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HIST e FIL da ED FISICA

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Idade Moderna: 
Bases Sócio-Históricas da 
Educação Física
Carolina Cunha Seidel
Idade Moderna: 
Bases Sócio-Históricas da 
Educação Física
2
Introdução
Neste conteúdo estudaremos as bases sócio-históricas e filosóficas da Educação 
Física, compreendendo quais acontecimentos modernos interferiram nos pressupostos 
da formação do campo de saberes estudados.
Conheceremos a relação entre os processos de industrialização e de urbanização 
e a educação do corpo, reconhecendo-a como um campo multirreferenciado 
e multidisciplinar.
Desejamos a você bons estudos e que os conteúdos aqui estudados tragam 
importantes reflexões para sua formação.
Objetivos da Aprendizagem
Ao final deste conteúdo, esperamos que você seja capaz de:
• analisar transformações sócio-históricas da Educação Física na Modernidade;
• relacionar a Educação Física à industrialização e à urbanização das civilizações 
ocidentais;
• compreender as bases filosóficas da Educação Física na Idade Moderna;
• reconhecer a Educação Física como um campo de saber de influência 
multidisciplinar.
3
Concepções de corpo: interfaces da educação 
física com a filosofia e a ciência
a Educação Física, com o formato que conhecemos hoje, passou por muitos 
significados ao longo da história, surgindo pela necessidade de um homem mais 
forte, mais ágil, mais empreendedor. Relacionou-se aos cuidados do corpo, passando 
a ter um caráter higiênico, como banhar-se, escovar os dentes, lavar as mãos. Na 
perspectiva militar, teve como característica o preparo físico para tornar o indivíduo 
mais apto, aparecendo nas escolas vinculadas a esse rigor com as ginásticas e com 
a calistenia.
Calistenia: sistema de ginástica sueca que associa música ao 
ritmo dos exercícios, desenvolvidos à mão livre, usando o próprio 
corpo e pequenos acessórios (pesos, caneleiras etc.) para fins 
corretivos, fisiológicos e pedagógicos.
Curiosidade
Figura 1 – Corpo e ciência.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
4
É sabida a relação entre a Educação Física e a produção cultural na sociedade, 
especialmente no tocante aos conhecimentos e às tradições de jogos, de ginástica e 
de esportes. É preciso perceber a importância de se ressignificar o olhar e o espaço da 
Educação Física, por muito tempo vista apenas em sua esfera prática – ou seja, com 
ênfase na dimensão procedimental, capacitando a saber fazer.
As esferas conceituais e atitudinais dos conteúdos formam de maneira integral e, 
portanto, devem ser incluídas nos programas, compondo o espaço com a prática e 
com a esfera procedimental dos conteúdos, contextualizando-os.
Assim, ao nos dedicarmos a compreender um pouco melhor as relações entre a 
Educação Física, a Filosofia e a Ciência, pontuando aproximações, percebemos que 
olhar para motricidade humana, de forma estrutural e articulada, faz-nos perceber que 
existe uma cadeia de significados para a cultura e para a educação.
 
Figura 2 – Integração entre corpo e pensamento.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
A partir dos anos 1980, conceitos científicos passaram a nortear, de forma mais 
expandida, os conteúdos da Educação Física, que passou a aprofundar estudos sobre 
habilidades e sobre capacidades físicas, direcionando as práticas e representando um 
importante salto de qualidade na área.
5
Outro aspecto de suma importância para o entendimento disso é o fato de a relação 
entre teoria e prática, na Educação Física, não se limitar às questões físicas e técnico-
cientificas. Ao contrário, temos uma importante fundamentação sobre o corpo e sobre 
seus desdobramentos na Filosofia, na Antropologia, na Sociologia, na Psicologia, 
entres outras áreas correlatas.
A Ciência passou a figurar nas bases dos conceitos diretamente relacionados à 
Educação Física, conforme podemos observar no esquema a seguir
Biomecânica
Fisiologia
Aprendizagem 
motora
Bases 
científicas da 
Educação 
Física
Figura 3 – Relação entre Ciência e Educação Física.
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
Assim, temos a interdisciplinaridade como ponto de partida para os estudos sobre 
concepções do corpo e sobre possíveis relações e interfaces. Ao pensarmos na prática 
de atividades físicas, temos o movimento em si e, com ele, múltiplas possibilidades de 
análise pela Ciência. Ao mesmo tempo, temos a interpretação do movimento, que ocorre 
a partir do sentido que lhe for atribuído, gerando múltiplos sentidos e fundamentando 
a prática conceitualmente. Vejamos o funcionamento dessa estrutura.
