Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 ELISANDRA GARCIA BAENA A UTILIZAÇÃO DA CORRENTE GALVÂNICA (ELETROLIFTING) NO TRATAMENTO DO ENVELHECIMENTO FACIAL CASCAVEL 2003 Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 ELISANDRA GARCIA BAENA A UTILIZAÇÃO DA CORRENTE GALVÂNICA (ELETROLIFTING) NO TRATAMENTO DO ENVELHECIMENTO FACIAL Trabalho de conclusão de curso do curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Cascavel. Orientadora: Profª . Juliana Cristina Frare. Cascavel 2003 Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 TERMO DE APROVAÇÃO ELISANDRA GARCIA BAENA TÍTULO: A Utilização da Corrente Galvânica (Eletrolifting) No Tratamento Do Envelhecimento Facial Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título de graduação em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. __________________________ Orientador: Profª . Juliana C. Frare Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE _________________________ Profª . Graciana Grespan Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE _________________________ Profª . Ms. Celeide Aguiar Pinto Peres Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE Cascavel/2003 Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, pelo apoio, compreensão, confiança e principalmente pela presença nos bons e maus momentos, tornando possível assim que eu completasse mais uma etapa de minha vida. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 AGRADECIMENTOS Agradeço . . . A Deus pela minha vida e por todas as pessoas que colocou em meu caminho. Aos professores pela dedicação e por todo conhecimento que me transmitiram ao longo desses anos. Aos amigos pelo companheirismo e confiança que me deram, em especial às minhas amigas Patrícia Marquetti Deitos e Karoline Toniel Diehl Gallas pela verdadeira amizade que construímos. À orientadora deste trabalho, professora Juliana Cristina Frare, pela ajuda, tempo e conhecimento a mim dispensado. Em especial à professora e coordenadora do curso de fisioterapia, Celeide Aguiar Pinto Peres, pela ajuda que me concedeu nos momentos mais turbulentos que enfrentei durante minha caminhada pela faculdade, pela pessoa humana e verdadeira que é, e principalmente pelo carinho que me recebeu nesta faculdade. ... o meu muito obrigado a todos. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 RESUMO O processo de envelhecimentos se dá de forma gradual. O colágeno, componente fundamental do tecido conjuntivo torna-se gradualmente mais rígido, e a elastina, outro componente do mesmo tecido, vai perdendo a sua elasticidade natural devido à redução do número de fibras elásticas e de outros componentes do tecido conjuntivo, formando as linhas de expressão. As linhas de expressão por motivo da sua enorme importância estética, particularmente no sexo feminino, como sinal ou selo do desaparecimento da juventude, é motivo de atenção especial e de procura de cuidados corretivos e tratamentos. Dentre os tratamentos encontram-se a galvanopuntura ou também conhecida como Eletrolifting que é uma técnica que utiliza a corrente galvânica, com o objetivo de atenuar vincos e linhas de expressão.Neste estudo foram avaliadas e tratadas 5 pacientes que apresentavam sinais de envelhecimento facial (linhas de expressão), sendo todas as pacientes do sexo feminino, idade entre 40 e 55 anos. As mesmas foram submetidas a aplicações semanais de corrente galvânica, conforme critérios pré-estabelecidos. Este obteve objetivo obter melhora da qualidade do tecido conjuntivo da face e atenuação das linhas de expressão, com conseqüência melhora da auto-estima, satisfação pessoal e aparência estética. Palavras-chaves: envelhecimento facial, corrente galvânica, linhas de expressão. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 SUMÁRIO Lista de figuras Lista de tabelas Lista de gráficos 1. Introdução Anexos Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 1 INTRODUÇÃO De todas as causas de morte, a única que é verdadeiramente previsível e inevitável é o envelhecimento. Ao longo da História da Humanidade, sempre se tentou descobrir a fonte da eterna juventude. Nos dias de hoje essa busca não cessou. Pelo contrário, ela é atualmente mais intensa do que nunca. Laboratórios de alta tecnologia trabalham para abrandar, parar e até reverter este processo (MAGALHÃES, 2002). O órgão humano que mais revela o envelhecimento é a pele, sendo também o mais acessível ao estudo dos processos que levam ao envelhecimento (GUIRRO, 2002). O processo de envelhecimentos se dá de forma gradual. O colágeno e a elastina, vão perdendo a sua elasticidade natural devido à redução do número de fibras elásticas e de outros componentes do tecido conjuntivo. O declínio das funções do tecido conjuntivo faz com que as camadas de gordura sob a pele não se consignam uniformes e a degeneração das fibras elásticas, aliada à menor velocidade de troca e oxigenação dos tecidos, provoca a desidratação da pele dando como resultando as linhas de expressão (GUIRRO, 2002). As linhas de expressão por sua enorme importância estética, particularmente no sexo feminino, como sinal ou selo do desaparecimento da juventude, é motivo de atenção especial e de procura de cuidados corretivos e tratamentos (ESTEVES et al, 1991). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Dentre os tratamentos encontram-se a galvanopuntura, também conhecida como eletrolifting, que é uma técnica que utiliza a corrente galvânica, com o objetivo de atenuar vincos e linhas de expressão. Esse método consiste em provocar uma sutil agressão na camada superficial da epiderme, sobre as rugas ou linhas de expressão, com o intuito de estimular a produção de novas células, de colágeno e elastina e ainda incrementar a nutrição do local, agindo sobre os tecidos que se encontram desnutridos e desvitalizados (GUIRRO, 2002). Este trabalho tem por objetivo avaliar se os pacientes submetidos ao protocolo de tratamento de rejuvenescimento facial através do uso de corrente galvânica (eletrolifting) obtêm melhora da qualidade do tecido conjuntivo da face e atenuação das linhas de expressão, com conseqüente melhora da auto-estima, satisfação pessoal e aparência estética. A pela vasta aplicação de corrente galvânica (eletrolifting) no tratamento do envelhecimento facial, sem que existam, no entanto, trabalhos com bases científicas que possam comprovar os reais efeitos desta corrente sobre o processo de envelhecimento cutâneo justificam a realização deste trabalho. Neste estudo foram avaliadas e tratadas 5 pacientes que apresentavam sinais de envelhecimento facial (linhas de expressão), sendo todas as pacientes do sexo feminino, idade entre 40 e 55 anos. As mesmas foram submetidas a aplicações semanais de corrente galvânica, conforme critérios pré-estabelecidos. