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9 Fundamentos hist da Ed Física final

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Silas Queiroz de Souza
 Wagner Wey Moreira
Fundamentos históricos da 
Educação Física
Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube
 Souza, Silas Queiroz de.
S89f Fundamentos históricos da educação física / Silas Queiroz de 
 Souza, Wagner Wey Moreira. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 
 2019.
 184 p. : il. 
 Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba. 
	 							Inclui	bibliografia.																			
 ISBN 978-85-7777-862-1
 
 1. Educação física. 2. Educação física – Brasil. 3. Esportes. I. 
 Moreira, Wagner Wey. II. Universidade de Uberaba. Programa de 
 Educação a Distância. III. Título. 
 CDD 796.07 
© 2019 by Universidade de Uberaba
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico 
ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de 
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, 
da Universidade de Uberaba.
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Pró-Reitor de Educação a Distância
Fernando César Marra e Silva
Coordenação de Graduação a Distância
Sílvia Denise dos Santos Bisinotto
Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube
Editoração
Márcia Regina Pires
Revisão textual
Erika Fabiana Mendes Salvador
Diagramação
Douglas Silva Ribeiro
Ilustrações
Rodrigo de Melo Rodovalho
Getty Images
Depositphotos
Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Silas Queiroz de Souza
Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba (Uniube). Especialista 
em Planejamento e Gestão da Educação Física, Esporte e Lazer pela 
Universidade Paranaense (Unipar). Licenciado em Educação Física pelas 
Faculdades Integradas de Fátima do Sul (Fifasul). Atualmente é docente 
e diretor dos cursos de Licenciatura Plena e Bacharelado em Educação 
Física da Uniube.
Wagner Wey Moreira
Doutor em Educação (Psicologia Educacional) pela Universidade 
Estadual	de	Campinas	(Unicamp).	Mestre	em	Educação	(Filosofia)	pela	
Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Graduado em Educação 
Física por essa universidade. Graduado em Pedagogia – Habilitação em 
Administração e Orientação Educacional pela Faculdade de Educação 
Osório Campos – RJ. Graduado em Pedagogica – Habilitação em 
Supervisão Escolar pela Faculdade de Educação Dom Bosco. Líder 
do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Corporeidade e Pedagogia do 
Movimento – NUCORPO/CNPq. Atualmente é docente do curso de 
Graduação em Educação Física, de Mestrado em Educação Física e de 
Mestrado em Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro 
(UFTM). Coordenador do Programa de Mestrado em Educação nessa 
universidade. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq na área 
de Educação.
Sobre os autores
Sumário
Apresentação .............................................................................................................VII
Capítulo 1 Panorâmica da Educação Física no Ocidente I: da 
Grécia Clássica ao Renascimento ...................................... 1
1.1 Educação Física e a Grécia Clássica ...................................................................... 3
1.2 Educação Física e o Mundo Romano ..................................................................... 9
1.3 Educação Física e o Renascimento ...................................................................... 12
Capítulo 2 Panorâmica da Educação Física no Ocidente II: 
Educação Física e Tempos Modernos ..............................19
2.1 As correntes teóricas e o surgimento dos métodos ginásticos ............................ 21
2.2 A Escola Sueca ...................................................................................................... 26
2.3 Educação Física a partir da França ....................................................................... 29
2.4 Educação Física a partir da Alemanha .................................................................. 34
2.5 Educação Física a partir dos EUA ......................................................................... 37
2.6 Educação Física Desportiva Generalizada ........................................................... 40
Capítulo 3 Panorâmica da Educação Física no Brasil ........................45
3.1 Do Brasil Império até a década de 1970 do século XX......................................... 46
3.2 Da década de 1970 do século XX aos dias atuais ................................................ 56
3.2.1 Propostas de Abordagens Pedagógicas para a Educação Física 
Escolar ......................................................................................................... 57
3.2.2	Proposta	de	Regulamentação	da	Profissão ................................................ 65
Capítulo 4 Panorâmica do esporte no ocidente ..................................73
4.1 O esporte no contexto sociocultural da Grécia Clássica ....................................... 74
4.2 O esporte no contexto sociocultural de Roma até a Idade Média ........................ 77
4.3 O ressurgimento dos Jogos Olímpicos ................................................................ 78
Capítulo 5 Aspectos sócio-históricos do esporte moderno .................89
5.1 A origem e a constituição do esporte moderno ..................................................... 92
5.2 Perspectivas de análise sobre a constituição do esporte moderno ...................... 93
5.3 O esporte na sociedade capitalista ....................................................................... 96
5.4 O papel do Estado frente às questões do esporte no Brasil ................................. 98
Capítulo 6 Educação Física e Ciência: principais propostas 
atuais ................................................................................105
6.1 A Teoria Antropológica-Cultural do Esporte e da Educação Física ..................... 108
6.2 A Educação Física como Ciência da Praxiologia Motriz ..................................... 110
6.3 A Teoria da Psicocinética ......................................................................................111
6.4 A Ciência da Motricidade Humana ...................................................................... 113
6.5 A Ciência do Desporto ......................................................................................... 115
Capítulo 7 Educação Física e temas atuais ......................................121
7.1 Educação Física/Saúde/Qualidade de Vida ........................................................ 122
7.2 Educação Física/Corporeidade ........................................................................... 130
7.3 Educação Física/Legado/Olimpismo ................................................................... 138
7.3.1 O Legado Olímpico .................................................................................... 139
7.3.2 O Legado da Copa do Mundo no Brasil .................................................... 150
Capítulo 8 Educação Física/Esporte: direito do ser humano ...........157
8.1 A relevância do esporte na sociedade atual ........................................................ 158
8.2 Por uma outra dimensão do fenômeno esportivo ............................................... 160
Prezado(a) aluno(a), é um prazer tê-lo(a) conosco.
Nossa primeira palavra é para cumprimentar você por haver escolhido 
a	Educação	Física	como	área	de	conhecimento	científico	para	sua	
formação em graduação, quer seja na vertente da Licenciatura para a 
qual a preocupação maior é a capacitação do Professor, quer seja no 
caminho do Bacharelado. Esperamos que possa dominar o conhecimento 
da área, centrando no ser humano que se movimentaem busca de 
superação e transcendência.
A Educação Física e, com ela, o Esporte, podem ser considerados um 
dos	maiores	fenômenos	sociais,	especialmente	a	partir	do	final	do	século	
XIX, quando da reintrodução no cenário mundial, pelo Barão Pierre de 
Coubertin, dos Jogos Olímpicos da era moderna. Daí a razão de sua 
complexidade, exigindo do graduando conhecimentos das mais variadas 
áreas	científicas,	como	a	pedagógica,	a	biológica,	a	sociológica,	a	
psicológica, entre outras.
Se seu objetivo for competência, navegar nesse amplo universo da 
Educação Física e do esporte exigirá seu esforço e dedicação. Este é o 
objetivo da presente publicação por nós elaborada, a qual deverá auxiliar 
sua	busca	em	relação	ao	nível	de	excelência	profissional.
Uma explicação inicial se faz necessária. Estamos utilizando o binômio 
Educação Física e esporte, por reconhecer que, se nos primórdios 
da área, o esporte poderia ser considerado um dos conhecimentos 
atrelados ao universo da Educação Física, hoje, as coisas mudaram. 
Apresentação
VIII UNIUBE
Conforme observado por alguns autores, atualmente o esporte ganhou 
tal abrangência que já não é mais possível enquadrá-lo como apenas 
subordinado à Educação Física.
Também	justificamos	a	explicação	anterior	porque	nosso	escrito	trará,	
como poderá ser constatado, o desenvolvimento histórico tanto da 
Educação Física, quanto do Esporte, a partir de análises localizadas na 
Sociedade Ocidental.
Outro	ponto	que	gostaríamos	já	de	fixar	neste	início,	é	o	de	conclamar	
você para nos auxiliar nas mudanças necessárias para que a Educação 
Física tenha seu devido valor, executando um trabalho com o corpo dos 
alunos e dos atletas em que busquemos, com sensibilidade e valores 
éticos, o desenvolvimento de um corpo possível e não de um corpo 
perfeito idealizado pela mídia. Ressaltamos um trato com o corpo humano, 
considerando-o sensível, inteligível e carente, e não entendendo-o como 
corpo máquina que apenas precisa ser melhorado em seu rendimento.
Para se alcançar o propósito explicitado no parágrafo anterior, 
procuramos pautar este texto respeitando as mais variadas vertentes 
para o entendimento sobre a Educação Física e sobre o fenômeno 
esportivo, através das referências realizadas no texto, bem como nas 
sugestões de complementação de informações nas leituras sugeridas.
Use a abuse dos conhecimentos aqui desenvolvidos, complementando 
seus	estudos	com	as	referências	explicitadas	no	final	de	cada	capítulo,	
e ainda, dialogando com o presente texto de forma crítica e participativa, 
construindo	conceitos	e,	acima	de	tudo,	modificando	atitudes	como	
professores/profissionais	da	Educação	Física.
Desejamos a você uma boa caminhada, e quando estiver seguro ao 
caminhar, boa corrida, e quando esta estiver dominada, bons voos, 
possibilitando novas histórias para a Educação Física e para o Esporte.
Introdução
Panorâmica da Educação 
Física no Ocidente I: 
da Grécia Clássica 
ao Renascimento
Capítulo
1
Estruturamos este capítulo como sendo o primeiro momento 
de nosso voo panorâmico, centrando a argumentação em três 
grandes épocas da história ocidental: as contribuições da Grécia 
Clássica; o domínio Romano e o Renascimento. Vocês poderão 
perguntar:	e	a	Idade	Média,	por	que	fi	cou	fora?	
Na verdade, optamos por não acrescentar aqui essa fase histórica 
porque ela pouco tem a dizer sobre a importância do corpo e, 
mais ainda, pouco ou nada foi produzido de conhecimento que 
poderíamos associar com a Educação Física.
Por outro lado, nas duas civilizações antigas do ocidente, grega 
e romana, o corpo foi objeto de suma importância, tanto no que 
se refere às questões ligadas à estética e à competição, quanto 
no que tange às guerras. E somente no período conhecido 
como Renascimento é que teremos novamente a valorização do 
corpo,	principalmente	pela	infl	uência	dos	movimentos	artísticos,	
intelectuais	e	culturais	presentes	a	partir	do	fi	nal	do	século	XIV.	