6
corpo
sensação
pensamento movimento
Figura 4 – Interseções entre a Ciência e a Filosofia no movimento.
Fonte: Elaborado pela autora (2020).
Dessa forma, vemos, claramente, a intersecção entre Ciência e Filosofia nos estudos 
sobre motricidade. O corpo e o movimento se constituem como espaço de construção 
de sentidos e de identidade; como campo de construções e de entendimentos 
filosóficos e sociológicos; e como algo que pode ser visto e analisado fisiológica e 
anatomicamente:
[a] escola, o processo pedagógico, a formação da consciência sobre o 
corpo, a motricidade como expressão de si mesmo ainda é o templo 
da sustentação de um princípio legítimo da formação ser humano. Ali, 
repousa as interações de mais precisão no contexto da prática na sua 
total relevância. Na escola, vivencia espaços e tempos singulares, realiza-
se, produz-se, transformam-se realidades. Juntam-se grupos sociais na 
mescla categorizadas de elementos corporais e motores cujo significado 
exige a interação de si com si mesmo, com o outro e com o mundo. 
(FENSTERSEIFER et a.l, 2007, p. 25).
A Educação Física nos parece ser capaz de unir os campos de saberes, encontrando 
pontos de diálogo entre a ação física e o entendimento dessa ação, criando sentidos 
e significados, uma vez que, justamente na reflexão filosófica, aproximamos teoria 
e prática.
Higienismo
Para entendermos as noções higienistas atreladas à Educação Física, remeteremos às 
influências militares e médicas. Perceberemos relações estreitas entre os conceitos 
7
deste tópico e do próximo, uma vez que as noções de higienismo e de eugenia aparecem 
atreladas e vinculadas, tanto na teoria quanto na estruturação e na proposição 
das práticas.
No estudo sobre o corpo e sobre o movimento, temos o ideário higienista colocado 
em ação por duas vias: a médica e a militar. Vamos às definições.
Figura 5 – Relação entre movimento e a área médica.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
1. Higienismo 
considera a doença um fenômeno social e parte da ideia de controle dos corpos 
para manutenção da vida e da saúde.
2. Influência militar 
indica a ginástica como forma de sistematização dos conhecimentos práticos. 
Acreditava que, por meio da ginástica e do treinamento, o corpo poderia ser 
condicionado e controlado.
3. Influência médica 
pesquisas que preconizam a Educação Física como forma de melhoramento 
da saúde e de promoção do controle do corpo, de suas funções e de emoções. 
Pensava-se, ainda, que o modelo colaboraria com o controle de instintos 
destrutivos e sexuais, inclusive no tocante a vícios.
8
Na Educação, podemos observar a ginástica na grade curricular de escolas civis, dada 
por militares, com a finalidade de cumprir os ideais apontados, compondo o campo 
da cultura física no Brasil.
Figura 6 – Militares conduziam treinamentos físicos para civis.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Um marco nesse processo é Arthur Higgins, que passa a praticar 
atividades físicas por recomendação médica, como tratamento 
complementar para o reestabelecimento de um quadro de 
tuberculose aos 23 anos. Tal fato ocorreu no final do século XIX 
e se envolve com a área, passando a ser treinador de ginástica 
e escrevendo uma importante obra de concepção higienista na 
área da Educação Física, denominada de Compêndio de Ginástica 
Escolar.
Atenção
As interferências da área militar na educação do corpo permanecem ativas 
por longos anos, até, aproximadamente, a terceira década do século XX, com a 
formação profissional dos instrutoresde ginástica. Após essa data, os métodos 
militares adotados, de origem predominantemente alemã, são substituídos por 
métodos franceses.
Tais métodos franceses, também focados na ginástica, por sua vez, 
consolidam-se a partir de estudos médicos e biomédicos, mantendo caracteres 
9
higienistas, que intencionam explicitar os benefícios das práticas físicas por meio de 
modelos anatomofisiológicos.
Figura 7 – Imagem: Modelo anatomofisiológicos.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
O higienismo, juntamente ao pensamento eugênico, consolida-se a partir de um desejo 
da burguesia de melhoramento e de supremacia da raça branca.
“Afirmava ser necessário [...] restringir a proliferação de infra-homens, 
de semi-alienados e de dementes, pela higiene do corpo e do espírito 
[...] (além de) fazer com que as pessoas fortes, equilibradas, inteligentes 
e bonitas, tenham um maior número de filhos, para que o número 
médio destas pessoas [...] se eleve progressivamente”. (SOARES apud 
MAGALHÃES, 2005, p. 93).
