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Prévia do material em texto

Silas Queiroz de Souza
 Wagner Wey Moreira
Fundamentos históricos da 
Educação Física
Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube
 Souza, Silas Queiroz de.
S89f Fundamentos históricos da educação física / Silas Queiroz de 
 Souza, Wagner Wey Moreira. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 
 2019.
 184 p. : il. 
 Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. 
	 							Inclui	bibliografia.																			
 ISBN 978-85-7777-862-1
 
 1. Educação física. 2. Educação física – Brasil. 3. Esportes. I. 
 Moreira, Wagner Wey. II. Universidade de Uberaba. Programa de 
 Educação a Distância. III. Título. 
 CDD 796.07 
© 2019 by Universidade de Uberaba
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico 
ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de 
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, 
da Universidade de Uberaba.
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Pró-Reitor de Educação a Distância
Fernando César Marra e Silva
Coordenação de Graduação a Distância
Sílvia Denise dos Santos Bisinotto
Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube
Editoração
Márcia Regina Pires
Revisão textual
Erika Fabiana Mendes Salvador
Diagramação
Douglas Silva Ribeiro
Ilustrações
Rodrigo de Melo Rodovalho
Getty Images
Depositphotos
Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Silas Queiroz de Souza
Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube). Especialista 
em Planejamento e Gestão da Educação Física, Esporte e Lazer pela 
Universidade Paranaense (Unipar). Licenciado em Educação Física pelas 
Faculdades Integradas de Fátima do Sul (Fifasul). Atualmente é docente 
e diretor dos cursos de Licenciatura Plena e Bacharelado em Educação 
Física da Uniube.
Wagner Wey Moreira
Doutor em Educação (Psicologia Educacional) pela Universidade 
Estadual	de	Campinas	(Unicamp).	Mestre	em	Educação	(Filosofia)	pela	
Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Graduado em Educação 
Física por essa universidade. Graduado em Pedagogia – Habilitação em 
Administração e Orientação Educacional pela Faculdade de Educação 
Osório Campos – RJ. Graduado em Pedagogica – Habilitação em 
Supervisão Escolar pela Faculdade de Educação Dom Bosco. Líder 
do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Corporeidade e Pedagogia do 
Movimento – NUCORPO/CNPq. Atualmente é docente do curso de 
Graduação em Educação Física, de Mestrado em Educação Física e de 
Mestrado em Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro 
(UFTM). Coordenador do Programa de Mestrado em Educação nessa 
universidade. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área 
de Educação.
Sobre os autores
Sumário
Apresentação .............................................................................................................VII
Capítulo 1 Panorâmica da Educação Física no Ocidente I: da 
Grécia Clássica ao Renascimento ...................................... 1
1.1 Educação Física e a Grécia Clássica ...................................................................... 3
1.2 Educação Física e o Mundo Romano ..................................................................... 9
1.3 Educação Física e o Renascimento ...................................................................... 12
Capítulo 2 Panorâmica da Educação Física no Ocidente II: 
Educação Física e Tempos Modernos ..............................19
2.1 As correntes teóricas e o surgimento dos métodos ginásticos ............................ 21
2.2 A Escola Sueca ...................................................................................................... 26
2.3 Educação Física a partir da França ....................................................................... 29
2.4 Educação Física a partir da Alemanha .................................................................. 34
2.5 Educação Física a partir dos EUA ......................................................................... 37
2.6 Educação Física Desportiva Generalizada ........................................................... 40
Capítulo 3 Panorâmica da Educação Física no Brasil ........................45
3.1 Do Brasil Império até a década de 1970 do século XX......................................... 46
3.2 Da década de 1970 do século XX aos dias atuais ................................................ 56
3.2.1 Propostas de Abordagens Pedagógicas para a Educação Física 
Escolar ......................................................................................................... 57
3.2.2	Proposta	de	Regulamentação	da	Profissão ................................................ 65
Capítulo 4 Panorâmica do esporte no ocidente ..................................73
4.1 O esporte no contexto sociocultural da Grécia Clássica ....................................... 74
4.2 O esporte no contexto sociocultural de Roma até a Idade Média ........................ 77
4.3 O ressurgimento dos Jogos Olímpicos ................................................................ 78
Capítulo 5 Aspectos sócio-históricos do esporte moderno .................89
5.1 A origem e a constituição do esporte moderno ..................................................... 92
5.2 Perspectivas de análise sobre a constituição do esporte moderno ...................... 93
5.3 O esporte na sociedade capitalista ....................................................................... 96
5.4 O papel do Estado frente às questões do esporte no Brasil ................................. 98
Capítulo 6 Educação Física e Ciência: principais propostas 
atuais ................................................................................105
6.1 A Teoria Antropológica-Cultural do Esporte e da Educação Física ..................... 108
6.2 A Educação Física como Ciência da Praxiologia Motriz ..................................... 110
6.3 A Teoria da Psicocinética ......................................................................................111
6.4 A Ciência da Motricidade Humana ...................................................................... 113
6.5 A Ciência do Desporto ......................................................................................... 115
Capítulo 7 Educação Física e temas atuais ......................................121
7.1 Educação Física/Saúde/Qualidade de Vida ........................................................ 122
7.2 Educação Física/Corporeidade ........................................................................... 130
7.3 Educação Física/Legado/Olimpismo ................................................................... 138
7.3.1 O Legado Olímpico .................................................................................... 139
7.3.2 O Legado da Copa do Mundo no Brasil .................................................... 150
Capítulo 8 Educação Física/Esporte: direito do ser humano ...........157
8.1 A relevância do esporte na sociedade atual ........................................................ 158
8.2 Por uma outra dimensão do fenômeno esportivo ............................................... 160
Prezado(a) aluno(a), é um prazer tê-lo(a) conosco.
Nossa primeira palavra é para cumprimentar você por haver escolhido 
a	Educação	Física	como	área	de	conhecimento	científico	para	sua	
formação em graduação, quer seja na vertente da Licenciatura para a 
qual a preocupação maior é a capacitação do Professor, quer seja no 
caminho do Bacharelado. Esperamos que possa dominar o conhecimento 
da área, centrando no ser humano que se movimentaem busca de 
superação e transcendência.
A Educação Física e, com ela, o Esporte, podem ser considerados um 
dos	maiores	fenômenos	sociais,	especialmente	a	partir	do	final	do	século	
XIX, quando da reintrodução no cenário mundial, pelo Barão Pierre de 
Coubertin, dos Jogos Olímpicos da era moderna. Daí a razão de sua 
complexidade, exigindo do graduando conhecimentos das mais variadas 
áreas	científicas,	como	a	pedagógica,	a	biológica,	a	sociológica,	a	
psicológica, entre outras.
Se seu objetivo for competência, navegar nesse amplo universo da 
Educação Física e do esporte exigirá seu esforço e dedicação. Este é o 
objetivo da presente publicação por nós elaborada, a qual deverá auxiliar 
sua	busca	em	relação	ao	nível	de	excelência	profissional.
Uma explicação inicial se faz necessária. Estamos utilizando o binômio 
Educação Física e esporte, por reconhecer que, se nos primórdios 
da área, o esporte poderia ser considerado um dos conhecimentos 
atrelados ao universo da Educação Física, hoje, as coisas mudaram. 
Apresentação
VIII UNIUBE
Conforme observado por alguns autores, atualmente o esporte ganhou 
tal abrangência que já não é mais possível enquadrá-lo como apenas 
subordinado à Educação Física.
Também	justificamos	a	explicação	anterior	porque	nosso	escrito	trará,	
como poderá ser constatado, o desenvolvimento histórico tanto da 
Educação Física, quanto do Esporte, a partir de análises localizadas na 
Sociedade Ocidental.
Outro	ponto	que	gostaríamos	já	de	fixar	neste	início,	é	o	de	conclamar	
você para nos auxiliar nas mudanças necessárias para que a Educação 
Física tenha seu devido valor, executando um trabalho com o corpo dos 
alunos e dos atletas em que busquemos, com sensibilidade e valores 
éticos, o desenvolvimento de um corpo possível e não de um corpo 
perfeito idealizado pela mídia. Ressaltamos um trato com o corpo humano, 
considerando-o sensível, inteligível e carente, e não entendendo-o como 
corpo máquina que apenas precisa ser melhorado em seu rendimento.
Para se alcançar o propósito explicitado no parágrafo anterior, 
procuramos pautar este texto respeitando as mais variadas vertentes 
para o entendimento sobre a Educação Física e sobre o fenômeno 
esportivo, através das referências realizadas no texto, bem como nas 
sugestões de complementação de informações nas leituras sugeridas.
Use a abuse dos conhecimentos aqui desenvolvidos, complementando 
seus	estudos	com	as	referências	explicitadas	no	final	de	cada	capítulo,	
e ainda, dialogando com o presente texto de forma crítica e participativa, 
construindo	conceitos	e,	acima	de	tudo,	modificando	atitudes	como	
professores/profissionais	da	Educação	Física.
Desejamos a você uma boa caminhada, e quando estiver seguro ao 
caminhar, boa corrida, e quando esta estiver dominada, bons voos, 
possibilitando novas histórias para a Educação Física e para o Esporte.
Introdução
Panorâmica da Educação 
Física no Ocidente I: 
da Grécia Clássica 
ao Renascimento
Capítulo
1
Estruturamos este capítulo como sendo o primeiro momento 
de nosso voo panorâmico, centrando a argumentação em três 
grandes épocas da história ocidental: as contribuições da Grécia 
Clássica; o domínio Romano e o Renascimento. Vocês poderão 
perguntar:	e	a	Idade	Média,	por	que	fi	cou	fora?	
Na verdade, optamos por não acrescentar aqui essa fase histórica 
porque ela pouco tem a dizer sobre a importância do corpo e, 
mais ainda, pouco ou nada foi produzido de conhecimento que 
poderíamos associar com a Educação Física.
Por outro lado, nas duas civilizações antigas do ocidente, grega 
e romana, o corpo foi objeto de suma importância, tanto no que 
se refere às questões ligadas à estética e à competição, quanto 
no que tange às guerras. E somente no período conhecido 
como Renascimento é que teremos novamente a valorização do 
corpo,	principalmente	pela	infl	uência	dos	movimentos	artísticos,	
intelectuais	e	culturais	presentes	a	partir	do	fi	nal	do	século	XIV.	
É fundamental deixarmos claro, para a fundamentação de 
nossa argumentação, que utilizamos basicamente a produção 
de conhecimento de um dos mais respeitados escritores sobre 
2 UNIUBE
Ao	final	do	estudo	deste	capítulo,	esperamos	
que você seja capaz de:
• demonstrar quais os sentidos da ginástica e 
do esporte (Educação Física) para os gregos 
da Antiguidade Clássica, em especial sua 
vertente religiosa;
• explicar a passagem da festa religiosa da 
Educação Física para o sentido de espetáculo 
e de circo presentes no domínio romano do 
ocidente;
• mostrar como se estabeleceram o conhecimento 
e a prática dos exercícios físicos a partir do 
Renascimento.
1.1 Educação Física e a Grécia Clássica
1.2 Educação Física e o Mundo Romano
1.3 Educação Física e o Renascimento
Objetivos
Esquema
o tema – Inezil Penna Marinho. Esse autor, 
muitas vezes, foi compreendido de forma 
equivocada por pesquisadores mais novos 
e, até certo ponto, desrespeitado, o que sem 
dúvida é um tremendo equívoco. Preservar 
nossa história e seus representantes é um 
dever	de	todos,	professores	e	profissionais	da	
Educação Física.
Por	tudo	isto	justifica-se	nosso	respeito	ao	Prof.	
Inezil por sua produção acadêmica em prol da 
Educação Física. Sendo assim, neste capítulo, 
teremos os seguintes objetivos.
Inezil Penna 
Marinho
(1915/1987): 
nasceu no Rio de 
Janeiro, foi instrutor 
de Educação 
Física da Escola do 
Exército; técnico 
em Esportes pela 
Escola Nacional de 
Educação Física 
e Desportos da 
Universidade do 
Brasil; bacharel 
em Ciências 
Jurídicas e Sociais 
pela Universidade 
Federal do Rio 
de Janeiro; 
em Psicologia, 
pelo Instituto de 
Psicologia da 
Universidade do 
Brasil	e	Filosofia,	
pela Faculdade 
Nacional de 
Filosofia	da	
Universidade do 
Brasil. Recebeu o 
título de Professor 
Honoris Causa, 
título esse 
doado a grandes 
personalidades 
acadêmicas, das 
Universidades 
Federais do Paraná 
(UFPR), do Rio 
Grande do Sul 
(UFRGS) e de São 
Carlos (UFSCar).
 UNIUBE 3
Educação Física e a Grécia Clássica1.1
Quando falamos da Grécia Clássica, logo nos lembramos dos grandes 
filósofos.	Entre	eles,	para	nosso	estudo,	vale	a	pena	mencionar	Platão	
(432-347 a.C.). 
Figura 1: Platão.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube. 
Platão indicava que, para uma pessoa ser bem-educada, ela necessitava 
dominar e vivenciar algumas áreas de conhecimento, entre elas, 
destacava	a	ginástica,	a	matemática	e	a	filosofia.
Figura 2: Áreas de conhecimento.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
4 UNIUBE
Sugeria que a primeira, a ginástica, juntamente com a música, estivesse 
mais presente no dia a dia de crianças e adolescentes para a buca da 
harmonia entre o corpo e a alma. A segunda, a matemática, destinava-se 
a capacitar os jovens para o estudo e entendimento das ciências de modo 
mais	sistematizado.	Já	a	terceira,	a	filosofia,	capacitaria	os	adultos	para	
a	reflexão	e	o	atingir	da	meditação	(MARINHO,	1980;	GALLO,	2006).
Também é importante lembrar que Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo 
de Platão, recomendava se dar atenção ao corpo mesmo porque ele 
não	criava	dissociação	entre	alma	e	corpo.	Gallo	(2006,	p.12)	afirma:	
“O movimento, qualquer movimento físico, é feito pelo corpo, mas 
possibilitado pela ação da alma; da mesma maneira, o pensamento 
é faculdade de alma, mas só pensamos porque somos corpóreos”. 
Muitas das preocupações modernas da Educação Física já estavam 
presentes no pensamento aristotélico: boa alimentação, não ociosidade, 
e, ao mesmo tempo, ele fazia duras críticas ao sistema espartano de 
adestramento corporal na formação de guerreiros. Pensamos que, hoje, 
necessitamos de recuperar os ensinos de Aristóteles para evitar o trato 
com o que, para alguns, é chamado de corpo máquina, assim, devemos 
cuidados com o corpo do homem que se humaniza.
Já os jogos presentes na Grécia Clássica faziam parte de festas 
religiosas e eram tão importantes que, durante as competições, os 
gregos se apropriavam de uma sensação de união, mesmo porque 
jogos aconteciam em todas as comunidadesgregas. Hoje conhecemos 
sobejamente os Jogos Olímpicos, originários dessa época em Olímpia 
como parte das solenidades de honra ao deus Zeus. Estes jogos 
possuíam normas claras e rigorosas para a participação de todos, por 
exemplo:	atletas	que	chegassem	atrasados	eram	desclassificados;	
proibiam-se manobras desleais para vencer, intimidar ou comprar com 
dinheiro o adversário e ir contra as decisões dos juízes. Havia também 
alguns regulamentos com os quais podemos não concordar: escravos 
 UNIUBE 5
e bárbaros não podiam participar das provas; mulheres eram proibidas 
de presenciar as competições. Na verdade, muitos dos valores hoje 
presentes nas práticas esportivas já eram passíveis de punição na Grécia 
Clássica. A primeira edição dos Jogos Olímpicos na Grécia Clássica 
aconteceu em 776 a.C. e contava com 13 provas, das quais destacamos:
6 UNIUBE
Observe as Figuras 3 e 4 a seguir:
Figura 3: Corridas.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
Figura 4: Hoplitódromos.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
 UNIUBE 7
Figura 5: Pentatlo.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube.
Podemos observar (Figuras 3, 4 e 5) que as modalidades e provas 
olímpicas praticadas na antiguidade clássica, ainda que com objetivos 
diferentes	das	práticas	nos	dias	atuais,	sempre	fizeram	parte	da	vida	em	
sociedade, sendo, muitas delas, uma referência para os Jogos Olímpicos 
da Era Moderna, reeditado pelo Barão Pierre de Coubertain em 1896.
Já no Pancrácio (Figura 6), luta muito apreciada pelos gregos, valia 
quase tudo, menos colocar os dedos nos olhos do adversário, atacar 
sua região genital e morder. Claro que havia outros jogos, inclusive, com 
finalidades	fúnebres	(em	homenagem	a	heróis	falecidos)	como	descrito	
por Homero na Ilíada, contando com sete provas: corridas de carros, 
pugilato, luta, combate armado, arremesso de bola de ferro, tiro ao arco 
e arremesso da lança (MARINHO, 1980).
8 UNIUBE
Figura 6: Pancrácio.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
A educação grega valorizava a ginástica e os jogos. Os problemas 
existentes hoje nos esportes já começaram a se manifestar na época do 
domínio romano sobre os gregos. Menciona Marinho (1980, p.57)
A decadência da civilização grega coincide com a 
ascendência do poderio romano. Dominada por um 
povo militarmente mais forte, todas as manifestações 
de	sua	cultura	se	sentem	asfixiadas.	Há	como	um	
colapso em todos os setores da atividade humana, 
quer no domínio dos jogos, quer nas manifestações 
da	 inteligência	e	da	arte.	A	profissionalização	e	a	
corrupção dos atletas, a venalização dos juízes e a 
exacerbação do público determina a decadência dos 
Jogos Olímpicos...
Como pode ser observado, os gregos valorizavam o cuidado com o 
corpo, por meio da ginástica e dos jogos, inclusive, com elementos muito 
importantes, como manutenção da saúde e ética esportiva, cuidados e 
 UNIUBE 9
valores esses que, muitas vezes, se encontram perdidos na sociedade 
atual. Um esclarecimento importante: optamos por descrever aqui os 
jogos	e	não	no	capítulo	quarto	quando	vamos	refletir	sobre	o	esporte	
grego desta época, por manter a importante associação ginástica e o 
jogo presente no mundo helênico.
Educação Física e o Mundo Romano1.2
Ainda estruturados na argumentação de Marinho (1980) podemos 
identificar,	no	momento	de	poder	do	domínio	romano	na	sociedade	
ocidental, a continuidade da importância da educação construída nos 
moldes gregos. Apenas como exemplo, na educação romana, para 
as famílias que possuíam posses, havia, amiúde, um “professor” que 
acompanhava o desenvolvimento da criança e este era, normalmente, 
um grego. Importava, como valor maior na educação da época, o saber 
se	expressar	por	meio	de	uma	retórica	qualificada.	
Filósofos romanos como Cícero e outros 
afirmavam:	“O	orador[...]	é	o	homem	educado	que	
põe a sua inteligência e a sua instrução a serviço 
prático e representa uma classe mais elevada que 
a	do	filósofo	porque	inclui	este”.	(MARINHO,	1980,	
p.62). Também é conhecida historicamente, no 
mundo da Educação Física, a expressão de Juvenal (pensador e retórico 
romano que viveu entre os séculos I e II), Mens sana in corpore sano, 
interpretada	entre	os	profissionais	da	área	como	menção	importante	para	
os cuidados com o corpo.
No que diz respeito ao que hoje podemos atrelar ao universo da 
Educação Física e Esportes, na época do domínio romano no ocidente, 
temos	a	modificação	do	sentido	dos	grandes	jogos.	Estes	passam	a	ser	
circenses, mesmo mantendo no início o sentido de festas religiosas. 
Cícero
Marco Túlio 
Cícero (106–43 
a.C) foi um grande 
estadista,	filósofo	e	
escritor romano.
10 UNIUBE
Famosas eram as corridas de carros de duas rodas, impulsionados por 
parelha de cavalos ou por número bem maior desses animais, usados na 
Antiguidade como carros de combate, atividade essa que ganha tamanha 
repercussão a ponto de ser necessária a construção do Circus Maximus 
(Figura 7) para ser o local dessa manifestação de espetáculo.
Vocês já ouviram falar acerca do Circus Maximus?
SAIBA MAIS
Figura 7: Circus Maximus.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube. 
A expressão latina Circus Maximus é a designação do Circo Máximo de 
Roma. Ele foi criado por antigos reis de Roma para prática de grandes jogos 
e	esportes.	Era,	também,	uma	grande	influência	do	mundo	grego.	
Já o Coliseu (Figura 8) abrigava os espetáculos de combate entre 
gladiadores, entre estes e animais e mesmo entre animais ferozes, tudo 
com o sentido de agradar como espetáculo aos imperadores e ao público 
em geral.
 UNIUBE 11
Figura 8: Coliseu.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube.
São inúmeras as modalidades de jogos públicos presentes no período 
de dominação romana, entre os quais, podemos destacar dois: Os 
Cereales, com duração de oito dias, em honra da Deusa Ceres, havendo 
aqui a corrida de cavalos e a luta de gladiadores, e os Grandes Jogos, 
estabelecidos por Rômulo. Estes jogos ocorriam duas vezes por ano 
(abril e setembro) e tinham duração de cinco dias e inúmeros jogos, 
entre os quais: lutas, pentatlo, corridas de cavalos e combates entre 
gladiadores (MARINHO, 1980).
Não tão conhecido entre nós como o Coliseu, Marinho (1980) menciona 
o Campo de Marte, denominação em homenagem ao Deus da Guerra. 
Era localizado fora dos limites de Roma e era uma importante construção 
para a prática de exercícios militares. Pode-se constatar que muitos 
dos princípios e valores morais dos jogos presentes na Grécia Clássica 
foram, de certa maneira, desvirtuados quando da implantação dos jogos 
romanos. Sem cometer erros, temos as seguintes transformações:
12 UNIUBE
Quadro 1: Princípios e valores morais dos jogos na Grécia Clássica e em Roma
JOGOS NA GRÉCIA CLÁSSICA JOGOS EM ROMA
Atletas que se enfrentavam para vencer 
e serem reconhecidos.
Gladiadores que tentavam eliminar seus 
opositores para permanecerem vivos.
Na vitória, conquistava-se a coroa de 
louros.
Na vitória, adquiria-se o espólio do 
vencido.
Os jogos eram festas ocorridas nos 
estádios.
Os jogos eram festividades realizadas, 
normalmente, nos circos.
Os jogos consagravam a festa da beleza. Os jogos eram entretenimento grotesco .
Os jogos eram em homenagem ao 
deuses.
Os jogos, em muitos casos, eram 
capricho dos imperadores.
Já na era cristã, em 521, os jogos populares foram abolidos 
em Roma. A disseminação do cristianismo, que enfatizava o 
abandono do corpo em função do desenvolvimento espiritual 
para a conquista do reino celeste, foi fator preponderante para 
a extinção dos referidos jogos.
Educação Física e o Renascimento1.3
Mantendo nosso propósito para todo o capítulo, continuamos nos 
referenciando na obra de Marinho (1980) para efetuarmos a análise 
da Educação Física no Renascimento. Como ponto de partida, é 
interessante lembrarmos que o Renascimento surge em contestação 
aos valores vivenciados na Idade Média, em especial no que diz respeito 
à severidade no trato com o corpo, chegando, em muitos momentos, 
mesmo a desprezá-lo como algo não importante na constituiçãodo ser. 
 UNIUBE 13
Esta	época	–	o	Renascimento	–	provocou	o	reflorescimento	do	que	
podemos chamar de cultura, pois:
Petrarca na poesia, Bocaccio na prosa italiana, Erasmo 
na literatura, Miguel Angelo na pintura, escultura e 
arquitetura, Rafael na pintura, Leonardo da Vinci na 
pintura, escultura, arquitetura e engenharia, Galileo e 
Harvey nas ciências e dezenas de outros são nomes 
que simbolizam uma época bastante expressiva no 
domínio cultural. (MARINHO, 1980, p.80).
Entretanto, o que poderíamos chamar de preocupação com a Educação 
Física	é	encontrado	atrelado	à	educação	de	forma	geral,	pois	Maffeo	
Veggio (1407-1458), eminente pedagogo da época, dizia que os 
jovens “Devem ser exercitados para afugentar a preguiça do corpo. A 
ginástica deve apresentar a condição de não ser violenta”. Além desta 
recomendação, indicava já a importância da vivência de jogos, como nos 
mostra	Marinho	(1980,	p.	81),	“[..]	será	conveniente	exercitá-los	por	meio	
de jogos que não sejam demasiadamente brandos nem muito fatigantes, 
mas, e sobretudo, nunca indignos de um homem livre”. 
Outra interessante menção, relacionada ao que podemos chamar de 
Educação Física na época, é o pensamento do educador inglês Richard 
14 UNIUBE
Mulcaster (1530-1611) encontrado em seu tratado sobre educação, 
“Posições”, referido por Marinho (1980, p.85):
Assim como os poderes da alma não exercem nenhuma 
ação ou é muito pequena, se não estão alentados pela 
sua educação natural e murcham e morrem, como 
o grão sem secar, que chega até a apodrecer por 
abandono do dono, ou por causas semelhantes: - Assim 
também do mesmo modo, sendo o corpo de per si torpe 
e grosseiro, deve, ou extinguir-se ou viver enfermiço se 
não se o agita bem diligentemente.
Esse mesmo educador propõe em sua obra a divisão dos exercícios 
físicos em três partes: “Todos os exercícios se conceberam, primeiro 
para que servissem já como jogos ou passatempos, já para a guerra ou 
para milícia, já para a segurança da saúde e duração da vida; ainda que 
algumas	vezes	os	três	fins	concorram	a	um	e	outras	vezes	pode	ser	que	
não”. (MARINHO, 1980, p.86).
Você	já	ouviu	falar	do	Homem	Vitruviano	ou	Homem	de	Vitrúvio?
O Homem Vitruviano ou Homem de Vitrúvio é um desenho criado por 
Leonardo Da Vinci, no Renascimento, a partir do conceito “proporção divina”, 
criado por Marcos Vitrúvio Polião, arquiteto romano, autor dos Dez Livros 
sobre Arquitetura, do séc. I aC. Observe a Figura 9:
SAIBA MAIS
 UNIUBE 15
Figura 9: Homem Vitruviano.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube.
É importante observar, na Figura 8, um homem nu com os membros 
superiores e posteriores em diferentes posições, de modo simétrico. A 
imagem	demonstra	o	conceito	“proporção	divina”	que	evidencia	figuras	
geométricas perfeitas segundo o ideal clássico de beleza. Esse conceito 
é determinado por raciocínios matemáticos, desenvolvidos originariamente 
por Vitrúvio e aperfeiçoados, no desenho, por da Vinci.
Observe que o Homem Vitruviano, de Da Vinci, é mais uma expressão que 
traz à tona a evidência do corpo humano, no Renascimento.
Para compreender mais acerca do Homem Vitruviano, sugerimos que acesse 
o artigo O Homem Vitruviano – Leonardo da Vinci, de Simone Martins, do 
site História das Artes:
https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/o-homem-vitruviano-
leonardo-da-vinci/
16 UNIUBE
Mulcaster (apud MARINHO, 1980) demonstrava ainda que os exercícios 
físicos deveriam sofrer alterações quando praticados por diferentes 
faixas etárias. Aos adultos, recomendava exercícios de nível médio, não 
devendo ser nem fraco nem forte para evitar problemas. Aos jovens, 
indicava jogos e exercícios mais vigorosos, podendo causar bom nível 
de cansaço e suor aos seus praticantes.
Como pode ser observado, em todo o desenvolvimento da história 
ocidental, aqui analisada em uma pequena parte, o que hoje podemos 
chamar de Educação Física, enquanto uma área de trato com o corpo, 
esteve presente na forma de movimentos ginásticos, de exercícios físicos, 
de	jogos,	de	atividades	agonistas,	enfim,	do	universo	representativo	
dessa área de conhecimento.
Há diferenças nas formas de interpretar a Educação Física 
ao	longo	do	período	histórico	apresentado?	Podemos	ver	a	
Educação Física de hoje muito diferente do que se propunha 
no	passado	aqui	estudado?
Leia mais sobre o assunto abordado neste capítulo. Recomendamos a 
leitura do Capítulo 2 - As práticas físicas na civilização ocidental, do livro 
“Educação Física, esportes e corpo: uma viagem pela história” (CAPRARO 
e SOUZA, 2017), disponível na Biblioteca Virtual Pearson.
Acesse o link: 
https://uniube.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559726190/
pages/-2
SAIBA MAIS
 UNIUBE 17
Resumo
Iniciamos nosso percurso histórico da Educação Física no mundo 
Ocidental a partir da Grécia, mostrando a importância que esse povo 
dava para os esportes e para a ginástica. Com os esportes, cultuava-se 
a divindade; os atletas que representavam suas comunidades e venciam 
os jogos eram considerados semideuses.
Já no domínio romano, vimos a transformação do culto ao corpo perfeito 
e o culto aos deuses transformarem-se em espetáculos grotescos com o 
sentido de valorização do poder dos imperadores, para que os combates 
e	as	lutas	tivessem	um	fim	em	si	mesmos.	
Já a Idade Média perde de vista a possível importância do corpo, 
considerado instrumento do pecado pela religião dominante, quadro esse 
só alterado com o movimento do Renascimento, no qual o sentido de 
prática	de	exercícios	físicos	se	justificava	pela	volta	dos	ideais	existentes	
na Grécia antiga.
Referências
CAPRARO, André Mendes, Souza, Maria Thereza Oliveira. Educação Física, 
esportes e corpo: uma viagem pela história (Livro eletrônico). Curitiba: 
InterSaberes, 2017.
DEPOSITPHOTOS. Disponível em: https://br.depositphotos.com/. Acesso em: 
15 jan. 2019.
GALLO,	Silvio.	Corpo	ativo	e	a	filosofia,	In:	MOREIRA,	Wagner	W.	(Org.)	Século XXI: 
a era do corpo ativo, Campinas: Papirus, 2006, p.13-30. 
GETTY Images. Disponível em: https://www.gettyimages.com.br/. Acesso em: 
29 nov. 2018.
18 UNIUBE
HOPLITODROMOS LOUVRE MN704. Jpg. Altura: 600 pixels. Largura:717 pixels. 
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hoplit%C3%B3dromo#/media/File:
Hoplitodromos_Louvre_MN704.jpg. Acesso em: 25 nov. 2018.
MARINHO, Inezil P. História geral da educação física. São Paulo: Cia Brasil 
Editora, 1980.
MARTINS, Simone. Homem Vitruviano – Leonardo da Vinci. Disponível em: https://
www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/o-homem-vitruviano-leonardo-
da-vinci/. Acesso em: 29 nov. 2018.
Introdução
Panorâmica da Educação 
Física no Ocidente II: 
Educação Física e 
Tempos Modernos
Capítulo
2
Após	estudarmos	as	infl	uências	da	antiguidade	clássica	ocidental	
para a Educação Física, passaremos ao segundo momento da 
nossa trajetória, buscando evidenciar os principais pilares da 
Educação Física nos tempos modernos.