É fundamental deixarmos claro, para a fundamentação de 
nossa argumentação, que utilizamos basicamente a produção 
de conhecimento de um dos mais respeitados escritores sobre 
2 UNIUBE
Ao	final	do	estudo	deste	capítulo,	esperamos	
que você seja capaz de:
• demonstrar quais os sentidos da ginástica e 
do esporte (Educação Física) para os gregos 
da Antiguidade Clássica, em especial sua 
vertente religiosa;
• explicar a passagem da festa religiosa da 
Educação Física para o sentido de espetáculo 
e de circo presentes no domínio romano do 
ocidente;
• mostrar como se estabeleceram o conhecimento 
e a prática dos exercícios físicos a partir do 
Renascimento.
1.1 Educação Física e a Grécia Clássica
1.2 Educação Física e o Mundo Romano
1.3 Educação Física e o Renascimento
Objetivos
Esquema
o tema – Inezil Penna Marinho. Esse autor, 
muitas vezes, foi compreendido de forma 
equivocada por pesquisadores mais novos 
e, até certo ponto, desrespeitado, o que sem 
dúvida é um tremendo equívoco. Preservar 
nossa história e seus representantes é um 
dever	de	todos,	professores	e	profissionais	da	
Educação Física.
Por	tudo	isto	justifica-se	nosso	respeito	ao	Prof.	
Inezil por sua produção acadêmica em prol da 
Educação Física. Sendo assim, neste capítulo, 
teremos os seguintes objetivos.
Inezil Penna 
Marinho
(1915/1987): 
nasceu no Rio de 
Janeiro, foi instrutor 
de Educação 
Física da Escola do 
Exército; técnico 
em Esportes pela 
Escola Nacional de 
Educação Física 
e Desportos da 
Universidade do 
Brasil; bacharel 
em Ciências 
Jurídicas e Sociais 
pela Universidade 
Federal do Rio 
de Janeiro; 
em Psicologia, 
pelo Instituto de 
Psicologia da 
Universidade do 
Brasil	e	Filosofia,	
pela Faculdade 
Nacional de 
Filosofia	da	
Universidade do 
Brasil. Recebeu o 
título de Professor 
Honoris Causa, 
título esse 
doado a grandes 
personalidades 
acadêmicas, das 
Universidades 
Federais do Paraná 
(UFPR), do Rio 
Grande do Sul 
(UFRGS) e de São 
Carlos (UFSCar).
 UNIUBE 3
Educação Física e a Grécia Clássica1.1
Quando falamos da Grécia Clássica, logo nos lembramos dos grandes 
filósofos.	Entre	eles,	para	nosso	estudo,	vale	a	pena	mencionar	Platão	
(432-347 a.C.). 
Figura 1: Platão.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube. 
Platão indicava que, para uma pessoa ser bem-educada, ela necessitava 
dominar e vivenciar algumas áreas de conhecimento, entre elas, 
destacava	a	ginástica,	a	matemática	e	a	filosofia.
Figura 2: Áreas de conhecimento.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
4 UNIUBE
Sugeria que a primeira, a ginástica, juntamente com a música, estivesse 
mais presente no dia a dia de crianças e adolescentes para a buca da 
harmonia entre o corpo e a alma. A segunda, a matemática, destinava-se 
a capacitar os jovens para o estudo e entendimento das ciências de modo 
mais	sistematizado.	Já	a	terceira,	a	filosofia,	capacitaria	os	adultos	para	
a	reflexão	e	o	atingir	da	meditação	(MARINHO,	1980;	GALLO,	2006).
Também é importante lembrar que Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo 
de Platão, recomendava se dar atenção ao corpo mesmo porque ele 
não	criava	dissociação	entre	alma	e	corpo.	Gallo	(2006,	p.12)	afirma:	
“O movimento, qualquer movimento físico, é feito pelo corpo, mas 
possibilitado pela ação da alma; da mesma maneira, o pensamento 
é faculdade de alma, mas só pensamos porque somos corpóreos”. 
Muitas das preocupações modernas da Educação Física já estavam 
presentes no pensamento aristotélico: boa alimentação, não ociosidade, 
e, ao mesmo tempo, ele fazia duras críticas ao sistema espartano de 
adestramento corporal na formação de guerreiros. Pensamos que, hoje, 
necessitamos de recuperar os ensinos de Aristóteles para evitar o trato 
com o que, para alguns, é chamado de corpo máquina, assim, devemos 
cuidados com o corpo do homem que se humaniza.
Já os jogos presentes na Grécia Clássica faziam parte de festas 
religiosas e eram tão importantes que, durante as competições, os 
gregos se apropriavam de uma sensação de união, mesmo porque 
jogos aconteciam em todas as comunidadesgregas. Hoje conhecemos 
sobejamente os Jogos Olímpicos, originários dessa época em Olímpia 
como parte das solenidades de honra ao deus Zeus. Estes jogos 
possuíam normas claras e rigorosas para a participação de todos, por 
exemplo:	atletas	que	chegassem	atrasados	eram	desclassificados;	
proibiam-se manobras desleais para vencer, intimidar ou comprar com 
dinheiro o adversário e ir contra as decisões dos juízes. Havia também 
alguns regulamentos com os quais podemos não concordar: escravos 
 UNIUBE 5
e bárbaros não podiam participar das provas; mulheres eram proibidas 
de presenciar as competições. Na verdade, muitos dos valores hoje 
presentes nas práticas esportivas já eram passíveis de punição na Grécia 
Clássica. A primeira edição dos Jogos Olímpicos na Grécia Clássica 
aconteceu em 776 a.C. e contava com 13 provas, das quais destacamos:
6 UNIUBE
Observe as Figuras 3 e 4 a seguir:
Figura 3: Corridas.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
Figura 4: Hoplitódromos.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
 UNIUBE 7
Figura 5: Pentatlo.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube.
Podemos observar (Figuras 3, 4 e 5) que as modalidades e provas 
olímpicas praticadas na antiguidade clássica, ainda que com objetivos 
diferentes	das	práticas	nos	dias	atuais,	sempre	fizeram	parte	da	vida	em	
sociedade, sendo, muitas delas, uma referência para os Jogos Olímpicos 
da Era Moderna, reeditado pelo Barão Pierre de Coubertain em 1896.
Já no Pancrácio (Figura 6), luta muito apreciada pelos gregos, valia 
quase tudo, menos colocar os dedos nos olhos do adversário, atacar 
sua região genital e morder. Claro que havia outros jogos, inclusive, com 
finalidades	fúnebres	(em	homenagem	a	heróis	falecidos)	como	descrito	
por Homero na Ilíada, contando com sete provas: corridas de carros, 
pugilato, luta, combate armado, arremesso de bola de ferro, tiro ao arco 
e arremesso da lança (MARINHO, 1980).
8 UNIUBE
Figura 6: Pancrácio.
Fonte: Acervo EAD-Uniube.
A educação grega valorizava a ginástica e os jogos. Os problemas 
existentes hoje nos esportes já começaram a se manifestar na época do 
domínio romano sobre os gregos. Menciona Marinho (1980, p.57)
A decadência da civilização grega coincide com a 
ascendência do poderio romano. Dominada por um 
povo militarmente mais forte, todas as manifestações 
de	sua	cultura	se	sentem	asfixiadas.	Há	como	um	
colapso em todos os setores da atividade humana, 
quer no domínio dos jogos, quer nas manifestações 
da	 inteligência	e	da	arte.	A	profissionalização	e	a	
corrupção dos atletas, a venalização dos juízes e a 
exacerbação do público determina a decadência dos 
Jogos Olímpicos...
Como pode ser observado, os gregos valorizavam o cuidado com o 
corpo, por meio da ginástica e dos jogos, inclusive, com elementos muito 
importantes, como manutenção da saúde e ética esportiva, cuidados e 
 UNIUBE 9
valores esses que, muitas vezes, se encontram perdidos na sociedade 
atual. Um esclarecimento importante: optamos por descrever aqui os 
jogos	e	não	no	capítulo	quarto	quando	vamos	refletir	sobre	o	esporte	
grego desta época, por manter a importante associação ginástica e o 
jogo presente no mundo helênico.
Educação Física e o Mundo Romano1.2
Ainda estruturados na argumentação de Marinho (1980) podemos 
identificar,	no	momento	de	poder	do	domínio	romano	na	sociedade	
ocidental, a continuidade da importância da educação construída nos 
moldes gregos. Apenas como exemplo, na educação romana, para 
as famílias que possuíam posses, havia, amiúde, um “professor” que 
acompanhava o desenvolvimento da criança e este era, normalmente, 
um grego. Importava, como valor maior na educação da época, o saber 
se	expressar	por	meio	de	uma	retórica	qualificada.	
Filósofos romanos como Cícero e outros 
afirmavam:	“O	orador[...]	é	o	homem	educado	que	
põe a sua inteligência e a sua instrução a serviço 
prático e representa uma classe mais elevada que 
a	do	filósofo	porque	inclui	este”.	(MARINHO,	1980,	
p.62). Também é conhecida historicamente, no 
mundo da Educação Física, a expressão de Juvenal (pensador e retórico 
romano que viveu entre os séculos I e II), Mens sana in corpore sano, 
interpretada	entre	os	profissionais	da	área	como	menção	importante	para	
os cuidados com o corpo.
No que diz respeito ao que hoje podemos atrelar ao universo da 
Educação Física e Esportes, na época do domínio romano no ocidente, 
temos	a	modificação	do	sentido	dos	grandes	jogos.	Estes	passam	a	ser	
circenses, mesmo mantendo no início o sentido de festas religiosas. 
Cícero
Marco Túlio 
Cícero (106–43 
a.C) foi um grande 
estadista,	filósofo	e	
escritor romano.
10 UNIUBE
Famosas eram as corridas de carros de duas rodas, impulsionados por 
parelha de cavalos ou por número bem maior desses animais, usados na 
Antiguidade como carros de combate, atividade essa que ganha tamanha 
repercussão a ponto de ser necessária a construção do Circus Maximus 
(Figura 7) para ser o local dessa manifestação de espetáculo.
Vocês já ouviram falar acerca do Circus Maximus?
SAIBA MAIS
Figura 7: Circus Maximus.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube. 
A expressão latina Circus Maximus é a designação do Circo Máximo de 
Roma. Ele foi criado por antigos reis de Roma para prática de grandes jogos 
e	esportes.	Era,	também,	uma	grande	influência	do	mundo	grego.	
Já o Coliseu (Figura 8) abrigava os espetáculos de combate entre 
gladiadores, entre estes e animais e mesmo entre animais ferozes, tudo 
com o sentido de agradar como espetáculo aos imperadores e ao público 
em geral.
 UNIUBE 11
Figura 8: Coliseu.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube.