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2 SISTEMA TEGUMENTAR O tegumento compreende a pele que reveste todo o corpo, juntamente com certos órgãos acessórios derivados da pele, tais como unhas, pêlos e glândulas devários tipos (BAILEY et al, 1973). A pele realiza muitas funções importantes. Protege o organismo contra substâncias lesivas e contra dessecação, auxilia na regulagem da temperatura corpórea, excreta água, gordura e algumas outras substâncias e constitui o mais extenso órgão sensorial do corpo, para recepção de estímulos táteis térmicos e dolorosos (BAILEY et al, 1973). 2.1 EMBRIOLOGIA DA PELE A pele se origina dos folhetos ectódérmicos e mesodérmico. Do ectoderma derivam as estruturas epiteliais (epiderme, glândulas, pêlos e unhas) e neurais (melanócitos e nervos), enquanto do mesoderma derivam a derme e a hipoderme. Para maior precisão, os melanócitos derivam da crista neural, que é ectodérmica, fato este que tem interesse em patologia (AZULAY, 1999). No embrião de cinco a seis semanas, a epiderme está representada apenas por uma única camada de células justapostas. Mais tarde, a multiplicação dessas células leva à formação de duas camadas (a basal e o início da camada de Malpighi), além da Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 camada da periderme; esta, ao fim de seis meses, se desprenderá, quase que na totalidade da epiderme propriamente dita (AZULAY, 1999). A proliferação celular leva ao aumento do número das fileiras de células de Malpighi, e, em torno do sexto mês, instala-se o processo de ceratinização. Independentemente dessa evolução ceratinocítica, a partir da camada basal originam- se, em determinados pontos, brotos ou germes epiteliais primários, que são amontoados de células que começam a invadir o mesênquima; esses brotos dão origem aos folículos pilosos (3º e 4º mês), às glândulas sebáceas e apócrinas (4º mês) e às glândulas écrinas (3º mês). As unhas surgem no segundo mês (AZULAY, 1999). Os melanócitos, que se originam de melanoblastos, provenientes da crista neural. Alcançam a epiderme por volta do terceiro mês. Os mastócitos surgem entre o terceiro e o quarto mês. A derme e a hipoderme diferenciam-se a partir do mesoderma, sendo inicialmente representadas por um tecido afibrilar, amorfo, que é a substância fundamental, e por células mesenquimais primitivas de morfologia dendrítica. No terceiro mês de vida, surgem as primeiras fibras argentafins – são as reticulares; com o correr do tempo, muitas dessas fibras espessam-se, perdem a argirofilia e transformam- se em feixes de fibras colágenas. Ao mesmo tempo, as células mesenquimais transformam-se fusiformes, os fibroblastos, que presidem todas as alterações histoquímicas; é interessante ressaltar que a pele do feto é mais rica em colágeno III, enquanto no adulto é o colágeno I que predomina. Só mais tarde, em torno da 22ª semana, aparecerão as fibras que se impregnam pela orceína – as elásticas. No quinto mês, começa a formar-se a hipoderme, através do acúmulo cada vez maior de lipídios Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 no interior de células que passam, então, a ter uma morfologia arredondada, com o núcleo rebatido para a periferia – são os adipócitos (AZULAY, 1999). 2.2 CAMADAS DA PELE Duas camadas são reconhecidas na pele: a epiderme, mais superficial, e a derme, subjacente a ela; ambas apresentam complexa estrutura microscópica (DÂNGELO et al, 1988). Fig. 01- Esquema de um corte de pele. Fonte: LIMA, R. B., 1996-2003. Disponível em: <http://www.dermatologia.net/>.Acessado em 29/10/2003. 2.2.1 EPIDERME A epiderme de todo o corpo é consideravelmente mais fina do que a das palmas das mãos, plantas dos pés e superfícies volares dos dedos (BAILEY et al, 1973). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Fina camada granulosa, composta de apenas uma fileira de células, acha-se presente com freqüência, mas uma camada lúcida, definida, está em geral ausente. A estrutura varia com a região (BAILEY et al, 1973). A epiderme é composta de epitélio escamoso estratificado no qual podem ser identificado vários tipos celulares: células de merkel, melanócitos, ceratócitos (CHANDRASOMA et al, 1993). 2.2.1.1 Ceratócitos Segundo CHANDRASOMA et al (1993), dividem-se em camadas: camada córnea, camada germinativa (basal), camada espinhosa, camada granulosa, camada lúcida, células de langerhans. 2.2.1.1.1 Camada Germinativa (Basal) Constituída por células prismática ou cubóides que repousam sobre a nítida lâmina basal que separa a epiderme da derme. É responsável pela constante renovação da epiderme. Calcula-se que a epiderme humana se renova a cada 20 a 30 dias (JUNQUEIRA et al,1982). 2.2.1.1.2 Camada Espinhosa Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Constituída por células poligonais cubóides, de núcleo central com pequenas expansões citoplasmática que contêm tonofibrilas, o que dá à célula um aspecto espinhoso. Têm importante função na manutenção da coesão das células da epiderme e, conseqüentemente, na sua resistência ao atrito (JUNQUEIRA et al,1982). 2.2.1.1.3 Camada Granulosa É caracterizada pela presença de células poligonais com núcleo central, nitidamente achatadas, em cujo citoplasma são observados grânulos grosseiros e basófilos. Estes grânulos são extrudados das células e formam uma camada de substância intercelular que age vedando esta camada de células, impedindo a passagem de compostos, inclusive a água, entre elas (JUNQUEIRA et al,1982). 2.2.1.1.4 Camada Lúcida Constituída por uma delgada camada de células achatadas, eosinófilas, hialinas, cujos núcleos desapareceram (JUNQUEIRA et al,1982). 2.2.1.1.5 Camada Córnea Tem espessura muito variável e é constituída por células achatadas, mortas e sem núcleo. O citoplasma dessas células apresenta-se cheio de substância córnea, uma escleroproteína birrefringente chamada queratina. Essa epiderme mais complexa é Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 encontrada na planta do pé e palma da mão. Nas outras regiões a epiderme não só é mais fina como mais simples, e é responsável pela impermeabilidade da pele (JUNQUEIRA et al,1982). 2.2.1.2 Melanócitos São células epidérmicas derivadas da crista neural embiológica. Produzem melanina e estão situadas isoladamente na camada basal, surgindo como células claras maiores. O número de melanócitos na pele é relativamente constante, representado na figura abaixo. A pigmentação cutânea depende da velocidade de síntese da melanina, que é orientada por fatores raciais, radiação ultravioleta e hormônios (CHANDRASOMA et al, 1993). Fig. 02 - desenho mostrando melanócitos. Fonte: JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, G. Histologia Básica. 5. ed. Rio de Janeiro: ED Guanabara Koogan, 1982. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.2.1.3 Células de Langerhans São células dendríticas claras situadas entre as células da camada epinhosa. São consideradas células processadoras de antígeno relacionadas às células reticulares interdigitantes dos linfonodos (CHANDRASOMA et al, 1993). 2.2.1.4 Células de Merkel São células neuroendócrinas que estão presentes na camada basal da epiderme (CHANDRASOMA et al, 1993). 2.2.2 DERME A derme repousa sobre a tela subcutânea (hipoderme), rica em tecido adiposo (gordura). Deve-se ressaltar, entretanto, que a quantidade de tecido adiposo varia nas diferentes partes do corpo, não existindo em algumas, como as pálpebras e o prepúcio. A tela subcutânea contribui para impedir a perda de calor e constitui reserva de material nutritivo. Geralmente a derme é mais espessa no feminino do que no masculino e sua distribuição é diferente nos dois sexos (DÂNGELO et al, 1988). A derme varia de 0,2 a 4mm de espessura e compõe-se de tecido denso, de disposição irregular. Contém os três tipos de fibras de tecido conjuntivo,fibroblastos e histiócitos (BAILEY et al, 1973). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 A derme é rica em fibras colágenas e elásticas que conferem á pele sua capacidade de distender-se quando tracionada, voltando ao estado original desde que cesse a tração (DÂNGELO et al, 1988). Pode-se distinguir duas camadas. A mais profunda é relativamente espessa, sendo designada camada reticular. A superficial, camada subepitelias ou papilar, é mais fina (BAILEY et al, 1973). 2.2.2.1 Camada Papilar É delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo, derivando seu nome do fato de ser ela que penetra nas papilas dérmicas. Nesta camada foram descritas fibrilas especiais de colágeno, que se inserem na lâmina basal e penetram profundamente na derme. Estas fibrilas teriam a função de prender a derme à epiderme (JUNQUEIRA et al,1982). 2.2.2.2 Camada Reticular Caracteriza-se por fibras colagenosas grosseiras e feixes de fibras. As fibras se entrecruzam e formam extenso retículo de malhas rombóides, sendo a direção das fibras, no homem, paralela à superfície da pele. As fibras elásticas formam condensações capsulares, em forma de cestos, em torno dos bulbos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas. É responsável pela elasticidade da pele (BAILEY et al, 1973). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.3 HIPODERME (tela subcutânea) É formada por tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira pouco firme a derme aos órgãos subjacentes. É a camada responsável pelo deslizamento da pele sobre as estruturas na qual se apóia. Dependendo da região em estudo e do grau de nutrição do organismo, a hipoderme poderá ter uma camada variável de tecido adipodo, sendo nele que se deposita a maior parte dos lipídeos nas pessoas ditas gordas (JUNQUEIRA et al,1982). 2.4 ANEXOS DA PELE 2.4.1 GLÂNDULAS DA PELE A pele contém numerosas glândulas sudoríparas e sebáceas. As primeiras localizam-se na derme ou tela subcutâneas, com importante função na regulação da temperatura corporal, porque sua secreção, o suor, absorve calor por evaporação da água. Possuem um longo e tortuoso ducto excretor que atravessa a epiderme e se abre na superfície da pele por meio de um poro (DÂNGELO et al, 1988). 2.4.1.1 Glândulas Sudoríparas Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Glândulas sudoríparas são encontradas por toda a superfície do corpo, exceto às bordas dos lábios, no pavilhão auricular, à superfície interna do prepúcio e da glande. São mais numerosas nas palmas das mãos e planas dos pés, sendo as únicas glândulas encontradas nessas áreas. O ducto excretor descreve curso reto ou oblíquo através da derme, penetrando na epiderme entre duas papilas (BAILEY et al, 1973). Glândulas sudoríparas particularmente grandes são encontradas nas axilas, aréola mamária, lábios maiores e região perianal. Produzem secreção mais espessa do que o suor formado pelas glândulas maiores (BAILEY et al, 1973). O suor secretado por essa glândula é um líquido extremamente fluido, que contém pouquíssima proteína, além de sódio, potássio, cloretos, uréia, amônia e ácido úrico (JUNQUEIRA et al,1982). Secretam por método apócrino, isto é, pela ruptura de porções de suas extremidades apicais. É uma designação útil para as glândulas, apesar do fato de haver mais polêmica agora quanto ao seu processo exato de secreção (BAILEY et al, 1973). 2.4.1.2 Glândulas Sebáceas São, com raras exceções, encontradas em todas as regiões do corpo. Situam-se na derme e os seus ductos geralmente desembocam na porção terminal dos folículos piloso. Em certas regiões, porém (lábio, glande e pequenos lábios), os ductos abrem-se diretamente na superfície da pele (JUNQUEIRA et al,1982). As glândulas sebáceas faltam nas regiões palmares e plantar. Sua secreção, conhecida como sebo, serve para lubrificar a pele e os pelos (DÂNGELO et al, 1988). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 A secreção sebácea é realmente a mistura complexa de lipídeos que contêm triglicerídeo, ácidos graxos livres, colesterol e seus ésteres. A atividade dessas glândulas é nitidamente influenciada por hormônios sexuais (JUNQUEIRA et al,1982). 2.4.2 UNHAS As unhas são formadas por escamas córneas achatadas, que formam capas de proteção para as falanges distais dos dedos e artelhos. Toda unha consiste em: um corpo, a porção descoberta, fixa, a unha; uma borda livre, a extensão anterior livre, do corpo; e uma raiz da unha, parte posterior ou proximal da unha (BAILEY et al, 1973). A dobra da pele que se estende em torno das bordas laterais e proximal da unha constitui a dobra periungueal e a pele situada sob a mesma é o leito ungueal. O sulco entre o leito ungueal e a dobra periungueal é a fenda ungueal. A unha propriamente dita é dura e córnea, e consiste em várias camadas de células claras, achatadas, dotadas de núcleos contraídos e degenerados (BAILEY et al, 1973). O crescimento das unhas é contínuo durante a vida, graças a um processo de proliferação e diferenciação de células epiteliais da raiz da unha, que gradualmente se queratinizam para formar a placa córnea (DÂNGELO et al, 1988). 