Para o presente capítulo, além de Marinho (1980), nos apropriaremos 
também dos escritos de Soares (2001) como fontes principais 
para a compreensão do aparecimento do que foi conhecido como 
“escolas” ou “métodos” ginásticos, produção de conhecimento 
essa originária na Europa a partir dos séculos XVIII e XIX.
Como primeiro ponto, convém lembrar que o século XIX traz 
consigo a efetivação da sociedade industrializada, exigindo para 
isso uma educação que preparasse os corpos trabalhadores 
para os meios de produção. Este contexto europeu determinou 
a necessidade de uma educação disciplinadora e ordeira, 
valorizando o vigor físico por meio de propostas higienistas.
20 UNIUBE
2.1 As correntes teóricas e o surgimento dos métodos ginásticos
2.2 A Escola Sueca
2.3 Educação Física a partir da França
2.4 Educação Física a partir da Alemanha
2.5 Educação Física/Esportes a partir dos EUA
2.6 Educação Física Desportiva Generalizada
Esquema
Ao	final	do	estudo	deste	capítulo,	esperamos	que	você	seja	capaz	de:
• demonstrar a associação degrandes pensadores da 
educação com a Educação Física, especialmente para a 
destinada às escolas;
• explicar os principais personagens da Escola Sueca e como 
esse método se estruturava; 
• nomear os responsáveis pela estruturação dos Métodos 
Ginásticos na França e na Alemanha, bem como explicar 
as adaptações dessas propostas para a Educação Física 
brasileira;
• apontar os esportes criados pelas Associações Cristã de 
Moços (ACM – YMCA) e seus respectivos proponentes, 
assim como demonstrar a composição do Método Calistênico;
• explicar a importância para o Brasil do Método Desportivo 
Generalizado, o qual, durante muito tempo, fez parte da 
Educação Física escolar em nosso país.
Objetivos
 UNIUBE 21
2.1 As correntes teóricas e o surgimento dos métodos 
ginásticos 
Podemos	 afirmar	 que	 muito	 da	 importância	 para	 a	 educação	 do	
movimento e, por conseguinte, dos conhecimentos atrelados à Educação 
Física, deve-se a Jean Jacques Rousseau (1712-1778). Mesmo 
acreditando que o corpo era um instrumento do espírito, Rousseau 
(Figura 1) enfatizava que um corpo débil pode deixar uma alma 
enfraquecida.
Figura 1: Rousseau.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube.
22 UNIUBE
Marinho (1980, p. 91) informa as palavras do autor:
Quereis,	pois	cultivar	a	inteligência	de	vosso	aluno?	
Cultivai as forças que ela deve governar. Exercitai 
continuamente seu corpo; tornai-o robusto e são para o 
tornar sábio e sensato; que ele trabalhe, aja, corra, grite, 
esteja sempre em movimento; que ele seja homem pelo 
vigor, e em pouco tempo o será pela razão.
Claro que permanece nesta trilha o sentido dual entre corpo e mente, 
sendo o corpo apenas um instrumento para o bom desenvolvimento da 
razão. Também pode ser observada, até os nossos dias, muito dessa 
premissa presente na Educação Física do século XXI, infelizmente.
É	possível	afirmar,	desde	sua	gênese	nos	tempos	modernos,	que	a	
“Educação Física” sempre esteve ligada ao contexto da educação de 
forma geral. Pestalozzi, discípulo de Rousseau, afrontou o princípio de 
uma educação disciplinadora de movimentos, de quietude, também 
criticada pelo seu mestre, e enfatizou a importância para a criança 
de ações de jogar, de se movimentar, de correr, visando tudo isto à 
necessidade do gasto de energia acumulada no organismo. (MARINHO, 
1980).
Você	conhece	Pestalozzi?	Sabe	de	suas	ideias-chaves?
Pestalozzi era um educador suíço que defendia que o professor deveria 
estar atento aos estágios de desenvolvimento da criança, em suas diferentes 
idades, atentando, especialmente, na sua singularidade. Defendia a 
educação integral (Figura 2), ou seja, não limitada à transmissão ou absorção 
de informações, mas, sim, oportunizando aos aprendizes protagonizarem 
diferentes experiências e aprender com elas.
SAIBA MAIS
 UNIUBE 23
Figura 2: Articulação entre o corpo e a imaginação, no jogar e no brincar.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Acreditava que o aprendiz deveria desenvolver em si mesmo a liberdade, 
crucial para o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral. Para ele, 
nesse processo, o afeto na relação educador e aprendiz tem uma relevância 
fundamental. 
Caso queira saber um pouco mais acerca de Pestalozzi, sugerimos a leitura 
do artigo “Pestalozzi, o teórico que incorporou o afeto à sala de aula”, de 
Márcio Ferrari, do site da Nova Escola.
https://novaescola.org.br/conteudo/1941/pestalozzi-o-teorico-que-incorporou-
o-afeto-a-sala-de-aula
O texto traz as principais ideias do educador, de forma didática e com 
comentários de estudiosos da área. 
Na internet, você pode encontrar, também, outros artigos acerca do assunto! 
Se achar necessário, pesquise!!!
24 UNIUBE
Apenas como registro para mostrar parte das razões do aparecimento das 
“escolas” ou “métodos ginásticos” nos tempos modernos, mencionamos a 
figura	de	Herbert	Spencer	(1820-1903),	filósofo	inglês	que	afirmava	ser	a	
educação o resultado do caminhar por três grandes trilhas: a intelectual, 
a moral e a física.
Na verdade, Spencer vai sugerir a ginástica para a educação escolar, 
chamada	por	ele	de	“exercícios	fictícios”,	pela	falta	de	incentivo	aos	
exercícios naturais no âmbito escolar, deixando claro que “Os exercícios 
ginásticos além de serem inferiores aos jogos como ‘quantidade’ 
de exercício muscular, ainda são mais inferiores como ‘qualidade’”. 
(MARINHO, 1980, p. 93).
COMPARANDO
É neste contexto que podemos analisar o aparecimento dos “métodos 
ginásticos” na história da Educação Física.
Soares (2001, p. 51) também indica que as preocupações com os 
exercícios físicos estavam destinadas a “resolver os problemas 
colocados pela sociedade industrial” (Figura 3), considerando que, 
nesta sociedade, “o trabalhador se transforma em simples acessório das 
máquinas e necessita cada vez mais de atenção e saúde para suportar 
 UNIUBE 25
as intermináveis horas sem descanso e em posições absolutamente 
nocivas ao seu corpo”.
Figura 3: Posições de trabalho na sociedade industrial.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
O contexto descrito favorece o aparecimento, a partir dos anos 1800, de 
formas diferentes de se entender e oferecer trabalho no que diz respeito 
ao exercício físico, que veremos nos próximos tópicos deste capítulo.
Soares (2001, p.51-52) assim explica:
Essas “formas” receberão o nome de “métodos 
ginásticos” (ou escolas) e correspondem aos quatro 
países que deram origem às primeiras sistematizações 
sobre a ginástica nas sociedades burguesas: 
a Alemanha, a Suécia, a França e a Inglaterra (que 
teve um caráter muito particular, desenvolvendo de 
modo mais acentuado o esporte). Essas mesmas 
sistematizações serão transplantadas para outros 
países fora do continente europeu. 
26 UNIUBE
Com estas informações, estamos aptos para esmiuçar o aparecimento 
das “escolas” ou dos “métodos ginásticos” na Europa e do mundo 
esportivo a partir dos Estados Unidos da América. Vejamos.
A Escola Sueca2.2
O método de ginástica idealizado por Pehr Henrick Ling (1776-1839) 
foi sistematizado no início do século XIX e centrava sua preocupação 
em formar indivíduos fortes e saudáveis, evitando vícios que pudessem 
influenciar	negativamente	a	vida	em	sociedade,	daí	a	preocupação	
com a saúde e com a moral. Em pleno processo de industrialização, 
ter	operários	produtivos	e	soldados	eficientes	(pois,	neste	momento,	
eclodiam	guerras	de	demarcação	territoriais	na	região)	justificava	a	
presença	de	um	método	ginástico	para	essa	finalidade.	(SOARES,	2001).	
Observe Pehr Henrick Ling, na Figura 4:
Figura 4: Pehr Henrik Ling.
Fonte: Pehr Henrik Ling.jpg (2018).
Ling (apud SOARES, 2001) dividia sua proposta de ginástica em quatro 
tipos, a saber: pedagógica ou educativa; médica ou ortopédica; estética 
e militar e em todas se fazia presente a pedagógica. 
 UNIUBE 27
Já uma lição de seu método contava, entre outros aspectos, com: 
• exercícios de ordem;
• movimentos preparatórios em que havia movimentos de pernas, 
cabeça, braços, tronco; 
• extensão da coluna vertebral;
• equilíbrio;
• marchas; 
• movimentos abdominais e respiratórios, bem como saltos. 
Já as mulheres poderiam ser submetidas ao método com algumas 
restrições, entre as quais, o de não realizar exercícios físicos durante a 
menstruação. (SOARES, 2001)
A ginástica sueca destinava-se a propiciar aos cidadãos suecos o amor 
à pátria, levando Ling a propor, na época, uma nova abordagem para a 
Educação Física em seu país. Este autor via a ginástica, especialmente 
a pedagógica ou educativa, em íntima relação com as artes e até com 
a religião. Isto pode ser comprovado nos dizeres de Marinho (1980, 
p.97-98):
 
28 UNIUBE
Para Ling, a ginástica pedagógica e higiênica tem por 
fim	submeter	o	corpo	à	vontade;	ela	é	essencialmente	
educativa e social. Ele insiste sempre sobre a 
importância para satisfazer às necessidades da alma 
quanto às do corpo. Ela se destina aos dois sexos, a 
todas as idades, a todas as constituições e se pratica 
dentro de todas as condiçõesmateriais e sociais. Ela 
assegura a saúde, sendo essencialmente respiratória, 
a beleza por seus feitos corretivos e ortopédicos. Ela é 
energética e viril pelo emprego econômico das forças e 
a formação do caráter, social e patriótica pela educação 
disciplinada da célula humana a serviço da sociedade.
Por sua vez, a chamada ginástica médica produziu um grande número e 
variedade de exercícios terapêuticos. Nesta vertente havia a preocupação 
estética, a qual “permitia ao corpo exprimir certos estados de alma, de 
sentimentos	e	de	pensamentos	e	que	ela	é	influenciada	e	influencia	as	
belas artes”. (MARINHO, 1980, p.98).
Comungamos com a ideia de que Educação Física atual deveria ter 
aprendido alguns pressupostos já estabelecidos para os exercícios 
físicos encontrados na ginástica sueca, pressupostos esses decorrentes 
da	influência	do	pensamento	filosófico	de	Shelling	em	Ling,	como	nos	
mostra, com clareza, Marinho (1980, p.98):
A ginástica não deve considerar os órgãos do corpo 
como uma massa mecânica, mas animada em todas as 
suas partes e, por conseguinte, como um instrumento 
sempre vivo da alma. Um verdadeiro ginasta tem 
necessidade de conhecimentos, de senso artístico e de 
moralidade.
Claro que se você está, na formação de professores de Educação 
Física, num curso de Licenciatura, muito há que aprender com os valores 
embutidos já na proposta do método sueco.
Quais	 pontos	 importantes	 você	 identifica	 na	 proposta	 da	
Ginástica Sueca por meio do trabalho de Pehr Henrick 
Ling?	Hoje	 poderíamos	 aproveitar	 algo	 de	 sistematização	
metodológica?
 UNIUBE 29
Educação Física a partir da França2.3
D. Francisco Amoros y Ondeano (Figura 5), militar espanhol que atingiu o 
posto de major general, decepcionado com a política de seu país no início 
do século XIX, retira-se para a França, naturalizando-se francês, e passa 
a dedicar toda a sua vida à causa da Educação Física. Em 1830, publica 
o “Manual de Educação Física, Ginástica e Moral”, no qual demonstra 
os materiais necessários para a execução dos exercícios propostos, 
bem como desenha os aparelhos presentes em seu ginásio de ginástica. 
(MARINHO, 1980).
Figura 5: Amoros.
Fonte: Amoros.jpeg (2018).
Soares (2001, p. 61) demonstra que o método arquitetado por Amoros 
pressuponha: “Através da ginástica, que por si só promoveria a saúde, 
criaria homens fortes, seria possível aumentar a riqueza e a força, tanto 
do indivíduo quanto do Estado”. Seu método ginástico em muitos pontos 
se assemelhava ao de Ling na Suécia e era dividido em quatro ramos: 
civil e industrial, militar, médico e cênico ou funambulesco. 
30 UNIUBE
A proposta de exercícios para a ginástica civil, por exemplo, constava 
de quinze séries, entre as quais, destacamos os seguintes exercícios:
• ritmados	e	 cantados,	 com	finalidade	de	ativar	os	movimentos	
respiratórios; 
• de marchar e correr, levando ao hábito da execução de corridas de 
fundo e de velocidade;
• de saltos em altura, em profundidade e extensão; 
• de equilíbrio; 
• de transposição de obstáculos naturais, por exemplo, barreiras e 
muros;
• de	lutas	com	finalidade	de	subjugar	adversários;	
• de nadar com intuito de salvamento; 
• de tiro e esgrima; 
• de equitação;
• de danças, tanto militares quanto as presentes na sociedade.
É possível observar que, na proposta de Amoros, os exercícios 
apresentavam marcadamente um sentido utilitário. (MARINHO, 1980).
No entanto, para muitos historiadores, é Georges Demeny, biólogo, 
fisiologista	e	pedagogo,	por	haver	dedicado	toda	sua	vida	à	Educação	
Física,	a	principal	figura	representativa	da	escola	de	Educação	Física	
Francesa.
 UNIUBE 31
É	 ele	 quem	 traz,	 de	 forma	 mais	 aguçada,	 o	 significado	 de	 uma	
metodologia	científica,	baseada	nas	leis	da	física	e	da	biologia,	para	o	
âmbito da Educação Física, insistindo no abandono de procedimentos 
empíricos para a área de conhecimento. Além disto, o autor preocupou-se 
com a saúde da mulher, propondo exercícios físicos destinados ao corpo 
feminino (Figura 6). “Seus estudos sobre o movimento arredondado, 
contínuo	e	também	com	ritmo,	influenciados	pela	dança,	levaram-no	a	
trabalhar com a ginástica feminina.” (SOARES, 2001, p.66).
Figura 6: Exercícios físicos destinados à mulher.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Demeny foi crítico da proposta da ginástica sueca e, estruturado em 
estudos	 da	 fisiologia	 aplicada,	 apresenta	 seu	método	 com	 várias	
características, das quais destacamos:
• exercícios que provoquem contrações musculares dinâmicas, 
concêntricas, lentas e de intensidade média; 
• execução de movimentos completos e contínuos, não devendo ser 
interrompidos e vivenciados em todas as direções; 
32 UNIUBE
• cada movimento deve ter um ritmo proporcional ao peso do 
segmento,	à	dificuldade	de	execução	e	ao	grau	de		preparação	física	
do indivíduo; 
• durante o trabalho manter a respiração profunda e ritmada 
(MARINHO, 1980).
Os movimentos constantes da proposta de método criado por Demeny 
podem ser descritos como movimentos:
• executados sem aparelhos; 
• de resistência contínua; 
• de destreza;
• que levem à fadiga orgânica. 
Tudo isto numa execução de exercícios visando proporcionar “a saúde, 
a beleza, a destreza e a virilidade. E para obter tais qualidades deverão 
os exercícios proporcionar efeitos higiênicos, estéticos, econômicos e 
morais.” (MARINHO, 1980, p. 107). 
Também preocupava-se o autor com as questões do trato pedagógico 
quando da execução da ginástica, indicando que uma sessão de aula 
teria	de	satisfazer	três	exigências:	“ser	completa	e	útil;[...]	ser	graduada	
em	intensidade	e	dificuldade	[...]	e	ser	interessante	e	conduzida	com	
ordem e energia.” (MARINHO, 1980, p.108).
Um terceiro nome proeminente da ginástica ou da escola francesa para 
a	Educação	Física	certamente	foi	Georges	Hébert	(Figura	7),	oficial	da	
Marinha e diretor da Escola de Fuzileiros Navais. Ele contribuiu, em 
muito,	para	a	codificação	das	propostas	anteriores	existentes	na	França.
 UNIUBE 33
Figura 7: Georges Hébert.
Fonte: Lieutenant Hébert.jpg (2018).
Hébert estrutura, a partir de sua projeção no cenário da Educação Física 
francesa,	o	que	ficou	conhecido	como	Método	Natural	de	Ginástica,	o	
qual visava à promoção da aptidão física e era destinado a avaliar força 
muscular, destreza e resistência. Seu senso em regulamentar os testes 
físicos	cria	doze	provas	para	esse	fim:	
• saltos em altura e distância com e sem impulso; 
• corridas de 100, 500 e 1.500 metros; 
• subida em corda até 5 metros sem auxílio dos pés; 
• lançamento de peso; 
• levantamento de peso; 
• natação e mergulho (MARINHO, 1980).
Decorrente de seu trabalho origina-se o Método Francês, muito utilizado 
no início da Educação Física Brasileira na primeira metade do século XX, 
por	influência	da	importância	na	época	da	Escola	de	Joinville-le-Pont.
34 UNIUBE
Como	professores	e	profissionais	da	Educação	Física,	nós,	proponentes	
deste livro, lamentamos que tudo isto não conste, normalmente, no 
currículo tido como necessário ao professor de Educação Física em 
nossos cursos de licenciatura nos dias atuais. 
É importante lembrar que se não preservarmos nossa memória, 
dificilmente	construiremos	as	rotas	para	traçar	nosso	futuro.
A proposta de Demeny, principal representante da Escola 
Francesa com sua metodologia baseada nas leis da física e da 
biologia, poderia ser aplicada hoje no trabalho nas Academias 
de	Ginástica	e	Musculação?
Educação Física a partir da Alemanha2.4
Como nos casos anteriores já referidos, há muitos representantes dos 
movimentos ginásticos e de práticas de exercícios físicos na Alemanha, 
razão pela qual optamos em fazer referências aos considerados de 
expressão	e	que	de	certa	forma	influenciaram	a	caminhada	da	Educação	
Física no Brasil. 
Com maior ou menor intensidade, um dos 
principais motivos do aparecimento dos métodos 
ginásticos na Europa pode ser atrelado ao 
momento de estabelecimento das demarcações 
territoriais dos países daregião. Este também 
é o caso da Alemanha, onde as propostas 
relacionadas aos exercícios visavam à saúde, 
à robustez e à força de seus cidadãos, todos 
imbuídos de um espírito nacionalista que poderia 
ser desenvolvido pelas práticas gímnicas.
Práticas gímnicas
São práticas 
benéficas	para	
os indivíduos em 
todos as fases da 
vida, tais práticas 
podem contribuir 
para um melhor 
desempenho motor 
nas tarefas da vida 
diária, funcionais 
e/ou atividades 
esportivas.
 UNIUBE 35
É neste contexto que Guts Muths (Figura 8), considerado o grande nome 
inicial da ginástica moderna em seu país, centrada em pressupostos 
pedagógicos de Rousseau, entre muitas obras editadas, publica duas 
obras que serão referências: em 1793 temos a “Ginástica para a 
Juventude”,	na	qual	especifica	os	princípios	pedagógicos	de	seu	trabalho,	
e em 1817 há o “Livro da Ginástica para os Filhos da Pátria”, enfatizando 
o sentido político nacionalista de sua obra. (MARINHO, 1980)
Figura 8: Georges Hebert.
Fonte: -C-F-GutsMuths.jpg (2018).
A	ginástica	proposta	por	esse	autor	estruturava-se	nas	bases	da	fisiologia	
e era dever do Estado a sua implantação e controle. A regularidade das 
práticas era diária e nela deveriam estar todos os cidadãos, homens, 
mulheres e crianças. (SOARES, 2001).
A proposta metodológica de movimentos ginásticos para todos, ideário de 
Guts Muths, adentra mais intensamente na escola por meio do trabalho 
de Adolph Spiess com o Seu Sistema de Ginástica, o qual contava com: 
36 UNIUBE
1 - Exercícios Livres para membros superiores e inferiores.
2 - Exercícios de Suspensão – barras, paralelas e cordas.
3 - Exercícios de Apoio com balanceamento.
4 - Ginástica Coletiva – marchas ordem unida. (SOARES, 2001).
A importância de Spiess para a Educação Física Escolar, como nós a 
concebemos hoje, foi fundamental.
Ele adaptou os movimentos ginásticos mais gerais ao espaço escolar, 
indicando que sua prática deveria ser realizada todos os dias em um dos 
períodos, com classes por idade, devendo o professor ter preocupação 
com as questões posturais dos alunos.
PONTO-CHAVE
Segundo Marinho (1980, p.125), a crítica que se pode destinar ao trabalho 
de Spies reside na falta de critérios sólidos para o desenvolvimento das 
aulas propostas e os exercícios escolhidos não passavam por uma 
avaliação consistente no que diz respeito aos valores de pesquisa 
científica.	“Sem	abundância	de	flexionamentos,	escassas	as	aplicações,	
assoberbado	de	ginástica	de	aparelhos,	dificilmente	este	sistema	poderia	
levar os alunos àquele equilíbrio que Spiess procurava”.
Como informação importante, temos que na segunda metade do século 
XIX	o	Exército	Brasileiro	adota	oficialmente,	em	suas	linhas,	o	método	
alemão, sendo este substituído pelo francês apenas na segunda década 
do século XX.
 UNIUBE 37
Por sua vez, Soares (2001) informa que, para as escolas no Brasil, o 
método alemão não foi considerado adequado, adentrando ao espaço 
escolar o método francês.
A Ginástica alemã aparece em que contexto geral da Europa 
do	século	XIX?	Mais	ainda,	formulada	por	Guts	Muths	e	levada	
à escola por Spiess, quais problemas aconteceram nessa 
transposição?
Educação Física a partir dos EUA2.5
Analisar o desenvolver o histórico da Educação Física nos Estados 
Unidos da América, no que diz respeito a uma certa originalidade, faz 
sentido se começarmos a partir do século XVIII quando da independência 
desse país, bem como da criação das academias.
É a partir deste contexto que se pode notar a importância da prática de 
exercícios físicos para os estudantes. Comprovação disto é encontrada na 
obra de Benjamin Franklin destinada a jovens. Diz Marinho (1980, p.142)
Em 1743, aparece sua obra “Propósitos relacionados 
com a Educação da Juventude em Pensylvania”. Ele 
recomenda às academias serem organizadas para 
preparar a juventude para a sociedade. A escola deve 
ter uma “posição saudável” com jardim, horta, campos 
e gramados. Devem tomar-se as providências para que 
os alunos possam brincar, correr, saltar, lutar e nadar. 
Alguns	anos	depois	é	organizada,	em	Filadélfia,	uma	
escola segundo essas características.
No século XIX, nos Estados Unidos da América, já encontramos a 
declarada importância para a saúde da prática de jogos, recreação 
(Figura 9), exercícios físicos (estes, especialmente, vinculados aos 
movimentos ginásticos).
38 UNIUBE
Figura 9: Recreação.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Em 1824 temos a gênese da ginástica alemã no país, por meio de 
Charles Beck, como pode ser comprovado pelo relato de um aluno de 
Beck mencionado por Marinho (1980, p. 143)
O Dr. Beck era professor de ginástica. Um espaçoso 
terreno	foi	reservado	para	tal	fim	e	equipado	com	todos	
os aparelhos usados na ginástica alemã. Toda a escola 
foi dividida em turmas e cada turma tinha uma hora, 
três vezes por semana, para instrução com o Dr. Beck. 
O desenvolvimento dos poderes do corpo e a força 
da constituição, foram aí reconhecidas pela primeira 
vez, como de grande importância para a educação dos 
rapazes.
Na verdade, se nossa intenção é dar ênfase ao caminhar da Educação 
Física nos Estados Unidos da América, precisamos destacar duas trilhas 
principais ocorridas quanto à realização dos exercícios físicos: a primeira 
diz respeito à proposta ginástica via Calistenia; a segunda centra-se na 
ação das Y.M.C.A. (Young Men’s Christian Association), conhecidas entre 
nós brasileiros como a Associação Cristã de Moços (ACM), com unidades 
hoje presentes em várias cidades no Brasil, entre estas, nas cidades de 
São Paulo e Rio de Janeiro.
 UNIUBE 39
Na trilha da calistenia, Marinho (1980, p. 145) 
aponta dois destaques: o primeiro é a contribuição 
de Catherine Beecher e sua “instituição feminina 
de educação superior para mulheres nos Estados 
Unidos”, pois Beecher insistia na importância 
da Educação Física e da Educação Moral. Nas 
aulas de Educação Física, o método utilizado era 
a calistenia, os exercícios eram executados ao 
ritmo de músicas.
O segundo destaque está centrado no Dr. Dio Lewis, defensor da 
calistenia. Segundo esse autor, a calistenia, por ele entendida mais 
como sistema do que como método, era destinada ao “homem gordo, ao 
homem fraco ou enfermiço, aos jovens e às mulheres de todas as idades 
– as classes que mais necessitavam de treinamento físico”. (MARINHO, 
1980, p. 145). 
Lewis defendia o seu sistema calistênico e combatia os métodos 
ginásticos,	afirmando	que	estes	serviam	apenas	para	os	ginastas	e	não	
para a população em geral, bem como criticava o treinamento militar 
por este centrar-se mais na parte superior do corpo. Sua argumentação 
exaltava os exercícios ginásticos, por meio do seu sistema, porque estes 
eram apropriados para o desenvolvimento da graça, da agilidade, da 
flexibilidade,	elementos	próprios	para	aquisição	de	um	estado	geral	de	
saúde corpórea.
Quanto à contribuição incontestável das Y.M.C.A., para a prática de 
exercícios físicos e desportivos nos Estados Unidos da América, ela é 
de fácil explicação. As associações tiveram sua gênese numa releitura 
do cristianismo, para a qual a prática de exercícios pode “promover um 
caráter cristão e que esse bem-estar físico e essa sã recreação conduz 
ao bem-estar moral”. (MARINHO, 1980, p.148).
Calistenia
Exercícios físicos 
em que se procura 
movimentar 
variados grupos 
musculares, 
enfocando o esforço 
e a potência.
40 UNIUBE
As Y.M.C.A têm sua origem na Inglaterra, com o objetivo inicial de 
congregar jovens para o estudo da Bíblia, passando, posteriormente, 
a incluir nessas reuniões as práticas de ginásticas e, mais à frente, a 
criação e a prática de alguns dos esportes mais conhecidos entre nós, 
como o basquetebol com James Naismith e o voleibol com William 
George Morgan, apenas como exemplos.
Aliás, como informação complementar, há uma disputa entre Brasil e o 
Uruguai para saber qual desses dois países foi o criador do Futebol de 
Salão, esporte também originário no interior da Associação Cristãde 
Moços (ACM).
Quais considerações você faria como importantes a respeito da 
ginástica calistênica e das ACMs a partir dos Estados Unidos 
da	América?
Educação Física Desportiva Generalizada2.6
É o professor Auguste Listello (1918-2010), argelino de nascimento e cidadão 
francês, o responsável pela criação e disseminação do que podemos 
caracterizar como a proposta ou o Método Desportivo Generalizado em 
nosso país, especialmente a partir de sua vinda ao Brasil no início da década 
de cinquenta do século passado. Esse mesmo professor por várias vezes 
lecionou cursos no território brasileiro, num período de trinta anos.
Mas	você	sabe	o	que	é	o	Método	Desportivo	Generalizado?	
O	Método	Desportivo	Generalizado	tem	por	finalidade	a	educação	integral	
de jovens e adultos por meio de jogos e atividades esportivas. 
IMPORTANTE!
 UNIUBE 41
Muitos pesquisadores da área da Educação Física apontam a importância 
da entrada desse método para o ensino dos conhecimentos da Educação 
Física,	em	especial	para	o	trato	com	o	tema	esporte.	Pode-se	até	afirmar,	
de certa maneira, que graças a ele se inicia no país o que podemos 
chamar de período de esportivização da Educação Física escolar.
Outro fato interessante a ser mencionado refere-se a ser Listello a pessoa 
a introduzir no Brasil o Handebol de Salão, já no ano de 1952.
 A proposta da Educação Física Desportiva Generalizada instala-se no 
período	de	grandes	modificações	no	cenário	nacional,	com	a	retomada	
da democracia após os anos de governo ditatorial de Getúlio Vargas 
e a implantação de uma estrutura industrial, a qual demandava a 
necessidade de crescimento do sentido de organização.
Claro está que o Método Desportivo Generalizado, além de adentrar 
no espaço escolar com força, foi mantido pelo prazer que propiciava 
aos alunos pelas práticas de atividades físicas desportivas, elemento 
mais motivador que as propostas ginásticas anteriormente presentes na 
Educação Física escolar.
Não	resta	dúvida	em	afirmarmos	que	o	movimento	desencadeado	
pelo Método Desportivo Generalizado entre nós propiciou um 
redimensionamento da Educação Física escolar, talvez só alterado 
novamente	a	partir	do	final	dos	anos	setenta	do	século	XX	com	a	
chamada crise da Educação Física Brasileira.
42 UNIUBE
Resumo
O segundo momento da Educação Física apresentado neste Capítulo 
2 mostrou a riqueza da produção de vários métodos ginásticos ocorrida 
em países da Europa e nos Estados Unidos da América, notadamente 
nos séculos XVIIII e XIX.
Foi, inquestionavelmente, a primeira tentativa da Educação Física se 
apresentar	como	uma	possibilidade	de	rigor	científico,	já	aqui	atrelada	
mais	aos	fatores	e	às	justificativas	anatômicas	e	fisiológicas,	procurando	
o desenvolvimento e a manutenção da saúde, esta entendida numa 
perspectiva higienista.
Por outro lado, há o engrandecimento do fenômeno esportivo, o qual 
passa a ocupar um lugar de destaque no cenário da Educação Física, 
notadamente na escola.
Referências
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Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Amoros#/media/File:Amoros
.jpg. Acesso em: 28 nov. 2018.
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15 jan. 2019.
GETTY Images. Disponível em: https://www.gettyimages.com.br/. Acesso em: 
29 nov. 2018.
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GutsMuths.jpg.. Acesso em: 28 nov. 2018.
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 UNIUBE 43
MARINHO, Inezil P. História geral da educação física, São Paulo: Cia Brasil 
Editora, 1980.
PEHR HENRIK LING.JPG. Altura: 675 Largura: 670. 231 Kb. Formato JPEG. 
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pehr_Henrik_Ling#/media/File:Pehr_
Henrik_Ling.jpg. Acesso em: 26 nov. 2018.
SOARES, Carmen. Educação física: raízes europeias e Brasil, Campinas: Autores 
Associados, 2001.