São inúmeras as modalidades de jogos públicos presentes no período 
de dominação romana, entre os quais, podemos destacar dois: Os 
Cereales, com duração de oito dias, em honra da Deusa Ceres, havendo 
aqui a corrida de cavalos e a luta de gladiadores, e os Grandes Jogos, 
estabelecidos por Rômulo. Estes jogos ocorriam duas vezes por ano 
(abril e setembro) e tinham duração de cinco dias e inúmeros jogos, 
entre os quais: lutas, pentatlo, corridas de cavalos e combates entre 
gladiadores (MARINHO, 1980).
Não tão conhecido entre nós como o Coliseu, Marinho (1980) menciona 
o Campo de Marte, denominação em homenagem ao Deus da Guerra. 
Era localizado fora dos limites de Roma e era uma importante construção 
para a prática de exercícios militares. Pode-se constatar que muitos 
dos princípios e valores morais dos jogos presentes na Grécia Clássica 
foram, de certa maneira, desvirtuados quando da implantação dos jogos 
romanos. Sem cometer erros, temos as seguintes transformações:
12 UNIUBE
Quadro 1: Princípios e valores morais dos jogos na Grécia Clássica e em Roma
JOGOS NA GRÉCIA CLÁSSICA JOGOS EM ROMA
Atletas que se enfrentavam para vencer 
e serem reconhecidos.
Gladiadores que tentavam eliminar seus 
opositores para permanecerem vivos.
Na vitória, conquistava-se a coroa de 
louros.
Na vitória, adquiria-se o espólio do 
vencido.
Os jogos eram festas ocorridas nos 
estádios.
Os jogos eram festividades realizadas, 
normalmente, nos circos.
Os jogos consagravam a festa da beleza. Os jogos eram entretenimento grotesco .
Os jogos eram em homenagem ao 
deuses.
Os jogos, em muitos casos, eram 
capricho dos imperadores.
Já na era cristã, em 521, os jogos populares foram abolidos 
em Roma. A disseminação do cristianismo, que enfatizava o 
abandono do corpo em função do desenvolvimento espiritual 
para a conquista do reino celeste, foi fator preponderante para 
a extinção dos referidos jogos.
Educação Física e o Renascimento1.3
Mantendo nosso propósito para todo o capítulo, continuamos nos 
referenciando na obra de Marinho (1980) para efetuarmos a análise 
da Educação Física no Renascimento. Como ponto de partida, é 
interessante lembrarmos que o Renascimento surge em contestação 
aos valores vivenciados na Idade Média, em especial no que diz respeito 
à severidade no trato com o corpo, chegando, em muitos momentos, 
mesmo a desprezá-lo como algo não importante na constituiçãodo ser. 
 UNIUBE 13
Esta	época	–	o	Renascimento	–	provocou	o	reflorescimento	do	que	
podemos chamar de cultura, pois:
Petrarca na poesia, Bocaccio na prosa italiana, Erasmo 
na literatura, Miguel Angelo na pintura, escultura e 
arquitetura, Rafael na pintura, Leonardo da Vinci na 
pintura, escultura, arquitetura e engenharia, Galileo e 
Harvey nas ciências e dezenas de outros são nomes 
que simbolizam uma época bastante expressiva no 
domínio cultural. (MARINHO, 1980, p.80).
Entretanto, o que poderíamos chamar de preocupação com a Educação 
Física	é	encontrado	atrelado	à	educação	de	forma	geral,	pois	Maffeo	
Veggio (1407-1458), eminente pedagogo da época, dizia que os 
jovens “Devem ser exercitados para afugentar a preguiça do corpo. A 
ginástica deve apresentar a condição de não ser violenta”. Além desta 
recomendação, indicava já a importância da vivência de jogos, como nos 
mostra	Marinho	(1980,	p.	81),	“[..]	será	conveniente	exercitá-los	por	meio	
de jogos que não sejam demasiadamente brandos nem muito fatigantes, 
mas, e sobretudo, nunca indignos de um homem livre”. 
Outra interessante menção, relacionada ao que podemos chamar de 
Educação Física na época, é o pensamento do educador inglês Richard 
14 UNIUBE
Mulcaster (1530-1611) encontrado em seu tratado sobre educação, 
“Posições”, referido por Marinho (1980, p.85):
Assim como os poderes da alma não exercem nenhuma 
ação ou é muito pequena, se não estão alentados pela 
sua educação natural e murcham e morrem, como 
o grão sem secar, que chega até a apodrecer por 
abandono do dono, ou por causas semelhantes: - Assim 
também do mesmo modo, sendo o corpo de per si torpe 
e grosseiro, deve, ou extinguir-se ou viver enfermiço se 
não se o agita bem diligentemente.
Esse mesmo educador propõe em sua obra a divisão dos exercícios 
físicos em três partes: “Todos os exercícios se conceberam, primeiro 
para que servissem já como jogos ou passatempos, já para a guerra ou 
para milícia, já para a segurança da saúde e duração da vida; ainda que 
algumas	vezes	os	três	fins	concorram	a	um	e	outras	vezes	pode	ser	que	
não”. (MARINHO, 1980, p.86).
Você	já	ouviu	falar	do	Homem	Vitruviano	ou	Homem	de	Vitrúvio?
O Homem Vitruviano ou Homem de Vitrúvio é um desenho criado por 
Leonardo Da Vinci, no Renascimento, a partir do conceito “proporção divina”, 
criado por Marcos Vitrúvio Polião, arquiteto romano, autor dos Dez Livros 
sobre Arquitetura, do séc. I aC. Observe a Figura 9:
SAIBA MAIS
 UNIUBE 15
Figura 9: Homem Vitruviano.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube.
É importante observar, na Figura 8, um homem nu com os membros 
superiores e posteriores em diferentes posições, de modo simétrico. A 
imagem	demonstra	o	conceito	“proporção	divina”	que	evidencia	figuras	
geométricas perfeitas segundo o ideal clássico de beleza. Esse conceito 
é determinado por raciocínios matemáticos, desenvolvidos originariamente 
por Vitrúvio e aperfeiçoados, no desenho, por da Vinci.
Observe que o Homem Vitruviano, de Da Vinci, é mais uma expressão que 
traz à tona a evidência do corpo humano, no Renascimento.
Para compreender mais acerca do Homem Vitruviano, sugerimos que acesse 
o artigo O Homem Vitruviano – Leonardo da Vinci, de Simone Martins, do 
site História das Artes:
https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/o-homem-vitruviano-
leonardo-da-vinci/
16 UNIUBE
Mulcaster (apud MARINHO, 1980) demonstrava ainda que os exercícios 
físicos deveriam sofrer alterações quando praticados por diferentes 
faixas etárias. Aos adultos, recomendava exercícios de nível médio, não 
devendo ser nem fraco nem forte para evitar problemas. Aos jovens, 
indicava jogos e exercícios mais vigorosos, podendo causar bom nível 
de cansaço e suor aos seus praticantes.
Como pode ser observado, em todo o desenvolvimento da história 
ocidental, aqui analisada em uma pequena parte, o que hoje podemos 
chamar de Educação Física, enquanto uma área de trato com o corpo, 
esteve presente na forma de movimentos ginásticos, de exercícios físicos, 
de	jogos,	de	atividades	agonistas,	enfim,	do	universo	representativo	
dessa área de conhecimento.
Há diferenças nas formas de interpretar a Educação Física 
ao	longo	do	período	histórico	apresentado?	Podemos	ver	a	
Educação Física de hoje muito diferente do que se propunha 
no	passado	aqui	estudado?
Leia mais sobre o assunto abordado neste capítulo. Recomendamos a 
leitura do Capítulo 2 - As práticas físicas na civilização ocidental, do livro 
“Educação Física, esportes e corpo: uma viagem pela história” (CAPRARO 
e SOUZA, 2017), disponível na Biblioteca Virtual Pearson.
Acesse o link: 
https://uniube.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559726190/
pages/-2
SAIBA MAIS
 UNIUBE 17
Resumo
Iniciamos nosso percurso histórico da Educação Física no mundo 
Ocidental a partir da Grécia, mostrando a importância que esse povo 
dava para os esportes e para a ginástica. Com os esportes, cultuava-se 
a divindade; os atletas que representavam suas comunidades e venciam 
os jogos eram considerados semideuses.
Já no domínio romano, vimos a transformação do culto ao corpo perfeito 
e o culto aos deuses transformarem-se em espetáculos grotescos com o 
sentido de valorização do poder dos imperadores, para que os combates 
e	as	lutas	tivessem	um	fim	em	si	mesmos.	
Já a Idade Média perde de vista a possível importância do corpo, 
considerado instrumento do pecado pela religião dominante, quadro esse 
só alterado com o movimento do Renascimento, no qual o sentido de 
prática	de	exercícios	físicos	se	justificava	pela	volta	dos	ideais	existentes	
na Grécia antiga.
Referências
CAPRARO, André Mendes, Souza, Maria Thereza Oliveira. Educação Física, 
esportes e corpo: uma viagem pela história (Livro eletrônico). Curitiba: 
InterSaberes, 2017.
DEPOSITPHOTOS. Disponível em: https://br.depositphotos.com/. Acesso em: 
15 jan. 2019.
GALLO,	Silvio.	Corpo	ativo	e	a	filosofia,	In:	MOREIRA,	Wagner	W.	(Org.)	Século XXI: 
a era do corpo ativo, Campinas: Papirus, 2006, p.13-30. 
GETTY Images. Disponível em: https://www.gettyimages.com.br/. Acesso em: 
29 nov. 2018.
18 UNIUBE
HOPLITODROMOS LOUVRE MN704. Jpg. Altura: 600 pixels. Largura:717 pixels. 
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hoplit%C3%B3dromo#/media/File:
Hoplitodromos_Louvre_MN704.jpg. Acesso em: 25 nov. 2018.
MARINHO, Inezil P. História geral da educação física. São Paulo: Cia Brasil 
Editora, 1980.
MARTINS, Simone. Homem Vitruviano – Leonardo da Vinci. Disponível em: https://
www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/o-homem-vitruviano-leonardo-
da-vinci/. Acesso em: 29 nov. 2018.
Introdução
Panorâmica da Educação 
Física no Ocidente II: 
Educação Física e 
Tempos Modernos
Capítulo
2
Após	estudarmos	as	infl	uências	da	antiguidade	clássica	ocidental	
para a Educação Física, passaremos ao segundo momento da 
nossa trajetória, buscando evidenciar os principais pilares da 
Educação Física nos tempos modernos.