2.4.3 PÊLOS Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Os pêlos são uma característica fundamental dos mamíferos e cobrem considerável parte da pele, embora estejam ausentes em algumas regiões do corpo, como a palmar e plantar. Os pêlos que se desenvolvem inicialmente constituem a lanugem, que se desprende pouco antes do nascimento para dar lugar à pêlos finos. Pêlos longos desenvolvem-se na cabeça (couro cabeludo) nas axilas, ao nível da sínfise púbica e, no sexo masculino também na face. Como ocorre na pele, a coloração dos pêlos depende da quantidade de pigmento neles existentes (DÂNGELO et al, 1988). Os pêlos são fios elásticos, queratinizados, derivados da epiderme. Situam-se em depressões ou poros profundos e estreitos que atravessam a derme a profundidades variáveis, estendendo-se geralmente até o tecido subcutâneo (BAILEY et al, 1973). No pêlo distinguem-se duas partes: a haste e a raiz, estando a primeira acima da pele e a segunda alojada num tubo epidérmico denominado folículo piloso, que mergulha na derme ou na tela subcutânea. A base do folículo é dilatada, constituindo o bulbo piloso. No ângulo obtuso formado pela raiz do pêlo e a superfície da pele encontram-se, geralmente, um feixe de fibras musculares lisas denominadas músculo eretor do pêlo, cuja contração provoca a ereção do pêlo (DÂNGELO et al, 1988). O pêlo é inteiramente formado por células epiteliais, distribuídas em três camadas definidas: medula, córtex e cutícula, podendo ser observado na figura 03 (BAILEY et al, 1973). A formação do novo pêlo com a proliferação de células da bainha radicular externa na região da papila antiga. A papila torna-se maior e se invagina pela massa Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 celular ou, segundo alguns autores, forma-se uma nova papila. Dessa nova matriz, ou “germe piloso”, desenvolve-se o novo pêlo. O novo pêlo cresce em direção à superfície sob ou ao lado do pêlo morto, o qual, finalmente, substitui (BAILEY et al, 1973). A pigmentação do pêlo processa-se graças à presença de melanócitos, que se dispõem entre a papila e o epitélio da raiz do pêlo e fornecem melanina às células da raiz e córtex do pêlo, de maneira análoga à que ocorre na epiderme. Sua cor, tamanho e disposição variam de acordo com a raça e região do corpo (JUNQUEIRA et al,1982). Fig. 03 – Folículo piloso. Fonte: AZULAY, D. R.; AZULAY, R. D. Dermatologia. 2ª ed. Revisada e atualizada, Rio de Janeiro: ED Guanabara Koogan S.A., 1999. 2.5 FISIOLOGIA DA PELE Monografiasdo Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.5.1 FUNÇÕES DA PELE A epiderme é impermeável à água e eletrólitos, permitindo a manutenção de um meio essencialmente aquoso (células corporais e líquidos teciduais) em um ambiente atmosférico relativamente seco (CHANDRASOMA et al, 1993). A pele é um importante órgão de controle da temperatura. A vasoconstrição cutânea reduz e a vasodilatação aumenta a perda de calor. A sudorese também permite perda do calor como uma função da evaporação. O fluxo sangüíneo cutâneo e a sudorese são regulados pelo sistema nervoso simpático (CHANDRASOMA et al, 1993). A pele também serve para proteger os órgãos internos da ação de substâncias químicas tóxicas e radiação. A epiderme é impermeável a todas as substâncias, exceto corrosivas, enquanto o pigmento melanina na epiderme absorve a radiação ultravioleta prejudicial (CHANDRASOMA et al, 1993). A pele é uma barreira física eficaz contra a entrada de agentes infecciosos, com a camada córnea representando um ambiente inóspito para a maioria dos microrganismos. O efeito químico do suor e sebo e a presença das bactérias comensais também ajudam a defender contra infecção por organismos virulentos. O efeito de barreira da pele é perdido se estiver cronicamente molhada ou se sua continuidade for destruída por trauma (CHANDRASOMA et al, 1993). 2.5.1.1 Proteção Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 É exercida das mais diversas maneiras contra as agressões do meio exterior. A pele tem uma resistência relativa aos agentes mecânicos, como nos traumatismos, pela sua capacidade moldável e elástica (colágeno e elastina). No sentido físico, essa proteção se faz pela capacidade que a pele tem através de seu sistema melânico, de impedir e absorver as radiações calóricas ultravioletas e até mesmo ionizantes. Outros tipos de proteção são: a físico-química, no sentido da manutenção do pH ácido (5,4-5,6) da camada córnea; a química, através do manto lipídico com atividade antimicrobiana; e a imunológica, presente, na epiderme, através das células de Langerhans e, na derme, à custa de macrófagos, linfócitos e mastócitos (AZULAY, 1999). 2.5.1.2 Percepção Os elementos nervosos que existem, sobretudo na derme, permitem ao ser humano o reconhecimento de sensações especiais, como calor, frio, dor e tato, o que o conduz a um mecanismo de defesa no sentido de sobrevivência (AZULAY, 1999). 2.5.1.3 Hemorregulação e termorregulação A pele, através de seus extensos plexos vasculares e seus corações periféricos (os glomos), permite manter e regular o débito circulatório. Em determinadas ocasiões, o aumento do débito sangüíneo periférico é suprido pela atividade dos glomos e pela suplementação de outros vasos que não estão com sua capacidade total de repleção. No choque, a palidez traduz essa elevada função de hemorregulação da pele. Por outro lado, a homeotermia ou termorregulação é mantida por mecanismo comandado pelo Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 centro termorregulador através das vias do sistema nervoso autônomo, levando à vasocontrição ou vasodilatação (AZULAY, 1999) 2.5.1.4 Secreção Como elementos secretados pela pele, temos a ceratina, a melanina, o sebo e o suor, todos exercendo funções definidas e harmônicas. Destacamos o sebo, que forma um manto lipídico com atividade antimicrobiana, como emulsificador de substância e como barreira protetora (AZULAY, 1999). 2.5.1.5 Excreção As glândulas écrinas secretam água e eletrólitos, porém, de maneira muito insignificante, se comparadas aos rins (AZULAY, 1999). 2.5.1.6 Metabolização A pele também sintetiza hormônios (testosterona) e é capaz de metabolizar testosterona, progesterona, estrógenos e glicocorticóides. Tem também uma ação decisiva na fabricação e na metabolização da vitamina D (AZULAY, 1999). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.6 ELASTICIDADE DA PELE Através de sua elasticidade a pele permite os movimentos do corpo; ela está distendida além do seu ponto de equilíbrio elástico, tanto que se retrai quando há solução de continuidade (GUIRRO, 2002). A tensão da elasticidade varia de direção conforme a região do corpo e isto se deve à variação da direção geral das fibras colágenas e elásticas da derme (GUIRRO, 2002). A elasticidade da pele pode ser determinada pela orientação das linhas de fenda, ou linhas de Langer (figura 04). Langer demonstrou que até no cadáver a pele é sujeita a tensões direcionadas de acordo com as linhas. A perfuração da pele provoca a formação não de um orifício circular, mas de uma fenda, cuja direção corresponde à orientação dos feixes conjuntivos elásticos, que indicam, portanto, a direção de menor distensibilidade, ou seja, de resistência da pele à tração (GUIRRO, 2002). Fig. 04 - Linhas de fenda do rosto e pescoço. Fonte: GUIRRO, Eliane.; GUIRRO, R.; Fisioterapia Dermato-Funcional: fundamentos, Recursos, Patologias; 3 ed. São Paulo: ED Manole, 2002. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.7 COLORAÇÃO DA PELE A cor da pele depende da quantidade de pigmentos, da vascularização e da espessura dos estratos mais superficiais da epiderme. Entre os pigmentos, a melanina é o mais importante e sua quantidade na pele varia com a raça. A pigmentação aumenta após inflamação, exposição ao calor, aos raios solares ou aos raios-X. Sardas e pintas são acúmulos circunscritos da melanina (DÂNGELO et al, 1988). 2.8 MUSCULATURA DA PELE A musculatura da pele é predominantemente lisa e compreende os músculos eretores dos pêlos, o dartos do escroto e a musculatura da aréola mamária (SAMPAIO et al,1981). As fibras musculares lisas do músculo eretor aderem por uma extremidade às fibras conjuntivas da derme e por outra aos folículos pilosos, inserindo-se abaixo das glândulas sebáceas. Situadas obtusamente em relação ao folículo, sua contração produz a verticabilidade do pêlo, isto é, a horripilação (SAMPAIO et al,1981). Quanto à musculatura estriada, encontra-se na pele do pescoço (plastima) e da face (musculatura da mímica) (SAMPAIO et al,1981). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2.9 INERVAÇÃO DA PELE A pele é ricamente inervada, pois tem milhões de terminações microscópicas que permitem identificar os diferentes estímulos do ambiente, alertando o organismo para o perigo exterior. Todos os nervos da pele provêm da medula espinhal; são mistos, ou seja, são formados de fibras sensoriais que procedem das raízes dorsais e de fibras simpáticas provenientes dos gânglios simpáticos (AZULAY, 1999). As glândulas sebáceas não recebem inervação autônoma. Na pele, encontramos certos corpúsculos nervosos aos quais se pretende atribuir funções específicas; o fato é que as sensações tátil, dolorosa e térmica ocorrem ao nível das terminações livres. A sensibilidade tátil tem distribuição ponteada e apresenta diferenças regionais. A sensibilidade térmica é também ponteada; há pontos para o frio e para o calor, que, porém, não são específicos. A sensibilidade dolorosa é representada por dois tipos de sensação: a de queimadura e a de friúria (AZULAY, 1999). 2.10 VASCULARIZAÇÃO DA PELE Há dois plexos arteriais que suprem a pele: um que se situa no limite entre a derme e a hipoderme e outro entre as camadas papilar e reticular. Deste último plexo partem finos ramos para as papilas dérmicas (GUIRRO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Distinguem-se três plexos venosos da pele, dois na posição descrita para as artérias e um na região da derme. O sistema de vasos linfáticos inicia-se nas papilas dérmicas e converge para um plexo entre ascamadas papilar e reticular; daí partem ramos para um outro plexo localizado no limite da derme com a hipoderme (GUIRRO, 2002). 2. 11 SISTEMA LINFÁTICO DA PELE Os linfáticos originam-se nas papilas como fendas revestidas por endotélio que em seguida entram num plexo horizontal de capilares linfáticos que se estende na camada papilar. Este plexo comunica-se com um outro formado por capilares linfáticos maiores no tecido subcutâneo, que também recebem a linfa dos delicados plexos que envolvem as glândulas sudoríparas sebáceas e os folículos pilosos (LEESON, 1977). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 3 ENVELHECIMENTO DOS SISTEMAS De todas as causas de morte, a única que é verdadeiramente previsível e inevitável é o envelhecimento. Ao longo da história da humanidade, sempre se tentou descobrir a fonte da eterna juventude. Ponce de Leon descobriu a Florida quando procurava essa mesma fonte. Nos dias de hoje essa busca não cessou. Pelo contrário, ela é atualmente mais intensa do que nunca. Laboratórios de alta tecnologia trabalham para abrandar, parar e até reverter este processo (MAGALHÃES, 2002). Um dado curioso e que pode ser considerado como uma base para controlar o envelhecimento é que existem espécies que aparentam não envelhecer. Nenhuma destas pertence à classe dos mamíferos, a maior parte é organismos primitivos como bactérias, fungos e até certos tipos de plantas. Entre os mamíferos, pensa-se que apenas certas baleias conseguem viver mais tempo do que o homem (MAGALHÃES, 2002). Atualmente já é possível abrandar ligeiramente o envelhecimento humano. Terapias baseadas em hormônios e dietas, como as restrições calóricas, provalmente são capazes de retardar o envelhecimento – apesar de não se saber ao certo quanto. No entanto, os progressos nas áreas da genética e biotecnologia podem num futuro próximo permitir nos controlar o envelhecimento. A possível imortalização de células somáticas humanas com a enzima telomerase, o aumento drástico do tempo máximo de vida em modelos animais através de intervenções genéticas e o constante Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 mapeamento de novos genes que permitam esclarecer o envelhecimento (MAGALHÃES, 2002). Segundo VISCARDI (2001), existem dois tipos de envelhecimento: (1)O envelhecimento extrínseco ou fotoenvelhecimento é por exposição continuada, abusiva aos raios solares. A pele apresenta, precocemente, alterações comuns à pele senil (VISCARDI, 2001); (2) Envelhecimento verdadeiro intrínseco é aquele esperado, previsível, inevitável e progressivo (VISCARDI, 2001). O envelhecimento intrínseco é decorrente do desgaste natural do organismo, causado pelo passar dos anos, sem a interferência de agentes externos e equivale ao envelhecimento de todos os órgãos, inclusive a pele. A aparência é a da pele idosa encontrada na face interna do braço, próxima à axila. É uma pele fina, com pouca elasticidade, mais flácida e apresentando finas rugas, porém sem manchas ou alterações da sua superfície (ROSÁRIO, 2002). 3.1 TEORIAS SOBRE O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO A perda de algumas funções fisiológicas é inevitável na pessoa que envelhece, por melhores que sejam os seus hábitos de vida. Há muito que os cientistas se sentem fascinados pelo estudo dos mecanismos responsáveis pelo processo de envelhecimento. Como explicar a atrofia muscular que se observa nas pessoas idosas de ambos os sexos, mesmo que tenham mantido o hábito de se exercitar Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 energicamente? O que causa a rigidez dos tecidos conjuntivos e a redução da substância óssea nas pessoas saudáveis e ativas da terceira idade? Têm sido aventadas numerosas teorias sobre o envelhecimento, cuja importância aumenta e cai de acordo com os resultados de novos trabalhos experimentais (CRISTIFALO, 1990). 