Introdução
Panorâmica da Educação 
Física no BrasilCapítulo3
Para o desenvolvimento deste capítulo, utilizaremos mais 
detalhadamente as referências básicas de Inezil Penna Marinho 
e Lino Castellani Filho, historiadores da Educação Física, que 
viveram em épocas distintas e que também possuem posturas 
diferentes no que diz respeito ao entendimento do processo da 
Educação Física brasileira, além de acrescentar outros escritos 
ao longo do texto.
Como o objetivo é demonstrar a continuidade histórica da área da 
Educação Física entre nós, entendido esse “nós” como o Brasil, 
país constituído, optamos em dividir o capítulo em dois momentos: 
o	primeiro	do	Brasil	Império	até	o	fi	nal	da	década	de	70	do	século	
passado e o segundo dos anos 80 do século passado aos nossos 
dias.	Justifi	ca-se	essa	divisão	porque	o	primeiro	período,	mesmo	
com vários momentos de propostas bem diferenciadas para a 
área, não contou com a tentativa de quebra de paradigma no 
oferecimento da Educação Física. Apenas nos anos 80 do século 
XX é que ganha força no Brasil um movimento de redirecionar de 
maneira bem clara os destinos da Educação Física.
46 UNIUBE
3.1 Do Brasil Império até a década de 1970 do século XX
3.2 Da década de 1970 do século XX aos dias atuais
3.2.1 Propostas de Abordagens Pedagógicas para a Educação 
Física Escolar
3.2.2	Proposta	de	Regulamentação	da	Profissão
Esquema
Ao	final	do	estudo	deste	capítulo,	esperamos	que	você	seja	capaz	de:
• listar e comentar as propostas metodológicas de Educação 
Física propostas no Brasil Império, bem como seus principais 
objetivos;
• demonstrar a importância de Rui Barbosa para a implantação 
da Educação Física Escolar;
• mostrar os sentidos higienista e de eugenia presentes na 
Educação	Física	escolar	brasileira	no	final	do	século	XIX	e	
início do século XX;
• avaliar as tendências pedagógicas surgidas na Educação 
Física escolar a partir da década de setenta do século XX;
• analisar, nas perspectivas políticas e administrativas, o 
aparecimento do CONFEF (Conselho Federal de Educação 
Física) e dos CREFs (Conselhos Regionais de Educação 
Física) e a ação destes órgãos junto ao desempenho 
profissional.	
Objetivos
Do Brasil Império até a década de 1970 do século XX3.1
Como	ponto	de	partida,	justificaremos,	a	seguir,	que	a	abordagem	deste	
capítulo se inicia no Brasil Império porque é a partir deste momento que 
podemos caracterizar com maior clareza o que podemos chamar de uma 
Educação Física, enquanto participante do universo escolar. 
 UNIUBE 47
Sendo assim, como falamos, a primeira fase desse período pode ser 
caracterizada como a do Brasil Império, ou seja, entre os anos de 1822 
e 1889. Fato importante mencionado neste espaço de tempo ocorreu 
em 1823 quando, ao se discutir na Assembleia Constituinte, convocada 
por D. Pedro para a elaboração da primeira constituição brasileira, 
encontramos uma proposta assim descrita por Marinho (s/d, p.22)
[...]	será	reputado	benemérito	da	pátria,	e	como	tal	
condecorado com a Ordem Imperial do Cruzeiro ou nela 
adiantado,	se	já	a	tiver,	aquele	cidadão,	que	até	o	fim	do	
corrente ano, apresentar a Assembleia melhor tratado 
de educação física, moral e intelectual para a mocidade 
brasileira.
Interessante notar que a tramitação de processos nos órgãos políticos, 
já nesta época, sofre da mesma morosidade de hoje, pois esse assunto 
educacional volta a ser apreciado apenas em 1837. Já em 1854, é 
apresentado à Assembleia Geral Legislativa a proposta para a reforma 
do ensino e nela havia a inclusão da ginástica nos currículos das escolas 
públicas, fato que corresponderia a um primeiro e importante avanço 
para a Educação Física e a Educação de um modo geral. Sem correr em 
erro,	pode-se	afirmar	que	os	destinos	da	Educação	Física	nesse	período	
estiveram atrelados aosprincípios vivenciados em colégios militares, tais 
como hierarquia, disciplina, ordem, força, saúde, robustez. (MARINHO, s/d).
Em sua obra, Marinho (s/d, p.27) enaltece a contribuição dos pareceres 
de	Rui	Barbosa	(Figura	1)	em	prol	da	Educação	Física,	afirmando	
tendo	estes	pareceres	 “larga	 repercussão,	 influindo	decisivamente	
para que a Educação Física encontrasse ambiente favorável ao seu 
desenvolvimento”.
48 UNIUBE
Figura 1: Rui Barbosa.
Fonte: Rui Barbosa.jpg (2018).
Marinho (s/d, p.27) explicita ainda mais a importância de Rui Barbosa 
quando registra:
A contribuição de Rui Barbosa em seus Pareceres 
sobre as Reformas do Ensino Secundário e 
Superior e do Ensino Primário e Várias Instituições 
Complementares, para que, em nosso país se criasse 
uma mentalidade favorável à prática de atividades 
físicas, quer sob a forma de ginástica, quer sob a de 
desportos ou exercícios militares, é tão admirável que 
ele bem merece o título de Paladino da Educação Física 
no Brasil, que lhe outorgamos em uma de nossas obras.
Castellani Filho (2001), partindo de uma visão mais crítica sobre o 
processo de constituição histórica da Educação Física brasileira, por sua 
vez, apresenta uma argumentação consistente de discordância da visão 
anteriormente referida, lembrando que todo esse processo é oriundo de 
 UNIUBE 49
uma visão higienista de educação escolar. Mencionando Jurandir Freire 
da Costa, revela:
[...]	A	ética	colonial	repudiava	o	trabalho.	O	branco	livre	
não	se	imaginava	exercendo	uma	profissão	que	lhe	
exigisse ocupação manual. O chefe de família digno 
não trabalhava: vivia de rendas ou da exploração 
parasita do trabalho dos outros. Se não era proprietário 
de terras ou comerciante, procurava locupletar-se em 
algum cargo burocrático da administração pública. 
Quando nenhuma dessas possibilidades surgia, sugava 
o trabalho escravo até a última gota...”. (CASTELLANI 
FILHO, 2001, p. 45).
Conforme adverte Castellani Filho (2001), 
a Educação Física era rechaçada enquanto 
relacionada à atividade física produtiva, isto é, a 
“trabalho”, portanto, não o era – como continua 
não o sendo – no outro sentido. Por outro lado, em 
sua compreensão de atividade de não trabalho, 
em seu sentido lúdico, de preenchimento do 
ócio e do tempo livre, pelo contrário, sempre foi 
valorizada pela classe dominante (ROUYER, J. 
1977, apud CASTELLANI FILHO, 2001).
Ao falar do desenvolvimento da história da Educação Física no século 
XX, não podemos deixar de mencionar as contribuições do trabalho de 
Fernando de Azevedo, autor de alguns livros e principal representante, 
na primeira metade desse século, da revista Educação Physica, o qual 
deixava clara a sua admiração pela presença de Rui Barbosa junto à 
Educação Física brasileira.
Defensor da eugenização do povo brasileiro, Azevedo apresentava a 
Eugenia como “ciência ou disciplina que tem por objeto o estudo das 
medidas	sociais-econômicas,	sanitárias	e	educacionais	que	influenciam,	
Visão higienista
O Movimento 
Higienista teve 
como preocupação 
central a saúde 
individual e 
coletiva da 
população, sendo 
a escola lócus 
apropriedado para 
a disseminação 
de novos hábitos 
higiênicos.
50 UNIUBE
física e mentalmente, o desenvolvimento das qualidades hereditárias dos 
indivíduos	e,	portanto,	das	gerações	[...]”,	afirmações	essas	encontradas	
em Castellani Filho (2001, p.55).
Por	essa	razão	fica	evidente	a	importância	que	Fernando	Azevedo	
destinava à Educação Física: melhorar e preservar a eugenia da raça 
por meio da vivência de atividades físicas. Prova disto encontramos em 
Castellani Filho (2001, p. 56)
O raciocínio era simples: mulheres fortes e sadias 
teriam	mais	condições	de	gerarem	filhos	saudáveis,	os	
quais, por sua vez, estariam mais aptos a defenderem 
e construírem a Pátria, no caso dos homens, e de 
tornarem mães robustas, no caso das mulheres.
Duas vertentes, pode-se dizer, caminharam paralelamente na história da 
Educação Física no Brasil: a eugenização da raça	e	a	forte	influência	do	
pensamento	higienista.	Estas	trilhas	permitem	afirmar	que	a	Educação	
Física recolhe o corpo mulher para as atividades de ginástica, fato 
esse anteriormente considerado pouco evidente. Daí a preocupação 
de Fernando Azevedo em propiciar a prática “da Ginástica a ambos os 
sexos na formação do professorado e nas escolas primárias de todos os 
níveis”	e,	especificamente,	às	mulheres	propunha	“atividades	ginásticas	
que atinassem para a harmonia de suas formas feminis e às exigências 
da maternidade futura”. (CASTELLANI FILHO, 2001, p. 58).
Eugenização da raça: a Eugenia pretendia promover o desenvolvimento 
das qualidades hereditárias dos indivíduos e, portanto, das gerações, ou 
simplesmente,	a	purificação	da	raça.	Neste	contexto,	à	Educação	Física,	
influenciada	pelo	modelo	social	europeu	da	época,	caberia	um	papel	
preponderante, ou seja, por meio dos exercícios ginásticos, mulheres fortes 
e	sadias	teriam	condições	de	gerarem	filhos	saudáveis.
SAIBA MAIS
 UNIUBE 51
Esse mesmo autor lembra que as reformas educacionais instituídas 
em muitos estados brasileiros na década de vinte do século XX 
já contemplavam a Educação Física no contexto dos conteúdos 
programáticos, destinados às escolas do ensino primário e secundário.
Soares (2001, p.68-69)), por sua vez, corroborando Castellani Filho 
(2001), demonstra que o decorrer da Educação Física no período da 
segunda metade do século XIX até a década de trinta do século XX 
esteve muito atrelado às instituições médicas e militares.
Neste trabalho, as instituições médicas foram 
privilegiadas e o discurso médio higienista ouvido, 
pois acreditamos poder encontrar, nessas instituições 
e no seu discurso, elementos que nos auxiliem na 
compreensão da Educação Física como sinônimo de 
saúde física e mental, como promotora de saúde, como 
regeneradora da raça, das virtudes e da moral.
Toda essa presença dos médicos na área da Educação Física propicia o 
que a autora chama de uma pedagogia da boa higiene, pedagogia essa 
oferecida às famílias para o estabelecimento de normas de vida, que, 
entre outras condutas e cuidados, estava presente a importância dos 
exercícios físicos. 
Pela argumentação até aqui desenvolvida, nos dizeres de Soares (2001, 
p.91),	fica	patente	que	a	Educação	Física	brasileira,	“em	suas	primeiras	
tentativas para compor o universo escolar, surge como promotora 
de saúde física, da higiene física e mental, da educação moral e da 
regeneração ou reconstituição das raças”. 
Ainda como importante, devemos mencionar, especialmente no decorrer 
dos anos trinta e quarenta do século XX, a íntima relação encontrada nos 
documentos delineadores da Educação Nacional, das áreas de Educação 
Cívica e da Educação Física. No Plano Nacional de Educação construído 
52 UNIUBE
em 1937, o ensino cívico aparecia em todos os graus de escolarização 
e a Educação Física era obrigatória nos cursos primário e secundário.
É também nesta década de trinta do século XX que deparamos com 
o que pode ser reconhecido como a militarização da Educação Física. 
Quem nos traz esta informação é Castellani Filho (2001, p. 87) ao relatar 
um trecho do artigo de Hélion Póvoas na revista “Educação Física” de 
novembro de 1938:
Entreguemos ao exército todos os poderes para que, 
no setor de Educação Física, ponha em prática, em 
todo o território nacional, sua técnica disciplinadora que 
é, no momento, um evangelho salutaríssimo à nação. 
Para nos pôr a salvo das tormentas, organizando a 
nossa defesa, o exército glorioso precisa de um 
“Homem brasileiro”, com todas as letras maiúsculas, 
bem	maiúsculas.	Confiantes,	entreguemo-nos	a	ele,	
porque só ele dispõe dos elementos necessários 
a um renascimento de vigor físico indispensável à 
organização bélica de uma Pátria, ainda que a mais 
pacífica,	como	a	nossa.	Seja	o	Brasil,	todo	ele,	no	
tocante à Educação Física, uma Escola de Educação 
Física	do	Exército[...].
Adentrando na década de quarenta, deparamos com o desenvolvimento 
daSegunda Guerra Mundial (Figura 2), e o Brasil de Getúlio Vargas, 
identificado	com	as	propostas	ideológicas	vindas	da	Alemanha	e	Itália,	
tenta a formação da “Juventude Brasileira”, razão de implantar com 
grande convicção nas escolas a obrigatoriedade da Educação Cívica, 
Moral e Física. Melhor explicitando, nas palavras desse presidente, 
o objetivo desta empreitada era “incrementar a educação física nas 
novas gerações, organizando a juventude por forma a constituir reserva 
facilmente mobilizável, sempre que houver objetivo patriótico a alcançar”. 
(CASTELLANI FILHO, 2001, p. 89). 
 UNIUBE 53
Figura 2: Segunda Guerra Mundial.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube.
É neste contexto que, em 1939, cria-se a Escola Nacional de Educação 
Física e Desportos atrelada à Universidade do Brasil. 
Você	se	lembra	do	que	estudou	acerca	do	governo	de	Getúlio	Vargas?
O governo de Getúlio Vargas se estendeu de 1937 a 1945 e foi chamado de 
Estado Novo. Em seu governo, o presidente centralizou o poder Executivo, 
em sua pessoa, de forma semelhante ao modelo nazifascista europeu, dos 
anos de 1930 a 1940. Sugerimos as seguintes leituras para relembrar esse 
período e compreender melhor esse momento histórico:
Primeiro:
Estado Novo (1937 – 1945), de Cláudio Fernandes, site UOL. Para isso, acesse:
https://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/estado-
novo-1937-1945.htm
RELEMBRANDO
54 UNIUBE
Segundo:
Era Vargas - Estado Novo (1937 - 1945), de Rainer Sousa, site Mundo 
Educação, acesse:
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/era-vargas-estado-
novo.htm
De uma forma breve e didática, os textos nos fazem relembrar esse 
conteúdo. 
Na internet, você pode encontrar, também, outros artigos acerca do assunto!
Vale a pena conferir!!!
Para	justificar	a	criação	da	Escola	Nacional	de	Educação	Física,	o	
então Ministro da Educação e Saúde da época, Gustavo Capanema, 
faz	referências	à	Constituição	em	vigor,	mais	especificamente	em	seu	
artigo 131, o qual estabelecia a obrigatoriedade da Educação Física em 
todas as escolas primárias, normais e secundárias do Brasil, fato esse 
lembrado por Castellani Filho (2001). Esse mesmo autor informa que, 
como consequência desse momento político, em 1941 há a promulgação 
do	Decreto-Lei	3.199	com	a	finalidade	de	estabelecer	normas,	sobretudo,	
normas reguladoras e cartoriais, sobre a organização desportiva em 
nosso país, decreto esse que perdurou até o ano de 1975.
No	período	pós	Estado	Novo,	a	Educação	Física	pode	ser	identificada	
como uma atividade curricular presente nas estruturas organizacionais 
da escola. Como atividade, ela não se consagra como uma área 
de conhecimento detentora de um saber próprio. Continua sendo 
apresentada como importante por sua característica de atuar no 
aprimoramento da aptidão física dos brasileiros, destinada unicamente 
à	educação	do	físico	e	estruturada	em	bases	anatômicas,	fisiológicas	e	
biológicas. Esses objetivos sempre estiveram presentes no contexto da 
Educação Física escolar.
 UNIUBE 55
A partir dos anos cinquenta, ainda do século XX, temos a presença 
marcante do que veio a ser conhecido como a implantação da proposta 
da Educação Física Desportiva Generalizada no Brasil, ainda sob 
influência	de	Auguste	Listello,	como	vimos	com	detalhes	no	final	do	
capítulo anterior. Esta proposta ganha muita força no país por dois 
motivos, que podemos considerar os principais: 
• o elevado número de cursos ministrados por Listello no território 
nacional entre os anos 50 e 60; 
• a adoção do método por dois importantes autores na área da 
Educação Física entre nós, Alfredo Gomes de Faria Junior e Inezil 
Penna Marinho. 
Na década de setenta, ainda do século XX, explode em vários países 
um movimento denominado Esporte para Todos – EPT, movimento esse 
que	teve	por	finalidade	principal	se	opor	à	hegemonia	do	esporte	de	
rendimento já bastante difundido nos meios escolares, também com 
reflexos	na	Educação	Física	patrocinada	pelos	órgãos	governamentais	
por aqui. 
Também neste período, dominado pelo governo militar em nosso país, 
encontramos uma reformulação das propostas curriculares para o 
terceiro grau, ou seja, para os cursos superiores e para as universidades, 
introduzindo a obrigatoriedade para todos os cursos e áreas das 
disciplinas Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Educação 
Física,	“casualmente”	eliminando	a	obrigatoriedade	da	Filosofia.
Moreira (1985, p.73), em livro oriundo de sua dissertação de Mestrado, 
editado no início dos anos oitenta, faz críticas a este procedimento 
dicotômico,	afirmando	que	“considera	a	Educação	Física	como	expressão	
acima do antagonismo educação física versus educação intelectual, 
ambas se complementando na cultura de seu povo”.
56 UNIUBE
Esse autor, já na época, defendia a educação integral do educando, 
recorrendo ao pensamento de Rouyer (1977, p.191):
A	natureza	específica	de	uma	educação	física	não	se	
pode	definir	senão	em	relação	à	totalidade	da	educação	
concebida no seu conjunto. É necessário que voltem 
a equacionar-se as razões que fundamentaram as 
diversas “matérias”, as distintas disciplinas do ensino. 
Não se trata apenas de acrescentar à educação 
intelectual uma educação física; é necessário estudar 
uma e outra e repensar o conjunto.
Ainda	em	suas	considerações	finais,	Moreira	(1985,	p.141)	sugere	
que a Educação Física busque sua identidade cultural no nosso país, 
ultrapassando a história de alienação que a persegue ao longo dos anos, 
propiciando “contribuir para o desenvolvimento integral de indivíduos 
autônomos, democráticos, críticos e participantes”. 
Leia mais sobre o assunto abordado neste capítulo.
Recomendamos a leitura do Cap. 3 (A história da Educação Física no Brasil) 
do livro “Educação Física, esportes e corpo: uma viagem pela história” 
(CAPRARO e SOUZA, 2017), disponível na Biblioteca Virtual Pearson, no 
AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Da década de 1970 do século XX aos dias atuais3.2
O	período	entre	o	final	da	década	de	1970	e	o	início	da	década	de	1980	
do século passado foi conhecido, na área, como o momento de crise da 
Educação Física brasileira, época em que emerge um movimento de 
intelectuais professores da área, na tentativa de quebrar o paradigma 
até então vigente na história da Educação Física, quer como área de 
produção de conhecimento, quer como explicitação de uma disciplina ou 
de um conteúdo a ser desenvolvido no âmbito escolar.
 UNIUBE 57
Importante, da mesma forma, é registrar que neste período há o 
aparecimento do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e 
dos Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs) como órgãos 
com	a	finalidade	de	regular	a	atividade	profissional.
Os	dois	parágrafos	anteriores	justificam	a	subdivisão	deste	capítulo,	
pois estaremos analisando tanto as propostas pedagógicas que foram 
criadas para a Educação Física escolar, quanto as diretrizes de ação 
do CONFEF. Apenas deixamos para uma análise posterior, que se dará 
no	sexto	capítulo,	as	produções	surgidas	de	identificação	da	Educação	
Física	como	possível	área	de	conhecimento	científico.	
3.2.1 Propostas de Abordagens Pedagógicas para a Educação Física 
Escolar
No tocante ao âmbito escolar, talvez uma das principais contribuições 
para a tentativa de quebra do paradigma anterior existente na área 
centra-se na produção e explicitação das abordagens pedagógicas da 
Educação Física escolar. Dessa forma, entram em cena várias maneiras 
de	se	encarar	o	trato	pedagógico	dos	conhecimentos	específicos	da	
área, entre as quais, destacaremos quatro, pelo critério de serem as mais 
veiculadas entre os professores da Educação Física. Para cumprir essa 
missão, apropriamo-nos do artigo de Darido (2008), o qual sintetiza bem 
as propostas.
58 UNIUBE
Vejamos.
3.2.1.1 Abordagem Desenvolvimentista 
Primeira a mencionarmos neste estudo é a Abordagem Desenvolvimentista, 
construída principalmente por autores da área da Educação Física da 
Universidadede São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista 
(UNESP), Go Tani, Edson de Jesus Manoel, Eduardo Kokubun e José 
Elias de Proença, por proposta editada no Livro “Educação Física Escolar: 
fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista” – Tani et all (1988).
Esta proposta, assim como suas referências, centra as preocupações 
principais da Educação Física escolar no movimento, recorrendo a 
alguns autores, por exemplo, David Gallahue.
Segundo Darido (2008, p.1),
[...]	 a	 proposta	 explicitada	 por	 eles	 [...]	 é	 dirigida	
especificamente	para	crianças	de	quatro	a	quatorze	
anos e busca nos processos de aprendizagem e 
desenvolvimento uma fundamentação para a Educação 
Física escolar. Segundo eles é uma tentativa de 
caracterizar a progressão normal do crescimento físico, 
do	desenvolvimento	fisiológico,	motor,	cognitivo	e	
afetivo-social, na aprendizagem motora e, em função 
destas características, sugerir aspectos ou elementos 
relevantes para a estruturação da Educação Física 
Escolar.
A	justificativa	pelo	trato	da	habilidade	motora,	presente	na	proposta,	é	
dada porque é por meio desta que o ser humano consegue se adaptar e 
resolver problemas motores para uma vivência plena.
Os conteúdos sugeridos para os professores de Educação Física na 
escola, a serem desenvolvidos por meio de um processo pedagógico 
 UNIUBE 59
lógico, ou seja, do mais simples para o mais complexo, centram-se no 
trato	das	habilidades,	das	básicas	até	as	mais	específicas	ou	complexas.
As habilidades básicas podem ser observadas por meio das: 
locomotoras, como andar, correr e saltar, por exemplo; manipulativas, 
como arremessar, chutar, rebater, entre outras; de estabilização, entre 
estas,	as	de	girar	e	flexionar	(DARIDO,	2008).	
A repercussão desta abordagem foi muito grande e sua presença bem 
marcante nas aulas de Educação Física em escolas brasileiras.
3.2.1.2 Abordagem Construtivista-Interacionista
Já a Abordagem Construtivista-Interacionista, segunda aqui relatada, tem 
projeção no cenário da Educação Física escolar a partir da publicação 
do livro “Educação de Corpo Inteiro”, do professor João Batista Freire. 
Esta proposta, ainda segundo Darido (2008), fez parte da estruturação 
60 UNIUBE
da Educação Física escolar, no estado de São Paulo, de um projeto 
desenvolvido pela Coordenação de Estudos e Normas Pedagógicas 
(CENP) para as aulas de Educação Física nas escolas.
Elementos como:
• respeitar as experiências dos alunos; 
• considerar suas diferenças individuais e
• buscar a interação do sujeito com o mundo faz parte da proposta, 
centrada principalmente nos escritos de Jean Piaget.
Jean Piaget foi um biólogo e cientista suíço que estudou o desenvolvimento 
humano,	isto	é,	como	o	ser	humano	aprende.	Para	isso,	Piaget	identificou	e	
explicou conceitos como Adaptação, Acomodação, Assimilação, Equilíbrio 
Majorante, entre outros. Observando a criança, ele estudou como ela 
constrói seu raciocínio em relação a concepções como espaço, tempo, 
contingências, movimento, etc. Segundo o cientista, a criança passa por 
estágios de desenvolvimento, da infância à adolescência, para que consiga 
atingir seu estado pleno de raciocínio. 
Um dos pontos-chaves, defendido por Piaget, é que, para aprender, a 
criança deve fazer suas próprias descobertas, ou seja, a aprendizagem 
é construída pelo aprendiz. Nesse sentido, o professor deve oportunizar 
meios e provocar a aprendizagem. Segundo o estudioso, a aprendizagem 
da	criança	também	depende	de	seu	desenvolvimento	biológico,	afinal,	não	
há	como	ensinar	um	bebê	de	três	meses	a	andar,	não	é	mesmo?	
Piaget é um dos cientistas mais importantes do desenvolvimento humano, 
por isso é tão importante conhecer e estudar suas ideias fundamentais e 
seu campo de investigação, chamado de Epistemologia Genética. Esse é 
um conhecimento fundamental ao educador!
RELEMBRANDO
 UNIUBE 61
Para se lembrar dos principais constructos da Epistemologia Genética, 
sugerimos o texto a seguir:
• Jean Piaget, o biólogo que colocou a aprendizagem no microscópio”, 
de Marcos Ferrari. Acesse:
https://novaescola.org.br/conteudo/1709/jean-piaget-o-biologo-que-colocou-
a-aprendizagem-no-microscopio
Na internet, você pode encontrar uma gama enorme de artigos acerca do 
assunto! 
Pesquise!
O documento da CENP (1990, p. 9), aludido por Darido (2008), diz:
No construtivismo, a intenção é construção do 
conhecimento a partir da interação do sujeito com 
o mundo, numa relação que extrapola o simples 
exercício	 de	 ensinar	 e	 aprender.	 [...]	 Conhecer	 é	
sempre uma ação que implica em esquemas de 
assimilação e acomodação num processo de constante 
reorganização.
A abordagem construtivista-interacionista defendida pelo autor coloca o 
jogo como um elemento fundamental para a vivência das crianças porque 
nele há a associação do brincar e do aprender, tornando-se um grande 
recurso pedagógico na escola.
Em outra publicação, Freire (1992, p. 114) demonstra a importância para 
essa abordagem da educação da motricidade das crianças, quando relata 
os	“Métodos	de	Confinamento	e	Engorda”:
Métodos	 de	 confinamento	 e	 engorda.	 Aplicáveis	
indiferentemente a porcos, vacas, galinhas e homens. 
Atesta-o a metodologia do traseiro, a mais cruel e 
62 UNIUBE
frequente	nas	nossas	escolas.	Crianças	confinadas	
em salas e carteiras, mais imóveis que os bichos que já 
mencionei. Como se, para aprender, fosse necessário 
o contato permanente do traseiro com a carteira. Mas, 
assim como os nazistas o sabiam, o sistema escolar 
também sabe. O corpo tem que se conformar aos 
métodos de controle, caso contrário, as ideias não 
podem ser controladas.
Contrariamente	aos	“Métodos	de	Confinamento	e	Engorda”,	a	abordagem	
Construtivista-Interacionista defendida por Freire (1992), que tem por 
objetivo trabalhar diferentes aspectos da motricidade humana, destaca 
a importância de se valorizar a cultura dos alunos, garantindo uma 
aprendizagem	mais	significativa,	em	que	todos	participam	do	processo	
de construção do conhecimento.
3.2.1.3 Abordagem Crítico-Superadora
Uma terceira abordagem a ser mencionada é a denominada 
Crítico-Superadora, estruturada a partir de bases epistemológicas 
do marxismo e do neomarxismo, também presente nas escolas 
brasileiras. Esta aparece no início da década de noventa do século 
passado, especialmente por meio da produção de um livro por um 
grupo de autores denominado “Metodologia do Ensino da Educação 
Física” – Coletivo de Autores (1992), bem como o escrito de Bracht 
(1992).
São bases dessa proposta pedagógica: como se adquire o conhecimento; 
a contextualização das propostas de ensino e aprendizagem; 
nunca perder de vista o resgate histórico das lutas humanas para a 
emancipação.
 UNIUBE 63
Conhecer	implica	uma	reflexão	político-pedagógica	e	a	Educação	Física	
escolar	não	pode	se	furtar	disso.	Soares,	Taffarel	e	Escobar	(1992,	p.	
217), ao se referirem a um estudo de Escobar (1990), indicam:
Para nós existe uma área de conhecimento que 
pode ser denominada de cultura corporal. Essa área, 
bastante ampla, pode apresentar-se na escola a partir 
de temas tais como: a dança, o jogo, o esporte e a 
ginástica, entre outros. A educação física, então será 
a disciplina curricular que tratará, pedagogicamente, 
temas dessa cultura corporal, tendo como objeto de 
estudo a expressão corporal como linguagem.
Importante destacarmos que essa proposta vincula-se a uma teoria crítica 
da educação, precisamente a pedagogia histórico-crítica de Demerval 
Saviani e colaboradores. Assim, busca dirigir o olhar e valorizar todas 
as formas de expressão da cultura corporal (ginástica, jogo, dança e 
esporte) com vistas a superar o modelo esportivizado da Educação 
Física escolar, no qual o esporte, na lógica do rendimento esportivo, era 
o conteúdo hegemônico das aulas.
64 UNIUBE
3.2.1.4 Abordagem Sistêmica
Por	fim	temos	a	Abordagem	Sistêmica,	construída	por	Mauro	Betti	em	
seus escritos, especialmente no livro “Educação Física e Sociedade”- 
Betti(1991)	e	no	artigo	“Valores	e	finalidades	na	Educação	Física	escolar:	
uma concepção sistêmica” – Betti (1994).
Pensar as questões curriculares para a área da Educação Física é o 
ponto especial dessa abordagem. Outro ponto também fundamental é 
considerar	o	binômio	corpo/movimento	como	meio	e	fim	da	Educação	
Física escolar (DARIDO, 2008).
O autor defende que a cultura corporal/movimento deve se apropriar 
dos conhecimentos já produzidos historicamente pela área da Educação 
Física, como jogo, esporte, dança e ginástica, estes vivenciados por 
práticas de movimentos e conhecidos pelos processos cognitivos. 
 UNIUBE 65
Também é ponto fundamental na proposta a necessidade de a Educação 
Física	escolar	evitar	exclusões,	normalmente	verificadas	por	valorização	
de performances técnicas, permitindo a todos os alunos a participação 
das aulas de Educação Física.
Esta rápida passagem pelas principais abordagens, não no sentido de 
explicitá-las em detalhes nem de julgá-las ou compará-las, foi nosso 
propósito, deixando claro que existem outras, como as bases de uma 
ciência sistêmica e uma Educação Física via motricidade humana - 
Moreira (1992) e uma abordagem cultural - Daólio (1995). 
Por	último,	há	o	afloramento	de	outras	abordagens,	construídas	nas	
bases epistemológicas já mencionadas, assim como em outras, como a 
Teoria da Complexidade de Edgar Morin. Comprova-se, portanto, o tempo 
fecundo de produções acadêmicas para a Educação Física escolar do 
final	de	década	de	1970	do	século	passado	aos	nossos	dias.
