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Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 1 Introdução ao estudo da Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária Definição de Anatomia Dentária Âmbito: - Só dente? - E o periodonto? E o parodonto? - E os maxilares? E a face em geral? Cirurgião Dentista ….. Estomatologista ….. Maxilofacial É o Dentista um cirurgião? Definição de Cirurgia …. Cirurgião; Kheir = mão; Ergon = trabalho; Por oposição de medicina de Medicare (não actuação das mãos); Entendimento de Cirurgia como tratamento invasivo …. Cortar. E é de facto Cirurgião, o Estomatologista / Dentista; Endodôncia cortar até dentro do dente; Conservador / Dentística cortar até onde está doente. É voz corrente que: “ O bom Cirurgião tem de ser bom Anatomista e bom Patologista.” Quanto à Patologia, lá chegaremos!!! Por ora, temos de ser bons Anatomistas para: - Podermos conhecer a Anatomia Interna do dente e podermos fazer Endodôncia; - Podemos conhecer a Anatomia Externa do dente e podermos fazer a conservação e reconstrução, da melhor forma, etc. É esta, de maneira geral, a importância da Anatomia Dentária no curso de Medicina Dentária. Anatomia – αναομή - grego = ANATOMÉ = cortar, dissecar em partes e por definição vem a ser o estudo das partes), palavra Anatomia é derivada do grego anatomé (ana = através de; tomé = corte). Dente - órgão mineralizado, resistente, esbranquiçado e implantado em ossos próprios, os ossos alveolares, por sua vez ligados aos maxilares (superior e inferior). Órgão dentário (o dente) - é o substrato anatomofuncional do aparelho mastigador. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 2 Gengiva Membrana periodontal Órgão dentário = Dente + Paraodonto Cemento Osso alveolar Órgão dentário Maxilares/mandíbula ATM Aparelho mastigador ou Estomatognático Músculos mastigadores (quais são?) Músculos cutâneos ou Miméticos Língua e seus Músculos Glândulas salivares (quais são?) Vasos e Nervos (digam alguns) AS ARCADAS DENTÁRIAS Arcadas dentárias …. de arcos. → Os dentes estão dispostos ordenadamente em 2 fileiras (não rectas, mas sim curvilíneas), as arcadas dentárias. → Costumam-se designar elipsóide para as inferiores e parabolóide para as superiores. → As arcadas dividem a cavidade bucal em 2 porções: a) Vestíbulo (que outros significados de vestíbulo?) b) Cavidade Bucal propriamente dita. Plano Sagital Mediano ( conceito já estudado na anatomia geral ): → Plano vertical que divide em duas partes aproximadamente iguais, o corpo humano e, por isso, as arcadas. → De forma habitual e incorrectamente, é muitas vezes chamado de Linha Média. → As arcadas metades determinadas pelo plano sagital mediano têm o nome de Quadrantes. Maxilar Direito Maxilar Esquerdo Mandíbula Direita Mandíbula Esquerda Nota: Referencia-se mais uma vez, as posições Direita e Esquerda, em relação ao observador e à peça observada. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 3 Anatomia Descritiva do Dente As 3 partes distintas do dente são Coroa Colo Raiz Coroa → Porção visível e funcionante … na mastigação. → Permanece acima dos ossos suporte e acima da gengiva, e está coberta estruturalmente pelo esmalte. Raíz → Segmento dentário responsável pela fixação do dente no osso alveolar. → A articulação raíz-osso tem o nome de Gonfose pela semelhança a um prego (gonfos lat.) implantado no osso. → A raíz é sempre mais comprida que a coroa. → Além de fixar, a raíz suporta o impacto das forças mastigatórias graças ao desmodonto ou ligamento periodontal. → A raíz pode ser uni, bi, tri ou polifurcada. Colo → Parte intermediária entre a coroa e a raíz. → É a zona mais estrangulada do dente. → O colo anatómico. → O colo cirúrgico. → O plano virtual cervical. → A linha sinuosa de junção entre o esmalte e o cemento tem várias formas de junção ( ver-se-á mais abaixo). Descrição Estrutural/Arquitectural São de considerar arquitecturalmente: → Dentina (tecido duro) → Esmalte (tecido duro) → Cemento → Polpa (tecido mole) Dentina → Constituída por 50 a 65% de substâncias inorgânicas → Forma todo o corpo do dente (tanto na coroa como na raiz) → A dentina está coberta por esmalte na pare coronária e por cemento na parte radicular. → A dentina tem no seu interior, o tecido mole ou polpa. → As células produtoras da dentina são os Odontoblastos. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 4 Esmalte → É o tecido mais duro do organismo e daí a sua importância na mastigação. → Constituído por 97% de substâncias inorgânicas ( sais minerais, cálcio, ferro, fosfatos, flúor). → É responsável pelas matizes dos dentes, a partir do amarelo, que é a cor fundamental dada ao dente pela dentina. → O esmalte é incolor e transparente. → Os elementos anatómicos microscópicos principais são os prismas de esmalte (espécie de bastonetes hexagonais). → Na sua dureza o esmalte é comparado à Apatita, elemento a que se iguala na escala de dureza. → Assim, suporta as forças mastigatórias, protegendo até outros tecidos menos resistentes. → O esmalte é formado pelos Ameloblastos. → A linha interna de junção do esmalte com