Na área da Educação, podemos observar alguns defensores das práticas físicas 
pautadas nos treinamentos militares. Segundo Magalhães (2005), Fernando de 
Azevedo foi um dos que enviou professores para serem formados nos cursos 
do Exército.
Até o início da década de 1940, ainda temos médicos e militares responsáveis pelo plano 
formativo dos profissionais que atuam na Educação Física, sendo seus professores 
apenas executores de um plano prescrito, sem fundamentação pedagógica.
10
Mudanças são observadas no curso da década de 1970, quando as disciplinas 
pedagógicas passam a compor a grade curricular das licenciaturas em Educação 
Física, marcando novos olhares e formatos e promovendo o protagonismo do 
professor dessa disciplina.
Figura 8 – Novos olhares para Educação Física.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Para compreender melhor as relações entre os ideais eugenistas 
e higienistas, sugerimos que acesse este link e leia o artigo 
“Higienismo e eugenia: discursos que não envelhecem”.
Curiosidade
O fim do governo militar marca, definitivamente, uma nova perspectiva, rompendo 
o paradigma higienista e inaugurando uma visão mais crítica e criativa na área da 
Educação Física, em que o movimento é entendido de forma múltipla, capaz de 
contribuir com a formação para a cidadania.
11
Eugenismo
Você sabe o que é eugenismo? Acreditamos que sim, mas iniciaremos este tópico 
com a definição do termo.
O eugenismo é o movimento que defende a eugenia, que acredita ser possível 
“melhorar” a população por meio do controle social e da seleção genética das pessoas. 
Parte da noção de seleção natural darwinista, entendendo que os mais fortes devem 
prevalecer e que os mais fracos devem ser eliminados.
O higienismo, tema do tópico anterior, é um dos principais mecanismos utilizados pelos 
eugenistas, que passam a ganhar espaço de forma acentuada, com o crescimento da 
industrialização e da urbanização. Ao olharmos para o corpo e para o movimento, 
vemos a necessidade de ordenação e de controle, que podemos observar com a 
passagem do passatempo à esportivização, que conheceremos agora.
O esporte ou desporto foi, durante muito tempo, o termo utilizado para fazer referência 
a uma grande variedade de passatempos e de divertimentos, sem maiores critérios. 
Com o tempo, o desporto passou a ser utilizado para tipos de recreação, sendo que o 
desempenho físico e as regras para manter a disputa ocupavam boa parte do tempo 
livre, especialmente na Inglaterra e em todos os lugares para onde foram importados 
seus modelos de produção industrial.
A industrialização influenciava o modo de vida das pessoas, e não seria diferente com 
as atividades de lazer, que, como vimos no tópico anterior, passam a assumir funções 
especificas no início do século XIX.
12
 
Figura 9 – Esporte com regras passa a ocupar o lugar dos passatempos.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Na Antiguidade Clássica, a expressão que se utilizava para 
significar o que se entende, hoje, como lazer era o otium (ócio). 
A Grécia considerava o trabalho pejorativo; em contrapartida, a 
contemplação era bastante valorizada. A partir da dominação 
romana, os valores mudaram. As guerras são um exemplo disso: 
o tempo de não trabalho (otium) não concorria com o tempo de 
trabalho (nec-otium, que originou nossa palavra “negócio”). Muito 
pelo contrário, o Império Romano entendia essas duas esferas 
como interrelacionadas.
Curiosidade
13
Figura 10 – Urbanização crescente.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Para conseguirmos realizar uma análise da história do desporto e da transição 
dos passatempos para os esportes, é necessário compreender como aconteceu o 
desenvolvimento da sociedade em aspectos globais, considerando dimensões sociais, 
políticas, econômicas e culturais.
O transcurso do século XVIII na Inglaterra é marcado pela busca de soluções não 
violentas para os conflitos, por meio de regras aceitas por todos, mediadas pelo Estado, 
de modo que grupos rivais deixassem de guerrear e encontrassem outras maneiras de 
expressão, de representação e de reivindicação.
Assim, percebemos que o processo de civilização e de desenvolvimento da estrutura 
político-social inglesa do final do século XVIII tem estreita relação com o movimento 
eugenista, que atua, também, por meio da desportivização dos passatempos.