É	 possível	 identificar	 se	 as	 Tendências	 Pedagógicas	 na	
Educação Física, construídas a partir da década de 1980 do 
século	passado,	conseguiram	modificar	o	quadro	da	Educação	
Física	Escolar?
3.2.2 Proposta de Regulamentação da Profissão
No ano de 1998, no dia primeiro de setembro, foi criado o Conselho 
Federal de Educação Física (CONFEF) por meio da Lei 9696/1998. Lei 
essa	que	tem	o	objetivo	de	regulamentar	o	exercício	da	profissão	da	área	
da Educação Física.
Neste	novo	contexto,	muito	se	modificou	na	área,	desde	a	formação	
dos	professores	e	profissionais	para	o	campo	da	Educação	Física	até	
o	estabelecimento	de	normas	e	critérios	para	a	ação	profissional.	O	
66 UNIUBE
CONFEF tem representações em todos os estados brasileiros por meio 
dos Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs).
Até o ano de 1985, no Brasil, a formação em graduação na Educação 
Física se realizava em curso de Licenciatura, tendo o tempo de duração 
mínima para a obtenção do diploma de professor variando de três a 
quatro anos. Nesse ano, criaram-se dois cursos de Bacharelado para 
o campo da Educação Física e em 1987 é 
promulgada a Resolução 03/1987, indicando que 
a formação de graduados para a área poderia ser 
em Licenciatura ou Bacharelado.
Com a estruturação do CONFEF na década 
seguinte, institui-se um organismo que estabelece 
critérios	para	a	intervenção	profissional	para	a	
área	e,	para	nosso	fim,	descreveremos	dois	dos	
documentos mais recentes produzidos por esse 
Conselho Federal.
O	primeiro	tem	o	título	“Intervenção	Profissional	
de Educação Física”, destinado a demonstrar a 
responsabilidade social da Educação Física, bem 
como sua necessidade de oferecer um trabalho 
profissional	com	qualidade.	Nestes	documentos,	
destacamos alguns pontos considerados 
importantes.	 O	 primeiro	 é	 a	 definição	 desse	
profissional:
O	Profissional	de	Educação	Física	é	especialista	em	
atividades físicas, nas suas diversas manifestações 
– ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, 
lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades 
rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, 
lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento 
corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade 
laboral e do cotidiano e outras práticas corporais, 
Licenciatura
Visa formar o 
professor de 
Educação Física 
para atuar em 
todos os ciclos 
da Educação 
Básica ministrando 
o componente 
curricular Educação 
Física.
Bacharelado
Tem por objeto 
a formação do 
profissional	de	
Educação Física 
para atuar nos 
campos do esporte, 
lazer, saúde, gestão 
e rendimento 
esportivo, em 
diferentes cenários 
de prática, exceto 
como professor 
do componente 
curricular Educação 
Física na Educação 
Básica.
 UNIUBE 67
tendo como propósito prestar serviços que favoreçam 
o desenvolvimento da educação e da saúde, 
contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento 
de níveis adequados de desempenho e 
condicionamento	físicocorporal	dos	seus	beneficiários,	
visando à consecução do bem-estar e da qualidade 
de vida, da consciência, da expressão e estética do 
movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, 
de problemas posturais, da compensação de 
distúrbios funcionais, contribuindo para a consecução 
da autonomia, da cooperação, da solidariedade, 
da integração, da cidadania, das relações sociais e 
a preservação do meio ambiente, observado os 
preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade 
técnica e ética no atendimento individual e coletivo. 
(CONFEF, 2017, p.1).
Como pode ser observado, o documento apresenta um detalhamento 
enorme	sobre	a	especialidade	desse	profissional,	e	a	crítica	que	alguns	
setores da área destinam a isto é a generalidade dos conceitos, bem 
como a não explicitação clara do objeto de estudo da Educação Física. 
Da mesma forma, quando se analisa toda essa descrição, encontram-se, 
ao	mesmo	tempo,	delineamentos	gerais	(exercícios	físicos)	e	específicos	
(ergonomia	e	ioga	como	exemplos),	dificultando	a	possibilidade	de	criar	
balizamentos para a área.
Claro está que o objetivo do documento é garantir o desempenho 
profissional	do	graduado	(bacharel)	em	Educação	Física,	razão	do	nível	
de detalhamento. No entanto, também apresenta alguns conceitos que 
ainda a área não consegue delinear com o devido rigor acadêmico. 
Por exemplo, no texto anterior, vê-se a ênfase no exercício físico e, no 
próximo, destinado a apresentar os locais de intervenção, a ênfase é no 
termo atividade física.
O	 exercício	 do	 Profissional	 de	 Educação	 Física	
é pleno nos serviços à sociedade, no âmbito das 
Atividades Físicas e Desportivas, nas suas diversas 
manifestações	e	objetivos.	O	Profissional	de	Educação	
Física atua como autônomo e/ou em Instituições e 
Órgãos Públicos e Privados de prestação de serviços 
68 UNIUBE
em Atividade Física, Desportiva e/ou Recreativa e em 
quaisquer locais onde possam ser ministradas atividades 
físicas, tais como: Instituições de Administração e 
Prática Desportiva, Instituições de Educação, Escolas, 
Empresas, Centros e Laboratórios de Pesquisa, 
Academias, Clubes, Associações Esportivas e/ou 
Recreativas, Hotéis, Centros de Recreação, Centros 
de Lazer, Condomínios, Centros de Estética, Clínicas, 
Instituições e Órgãos de Saúde, “SPAS”, Centros de 
Saúde, Hospitais, Creches, Asilos, Circos, Centros de 
Treinamento Desportivo, Centros de Treinamento de 
Lutas, Centro de Treinamento de Artes Marciais, Grêmios 
Esportivos, Logradouros Públicos, Praças, Parques, 
na natureza e outros onde estiverem sendo aplicadas 
atividades físicas e/ou desportivas. (CONFEF, 2017, p.1).
A par deste documento, no ano de 2015, também foi produzido em sua 
décima	nona	edição,	o	“Código	de	Ética	dos	Profissionais	de	Educação	
Física”, do qual também destacamos o Artigo 4º., do Capítulo II, que trata 
dos princípios e diretrizes.
Art.	4º.-	O	exercício	profissional	em	Educação	Física	
pautar-se-á pelos seguintes princípios:
I – o respeito à vida, à dignidade, à integridade e aos 
direitos do indivíduo;
II – a responsabilidade social;
III – a ausência de discriminação ou preconceito de 
qualquer natureza;
IV – o respeito à ética nas diversas atividades 
profissionais;
V	–	a	valorização	da	identidade	profissional	no	campo	
das atividades físicas, esportivas e similares;
VI – a sustentabilidade do meio ambiente;
VII – a prestação, sempre, do melhor serviço, a um 
número cada vez maior de pessoas, com competência, 
responsabilidade e honestidade;
VIII–	a	atuação,	dentro	das	especificidades	do	seu	
campo e área de conhecimento, no sentido da 
educação e desenvolvimento das potencialidades 
humanas, daqueles aos quais presta serviços. 
(CONFEF, 2015, p.1).
 UNIUBE 69
Neste momento em que o CONFEF completa duas décadas de 
existência, pode ser observado que muito se fez para a regulamentação 
da	profissão	e	também	que	muitos	caminhos	ainda	devem	ser	trilhados	
no futuro, para os quais acertos devem ser mantidos e algumas rotas 
serem	alteradas,	visando	à	estabilidade	da	profissão.
Como	você	analisa	a	criação	do	sistema	CONFEF-CREFs?	
Quais contributos esse sistema pode trazer à área da Educação 
Física?	
Resumo
A Educação Física como a conhecemos entra na história do Brasil a partir 
da época do Império, por meio dos métodos ginásticos, especialmente 
o Francês e depois o Desportivo Generalizado, via aulas de Educação 
Física nas escolas.
Algumas personalidades são importantes para esse primeiro momento, 
como Rui Barbosa e, mais à frente, Auguste Listello.
Na primeira metade do século XX, vemos a passagem da importância dos 
métodos ginásticos mais tradicionais para o sentido da prática esportiva, 
situação	essa	só	modificada	com	a	“crise”	da	Educação	Física	no	final	da	
década de setenta e o surgimento de propostas pedagógicas alternativas, 
como, entre outras: a desenvolvimentista, a crítico-superadora, a 
construtivista e mais centrada na perspectiva sociológica. 
No	aspecto	político	surge	no	final	desse	século	XX	a	constituição	
do CONFEF e dos CREFs com a missão de supervisionar a ação 
profissional.
70 UNIUBE
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72 UNIUBE
TANI, Go; MANOEL, Edson de Jesus; KOKUBUN, Eduardo, PROENÇA, José 
Elias de. Educação Física escolar: fundamentos de uma abordagem 
desenvolvimentista. São Paulo: EPU/EDUSP, 1988.
Introdução
Panorâmica do esporte 
no ocidenteCapítulo4
Discorrer sobre o esporte na sociedade ocidental é demonstrar a 
importância que este fenômeno tem ao longo do tempo. Razão 
disto é encontrá-lo em todos as épocas e manifestando-se das 
mais variadas formas. 
Há, com certeza, a presença de manifestações esportivas junto ao 
ser humano com registros detalhados desde eras remotas, como a 
da história do Egito. Mas, por ser um marco de maior visibilidade, 
iniciaremos nosso passeio pelos tempos a partir da Grécia Antiga.
Neste primeiro momento, recorremos à obra de Jose Maria 
Cagigal, em seus três volumes “Obras Selectas” – Cagigal (1984). 
Como é um texto em espanhol, todas as menções literais foram 
traduzidas pelos articulistas do presente texto. 
Para este capítulo, teremos os seguintes objetivos.
74 UNIUBE
4.1 O esporte no contexto sociocultural da Grécia Clássica
4.2 O esporte no contexto sociocultural de Roma até a Idade 
Média
4.3 O ressurgimento dos Jogos Olímpicos
Esquema
Ao	final	do	estudo	deste	capítulo,	esperamos	que	você	seja	capaz	de:
• explicar os sentidos social e religioso do esporte junto ao 
mundo grego clássico;
• dissertar sobre o aparecimento e os objetivos dos Jogos 
Olímpicos disputados em honra a Zeus na Grécia antiga;
• avaliar a transformação dos sentidos dos esportes da Grécia 
para Roma;
• determinar a importância de Pierre de Coubertain para o 
reaparecimento dos Jogos Olímpicos na era moderna;
• analisar com radicalidade os problemas mencionados de 
corrupção no esporte, em especial nos Jogos Olímpicos (por 
meio do COI) e no Campeonato Mundial de Futebol (por meio 
da FIFA).
Objetivos
O esporte no contexto sociocultural da Grécia Clássica4.1
Grécia, berço de muitas das manifestações culturais ainda presentes 
em nosso mundo, tem o privilégio de nos legar os Jogos Olímpicos, 
festa de caráter religioso em adoração ao deus Zeus, tendo sua primeira 
manifestação no ano 780 a.C. 
 UNIUBE 75
Esses jogos podem ser considerados como pan-helênicos, pois 
congregavam atletas de todas as comunidades, os quais eram enviados 
para representarem seus agrupamentos. Se vencedores, eram 
homenageados, revestiam-se de prestígio e glória, recebendo toda 
a exaltação de seus compatriotas. Gagigal (1984) demonstra o quão 
importante eram os jogos, pois, durante sua realização, os povos que se 
achavam	em	conflito	estabeleciam	trégua.
Neste capítulo, estamos mais preocupados em demonstrar a relação do 
esporte com o contexto social da época. Assim, a descrição das várias 
modalidades de práticas esportivas, já mencionadas no primeiro capítulo, 
não será aqui detalhada.
Seguindo o sentido religioso dos Jogos Olímpicos, convém lembrar 
que depois do Partenón, localizado em Atenas,era em Olímpia a maior 
manifestação do poder arquitetônico grego. Ali havia, no relato de Cagigal 
(1984, p. 43), “um conglomerado de edifícios públicos, templos (mais de 
oitenta), recintos desportivos, que só nas festas ganhavam vida”. Também 
aí se encontrava uma estátua de Zeus, sentado, com treze metros de 
altura, ladeada pelo templo dedicado a esse deus (Figura 1). Para se 
ter a dimensão desse evento na época, cerca de cento e cinquenta 
mil pessoas chegavam a participar da aglomeração para as festas.
Figura 1: Templo grego Olímpia, dedicado ao deus Zeus.
Fonte: Olympia-ZeusTempelRestoration.jpg (2018).
76 UNIUBE
Interessante, no sentido de compararmos hoje, por exemplo, a um evento 
de porte competitivo, o relato de Gagigal (1984, p. 42):
Dois meses antes do primeiro dia de competição, 
todos os participantes se reuniam em Elis, capital da 
Élida, a 50 km de Olímpia. Durante um mês inteiro 
se dedicavam a fortes treinamentos e a exercícios 
discriminatórios para a categoria da prova: “crianças” e 
“adultos”. Platão, em as Leis, fala não de duas, mas de 
três classes de competidores: “crianças”, “adolescentes” 
e “adultos”.
Com	toda	essa	tradição	é	possível	afirmar	que	estava	presente	no	povo	
grego o sentido da associação de valores espirituais com as práticas 
esportivas, associação essa criada pela vivência e pela permanência dos 
jogos durante muito tempo.
Por outro lado, há também o lado pragmático do esporte grego da época, 
pois os exercícios que se realizavam, corrida, saltos em distância em que 
os competidores ainda levavam pesos nas mãos, lançamentos, lutas, 
pugilato, pancrácio, todos estes podem ser considerados exercícios 
preparativos para um atleta/soldado estar bem preparado para as 
batalhas.
Outro fato interessante a ser mencionado é a relação entre esporte e 
filosofia,	tendo	como	um	personagem	principal	nada	menos	do	que	
Platão, atleta e pensador grego. Entre suas frases há uma apropriada para 
a argumentação aqui levantada, encontrada em Cagigal (1984, p. 46):
O corpo humano, que envolve nossa alma, é um templo 
no qual se aloja de repente a divindade. Há que se ornar 
esse templo por meio da ginástica para que Deus se 
encontre bem nele. Deste modo o habitará por muito 
tempo e nossa vida transcorrerá harmoniosamente.
Aristóteles, por sua vez, também valorizava o esporte, mas criticava 
quando este se estruturava só no sentido utilitário. Para este pensador, 
o esporte poderia e deveria auxiliar na educação moral, a qual, no início 
 UNIUBE 77
do processo educativo, era considerada mais importante inclusive que a 
educação intelectual. “É, pois, a beleza moral, não a violência, a que se 
deve colocar num primeiro plano. Não se trata de formar um lobo nem 
uma grande fera, senão um homem honesto, capaz de afrontar qualquer 
perigo”. (CAGIGAL,1984, p. 48). 
Parece-nos, salvo melhor juízo, que a área da Educação Física/Esporte 
tem muito que aprender com a tradição grega, considerando hoje, na 
formação	profissional	em	cursos	de	graduação,	não	encontrarmos	
com facilidade discentes portadores do conhecimento de tais valores. 
E apenas para não sermos injustos com a área, em outros ramos de 
formação	profissional,	nas	mais	diversas	manifestações	de	ciência,	
também o fato não se explicita. 
Afinal,	os	gregos	foram	os	maiores	e	melhores	filósofos,	oradores,	poetas,	
e, de certa forma, também podemos dizer: cientistas dos tempos antigos. 
Concomitantemente, foram também os maiores e melhores atletas de 
sua época.
4.2 O esporte no contexto sociocultural de Roma até a Idade 
Média
Com o domínio romano, temos uma mudança na concepção de esporte, 
que perde o seu sentido religioso e puro. Aparece, a partir de então, o 
esporte mais como espetáculo.
O homem romano foi reconhecido pela sua dedicação ao direito, às leis, 
não	valorizando,	como	o	grego,	as	artes	e	a	filosofia.	Se	na	Grécia	o	
esporte estava associado também ao preparo de soldados, em Roma 
isto não ocorria. A formação dos soldados não se dava via esporte, e, 
sim, nas campanhas militares.
78 UNIUBE
A expressão “pão e circo”, originária desta fase de domínio romano, 
demonstra a passagem do esporte, fonte de culto ou festa religiosa, para 
o espetáculo controlado pelos detentores do poder e a serviço de uma 
forma de dominação do povo.
Se adentrarmos na Idade Média, encontramos o esporte representado 
pelos torneios de competições a cavalo, vivenciados pelos guerreiros 
medievais. Claro que estas competições também eram adestramentos 
para o combate em guerras, demonstrando o sentido utilitário do esporte.
Autores, por exemplo, Cagigal (1984), analisam essa nova postura 
ante o esporte, na época do domínio romano, perdurando, é claro, na 
Idade Média, como uma nova abordagem do esporte nada digna desse 
fenômeno, pois tratava-se, muitas vezes, de um jogo sangrento, com 
lutas que duravam o dia todo, proporcionando feridos e mortos. Como 
ponto contraditório, depois dessa faina, havia festas comemorativas 
representadas pelos banquetes e momentos de dança em homenagem 
aos vencedores. 
Quais diferenças básicas você pode reconhecer entre o esporte 
praticado	na	Grécia,	em	Roma	e	na	Idade	Média?
O ressurgimento dos Jogos Olímpicos 4.3
Adentrando nos tempos modernos, o momento que pode ser 
caracterizado como revolucionário para o esporte é, sem dúvida, a 
proposta do Barão Pierre de Coubertin relacionada ao ressurgimento 
do	olimpismo	nesses	tempos.	A	partir	do	final	do	século	XIX,	o	esporte	
já ganha uma dimensão globalizada, dimensão essa crescente em todo 
o século XX.
É em Atenas, escolhida por motivos óbvios, no ano de 1896, que são 
realizados os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna. Cagigal (1984, 
 UNIUBE 79
p.	381)	faz	grandes	elogios	a	Coubertin,	afirmando	que	ele	“demonstrou	
dotes excepcionais de organizador, conhecedor de homens e realizador 
eficaz”.	Já	em	1900,	realizam-se	os	segundos	jogos	na	cidade	de	Paris,	
aqui se conseguindo “dar consistência a dois dos mais profundos sentidos 
do renovado olimpismo: a internacionalização e a periodicidade”. 
Como todo fenômeno humano na sociedade 
moderna, encontramos, no desenvolvimento do 
olimpismo moderno, valores humanos e sociais 
altamente	significativos	numa	análise	axiológica, 
como a recuperação de atitudes éticas, o respeito 
ao adversário, a competição com e não contra 
um outro oponente. Se por um lado tudo isto se 
encontra presente nas competições dos jogos, há, por outro lado, a 
apropriação	de	oportunidades	mercantis,	justificando	a	exploração	dos	
atletas e vitórias às custas de doping, retirando da proposta inicial dos 
Jogos Olímpicos gregos seu purismo e seu amadorismo.
É	possível	afirmar	algo	resultante	ligado	à	enormidade	desse	fenômeno	
esportivo, que é o surgimento de toda uma infraestrutura dependente do 
novo sentido de esporte:
• laboratórios ligados ao rendimento atlético; 
• ampliação da mídia esportiva, hoje com canais vinte e quatro horas 
no ar só destinados aos esportes; 
• efetivação da indústria de materiais esportivos representada por 
aparelhos, calçados e roupas; 
• estruturação de federações e confederações nacionais e 
internacionais; 
• estabelecimento de políticas voltadas para o desenvolvimento de 
programas e de práticas esportivas para todas as idades. 
Axiológico
Que diz respeito 
a um valor ou 
a valores (não 
cifrados).
80 UNIUBE
Aparece o que Cagigal (1984) nomeia como o homem olímpico. Homem 
esse fadado, quando atleta, a ser endeusado ou desprezado em caso 
de derrota.
Concomitantemente ao indivíduo, a nova aparência do esporte via 
olimpismo propicia o aparecimento da possibilidade de exploração de 
propaganda política, como presenciamos, durante mais da metade do 
século XX, o embate entre capitalismo versus comunismo para se saber 
quem era melhor nos esportes. 
Como todo fenômeno humano, o universo esportivo apresenta duas 
facetas muito claras: a primeira, de virtudes, as quais exploraremos mais 
no oitavo capítulo deste livro; a segundade problemas de toda ordem, 
como os relacionados a seguir, apenas como exemplos. 
Simson e Jennings (1992) produziram um livro com o título “Os Senhores 
dos Anéis: poder, dinheiro e drogas nas Olimpíadas modernas”, 
denunciando um grupo que controla os Jogos Olímpicos há vários anos, 
apropriando-se	do	esporte	para	lucro	privativo.	Indicam	inclusive,	no	final	
da obra, uma relação de noventa e três nomes, representando países 
de todos os continentes, como os donos do poder e das decisões que 
afetam os jogos.
Os autores denunciam a corrupção vinda das confederações nacionais, 
das empresas de material esportivo, entre outros aspectos, indicando 
a falta de transparência das decisões tomadas pelo Comitê Olímpico 
Internacional (COI). Como prova disto, Simson e Jennings (1992, p. 32) 
revelam detalhes dos encontros anuais destinados a votar a política da 
entidade:
Na teoria, esse encontro anual debate e depois 
vota a política a ser implementada em nome das 
Olimpíadas. Apesar do comparecimento maciço da 
imprensa – 500 repórteres, fotógrafos e equipes de 
televisão credenciados compareceram a Birmingham 
 UNIUBE 81
-, quase nada do que se debate realmente no COI é 
revelado. As reuniões se realizam a portas fechadas. 
Representantes da imprensa não podem entrar. Em 
geral, as informações sobre os temas discutidos e 
decisões tomadas sofre o controle rígido da assessoria 
de imprensa do COI.
Os autores demonstram que cada vez que ligamos a televisão para 
assistirmos a um evento patrocinado pelo COI ou mesmo pela FIFA, 
tornamos os envolvidos com essas entidades mais ricos. Essa é a 
situação vigente, ainda nos dias de hoje.
Depois da realização do trabalho referente ao COI, Jennings (2011) foca 
suas pesquisas, por meio do livro “Jogo Sujo: o mundo secreto da FIFA 
– compra de votos e escândalo de ingressos”, para o universo do futebol.
Desvenda vários problemas ligados à FIFA e já na apresentação de sua 
obra Jennings (2011, p. 12) dá os trilhos de suas descobertas:
Levei anos. As coisas que descobri são tão 
estarrecedoras	que	até	eu	mesmo	fiquei	chocado.	
Alguns caras malvados passaram por lá (na FIFA) – ou 
ainda estão lá – tirando tudo o que podem. O futebol 
ainda é um jogo bonito, é claro. Isso eles não podem 
roubar de nós. Mas, conforme você vai ler aqui, na FIFA 
acontecem negócios abomináveis. Eu gostaria que o 
futebol tivesse a liderança que merece. Nesse espírito, 
dedico este livro a todos os torcedores e fãs do futebol.
O autor revela todo o esquema de corrupção e de propinas 
que envolve, por exemplo, a escolha das cidades-sede para 
as copas do mundo. Tudo isto realizado por uma equipe de 
lobistas e “funcionários trabalhando em tempo integral e agentes 
de meio período estrategicamente posicionados em todas as 
federações e associações internacionais (JENNINGS, 2011, p.30).
Indica ainda o autor que, em todas as empresas ao redor deste 
planeta, é prática corrente a divulgação de balanços em relatórios, bem 
82 UNIUBE
como	se	pode	conhecer	salários,	honorários	e	gratificações	de	todos	
os funcionários envolvidos. Esta é uma regra básica de respeito aos 
acionistas quanto a como se gerencia seus investimentos. Daí, lança 
perguntas: “O que acontece quando você pergunta à FIFA sobre a 
remuneração	paga	a	seus	administradores?”	E	ainda	completa:	“Será	
que os acionistas e fãs do futebol podem saber que fatia dos bilhões 
de dólares gerados pela Copa do Mundo é embolsada pelos altos 
dirigentes?”	(JENNINGS,	2011,	p.96).
No	final	de	seu	escrito,	o	autor	ainda	manifesta	a	possibilidade	de	
alteração desse quadro, destinando esperanças em investigações 
deflagradas	pela	Comissão	de	Ética	do	Comitê	Olímpico	Internacional.
Cremos que, por agora, nos basta as menções dos problemas 
entrelaçados no universo do esporte. É fundamental reconhecermos 
as diversas facetas do esporte, normalmente associado apenas, ou 
de	forma	prioritária,	ao	espetáculo	e	ao	profissionalismo,	esporte	esse	
acessado por uma pequena quantidade de pessoas dotadas de grande 
performance.
No entanto, uma outra faceta menos divulgada e muito presente em 
nossa sociedade é a do esporte como prática individual ou de pequenos 
grupos, para o qual voltam-se objetivos de melhoria de condicionamento 
físico, de superação de momentos de estresse, de busca de superação 
do modelo sedentário, muito presente entre nós no tempo presente.
Provavelmente podemos superar parte dos problemas apresentados 
anteriormente em relação ao esporte, inclusive relacionada à alta 
especialização e à exacerbação do caráter competitivo, se voltarmos a 
privilegiar o sentido de jogo presente no âmago do universo esportivo. É 
condição existencial do homem ser competitivo, mas isto não pode nos 
levar a entender competição no patamar de eliminação do oponente. 
 UNIUBE 83
Competir, inclusive, exige a presença do outro, e não sua ausência. Mais 
uma vez recorremos a Cagigal (1984, p. 416)
O homem não pode deixar de ser competitivo. O 
importante é que esta competição, desde as formas 
terrivelmente agressivas e sangrentas, seja levada ao 
diálogo	pacífico	e	fecundo	com	a	convivência,	com	o	
jogo. O desporto, realidade eminentemente competitiva, 
é primariamente jogo. Desta oxigenadora condição 
jamais deveria ser separado. Com ela manterá suas 
máximas garantias humanísticas, as que podem 
converter verdadeiramente em um positivo elemento 
para a recuperação do equilíbrio do homem do nosso 
tempo.
Este autor ainda sugere como pontos fundamentais: 
• colocar o esporte como parte integrante do sistema educacional, 
considerando o prazer que o esporte desperta em sua prática; 
• a importância do esporte para o desenvolvimento biológico e 
suas	possibilidades	para	dignificar	o	comportamento	humano	em	
sociedade; 
• a possibilidade do esporte auxiliar numa educação que valorize 
a espontaneidade e incentive atitudes de iniciativa e criatividade 
(GARDIGAL, 1984). 
Pela importância do esporte como fenômeno social da atualidade, 
voltaremos a explanar a argumentação do sentido educacional e 
existencial do esporte no capítulo oitavo deste livro.
Mais um comentário se faz necessário neste momento: buscar alterações 
na visão senso comum do esporte requer investimentos na formação 
do	profissional	desta	área.	Daí	a	complexidade	desse	empreendimento.
Moreira,	Pellegrinotti	e	Borin	(2006,	p.188)	afirmam	que	o	complexo	
universo da formação em esporte “deve contemplar elementos, numa teia 
de integrações, que estão presentes nos sentidos de ensino, pesquisa 
e extensão a partir do fenômeno ser humano...”. Listam, a partir disto, 
84 UNIUBE
várias áreas de conhecimento ou disciplinas que deveriam entrar para 
o	cumprimento	dessa	missão,	entre	as	quais,	destacamos:	Filosofia,	
Antropologia, História, Pedagogia, Fisiologia, Anatomia, Avaliação Física.
Os autores demonstram a importância do entendimento dessa 
complexidade	na	formação	profissional,	enfatizando:
• nas áreas de humanas podem ser estudados quais deveriam ser os 
fundamentos éticos das vivências esportivas; 
• nas áreas de ciências aplicadas e administrativas, reconhecer a 
necessidade da preservação e de administração do patrimônio 
cultural representado pelos complexos esportivos, preservando, 
inclusive, a sua história;
• na área da saúde, estudar as possibilidades, entre outras, da 
busca e manutenção da qualidade de vida por meio das práticas de 
modalidades esportivas; 
• na	área	da	educação,	partindo	do	pressuposto	de	que	“o	profissional	
em	esporte	 é	 um	educador	 [...],	 a	 área	 pedagógica	 terá	 uma	
participação decisiva na transmissão de valores e no saber fazer 
e no saber compreender as atividades e os pressupostos ligados 
ao esporte”. (MOREIRA, PELLEGRINOTTI, BORIN, 2006, p. 188).
 UNIUBE 85
Quebrar paradigmas, relacionados a um corpo máquina e mecânico a 
ser melhorado, exclusivamente, por meio de malhação e transpiração, 
é missão dos que militam na área da Educação Física/Esporte. Novas 
propostas epistêmicas como asteorias Sistêmica (CAPRA, 1999) e da 
Complexidade (MORIN, 1999 e 2013) são presenças obrigatórias para 
a	formação	desses	professores	e	profissionais.
Você conhece a teoria Sistêmica, de Capra, e a teoria da Complexidade, 
de	Moran?
Sobre Teoria Sistêmica temos que:
O pensamento sistêmico é uma forma de 
abordagem da realidade que surgiu no século XX, 
em contraposição ao pensamento “reducionista-
mecanicista”	herdado	dos	filósofos	da	Revolução	
Científica	do	século	XVII,	como	Descartes,	Francis	
Bacon e Newton. O pensamento sistêmico não 
nega	 a	 racionalidade	 científica,	 mas	 acredita	
que	ela	não	oferece	parâmetros	suficientes	para	
o desenvolvimento humano e para descrição do 
universo material, por isso deve ser desenvolvida 
conjuntamente com a subjetividade das artes e 
das diversas tradições espirituais. Isto se deve à 
limitação	do	método	científico	e	da	análise	quando	
aplicadas nos estudos de física subatômica (onde se 
encontram as forças que compõem todo o universo), 
biologia, medicina e ciências humanas. É visto 
como componente do paradigma emergente, que 
tem como representantes cientistas, pesquisadores, 
filósofos	 e	 intelectuais	 de	 vários	 campos.	 O	
pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade. 
(ENAP, 2018, p.1).
Acerca da Teoria da Complexidade, pode-se dizer que a complexidade e 
suas implicações são as bases do denominado pensamento complexo do 
estudioso Edgar Morin. Essa perspectiva observa o mundo como um todo 
indissociável e oferece uma abordagem multidisciplinar e multirreferenciada 
SAIBA MAIS
86 UNIUBE
para a construção do conhecimento. É contrária à causalidade linear por 
contemplar os fenômenos como totalidade orgânica. A proposta 
da complexidade é a abordagem transdisciplinar dos fenômenos, bem como 
a	mudança	de	paradigma,	abdicando	o	reducionismo	que	tem	influenciado	a	
investigação	científica	em	todos	os	campos	e	conferindo	lugar	à	criatividade	
e ao caos.
Qual	a	importância	do	Olimpismo	Moderno?	Além	disso,	como	
evitar os problemas ocorridos e descritos, no COI e na FIFA, que 
demandam	contra	a	ética	no	esporte?
Resumo
Neste capítulo, foi possível estudar, graças à volumosa e excelente obra 
da José Maria Cagigal, todo o desenrolar dos acontecimentos históricos 
ligados ao esporte, da Grécia Clássica ao mundo moderno, analisando 
seus propósitos, suas nuances, seus mais variados sentidos e estruturas 
organizacionais.