Para o presente capítulo, além de Marinho (1980), nos apropriaremos 
também dos escritos de Soares (2001) como fontes principais 
para a compreensão do aparecimento do que foi conhecido como 
“escolas” ou “métodos” ginásticos, produção de conhecimento 
essa originária na Europa a partir dos séculos XVIII e XIX.
Como primeiro ponto, convém lembrar que o século XIX traz 
consigo a efetivação da sociedade industrializada, exigindo para 
isso uma educação que preparasse os corpos trabalhadores 
para os meios de produção. Este contexto europeu determinou 
a necessidade de uma educação disciplinadora e ordeira, 
valorizando o vigor físico por meio de propostas higienistas.
20 UNIUBE
2.1 As correntes teóricas e o surgimento dos métodos ginásticos
2.2 A Escola Sueca
2.3 Educação Física a partir da França
2.4 Educação Física a partir da Alemanha
2.5 Educação Física/Esportes a partir dos EUA
2.6 Educação Física Desportiva Generalizada
Esquema
Ao	final	do	estudo	deste	capítulo,	esperamos	que	você	seja	capaz	de:
• demonstrar a associação degrandes pensadores da 
educação com a Educação Física, especialmente para a 
destinada às escolas;
• explicar os principais personagens da Escola Sueca e como 
esse método se estruturava; 
• nomear os responsáveis pela estruturação dos Métodos 
Ginásticos na França e na Alemanha, bem como explicar 
as adaptações dessas propostas para a Educação Física 
brasileira;
• apontar os esportes criados pelas Associações Cristã de 
Moços (ACM – YMCA) e seus respectivos proponentes, 
assim como demonstrar a composição do Método Calistênico;
• explicar a importância para o Brasil do Método Desportivo 
Generalizado, o qual, durante muito tempo, fez parte da 
Educação Física escolar em nosso país.
Objetivos
 UNIUBE 21
2.1 As correntes teóricas e o surgimento dos métodos 
ginásticos 
Podemos	 afirmar	 que	 muito	 da	 importância	 para	 a	 educação	 do	
movimento e, por conseguinte, dos conhecimentos atrelados à Educação 
Física, deve-se a Jean Jacques Rousseau (1712-1778). Mesmo 
acreditando que o corpo era um instrumento do espírito, Rousseau 
(Figura 1) enfatizava que um corpo débil pode deixar uma alma 
enfraquecida.
Figura 1: Rousseau.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube.
22 UNIUBE
Marinho (1980, p. 91) informa as palavras do autor:
Quereis,	pois	cultivar	a	inteligência	de	vosso	aluno?	
Cultivai as forças que ela deve governar. Exercitai 
continuamente seu corpo; tornai-o robusto e são para o 
tornar sábio e sensato; que ele trabalhe, aja, corra, grite, 
esteja sempre em movimento; que ele seja homem pelo 
vigor, e em pouco tempo o será pela razão.
Claro que permanece nesta trilha o sentido dual entre corpo e mente, 
sendo o corpo apenas um instrumento para o bom desenvolvimento da 
razão. Também pode ser observada, até os nossos dias, muito dessa 
premissa presente na Educação Física do século XXI, infelizmente.
É	possível	afirmar,	desde	sua	gênese	nos	tempos	modernos,	que	a	
“Educação Física” sempre esteve ligada ao contexto da educação de 
forma geral. Pestalozzi, discípulo de Rousseau, afrontou o princípio de 
uma educação disciplinadora de movimentos, de quietude, também 
criticada pelo seu mestre, e enfatizou a importância para a criança 
de ações de jogar, de se movimentar, de correr, visando tudo isto à 
necessidade do gasto de energia acumulada no organismo. (MARINHO, 
1980).
Você	conhece	Pestalozzi?	Sabe	de	suas	ideias-chaves?
Pestalozzi era um educador suíço que defendia que o professor deveria 
estar atento aos estágios de desenvolvimento da criança, em suas diferentes 
idades, atentando, especialmente, na sua singularidade. Defendia a 
educação integral (Figura 2), ou seja, não limitada à transmissão ou absorção 
de informações, mas, sim, oportunizando aos aprendizes protagonizarem 
diferentes experiências e aprender com elas.
SAIBA MAIS
 UNIUBE 23
Figura 2: Articulação entre o corpo e a imaginação, no jogar e no brincar.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Acreditava que o aprendiz deveria desenvolver em si mesmo a liberdade, 
crucial para o desenvolvimento da autonomia intelectual e moral. Para ele, 
nesse processo, o afeto na relação educador e aprendiz tem uma relevância 
fundamental. 
Caso queira saber um pouco mais acerca de Pestalozzi, sugerimos a leitura 
do artigo “Pestalozzi, o teórico que incorporou o afeto à sala de aula”, de 
Márcio Ferrari, do site da Nova Escola.
https://novaescola.org.br/conteudo/1941/pestalozzi-o-teorico-que-incorporou-
o-afeto-a-sala-de-aula
O texto traz as principais ideias do educador, de forma didática e com 
comentários de estudiosos da área. 
Na internet, você pode encontrar, também, outros artigos acerca do assunto! 
Se achar necessário, pesquise!!!
24 UNIUBE
Apenas como registro para mostrar parte das razões do aparecimento das 
“escolas” ou “métodos ginásticos” nos tempos modernos, mencionamos a 
figura	de	Herbert	Spencer	(1820-1903),	filósofo	inglês	que	afirmava	ser	a	
educação o resultado do caminhar por três grandes trilhas: a intelectual, 
a moral e a física.
Na verdade, Spencer vai sugerir a ginástica para a educação escolar, 
chamada	por	ele	de	“exercícios	fictícios”,	pela	falta	de	incentivo	aos	
exercícios naturais no âmbito escolar, deixando claro que “Os exercícios 
ginásticos além de serem inferiores aos jogos como ‘quantidade’ 
de exercício muscular, ainda são mais inferiores como ‘qualidade’”. 
(MARINHO, 1980, p. 93).
COMPARANDO
É neste contexto que podemos analisar o aparecimento dos “métodos 
ginásticos” na história da Educação Física.
Soares (2001, p. 51) também indica que as preocupações com os 
exercícios físicos estavam destinadas a “resolver os problemas 
colocados pela sociedade industrial” (Figura 3), considerando que, 
nesta sociedade, “o trabalhador se transforma em simples acessório das 
máquinas e necessita cada vez mais de atenção e saúde para suportar 
 UNIUBE 25
as intermináveis horas sem descanso e em posições absolutamente 
nocivas ao seu corpo”.
Figura 3: Posições de trabalho na sociedade industrial.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
O contexto descrito favorece o aparecimento, a partir dos anos 1800, de 
formas diferentes de se entender e oferecer trabalho no que diz respeito 
ao exercício físico, que veremos nos próximos tópicos deste capítulo.
Soares (2001, p.51-52) assim explica:
Essas “formas” receberão o nome de “métodos 
ginásticos” (ou escolas) e correspondem aos quatro 
países que deram origem às primeiras sistematizações 
sobre a ginástica nas sociedades burguesas: 
a Alemanha, a Suécia, a França e a Inglaterra (que 
teve um caráter muito particular, desenvolvendo de 
modo mais acentuado o esporte). Essas mesmas 
sistematizações serão transplantadas para outros 
países fora do continente europeu. 
26 UNIUBE
Com estas informações, estamos aptos para esmiuçar o aparecimento 
das “escolas” ou dos “métodos ginásticos” na Europa e do mundo 
esportivo a partir dos Estados Unidos da América. Vejamos.
A Escola Sueca2.2
O método de ginástica idealizado por Pehr Henrick Ling (1776-1839) 
foi sistematizado no início do século XIX e centrava sua preocupação 
em formar indivíduos fortes e saudáveis, evitando vícios que pudessem 
influenciar	negativamente	a	vida	em	sociedade,	daí	a	preocupação	
com a saúde e com a moral. Em pleno processo de industrialização, 
ter	operários	produtivos	e	soldados	eficientes	(pois,	neste	momento,	
eclodiam	guerras	de	demarcação	territoriais	na	região)	justificava	a	
presença	de	um	método	ginástico	para	essa	finalidade.	(SOARES,	2001).	
Observe Pehr Henrick Ling, na Figura 4:
Figura 4: Pehr Henrik Ling.
Fonte: Pehr Henrik Ling.jpg (2018).
Ling (apud SOARES, 2001) dividia sua proposta de ginástica em quatro 
tipos, a saber: pedagógica ou educativa; médica ou ortopédica; estética 
e militar e em todas se fazia presente a pedagógica. 
 UNIUBE 27
Já uma lição de seu método contava, entre outros aspectos, com: 
• exercícios de ordem;
• movimentos preparatórios em que havia movimentos de pernas, 
cabeça, braços, tronco; 
• extensão da coluna vertebral;
• equilíbrio;
• marchas; 
• movimentos abdominais e respiratórios, bem como saltos. 
Já as mulheres poderiam ser submetidas ao método com algumas 
restrições, entre as quais, o de não realizar exercícios físicos durante a 
menstruação. (SOARES, 2001)
A ginástica sueca destinava-se a propiciar aos cidadãos suecos o amor 
à pátria, levando Ling a propor, na época, uma nova abordagem para a 
Educação Física em seu país. Este autor via a ginástica, especialmente 
a pedagógica ou educativa, em íntima relação com as artes e até com 
a religião. Isto pode ser comprovado nos dizeres de Marinho (1980, 
p.97-98):
 
28 UNIUBE
Para Ling, a ginástica pedagógica e higiênica tem por 
fim	submeter	o	corpo	à	vontade;	ela	é	essencialmente	
educativa e social. Ele insiste sempre sobre a 
importância para satisfazer às necessidades da alma 
quanto às do corpo. Ela se destina aos dois sexos, a 
todas as idades, a todas as constituições e se pratica 
dentro de todas as condiçõesmateriais e sociais. Ela 
assegura a saúde, sendo essencialmente respiratória, 
a beleza por seus feitos corretivos e ortopédicos. Ela é 
energética e viril pelo emprego econômico das forças e 
a formação do caráter, social e patriótica pela educação 
disciplinada da célula humana a serviço da sociedade.
Por sua vez, a chamada ginástica médica produziu um grande número e 
variedade de exercícios terapêuticos. Nesta vertente havia a preocupação 
estética, a qual “permitia ao corpo exprimir certos estados de alma, de 
sentimentos	e	de	pensamentos	e	que	ela	é	influenciada	e	influencia	as	
belas artes”. (MARINHO, 1980, p.98).
