jogadores de tênis (~10 anos) foram submetidos a intervenção de 8 semanas (3x/semana) distribuídos em 3 grupos: Controle (n=8): exercícios baseados em movimentos específicos do tênis. Treinamento de força tradicional (n=10): exercícios baseados em movimentos específicos do tênis + exercícios resistidos com característica isolada e uniplanares. Treinamento funcional (n=10): exercícios baseados em movimentos específicos do tênis + exercícios resistidos com característica integrada, multiplanares e específicos para estabilidade do core. Antes, no meio e após o período de intervenção, os voluntários foram submetidos a testes de flexibilidade, salto vertical, aceleração, agilidade, equilíbrio e à bateria FMS. Os resultados são sintetizados abaixo: https://www.researchgate.net/publication/328974802_Effects_of_8-Week_Functional_vs_Traditional_Training_on_Athletic_Performance_and_Functional_Movement_on_Prepubertal_Tennis_Players 40 Controle: diminuição significante no escore do FMS, sem alteração nas demais variáveis Treinamento de força tradicional: diminuição significante no escore do FMS e aumento significante no equilíbrio dinâmico Treinamento funcional: aumento significante em todas as variáveis analisadas Com base nos resultados, os autores concluíram que o modelo de treinamento funcional adotado no estudo foi mais eficaz para aprimorar a performance atlética de jovens atletas, sugerindo que o foco nos movimentos complexos deve se sobrepor ao foco no trabalho de músculos isolados quando o objetivo é promover adaptações multicomponentes/multissistêmicas nesse público. 41 Sobre os autores Cauê Vazquez La Scala Teixeira é graduado em Educação Física, Especialista em Fisiologia do Exercício, Mestre e Doutor em Ciências. Docente no ensino superior (graduação e pós-graduação), palestrante em congressos e eventos técnicos e científicos. Pesquisador do Grupo de Estudos da Obesidade (GEO/UNIFESP). Autor de 9 livros e mais de 60 artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. Saiba mais clicando AQUI Krom Marsili Guedes é graduado em Educação Física (FEFIS/UNIMES), especialistas em Treinamento Desportivo (CEFIT), em Fisiologia do Exercício (CEFIT) e em em Fisiologia do Exercício Aplicada a Clínica (UNIFESP), mestrando em Ciências do Movimento Humano e Reabilitação (UNIFESP), membro do Laboratório Epimov (UNIFESP) e professor da academia Cia do Físico. Saiba mais clicando AQUI https://caueteixeira.com/ https://www.instagram.com/kromguedes/?hl=pt-br http://caueteixeira.com/
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