Vimos	que	essa	história	é	dotada	de	momentos	mais	significativos	e	
de momentos de quase esquecimento, bem como reconhecemos os 
grandes feitos de esportistas e personagens ligados ao esporte, em 
especial, Pierre de Coubertain.
Infelizmente, como em grande parte das instituições e objetos de poder, 
estivemos	na	presença	dos	atos	de	corrupção	política	e	financeira	do	
mundo esportivo, relatando fatos constantes da história do Comitê 
Olímpico Internacional e da Federação Internacional de Futebol.
 UNIUBE 87
Referências
CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1999.
CAGIGAL, José Maria. Obras Selectas – Volume I, II e III. Cadiz/Espanha: 
Linea	Offset,	1984.
DEPOSITPHOTOS. Disponível em: https://br.depositphotos.com/. Acesso em: 
15 jan. 2019.
ENAP. Escola Nacional de Administração Pública. Disponível em: https://www.enap.
gov.br/index.php/pt/noticias/enap-entrevista-o-pensamento-sistemico-como-novo-
paradigma-da-ciencia. Acesso em: 19 dez. 2018
GETTY Images. Disponível em: https://www.gettyimages.com.br/. Acesso em: 
29 nov. 2018.
HOUAISS, Antônio. VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua 
portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
JENNINGS, Andrew. Jogo Sujo: O mundo secreto da FIFA - Compra de votos e 
escândalo de ingressos. São Paulo: Panda Books, 2011.
MOREIRA, Wagner Wey, PELLEGRINOTTI, Idico Luiz; BORIN, João Paulo. 
Formação	profissional	em	esporte:	a	complexidade	e	a	performance	humana.	
In: TANI, Go; BENTO, Jorge Olímpio; PETERSEN, Ricardo D. de Souza (Orgs.) 
Pedagogia do desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
MORIN, Edgar. A via para o futuro da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand 
Brasil, 2013.
OLYMPIA-ZEUSTEMPELRESTORATION.JPG. Altura: 1.033. Largura: 1.620. 
627 KB. Formato JPEG. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Templo_de_
Zeus_(Ol%C3%ADmpia)#/media/File:Olympia-ZeusTempelRestoration.jpg. 
Acesso em: 06 dez. 2018.
SIMSON, Vyv; JENNINGS, Andrew. Os senhores dos anéis: poder, dinheiro e 
drogas nas Olimpíadas modernas. São Paulo: Editora Best Seller, 1992.
Introdução
Aspectos sócio-históricos 
do esporte moderno Capítulo5
Neste capítulo, estudaremos a origem e a constituição do esporte 
moderno e as suas relações com a sociedade e com o Estado. 
Considerado um patrimônio cultural construído historicamente 
pela sociedade, o objeto de nosso estudo é hoje passível de 
ressignifi	cações	à	luz	de	diferentes	interpretações	teóricas	que	
perpassam áreas como a Sociologia, a Antropologia, a História, a 
Economia e, principalmente, a Pedagogia. 
Nesse sentido, destacamos, para o futuro professor de 
Educação Física, a importância da investigação e a necessidade 
de aprofundamento acerca das questões relacionadas ao 
conhecimento, já existente e disponível, do universo esportivo, pelas 
implicações	que	delas	decorrem,	sobremaneira,	a	infl	uência	na	
condução das propostas de ensino do fenômeno esportivo, enquanto 
um dos conteúdos hegemônicos da Educação Física escolar.
Para a consecução de nosso trabalho, conheceremos inicialmente 
o contexto do processo histórico e social da origem e constituição 
do esporte enquanto um empreendimento da modernidade, 
destacando o surgimento do esporte moderno a partir do declínio 
dos jogos populares na Inglaterra do século XVIII. 
 
90 UNIUBE
A seguir, analisaremos como o esporte tem se constituído tomando 
por referência a interpretação de diversas correntes teóricas e 
diferentes perspectivas de análise do fenômeno esportivo. 
Empreenderemos a análise de algumas questões que permeiam 
os estudos da história do esporte moderno, reconhecendo que 
diversos pesquisadores têm voltado o olhar para tais questões e 
considerando, ainda, que eles vêm se constituindo em importantes 
referenciais para as diferentes perspectivas de análises do tema. 
Esta	abordagem	se	justifica,	na	medida	em	que	pretendemos	fazer	
algumas	considerações	sobre	a	importância	de	identificarmos,	
na história do esporte moderno, elementos que possibilitam a 
compreensão deste fenômeno e das relações socioeducativas 
que dele resultam.
Continuando	nossa	caminhada,	identificaremos	as	relações	entre	
a sociedade capitalista, o Estado e o esporte, apresentando de 
forma sucinta um modelo de análise pelo viés da sociologia do 
esporte, o qual empreende uma crítica severa à organização 
capitalista do esporte moderno. Finalizaremos nossa empreitada 
com uma análise sobre a relação entre o Estado e o esporte. 
Para esse estudo, nos basearemos especialmente no artigo 
“Esportes coletivos: em busca de parâmetros para uma 
metodologia	de	ensino	na	formação	profissional”,	dos	autores	Luiz	
Antônio Silva Campos e Silas Queiroz de Souza, publicado no 
Anais do I Congresso de Ciência do Desporto, da Universidade 
Estadual de Campinas, em 2005.
Esperamos que o estudo dos referenciais, contemplados neste 
capítulo, torne-se importante para você, na medida em que 
possam	contribuir	para	uma	reflexão	mais	abrangente	sobre	o	
 UNIUBE 91
5.1 A origem e a constituição do esporte moderno
5.2 Perspectivas de análise sobre a constituição do esporte 
moderno
5.3 O esporte na sociedade capitalista
5.4 O papel do Estado frente às questões do esporte no Brasil
Esquema
Ao	final	do	estudo	deste	capítulo,	esperamos	que	você	seja	capaz	de:
• demonstrar o processo de constituição histórica do esporte 
moderno;
• explicar, historicamente, as diferentes abordagens que 
versam acerca da origem e constituição do esporte moderno; 
• mostrar o fenômeno esportivoe as suas relações com 
a cultura e a sociedade segundo o ponto de vista de 
pensadores da Educação Física escolar;
• contextualizar o esporte na sociedade capitalista; 
• relacionar a visão de esporte na sociedade capitalista e 
educação física escolar; 
• analisar as relações entre o esporte e o Estado;
• demostrar a participação do Estado e da escola nas questões 
do esporte brasileiro.
Objetivos
esporte e, consequentemente, para uma possível ampliação de 
sua compreensão sobre os diferentes aspectos que margeiam 
esse universo, o que contribuirá para sua tomada de decisão de 
como deverá ser trabalhado esse conteúdo em suas aulas.
92 UNIUBE
A origem e a constituição do esporte moderno5.1
Observamos que há consenso entre alguns teóricos sobre o surgimento 
do	 esporte	moderno,	 (concebido	 a	 partir	 do	 final	 do	 século	 XVIII,	
precisamente na Inglaterra), evidenciando como esse fenômeno vem 
se	constituindo,	influenciando	e	sendo	influenciado	pela	sociedade	até	
o momento atual.
Segundo Bracht (2005), citado por Campos e Souza (2005), o princípio 
do século XIX marca o início do declínio dos jogos populares, aqueles 
ligados às questões religiosas, atividades de colheita e comemorações 
populares. Na perspectiva desse autor, 
com o declínio desses jogos, somado ao processo 
de industrialização na Inglaterra, mobilizando uma 
grande população para os centros industriais, inicia-
se	nas	escolas	públicas	uma	renovação	e	codificação	
dos esportes, principalmente do futebol. (CAMPOS; 
SOUZA, 2005, p.4-5).
Na mesma perspectiva Bourdieu (1983) apud Campos e Souza (2005, p.5) 
observa ser indiscutível que a passagem do jogo ao 
esporte propriamente dito tenha se realizado nas 
grandes escolas, as chamadas public schools, que 
eram reservadas às elites da sociedade burguesa da 
Inglaterra. 
Os autores ainda destacam que, para o Bourdieu, ocorreu uma mudança 
de	significado	e	de	função	dos	jogos	populares	acontecidos	naquele	
tempo,	propostos	pelos	filhos	da	aristocracia	e	da	burguesia,	ressaltando	
que
Para caracterizar os princípios desta transformação, 
pode-se dizer que os exercícios corporais da “elite” 
foram separados das ocasiões sociais ordinárias às 
quais os jogos populares permaneciam associados 
(festas agrárias, por exemplo) e desprovidos das 
funções sociais (e, a fortiori, religiosas) ainda ligadas 
a vários jogos tradicionais (como os jogos rituais 
praticados em muitas sociedades pré-capitalistas em 
 UNIUBE 93
certas passagens do ano agrícola). (BOURDIEU, 1983, 
p. 139 apud CAMPOS; SOUZA, 2005, p.5)
A partir dessas considerações, podemos dar centralidade a uma primeira 
questão, qual seja: o esporte moderno surge a partir de uma ruptura 
com as atividades ligadas a jogos populares consideradas ancestrais e 
se estabelece, primeiramente, em escolas da elite inglesa, durante os 
séculos XVIII e XIX, se expandindo rapidamente para os demais países.
5.2 Perspectivas de análise sobre a constituição do esporte 
moderno
Continuando com Campos e Souza (2005, p.5), os autores mostram que,
embora considerando a advertência encetada 
por Gebara (2002), quando, ao relatar diferentes 
perspectivas na história para a compreensão do 
fenômeno esportivo, considera que, sendo o esporte 
moderno um objeto em constituição, ele não está 
ainda constituído a ponto de permitir sua compreensão 
com base em um modelo de análise preconcebido. 
Optamos, assim, a partir da análise do texto de 
Bourdieu, por compreender como esse objeto vem se 
constituindo	e	quais	as	possíveis	influências	têm	surgido	
nesse contexto.
Ao relatarem tal questão, Campos e Souza (2005) destacam a importante 
colaboração do historiador Ademir Gebara quando este apresenta uma 
síntese de diferentes possibilidades de análises sobre a constituição 
histórica do esporte moderno. Essas análises foram realizadas em 
períodos distintos na literatura internacional e nacional, por historiadores, 
sociólogos, antropólogos e economistas. Buscando apresentar uma 
abordagem mais histórica, Gebara (2002) discute temas, como: o 
surgimento	da	política	de	massas	no	final	do	século	XIX;	a	expansão	
da burguesia e a criação da identidade de seus membros; a questão da 
massificação,	globalização	e	democratização	do	esporte;	o	processo	de	
mercantilização e espetacularização do esporte, entre outros.
94 UNIUBE
Entretanto, Campos e Souza (2005) vão se aprofundar nesta questão 
da constituição do esporte moderno a partir das análises acerca do 
fenômeno esportivo, construídas pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu. 
Nessa perspectiva, para os autores, 
Ao considerar o esporte moderno como um conjunto 
de práticas e de consumos esportivos oferecidos aos 
agentes sociais como uma oferta destinada a encontrar 
uma certa demanda social, o sociólogo questiona 
como são produzidas estas demandas pelos produtos 
esportivos, ou, como o próprio autor destaca, como 
as pessoas passam a ter o gosto pelo esporte e 
justamente por um determinado esporte mais do que 
por outro. (CAMPOS; SOUZA, 2005, p. 20).
A tese empreendida por Bourdieu (1983 apud CAMPOS; SOUZA, 
2005), para argumentar como o esporte moderno vem se constituindo, 
está centrada na lógica do esporte enquanto um produto de consumo. 
Portanto,	suas	análises	contribuem	para	uma	reflexão	mais	ampla	
acerca do esporte, pois o considera enquanto elemento da cultura 
corporal construído historicamente, praticado em diferentes ambientes 
e por diversos indivíduos de todas as faixas etárias e, ao mesmo tempo, 
podendo ser consumido passivamente como produto midiático.
A questão que se anuncia é, pois: tais escolhas estariam 
associadas	ao	esporte	enquanto	prática	ou	enquanto	espetáculo?
Campos e Souza (2005, p.5) destacam que,
ao engendrar tais questões, questionando sobre as 
condições históricas e sociais que tornaram possível 
a constituição do sistema de instituições e de agentes 
ligados à existência de práticas e de consumos 
esportivos, Bourdieu nos coloca duas questões 
concorrentes. Na primeira, referindo-se à constituição 
do sistema de instituições, o autor indaga a maneira 
como foi se constituindo o corpo de especialistas que 
atuam direta ou indiretamente no esporte para, em 
seguida, lançar outra questão: quando, exatamente, 
 UNIUBE 95
o sistema de agentes e de 
instituições relacionados 
ao esporte passou a 
funcionar como “campo de 
concorrência”.
Em relação às considerações de Bourdieu, 
Campos e Souza (2005, p.5) explicitam:
Analisando as considerações 
de Bourdieu (evidentemente 
sem aprofundarmos nas 
teorias por ele propostas, 
como por exemplo, a noção 
de habitus ou o conceito 
de campo e grupos 
sociais), percebemos a 
intencionalidade do autor 
em sugerir que o esporte 
moderno tem se constituído 
como	um	campo	específico,	
com suas regras e leis 
específicas	e	que	deve	ser	
compreendido a partir 
de sua própria história, 
considerada pelo autor como 
relativamente autônoma, 
vinculada ao processo de 
construção de regulamentos, 
das competições, dos 
recordes, da invenção das 
modalidades coletivas, 
como o basquetebol e o 
voleibol, da estruturação 
das primeiras federações 
esportivas, da reativação dos 
jogos olímpicos no ano de 
1896, e dos demais aspectos 
inerentes a estas práticas. 
Ao empreendermos tais considerações sobre o 
percurso histórico do esporte moderno, baseando-
nos principalmente nas análises críticas dos autores que trouxemos para 
essa discussão, percebemos o quanto esse fenômeno, com todas as 
características apontadas, está presente no cotidiano da sociedade.
Habitus
Para Bourdieu, 
o conceito de 
habitus pode 
ser considerado 
como um sistema 
de disposições 
adquiridas pela 
aprendizagem 
implícita ou explícita 
que funciona 
como um sistema 
de esquemas 
geradores. Assim, 
esse sistema 
é gerador de 
estratégias 
que podem ser 
objetivamente	afins	
aos interesses 
objetivos de seus 
autores sem terem 
sido expressamente 
concebidas para 
esse	fim.
Conceito de 
campo
Bourdieu (1983 
apud CAMPOS;SOUZA, 2005) 
considera o 
conceito de campo 
como espaços 
estruturados de 
posições (ou de 
postos) cujas 
propriedades 
dependem das 
posições nesses 
espaços, podendo 
ser analisadas 
independentemente 
das características 
de seus ocupantes 
(em parte 
determinadas por 
elas).
96 UNIUBE
O esporte na sociedade capitalista5.3
Continuando nossa imersão nesse percurso histórico, Campos e 
Souza (2005, p.5-6), pelas análises de Gebara (2002) e Bracht (2002) 
anteriormente formuladas, destacam que, 
se por um lado, há um consenso entre os historiadores 
e sociólogos sobre a origem do esporte moderno, 
por	outro,	o	mesmo	não	podemos	afirmar,	sobre	sua	
constituição, embora acreditamos ter trazido para 
reflexão	dois	dos	aspectos	mais	recorrentes	sobre	a	
origem e a constituição do esporte moderno. Assim, 
pensamos que, ao optarmos pela análise dos escritos 
de Bourdieu, uma segunda questão pode ser extraída 
para	a	continuidade	de	nossa	reflexão:	a	competição	no	
âmbito	esportivo	e	sua	influência	na	sociedade	atual.
Entendemos que o aspecto que tem regido o esporte 
nesses últimos dois séculos, e consequentemente, 
influenciado	 sua	 constituição,	 é	 a	 competição.	
Certamente, embutidos no conjunto de práticas que 
determina uma competição esportiva estão outros 
aspectos: a especialização, a instituição das regras 
e, mais recentemente, a utilização extremada de 
recursos ergogênicos para a obtenção de performances 
elevadas.
Para	justificarmos	essa	tese,	basta	analisarmos	qual	o	tratamento	que	o	
desporto educacional tem recebido no âmbito escolar e nas escolinhas de 
clubes esportivos nos últimos anos, sobretudo a partir da década de 1960.
Segundo Campos e Souza (2005, p.6), 
a perspectiva de análise que gostaríamos de apresentar 
refere-se aos possíveis efeitos que a competição 
tem causado no campo esportivo, para, a posteriori, 
verificarmos	as	relações	que	podem	ser	resultantes	das	
normas estabelecidas pelo Estado para o controle do 
esporte no país.
 
Não raro, o formato destas atividades é quase sempre voltado para 
o rendimento esportivo, com vistas à participação de crianças e 
 UNIUBE 97
adolescentes em competições esportivas, o que nem sempre contribui 
para a formação e para o desenvolvimeno harmonioso destes indivíduos.
Campos	e	Sousa	(2005,	p.6)	afirmam	ainda	que
Nesta perspectiva, acreditamos que uma breve 
referência ao estudo desenvolvido por Proni (2002) 
sobre a organização capitalista do esporte, baseado 
na obra intitulada Sociologie politique du sport, de Jean 
Marie Brohm, publicada na França em 1976, poderá 
contribuir	para	a	compreensão	do	significado	deste	
fenômeno. 
Segundo Proni (2002 apud CAMPOS; SOUSA, 2005), a escolha pelo 
modelo de análise de Brohm se deu por se tratar de uma abordagem 
consistente e bem articulada com o propósito de oferecer um modelo 
sociológico que possa dar conta de explicar a relação dialética entre 
esporte e sociedade. 
Neste sentido,
Para Brohm, a competição é a relação dominante na 
instituição esportiva e o recorde é a “noção-chave da 
sociologia do esporte” (cap. 4, p.138) – como ocorre 
com a categoria valor na análise do sistema capitalista. 
A analogia é imediata: o recorde é uma espécie de 
“fetiche	típico	do	esporte”	(cap.	4,	p.	140),	o	reflexo	de	
uma sociedade baseada na concorrência, na medição 
e	comparação	de	desempenhos	e	na	classificação	
dos indivíduos. (PRONI, 2002, p. 43 apud CAMPOS; 
SOUZA, 2005, p.6).
A partir do eixo central da sua tese, qual seja, da lógica capitalista de 
organização	do	sistema	esportivo,	o	autor	nos	 leva	a	refletir	sobre	
questões referentes à função da instituição esportiva, dos meios de 
comunicação de massa e do uso do esporte como aparato ideológico 
do estado. 
98 UNIUBE
Conforme observam Campos e Souza (2005, p.6), 
pelo exposto, a estreita relação existente entre o 
modelo de competição esportiva baseado na busca 
do rendimento com a lógica capitalista que rege a 
sociedade atual. Isso de fato não é novo. Entretanto, 
o que intentamos sugerir a partir dessa análise 
concerne	justamente	em	verificarmos	quais	influências	
decorrentes deste modelo de competição, centrado 
na busca da performance, têm permeado o ambiente 
daqueles que, de alguma forma, se apropriaram ou não 
das	práticas	esportivas	[...]
Neste caso, dos alunos que participam das aulas de educação física na 
escola. 
Os estudos realizados nesta unidade tiveram como objetivo principal 
contribuir para sua maior compreensão do fenômeno esportivo, 
sobretudo, em relação aos aspectos de sua constituição histórica e às 
possíveis relações com a sociedade capitalista.
Para você, o referido modelo competitivo contribui para a 
democratização	do	acesso	à	prática	dos	esportes?	
O papel do Estado frente às questões do esporte no Brasil5.4
Outra questão a ser considerada refere-se à construção histórica do 
modelo de competição esportiva, que, de fato, foi promovida por 
diferentes agentes sociais. Segundo Campos e Souza (2005, p.6), 
não obstante, a participação da sociedade nesse 
processo, gerando as tensões necessárias para 
que eventuais mudanças pudessem vir ocorrendo, a 
observação que gostaríamos de registrar, concluindo 
nossa tentativa de levantarmos alguns aspectos 
históricos e sociais que julgamos importantes para o 
contexto deste estudo, concerne à participação efetiva 
do Estado na instituição de normas para o controle das 
atividades esportivas no país.
 UNIUBE 99
Reconhecendo que atualmente o Estado intervém no esporte de forma 
intensa, principalmente a partir da década de 1960, somos levados a 
questionar sobre quais poderiam ser os interesses do Estado em interagir 
com a organização esportiva.
No Brasil, percebemos a intencionalidade do Estado em transformar 
o esporte em seu aparato ideológico, quando recorrendo à Lei n°. 
9.615/98,	observamos,	entre	outras	questões,	a	tentativa	de	classificação	
das diferentes expressões do esporte, estabelecidas em seu Art. 3o 
(CAMPOS; SOUSA, 2005, p. 6). Os autores citam o art. 3º da Lei n°. 
9.615/98:
 I - Desporto Educacional: praticado nos sistemas 
de ensino e em formas assistemáticas de educação, 
evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade 
de	seus	praticantes,	com	a	finalidade	de	alcançar	o	
desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação 
para o exercício da cidadania e a prática do lazer; II - 
Desporto de Participação: praticado de modo voluntário, 
compreendendo as modalidades desportivas praticadas 
com	a	finalidade	de	contribuir	para	a	integração	dos	
praticantes na plenitude da vida social, na promoção da 
saúde e educação e na preservação do meio ambiente; 
III - Desporto de Rendimento: praticado segundo 
normas gerais da Lei nº 9.615/98 e regras de prática 
desportiva,	nacionais	e	internacionais,	com	a	finalidade	
de obter resultados e integrar pessoas e comunidades 
do País e estas com as de outras nações. (BRASIL, 
2005 apud CAMPOS; SOUSA, 2005, p.7).
Ainda na perspectiva destes autores, 
embora em linhas gerais possa parecer, aos menos 
avisados,	 que	 a	 classificação	 estabelecida	 pelo	
Estado venha ser efetivada tal como está descrita na 
referida lei, efetivamente não é isso o que acontece. O 
próprio Estado contribui para a negação daquilo que 
está recomendado como norma legal, quando institui 
competições para jovens escolares com idades entre 
quinze e dezessete anos, através dos Jogos Escolares 
Brasileiros e dos Jogos da Juventude, competições 
estas altamente seletivas e com níveis altíssimos de 
rendimento. 
100 UNIUBE
No modelo de desporto de participação sugerido, 
embora a presença do Estado seja menos efetiva, 
a própria sociedade se encarrega de atribuir, àquilo 
que deveria ser considerado como lazer, altas doses 
de	 competitividade,	 bastando,	 verificar	 para	 tal	
confirmação,	os	torneios	inter-bairros	promovidos	por	
associações de moradores e as competições internas 
em clubes sociais. (CAMPOS; SOUSA, 2005, p.7).
Além da análise sobre o Estado enquanto um campo eobjeto de lutas de 
classes, tendo como função básica nas sociedades capitalistas garantir 
a	reprodução	do	capital,	é	importante	que	você	reflita	também	sobre	
os motivos que levam a sociedade a manter uma certa passividade em 
relação ao papel do Estado frente ao esporte, desvelando a ausência 
de	conflitos	e,	ao	mesmo	tempo,	a	função	conservadora	cumprida	pelos	
esportes institucionalizados.
Você deve ter participado de algumas atividades esportivas em sua trajetória 
escolar, durante as aulas de Educação Física. Faça uma retomada dessas 
experiências e construa um texto, relatando e explicando suas percepções 
em relação àquelas aulas e destacando alguns aspectos, tais como:
a. Ao início das atividades, o (a) professor (a) explicava sobre o que seria 
a	aula?	Quais	eram	os	conteúdos	ministrados	por	seus	professores	nas	
aulas	de	educação	física?
b.	 Os	esportes	eram	contemplados	nessas	aulas?
c.	 Quais	esportes	eram	mais	praticados	nas	aulas	de	Educação	Física?
d. Como seus professores ensinavam os conteúdos relacionados aos 
esportes?
e. Finalize seu texto fazendo um comentário sobre qual deve ser o papel 
da escola com relação ao esporte.
AGORA É A SUA VEZ
 UNIUBE 101
Na escola, qual das manifestações do esporte, expressas na Lei 
n°	9.615/98,	deve	ser	contemplada?
Resumo
Neste capítulo, vimos que o esporte moderno surge a partir de uma 
ruptura com as atividades ligadas a jogos populares consideradas 
ancestrais e se estabelece, primeiramente, em escolas da elite inglesa, 
durante os séculos XVIII e XIX, se expandindo rapidamente para os 
demais países.
Um dos principais sociólogos do século XX, o francês Pierre Bourdieu, 
enfatiza que o esporte moderno pode ser considerado um objeto em 
constituição, portanto não está ainda constituído a ponto de permitir sua 
compreensão com base em um modelo de análise preconcebido. 
Bourdieu destaca ainda que o esporte moderno tem se constituído 
como	um	campo	específico,	com	suas	regras	e	leis	específicas,	e	que	
deve ser compreendido a partir de sua própria história, considerada 
como relativamente autônoma, vinculada ao processo de construção 
de regulamentos, das competições, dos recordes, da invenção das 
modalidades coletivas, como o basquetebol e o voleibol, da estruturação 
das primeiras federações esportivas, da reativação dos Jogos Olímpicos 
no ano de 1896 e dos demais aspectos inerentes a estas práticas. 
Outro autor que discute a temática do esporte no século XX, Jean 
Marie Brohm, observa que o aspecto que tem regido o esporte nesses 
últimos	dois	séculos	e,	consequentemente,	influenciado	sua	constituição	
é a competição. Certamente, embutidos no conjunto de práticas que 
determina uma competição esportiva estão outros aspectos, tais como: a 
especialização, a instituição das regras e, mais recentemente, a utilização 
extremada de recursos ergogênicos para a obtenção de performances 
elevadas.
102 UNIUBE
No Brasil foram instituídas, em diferentes momentos, normas legais para 
o controle das atividades esportivas no país. Mais recentemente, temos a 
Lei n° 9.615 de 24 de março de 1998, também conhecida como Lei Pelé, 
a qual institui normas gerais sobre desporto, demonstrando o interesse 
do Estado em controlar as atividades ligadas ao esporte.
Referências
BOURDIEU,	Pierre.	Como	ser	esportivo?	In:	BOURDIEU,	Pierre.	Questões de 
Sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 136-153.
BRACHT, Valter. Esporte, história e cultura. In: PRONI, Marcelo W.; LUCENA, 
Ricardo F. Esporte: história e Sociedade. Campinas: Autores Associados, 2002.
_______, Valter. Esporte e Estado. In: BRACHT, Valter. Sociologia crítica do
esporte. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005, Cap. 8, p. 69-79.
_______, Valter. A gênese do esporte moderno. In: BRACHT, Valter. Sociologia 
crítica do esporte. Ijuí: Ed. Unijuí, 2005, Cap. 1, p. 13-20.
BRASIL, Lei n° 9.615, de 24 de março de 1998. Institui normas gerais sobre 
desporto e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L9615consol.htm>. Acesso em: 24 de set. 2018.
CAMPOS, Luiz Antônio Silva; SOUZA, Silas Queiroz de. Esportes coletivos: em 
busca	de	parâmetros	para	uma	metodologia	de	ensino	na	formação	profissional.	
In: I Congresso de Ciência do Desporto. 2005. Campinas. Anais do I Congresso 
de Ciência do Desporto. Campinas: Universidade estadual de Campinas, 2005.
DEPOSITPHOTOS. Disponível em: https://br.depositphotos.com/. Acesso em: 
15 jan. 2019.
GETTY Images. Disponível em: https://www.gettyimages.com.br/. Acesso em: 
29 nov. 2018.
 UNIUBE 103
GEBARA, Ademir. História do esporte: novas abordagens. In: PRONI, Marcelo W.; 
LUCENA, Ricardo F. Esporte: história e Sociedade. Campinas: Autores Associados, 
2002, cap. 1, p. 5-29.
PRONI, Marcelo W. Brohm e a organização capitalista do esporte. In: PRONI, 
Marcelo W.; LUCENA, Ricardo F. Esporte: história e Sociedade. Campinas: Autores 
Associados, 2002, Cap. 2, p. 31-61.
Introdução
Educação Física e Ciência: 
principais propostas atuais Capítulo6
Talvez	um	dos	assuntos	que	os	profi	ssionais	e	professores	da	
Educação Física deixaram de analisar de forma mais consistente, 
mesmo a partir da década de setenta do século passado quando 
de	sua	“crise”,	foi	a	defi	nição	da	possibilidade	de	identifi	car	bases	
epistemológicas para a área. Entenda-se que a epistemologia, de 
forma	geral,	é	um	ramo	da	fi	losofi	a	que	se	preocupa	com	a	análise	
do aparecimento e estruturação de novas formas de se produzir 
conhecimento, podendo isto, com o tempo, delimitar uma área 
específi	ca	de	ciência.
Por essa razão, mesmo na forma sintética, vamos aqui apresentar 
as principais propostas delineadas destinadas a responder a uma 
simples	questão:	o	que	é	Educação	Física?	Não	entraremos	na	
descrição de cada uma delas em seus pormenores, o que poderá 
ser	alcançado	por	meio	das	referências	constantes	no	fi	nal	do	
capítulo. Nosso intuito é apenas informar que a produção existe e 
que sua discussão e análise estão fora da maioria dos cursos de 
formação	profi	ssional	em	Educação	Física,	seja	na	Licenciatura	
ou no Bacharelado.
O conhecimento apresentado a seguir mostra tentativas de 
colocar a Educação Física num patamar de área de conhecimento 
106 UNIUBE
científico,	com	objeto	de	estudo	delineado	e	pesquisado,	por	meio	
de metodologias concernentes com este propósito.
É comum perguntarmos hoje o que é Educação Física aos 
formados nesse campo do saber e, na maioria das vezes, as 
respostas vêm no sentido de explicitar sua importância. Vejam, 
não foi perguntado qual a importância da Educação Física, e, sim, 
o que ela é. E quando as respostas vêm na trilha da importância, 
encontramos dizeres do tipo: “É importante para a saúde”, ou “Por 
meio do jogo as crianças se socializam”, ou ainda “Se tivermos 
uma pedagogia de corpo inteiro a criança aprende a melhor” e 
mais outras várias manifestações. Observem se isto é verdadeiro; 
podemos dizer que a saúde é historicamente responsabilidade de 
médicos e enfermeiros, que a socialização é objeto de estudo da 
sociologia e que o ensinar e criar propostas pedagógicas estaria 
a cargo do pedagogo. Assim, a Educação Física é tudo de tudo 
e, consequentemente, nada de nada, ou apenas a aplicação de 
conhecimento	científico	pertencente	a	uma	outra	área.
Isto	não	significa	que	tudo	o	que	foi	mencionado	no	parágrafo	
anterior não tenha validade. Apenas demonstra a falta de 
identificação	da	possibilidade	de	a	Educação	Física	ser	uma	área	
de	conhecimento	científico	claramente	definida.