Na medida em que os confrontos passam a ter características dos desportos, afastam-
se dos confrontos violentos; e as disputas passam a ser mais complexas, estando 
mais na esfera do jogo do que da violência. Se, antes, observávamos atividades livres 
e de cunho recreativo, passamos a práticas com características do desporto moderno, 
com regras escritas, com medidas punitivas, com fiscalizadores das normas e com 
aplicadores das punições intrajogo. 
14
As principais características do esporte moderno são
• igualdade de chances entre os jogadores;
• acontecimento em espaços próprios, como campos, estádios, velódromos, 
pistas, ginásios, entre outros;
• tempo regrado;
• calendário próprio;
• código de regras e práticas potencialmente universais;
• diminuição do nível de violência aceitável.
Figura 11 – Função social da esportivização.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Com tais características, vemos que o esporte começa a ter um corpo próprio, com 
características que tendem a superar especificidades locais, noções de ética e a busca 
pelo prazer no jogo.
Para conhecer um pouco da história da esportivização dos 
passatempos no Brasil, leia o livro O esporte na cidade, de Ricardo 
de Figueiredo Lucena, publicado, em 2001, pela Editora Autores 
Associados.
Curiosidade
15
Renascimento e as bases pedagógicas da 
Educação Física atual
Como vimos nos tópicos anteriores, o fim do governo militar foi muito importante para 
que a Educação Física tivesse o formato que conhecemos hoje. Com a expansão das 
pesquisas na área, observamos mais autonomia e protagonismo dos profissionais, 
que, inclusive, passam a articular seus saberes com outras áreas, especialmente 
da Educação.
Figura 12 – Educação Física e pedagogia.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Nessa aproximação, as práticas pedagógicas em Educação Física começam a flertar 
com ideais contra-hegemônicos, com importantes críticas ao tecnicismo, ao modelo 
biomédico, à hegemonia do esporte e à docilização dos corpos. (MAGALHÃES, 2005).
Assim, a Educação Física passa, aos poucos, a ser vista como prática social, podendo 
estar manifesta em formatos e em categorias, de acordo com as seguintes concepções.
1. Educação Física convencional
ainda com forte influência dos ideais eugenistas, faz parte da pedagogia 
tradicional, que valoriza o intelecto em detrimento do corpo. Essa dicotomia faz 
com que o trabalho com o corpo ocorra de maneira fragmentada, educando o 
físico com especial relevância de aspectos anátomos-fisiológicos ou motores.
16
2. Educação Física modernizadora
concebe a educação por meio do corpo físico, e não do treinamento do 
corpo físico.Além do biológico, preocupa-se com o psicológico, enfocando a 
educação no âmbito individual. Essa abordagem ainda é adotada por boa parte 
dos profissionais da área, já que apresenta uma visão mais abrangente em 
relação ao processo educativo e à realidade.
3. Educação Física revolucionária
concepção mais ampla, percebe o indivíduo em todas as suas dimensões, além 
das suas relações com o outro e com o mundo. O corpo é entendido de maneira 
integrada, sendo o homem, e não parte dele. Para os adeptos desse enfoque, 
os educadores são os verdadeiros agentes transformadores e renovadores da 
sociedade.
Figura 13 – Educação Física escolar.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
17
Podemos observar esse olhar mais abrangente e renovado expresso na Lei do Desporto 
Brasileiro, publicada em 1993:
[...] capítulo III: Da conceituação e das finalidades do Desporto Art. 3º O 
desporto como atividade predominantemente física e intelectual pode ser 
reconhecido em qualquer das seguintes manifestações:
I – desporto educacional, através dos sistemas de ensino e 
formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a 
hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o 
desenvolvimento integral e a formação para a cidadania e o lazer;
II - desporto de participação, e modo voluntário, compreendendo as 
modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para 
a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da 
saúde e da educação e na preservação do meio ambiente;
III - desporto de rendimento, praticado segundo as normas internacionais, 
com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades 
do País e estas com outras nações. (BRASIL, 1993, p. 6)
O esporte de rendimento não é responsabilidade da instituição escolar, que deve, sim, 
representar espaço de ensino e de expressão das múltiplas possibilidades da cultura 
corporal, possibilitando a formação integral do sujeito. Portanto, a Educação Física é 
considerada a prática que melhor dá conta de ensinar aos indivíduos elementos da 
cultura corporal do movimento – ou seja, norteá-los quanto àquilo que os compõe, que 
os antecede e que os atravessa: aquilo que os faz humanos.