a dentina chama-se Linha Amelodentinal. Linha amelodentinal Cemento → Este tecido forma a parte externa da raiz e core nesta região a dentina radicular. → Possui 40 a 45% de substâncias inorgânicas. → Através deste tecido, produz-se a sujeição do dente ao osso alveolar. → As células formadoras do Cemento são os Cementoblastos. → A união esmalte-cemento constitui o colo do dente. Esta união pode acontecer de quatro modos: 1- Esmalte sobre cemento 2- Cemento sobre esmalte 3- Esmalte e cemento em íntima união 4- Entre o cemento e o esmalte existe solução de continuidade. Polpa Dentária Tecido mole que entra na constituição do dente. Constituição: → Arteríolas → Vênulas → Nervos → Tecido Conjuntivo → Histiócitos (elementos celulares) Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 5 → As elevações nas superfícies dentárias correspondem ao nível da polpa, elevações desta, que têm o nome de Pontas ou Cornos Pulpares. → A polpa situada na porção da coroa, chama-se polpa coronária e a situada na raiz, recebe o nome de polpa radicular. → Denominando-se assim, Câmara Pulpar e Canal Radicular, respectivamente. Tecidos de Sustentação Paraodonto → Grupo de tecidos que sustém os dentes no alvéolo e tem íntima relação com o órgão dentário, tal que é impossível a existência de um sem o outro e vice-versa. → Em suma, é o conjunto todo à volta do dente. Constituintes do paraodonto: → Gengiva → Ligamento periodontal ou periodonto → Osso alveolar → Cemento Gengiva → Tecido fibromucoso que rodeia os dentes e cobre parte do osso alveolar. → Possui duas porções importantes: a) a Livre ( logo depois do dente ) b) a Aderente ( mais acima ). Gengiva Livre (FG) Gengiva Aderida (AG). Periodonto → Também chamado de ligamento periodontal ou ligamento membranoalvéolodentário. ……….Periodonto………..Paraodonto…………. Que distinção? Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 6 → Tecido que serve de união entre o dente e o osso e é constituído por fibras elásticas entre o dente e o osso. → As fibras encontram-se em diversos grupos de situações e orientações diversas: circulares, horizontais, oblíquas, transceptais, etc. → Existem também as fibras que funcionam como almofadas amortecedoras das forças de mastigação. → O fundo alveolar não tem fibras e é a zona de penetraçãodo paquete ou rolo vasculonervoso que nutre e inerva o órgão dentário. → O ligamento periodontal per se está atravessado por vasos e nervos que o irrigam e inervam, atravessando do osso ao cemento. Osso Alveolar → Nas maxilas há a considerar vários processos (também considerados prolongamentos). → O processo alveolar é o prolongamento do Osso Basilar no sentido dos alvéolos. → O que são os alvéolos? → São cavidades escavadas neste processo ósseo, onde se alojam as raízes dos dentes. → O osso alveolar, na sua margem livre, determina a crista alveolar óssea, que sobressai deste elemento na cavidade bucal e a que também se dá o nome de rebordo alveolar. → Distinguem-se assim 2 rebordos: o Alveolar e o Basal. → O processo alveolar tem tendência a desaparecer com a queda dos dentes. a) Relações da parte coronal dos dentes: Língua, vestíbulo, bochechas, lábios, palato, dentes próximos, dentes antagonistas quando em oclusão. b) Relações da porção radicular dos dentes: Seios maxilares, tuberosidade maxilar, fossa canina, fossas nasais, ramo ascendente, apófisis genis, linha milohioideia, canal dentário inferior, alvéolos dentários. Funções dos dentes O aparelho estomatognático está constituído para a realização de várias funções: → Fonatória → Estética → Mastigatória I. Função Fonatória → Os dentes incisivos colaboram na fonação, na emissão de certas consoantes (c, d, l, n, t), coordenação dentes-língua. II. Função Estética → Os dentes anteriores, incisivos e caninos, para além das suas funções desempenham também papel importante na estética facial-dental. → A perda destes dentes, determina a introflexão dos lábios e bochechas, produzindo característico pregueamento comum nos velhos. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 7 a) Cor dos dentes como factor na função estética: → A cor do dente tem só interesse quanto à sua porção coronária; → A porção radicular é sempre amarelada e está sempre escondida, daí que não tenha interesse estético; → A cor varia dos extremos branco-amarelado a branco-acinzentado, passando por todas as cores intermediárias. → O cálcio está contido na dentina, quanto mais cálcio, mais amarelado o dente. → A cor base do dente é proporcionada pela dentina. → O esmalte, que é translúcido, joga só para a matização conforme a sua maior ou menor espessura em determinado dente e zona anatómica do dente. → Os dentes anteriores são mais branco-acinzentados. → Os pré-molares e molares mais branco-amarelados. → Os dentes superiores são mais amarelados do que os inferiores. → Os dentes de mulheres são mais esbranquiçados que o dos homens, por possuírem menor teor de cálcio. Os dentes descidos têm coloração branco-azulada ou leitosa. b) Factores que influenciam a cor do dente: → Incidência da Luz → Ângulo de Incidência → Grau de luminosidade c) Alterações