Assim,	o	que	define	e	diferencia	a	Educação	Física	de	outras	
áreas	já	constituídas	na	educação	e	na	saúde?
Eis a razão do presente capítulo: auxiliar na possível escolha de 
propostas	apresentadas	para	esse	fim.	Para	tanto,	utilizaremos	
como referência básica artigo elaborado por Carbinatto e Moreira 
(2006), o qual apresenta uma síntese do trabalho de dissertação 
de mestrado de Michele Viviane Carbinatto defendida no Programa 
 UNIUBE 107
6.1 A Teoria Antropológica-Cultural doEsporte e da Educação 
Física
6.2 A Educação Física como Ciência da Praxiologia Motriz 
6.3 A Teoria da Psicocinética
6.4 A Ciência da Motricidade Humana
6.5 A Ciência do Desporto
Esquema
Ao	final	do	estudo	deste	capítulo,	esperamos	que	seja	capaz	de:
• demonstrar os fundamentos das cinco propostas apresentadas, 
procurando apresentar os pontos semelhantes ou diferentes 
entre elas;
• explicar mais detalhadamente os princípios balizadores 
das duas propostas mais difundidas no Brasil, a saber, a da 
Ciência da Motricidade Humana e a da Ciência do Desporto;
• propor, como experimento inicial, a exploração de uma das 
propostas como fonte subsidiada para a preparação de aulas 
em Educação Física para o Ensino Fundamental.
Objetivos
de Mestrado em Educação Física na Universidade Metodista de 
Piracicaba (UNIMEP).
Após demonstrar que a preocupação com o status de ciência para 
a área já estar presente desde os movimentos ginásticos ocorridos 
nos séculos XVIII e XIX, Carbinatto e Moreira (2006) adentram no 
que	foi	produzido	para	esse	fim	no	século	XX.
108 UNIUBE
6.1 A Teoria Antropológica-Cultural do Esporte e da 
Educação Física
A primeira das propostas vincula-se à Teoria Antropológica-Cultural do 
Esporte e da Educação Física, construída por José Maria Cagigal, autor 
por nós bastante referenciado no capítulo quarto.
Você	sabe	o	que	significa	antropologia	cultural?
Segundo o dicionário Houaiss e Villar (2009, p. 150), temos que é a que 
“trata do estudo da cultura do homem em todos seus aspectos, servindo-
se assim de dados e conceitos próprios de diversas outras ciências como 
a	arqueologia,	a	etnologia,	a	etnografia,	a	linguística,	a	sociologia,	a	
economia etc.”. 
Sendo assim, como o próprio nome diz, essa teoria contemplará o Esporte 
e a Educação Física, considerando as múltiplas dimensões que envolvem 
o ser humano. 
SAIBA MAIS
Cadigal inicia seu trabalho a partir do reconhecimento de que a palavra 
esporte pode abarcar vários sentidos, como recreação, diversão, execu-
ção de exercícios mais elaborados e até a alta competição. 
 UNIUBE 109
Demonstrando porque o esporte é intrínseco a uma sociedade, esse 
autor não consegue vê-lo a não ser como uma práxis humana por: 
• ser entendido por todas as pessoas; 
• propiciar a prática de exercícios físicos; 
• ser acessível a todas as idades e tipos diferentes de seres humanos.
Carbinatto e Moreira (2006, p.129) informam ainda que, para Cagigal 
(1984), o fenômeno esportivo nos mostra “aportes importantes como: 
luta para vencer, beleza de movimentos, diversidade de categorias e 
formas de apresentação, o que o levou à categoria de arte/espetáculo, 
despertando rapidamente os interesses mercantilistas”.
Em sua teoria, chega a apresentar quatro manifestações de práticas 
esportivas, nomeadas de:
• competição, 
• treinamento,
110 UNIUBE
• jogos e 
• educação esportiva.
Afirma	ainda	Gagigal	que	a	Educação	Física	“possui	os	pressupostos	
necessários para ser ciência, considerando possuir métodos de 
observação	próprios,	sistematização	específica	e	delimitação	de	objeto	
de estudo que é o homem e suas possibilidades físicas de ação e 
expressão (CARBINATTO; MOREIRA, 2006, p. 130).
A Educação Física como Ciência da Praxiologia Motriz6.2
Uma	 segunda	 proposta	 para	 confirmação	 da	
Educação Física como ciência autônoma vem 
de Pierre Parlebás por meio de sua Ciência da 
Praxiologia Motriz. 
O propósito da teoria de Parlebás é estudar, de 
forma rigorosa, os jogos esportivos, divididos 
pelo autor em dois tipos, referidos por Carbinatto 
e Moreira (2006, p.130):
Os tradicionais, centrados numa tradição surgida 
no passado, com regras, mas que não possuem 
o reconhecimento institucional; os esportivos, 
institucionalizados	 oficialmente,	 aparecendo	 aqui	
o espetáculo, a publicidade, as consequências 
sócio-econômicas, a direção e as federações.
Para esse autor, ao considerar a Educação Física como Ciência da 
Praxiologia Motriz, o esporte é a explicitação de normas sociais e, ao 
mesmo	tempo,	reflexo	dos	valores	presentes	nessas	normas.
Praxiologia
É o “estudo da 
conduta humana 
que tem como 
objetivo entender 
as causas e as 
consequências das 
ações do indivíduo, 
de forma a poder 
controlar ou induzir 
comportamentos 
que	beneficiem	a	
sociedade como 
um todo”. (DICIO, 
2018, p.1).
 UNIUBE 111
Por meio do esporte, “podemos compreender contatos corporais, 
enfrentamentos, controle e domínio de relações afetivas e relacionais, 
chegando	a	classificar	situações	motrizes	e	listar	essas	às	principais	
atividades físicas e esportivas a elas equivalentes”. (CARBINATO; 
MOREIRA, 2006, p. 130).
Das cinco propostas que apresentamos neste capítulo, 
provavelmente a teoria de Parlebás foi a que menor impacto 
teve entre os pesquisadores da epistemologia da Educação 
Física em nosso país.
A Teoria da Psicocinética6.3
A terceira contribuição sobre o tema Educação 
Física vem de Jean Le Boulch (Figura 1) com sua 
apresentação da Teoria da Psicocinética, muito 
difundida na área da educação como elemento da 
Psicomotricidade.
Psicocinética
É a capacidade 
humana de produzir 
movimentos em 
objetos físicos, 
por meio do poder 
psíquico ou mental.
Figura 1: Jean Le Bouch.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
112 UNIUBE
Le	Bouch	(1987)	justifica	sua	proposta	por	entender	que	a	Educação	
Física, até então, não conseguia exercer o domínio do corpo de forma 
adequada, em especial quando se trata de crianças na idade escolar.
Para	atender	de	forma	qualitativa	a	esse	fim,	propõe	uma	nova	ciência	
do movimento, a Psicocinética na qual “o movimento é considerado como 
uma	manifestação	significante	da	conduta	do	homem”.	(CARBINATTO,	
MOREIRA, 2006, p. 130)
Le Boulch (1987, p.17) ainda informa que essa conduta é “o 
organismo em movimento na dialética de suas relações com o seu 
meio”, acrescentando como integrantes a mais desse contexto a 
intencionalidade	e	a	significação.
A base para as análises dos pressupostos referidos pelo autor se 
encontra nos conteúdos da Educação Física, que, para ele, são o jogo, 
o esporte e a dança. 
Como informação importante convém destacar que Le Boulch (1987) 
apresenta duas trilhas para se considerar os esportes: a da competição 
e neste o trabalho, objetivando sempre o alcance de superação; e o jogo, 
no qual se busca prioritariamente o prazer de sua prática. 
 UNIUBE 113
Podemos ainda constatar que este pesquisador está muito mais presente 
na área pedagógica e educacional que no universo da Educação Física, 
pois cursos de psicomotricidade são apresentados e disponibilizados 
em grande número por cursos de pedagogia, enfatizando elementos 
como coordenação motora, lateralidade, noção espacial e outras 
características.
A Ciência da Motricidade Humana6.4
A quarta contribuição para o estudo das bases epistemológicas pode ser 
encontrada na proposta da Ciência da Motricidade Humana, arquitetada 
por Manuel Sérgio (Figura 2). Este autor propõe ser objeto da Educação 
Física o estudo e as pesquisas relacionados com o ser humano, que se 
movimenta intencionalmente na direção da autossuperação.
Figura 2: Manuel Sérgio.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
114 UNIUBE
Abrangem o universo dessa ciência, entre outros, alguns elementos 
históricos da Educação Física, como o jogo, o esporte, a ginástica, 
a dança, além de outros, como o circo, bem como o trabalho com a 
ergonomia e a reabilitação. 
Carbinatto e Moreira (2006, p. 130) ainda informam:
Defende o autor a transformação de valores presentes 
na Educação Física, enquanto pedagogia, para valores 
abarcados pela Educação Motora, em que o corpo 
objeto passa a ser visto como corpo sujeito, o ato 
mecânico passe a ser concebido como um ato corpóreo 
consciente; a participação elitista seja substituída 
pela	massificação	da	prática;	o	ritmo	padronizado	
transformado para o ritmo próprio do indivíduo e 
a busca apenas do rendimento seja substituída pela 
vivência do prazer e da ludicidade.
A proposta da Ciência da Motricidade Humanateve grande repercussão 
no quadro da Educação Física brasileira, entre outros motivos, pela 
 UNIUBE 115
permanência do autor no país por um período de três anos, como 
participante do quadro de professores da Universidade Estadual de 
Campinas (UNICAMP) entre os anos de 1987 e 1989.
A Ciência do Desporto6.5
A última das menções a ser feita trata-se da proposta da Ciência do 
Desporto (esporte), elaborada pela Universidade do Porto – Portugal e 
encabeçada pelos trabalhos de Jorge Olímpio Bento (Figura 3), autor que 
será muito utilizado no oitavo capítulo deste livro.
Figura 3: Jorge Olímpio Bento.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
Este	autor	traz	praticamente	toda	a	sua	produção	científica	no	trato	com	
o fenômeno esportivo, apresentando-o em toda a sua complexidade 
e	abrangência.	Ele	assim	se	expressa	sobre	a	definição	do	fenômeno	
esportivo: “Entendo o desporto como um conjunto de tecnologias 
corporais, sendo o uso destas balizado por razões culturais e por 
intencionalidades, metas e valorizações sociais”. (BENTO, 2006, p. 155) 
A	partir	desse	pressuposto,	ele	inicia	o	desfilar	de	argumentos	para	
mostrar a importância do esporte para o ser humano. Lembra, entre 
116 UNIUBE
outras manifestações, que o esporte centra sua preocupação maior 
em olhar “a forma humana, o aprimoramento corporal, gestual e 
comportamental do homem. Esse projeto inconcluso e inacabado que, 
desde	o	início	e	até	o	fim	dos	tempos,	move	e	há	de	continuar	a	mover	
a civilização”. (BENTO, 2006, p. 156).
Jorge Bento foi, durante muitos anos, diretor da Faculdade de Desporto 
da Universidade do Porto, faculdade essa que originariamente tinha o 
título de Faculdade de Educação Física e Desporto, passando depois 
a	ser	chamada	de	Faculdade	de	Ciências	do	Desporto	e	finalmente	
Faculdade do Desporto. Toda essa transformação esteve atrelada a 
alguns fatores defendidos por seus integrantes: o desporto é algo mais 
abrangente que a tradicional área da Educação Física; o desporto chegou 
a	um	estágio	tal,	no	que	diz	sentido	ao	conhecimento	científico,	que	não	
necessita ser chamado como ciência, e, sim, reconhecido como tal.
Daí, continua o pensamento de Bento (2013: p. 62):
É, pois, do corpo que cuidamos, atentos ao 
Homem-Todo. Do corpo como estrutura de viver 
e cumprir os ritos de existir. Do corpo desportivo, 
esse admirável ser transcendente. Construído por 
sucessivas formas de elevação e assente de colunas 
de sublimidade, como um templo sonhado pela nossa 
imperfeita	perfeição.	Inatingível,	é	por	isso	um	desafio.	
Hoje e sempre!
Por isto se estuda o esporte, para a formulação de pareceres, produção 
de pesquisas, assunção de posições e recomendações com relação ao 
rigor	científico,	tudo	isto	dentro	da	missão	da	academia	em	relação	ao	
fenômeno esportivo. Melhor dizendo, nas palavras de Bento (2013, p.69), 
“É por isso que também se estuda e investiga na área do desporto. Para 
impulsionar um entendimento e uma vivência do desporto à altura das 
premissas e necessidades culturais”.
 UNIUBE 117
Em todos os seus argumentos, o autor coloca o fenômeno esportivo 
debaixo	de	valores	axiológicos,	os	quais	deverão	definir	a	presença	do	
esporte entre nós, tanto no acesso e na materialização de pesquisa 
quanto da proposta de práticas de modalidades esportivas.
Sobre isto, Bento (2013, p. 72-73) coloca bem a missão da Faculdade 
do Desporto e de seus integrantes, ao dizer:
Em suma, a formação e a investigação reclamam um 
protagonismo axiológico no desporto. A sua função 
primordial é a de reavivar e espicaçar a consciência 
acerca do modo como a questão da dignidade do 
homem é abordada e concretizada no desporto. É a 
de pugnar pela elevação da qualidade do desporto, 
balizada por padrões culturais civilizacionais, por 
critérios éticos e humanos. A de ajudar a entender e 
construir o sentido de um desporto melhor; a de se 
consagrar	à	configuração	de	um	fenômeno	universal,	
que vem do fundo do tempo em que os homens se 
ergueram	do	chão	e	ousaram	fitar	o	céu	e	sonhar	com	
o	infinito.
Percebe-se, tanto aqui quanto nas passagens do autor, que será 
utilizado, no oitavo capítulo, o entendimento do esporte como arte, e 
nele	a	possibilidade	de	aflorar	não	só	o	rendimento,	mas	também	a	
sensibilidade	como	entidade	a	propiciar	a	(re)	significação	do	mundo	
esportivo.
118 UNIUBE
Agora que já construiu uma visão geral acerca de cada teoria, convi-
damo-lo para preencher o quadro a seguir.
AGORA É A SUA VEZ
Teoria Pesquisador Ideias-chaves
Antropológica-
Cultural do 
Esporte e da 
Educação Física
José Maria 
Cagigal
Ciência da 
Praxiologia Motriz
Pierre Parlebás
Psicocinética Jean Le Bouch
Ciência da 
Motricidade 
Humana
Manuel Sérgio
Ciência do 
Desporto
Jorge Olímpio 
Bento
Como você, como professor na escola, informará o assunto 
Educação	Física	e	conhecimento	científico	para	seus	alunos?
 UNIUBE 119
Resumo
É somente a partir da década de setenta do século passado que um grupo 
de professores e pesquisadores da área se comprometeram em tentar 
determinar as bases epistemológicas para a área da Educação Física e 
Esporte. Surgem aí cinco propostas que indicavam a possibilidade de a 
área ter uma identidade própria.
A primeira das sugestões é conhecida como a Teoria Antropológica 
Cultural do Esporte e da Educação Física arquitetada por José Maria 
Cargigal,	o	qual	afirma	ser	a	Educação	Física	já	uma	área	de	ciência	
por possuir métodos de investigação próprios, centrados no objetivo de 
estudar o homem enquanto executante do exercício físico e dotado de 
expressão corporal.
Uma segunda proposta é arquitetada por Pierre Parlebás, para quem 
a	Educação	Física	e	o	Esporte	permitem	codificar	as	ações	motoras	
e atender a essa demanda mediante a realização do exercício físico. 
Nomeou sua proposta de Praxiologia das Atividades Motoras.
Já Jean Le Boulch propõe a Psicocinética por entender que o movimento 
é	uma	das	mais	significativas	manifestações	da	conduta	humana.
Manuel	Sérgio	Vieira	e	Cunha,	conhecido	entre	os	profissionais	da	
Educação Física e Esporte apenas como Manuel Sérgio, oferece a 
proposta da Ciência da Motricidade Humana, a qual deveria substituir a 
Educação Física Tradicional e estudar o ser humano que se movimenta 
na direção da autossuperação.
Por	fim	Jorge	Olímpio	Bento	e	sua	indicação	da	Ciência	do	Desporto,	
apresentada em sua complexidade e abrangência, centrando sua 
argumentação na importância do desporto para a concretização do 
humano no homem.
120 UNIUBE
Referências
BENTO,	Jorge	Olímpio.	Corpo	e	desporto:	reflexões	em	torno	desta	relação.	In:	
MOREIRA, Wagner Wey (Org.) Século XXI: a era do corpo ativo. Campinas: 
Papirus, 2006.
BENTO, Jorge Olímpio. Desporto: discurso e substância. Belo Horizonte: Instituto 
Casa da Educação Física / Campinas: Unicamp, 2013.
CARBINATTO, Michele Viviane; MOREIRA, Wagner Wey. Bases epistemológicas, 
a Educação Física e o Esporte: possibilidades. Revista Brasileira Educação Física 
Esportes. São Paulo, v. 20, p. 129-130, set .2006, suplemento n. 5.
DEPOSITPHOTOS. Disponível em: https://br.depositphotos.com/. Acesso em:
15 jan. 2019.
DICIO. Praxiologia. Disponível em: https://www.dicio.com.br/praxiologico/. Acesso em: 
07 dez. 2018.
GETTY Images. Disponível em: https://www.gettyimages.com.br/. Acesso em: 
29 nov. 2018.
HOUAISS, Antônio. VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua 
portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
LE BOULCH, Jean. Rumo a uma ciência do movimento humano. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1987.
Introdução
Educação Física e 
temas atuaisCapítulo7
Ao	fi	nal	do	estudo	deste	capítulo,	esperamos	que	seja	capaz	de:
• demonstrar a relação entre a Educação Física e os temas de 
saúde e qualidade de vida, reconhecendo a complexidade e 
a abrangência dessa área de conhecimento;
Objetivos
Associar a área da Educação Física e Esportes a temas atuais é 
tentar	identifi	car	quais	são	os	critérios	e	valores	hoje	presentes	
na área, os quais demandam produção de conhecimento e açõesjunto aos seres humanos.
Elegemos, entre outros, três temas considerados por nós como os 
mais	abrangentes	e	necessários	para	refl	etirmos	sobre	o	assunto,	
quais sejam: saúde e qualidade de vida, corporeidade e esporte.
Tais temas, com certeza, permeiam os currículos atuais da 
Educação Física escolar e fazem parte do cotidiano do professor 
de Educação Física. Compreender as relações existentes entre 
eles,	seus	signifi	cados	e	as	representações	que	dessas	relações	
decorrem	é	de	suma	importância	para	uma	atuação	profi	ssional	
crítica, segura e contextualizada.
122 UNIUBE
7.1 Educação Física/Saúde/Qualidade de Vida
7.2 Educação Física/Corporeidade
7.3 Educação Física/Legado/Olimpismo
7.3.1 O Legado Olímpico
7.3.2 O Legado da Copa do Mundo no Brasil
Esquema
• mostrar a importância da Educação Física, quando da prática 
de exercícios físicos sistematizados e de esportes, para a 
manutenção de um estilo de vida ativo, contribuindo para a 
manutenção de um estado equilibrado de saúde;
• explicar o conceito de corpo, passando do sentido de corpo 
máquina para a atitude da corporeidade, redimensionando a 
prática de exercícios e o sentido de jogar;
• mostrar o sentido unitário do corpo, propondo a execução de 
exercícios e a prática de esportes, valorizando o ser sensível 
e inteligível;
• defender a importância para o ser humano do universo do 
esporte, tanto na perspectiva teórica quanto prática. 
Educação Física/Saúde/Qualidade de Vida7.1
Quando	estudamos	a	história	da	Educação	Física,	identificamos	que	ela,	
no Brasil, sempre esteve ligada à escola, enquanto disciplina curricular 
até a década de oitenta do século passado, ganhando uma expressão 
mais abrangente a partir dessa época.
Houve um evento mundial, em 1999, realizado na cidade de Berlim – 
Alemanha, no qual apresentava-se o novo panorama, para a área, já 
claramente delineado. A Educação Física teve sua gênese histórica na 
escola e agora se debruçava sobre novas perspectivas: 
 UNIUBE 123
• estava na área da saúde no sentido de colaborar para a prevenção; 
• destinava-se	ao	trabalho	com	grupos	específicos	não	apenas	com	
escolares, mas com grupos de gestantes, hipertensos e obesos, 
por exemplo; 
• buscava trazer para seu universo um maior número de pessoas, 
valorizando o sentido de inclusão;
• era necessária quando se pensava em uma educação permanente, 
deixando o locus da sala de aula apenas.
Um dos autores da área a produzir extensa pesquisa sobre qualidade de 
vida e saúde é Nahas (2001). Ele traz informações sobre a importância 
do	profissional	da	Educação	Física	para	a	vivência	de	um	estilo	de	vida	
ativo, estilo esse que só pode ser alcançado com a mudança de atitude 
na busca de uma vida saudável.
Esse autor deixa claro que iniciar e manter a participação em programas 
de atividades físicas, destinando tempo diário para a realização de 
exercícios físicos sistematizados, demanda esforço e persistência. 
Oferece ainda uma tríade indispensável para se conseguir os objetivos 
propostos, centrada em conhecimento, atitudes e ações. 
124 UNIUBE
Nahas (2001, p.3) indica:
Considerando as oportunidades e barreiras que as 
pessoas enfrentam em seu dia a dia, é preciso que:
- se conscientizem da importância da atividade física 
regular para a saúde e qualidade de vida (informação);
- desenvolvam o desejo de aplicar tais conhecimentos 
(atitudes favoráveis);
- e se motivem para realizar tais intenções de forma 
continuada (ação e manutenção).
Ao discorrer sobre o estilo de vida ativo, o autor exprime seu conceito sobre 
qualidade de vida como sendo “a condição humana resultante de um conjunto 
de	parâmetros	individuais	e	socioambientais,	modificáveis	ou	não,	que	
caracterizam as condições em que vivem o ser humano”. (NAHAS, 2001, p.5).
Claro está que falar em qualidade de vida, e o autor mencionado também 
coloca dessa forma, só pode ser pensado a partir do momento em 
que as barreiras da sobrevivência são transpostas. Já vivenciar com 
qualidade um estilo de vida demanda superação de problemas individuais 
que possam nos afetar, como estresse, má alimentação, sedentarismo 
(Figura 1), bem como superar socialmente estágios de pobreza e de 
subdesenvolvimento.
Figura 1: Sedentarismo. 
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
 UNIUBE 125
É apenas no século XX que notamos a associação dos termos atividade 
física, aptidão física e saúde, termos esses agora imbricados em se 
possuir saúde e ter longevidade. Para Nahas (2001, p.23), não associar 
isto à saúde pública em períodos anteriores era natural, considerando 
que “as principais causas de morte eram ligadas ao meio ambiente – 
água, alimentos, esgoto, clima – e às chamadas “causas externas”, como 
as mortes violentas nas guerras e os acidentes em geral”.
Hoje,	a	“afisicidade”,	a	inatividade	física,	passou	a	ser	uma	questão	de	
saúde pública em todo o globo terrestre, exigindo atenção de iniciativas 
privadas, de órgãos governamentais, com a sociedade cobrando o 
estabelecimento de políticas públicas para o enfrentamento desse 
problema.
A realização das atividades físicas na perspectiva de prática de exercícios 
sistematizados,	área	de	atuação	do	profissional	da	Educação	Física,	
pressupõe a superação do antigo conceito: saúde é apenas a ausência 
de enfermidade.
Nahas (2001, p.34) diz ainda que aptidão física, quando enfocada para 
a saúde, é idêntica a aptidão para a vida pelo fato de possuir elementos 
destinados a uma vida ativa, pois apresenta subsídios “fundamentais para 
uma vida ativa, com menos riscos de doenças hipocinéticas (obesidade, 
problemas articulares e musculares, doenças cardiovasculares etc.) e 
perspectiva de uma vida mais longa e autônoma“. Em seu livro, ainda 
dá destaque às aptidões físicas cardiorrespiratória e musculoesquelética 
(Figura 2).
126 UNIUBE
Figura 2: Atividades físicas sistematizadas. 
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
A	importância	do	profissional	da	Educação	Física	para	a	qualidade	
de	vida	e	para	a	aquisição	de	um	estilo	de	vida	ativo	fica	evidente	
quando o autor oferece orientações gerais para a prática de exercícios, 
estabelecendo itens, como: 
• princípios gerais do condicionamento físico; 
• prescrição de exercícios, chamando a atenção da complexidade 
dessa tarefa, a qual deve ser executada com ciência e arte; 
• cuidados gerais na prática de exercícios; e 
• parâmetros para o controle e execução de condicionamento 
aeróbico, treinamento de força muscular e treinamento de 
flexibilidade.
O escrito de Nahas (2001) pode ser entendido, também, como um 
excelente	manual	de	ação	do	profissional	da	Educação	Física	destinado	
a trabalhar com a saúde do ser humano. O escrito, além de explicitar uma 
proposta de Programa de Exercícios, detém-se em sugerir a divisão das 
sessões de exercícios, indicando quais exercícios devem ser evitados, 
tudo	isto	a	partir	de	experimentos	científicos	e	de	referências	de	pesquisa	
de qualidade na área.
 UNIUBE 127
Por	fim,	há	um	interessante	alerta	que	o	autor	faz	de	algumas	evidências,	
destacando para a longevidade itens como atividade física, aptidão 
física, saúde e bem-estar, enquanto para a morte prematura a opção 
por inatividade, baixa aptidão, doenças e debilidade. Isto leva a concluir:
Os riscos associados à inatividade física são claros. A 
inatividade física deve ser considerada um problema 
sério	de	saúde	pública,	representando	um	desafio	para	
os órgãos de saúde e da educação, e a promoção 
de estilos de vida mais ativos para toda a população. 
(NAHAS, 2001, p. 113).
Como vivemos um momento em que as academias de ginástica, dança 
e condicionamento físico estão muito presentes, demandando um campo 
de	trabalho	muito	grande	para	o	profissional	da	Educação	Física,	é	
interessante mencionar o trabalho de Morales e Nahas(2003) versando 
sobe a situação de iniciação, aderência e abandono de programas de 
exercícios físicos oferecidos por academias de ginástica na região sul do 
país. Na conclusão do estudo, os autores mostram que,das dezessete 
academias selecionadas, a permanência nos programas obteve média 
pouco inferior a dois anos e que a atividade preferida dos frequentadores 
dessas academias é a musculação, na opinião dos autores, por ser essa 
atividade a que produz resultados visíveis mais rápidos. Seguem-se a ela 
as escolhas preferenciais de ginástica localizada, atividades aeróbicas 
específicas	e	artes	marciais.
Guedes e Souza (2010, p.271) realizaram uma pesquisa “de base 
populacional, envolvendo medidas antropométricas, percepção quanto 
à qualidade de vida e à prática habitual de atividade física, além de 
informações	sociodemográficas	de	escolares	da	cidade	de	João	Pessoa/
PB”. Os sujeitos da pesquisa eram adolescentes e jovens de idades entre 
quinze	e	dezoito	anos.	Nas	conclusões	do	trabalho,	ficaram	evidentes	
as preocupações com a falta de realizações de exercícios físicos, 
demandando um índice de 24% de prevalência do sedentarismo. 
128 UNIUBE
Carvalho (2010, p.294) centra sua preocupação com o que denomina 
“envelhecimento ativo”, demonstrando a importância da atividade física 
praticada de forma regular para “diminuir a degeneração progressiva 
associada ao envelhecimento”. Por outro lado, adverte dos riscos 
associados à exercitação, sugerindo trabalhos de treinamentos para 
a	flexibilidade,	a	capacidade	aeróbica	e	 força	muscular	do	 idoso.	
Por	fim,	adverte	que,	depois	de	todas	as	explicações	e	justificativas	
fisiológicas,	“importa	salientar	que	um	programa	de	exercício	físico	
deve ser prescrito de acordo com as características, necessidades, 
objetivos, nível inicial, estado de saúde e de condição física dos idosos”. 
(CARVALHO, 2010, p.294).
Pellegrinotti e Cesar (2016, p. 365) também expressam preocupação com 
o estilo de vida atual das pessoas, realçando o sedentarismo, a prática 
de uma alimentação inadequada, entre outros problemas, recomendando 
a prática de exercícios físicos como forma de melhoria de aptidão 
física e, assim, minimizando fatores de risco à saúde, por exemplo, a 
doença coronariana. Lembram que o exercício físico é “a atividade física 
planejada e estruturada, visando à manutenção ou melhora da aptidão 
física”.
A	 partir	 desta	 justificativa,	 os	 autores	 propõem	 um	 interessante	
delineamento do exercício físico e esporte na saúde, via ciência do 
esporte, enfatizando:
Com	o	 conhecimento	 científico	 e	 o	 compromisso	
pedagógico da ciência do esporte, as práticas corporais 
ganham asas para voar na direção da compreensão da 
auto-organização que a natureza corporal apresenta 
após a ação de estímulos no entrelaçamento 
biopsicodinâmico. Os movimentos nos dão a 
compreensão da vida e a performance é a arte vivida, 
já que as capacidades e habilidades que se apresentam 
nos exercícios levam à percepção da capacidade 
criadora de realização dos gestos. (PELLEGRINOTTI; 
CESAR, 2016, p.368)
 UNIUBE 129
Pelos trabalhos de pesquisa aqui trazidos, vê-se a importância para 
o	profissional	da	Educação	Física	trabalhar	a	relação	atividade	física,	
aptidão física, exercício físico sistematizado, vivenciados em academias 
(Figura 3), parques, na prática de esportes, entre outros locais e 
situações, junto às preocupações com a qualidade de vida, com o 
assumir	um	estilo	de	vida,	demandando	uma	preparação	profissional	
complexa	e	critérios	de	trabalho	qualificado	e	ético	na	ação	profissional	
junto à área da saúde. 
Figura 3: Atividades físicas em academias. 
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Convém lembrar aos professores de Educação Física na escola que 
eles não estão alijados dessa missão. O aluno, na escola, deve ter 
informações	suficientes	e	ser	ensinado	de	práticas	condizentes	ao	
alcance da qualidade de vida.
Como a área da Educação Física pode colaborar para a 
promoção	da	qualidade	de	vida?
130 UNIUBE
Educação Física/Corporeidade7.2
Tradicionalmente, a Educação Física se apresentava como uma área 
a estudar o corpo e a interferir nesse por meio de exercícios físicos 
sistematizados, executados através de jogos, esportes, danças, 
movimentos gímnicos e lutas. 
Se os ambientes de trabalho estavam delineados assim, a forma de 
ensino e de aprendizagem para isso ressaltava quase que exclusivamente 
a ideia de um corpo mecânico a ser melhorado em seu rendimento físico. 
Não se precisava pensar para a realização das atividades, bastava 
cumpri-las sob a ordem de um instrutor.
Isto era tão evidente que, por exemplo, na escola não havia livros-texto 
da disciplina de Educação Física como proponentes de um conhecimento 
a ser estudado e, quando havia, tratava-se apenas do ensino de regras 
em diversas modalidades esportivas.