Comungamos com a ideia de que Educação Física atual deveria ter 
aprendido alguns pressupostos já estabelecidos para os exercícios 
físicos encontrados na ginástica sueca, pressupostos esses decorrentes 
da	influência	do	pensamento	filosófico	de	Shelling	em	Ling,	como	nos	
mostra, com clareza, Marinho (1980, p.98):
A ginástica não deve considerar os órgãos do corpo 
como uma massa mecânica, mas animada em todas as 
suas partes e, por conseguinte, como um instrumento 
sempre vivo da alma. Um verdadeiro ginasta tem 
necessidade de conhecimentos, de senso artístico e de 
moralidade.
Claro que se você está, na formação de professores de Educação 
Física, num curso de Licenciatura, muito há que aprender com os valores 
embutidos já na proposta do método sueco.
Quais	 pontos	 importantes	 você	 identifica	 na	 proposta	 da	
Ginástica Sueca por meio do trabalho de Pehr Henrick 
Ling?	Hoje	 poderíamos	 aproveitar	 algo	 de	 sistematização	
metodológica?
 UNIUBE 29
Educação Física a partir da França2.3
D. Francisco Amoros y Ondeano (Figura 5), militar espanhol que atingiu o 
posto de major general, decepcionado com a política de seu país no início 
do século XIX, retira-se para a França, naturalizando-se francês, e passa 
a dedicar toda a sua vida à causa da Educação Física. Em 1830, publica 
o “Manual de Educação Física, Ginástica e Moral”, no qual demonstra 
os materiais necessários para a execução dos exercícios propostos, 
bem como desenha os aparelhos presentes em seu ginásio de ginástica. 
(MARINHO, 1980).
Figura 5: Amoros.
Fonte: Amoros.jpeg (2018).
Soares (2001, p. 61) demonstra que o método arquitetado por Amoros 
pressuponha: “Através da ginástica, que por si só promoveria a saúde, 
criaria homens fortes, seria possível aumentar a riqueza e a força, tanto 
do indivíduo quanto do Estado”. Seu método ginástico em muitos pontos 
se assemelhava ao de Ling na Suécia e era dividido em quatro ramos: 
civil e industrial, militar, médico e cênico ou funambulesco. 
30 UNIUBE
A proposta de exercícios para a ginástica civil, por exemplo, constava 
de quinze séries, entre as quais, destacamos os seguintes exercícios:
• ritmados	e	 cantados,	 com	finalidade	de	ativar	os	movimentos	
respiratórios; 
• de marchar e correr, levando ao hábito da execução de corridas de 
fundo e de velocidade;
• de saltos em altura, em profundidade e extensão; 
• de equilíbrio; 
• de transposição de obstáculos naturais, por exemplo, barreiras e 
muros;
• de	lutas	com	finalidade	de	subjugar	adversários;	
• de nadar com intuito de salvamento; 
• de tiro e esgrima; 
• de equitação;
• de danças, tanto militares quanto as presentes na sociedade.
É possível observar que, na proposta de Amoros, os exercícios 
apresentavam marcadamente um sentido utilitário. (MARINHO, 1980).
No entanto, para muitos historiadores, é Georges Demeny, biólogo, 
fisiologista	e	pedagogo,	por	haver	dedicado	toda	sua	vida	à	Educação	
Física,	a	principal	figura	representativa	da	escola	de	Educação	Física	
Francesa.
 UNIUBE 31
É	 ele	 quem	 traz,	 de	 forma	 mais	 aguçada,	 o	 significado	 de	 uma	
metodologia	científica,	baseada	nas	leis	da	física	e	da	biologia,	para	o	
âmbito da Educação Física, insistindo no abandono de procedimentos 
empíricos para a área de conhecimento. Além disto, o autor preocupou-se 
com a saúde da mulher, propondo exercícios físicos destinados ao corpo 
feminino (Figura 6). “Seus estudos sobre o movimento arredondado, 
contínuo	e	também	com	ritmo,	influenciados	pela	dança,	levaram-no	a	
trabalhar com a ginástica feminina.” (SOARES, 2001, p.66).
Figura 6: Exercícios físicos destinados à mulher.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Demeny foi crítico da proposta da ginástica sueca e, estruturado em 
estudos	 da	 fisiologia	 aplicada,	 apresenta	 seu	método	 com	 várias	
características, das quais destacamos:
• exercícios que provoquem contrações musculares dinâmicas, 
concêntricas, lentas e de intensidade média; 
• execução de movimentos completos e contínuos, não devendo ser 
interrompidos e vivenciados em todas as direções; 
32 UNIUBE
• cada movimento deve ter um ritmo proporcional ao peso do 
segmento,	à	dificuldade	de	execução	e	ao	grau	de		preparação	física	
do indivíduo; 
• durante o trabalho manter a respiração profunda e ritmada 
(MARINHO, 1980).
Os movimentos constantes da proposta de método criado por Demeny 
podem ser descritos como movimentos:
• executados sem aparelhos; 
• de resistência contínua; 
• de destreza;
• que levem à fadiga orgânica. 
Tudo isto numa execução de exercícios visando proporcionar “a saúde, 
a beleza, a destreza e a virilidade. E para obter tais qualidades deverão 
os exercícios proporcionar efeitos higiênicos, estéticos, econômicos e 
morais.” (MARINHO, 1980, p. 107). 
Também preocupava-se o autor com as questões do trato pedagógico 
quando da execução da ginástica, indicando que uma sessão de aula 
teria	de	satisfazer	três	exigências:	“ser	completa	e	útil;[...]	ser	graduada	
em	intensidade	e	dificuldade	[...]	e	ser	interessante	e	conduzida	com	
ordem e energia.” (MARINHO, 1980, p.108).
Um terceiro nome proeminente da ginástica ou da escola francesa para 
a	Educação	Física	certamente	foi	Georges	Hébert	(Figura	7),	oficial	da	
Marinha e diretor da Escola de Fuzileiros Navais. Ele contribuiu, em 
muito,	para	a	codificação	das	propostas	anteriores	existentes	na	França.
 UNIUBE 33
Figura 7: Georges Hébert.
Fonte: Lieutenant Hébert.jpg (2018).
Hébert estrutura, a partir de sua projeção no cenário da Educação Física 
francesa,	o	que	ficou	conhecido	como	Método	Natural	de	Ginástica,	o	
qual visava à promoção da aptidão física e era destinado a avaliar força 
muscular, destreza e resistência. Seu senso em regulamentar os testes 
físicos	cria	doze	provas	para	esse	fim:	
• saltos em altura e distância com e sem impulso; 
• corridas de 100, 500 e 1.500 metros; 
• subida em corda até 5 metros sem auxílio dos pés; 
• lançamento de peso; 
• levantamento de peso; 
• natação e mergulho (MARINHO, 1980).
Decorrente de seu trabalho origina-se o Método Francês, muito utilizado 
no início da Educação Física Brasileira na primeira metade do século XX, 
por	influência	da	importância	na	época	da	Escola	de	Joinville-le-Pont.
34 UNIUBE
Como	professores	e	profissionais	da	Educação	Física,	nós,	proponentes	
deste livro, lamentamos que tudo isto não conste, normalmente, no 
currículo tido como necessário ao professor de Educação Física em 
nossos cursos de licenciatura nos dias atuais. 
É importante lembrar que se não preservarmos nossa memória, 
dificilmente	construiremos	as	rotas	para	traçar	nosso	futuro.
A proposta de Demeny, principal representante da Escola 
Francesa com sua metodologia baseada nas leis da física e da 
biologia, poderia ser aplicada hoje no trabalho nas Academias 
de	Ginástica	e	Musculação?
Educação Física a partir da Alemanha2.4
Como nos casos anteriores já referidos, há muitos representantes dos 
movimentos ginásticos e de práticas de exercícios físicos na Alemanha, 
razão pela qual optamos em fazer referências aos considerados de 
expressão	e	que	de	certa	forma	influenciaram	a	caminhada	da	Educação	
Física no Brasil. 
Com maior ou menor intensidade, um dos 
principais motivos do aparecimento dos métodos 
ginásticos na Europa pode ser atrelado ao 
momento de estabelecimento das demarcações 
territoriais dos países daregião. Este também 
é o caso da Alemanha, onde as propostas 
relacionadas aos exercícios visavam à saúde, 
à robustez e à força de seus cidadãos, todos 
imbuídos de um espírito nacionalista que poderia 
ser desenvolvido pelas práticas gímnicas.
Práticas gímnicas
São práticas 
benéficas	para	
os indivíduos em 
todos as fases da 
vida, tais práticas 
podem contribuir 
para um melhor 
desempenho motor 
nas tarefas da vida 
diária, funcionais 
e/ou atividades 
esportivas.
 UNIUBE 35
É neste contexto que Guts Muths (Figura 8), considerado o grande nome 
inicial da ginástica moderna em seu país, centrada em pressupostos 
pedagógicos de Rousseau, entre muitas obras editadas, publica duas 
obras que serão referências: em 1793 temos a “Ginástica para a 
Juventude”,	na	qual	especifica	os	princípios	pedagógicos	de	seu	trabalho,	
e em 1817 há o “Livro da Ginástica para os Filhos da Pátria”, enfatizando 
o sentido político nacionalista de sua obra. (MARINHO, 1980)
Figura 8: Georges Hebert.
Fonte: -C-F-GutsMuths.jpg (2018).
A	ginástica	proposta	por	esse	autor	estruturava-se	nas	bases	da	fisiologia	
e era dever do Estado a sua implantação e controle. A regularidade das 
práticas era diária e nela deveriam estar todos os cidadãos, homens, 
mulheres e crianças. (SOARES, 2001).
A proposta metodológica de movimentos ginásticos para todos, ideário de 
Guts Muths, adentra mais intensamente na escola por meio do trabalho 
de Adolph Spiess com o Seu Sistema de Ginástica, o qual contava com: 
36 UNIUBE
1 - Exercícios Livres para membros superiores e inferiores.
2 - Exercícios de Suspensão – barras, paralelas e cordas.
3 - Exercícios de Apoio com balanceamento.
4 - Ginástica Coletiva – marchas ordem unida. (SOARES, 2001).
A importância de Spiess para a Educação Física Escolar, como nós a 
concebemos hoje, foi fundamental.
Ele adaptou os movimentos ginásticos mais gerais ao espaço escolar, 
indicando que sua prática deveria ser realizada todos os dias em um dos 
períodos, com classes por idade, devendo o professor ter preocupação 
com as questões posturais dos alunos.