18
Figura 14 – Educação Física e múltiplos saberes.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Essa cultura corporal do movimento é composta por um conjunto diversificado 
de saberes que norteia o sujeito quanto à realidade em que está inserido para, 
posteriormente, ampliá-la, capacitando-o a desempenhar um papel transformador 
na sociedade.
É importante ressaltar a importância de se superar a Educação Física com práticas 
que se restrinjam à prática de esportes tradicionais, os quais se limitam ao saber fazer 
já citado, não fornecendo ao sujeito repertório da cultura corporal do movimento.
Clique aqui e aprofunde seus conhecimentos sobre o conteúdo 
com o material disponibilizado pelo Governo Federal, com o qual 
podemos conhecer mais sobre as bases e sobre os pressupostos 
do esporte e da Educação Física no Brasil.
Curiosidade
19
Métodos ginásticos europeus
O Movimento Ginástico Europeu surge como resposta do Estado ao fascínio da 
população pelos artistas e pelas apresentações de rua. Considerados subversivos e 
perigosos, os artistas circenses, acrobatas, estrangeiros, entre outros marginalizados, 
encantavam e movimentavam a cena com apresentações consideradas imorais e 
perigosas pelos governantes europeus, em meados do século XIX.
 “Nos meios urbanos, são diferentes manifestações lúdicas de 
caráter popular realizadas com base nas atividades circenses que 
se impõem [...]. Suas apresentações aproveitavam dias de festas, 
feiras, mantendo uma tradição de representar e de apresentar-se 
nos lugares onde houvesse concentração de pessoas do povo. 
Artistas, estrangeiros, errantes. Situados no limite da marginalidade 
fascinavam as pessoas fincadas em vidas metrificadas e fixas. 
Eram ao mesmo tempo elementos de barbárie e de civilização nos 
lugares por onde passavam”. (SOARES, 2002, p. 24, 25).
Saiba mais
Assim, o poder público cria, com intenção moralizadora, o movimento sistematizado de 
ginástica, também influenciado pela crescente industrialização e com ideal higienista. 
Veja como se dava seu funcionamento.
moral
método
ordem disciplinaGinástica científica
Figura 15 – Ginástica Científica Europeia.
Fonte: Elaborada pela autora (2020).
20
A ginástica científica era pautada em métodos criados por médicos e por militares; e 
valorizava hábitos saudáveis e a prática de atividades físicas regulares, escondendo 
um projeto patriótico que visava a regular comportamentos e a docilizar corpos. 
Conheceremos, agora, as três principais escolas: a alemã, a sueca e a francesa.
1. Escola Alemã: 
pautada em preceitos nacionalistas, a ginástica é vista como preparação para 
guerra. Utiliza métodos essencialmente biológicos e militares; e indica prática 
diária, promovida pelo Estado, para todos os cidadãos. É organizada para 
alcançar objetivos físicos e morais.
2. Escola Sueca: 
a ginástica sueca nasce com o grande propósito de eliminar os vícios da 
sociedade, regenerando a população. De caráter não militar, tem prerrogativas 
sociais e pedagógicas, assegurando força, beleza e saúde aos praticantes. É 
conhecida como calistenia.
3. Escola Francesa: 
baseada na proposta alemã, uniu, aos ideais militares, morais e patrióticos, 
preocupações com o desenvolvimento social. Intencionava a formação do 
homem em sua totalidade, desenvolvendo habilidades como força, destreza, 
agilidade e resistência.
Ao conhecermos as características das escolas de ginástica europeias, podemos 
perceber que, guardadas suas peculiaridades, os métodos se relacionam e 
exercem influência uns sobre os outros, tendo, como pressuposto, o conteúdo 
anatomofisiológico. Junto a esse “núcleo” biológico, temos, ainda, os conteúdos 
moralizantes e a valorização da disciplina, da obediência, a formação de hábitos, entre 
outras características similares.
21
Além dessas escolas, temos outras, porém menos voltadas ao 
desenvolvimento da ginástica e que não obtiveram tanto destaque. 
Para conhecer com mais profundidade, acesse este link e leia o 
artigo “Século XIX e o Movimento Ginástico Europeu: o processo 
de sistematização da ginástica”, de autoria de Aline Menezes Dodô 
e de Lorena Nabanete dos Reis.
Curiosidade
Os Jogos Olímpicos da Era Moderna
Após a interrupção dos Jogos Olímpicos em 392, temos, em 6 de abril de 1896, a 
inauguração dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. A primeira edição se deu em Atenas, 
na Grécia, promovida pelo francês Barão de Coubertin, que ficou conhecido como 
pai da Olimpíada Moderna. Com a intenção de utilizar o esporte como estratégia de 
propagação da paz e da união dos povos, o Barão dizia que “o importante é competir”, 
frase que ficou bastante conhecida por todo o mundo.