 
Esse	quadro	modificou-se	bastante	a	partir	da	segunda	metade	do	
século	passado	e,	entre	as	propostas	para	a	qualificação	do	trabalho	de	
professores	e	profissionais	da	área,	surge	o	entendimento	da	atitude	da	
corporeidade (Figura 4). Com ela, busca-se a compreensão de um corpo 
que não seja simplesmente sinônimo de massa muscular, reconhecido 
apenas	 por	 seus	 atributos	 anatômicos	 e	 fisiológicos,	 nem	 dotado	
exclusivamente de uma racionalidade.
 UNIUBE 131
Figura 4: Atitude de corporeidade. 
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Corporeidade é sinal de passagem de um corpo-objeto, manipulado e 
invadido pelos critérios da ciência tradicional, para o corpo-sujeito. Na 
expressão	do	filósofo	francês	Maurice	Merleau-Ponty,	é	um	corpo	complexo,	
objetivo e subjetivo, produtor de história e cultura e ao mesmo tempo sendo 
modificado	por	essa	história	e	cultura.
PONTO-CHAVE
É a partir dos escritos de Merleau-Ponty e da abordagem fenomenológica 
que no Brasil o tema corporeidade passa a fazer parte das preocupações 
do universo acadêmico de professores de Educação Física e docentes 
de outras áreas.
132 UNIUBE
Vocês	conhecem	Merleau-Ponty?
Merleau-Ponty	(Figura	5)	foi	um	filósofo	fenomenológo	francês.	Em	linhas	
gerais, ele estabelece como ponto de partida o estudo da percepção, sendo 
levado a reconhecer que o “corpo próprio” não é apenas uma coisa, um 
objeto potencial de estudo para a ciência, mas também é uma condição 
permanente da experiência, que é constituinte da abertura perceptiva para 
o mundo e seu investimento. Ele então enfatiza que há uma consciência e 
um corpo inerentes que a análise da percepção deve levar em conta. Por 
assim	dizer,	a	primazia	da	percepção	significa	um	primado	da	experiência,	
na medida em que a percepção tem uma dimensão ativa e constitutiva. 
SAIBA MAIS
Figura 5: Merleau-Ponty.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
Santin (2013) alerta que falar de corporeidade parece algo simples e de 
entendimento inequívoco, não sendo isso verdadeiro.
Normalmente os conceitos de corpo estão atrelados à ideologia da 
racionalidade, aliás, isto está muito presente no momento atual de nosso 
 UNIUBE 133
país. Isso leva, novamente, a vivenciarmos o corpo na perspectiva de 
máquina, com a Educação Física propondo exercícios com o único 
intuito de malhação, de seguir uma estética padronizada (Figura 6) pelos 
meios de comunicação, para a qual devemos preparar o corpo para um 
rendimento melhor.
Figura 6: Estética padronizada.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Isto remete ao sentido de utilidade como bem observa Santin (2013, p.63)
A educação física e os esportes detêm a outra fatia do 
poder de agir sobre os corpos. A educação física não 
classifica	os	corpos	com	critérios	de	doença	ou	saúde,	
mas dentro da ótica da aptidão e da capacidade para a 
prática de determinados exercícios. Assim a educação 
física age sobre o corpo em nome do princípio da 
utilidade.
Aludindo à área da Educação Física e Esportes, Santin fala acerca da 
iniciativa de um corpo disciplinado, ainda passivo de sacrifício para o bem 
da humanidade, seja na perspectiva individual ou na coletiva. A partir 
disso, sugere assumirmos o sentido e a atitude da corporeidade, a qual 
deve ser cultuada e cultivada.
134 UNIUBE
Santin (2013, p. 68) indica que “corporeidade será vivida em primeiro 
lugarsob os signos da abundância. A corporeidade humana não pode 
ficar	presa	à	satisfação	de	suas	necessidades	primárias”.	Por	essa	razão	
“A educação física repensada para cultivar e cultuar a corporeidade 
humana precisará inspirar-se no impulso do sensível, na harmonia 
musical, nos ideais de beleza e nos valores estéticos”.
Outro autor preocupado com a relação Educação Física e corporeidade, 
relação essa complexa como já dissemos, é Regis de Morais (2013). Ele 
alerta	aos	profissionais	e	professores	de	Educação	Física	a	necessidade	
da radical alteração do tipo de trabalho oferecido por eles. Diz o autor:
Eis	porque	os	profissionais	da	corporeidade	só	têm	
diante de si um par de alternativas: ou seguem lidando 
com o corpo como se esse fora simples coisa burra 
que se adestra ou despertam para o fato de sermos 
um corpo como forma de estar-no-mundo sensível e 
inteligentemente. Se a segunda alternativa é aceita, 
o	profissional	tem	que	admitir	sair	da	comodidade	de	
rotinas	e	programas	mecanicistas	a	fim	de	que	inicia	
longo diálogo de aprendizagem com o corpo próprio e 
alheio. (MORAIS, 2013, p.84).
Gallo (2006, p.28) expressa uma sensível esperança de resistência aos 
modos como hoje o corpo é tratado pela ciência e por todos nós de 
maneira geral. Espera que o corpo ativo, ou a corporeidade possa ser 
“Resistência	à	cultura	do	hiperconsumo	[...]	ao	império	do	efêmero	[...]	à	
imposição	de	uma	estética	pasteurizada	[...]	ao	narcisismo	sem	limites	
[...]	ao	controle	generalizado”.	Espera	que	a	corporeidade,	ou	corpo	ativo,	
propicie “uma forma de ser-no-mundo, como o exercício de uma vida 
autônoma, crítica, criativa”.
Adentrando	nas	produções	sobre	corporeidade	firmadas	por	professores	
de Educação Física, encontramos Nóbrega (2010, p.72) dissertando 
sobre uma fenomenologia do corpo, demonstrando que conhecer 
o corpo é muito mais que se relacionar com a justaposição de seus 
 UNIUBE 135
órgãos. Explorando o sentido da percepção nas trilhas de Merleau-Ponty, 
demonstra que perceber é mais que aferir um determinado conceito ao 
que se procura, e, sim, interpretar os sentidos possíveis a partir de todo 
o	corpo	(Figura	7).	É	categórica	ao	afirmar:	“[...]	a	percepção	não	é	uma	
representação mentalista, mas sim um acontecimento da existência”.
Figura 7: Liberdade de interpretar os sentidos possíveis do corpo.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Nóbrega, na mesma preocupação levantada por Regis de Morais 
já mencionada, insiste na necessidade de alterarmos a busca de 
conhecimento sobre o corpo. Merece nossa atenção seu escrito:
É nossa relação corporal com o mundo que cabe 
destacar. Essa contingência marca tudo o que 
tem lugar fora do corpo, inclusive nas investigações 
científicas	ou	filosóficas	sobre	o	corpo	humano,	bem	
como as intervenções educativas. O corpo, abstraído 
em análises que recortam-no, fragmenta-se no corpo 
naturalizado de uma determinada visão da Biologia, 
no corpo socializado das Ciências Sociais, no corpo 
instrumentalizado	 por	 diversas	 pedagogias.	 [...]	
Como é possível considerar o corpo como um campo 
de saberes, um campo de pesquisa que ultrapasse 
esse reducionismo e que considere a nossa condição 
corpórea?	(NÓBREGA,	2006,	p.	64).
136 UNIUBE
Se isto no primeiro momento parece mera descrição teórica, perguntamos:
• Não aprendemos tudo sobre o corpo nos cursos de formação 
profissional	de	maneira	fragmentada?	
• Não temos em um momento os aspectos anatômicos, em outro os 
fisiológicos	e	em	outro	os	filosóficos	e	sociológicos,	nunca	essas	
partes	conversando	entre	si?	
• Mesmo quando deparamos com as metodologias de ensino, não 
são essas metodologias que nos são passadas por meio do que 
poderíamos	chamar	de	“metodologia	das	partes”?	
• Não aprendemos sequências pedagógicas parte por parte para 
depois	juntarmos	tudo,	tentando	visualizar	o	todo?
Moreira, Porto, Maneschy e Simões (2006, p.140) deixam claro:
A corporeidade, ao participar do processo educativo, 
busca compreender o fenômeno humano, pois suas 
preocupações estão ligadas ao ser humano, ao sentido 
de sua existência, à sua história e à sua cultura. Para 
essa aprendizagem não é possível reduzir a estrutura do 
fenômeno humano a nenhum de seus elementos. Há que 
utilizar uma dialética polissêmica, polimorfa e simbólica.
 
Já	há	muito	tempo	que	pensadores	afirmam:	a	soma	das	partes	não	dá	
o todo. Hoje, com teorias como a Visão Sistêmica (CAPRA, 1999) e da 
Complexidade (MORIN, 2013), isto já é assunto epistêmico superado. No 
entanto, parece ainda faltar uma grande distância para a chegada dessas 
“novidades” à área da Educação Física e dos Esportes.
Campos e Moreira (2018), ao descreverem as possibilidades da 
corporeidade no jogo e no esporte, apresentam seus trajetos existenciais 
na presença desses fenômenos, assumindo a possibilidade da atitude 
da corporeidade explicitada nas aulas de Educação Física na escola e 
com	isso	visam	reverter	propostas	epistemológicas,	científicas,	éticas	
e estéticas. É fundamental incorporar e saborear o conhecimento 
apreendido na escola. 
 UNIUBE 137
Assumir o sentido e a atitude da corporeidade, informam Moreira e 
Simões (2016, p. 145), leva o professor de Educação Física na escola a 
ensinar seus alunos (Figura 8) não apenas os aspectos físicos do corpo, 
mas destinar parte de suas aulas à “preocupação com esse corpo que se 
movimenta às questões de ordem social, política, religiosa e econômica, 
compreendendo, assim, que a corporeidade não pode ser analisada 
apenas da perspectiva individual...”. 
Figura 8: Aprendizes.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Esses	 autores	 afirmam	 ainda	 que	 o	 trabalho	 com	 o	 fenômeno	
corporeidade nas aulas da Educação Física na escola pode propiciar aos 
alunos perceberem a impossibilidade do conhecimento do ser humano e 
de seu corpo “por meio de disciplinas hiperespecializadas, fechadas em 
si mesmas, que não dialogam com outras abordagens de conhecimento”. 
(MOREIRA; SIMÕES, 2016, p. 146).
Por	fim,	esses	autores	expressam	uma	esperança	e	um	desejo:
Enfim,	 há	 que	 se	 estabelecer	 como	 fundantes	
as	 reflexões	 e	 as	 vivências	 da	 corporeidade	 e	
do	esporte	nos	cursos	de	formação	profissional	em	
educação	física.	Não	deveríamos	nós,	profissionais	
138 UNIUBE
da área, abrir espaços de diálogo e de encontro para 
operacionalizar as mudanças necessárias para os 
cursos	de	graduação?	Não	deveriam	as	entidades	
representativas	dos	profissionais	da	educação	física,	
como CBCE, CONFEF e CREFs destinarem parte de 
suas preocupações a essa missão, numa visão de 
pluralidade	para	esse	fim,	deixando	de	lado	posições	
dogmáticas	 que	 restringem	 e	 mesmo	 dificultam	
o	 caminhar	 até	 mesmo	 da	 legitimação	 da	 área?	
(MOREIRA, SIMÕES, 2016, p.146/7).
Até aqui escrevemos muitos argumentos sobre corporeidade, mas não 
definimos	o	que	é	corporeidade.	Isto	foi	de	propósito,	porque	acreditamos	
que	ela	é	muito	mais	uma	atitude	de	vida	do	que	um	conceito	definido.	
Vivenciar as atitudes por ela buscada e interpretar ou mesmo perspectivar 
suas possibilidades conceituais é colaborar para a transformação do trato 
do corpo pela Educação Física.
A partir do que foi apresentado sobre corporeidade, você vê 
necessidade de alteração da forma como se formam professores 
de	Educação	Física?
Educação Física/Legado/Olimpismo7.3
Você já percebeu que este sétimo capítulo é destinado a temas atuais 
que envolvem a Educação Física/Esporte, assim sendo não poderiam 
estar ausentes questões como o movimento olímpico e as possíveis 
interpretações	dos	significados	de	legado	esportivo.
O Brasil foi palco de grandes manifestações esportivas neste século XXI. 
Aqui sediamos os Jogos Pan-Americanos em 2007, os Jogos Mundiais 
das Forças Armadas em 2011, a Copa das Confederações em 2013, o 
Campeonato Mundial de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos (Figura 
9) e Paralímpicos em 2016. Esses eventos exigiram uma demanda de 
organização e investimentos nunca vistos no cenário nacional para a 
área dosesportes.
 UNIUBE 139
Figura 9: Prova de natação.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Como toda proposta de organização e desenvolvimento de 
acontecimentos sociais, ao avaliarmos tais propostas, podemos encontrar 
elementos	positivos	e	negativos	ocorridos,	tentando	refletir	sobre	o	
impacto disso no contexto social. Este é o propósito deste item, bem 
como	pretendemos	alargar	o	entendimento	de	o	que	possa	significar	o	
termo legado esportivo para a própria história da Educação Física.
7.3.1 O Legado Olímpico
Os meios de comunicação, normalmente, proclamam o sentido de 
evento	esportivo	associado	às	construções	edificadas	para	abrigar	
uma determinada competição. Foi assim que a informação chegou 
à população brasileira. As construções servirão para fortalecer o 
desenvolvimento de espetáculos de toda monta.
Se legado for só isto, a tragédia dos gastos com o esporte neste período 
já estava anunciada. Países que sediaram esses grandes eventos, com 
algumas exceções, têm hoje vários parques esportivos construídos 
e abandonados em seus territórios. Assim ocorreu, para colocarmos 
140 UNIUBE
apenas alguns exemplos, desde países do chamado “primeiro mundo” 
até os que são considerados “países em desenvolvimento”. 
É sabido que temos Jogos Olímpicos de dois em dois anos. Nós 
brasileiros estamos acostumados com o período de quatro em quatro 
anos porque temos em nosso imaginário social apenas os Jogos 
Olímpicos de Verão. Mas, em anos pares intermediários aos desses 
jogos, temos os Jogos Olímpicos de Inverno.
A comprovação dos problemas já acontecidos, os quais já indicavam 
o que está a acontecer no Brasil, pode ser rapidamente mostrada: 
começamos com alguns exemplos de países europeus e instalações 
construídas para os Jogos Olímpicos de Inverno.
Neste caso, de Sarayevo (Bósnia - Herzergovina), 
poderíamos	até	justificar	o	problema,	pois,	após	
os Jogos Olímpicos de Inverno, o país entrou em 
revolução armada, a guerra yugoslava, e este 
local, inclusive, foi utilizado por tropas.
Caminhemos agora para eventos mais recentes 
e com instalações construídas para os Jogos 
Olímpicos de Verão, também com dois exemplos.
Quando observamos o Brasil, vemos que, seis 
meses depois do Rio 2016, quatorze das arenas 
construídas estavam fechadas e não se conseguiu 
implantar em várias modalidades nenhum 
programa de fomento ao esporte ou de utilização 
racional dos espaços. Ou seja, a tragédia estava 
anunciada.
Rio 2016
É a designação 
mais comum 
dada aos Jogos 
Olímpicos de 
2016, realizados 
na cidade Rio de 
Janeiro. Chamado 
oficialmente	
como Jogos da 
XXXI Olimpíada, 
foi um evento 
multiesportivo, 
mundial, ocorrido 
no período de 3 a 
21 de agosto deste 
ano, seguido das 
Paralimpíadas, que 
aconteceram entre 
7 e 18 de setembro. 
Houve 306 disputas 
de medalhas em 28 
esportes, divididos 
em 42 modalidades. 
A escolha do Brasil 
como sede ocorreu 
na 121º sessão do 
Comitê Olímpico 
Internacional, em 
Compenhague, 
na Dinarmaca, em 
2009.
 UNIUBE 141
Como pode ser comprovado, se o sentido de legado for apenas 
construções de instalações, reforçamos que a possibilidade de desastre 
já estava anunciada e o Brasil se tornou mais um país onde esses 
problemas acontecem.
Não	pretendendo	justificar	o	descaso	com	as	instalações,		necessitamos	
entender melhor o que é legado olímpico. Rubio (2014), uma das 
maiores especialistas brasileiras em assuntos olímpicos, lembra que 
há sete grandes dimensões a compor o sentido de um legado olímpico: 
econômico; ambiental; infomação e educação; políticas públicas e cultura; 
símbolos, memória e história e o legado esportivo propriamente dito.
142 UNIUBE
Caracteriza-se o legado econômico como aquele que pode ser 
aferido com o aumento de turismo e melhoria de qualidade de vida 
dos participantes de uma cidade-sede. Já o ambiental diz respeito às 
exigências que o movimento olímpico faz às cidades que se candidatam, 
por exemplo, obras ligadas a saneamento básico e à despoluição, entre 
outros.	Documentos	oficiais	do	Comitê	Olímpico	Internacional	enfatizam	
a luta contra a exclusão por encarar o esporte como uma possibilidade 
na luta contra a pobreza. Diz mais Rubio (2014, p. 18)
O legado educacional não se mede da mesma forma, 
porque não é material, nem concreto. O legado 
educacional diz respeito à compreensão dos ideais 
olímpicos e sua aplicação no cotidiano tanto da 
população, quanto na vida dos atletas. As políticas 
públicas e a cultura são também parte das dimensões 
do legado. Estão relacionadas com as inovações 
ocorridas na cidade que se expressam na cultura. 
Incluem-se aqui as novas formas de cooperação e 
parcerias que se desenvolvem ao longo do processo de 
realização dos Jogos, como por exemplo, a formação 
de pessoal para trabalhar no corpo de voluntários.
Finalmente, ainda segundo Rubio (2014), o legado esportivo deve estar 
atrelado ao investimento na melhoria e na manutenção do esporte na 
cidade-sede e no país. Quando se fala de melhoria do esporte, a ideia 
não é apenas ligada ao de alta performance, devendo haver incentivo de 
participação esportiva para a maioria das pessoas, muito no sentido de 
um esporte-educação, colaborando para a formação do cidadão.
Também aqui vemos que o Rio 2016 não cumpriu várias das metas. 
Apenas como exemplo, já em 2014, ou seja, dois anos antes da realização 
dos Jogos no Rio de Janeiro, Guimarães, Paranhos e Guimarães 
(2014), adaptando um quadro criado por Garcia e Vergara (2000) sobre 
diferenças entre sustentabilidade forte e fraca, alertavam para a trilha 
inadequada da preparação da cidade no quisito sustentabilidade. Diziam 
que, por tudo o que havia sido providenciado, perspectivava-se enquadrar 
as obras no Rio de Janeiro na chamada sustentabilidade fraca, a qual 
apresenta, entre outras, as seguintes características: 
 UNIUBE 143
• concepção mais tecnocêntrica que ecocêntrica, daí um valor 
meramente mecanisicta; 
• sustentabilidade compatível com crescimento, dando prioridade ao 
capital natural em detrimento do capital humano; 
• desenvolvimento sustentável atrelado à ideia de crescimento 
econômico contínuo.
Os mesmos autores mostram a diferença deste item quando comparado 
com o conceito de sustentabilidade forte: concepção mais ecocêntrica que 
antropocêntrica; concepção sistêmica, deixando clara a incompatibilidade 
entre sustentabilidade e crescimento contínuo; desenvolvimento do 
sentido de meio ambiente global e sistêmico.
Sem, em nenhum momento, pormenorizar os problemas até agora 
apresentados, temos que reconhecer a existência de um outro ângulo 
possível de entender a palavra “legado”. Nesse viés, centraremos a 
acepção dessa palavra com foco na natureza humana. Sabemos que 
esse sentido, geralmente, está distante do conhecimento dos formados 
em Educação Física, mesmo havendo informações de serem esses 
profissionais	os	detentores	do	domínio	do	assunto.
Esse reconhecimento do legado do esporte é, inclusive, independente 
de sediar ou não os Jogos Olímpicos em nosso país. Temos uma história 
de	atletas	que	não	são	conhecidos	pelos	profissionais	da	área	nem	pela	
população em geral, que também merecem ser consagrados como 
legado. Vamos, novamente, apenas como pequenos exemplos, tentar 
deixar claro nosso pensamento sobre o assunto.
Os exemplos a seguir foram escolhidos de forma aleatória, não seguindo 
nenhum critério mais lógico. É importante deixar claro que existe um 
número muito mais expressivo de atletas merecedores da lembrança de 
todos nós brasileiros.
144 UNIUBE
Guilherme Paraense foi o primeiro medalhista de ouro pelo Brasil em 
Jogos Olímpicos, isto na edição de 1920. A delegação brasileira para 
esses jogos era pequena e quase não conseguiu chegar a tempo aos 
jogos, pois estava indo de navio para Antuérpia. Felizmente, na escala 
em Portugal, a equipe de atiradores embarcou de trem de Lisboa para 
o	local	dos	jogos.	Quantos	profissionais	da	área	da	Educação	Física	
conhecem	isso?	Isto	não	é	legado	esportivoe	olímpico?	Essa	equipe	
ainda conquistou outras medalhas, história essa desconhecida pelos 
responsáveis pela Educação Física.
Guilherme Paraense (Figura 10) foi um esportista brasileiro, nasceu em 
25 de junho de 1884, em Belém (PA), e faleceu em 18 de abril de 1968, no 
Rio de Janeiro. 
SAIBA MAIS
Figura 10: Guilherme Paraense.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
Tenente do Exército brasileiro e integrante do Fluminense Football Club, 
foi o primeiro atleta brasileiro a conquistar uma medalha de ouro em Jogos 
Olímpicos, na modalidade tiro.
 UNIUBE 145
O Brasil tem um histórico de sucesso em uma prova de atletismo nos 
Jogos Olímpicos, sempre tendo destaque nesta prova: o salto triplo. Vamos 
mencionar dois símbolos dessa prova: o primeiro, de história mais recente, 
foi João Carlos de Oliveira, medalhista de prata nos Jogos de Moscou, 
por mero pragmatismo falso. João teve seu salto vencedor e recorde, o 
que lhe garantia a medalha de ouro, mas o juiz indicou que ele “queimara 
o salto”. Anos depois, João inclusive já havia até falecido, o juiz desse 
evento	reconheceu	que	desqualificou	aquele	salto	em	função	do	vencedor	
ser do país-sede. Outra informação se faz necessária: quantos entusiastas 
do atletismo sabem que, por mais de duas décadas, o salto de João, nos 
jogos Pan-Americanos do México, foi recorde mundial com a marca de 
17.89	metros?	Isto	não	é	legado	esportivo	e	olímpico?
João Carlos de Oliveira (Figura 11), conhecido como João do Pulo , nasceu 
em Pindamonhangaba no dia 28 de maio de 1954 e faleceu em 29 de 
maio de 1999. Especialista em saltos, foi ex-recordista mundial do salto 
triplo, medalhista olímpico e tetracampeão panamericano no triplo e no salto 
em	distância,	militar	por	formação	profissional	e	político	brasileiro.		
SAIBA MAIS
Figura 11: João Carlos de Oliveira – João do Pulo.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
146 UNIUBE
Tornou-se político após deixar o atletismo por causa de um desastre 
automobilístico em que perdeu uma perna. Foi eleito para dois mandatos 
como deputado estadual em seu estado natal, São Paulo.
Neste segundo exemplo, enfatizamos mais uma vez a necessidade do 
entendimento um pouco diferenciado do que possa ser legado esportivo 
e olímpico. Há todo esse contexto de sacrifício humano, de dedicação 
por longos anos, certamente com muitas privações para se alcançar esse 
sucesso e nós, brasileiros, não nos damos conta disto. Isto não é legado 
esportivo	e	olímpico?
Adhemar Ferreira da Silva, quanto já ouviram falar desse nome e de 
sua	façanha?	Primeiro	atleta	brasileiro	a	ganhar	duas	medalhas	de	ouro	
olímpicas. Aliás, como curiosidade complementar, se associarmos a 
vida deste atleta ao futebol, os torcedores do São Paulo Futebol Clube 
deveriam	se	orgulhar.	Por	quê?	No	uniforme	do	tricolor	paulista	há	duas	
estrelas amarelas que não se relacionam ao futebol, e, sim, a esse 
atleta. São as duas medalhas por ele conquistadas em Jogos Olímpicos 
e presentes no dístico do São Paulo por ele ser atleta desse clube. 
Adhemar Ferreira Silva (Figura 12) foi um atleta brasileiro, primeiro 
bicampeão olímpico do país. Conquistou as medalhas de ouro no salto 
triplo nos Jogos de Helsinque em 1952 e de Melbourne em 1956. Em 2012, 
foi imortalizado no Hall da Fama do Atletismo. 
SAIBA MAIS
 UNIUBE 147
Figura 12: Adhemar Ferreira Silva.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
Ele é o único brasileiro a representar o país no salão da Federação 
Internacional de Atletismo (IAAF), criado como parte das celebrações pelo 
centenário dessa instituição.
Em nosso último exemplo, estamos deixando o palco olímpico, mas 
sem abandonar a cultura esportiva, tão em falta para todos nós e pouco 
lembrada como legado olímpico e esportivo numa época de grandes 
eventos esportivos em nosso país. Maria Ester Bueno foi considerada 
por muitos institutos e órgãos de imprensa como a maior atleta feminina 
da	América	do	Sul.	Isto	não	é	legado	esportivo?	Qual	a	porcentagem	de	
brasileiros	que	se	apropriou	desse	legado?
Maria Ester Bueno (Figura 13), chamada como Maria Bueno, foi 
uma tenista brasileira, que jogou nas décadas de 1950, 1960 e 1970, sendo 
uma das poucas tenistas que conquistaram títulos em décadas diferentes. 
SAIBA MAIS
148 UNIUBE
É considerada a maior atleta do tênis brasileiro (entre homens e mulheres), 
destacou-se como a melhor tenista do século XX da América Latina e 
incluída em 2012 na posição 38 entre os 100 Melhores Tenistas da história 
(considerando homens e mulheres) pelo canal Tennis Channel. Durante 
os anos de carreira, conquistou 589 títulos internacionais, entre os quais 
se evidenciam alguns muito importantes, como a conquista dos torneios 
individuais de Forest Hills (atual US Open), em 1959, 1963, 1964 e 1966, 
e os de duplas de 1960 e 1962 (com Darlene Hard) e 1968 (com Margaret 
Smith Court).
Figura 13: Maria Esther Bueno.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
Na soma dos títulos conquistados, Bueno venceu dezenove torneios 
do Grand Slam (sete na categoria simples; onze em duplas femininas; 
um em duplas mistas). De acordo com a Federação Internacional de 
Tênis, foi a n.º 1 do mundo em 1959 na categoria individual feminina. A 
instituição International Tennis Hall of Fame também a evidenciou como 
a	melhor	tenista	do	mundo,	em	1964	(depois	de	perder	a	final	no	Torneio	
de Roland-Garros e ganhar Wimbledon e o US Open) e 1966. No ano 
de 1960, essa grande atleta marcou a história como a primeira mulher a 
 UNIUBE 149
ganhar o chamado Grand Slam de tênis, isto é, a conquistar os quatro Grand 
Slams jogando em duplas num mesmo ano (três com Darlene Hard e um 
com	Christine	Truman	Janes).	Bueno	está	no	Livro	dos	Recordes:	na	final	
do US Open de 1964, quando disputou com a americana Carole Caldwell 
Graebner, Maria Esther venceu a partida, necessitanto apenas de dezenove 
minutos	para	isso.	Ressalta-se	que	sua	vitória	sobre	Margaret	Court	na	final	
individual de Wimbledon, em 1964, é tida por muitos como um dos dez jogos 
com mais emoção da história do tênis. Bueno é chamada por A Bailarina 
do Tênis, pois sempre apresentou elegância de estilo de jogo. Seu saque 
também é um dos mais potentes. Infelizmente, não pôde representar o Brasil 
nos Jogos Olímpicos, pois esse esporte deixara de ser olímpico na década 
de 1930, voltando apenas em 1996 a essa categoria.
Mencioná-la aqui é para prestar homenagem a essa grande atleta, que 
em sua trajetória ganhou, entre outras conquistas: mais de 500 títulos 
internacionais; 9 torneios Grand Slam na categoria simples, sendo 3 em 
Wimbledon e 4 US Open; 12 Grand Slam na categoria duplas. Isto não 
é	legado	esportivo?	Quantos	brasileiros	conhecem	isto?
Caso queira conhecer um pouco mais sobre essa grande atleta brasileira, 
sugerimos que leia o artigo “Maior tenista da história do Brasil, Maria Esther 
Bueno morre aos 78 anos”, do site Globo Esporte. Assista também aos 
dois vídeos disponíveis no site: no primeiro, a própria tenista fala de suas 
conquistas e, no segundo, há uma abordagem acerca de seu falecimento, 
em 2018.
https://globoesporte.globo.com/tenis/noticia/maior-tenista-da-historia-do-
brasil-maria-esther-bueno-morre-aos-78-anos.ghtml
SAIBA MAIS
150 UNIUBE
A lista poderia ser bem maior, mas os exemplos anteriores bastam para 
nosso estudo neste momento. Mais uma vez vale ressaltar que não 
estamos com isso pretendendo esconder todos os problemas também 
já mencionados. Eles existiram, existem e merecem ser atacados. Mas, 
e	este	outro	lado?	Não	merece	ser	conhecido,	divulgado	e	reverenciado?
7.3.2 O Legado da Copa do Mundo no Brasil
Se até aqui demos espaço preferencial aos Jogos Olímpicos, a seguir 
vamos também nos ater um pouco ao futebol, paixão de todos nós. Como 
no início deste capítulo dissemos, também no futebol tivemos grandes 
competições mundiais por aqui.
Para atender às exigências da FIFA, no que diz respeito a sediar 
uma Copa do Mundo, houve a necessidade da implantação de boa 
infraestrutura para o futebol, como: construção ou reaparelhamento 
de estádios; melhoriasno setor viário para acesso aos locais de jogos 
para torcedores; construção de centros de treinamento para as equipes 
participantes... e muito mais, demandando a essa missão a aplicação de 
recursos, tanto público como privado.
Como sempre acontece no Brasil, o orçamento inicial previsto para 
a realização da Copa do Mundo de Futebol foi, em muito, superado, 
especialmente, na demanda de recursos públicos.
Foram	edificadas	várias	arenas	em	capitais	brasileiras,	como	as	de	
Manaus, Natal, Cuiabá, entre outras, além de reformas como a do 
Maracanã, no Rio de Janeiro. Este último foi posto abaixo e construído 
um novo estádio. Por sinal, só neste século XXI, o Maracanã sofreu duas 
grandes reformas e uma total reconstrução!
 UNIUBE 151
Não há dúvida que o lado positivo dessa empreitada pode ser descrito 
por meio de alguns itens, como: 
• melhoria de acomodação para o torcedor; 
• qualidade dos novos gramados para o desenvolvimento do jogo;
• em alguns locais, houve melhoria do acesso e reaparelhamento de 
locais de estacionamento e outros.