patológicas de cor: → Raquitismo: Dente branco-azulado, por ter muito Pouco Cálcio → Icterícia: Coloração esverdeada → Hemorragia Pulpar: Cinzento denso a negro. d) Alterações de cor por certos hábitos: → Cor acastanhada, causada por cigarro, coca, outros fumos. e) Alterações Iatrogénicas: → Impregnação com medicamentos; materiais de obturação. f) Outras funções dos dentes: → função defensiva; → função sexual, predominantes nos animais. Classificação Dentária De maneira geral, existem (podem existir) várias classificações, dependendo da base de classificação A base de classificação dos dente tem sido habitualmente: 1- Forma 2- Função 3- Localização Existem 16 dentes em cada arcada; 8 em cada hemiarcada; No total, 32 dentes na boca; Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 8 Assim os dentes podem ser classificados em: Superiores Centrais Inferiores Incisivos Laterais Superiores Anteriores Inferiores Caninos Superiores Inferiores 1o Superiores 2o Prémolares = Bicúspides 1o Inferiores 2o 1o Posteriores Superiores 2o ou 3o Jugais Molares = Tricúspides 1o Inferiores 2o 3o → O pressuposto numérico para a classificação dos dentes da dentição foi o de 32/16/8, correspondente respectivamente a Totais/Arcada/Hemiarcada; Mas, isto não é verdade ........ na criança ........ → É o problema da diferença de Dentições/Dentadura; I. Dentadura: conjunto de dentes naturais ou artificiais já posicionados para desempenharem as suas funções. II. Dentição: entendamos de 2 modos: 1º : O processo de formação, desenvolvimento e erupção do conjunto dos dentes de um animal (situação activa evolutiva); 2º : Dentição como o conjunto dos dentes de um animal quando observado sob o ponto de vista das suas funções e características. Falando pois, sobre o Homem e sob o ponto de vista evolutivo, diremos que o homem tem 2 dentições ordinárias e outras: 1- Decídua, Temporal, Caduca, de Leite, Primária. 2- 2ª Dentição, Adulta, Permanente. 3- Outros: Pré-decídua e Pós-madura. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 9 Pré-decídua: aparece logo após o nascimento. Estes caem mais tarde ou então são arrancados pelo médico e, este é um caso de variação embriológica que passa então a ser uma variação anatómica. Pós-madura: quando em certos casos nascem dentes depois da dentição madura. Estamos agora em condições de apontar as Classes dos Dentes Temporais: → Incisivos → Caninos → Molares Não existem prémolares; Os dentes posteriores que são só 2 por hemiarcada são molares na sua estrutura/morfologia. → Existe um período da vida em que na boca há dentes decíduos à mistura com dentes permanentes, é chamado Período de Dentição Mista. → Aqui se introduz o conceito de períodos de dentição que são apresentados da seguinte forma: → Período de Dentição Primária → Período de Dentição Mista → Período de Dentição Definitiva ou Permanente. Os dentes da dentição temporária são substituídos em determinada altura por dentes de dentição permanentes. Isto não é casual, corresponde a um processo fisiológico que determina um quadro de sequência normal de erupção e quadro de tempo (idade) normal de erupção. Sequência de Erupção = Ordem pela qual os dentes aparecem visíveis na arcada. Tempo de Erupção = altura da vida (idade) em que determinado dente aparece visível na arcada. → Como regra, os dentes decíduos mandibulares normalmente precedem os contra- partes maxilares. → Os dentes decíduos erupcionam em ordem de frente para trás, excepto o canino que erupciona depois do 1º molar decíduo. → Os dentes permanentes mandibulares precedem os contra-partes maxilares na erupção. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 10 I Sequência de Erupção da Dentição Decídua Ordem Sequência na Dentição Decídua Idade de Erupção 1 Incisivo Central Mandibular 6 meses 2 Incisivo Lateral Mandibular 7 meses 3 Incisivo Central Maxilar 7 ½ meses 4 Incisivo Lateral Maxilar 9 meses 5 1º Molar Mandibular 12 meses 6 1º Molar Maxilar 14 meses 7 Canino Mandibular 16 meses 8 Canino Maxilar 19 meses 9 2º Molar Mandibular 20 meses 10 2º Molar Maxilar 24 meses II Sequência de Erupção da Dentição Permanente Ordem Sequência na Dentição Permanente Idade de Erupção 1 1º Molar Mandibular 6-7 anos 2 1º Molar Maxilar 6-7 anos 3 Incisivo Central Mandibular 6-7 anos 4 Incisivo Lateral Mandibular 7-8 anos 5 Incisivo Central Maxilar 7-8 anos 6 Incisivo Lateral Maxilar 8-9 anos 7 Canino Mandibular 9-10 anos 8 1º Prémolar Mandibular 10-12 anos 9 1º Prémolar Maxilar 10-11 anos 10 2º Prémolar Mandibular 11-12 anos 11 2º Prémolar Maxilar 10-12 anos 12 Canino Maxilar 11-12 anos 13 2ºMolar Mandibular 11-13 anos 14 2º Molar Maxilar 12-13 anos 15 3º Molar Mandibular 17-21 anos 16 3º Molar Maxilar 17-21 anos Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 11 III. Função Mastigatória → Chegados a este ponto, podemos agora completar a função Mastigadora; → É a Função Primordial dos dentes, pela qual os alimentos são reduzidos a partículas capazes de serem deglutidas. a) Fases da mastigação: 1- Preensão ( incisivos ) 2- Incisão ( incisivos ) 3- Dilaceração ( caninos ) 4- Trituração (dentes