PONTO-CHAVE
Segundo Marinho (1980, p.125), a crítica que se pode destinar ao trabalho 
de Spies reside na falta de critérios sólidos para o desenvolvimento das 
aulas propostas e os exercícios escolhidos não passavam por uma 
avaliação consistente no que diz respeito aos valores de pesquisa 
científica.	“Sem	abundância	de	flexionamentos,	escassas	as	aplicações,	
assoberbado	de	ginástica	de	aparelhos,	dificilmente	este	sistema	poderia	
levar os alunos àquele equilíbrio que Spiess procurava”.
Como informação importante, temos que na segunda metade do século 
XIX	o	Exército	Brasileiro	adota	oficialmente,	em	suas	linhas,	o	método	
alemão, sendo este substituído pelo francês apenas na segunda década 
do século XX.
 UNIUBE 37
Por sua vez, Soares (2001) informa que, para as escolas no Brasil, o 
método alemão não foi considerado adequado, adentrando ao espaço 
escolar o método francês.
A Ginástica alemã aparece em que contexto geral da Europa 
do	século	XIX?	Mais	ainda,	formulada	por	Guts	Muths	e	levada	
à escola por Spiess, quais problemas aconteceram nessa 
transposição?
Educação Física a partir dos EUA2.5
Analisar o desenvolver o histórico da Educação Física nos Estados 
Unidos da América, no que diz respeito a uma certa originalidade, faz 
sentido se começarmos a partir do século XVIII quando da independência 
desse país, bem como da criação das academias.
É a partir deste contexto que se pode notar a importância da prática de 
exercícios físicos para os estudantes. Comprovação disto é encontrada na 
obra de Benjamin Franklin destinada a jovens. Diz Marinho (1980, p.142)
Em 1743, aparece sua obra “Propósitos relacionados 
com a Educação da Juventude em Pensylvania”. Ele 
recomenda às academias serem organizadas para 
preparar a juventude para a sociedade. A escola deve 
ter uma “posição saudável” com jardim, horta, campos 
e gramados. Devem tomar-se as providências para que 
os alunos possam brincar, correr, saltar, lutar e nadar. 
Alguns	anos	depois	é	organizada,	em	Filadélfia,	uma	
escola segundo essas características.
No século XIX, nos Estados Unidos da América, já encontramos a 
declarada importância para a saúde da prática de jogos, recreação 
(Figura 9), exercícios físicos (estes, especialmente, vinculados aos 
movimentos ginásticos).
38 UNIUBE
Figura 9: Recreação.
Fonte: Depositphotos Acervo EAD-Uniube.
Em 1824 temos a gênese da ginástica alemã no país, por meio de 
Charles Beck, como pode ser comprovado pelo relato de um aluno de 
Beck mencionado por Marinho (1980, p. 143)
O Dr. Beck era professor de ginástica. Um espaçoso 
terreno	foi	reservado	para	tal	fim	e	equipado	com	todos	
os aparelhos usados na ginástica alemã. Toda a escola 
foi dividida em turmas e cada turma tinha uma hora, 
três vezes por semana, para instrução com o Dr. Beck. 
O desenvolvimento dos poderes do corpo e a força 
da constituição, foram aí reconhecidas pela primeira 
vez, como de grande importância para a educação dos 
rapazes.
Na verdade, se nossa intenção é dar ênfase ao caminhar da Educação 
Física nos Estados Unidos da América, precisamos destacar duas trilhas 
principais ocorridas quanto à realização dos exercícios físicos: a primeira 
diz respeito à proposta ginástica via Calistenia; a segunda centra-se na 
ação das Y.M.C.A. (Young Men’s Christian Association), conhecidas entre 
nós brasileiros como a Associação Cristã de Moços (ACM), com unidades 
hoje presentes em várias cidades no Brasil, entre estas, nas cidades de 
São Paulo e Rio de Janeiro.
 UNIUBE 39
Na trilha da calistenia, Marinho (1980, p. 145) 
aponta dois destaques: o primeiro é a contribuição 
de Catherine Beecher e sua “instituição feminina 
de educação superior para mulheres nos Estados 
Unidos”, pois Beecher insistia na importância 
da Educação Física e da Educação Moral. Nas 
aulas de Educação Física, o método utilizado era 
a calistenia, os exercícios eram executados ao 
ritmo de músicas.
O segundo destaque está centrado no Dr. Dio Lewis, defensor da 
calistenia. Segundo esse autor, a calistenia, por ele entendida mais 
como sistema do que como método, era destinada ao “homem gordo, ao 
homem fraco ou enfermiço, aos jovens e às mulheres de todas as idades 
– as classes que mais necessitavam de treinamento físico”. (MARINHO, 
1980, p. 145). 
Lewis defendia o seu sistema calistênico e combatia os métodos 
ginásticos,	afirmando	que	estes	serviam	apenas	para	os	ginastas	e	não	
para a população em geral, bem como criticava o treinamento militar 
por este centrar-se mais na parte superior do corpo. Sua argumentação 
exaltava os exercícios ginásticos, por meio do seu sistema, porque estes 
eram apropriados para o desenvolvimento da graça, da agilidade, da 
flexibilidade,	elementos	próprios	para	aquisição	de	um	estado	geral	de	
saúde corpórea.
Quanto à contribuição incontestável das Y.M.C.A., para a prática de 
exercícios físicos e desportivos nos Estados Unidos da América, ela é 
de fácil explicação. As associações tiveram sua gênese numa releitura 
do cristianismo, para a qual a prática de exercícios pode “promover um 
caráter cristão e que esse bem-estar físico e essa sã recreação conduz 
ao bem-estar moral”. (MARINHO, 1980, p.148).
Calistenia
Exercícios físicos 
em que se procura 
movimentar 
variados grupos 
musculares, 
enfocando o esforço 
e a potência.
40 UNIUBE
As Y.M.C.A têm sua origem na Inglaterra, com o objetivo inicial de 
congregar jovens para o estudo da Bíblia, passando, posteriormente, 
a incluir nessas reuniões as práticas de ginásticas e, mais à frente, a 
criação e a prática de alguns dos esportes mais conhecidos entre nós, 
como o basquetebol com James Naismith e o voleibol com William 
George Morgan, apenas como exemplos.
Aliás, como informação complementar, há uma disputa entre Brasil e o 
Uruguai para saber qual desses dois países foi o criador do Futebol de 
Salão, esporte também originário no interior da Associação Cristãde 
Moços (ACM).
Quais considerações você faria como importantes a respeito da 
ginástica calistênica e das ACMs a partir dos Estados Unidos 
da	América?
Educação Física Desportiva Generalizada2.6
É o professor Auguste Listello (1918-2010), argelino de nascimento e cidadão 
francês, o responsável pela criação e disseminação do que podemos 
caracterizar como a proposta ou o Método Desportivo Generalizado em 
nosso país, especialmente a partir de sua vinda ao Brasil no início da década 
de cinquenta do século passado. Esse mesmo professor por várias vezes 
lecionou cursos no território brasileiro, num período de trinta anos.
Mas	você	sabe	o	que	é	o	Método	Desportivo	Generalizado?	
O	Método	Desportivo	Generalizado	tem	por	finalidade	a	educação	integral	
de jovens e adultos por meio de jogos e atividades esportivas. 
IMPORTANTE!
 UNIUBE 41
Muitos pesquisadores da área da Educação Física apontam a importância 
da entrada desse método para o ensino dos conhecimentos da Educação 
Física,	em	especial	para	o	trato	com	o	tema	esporte.	Pode-se	até	afirmar,	
de certa maneira, que graças a ele se inicia no país o que podemos 
chamar de período de esportivização da Educação Física escolar.
Outro fato interessante a ser mencionado refere-se a ser Listello a pessoa 
a introduzir no Brasil o Handebol de Salão, já no ano de 1952.
 A proposta da Educação Física Desportiva Generalizada instala-se no 
período	de	grandes	modificações	no	cenário	nacional,	com	a	retomada	
da democracia após os anos de governo ditatorial de Getúlio Vargas 
e a implantação de uma estrutura industrial, a qual demandava a 
necessidade de crescimento do sentido de organização.
Claro está que o Método Desportivo Generalizado, além de adentrar 
no espaço escolar com força, foi mantido pelo prazer que propiciava 
aos alunos pelas práticas de atividades físicas desportivas, elemento 
mais motivador que as propostas ginásticas anteriormente presentes na 
Educação Física escolar.
Não	resta	dúvida	em	afirmarmos	que	o	movimento	desencadeado	
pelo Método Desportivo Generalizado entre nós propiciou um 
redimensionamento da Educação Física escolar, talvez só alterado 
novamente	a	partir	do	final	dos	anos	setenta	do	século	XX	com	a	
chamada crise da Educação Física Brasileira.
42 UNIUBE
Resumo
O segundo momento da Educação Física apresentado neste Capítulo 
2 mostrou a riqueza da produção de vários métodos ginásticos ocorrida 
em países da Europa e nos Estados Unidos da América, notadamente 
nos séculos XVIIII e XIX.
Foi, inquestionavelmente, a primeira tentativa da Educação Física se 
apresentar	como	uma	possibilidade	de	rigor	científico,	já	aqui	atrelada	
mais	aos	fatores	e	às	justificativas	anatômicas	e	fisiológicas,	procurando	
o desenvolvimento e a manutenção da saúde, esta entendida numa 
perspectiva higienista.
Por outro lado, há o engrandecimento do fenômeno esportivo, o qual 
passa a ocupar um lugar de destaque no cenário da Educação Física, 
notadamente na escola.
Referências
AMOROS.JPEG. Largura: 334 pixels. Altura: 422. 135 KB. Formato JPEG. 
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Amoros#/media/File:Amoros
.jpg. Acesso em: 28 nov. 2018.
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15 jan. 2019.
GETTY Images. Disponível em: https://www.gettyimages.com.br/. Acesso em: 
29 nov. 2018.
J-C-F-GutsMuths.jpg. Altura: 1000 pixels. Largura: 961 pixels. 206 KB. Formato 
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GutsMuths.jpg.. Acesso em: 28 nov. 2018.
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 UNIUBE 43
MARINHO, Inezil P. História geral da educação física, São Paulo: Cia Brasil 
Editora, 1980.
PEHR HENRIK LING.JPG. Altura: 675 Largura: 670. 231 Kb. Formato JPEG. 
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pehr_Henrik_Ling#/media/File:Pehr_
Henrik_Ling.jpg. Acesso em: 26 nov. 2018.
SOARES, Carmen. Educação física: raízes europeias e Brasil, Campinas: Autores 
Associados, 2001.