Figura 16 – Jogos olímpicos surgem de uma proposta de paz e de união dos povos.
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
22
Em junho do mesmo ano, foi fundado o Comitê Olímpico Internacional, composto, na 
época, por representantes de quinze países, em atividade até os dias de hoje.
A forma de abertura dos Jogos Olímpicos também é um elemento que se mantém, 
até hoje, de acordo com a estrutura proposta pelo Rei George 1º da Grécia, que disse 
"Declaro abertos os primeiros Jogos Olímpicos em Atenas", frase que se tornou marca 
registrada para todas as cerimônias de abertura seguintes.
As provas dessa edição foram atletismo, ciclismo, luta, esgrima, ginástica, 
halterofilismo, natação e tênis. Disputaram 285 atletas do gênero masculino, de 13 
países diferentes.
Inspirados nos Jogos Olímpicos criados na Grécia em 2500 a.C., guardou o nome 
da cidade de origem, Olímpia, na Grécia antiga, quando os jogos aconteciam em 
homenagem a Zeus.
Ainda que o Barão tenha criado os jogos como forma de união dos povos, assistimos, 
hoje, à espetacularização acentuada das Olimpíadas, que representam, atualmente, 
grandes gastose um evento tão midiático quanto esportivo.
Para saber mais sobre os Jogos Olímpicos da Era Moderna, acesse 
este link e leia o artigo “Jogos Olímpicos da Era Moderna: uma 
proposta de periodização”, de Katia Rubio..
Curiosidade
23
Conclusão
Neste conteúdo de aprendizagem, seguimos com nossos estudos da disciplina 
“Introdução e História da Educação Física”, momento dedicado ao estudo da Idade 
Moderna, que representam as bases sócio-históricas da Educação Física como a 
conhecemos hoje. Aprendemos sobre as interfaces entre a Ciência e a Filosofia na 
concepção da Educação Física, de modo que entendemos que um movimento pode 
(e deve) ser visto para além de seus caracteres biológicos, uma vez que traz em si 
sentido e significado.
Conhecemos os movimentos eugenistas e higienistas, que influenciaram, de maneira 
acentuada, o campo do movimento e da educação do corpo durante o processo de 
crescimento da industrialização, especialmente por meio da ginástica prescrita por 
médicos e por militares.
Por fim, conhecemos as escolas europeias de ginástica, suas origens e suas 
características, entendendo o quanto seus pressupostos influenciam os trabalhos do 
mundo todo, inclusive os brasileiros.
Esperamos ter contribuído para seu percurso formativo. Até a próxima!
24
Referências
BOARINI, M. L.; YAMAMOTO, O. H. Higienismo e eugenia: discursos que não envelhecem. 
Psicol. rev, v. 13, n. 1, p. 59-71, maio 2004. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.
org/portal/resource/pt/lil-418250. Acesso em: 13 maio 2020.
BRASIL. Senado Federal. Nova Lei do desporto Brasileiro: Lei n.º 8672, de 6 de julho 
de 1993. Brasília, DF: Senado Federal, 1993.
DODÔ, A. M.; REIS, L. N. Século XIX e o Movimento Ginástico Europeu: o processo 
de sistematização da ginástica. EFDeportes, Buenos Aires, v. 18, n. 190, mar. 2014. 
Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd190/seculo-xix-e-o-movimento-
ginastico-europeu.htm. Acesso em: 13 maio 2020.
FENSTERSEIFER, P. E. et al. Professoras de Educação Física: duas histórias um só 
destino. Movimento, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 13-35, maio/ago. 2007.
MAGALHÃES, C. H. F. Breve histórico da Educação Física e suas tendências atuais 
a partir das identificações de algumas tendências de ideias e ideias de tendências. 
Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 16, n. 1, p. 91-102, jan./jul. 2005.
RUBIO, K. Jogos Olímpicos da Era Moderna: uma proposta de periodização. Rev. bras. 
Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v. 24, n. 1, p.55-68, jan./mar. 2010. Disponível em: https://
www.scielo.br/pdf/rbefe/v24n1/v24n1a06.pdf. Acesso em: 13 maio 2020.
SOARES, C. L. Imagens da Educação no Corpo: Estudo a partir da ginástica francesa 
no século XIX. 2ed. Campinas: Autores Associados, 2002.

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