jugais-posteriores) Preensão: acto de prender ou reter os alimentos Incisão: acto de cortar os alimentos, das dimensões originais a partículas menores; vale a forma espatulada, cuneiforme e bordo cortante. Dilaceração: acto de reduzir os alimentos a partículas cada vez menos compactas; vale a forma pontiaguda e saliente. Trituração: acto de reduzir as partículas alimentares a tal ponto que sejam facilmente deglutíveis e digeríveis; vale a complexa estrutura dos dentes, com saliências e reentrâncias nas faces oclusais, tais que, ao final funcionam como almofariz e pistilo. Os Incisivos Servem Para: Cortar Os Caninos Servem Para: Rasgar Os Pré-Molares Servem Para: Triturar Os Molares Servem Para: Moer Vimos há pouco, que os dentes permanentes substituem os temporais após estes caírem. Há um processo de sucessão. Ao dente que substitui chama-se suscedânio ou sucessor, e o dente que é substituído é o pré-descessor. Ao processo de queda do dente chama-se exfoliação. Mas, como acontece esse fenómeno? → A exfoliação acontece ao final de um processo de Reabsorção Radicular. → Quando vemos dentes decíduos caídos, vemo-los praticamente já sem raízes. → Muita gente fica pensando que os dentes decíduos não têm raiz – todos os dentes têm raiz /raízes. → O que acontece é que, em data pré-determinada, desencadeia-se um fenómeno biológico de eliminação da raiz do dente decíduo, o que possibilita a queda do dente e a sua substituição pelo definitivo – é a Reabsorção Radicular. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 12 Não há unanimidade quanto aos mecanismos de reabsorção radicular, mas vale a pena apontar duas teorias: I. Teoria De Acção Mecânica: Baseia-se no facto de haver uma compressão exercida pelo botão do dente permanente contra a raiz do dente decíduo, desgastando-a e fazendo com que seja reabsorvida, determinando a exfoliação. II. Teoria Da Existência De Um Órgão De Reabsorção: Baseia-se na existência de alterações nos elementos celulares dos tecidos moles (polpa e periodonto), com o aparecimento de células gigantes, produtoras de substâncias que provocarão a lise das moléculas, destruindo a raiz A grande verdade é que parece que ambos sistemas funcionam de forma sinérgica. ........... Mas, como explicar? ............ Quando não há os permanentes (anodôncia parcial ou total) e os decíduos sã exfoliados. Quando pode ter sofrido um trauma, desvitalizou-se a polpa e decíduo nunca o exfolia, a ponto de que para que o definitivo brote, seja necessária extracção do decíduo. Contra-Argumentos Anodôncia: parcial/total Quando não existe o dente permanente, o decíduo acaba por cair e isto favorece a teoria de reabsorção. Lobo ou Cúspide: cada uma das pontas existentes na coroa. Exemplos: molares (quatro pontas); caninos (uma ponta); incisivos (duas pontas); pré- molares (bicúspides). Anatomia Comparativa Uma vez que o Homem não é o único animal com dentições/dentaduras, uma observação geral dos sistemas dentários de outro animais (extintos e contemporâneos) é de muito valor na determinação de dados Evolutivos e Involutivos. A maior parte dos vertebrados actuais possuem dentes. Os Dentes mais Primitivos são tidos como sendo cónicos na forma e compostos de um só cone ou lobo. Os vertebrados inferiores (baixos) incluindo os réptis, possuem estes dentes. São animais Homodontos, significando isto que os dentes têm todos a mesma forma, podendo diferir no tamanho. Estes animais possuem movimentos mandibulares só no sentido cima-baixo. Os dentes cónicos não permitem movimentos laterais. Ao contrário dos vertebrados inferiores (baixos), o sistema dos mamíferos evoluiu para grande diversidade; Foi grande salto na evolução, a aparição de dentes Polituberculares, Polilobulares ou Policuspídeos. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 13 Os Mamíferos exibem diferentes formas de dentes, sendo assim chamados de Heterodontos. Os Animais Heterodontos exibem movimentos mandibulares de lateralidade. O cão é o exemplo de um animal heterodonto que não tem movimentos de lateralidade dado o grande desenvolvimento dos caninos. O Urso tem dentição conforme a sua dieta omnívora; Embora tenha incisivos e caninos pontiagudos, tem dentes posteriores aplanados e com faces oclusais largas, o que lhes permite movimentos de lateralidade se bem que mais limitados que os do Homem. O Homem (omnívoro) desenvolveu dentes para mastigação de plantas e carnes. Os alongados e imbicados caninos estão reduzidos no tamanho, tal que funcionam com os restantes dentes nos movimentos de lateralidade. Alguns ungulados como o Cavalo têm maior amplitude de movimentos mastigatórios comparativamente ao Homem. Os Peixes, Anfíbios e Répteis apresentam uma substituição contínua de dentes, os quais aparecem em muitas gerações (mais que 1 geração de dentes). Este tipo de substituição tem o nome de Polifiodontismo. No Homem, por haver só 2 gerações de dentes, fala-se de Difiodontismo. Naqueles em que há só 1 geração de dentes, fala-se de Monofiodontismo. A Implantação Dentária começou por ser simples junção dente-osso por bandas de Tecido Conjuntivo ou anquilose directa dente-osso, passando posteriormente a embutimento numa cavidade alveolar com presença de Ligamento Periodontal e, aparecendo posteriormente o Cemento que veio contribuir para maior inserção. Que tendências na evolução da dentição Humana? 