3.1.1 TEORIA DO DESGASTE Segundo essa teoria, a “máquina” representada pelo organismo se desgasta com o uso, como qualquer outra máquina. Durante o longo tempo de vida, as várias peças da maquinaria animal (órgãos, sistemas), são solicitadas repetidas vezes para fornecer prestações acima das habituais, tendo por isso que apelar para sua capacidade de adaptação (hipertrofia, hiperplasia e etc.) que pode causar lesões não reparadas completamente. Esses episódios são reparados, porém deixam resquícios que se somam e não mais permitem o funcionamento completo dos mecanismos homeostáticos; desse modo o nível de prestações declina até chegar um ponto de ruptura. Conforme a teoria, o envelhecimento resultaria da soma de pequenos gastos dos vários componentes do organismo (GUIRRO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Fig. 05 - Teoria da morte celular por uso e desgaste. Fonte: COTRAN, Ramzi. S.; KUMAR, Vinay; ROBBINS, Stanley. L.; Patologia estrutural e funcional; 4ª ed. R.S.: ED Guanabara Koogan, 1991. 3.1.2 TEORIA DO ERRO-CATÁSTROFE Erros ao acaso na tradução ou na transcrição poderiam levar a formação de proteínas anormais, que poderiam acumular-se e acabar prejudicando a função celular. É de se imaginar que proteínas importantes, como a RNA-polinerase, possam ser Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 afetadas, contra um efeito de onda de grande alcance. Um argumento forte contra este conceito é de que a função parece declinar lenta e progressivamente com o envelhecimento e não ocorrer esporádica e randomicamente. Além disso, as mutações são uma característica importante das células cancerosas, que infelizmente vivem “para sempre” (ROBBINS et al, 1991). Além disso, outros argumentos se contrapõem à hipótese, pois pesquisas básicas sobre o envelhecimento têm mostrado que: 1) a transcrição e translação mantêm-se inalteradas com o avançar da idade; 2) o envelhecimento é caracterizado pela constância de seqüência de aminoácidos de uma grande uma grande variedade de proteínas fisiologicamente importantes (NETTO, 2002). 3.1.3 MODIFICAÇÕES PÓS-TRADUÇÃO - TEORIA DAS LIGAÇÕES CRUZADAS Alterações moleculares pós-tradução ocorrem reconhecidamente com a idade, tanto no comportamento extracelular como no intracelular. Alguns autores propuseram que ao longo dos anos a glicosilação não enzimática das proteínas é um fenômeno universal, que leva à formação de “produtos finais avançados da glicosilação” capazes de efetuar ligações cruzadas entre proteínas adjacentes (ROBBINS et al, 1991). Porém, por reações cruzadas, estas moléculas perdem suas características, produzindo alterações tissulares que condicionam a aparição do processo de envelhecimento. Existem no organismo humano centenas de agentes produtores de reações cruzadas, uma parte de origem exógena (poluição, fumo, estresse, água, Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 radiações, etc.) e outras endógenas (aldeídos, os radicais lipídicos, os superóxidos etc.) (GUIRRO, 2002). O colágeno é um alvo importante; um aumento progressivo ao longo do tempo nas ligações cruzadas entre essas moléculas tem sido repetidamente demonstrado. Essas ligações poderiam diminuir a elasticidade e a permeabilidade do compartimento extracelular e dificultar o fluxo de nutrientes para dentro das células e de produtos de excreção para fora delas. De modo análogo, glicosilações de outras proteínas, especialmente o DNA e o RNA, poderiam ocasionar distúrbios do metabolismo celular ou até mesmo a incapacidade da função celular. Grande número de agentes intracelulares tem a capacidade de induzir tais alterações, inclusive aldeídos, radicais livres, ligações cruzadas do enxofre, quinona, ácidos polibásicos seus ésteres, assim comooutros. Embora modificações pós-tradução nas proteínas, polipéptides e outras moléculas tenham sido claramente documentadas nas células em envelhecimento, não se demonstrou que elas prejudiquem diretamente a capacidade de sobrevivência das células (ROBBINS et al, 1991). 3.1.4 TEORIA DOS RADICAIS LIVRES A produção incontrolada de radiais livres poderia dar origem, segundo essa teoria, à lesão celular e dar início ao processo de envelhecimento. Sua ação dar-se-ia durante toda a vida, causando deteriorização de componentes nucleares e citoplasmáticos, acarretando perda progressiva da capacidade funcional celular (NETTO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Segundo ROBBINS et al (1991), o processo de envelhecimento pode ser simplesmente a soma de reações de reações de radicais livres, de efeito prejudicial, ocorrendo continuamente nas células e tecidos. Radias livres são átomos ou moléculas altamente reagentes e que possuem número ímpar de elétrons em sua camada mais externa. O oxigênio constitui a maior fonte de radiais livres, pois apesar dessa molécula possuir número par de elétrons na sua camada externa, ela funciona como dois radicais aderidos, isto é, um “birradical”, e que seria atraída pelos locais onde a insaturação e outras forças tendem separar os pares de elétrons (NETTO, 2002). Os radicais livres já são conhecidos desde o século passado, por conceitos emitidos por Paul Bert sem referir-se diretamente a eles, quando foi demonstrado que o oxigênio em altas concentrações poderia ser tóxico para vários tecidos, entre eles o cérebro, coração, pulmão, entre outros. Somente no século passado, e mais propriamente na década de 50, várias moléculas receberam a classificação de radicais livres (GUIRRO, 2002). Vivemos em um ambiente rico em oxigênio, onde várias espécies de oxigênio reativo são regularmente geradas pela exposição à luz ultravioleta, à poluição e à inflamação. O oxigênio reativo ameaça constantemente a integridade das estruturas celulares e da matriz extracelular da pele, podendo contribuir para o aparecimento de mutações que resultam em câncer de pele (GUIRRO, 2002). Recentes estudos demonstram a participação dos radicais livres no envelhecimento celular, e sugeriam que as modificações químicas da membrana mitocondrial condicionadas pela participação dos radicais livres são a chave mais importante para explicar o processo (GUIRRO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Foram demonstradas alterações representadas por redução da eficiência da cadeia respiratória e da produção de energia, assim como por produção de compostos como o malonaldeido, que reage com o DNA mitocondrial determinando assim a inibição das divisões mitocondriais. Todos estes parâmetros estão ligados ao processo do envelhecimento (GUIRRO, 2002). Esta teoria foi estudada experimentalmente em animais de laboratório, onde se pôde constatar a maior sobrevida dos animais suplementados por antioxidantes, assim como a diminuição da produção de peróxidos mitocondriais e de malonaldeidos (GUIRRO, 2002). Os antioxidantes alimentares aumentam a expectativa de vida em ratos, camundongos, e diversas espécies não-mamíferas, embora não esteja claro se eles atuam tão-somente reduzindo as lesões dos radicais livres e não aumentam o tempo máximo de vida. Em primatas há uma correlação entre níveis celulares da superóxido- dismutase e o tempo de vida. Por mais atraente que possa ser o conceito de dano por radicais livres como a base das lesões celulares, não se tem certeza de que este seja o mecanismo fundamental do envelhecimento (ROBBINS et al, 1991). HARMAN, o autor da teoria, citado por OLSZEWER (1989), estabeleceu que as alterações condicionadas pelos radicais livres dentro do organismo e que se relacionam com o envelhecimento seriam: • Acúmulo de alterações oxidativas nas moléculas de longa vida como colágeno, elastina e material cromossômico. • Destruição de mucopolissacarídeos pela degradação oxidativa. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 • Acúmulos metabólicos inertes pela oxidação polimerizante, reações estas que envolvem lipídios, particularmente os poliinsaturados e proteínas. • Mudanças na integridade da membrana celular. • Fibrose arteriolocapilar. 3.1.5 TEORIA DO ACÚMULO DE PRODUTOS DE EXCREÇÃO A lipofuscina acumula-se progressivamente com a idade em células que não se dividem, tais como as células musculares estriadas (incluindo as miofibras cardíacas e os neurônios). Como se sabe, este pigmento associado à idade é provavelmente o produto da peroxidação de radicais livres e a polimerização das poliproteínas da membrana. Embora se saiba que a lipofusina acumula-se com a passagem dos anos, não se é possível correlacionar a diminuição da função ou a capacidade de sobrevivência das células com nível de acumulação. Contudo a possibilidade de outros produtos metabólicos tóxicos não foi concluída (ROBBINS et al, 1991). 3.1.6 TEORIA DO RELÓGIO BIOLÓGICO Foi um dos primeiros conceitos emitidos para explicar o fenômeno do envelhecimento, afirmando que o organismo possui um relógio que determinaria quando se inicia o envelhecimento, e marcaria as datas onde suas características se fariam mais visíveis (GUIRRO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Os seus defensores concluíram recentemente que o controle se faria em nível hormonal, com centro regulador situado no cérebro. Acredita-se simultaneamente que estaria localizado no nível dos ácidos nucléicos (DNA e RNA), encarregados da transmissão do código genético e da síntese protéica (GUIRRO, 2002). Muitos conceitos ainda necessitam ser elucidados para a consolidação definitiva desta teoria, como por exemplo, a identificação e a localização exata do relógio biológico (GUIRRO, 2002). 3.1.7 TEORIA BASEADA NO GENOMA Há uma crença geral de que a melhor prescrição para uma vida longa é escolher bem os próprios pais. A diferença de longevidade entre gêmeos fraternos é em média muito maior do que aquela entre gêmeos idênticos. De modo análogo, os ancestrais dos indivíduos centenários tendem a ter uma vida mais longa do que aqueles indivíduos de vida mais curta. Há então muitas evidências sugestivas de que a longevidade está sob controle genético. Em conseqüência disso surgiram várias teorias baseadas no genoma (figura 06) (ROBBINS et al, 1991). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Fig. 06 - Teorias do envelhecimento baseadas no genoma. POTENCIAL DE DUPLICAÇÃO FINITO MUTAÇÕES SOMÁTICAS AO ACASO ENVELHEC. PROGRAMADO Fonte: COTRAN, R. S.; KUMAR, V.; ROBBINS, S. L.; Patologia estrutural e funcional; 4. ed. R.S.: ED Guanabara Koogan, 1991. 3.1.8 TEORIA DO ENVELHECIMENTO PROGRAMADO De acordo com esta teoria, o genoma de todas as células é programado à concepção, de modo a fazer cessar as divisões mitóticas depois de determinado período. Isto foi demonstrado por fibroblastos normais e outras células em cultura de tecido, que sofrem um número finito (40-60) de divisões. As células epiteliais e linfóides parecem ter maior capacidade que os fibroblastos de dividir-se em cultura, embora seja Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 discutível se tais células cultivadas refletem o comportamento de células normais in vivo. A cessação programada da divisão mitótica não explica o desgaste de células permanentes (irreversivelmente pós-mitóticas) como os neurônios e as células musculares. Para explicar a perda dessas células, os proponentes desta teoria sugerem que tais cálculos também são programadosa efetuar erros na transcrição do ácido nucléico, os quais levam à morte celular (CHANDRASOMA et al, 1993). Muitas evidências em apoio à teoria do envelhecimento programado derivam de doenças raras que se caracterizam pela aceleração do processo de envelhecimento. Elas incluem a progeria infantil e adulta, em que os indivíduos afetados apresentam envelhecimento rápido, independentemente de fatores ambientais ou outros processos mórbidos. Na progeria infantil, uma criança pequena assemelha-se a uma pessoa idosa e enrugada, com queda dos cabelos, fusão das epífises, aterosclerose e calcificação arterial. O tempo de vida na progeria é variável, mas sempre bem menor que o normal e a morte precoce não pode ser impedida ou evitada pelo tratamento das doenças associadas (CHANDRASOMA et al, 1993). 3.1.9 TEORIA DA MULTIPLICAÇÃO CELULAR Esta teoria foi exposta por HAYFLICK (1983), e defende a tese de que todas as células do organismo (exceto as cerebrais) possuem uma capacidade intrínseca de se multiplicar. Através de estudos de laboratório, demonstrando uma capacidade reprodutiva finita de fibroblastos humanos in vitro, determinou que a capacidade de multiplicação vai diminuindo com o passar do tempo, até a sua parada total. Daí a Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 conclusão segundo o autor de que o envelhecimento é uma conseqüência do desgaste das células no seu processo fisiológico de multiplicação. Esta teoria tem perdido espaço no âmbito científico, já que sua explicação determina mais uma conseqüência do envelhecimento do que sua causa, pois são desconhecidos os mecanismos que determinam a diminuição da capacidade de multiplicação das células (GUIRRO, 2002). 3.1.10 TEORIA NEUROENDÓCRINA Esta teoria afirma que o processo de envelhecimento é programado nas células cerebrais ao nascimento e que tais células dirigem o processo por meio de influência hormonais e neurais. Os proponentes desta teoria indicam o controle da puberdade, que é iniciada pelo hipotálamo através dos hormônios hipofisários, como evidências de que o cérebro pode ser programado a funcionar desta maneira. Experimentos em ratos proporcionam algumas evidências favoráveis, pois a retirada da hipófise aumenta o tempo de vida. Entretanto, ainda não foi identificado em seres humanos nem em animais nenhum hormônio que possa produzir as alterações associadas ao envelhecimento (CHANDRASOMA et al, 1993). 