Introdução
Panorâmica da Educação 
Física no BrasilCapítulo3
Para o desenvolvimento deste capítulo, utilizaremos mais 
detalhadamente as referências básicas de Inezil Penna Marinho 
e Lino Castellani Filho, historiadores da Educação Física, que 
viveram em épocas distintas e que também possuem posturas 
diferentes no que diz respeito ao entendimento do processo da 
Educação Física brasileira, além de acrescentar outros escritos 
ao longo do texto.
Como o objetivo é demonstrar a continuidade histórica da área da 
Educação Física entre nós, entendido esse “nós” como o Brasil, 
país constituído, optamos em dividir o capítulo em dois momentos: 
o	primeiro	do	Brasil	Império	até	o	fi	nal	da	década	de	70	do	século	
passado e o segundo dos anos 80 do século passado aos nossos 
dias.	Justifi	ca-se	essa	divisão	porque	o	primeiro	período,	mesmo	
com vários momentos de propostas bem diferenciadas para a 
área, não contou com a tentativa de quebra de paradigma no 
oferecimento da Educação Física. Apenas nos anos 80 do século 
XX é que ganha força no Brasil um movimento de redirecionar de 
maneira bem clara os destinos da Educação Física.
46 UNIUBE
3.1 Do Brasil Império até a década de 1970 do século XX
3.2 Da década de 1970 do século XX aos dias atuais
3.2.1 Propostas de Abordagens Pedagógicas para a Educação 
Física Escolar
3.2.2	Proposta	de	Regulamentação	da	Profissão
Esquema
Ao	final	do	estudo	deste	capítulo,	esperamos	que	você	seja	capaz	de:
• listar e comentar as propostas metodológicas de Educação 
Física propostas no Brasil Império, bem como seus principais 
objetivos;
• demonstrar a importância de Rui Barbosa para a implantação 
da Educação Física Escolar;
• mostrar os sentidos higienista e de eugenia presentes na 
Educação	Física	escolar	brasileira	no	final	do	século	XIX	e	
início do século XX;
• avaliar as tendências pedagógicas surgidas na Educação 
Física escolar a partir da década de setenta do século XX;
• analisar, nas perspectivas políticas e administrativas, o 
aparecimento do CONFEF (Conselho Federal de Educação 
Física) e dos CREFs (Conselhos Regionais de Educação 
Física) e a ação destes órgãos junto ao desempenho 
profissional.	
Objetivos
Do Brasil Império até a década de 1970 do século XX3.1
Como	ponto	de	partida,	justificaremos,	a	seguir,	que	a	abordagem	deste	
capítulo se inicia no Brasil Império porque é a partir deste momento que 
podemos caracterizar com maior clareza o que podemos chamar de uma 
Educação Física, enquanto participante do universo escolar. 
 UNIUBE 47
Sendo assim, como falamos, a primeira fase desse período pode ser 
caracterizada como a do Brasil Império, ou seja, entre os anos de 1822 
e 1889. Fato importante mencionado neste espaço de tempo ocorreu 
em 1823 quando, ao se discutir na Assembleia Constituinte, convocada 
por D. Pedro para a elaboração da primeira constituição brasileira, 
encontramos uma proposta assim descrita por Marinho (s/d, p.22)
[...]	será	reputado	benemérito	da	pátria,	e	como	tal	
condecorado com a Ordem Imperial do Cruzeiro ou nela 
adiantado,	se	já	a	tiver,	aquele	cidadão,	que	até	o	fim	do	
corrente ano, apresentar a Assembleia melhor tratado 
de educação física, moral e intelectual para a mocidade 
brasileira.
Interessante notar que a tramitação de processos nos órgãos políticos, 
já nesta época, sofre da mesma morosidade de hoje, pois esse assunto 
educacional volta a ser apreciado apenas em 1837. Já em 1854, é 
apresentado à Assembleia Geral Legislativa a proposta para a reforma 
do ensino e nela havia a inclusão da ginástica nos currículos das escolas 
públicas, fato que corresponderia a um primeiro e importante avanço 
para a Educação Física e a Educação de um modo geral. Sem correr em 
erro,	pode-se	afirmar	que	os	destinos	da	Educação	Física	nesse	período	
estiveram atrelados aosprincípios vivenciados em colégios militares, tais 
como hierarquia, disciplina, ordem, força, saúde, robustez. (MARINHO, s/d).
Em sua obra, Marinho (s/d, p.27) enaltece a contribuição dos pareceres 
de	Rui	Barbosa	(Figura	1)	em	prol	da	Educação	Física,	afirmando	
tendo	estes	pareceres	 “larga	 repercussão,	 influindo	decisivamente	
para que a Educação Física encontrasse ambiente favorável ao seu 
desenvolvimento”.
48 UNIUBE
Figura 1: Rui Barbosa.
Fonte: Rui Barbosa.jpg (2018).
Marinho (s/d, p.27) explicita ainda mais a importância de Rui Barbosa 
quando registra:
A contribuição de Rui Barbosa em seus Pareceres 
sobre as Reformas do Ensino Secundário e 
Superior e do Ensino Primário e Várias Instituições 
Complementares, para que, em nosso país se criasse 
uma mentalidade favorável à prática de atividades 
físicas, quer sob a forma de ginástica, quer sob a de 
desportos ou exercícios militares, é tão admirável que 
ele bem merece o título de Paladino da Educação Física 
no Brasil, que lhe outorgamos em uma de nossas obras.
Castellani Filho (2001), partindo de uma visão mais crítica sobre o 
processo de constituição histórica da Educação Física brasileira, por sua 
vez, apresenta uma argumentação consistente de discordância da visão 
anteriormente referida, lembrando que todo esse processo é oriundo de 
 UNIUBE 49
uma visão higienista de educação escolar. Mencionando Jurandir Freire 
da Costa, revela:
[...]	A	ética	colonial	repudiava	o	trabalho.	O	branco	livre	
não	se	imaginava	exercendo	uma	profissão	que	lhe	
exigisse ocupação manual. O chefe de família digno 
não trabalhava: vivia de rendas ou da exploração 
parasita do trabalho dos outros. Se não era proprietário 
de terras ou comerciante, procurava locupletar-se em 
algum cargo burocrático da administração pública. 
Quando nenhuma dessas possibilidades surgia, sugava 
o trabalho escravo até a última gota...”. (CASTELLANI 
FILHO, 2001, p. 45).
Conforme adverte Castellani Filho (2001), 
a Educação Física era rechaçada enquanto 
relacionada à atividade física produtiva, isto é, a 
“trabalho”, portanto, não o era – como continua 
não o sendo – no outro sentido. Por outro lado, em 
sua compreensão de atividade de não trabalho, 
em seu sentido lúdico, de preenchimento do 
ócio e do tempo livre, pelo contrário, sempre foi 
valorizada pela classe dominante (ROUYER, J. 
1977, apud CASTELLANI FILHO, 2001).
Ao falar do desenvolvimento da história da Educação Física no século 
XX, não podemos deixar de mencionar as contribuições do trabalho de 
Fernando de Azevedo, autor de alguns livros e principal representante, 
na primeira metade desse século, da revista Educação Physica, o qual 
deixava clara a sua admiração pela presença de Rui Barbosa junto à 
Educação Física brasileira.
Defensor da eugenização do povo brasileiro, Azevedo apresentava a 
Eugenia como “ciência ou disciplina que tem por objeto o estudo das 
medidas	sociais-econômicas,	sanitárias	e	educacionais	que	influenciam,	
Visão higienista
O Movimento 
Higienista teve 
como preocupação 
central a saúde 
individual e 
coletiva da 
população, sendo 
a escola lócus 
apropriedado para 
a disseminação 
de novos hábitos 
higiênicos.
50 UNIUBE
física e mentalmente, o desenvolvimento das qualidades hereditárias dos 
indivíduos	e,	portanto,	das	gerações	[...]”,	afirmações	essas	encontradas	
em Castellani Filho (2001, p.55).
Por	essa	razão	fica	evidente	a	importância	que	Fernando	Azevedo	
destinava à Educação Física: melhorar e preservar a eugenia da raça 
por meio da vivência de atividades físicas. Prova disto encontramos em 
Castellani Filho (2001, p. 56)
O raciocínio era simples: mulheres fortes e sadias 
teriam	mais	condições	de	gerarem	filhos	saudáveis,	os	
quais, por sua vez, estariam mais aptos a defenderem 
e construírem a Pátria, no caso dos homens, e de 
tornarem mães robustas, no caso das mulheres.
Duas vertentes, pode-se dizer, caminharam paralelamente na história da 
Educação Física no Brasil: a eugenização da raça	e	a	forte	influência	do	
pensamento	higienista.	Estas	trilhas	permitem	afirmar	que	a	Educação	
Física recolhe o corpo mulher para as atividades de ginástica, fato 
esse anteriormente considerado pouco evidente. Daí a preocupação 
de Fernando Azevedo em propiciar a prática “da Ginástica a ambos os 
sexos na formação do professorado e nas escolas primárias de todos os 
níveis”	e,	especificamente,	às	mulheres	propunha	“atividades	ginásticas	
que atinassem para a harmonia de suas formas feminis e às exigências 
da maternidade futura”. (CASTELLANI FILHO, 2001, p. 58).
Eugenização da raça: a Eugenia pretendia promover o desenvolvimento 
das qualidades hereditárias dos indivíduos e, portanto, das gerações, ou 
simplesmente,	a	purificação	da	raça.	Neste	contexto,	à	Educação	Física,	
influenciada	pelo	modelo	social	europeu	da	época,	caberia	um	papel	
preponderante, ou seja, por meio dos exercícios ginásticos, mulheres fortes 
e	sadias	teriam	condições	de	gerarem	filhos	saudáveis.
SAIBA MAIS
 UNIUBE 51
Esse mesmo autor lembra que as reformas educacionais instituídas 
em muitos estados brasileiros na década de vinte do século XX 
já contemplavam a Educação Física no contexto dos conteúdos 
programáticos, destinados às escolas do ensino primário e secundário.
Soares (2001, p.68-69)), por sua vez, corroborando Castellani Filho 
(2001), demonstra que o decorrer da Educação Física no período da 
segunda metade do século XIX até a década de trinta do século XX 
esteve muito atrelado às instituições médicas e militares.
Neste trabalho, as instituições médicas foram 
privilegiadas e o discurso médio higienista ouvido, 
pois acreditamos poder encontrar, nessas instituições 
e no seu discurso, elementos que nos auxiliem na 
compreensão da Educação Física como sinônimo de 
saúde física e mental, como promotora de saúde, como 
regeneradora da raça, das virtudes e da moral.