1- Redução progressiva do aparelho mastigatório: ausências frequentes dos dentes do Siso (3º molar) e ausência frequente dos incisivos laterais superiores. 2- Diminuição em tamanho, dos elementos das arcadas dentárias: no homem primitivo, os molares aumentam de tamanho do 1º ao 3º e no homem moderno, o 1º molar > 2º molar > 3º molar, ou seja, o 3º molar é o menor da série. A manterem-se as tendências actuais, o Homem do futuro terá maxilares menores e a sua capacidade encefálica será em média maior. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 14 Anatomia Comparativa Apresenta Carnívoros Herbívoros Omnívoros Homem Músculos Faciais Reduzidos para permitir ampla abertura bucal Bem desenvolvidos Reduzidos Bem desenvolvidos Tipo de maxilar Ângulo pouco expandido Ângulo expandido Ângulo pouco expandido Ângulo expandido Articulação maxilar Ao mesmo plano dos dentes molares Acima do plano dos dentes molares Ao mesmo plano dos dentes molares Acima do plano dos dentes molares Movimento maxilar Movimentos laterais mínimos Amplos movimentos laterais e frontais Movimentos laterais mínimos Amplos movimentos laterais e frontais Abertura bucal em relação ao tamanho da cabeça Ampla Reduzida Ampla Reduzida Dentes incisivos Curtos e agudos Largos, chatos e pouco agudos Curtos e agudos Largos, chatos e pouco agudos Dentes caninos Longos, agudos e curvos Curtos ou longos (defesa) ou não apresenta Longos, agudos e curvos Curtos Dentes molares Agudos, denteados e em forma de lâminas Chatos, superfície complexa Lâminas agudas e/ou chatos Chatos Mastigação Nenhuma, engolem a comida inteira Mastigação extensanecessária Engolem a comida inteira e/ou fazem pequenos esmagamentos Mastigação extensa necessária Saliva Sem enzimas digestivas Enzimas digestivas Sem enzimas digestivas Enzimas digestivas (Obtido do livro "The Comparative Anatomy of Eating" de Milton R. Mills, MD) Fórmula Dentária Expressão (designação) em Forma Fraccionária da qualidade e quantidades dos dentes humanos. É a designinação por número e letras dos vários tipos de dentes encontrados numa dentição. A fórmula dentária indica a dentição de só um lado da boca (quer quadrantes superior e inferior) e assim deve-se multiplicar pelo factor 2 para se conseguir o número total dos dentes de uma dentição. Fórmula da Dentição Temporária no Homem: I 2 ; C 1 ; M 2 (X 2 = 20 no total) 2 1 2 Fórmula da Dentição Permanente no Homem: I 2 ; C 1 ; PM 2 ; M 3 (X 2 = 32 no total) 2 1 2 3 Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 15 Animais diferentes têm diferentes fórmulas dentárias. Na dentição permanente humana aparece novo grupo de dentes, os pré-molares, ao mesmo tempo que o número de molares aumenta, o tamanho de todos os dentes aumenta, a cor dos dentes é menos esbranquiçada, tornando-se os dentes mais duros. Tudo isto decorre da circunstância de maior desenvolvimento e maior necessidade de alimentos cada vez mais duros. DIASTEMAS À medida que as arcadas crescem, os dentes vão ficando distanciados entre si por espaços maiores que o normal: são os diastemas. Os diastemas são compensados pelo tamanho maior dos dentes e pelo número maior de dentes. Anormalidades das dentições quanto ao número de dentes Dentes suplementaresdentes sem forma determinada, que não se assemelham a qualquer dente preexistente e que brotam e se situam em locais onde habitualmente não existem dentes.(mesiodens; dens in denti). Dentes supranumerários dentes com semelhança a formas existentes mas estando em número acima do número habitual. Sistemas de Numeração Para facilitar a escrita sobre anotações que referem aos dentes, pensou-se em abreviaturas várias. Exemplo: ICSE: para Incisivo Central Superior Esquerdo. Mas, isto pode levar a confusões. Procuraram-se métodos menos confusos, usam-se pois, sistemas de designação numérica e/ou por letras, com base na divisão das arcadas e o Sistema de 2 Dígitos. Apontam-se pois, 3 sistemas que estudaremos em seguida: 1- Sistema ADA (Associação Dentária Americana) 2- Sistema Zsigmond-Palmer 3- Sistema FID (Federação Dentária Internacional) Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 16 Sistema ADA Um sistema de numeração sequencial; Cada dente tem um número para o identificar; O dente número 1 é o 3º molar Maxilar direito e sequencialmente vai-se até ao número 16 que é o 3º molar Maxilar esquerdo, em seguida, descemos para arcada inferior esquerda, onde o número 17 é o 3º molar mandibular esquerdo e terminando no número 32 que é o 3º molar mandibular direito. Neste mesmo sistema, os dentes decíduos são enumerados na mesma sequência mas, simbolicamente representados por letras. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 17 Sistema Zsigmond-Palmer A base do sistema é por hemiarcadas representadas por eixos ortogonais. A designação dos dentes permanentes é por números. A designação dos dentes temporários é por letras. Sistema FID É o sistema à base de 2 dígitos. É o sistema mais moderno e quase que imposto pelos avanços tecnológicos: a Computação. O sistema dos quadrantes está subjacente mas, estando agora assinalados como números: 1 2 4 3 1 2 1.8; 1.7; 1.6; 1.5; 1.4; 1.3; 1.2; 1.1 2.1; 2.2; 2.3; 2.4; 2.5; 2.6; 2.7; 2.8 4.8; 4.7; 4.6; 4.5; 4.4; 4.3; 4.2; 4.1 3.1; 3.2; 3.3; 3.4; 3.5; 3.6; 3.7; 3.8 4 3 Continuam-se a usar números para designar cada dente. A combinação dos 2 pressupostos determina como uma contagem na base 8. A dentição decídua é representada de igual modo, sendo os quadrantes agora representados pelos números: 5 6 5.5; 5.4; 5.3; 5.2; 5.1 6.1; 6.2; 6.3; 6.4; 6.5 8 7 8.5; 8.4; 8.3; 8.2; 8.1 7.1; 7.2; 7.3; 7.4; 7.5 Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 18 Características comuns a todos dentes A Odontologia precisa de uma descrição muito detalhada de cada um dos dentes. Criou-se para tal, uma terminologia especial que permite o domínio das particularidades de cada dente e permitindo ainda a diferenciação/comparação dos vários dentes. Esta Terminologia Especial tem o nome de Nomenclatura Dentária = Colecção de termos técnicos da ciência odontológica. Recordar: Conceitos Biológicos de Sistemática: Taxionomia e Nomenclatura. Taxionomia (do grego taxis = ordem + nomos =lei + ia) parte da sistemática que considerados a semelhança e dissemelhança de características, agrupam os seres, constituindo as características sistemáticas ou grupos taxionómicos como o tipo, a classe, a ordem, o género e a espécie. Nomenclatura (do latim nomenclatura) = catálogo, rol, classificação, lista, arte ou método para classificar os objectos de uma ciência e dar-lhes os nomes; Conjunto de vocábulos técnicos de uma ciência ou arte. Faces (caras, planos) O dente coronário pode ser comparado basicamente a corpos sólidos (recordar geometria), sendo aqueles que mais se lhe aproximam, o cubo e sólidos cuneiformes. O cubo para dentes molares e prémolares e os cuneiformes para incisivos e caninos. Análise crítica de forma cuneiforme: “ a facetação da aresta”. Observando cuidadosamente o dente (o cubo), acabaremos por indicar nele os seguintes elementos: 5/6 faces; 12 arestas (ângulos diedros); 8 ângulos triedros. Qual é a 6ª face? É aquilo a que chamamos o “Plano Virtual Transversal Cervical”. As faces, planos ou coroas podem ser: Mesial Distal Vestibular/Labial/Jugal/Facial Lingual/Palatina Oclusal/Incisal/Trirurante Mesial A face mais próximo da linha média das arcadas por onde passa o plano sagital mediano. Distal a face mais afastada do plano sagital mediano. Vestibular a face em relação com o vestíbulo bucal; pode tomar o nome de labial, quando consideramos os dentes anteriores; jugal quando consideramos os dentes posteriores; facial, quando indiscriminadamente considerados ( labiais ou jugais/ anteriores ou posteriores). Lingual só para dentes inferiores; a face em relação com a língua. Palatina só para dentes superiores; a face em relação com o palato. As faces nas raízes recebem os nomes correpondentes da coroa. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 19 Bordos / Arestas Bordos limites de uma face Arestas intersecção de 2 planos = ângulos diedros. Cada face está limitada por 3 ou 4 bordos (referir o bordo cervical ....), que recebem o nome da face do dente em causa, acrescido das designações: Mesial Distal Vestibular/Labial/Jugal/Facial Lingual/Palatina Oclusal/Incisal/Trirurante Exemplo: Dente 27 face mesial, bordo lingual. Ângulos Diedros A união de 2 faces determina a formação de arestas ou ângulos diedros. Há 8 em cada dente que são listados da seguinte maneira: I- Dentes anteriores: II- Dentes posteriores: Mesiolabial Labioincisal Mesiobucal Bucooclusal Mesiolingual Linguoincisal Mesiolingual Linguooclusal Distolabial Mesioincisal Distobucal Distooclusal Distolingual Distoincisal Distolingual Mesiooclusal Ângulos Triedros Ponto de junção de 3 faces, que são 4 por dente e tomam os seguintes nomes: I- Dentes anteriores: II- Dentes posteriores: Distolabioincisal Distobucooclusal Distolinguoincisal Distolinguooclusal Mesiolabioincisal Mesiobucooclusal Mesiolinguoincisal Mesiolinguooclusal Outros elementos Os restantes elementos dentários costumam ser classificados em: Elevações/Sobreelevações = convexidades estruturais sobre as superfícies; Depressões = concavidades estruturais sobre as superfícies. Comecemos pelas elevações/sobreelevações. Cristas/Rebordos Em algumas faces, dos dentes existem engrossamentos ou elevações de esmalte. É comum que nos bordos livres (oclusais) dos dentes molares e prémolares aconteça este engrossamento Rebordo Marginal ou Crista Marginal. Fazem-se as seguintes divisões neste rebordo Mesial Distal Lingual Vestibular Cervical (....?) Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 20 Assim, o rebordo cervical neste caso refere a situações particulares dos dentes incisivos superiores que apresentam sim, um rebordo cervical, a que se chama Cíngulo. Cúspides São projecções elevadas de esmalte de vários tamanhos, de forma basicamente piramidal nas faces oclusais dos prémolares e molares e, no rebordo incisal dos caninos. Os incisivos não possuem cúspides. Elementos constituintes das cúspides: base quadrangular 4 arestas 1 vértice Faces ou planos inclinados Tubérculos É uma elevação arredondada, originada por maior depósito de esmalte que surge como desvio normal da forma típica. O Tubérculo de CARABELLI é exemplo que não pode deixar de ser citado. O chamado tubérculo mésio-lingual do 1º molar superior. Tuberosidades / Bossas Mais que verdadeiras sobreelevações estruturais, correspondem aos pontos de maior convexidade; Pontos de convexidade assinaláveis, comuns nas faces da coroa; Comuns próximos ao colo nas faces vestibulares. Lobos / Lóbulos 2 sentidos: 1- Lobos / Lóbulos de desenvolvimento como as faces do início da calcificação dos dentes. É conceito muito polémico: um foco? Dois focos? 2- Lobo / Lóbulos no sentido puramente anatómico como divisões (partes) do dente normalmente separadas por sulcos. V.g. Os 3 segmentos notáveis nas faces vestibulares e linguais dos incisivos e caninos separados por sulcos e expressos no bordo incisal pela presença dos chamados na gíria estomatológica por Mamelões: Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 21 Pontos de Contacto Locais onde se tocam as faces proximais de dentes na normal posição dos dentes nas arcadas. Com a função mastigatória, passam a facetas de contacto. Passemos agora a falar de depressões ....... Espaço Interdentário Não faz sentido falar de Pontos de Contacto e facetas de contacto, sem falar logo dos Espaços Interdentários, que são a área compreendida entre as faces proximais dos dentes da mesma arcada. Está normalmente preenchido pela Papila Interdentária (papila saliente da gengiva marginal). Papila Interdental Espaço Interdenário Fossas São depressões amplas, profundas, arredondadas ou próximas de tal, em algumas faces de dentes. São constantes, o que as torna elementos de reconhecimento de determinado dente. Podem ser: Centrais Palatinas Vestibulares Oclusais Linguais Em alguns tipos de dentes, são tão profundas que determinam o chamado Buraco Cego. Buraco Cego Fossetas São pequenas depressões mais ou menos profundas com formas triangulares, circulares ou losangulares que se situam nas faces oclusais e vestibulares de alguns dentes. Sulcos São depressões lineares, geralmente pronunciadas, que separam as cúspides. Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 22 Fissuras ou Fendas Conceito polémico que significaria uma depressão linear, cujo fundo seria dentina por ter havido solução de continuidade do esmalte. A contra-argumentação diz que toda solução de continuidade do esmalte deve ser considerada patológica. Estria Há quem utilize este termo, pretendendo significar um sulco de depressão menor e em que o esmalte se envagina nos bordos, sem contudo haver solução de continuidade. Junção Cemento-Esmalte As 3 formas de junção ..... A linha sinuosa do colo do dente; Linha convexa para a raiz, lábio e lingualmente e côncava para a raiz mésio e distalmente. Que importância a dada na orientação: Superior / Inferior? Todos elementos atrás referidos, devem ser localizados e, localizados com muita precisão. Assim, idealizou-se a divisão das faces por terços (1/3). Podemos fazer notas que esta divisão por terços é muito comum no estudo da Anatomia. V.g. 1/3 da face: Superior, Média, Inferior. 1/3 dos ossos longos (ex: fémur): 1/3 proximal; 1/3 médio; 1/3 distal. Aproveita-se aqui a oportunidade de classificar alguns termos: Mesial termo de origem grega (mésio) só utilizado na Anatomia Dentária (não na anatomia Geral) e que se refere a pontos, linhas, faces, voltados para o plano sagital mediano da face que passa entre os incisivos centrais – é termo tradicional estomatológico. Medial termo de uso em Anatomia Geral e que se refere a pontos, linhas, faces, voltados para o plano sagital mediano. Proximal termo que na Anatomia Geral significa igual que o anterior proximal = medial em Anatomia Geral. Proximal termo que na Anatomia Dentária se refere às faces que determinam um ponto de contacto por um lado e um espaço interdentário por outro. Vistas Vestibulares: os terços dentários devem ser considerados nos sentidos: ocluso-cervical e horizontal: M D M D 1/3 Cervical 1/3 Médio 1/3 Oclusal 1/3 Mesial 1/3 Distal 1/3 Médio Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 23 Vista Oclusal: para maior precisão de indicação, localização, cosidera-se a associação dos 2 sentidos: M Médio-Mesial Mésio-Lingual Mésio-Vestibular L V Médio- Lingual Médio-Vestibular Médio Disto-Lingual Vestibulo Distal Médio-Distal D Esta divisão em terços é mais útil nas faces oclusais posteriores onde a riqueza de proeminências é maior. A morfologia dos dentes pode ser considerada sob certos aspectos com variável. Foi assim que falamos de Homodontia e Heterodontia. Mas, se tentarmos pensar geometricamente, veremos que todos os dentes têm a forma de Paralelopípedo (coroa e raiz) ou cubo (só coroa). Mas, para os dentes caninos e incisivos..... também? Diremos que os incisivos e caninos sim ....... até têm forma algo diferente: a Cuneiforme!!! E se admitirmos que o bordo incisal destes dentes só teoricamente pode ser entendido como tal pois, na prática é habitualmente mais face que linha, acabaremos por cair numa forma digamos que de paralelepípedo em que as faces não são paralelas. Repetindo, teremos sempre os seguintes elementos: 5 faces reais 1 face virtual 12 bordos ou arestas 12 ângulos diedros 8 ângulos triedros Repetimos a classificação das faces ........ Demos formas gerais aos sólidos comparados aos dentes: paralelepípedo, cubo, cuneiforme ...... Que forma (s) geral (ais) geométrica (s) para as faces dos sólidos? Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária24 Todas faces dos dentes podem ser inscritas em 3 figuras geométricas: triângulo, trapézio, losango. Assim: faces proximais dos incisivos e caninos; faces proximais dos dentes jugais inferiores; faces: vestibular, lingual e oclusal de maneira geral + faces proximais de prémolares e molares superiores. Perguntamos já, que forma têm as faces ...... agora .....? Que direcção têm as faces das coroas dentárias? As direcções constatadas factualmente nos dentes, permitem definir regras que dão a compreender o sentido das várias faces que formam o dente. Mais uma vez, aqui a análise tem de ser feita em 2 sentidos: vertical e horizontal. N.B. Notar sempre que estamos a falar das faces de um mesmo dente! Sentido Vertical: 1- As faces proximais convergem para o colo dentário; a convergência é maior nas faces distais. 2- As faces vestibular e lingual convergem para a superfície oclusal; A convergência é maior na face vestibular e mais pronunciada ainda nos dentes inferiores. Sentido Horizontal: 1- As faces vestibular e lingual são ligeiramente convergentes para o lado distal ( notar que a face distal é menor que a face mesial). 2- As faces proximais (de um mesmo dente) são convergentes para o lado lingual; Excepção para o 1º molar superior onde a face lingual é maior que a vestibular. O assunto dimensões / tamanho dos dentes, foi um que não tocamos a forma directa. Com efeito, as dimensões absolutas dos dentes variam muito de pessoa para pessoa, de raça para raça, de etnia para etnia, com base no sexo, etc. Apontam-se geralmente termos médios que valem como orientação. Falaremos pois, da grandeza relativa das faces, isto é, grandeza comparada das faces onde é possível definir regras gerais, embora com algumas excepções ( as excepções confirmam as regras). Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 25 Dimensões Relativas dos Dentes Aqui, mais uma vez, há que considerar 2 sentidos: Vertical e Horizontal. Sentido Vertical: 1- A face vestibular é maior que a lingual, medida do colo ao bordo incisal. 2- A face mesial é sempre maior que a distal, excepto no incisivo central inferior. Sentido Horizontal: 1- A face vestibular é maior que a lingual com excepção para o 1º molar superior onde a face lingual é maior que a vestibular. 2- A face mesial é maior que a distal. As várias faces dos dentes apresentam pontos de maior convexidade, tuberosidades ou bossas, que acentuam os planos inclinados das faces. Que importância têm as tuberosidades ou bossas? 1- Servem de pontos de fixação de próteses; 2- Ajudam na manutenção da saúde da gengiva: a) quando as bossas são de dimensões excessivas – os alimentos mastigados não chegam a estimular a gengiva, havendo Atrofia e Retracção Gengival. b) Quando há bossas por defeito – estimulação exagerada com Inflamação e Degeneração. Morfologicamente: Os pontos de maior convexidade das faces dentárias uma vez unidos por linha contínua, determinam a chamada Linha Equatorial ou Linha de maior Contorno. O Colo A linha de junção esmalte-cemento ..... As várias formas de união..... A linha sinuosa côncavo-convexa: 1- Convexa para a raíz nas faces vestibular e lingual; 2- Côncava para a raíz nas faces proximais; 3- Esta dupla situação é válida para todos os dentes, sendo porém, cada vez menos acentuada de mesial para distal; 4- Nos dentes di e polirradiculados há tendência de a linha do colo se alongar em direcção à bifurcação das raízes. Relação entre Longo Eixo Radicular e as Faces M e D dos dentes: Este promenor é de valia na orientação de um dente. A Raiz Quanto à raiz, os dentes podem ser: Uni, Bi, e Tirradiculares. Existem de maneira geral, 4 faces: 1/3 Apical 1/3 Médio 1/3 Cervical ou Basal Anatomia Oral & Morfologia e Escultura Dentária 26 Bulbo Radicular região onde os dentes plurirradiculares ainda têm a massa radicular comum. Dimensões relativas: Raiz sempre maior que a Coroa: a) Nos incisivos e 3os Molares (pouco claramente) b) Nos restantes (bem claramente) Direcção das Raízes 1- Absoluta: quando analisada isoladamente: Tendência rectilínea (habitualmente); Desvios no 1/3 apical (curvaturas; acotovelamentos) 2- Relativa: quando analisada no contexto de outros elementos próximos; V.g. Osso alveolar: desvio normal para distal por tropismo vascular. 3- Orifício Apical ou Forâmen Apical: a) Formas: Circular; Ovóide; Em forma de oito (8). b) Números: 1, 2, vários (plural: Forâmina)
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