Mas, não podemos deixar de mencionar a criação de 
“elefantes brancos”, representada pela estrutura de arenas 
desproporcionais no que diz respeito à sua utilização pelo 
universo do futebol.
Um exemplo é a Arena da Amazônia, com acomodações para 
aproximadamente cinquenta mil fãs do futebol. Sua subutilização pôde 
ser observada no campeonato de futebol amazonense, da principal série, 
uma vez que a média de público talvez não chegasse a mil expectadores. 
Alegava-se que ela poderia ser utilizada para sediar jogos de grandes 
clássicos do futebol brasileiro durante o ano, fato esse pouco provável, 
considerando os custos de transferências desses jogos de regiões como 
sudeste e sul para a capital Manaus.
Como discorremos acerca dos jogos olímpicos, está claro que o legado 
para o futebol também não se resume às estruturas físicas criadas. 
Mas, no caso do futebol, há algo já incorporado pelo brasileiro, assim 
as	justificativas	colocadas	anteriormente	ficam	com	menor	repercussão.
O Brasil, no que diz respeito ao futebol, necessita de uma política 
totalmente diferente da atual. Se amamos esse esporte, devemos 
priorizar o sentido participativo em relação a ele, participação esta que 
permita um número cada vez maior de praticantes do futebol, seja no 
sentido educativo, seja no de lazer, priorizando aí os investimentos 
públicos. O alto rendimento deve estar sempre na mão da iniciativa 
privada, considerando que se o estado assume essa responsabilidade 
152 UNIUBE
não haverá possibilidade de investir no esporte de base e no esporte-
participação.
Se por um lado, o esporte-espetáculo cada vez mais causa impacto na 
sociedade contemporânea, e isto é fato, devemos centrar esforços nas 
outras dimensões do esporte, no caso o futebol, que é muito estimado 
pelo nosso povo. Para isso, se faz necessário investir na pedagogia do 
esporte, lembrando duas preocupações elencadas por Nista-Piccolo e 
Nunomura (2014, p. 173 e 179):
O	 esporte	 em	 si	 não	 tem	 significado	 se	 não	 for	
analisado a partir do contexto social em que está 
inserido, pois, é justamente esta sociedade que lhe 
atribui	significado.	[...]	Tanto	as	instituições	esportivas	
como	os	profissionais	que	nela	atuam,	os	quais	tratam	
o ensino e o treinamento de qualquer modalidade 
esportiva fundamentando-se num bom programa 
pedagógico, têm e veem a formação humana como 
prioridade, sempre antecedendo à capacitação motora 
de seus alunos/atletas.
A partir do momento em que se institucionalizar políticas públicas do 
esporte com valores aqui destacados, certamente os investimentos serão 
mais dignos e a contribuição do universo desportivo para a formação do 
cidadão	cumprirá	sua	finalidade.
Vejamos a seguir um último lembrete para colocar todo esse tema de 
investimentos no esporte no seu devido lugar. Houve, durante todo o 
processo	de	investimentos	financeiros	para	os	grandes	espetáculos	
esportivos ocorridos no Brasil, nos últimos tempos, muitos casos de 
corrupção e todos devem ser apurados e seus responsáveis devem ser 
punidos. Mas, passou ser considerado pelo senso comum que o esporte 
depreciou os cuidados com o ensino e com a saúde. Esta não é a correta 
forma de se analisar o problema, considerando duas razões:
 UNIUBE 153
• a primeira diz respeito à corrupção, a qual sempre esteve presente 
nos círculos políticos e administrativos nacionais, não surgindo 
apenas neste momento de investimentos no esporte; 
• a segunda: educação e saúde já sofrem, há muito tempo, descaso 
dos responsáveis pelo poder neste país. 
Assumir o problema já existente não deve ser um peso a ser carregado 
apenas pelo mundo esportivo!
O recebimento da Copa do Mundo de Futebol pelo Brasil no ano 
de	2018	trouxe	benefícios	para	a	prática	esportiva	no	futebol?
Resumo
No momento atual, a área da Educação Física e Esporte apresenta-
se como possibilidade de contribuir para o desenvolvimento do sentido 
humano no homem. Mais ainda, há teóricos convictos de que, a partir do 
século XX, o ser humano redescobriu o que é corpo.
Assim, conquistar um padrão de vida saudável, garantindo qualidade de 
vida por meio de um corpo ativo, passa a demonstrar que a Educação 
Física, durante muito tempo atrelada apenas à escola formal, hoje é 
presença fundamental na área da saúde, especialmente no sentido de 
prevenção.
Neste capítulo, vimos que, para garantir a importância do trabalho da 
Educação Física para o ser humano, é necessária a transposição do 
entendimento de corpo para a corporeidade, esta redimensionando o viver.
Por	fim,	mostramos	que	o	esporte,	em	sua	complexidade,	deve	ser	
associado às mais diferentes manifestações sociais, garantindo a 
permanência de legados que possam contribuir para a vida em sociedade 
e a aprendizagem da cultura.
154 UNIUBE
Referências
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Introdução
Educação Física/Esporte: 
direito do ser humano Capítulo8
Logo	de	início,	neste	capítulo,	necessitamos	justifi	car	o	porquê	
colocamos, gravado, em seu título, a junção das expressões 
Educação Física/Esporte. Entendemos, mais uma vez, que 
essa observação se faz necessária, pelo esporte ser, hoje, um 
fenômeno mais abrangente que a própria Educação Física. Sendo 
assim, ele não pode ser considerado apenas como um simples 
conhecimento ou conteúdo da Educação Física.
Isto	também	justifi	ca	desenvolvermos	uma	argumentação	mais	
centrada no esporte, na perspectiva de encontrarmos o Homo 
Sportivus. Para tanto, recorremos de maneira prioritária a Jorge 
Olímpio Bento (2013) em seu “Desporto: discurso e substância”.
Ao	fi	nal	deste	capítulo,	esperamos	que	você	seja	capaz	de:
• demonstrar a importância do conhecimento e da prática 
esportiva para o ser humano viver ativamente em sociedade;
• mostrar	as	possibilidades	da	(re)	signifi	cação	do	esporte,	
normalmente conhecido apenas como prática de alta 
performance;
Objetivos
158 UNIUBE
8.1 A relevância do esporte na sociedade atual
8.2 Por uma outra dimensão do fenômeno esportivo
Esquema
A relevância do esporte na sociedade atual8.1
• utilizar o universo esportivo para reverter conceitos, 
princípios, valores, contribuindo para uma vivência ética e 
cidadã;
• explicar que a vivência da Educação Física, por meio da 
prática de exercícios sistematizados e da prática esportiva, 
é um direito inalienável do ser humano na busca de sua 
transcendência.
Iniciamos o tópico deste capítulo com as falas de Bento (2013) por 
entendermos	 que	 elas	 têm	 o	 sentido	 de	 justificar	 e	 demonstrar	 a	
importância e o encanto que o esporte transmite à vida do ser humano. 
Bento (2013, p.75) apresenta várias perguntas que pretende responder, 
ao	longo	de	seu	escrito,	a	partir	de	alguns	significados.	Vejamos:
O que é que está por debaixo da exercitação, do treino 
e	da	competição?	O	que	é	que	leva	as	pessoas	ao	
desconforto da transpiração, do esforço e do cansaço, 
dor da contração muscular, ao sabor amargo do débito 
do oxigênio e do dispêndio de energias, ao susto 
do bater do coração, às tensões, dúvidas e agruras 
da mobilização das forças e da vontade na procura 
de	rendimento?	Por	que	será	que	tantos	milhões	de	
pessoas se dirigem cada vez mais para os cenários 
formais	e	informais	das	práticas	desportivas?	Por	que	
razão é que ginásios, piscinas, estúdios de condição 
física e de ginástica aeróbica, assim como os locais 
mais aprazíveis e menos poluídos das nossas cidades 
são diariamente invadidos por jovens, adultos e idosos, 
por homens e mulheres, por indivíduos portadores de 
menores	ou	maiores	deficiências	e	anormalidades?	
 UNIUBE 159
Por que é que se entregam tão intensa, árdua e 
religiosamente ao exercício, como se estivessem a 
cumprir um ritual de evocar a Deus em que acreditam 
ou	ao	santo	padroeiro	da	sua	proteção?	Ou	como	se,	
desse modo, exorcizassem e esconjurassem todos os 
males	do	seu	corpo?
Certamente todas estas perguntas demonstram a importância e a 
abrangência do fenômeno esportivo na sociedade atual, bem como a 
complexidade do estudo do esporte, podendo este ser referência nas 
mais diversas áreas de conhecimento humano e âmbito de pesquisas 
científicas.		
No universo do esporte, encontramos referências destinadas ao sagrado 
e ao profano, vivenciam-se expressões de encanto e arte, da mesma 
forma que de desencanto e sujeira; encontramos a vitória e a derrota, 
o reconhecimento e a crítica, a esperança e o desespero. Vive-se 
todo o espectro das sensações humanas. Mais uma vez recorrendo a 
Bento	(2013,	p.	77)	temos	a	afirmação	que	o	esporte	é	“um	fenômeno	
antropológico fundamental em todas as épocas e lugares”. 
O esporte, segundo especialistas que nele militam, sempre foi colocado 
a serviço da arte de viver, levando Bento (2013, p. 76) a indicar:
A esta luz o tão propalado ideal da harmonia do corpo e 
da	alma	configura-se	na	habilidade	corporal,	na	beleza	
espiritual, na agilidade do pensamento, na elegância 
das ideias, na sinceridade 
das palavras, na cortesia 
dos gestos, na correção das 
atitudes,	na	fineza	do	riso,	no	
refinamento	das	emoções	e	
na lhaneza dos sentimentos. 
A isso chama-se a enformar 
a vida de ética e de estética; 
ensinar aos homens a rir e a 
jogar, coisas que aos deuses 
não foi dado aprender ou 
vivenciar.
Lhaneza
“Qualidade do que 
é lhano, afável; 
candura, singeleza, 
lhanura” (HOUAISS; 
VILLAR, 2009, 
p.1174).
160 UNIUBE
Vê-se, nestas palavras, uma nova forma de entender o esporte, não 
apenas associado aos condicionamentos físicos, aos treinamentos 
enfadonhos e repetitivos, ao sentido de mera malhação, fatores esses 
todos atrelados à busca de um rendimento sempre maior. 
Por uma outra dimensão do fenômeno esportivo8.2
Passar da visão delineada no parágrafo anterior para os novos olhares 
expressos ao esporte, indicados nas referências de Bento (2013) é 
um processo doloroso, revelando a perda de certezas e a aquisição 
de	desafios	pouco	enfrentados	por	teóricos	e	pesquisadores	deste	
fenômeno.
Moreira e Simões (2018, p. 163), ao apresentar o pensamento de 
Edgar Morin referente a tríade indivíduo, sociedade e espécie, indicam 
a	dificuldade	da	transposição	referida	anteriormente.	Mostram	que	a	
área da Educação Física/Esporte ainda não consegue superar uma 
oposição	de	menor	importância	na	formação	profissional,	que	é	a	do	
embate entre o mundo biológico e o cultural: “Os conceitos da biologia, 
da	anatomia	e	da	fisiologia	aprendidos	nesses	cursos	não	dialogam	com	
os conceitos antropológicos, sociológicos e psicológicos”. (MOREIRA; 
SIMÕES, 2018, p.163).
A importância do jogo e do esporte para o ser humano é reconhecida 
não	só	pelos	profissionais	da	área,	mas	pela	maioria	dos	pensadores	
modernos. 
Morin (2013), ao se referir ao homo ludens, mostra que nós, diferentemente 
dos outros animais, trazemos em nossa história a permanência do jogo. 
Infelizmente, em nosso desenvolvimento civilizacional, o jogo ganhou 
PONTO-CHAVEUNIUBE 161
contornos	mais	específicos	dos	aspectos	técnicos,	utilitários	e	racionais,	
impedindo, muitas vezes, que, ao vivenciá-lo, saboreamos o prazer (Figura 
1), a felicidade e a emoção do ato de jogar. 
Figura 1: Vivenciando o prazer de jogar.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Outro fator que podemos demonstrar, num momento de total falta de respeito 
à diversidade humana como estamos a presenciar hoje, é a importância do 
jogo e do esporte para recuperar a vida em comunidade, respeitando-se as 
diferenças. Como exemplo, lembremo-nos das equipes de futebol, pois nelas 
encontramos atletas das mais variadas regiões e continentes, africanos, 
sul-americanos, asiáticos, europeus, todos preservando suas identidades 
na maneira de ser e existir, no entanto lutando para o alcance dos objetivos 
de vencer, o que exige unidade de ação. 
Moreira	e	Simões	(2018,	p.	166)	desafiam-nos	com	a	pergunta:	“Por	
que não aproveitar essa mestiçagem cultural como mais um elemento 
integrador	para	o	estabelecimento	de	políticas	humanas”?
162 UNIUBE
Completando a preocupação levantada por esses autores, voltamos a 
Bento (2013, p.82/83):
O desporto é um palco onde entra em cena a 
representação do corpo, das suas possibilidades 
e limites, do diálogo e relação com a nossa natureza 
interior e exterior, com a vida e o mundo. Quer se diga 
de crianças e jovens, de adultos e idosos, de carentes 
e	deficientes,	de	rendimento	ou	recreação,	o	desporto	
é em todos os casos instrumento de concretização 
de	uma	filosofia	do	corpo	e	da	vida.	Constitui	uma	
esperança para a necessidade de viver.
Mais um fato interessante vem à nossa mente: hoje nos preocupamos 
com a falta de movimentos corporais do ser humano, a chamada 
“afisicidade”.	Para	combatê-la,	nos	apropriamos	de	ingestão	de	remédios,	
de assumirmos as mais variadas formas de regimes, elementos que 
certamente podem contribuir para uma qualidade de vida e de saúde. 
No entanto, mesmo com toda a argumentação até aqui desenvolvida, 
indicando o prazer, a utilidade, os benefícios da prática esportiva, 
temos ainda uma formulação bem pequena de inquéritos de pesquisas 
científicas,	versando	sobre	a	importância	dos	hábitos	esportivos	e	sua	
contribuição para o alcance dessa qualidade de vida. Encontramos, por 
outro	lado,	muitos	profissionais	da	área	da	saúde	recomendando	os	
cuidados e alertando sobre os fatores de risco dessas práticas.
No que diz respeito às crianças, o jogo e o esporte podem propiciar um 
retorno ao que perdemos nos dias atuais, o amor à vida e à natureza. 
Mais apropriadamente nas palavras de Bento (2013, p.83): “São crianças 
tontas	de	alegria	simples	que	consomem	filosofia	nas	suas	pernas,	
no seu esforço e suor. Encenam o desporto como elemento de uma 
pedagogia do amor à terra, ao corpo, à vida”.
É	possível	que	estejamos	na	hora	de	(re)	significar	o	esporte,	dando	
passagem para um espaço maior de educação em seu interior (Figura 
2). Já conquistamos direito ao tempo livre, e a sociedade, cada vez 
 UNIUBE 163
mais destinada ao mundo tecnológico, parece indicar a possibilidade de 
usufruirmos sempre mais do tempo ocioso. É necessário vivenciar esse 
tempo a partir do corpo próprio, a partir de dentro do ser. 
Figura 2: Vivências de jogos coletivos.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Essa perspectiva nos remete novamente à preocupação com a formação 
profissional	 na	 área,	 oferecendo	 argumentação	 consistente	 aos	
professores para, via jogo e esporte, contribuírem para a educação das 
crianças. Recorremos mais uma vez a Bento (2013, p.95)
Mais, a formação da competência desportiva não pode 
ser desligada da questão mais geral da competência 
cultural e do tempo livre. Quanto menor for a preparação 
cultural autêntica tanto mais dinheiro é preciso gastar 
para	se	divertir	num	fim	de	semana	ou	durante	as	férias.	
Se ninguém ensinar as pessoas em geral e as crianças 
em particular a produzir gozos ativos a partir de dentro, 
criativamente, então elas têm que comprar tudo fora.
O mesmo autor, mencionando a lembrança que Savater (1997) faz de 
um pensamento taoísta, escreve: “O erro dos homens é tentar alegrar o 
coração através das coisas, quando o que devemos fazer é alegrar as 
coisas com o nosso coração”. (SAVATER,1997, p.95).
164 UNIUBE
Vejamos	algumas	reflexões	a	partir	destes	argumentos:	não	é	isto	que	
vemos quase todos os dias, crianças esbravejando porque os pais não 
compraram	um	certo	brinquedo	no	shopping?	Ou,	crianças	inertes	e	apáticas	
manejando	os	controles	remotos	para	o	movimento	dos	brinquedos?	Não	
estamos a inverter uma lógica, que é a de crianças inativas no comando de 
brinquedos	ativos?
PARADA PARA REFLEXÃO
Constata-se, nos dias de hoje, a ausência de uma educação e de uma 
vivência pautadas em valores, fator esse que degrada as relações 
humanas. Teóricos do esporte mostram ser o esporte um excelente 
contributo para o desenvolvimento de princípios humanos. Os valores 
aprendidos na vivência do jogo e da prática esportiva não se esgotam 
apenas quando vividos no momento de sua realização. Eles podem ser 
incorporados ao dia a dia das pessoas e são apreendidos, na maioria 
das vezes, de maneiro prazerosa.
Bento (2013, p. 99/100) elenca valores encontrados no meio esportivo 
que podem ser processados continuamente em nossas vidas. A lista é 
longa,	mas	vale	a	pena	registrá-la	na	íntegra	no	sentido	de	justificar	a	
importância do fenômeno esporte para a aquisição desses valores a 
serem explicitados no dia a dia das pessoas:
Colocar paixão e emoção naquilo que se faz, 
envolvendo-se	com	empenho	e	afinco	e	mobilizando	
todas as forças e energias na realização dos objetivos 
traçados. Exercitar a disciplina e autodisciplina e gerir 
bem o tempo de cada dia, no sentido de suplantar 
as	 insuficiências	e	de	perseguir	o	aprimoramento	
constante. Ter um comportamento de desprendimento 
e de renúncia a papéis de vedeta e de ator principal, 
quando a harmonia necessária ao trabalho em 
equipe exige o desempenho de funções secundárias. 
Interagir com os outros, sejam eles colegas ou 
adversários, juízes ou espectadores. Agir segundo 
 UNIUBE 165
as regras do jogo que são as da correção e da ética, 
da consideração e do respeito pelo adversário, como 
forma de se respeitar a si próprio. Desenvolver e 
testar competências de vários tipos: motor, técnico, 
tático, afetivo e cognitivo. Desenvolver as capacidades 
de resistência e persistência, tendo em conta que a 
vida é bela, mas também é dura e que é muito tênue 
a linha de separação entre a vitória e a derrota. Pelo 
que é importante nunca desistir, saber lidar com as 
adversidades e contrariedades, com os erros, com 
os problemas e os insucessos, encarando-os como 
pretextos e oportunidades de aprendizagem, de 
crescimento e desenvolvimento. Incorporar o gosto e 
o risco de tomar decisões com consequências para o 
próprio, para o grupo e para outras pessoas. Adquirir o 
hábito de assumir responsabilidades e aceitar críticas 
pelo nível de cumprimento das tarefas claramente 
definidas	e	atribuídas	pelo	técnico	a	cada	elemento	da	
equipe. Formar um sentido de liderança. E este não 
decorre	de	gestos	focalizados	na	afirmação	de	um	
individualismo exuberante, mas sim da maneira como 
se consegue levar os outros a pensar e acreditar, a 
ver e fazer aquilo que possivelmente não veriam nem 
fariam sem o nosso impulso. Cultivar a imaginação, 
a inovação e a criatividade, a alegria e o otimismo – 
qualidades que o jogo permite treinar de modo quase 
ilimitado e que tão relevantes são para a vida, para 
reinventar o presente e sonhar e olhar para o futuro. 
Experimentar e aprender a conviver com estados de 
alma tão afastados e tão próximos uns dos outros: 
perder e ganhar, ter prazer e dor, o júbilo e a tristeza, 
a festa e a depressão, a ressurreição na vitória e a 
crucificação	na	derrota,	a	ascensão	ao	céu	no	sucesso	
e a descida ao inferno no insucesso, o gozo no sol no 
triunfo e a perdição das trevas no revés, a glória dos 
vencedorese a desonra dos vencidos, a euforia e a 
frustração, o choro e o canto, o encanto e o desalento. 
No fundo, aprender a lidar com a vida e com as várias 
dimensões que ela comporta: dia e noite, comédia e 
drama, riso e tragédia, manhã e ocaso, claridade e 
obscuridade, crescimento e apagamento.
Sem correr o risco de exagerar, as palavras descritas nessa citação 
poderiam	se	tornar	nosso	mote	principal,	nossa	justificativa	primordial	
na direção de explicitarmos a importância do jogo e do esporte para a 
vida de todos os seres humanos.
166 UNIUBE
As abordagens Homo Ludens e Homo Sportivus contribuem para a 
(re)	significação	da	vida,	pensando	assim	nos	tornam	mais	humanos	
e possibilitam a vivência de valores tão ausentes nas relações entre as 
pessoas nos dias de hoje.
Para	isto,	devemos	empreender	esforços	na	formação	de	profissionais	
e professores da Educação Física/Esporte (Figura 3). Serão eles que 
terão o privilégio de trabalhar junto a alunos e atletas, desenvolvendo a 
aprendizagem desses valores.
Figura 3: Professores de Educação Física.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Moreira (2012), preocupado com as questões educacionais e com a 
formação de professores de Educação Física, indicava ser a área uma 
fonte de ensino de pressupostos éticos, os quais poderiam fazer parte de 
nossas	reflexões,	exaltando	o	sentido	coletivo	da	ética.	Para	tanto,	traz	
a nós Pegoraro (2000, p.33):
Para Heidegger, o problema de fundo está em que a 
razão “esqueceu de meditar” o sentido da existência 
para dedicar a “calcular a realidade matematicamente”, 
cientificamente	e	tecnicamente.	A	razão	meditante	
reduziu-se à razão calculante, notadamente a partir de 
Descartes	[...]	Segundo	Heidegger,	o	século	XX	colheu	
o resultado mais pesado desta redução e limitação da 
 UNIUBE 167
razão ao cálculo. Somos uma 
geração que perdeu o sentido 
da profundidade ontológica. 
A existência humana torna-se 
errante, sem certezas e com 
rumos	mal	definidos.
Contribuir	para	que	professores	e	profissionais	da	
Educação Física/Esporte exercitem a capacidade 
de	refletir,	de	meditar,	torna-se	fundamental	para	
alterar os sentidos do esporte e do jogo. Educar 
por meio desse conhecimento é nossa função, 
é colaborar via Educação Física/Esporte para o 
alcance da cidadania.
Tubino (2013) apresentou três grandes trilhas percorridas pelo esporte: 
a da performance, destinada ao desenvolvimento do alto rendimento 
atlético,	 vivenciada	 por	 equipes	 e	 por	 atletas	 profissionais;	 a	 de	
participação, a qual é percorrida voluntariamente com o objetivo de busca 
do bem-estar por meio da aquisição ou manutenção de um estilo de 
vida saudável, e a da educação, destinada a prover os seres humanos 
do direito do lazer e da prática esportiva para todos, contribuindo para a 
vivência cidadã.
Ontológico
“No 
heideggerianismo, 
relativo ao ser em 
si mesmo, em sua 
dimensão ampla e 
fundamental, em 
oposição ao ôntico, 
que se refere aos 
seres múltiplos 
e concretos 
da realidade”. 
(HOUAISS; VILLAR, 
2009, p.1389).
168 UNIUBE
A delimitação de cada uma dessas trilhas do esporte não pode ser 
identificada	com	clareza,	considerando	que,	em	vários	momentos,	uma	
trilha coabita com as outras ou mesmo se sobrepõe. Por essa razão, não 
estamos aqui a discutir os critérios conceituais, mas, sim, apropriando-
nos do autor referido, para mais uma vez enfatizar a abrangência e a 
importância do esporte para a incorporação de valores humanos.
Moreira, Guimarães e Campos (2018) buscam demonstrar a importância 
do alcance da autonomia por meio da educação, para crianças e 
adolescentes, incluindo, no processo educativo, a vivência do jogo e do 
esporte. De início deixam claro que autonomia não pode ser um conceito 
abstrato. Ela deve possibilitar a indivíduos e às coletividades atitudes 
condizentes com a missão de recuperar o sentido e os compromissos 
com a humanidade.
Para o alcance da autonomia, enquanto algo concreto, não necessitamos 
experimentar e vivenciar princípios universais, como respeito a normas, 
ser disciplinado, buscar por meio do esforço e do suor superar problemas, 
tudo isto como elementos a serem apreendidos na escola via processos 
pedagógicos. 
E	mais:	isto	tudo	não	faz	parte	do	universo	dos	jogos	e	dos	esportes?
Se sim, porque deixarmos de lado essa excelente ferramenta educacional 
presente	na	escola,	via	disciplina	Educação	Física?	
PARADA PARA REFLEXÃO
Mais uma vez evidencia-se a importância da área não só para ensinar 
gestos técnicos e táticos, mas para transformar atitudes.
 UNIUBE 169
A autonomia, para ser alcançada, demanda “que o educando 
aprenda a jogar e a competir. A vida é, em última análise, um 
jogo em que competimos permanentemente para manter a 
condição de estar vivo”. (MOREIRA, GUIMARÃES, CAMPOS, 
2018, p. 108).
Também é importante deixarmos claro que competição não é algo tão 
negativo. O problema é qual valor damos à competição. Se competimos 
para eliminar outros, partimos de um valor inadequado, indigno de ser 
trabalhado nos momentos competitivos. Por outro lado, é evidente a 
máxima: quem não sabe competir, não sabe cooperar. Apropriamo-nos 
mais uma vez de Moreira, Guimarães e Campos (2018, p. 109)
Como pode ser observado, o problema não é a 
competição e sim o valor que a ela destinamos. Que 
seria a vida das crianças no caminhar pela trilha da 
busca da autonomia se esta não apresentasse, para 
alcançar	esse	fim,	o	universo	dos	jogos,	dos	brinquedos	
e	 das	 práticas	 esportivas?	 Jogando	 e	 brincando,	
e muitas vezes aí competindo, nos preparamos para 
sermos mais conosco mesmo, sermos melhor na 
relação com os outros e termos melhor conhecimento 
do mundo e das coisas. Isto é, salvo melhor juízo, 
educar-se.
Muitas vezes pensamos que a importância dos jogos e dos esportes se 
dá apenas aos alunos participantes da Educação Infantil e do Ensino 
Fundamental. Grande equívoco pensar assim, considerando que o 
trabalho com esses conhecimentos também é essencial no Ensino Médio.
Daí a preocupação de Golin e Moreira (2018, p.127) quando apresentam 
um artigo revelando várias produções na relação jogo e esporte com o 
Ensino	Médio,	reforçando,	ao	final,	a	necessidade	da	presença	desses	
conhecimentos nessa fase de escolarização. “Ensinar o esporte na 
escola	leva-nos	a	afirmar	que	a	busca	da	competência	esportiva	não	
pode estar desligada da competência cultural e da vivência do tempo 
livre”.	Afirmam	ainda	que	vivenciar	conscientemente	o	esporte	é	“poder	
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substituir hábitos de consumo do que está fora do corpo, por utilização 
do tempo com criatividade, com ações prazerosas que vêm de dentro do 
corpo”. (GOLIN; MOREIRA, 2018, p.17).
Vivenciar o jogo e o esporte na escola não abandona a necessidade da 
utilização de técnicas, mas exige o abandono de formas tradicionais de 
ensino, centradas na repetição e automatização dos fundamentos dos 
esportes. A técnica é bem-vinda no ensino desses conhecimentos, desde 
que reformulada em seu sentido. Para mostrarmos a importância disto, 
apropriamo-nos de Bento (2006, p. 157):
É a técnica que precede e possibilita a criatividade e a 
inovação. A criatividade será uma espécie de estado 
de graça, de harmonia e perfeição, um sopro de 
inspiração que responde a uma ordem e a uma voz que 
vêm de dentro, mas que só resulta quando a técnica 
se instala como uma segunda natureza. Sim, difícil 
é a técnica; com ela o resto é fácil. A técnica é uma 
condição acrescida e aumentativa; não serve apenas 
a	eficácia,	transporta	para	a	leveza,	a	elegância	e	a	
simplicidade, para a admiração e o espanto, para o 
engenho e a expressão de encanto. Sem ela não se 
escrevem poemas, não se compõem melodias, não 
se executam obras de arte, não se marcam gols, não 
se conseguem cestas e pontos, não se pode ser bom 
em nenhum ofício e mister. A arte, a qualidade, o ritmo, 
a harmonia e a perfeição implicam tecnicidade. Sem 
técnica	não	há	estética	de	coisa	alguma.	E	a	ética	fica	
deficitária	e	manca.	Enfim,	sem	técnicanão	logramos	
ser verdadeiramente humanos.
Como	vimos,	Bento	(2006)	ratifica	que	o	ensino	da	técnica	não	pode	e	
não deve ser desprezado pelos professores de Educação Física, dada a 
sua relevância para que os educandos possam usufruir das modalidades 
esportivas plenamente. No entanto, como educadores, devemos estar 
atentos às opções metodológicas que iremos dispor para o trabalho 
educativo. Resgatar, dar valor às experiências das crianças e buscar o 
prazer e a ludicidade deve, sim, fazer parte do cotidiano escolar. 
 UNIUBE 171
A vivência cidadã é pautada por pressupostos éticos e o trabalho com o 
jogo e com os esportes para crianças e adolescentes é de fundamental 
importância para essa conquista. Neste sentido, cabe à escola e 
sobretudo aos professores de Educação Física utilizarem esse patrimônio 
construído historicamente pela sociedade chamado Esporte, como mais 
uma ferramenta em prol da formação de nossos alunos.
Quais	diferenças	você	consegue	identificar	sobre	os	sentidos	de	
esporte	na	visão	tradicional	e	na	apresentada	neste	capítulo?
Resumo
Neste capítulo vimos que o fenômeno esportivo pode ser conhecido e 
vivenciado no sentido da melhoria das relações humanas, pois ele propicia 
a incorporação de valores como perseverança, corresponsabilidade, 
atitudes éticas, convivência e outros, valores esses importantes para a 
vida em sociedade.
Mais ainda, ao nos movimentarmos, podemos ir ao encontro do outro, 
do	mundo,	qualificando	a	vida	e	transformando	saber	em	sabor.	A	vida	
demanda movimento e este pode ser qualitativamente garantido pela 
presença de uma Educação Física e de um esporte assumidos de forma 
consciente.
Ser esportista, quer seja enquanto lazer ou educação ou até mesmo 
alto rendimento, é direito de todos. Daí a importância de se conhecer 
e vivenciar o universo esportivo apresentado por uma Educação Física 
calcada em valores éticos e estéticos. 
172 UNIUBE
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Anotações
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Anotações
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