Toda essa presença dos médicos na área da Educação Física propicia o 
que a autora chama de uma pedagogia da boa higiene, pedagogia essa 
oferecida às famílias para o estabelecimento de normas de vida, que, 
entre outras condutas e cuidados, estava presente a importância dos 
exercícios físicos. 
Pela argumentação até aqui desenvolvida, nos dizeres de Soares (2001, 
p.91),	fica	patente	que	a	Educação	Física	brasileira,	“em	suas	primeiras	
tentativas para compor o universo escolar, surge como promotora 
de saúde física, da higiene física e mental, da educação moral e da 
regeneração ou reconstituição das raças”. 
Ainda como importante, devemos mencionar, especialmente no decorrer 
dos anos trinta e quarenta do século XX, a íntima relação encontrada nos 
documentos delineadores da Educação Nacional, das áreas de Educação 
Cívica e da Educação Física. No Plano Nacional de Educação construído 
52 UNIUBE
em 1937, o ensino cívico aparecia em todos os graus de escolarização 
e a Educação Física era obrigatória nos cursos primário e secundário.
É também nesta década de trinta do século XX que deparamos com 
o que pode ser reconhecido como a militarização da Educação Física. 
Quem nos traz esta informação é Castellani Filho (2001, p. 87) ao relatar 
um trecho do artigo de Hélion Póvoas na revista “Educação Física” de 
novembro de 1938:
Entreguemos ao exército todos os poderes para que, 
no setor de Educação Física, ponha em prática, em 
todo o território nacional, sua técnica disciplinadora que 
é, no momento, um evangelho salutaríssimo à nação. 
Para nos pôr a salvo das tormentas, organizando a 
nossa defesa, o exército glorioso precisa de um 
“Homem brasileiro”, com todas as letras maiúsculas, 
bem	maiúsculas.	Confiantes,	entreguemo-nos	a	ele,	
porque só ele dispõe dos elementos necessários 
a um renascimento de vigor físico indispensável à 
organização bélica de uma Pátria, ainda que a mais 
pacífica,	como	a	nossa.	Seja	o	Brasil,	todo	ele,	no	
tocante à Educação Física, uma Escola de Educação 
Física	do	Exército[...].
Adentrando na década de quarenta, deparamos com o desenvolvimento 
daSegunda Guerra Mundial (Figura 2), e o Brasil de Getúlio Vargas, 
identificado	com	as	propostas	ideológicas	vindas	da	Alemanha	e	Itália,	
tenta a formação da “Juventude Brasileira”, razão de implantar com 
grande convicção nas escolas a obrigatoriedade da Educação Cívica, 
Moral e Física. Melhor explicitando, nas palavras desse presidente, 
o objetivo desta empreitada era “incrementar a educação física nas 
novas gerações, organizando a juventude por forma a constituir reserva 
facilmente mobilizável, sempre que houver objetivo patriótico a alcançar”. 
(CASTELLANI FILHO, 2001, p. 89). 
 UNIUBE 53
Figura 2: Segunda Guerra Mundial.
Fonte: Getty Images Acervo EAD-Uniube.
É neste contexto que, em 1939, cria-se a Escola Nacional de Educação 
Física e Desportos atrelada à Universidade do Brasil. 
Você	se	lembra	do	que	estudou	acerca	do	governo	de	Getúlio	Vargas?
O governo de Getúlio Vargas se estendeu de 1937 a 1945 e foi chamado de 
Estado Novo. Em seu governo, o presidente centralizou o poder Executivo, 
em sua pessoa, de forma semelhante ao modelo nazifascista europeu, dos 
anos de 1930 a 1940. Sugerimos as seguintes leituras para relembrar esse 
período e compreender melhor esse momento histórico:
Primeiro:
Estado Novo (1937 – 1945), de Cláudio Fernandes, site UOL. Para isso, acesse:
https://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/estado-
novo-1937-1945.htm
RELEMBRANDO
54 UNIUBE
Segundo:
Era Vargas - Estado Novo (1937 - 1945), de Rainer Sousa, site Mundo 
Educação, acesse:
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/era-vargas-estado-
novo.htm
De uma forma breve e didática, os textos nos fazem relembrar esse 
conteúdo. 
Na internet, você pode encontrar, também, outros artigos acerca do assunto!
Vale a pena conferir!!!
Para	justificar	a	criação	da	Escola	Nacional	de	Educação	Física,	o	
então Ministro da Educação e Saúde da época, Gustavo Capanema, 
faz	referências	à	Constituição	em	vigor,	mais	especificamente	em	seu	
artigo 131, o qual estabelecia a obrigatoriedade da Educação Física em 
todas as escolas primárias, normais e secundárias do Brasil, fato esse 
lembrado por Castellani Filho (2001). Esse mesmo autor informa que, 
como consequência desse momento político, em 1941 há a promulgação 
do	Decreto-Lei	3.199	com	a	finalidade	de	estabelecer	normas,	sobretudo,	
normas reguladoras e cartoriais, sobre a organização desportiva em 
nosso país, decreto esse que perdurou até o ano de 1975.
No	período	pós	Estado	Novo,	a	Educação	Física	pode	ser	identificada	
como uma atividade curricular presente nas estruturas organizacionais 
da escola. Como atividade, ela não se consagra como uma área 
de conhecimento detentora de um saber próprio. Continua sendo 
apresentada como importante por sua característica de atuar no 
aprimoramento da aptidão física dos brasileiros, destinada unicamente 
à	educação	do	físico	e	estruturada	em	bases	anatômicas,	fisiológicas	e	
biológicas. Esses objetivos sempre estiveram presentes no contexto da 
Educação Física escolar.
 UNIUBE 55
A partir dos anos cinquenta, ainda do século XX, temos a presença 
marcante do que veio a ser conhecido como a implantação da proposta 
da Educação Física Desportiva Generalizada no Brasil, ainda sob 
influência	de	Auguste	Listello,	como	vimos	com	detalhes	no	final	do	
capítulo anterior. Esta proposta ganha muita força no país por dois 
motivos, que podemos considerar os principais: 
• o elevado número de cursos ministrados por Listello no território 
nacional entre os anos 50 e 60; 
• a adoção do método por dois importantes autores na área da 
Educação Física entre nós, Alfredo Gomes de Faria Junior e Inezil 
Penna Marinho. 
Na década de setenta, ainda do século XX, explode em vários países 
um movimento denominado Esporte para Todos – EPT, movimento esse 
que	teve	por	finalidade	principal	se	opor	à	hegemonia	do	esporte	de	
rendimento já bastante difundido nos meios escolares, também com 
reflexos	na	Educação	Física	patrocinada	pelos	órgãos	governamentais	
por aqui. 
Também neste período, dominado pelo governo militar em nosso país, 
encontramos uma reformulação das propostas curriculares para o 
terceiro grau, ou seja, para os cursos superiores e para as universidades, 
introduzindo a obrigatoriedade para todos os cursos e áreas das 
disciplinas Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Educação 
Física,	“casualmente”	eliminando	a	obrigatoriedade	da	Filosofia.
Moreira (1985, p.73), em livro oriundo de sua dissertação de Mestrado, 
editado no início dos anos oitenta, faz críticas a este procedimento 
dicotômico,	afirmando	que	“considera	a	Educação	Física	como	expressão	
acima do antagonismo educação física versus educação intelectual, 
ambas se complementando na cultura de seu povo”.
56 UNIUBE
Esse autor, já na época, defendia a educação integral do educando, 
recorrendo ao pensamento de Rouyer (1977, p.191):
A	natureza	específica	de	uma	educação	física	não	se	
pode	definir	senão	em	relação	à	totalidade	da	educação	
concebida no seu conjunto. É necessário que voltem 
a equacionar-se as razões que fundamentaram as 
diversas “matérias”, as distintas disciplinas do ensino. 
Não se trata apenas de acrescentar à educação 
intelectual uma educação física; é necessário estudar 
uma e outra e repensar o conjunto.
Ainda	em	suas	considerações	finais,	Moreira	(1985,	p.141)	sugere	
que a Educação Física busque sua identidade cultural no nosso país, 
ultrapassando a história de alienação que a persegue ao longo dos anos, 
propiciando “contribuir para o desenvolvimento integral de indivíduos 
autônomos, democráticos, críticos e participantes”. 
Leia mais sobre o assunto abordado neste capítulo.
Recomendamos a leitura do Cap. 3 (A história da Educação Física no Brasil) 
do livro “Educação Física, esportes e corpo: uma viagem pela história” 
(CAPRARO e SOUZA, 2017), disponível na Biblioteca Virtual Pearson, no 
AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Da década de 1970 do século XX aos dias atuais3.2
O	período	entre	o	final	da	década	de	1970	e	o	início	da	década	de	1980	
do século passado foi conhecido, na área, como o momento de crise da 
Educação Física brasileira, época em que emerge um movimento de 
intelectuais professores da área, na tentativa de quebrar o paradigma 
até então vigente na história da Educação Física, quer como área de 
produção de conhecimento, quer como explicitação de uma disciplina ou 
de um conteúdo a ser desenvolvido no âmbito escolar.
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Importante, da mesma forma, é registrar que neste período há o 
aparecimento do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e 
dos Conselhos Regionais de Educação Física (CREFs) como órgãos 
com	a	finalidade	de	regular	a	atividade	profissional.
Os	dois	parágrafos	anteriores	justificam	a	subdivisão	deste	capítulo,	
pois estaremos analisando tanto as propostas pedagógicas que foram 
criadas para a Educação Física escolar, quanto as diretrizes de ação 
do CONFEF. Apenas deixamos para uma análise posterior, que se dará 
no	sexto	capítulo,	as	produções	surgidas	de	identificação	da	Educação	
Física	como	possível	área	de	conhecimento	científico.	
3.2.1 Propostas de Abordagens Pedagógicas para a Educação Física 
Escolar
No tocante ao âmbito escolar, talvez uma das principais contribuições 
para a tentativa de quebra do paradigma anterior existente na área 
centra-se na produção e explicitação das abordagens pedagógicas da 
Educação Física escolar. Dessa forma, entram em cena várias maneiras 
de	se	encarar	o	trato	pedagógico	dos	conhecimentos	específicos	da	
área, entre as quais, destacaremos quatro, pelo critério de serem as mais 
veiculadas entre os professores da Educação Física. Para cumprir essa 
missão, apropriamo-nos do artigo de Darido (2008), o qual sintetiza bem 
as propostas.
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Vejamos.
3.2.1.1 Abordagem Desenvolvimentista 
Primeira a mencionarmos neste estudo é a Abordagem Desenvolvimentista, 
construída principalmente por autores da área da Educação Física da 
Universidade

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