3.1.11 TEORIA AUTO-IMUNE As mutações sucessivas levariam ao aparecimento de células cujo DNA codificaria a síntese de produtos diferentes dos normais, portanto estranhos e não Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 reconhecidos pelas células imunocompetentes. Esses produtos atuariam como auto- antígenos, causadores de resposta auto-imune, que é responsável pela eliminação progressiva das células mutantes. Mutações ocorreriam também na população de células imunocompetentes, originando clones celulares proibidos, ainda imunocompetentes, mas incapazes de reconhecer as células normais, contra as quais elaborariam anticorpos. Ambas as vias levariam ao envelhecimento, que corresponderia a uma síndrome auto-imune (GUIRRO, 2002). Experiências de parabiose com ratos jovens da mesma raça, porém geneticamente diferentes, mostram que as células imunocompetentes de cada um dos parabiontes não reconhecem proteínas do outro. A reação imune que se produz neles é discreta e não mortal, mas acelera o envelhecimento (GUIRRO, 2002). 3.1.12 TEORIA DA LESÃO DO DNA De acordo com esta teoria, o envelhecimento é conseqüente a uma lesão do DNA, oriunda ou de mutações somáticas ou de insuficiência dos mecanismos de reparo do DNA nas células envelhecidas. As alterações do DNA ocasionam erros na transcrição pelo RNA, causando assim defeitos na síntese celular de proteínas. Embora ocorram indubitavelmente nas células envelhecidas, tais alterações tanto podem ser causa como conseqüência do processo de envelhecimento (CHANDRASOMA et al, 1993). 3.1.13 TEORIA DAS LESÕES CUMULATIVAS Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Sugeriu-se que o envelhecimento pode constituir simplesmente o efeito agregado dos ataques patológicos sofridos durante a vida do indivíduo, não sendo de forma alguma um processo independente. Se isto fosse verdade, a erradicação das doenças levaria a um aumento na expectativa de vida e talvez até a se “viver para sempre”. Todas as evidências disponíveis sugerem, porém, que isto não é verdadeiro. O conceito de que a espécie humana tem um limite de vida finito indica que o processo de envelhecimento independentemente dos fatores ambiental causadores de doenças, mas sim uma efetiva reversão do processo de envelhecimento (CHANDRASOMA et al, 1993). 3.2 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS CAUSADAS PELO ENVELHECIMENTO No envelhecimento fisiológico, todos os processos são harmônicos; a diminuição da função cardiocirculatória corre paralela com a depressão da atividade respiratória, as duas com a queda do metabolismo, e assim por diante. O fenômeno metabólico mais evidente do envelhecimento parece ser, no entanto, o retardamento da síntese de proteínas, em virtude do qual há um desequilíbrio entre a formação e a degradação (GUIRRO, 2002). A queda dos componentes protéicos das células e do interstício corresponde a um menor conteúdo de água no organismo. Esses fenômenos ocorrem paralelamente Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 com a involução das funções endócrinas, da menor funcionalidade do DNA e RNA, da depressão da síntese de hemoglobina e da redução paulatina da função eritropoética da medula óssea. Após a terceira década de vida, inicia-se uma progressiva e contínua perda da massa muscular esquelética, e a maior parte da perda é substituída por gordura (GUIRRO, 2002). Com o envelhecimento a pele se torna mais delgada, em algum local enrugada, seca e escamosa. Embora a espessura da camada córnea não seja grandemente alterada, ela se torna mais permeável permitindo a passagem mais rápida de substância através dela. Mais ainda, com o envelhecimento as fibras de colágeno da derme tornam-se mais grossas e as fibras elásticas perdem parte de sua elasticidade e há um decréscimo gradual da gordura depositada no tecido subcutâneo (GUIRRO, 2002). Segundo ORIA et al,(2003), em seus estudos através do método da autofluorescência, observou-se analisar a complexa disposição da rede elástica e sua relação com o colágeno, mostrando assim, que ocorre uma redução do entrelaçamento dos ramos das fibras elásticas em torno dos feixes de colágeno, alterações regionalmente específicas da compactação e da disposição do colágeno e espessamento da membrana basal com o envelhecimento. 3.3 ALTERAÇÕES CELULARES CAUSADAS PELO ENVELHECIMENTO Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 A função celular declina progressivamente com a idade. As mitocôndrias velhas têm menor capacidade de sobreviver a uma lesão hipóxica. A fosforilação oxidativa declina progressivamente, assim como a síntese de proteína estrutural enzimática com base no DNA e RNA, assim como de especializações das membranas como os receptores. As células velhas têm menor capacidade de captação de nutrientes e de reparo de danos cromossômicos. Há concomitamente acumulo constante de resíduos de componentes de células velhas sob a forma de lipofuscina, mas ainda não foi esclarecido se este lipopigmento afeta prejudicialmente a função celular. As células envelhecidasapresentam outras relações morfológicas incluindo núcleos irregulares e anormalmente lobulados, mitocrôndrias pleomórficas e cheias de vacúolos, diminuição do retículo endoplasmático (RE) rugoso, RE liso vesiculado e distorções do aparelho de Golgi. Muitas teorias foram propostas para explicar a biologia do envelhecimento celular. Elas podem ser bem mais separadas nas categorias de conceitos de “uso e desgaste” e “baseadas no genoma” (ROBBINS et al, 1991). 3.3.1 ALTERAÇÕES NUCLEARES No envelhecimento, o núcleo apresenta modificação de tamanho, inclusões e aumento do número e tamanho dos nucléolos. Muito importantes são as alterações cromossômicas que consistem de modificações da forma, fragmentação e encurtamento (PAPALÉO, 2002). 3.3.2 ALTERAÇÕES CITOPLASMÁTICAS Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 O achado mais característico do processo do envelhecimento consiste no acúmulo de grânulos. São descritas também modificações no tamanho, forma e quantidade de mitocôndrias (PAPALÉO, 2002). Fragmentação do aparelho de Golgi, modificações do sistema retículo endoplasmático e ruptura de lisossomas são também observadas no envelhecimento (PAPALÉO, 2002). 3.3.3 ALTERAÇÕES DA MEMBRANA CELULAR Um dos mecanismos propostos para essa alteração seria a perioxidação de lípides insaturados da membrana por radicais livres (PAPALÉO, 2002). 3.4 ALTERAÇÕES ANATÔMICAS CAUSADAS PELO ENVELHECIMENTO 3.4.1 COMPOSIÇÃO CORPÓREA A composição corpórea altera-se com o envelhecimento. A água principal componente corresponde a 70% do organismo na criança, a 60% no adulto jovem e a 52% no idoso. Essa redução não parece ser devida à diminuição da água de cada célula, mas conseqüência da menor massa celular no idoso (PAPÁLEO, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 A massa celular do organismo, que é de aproximadamente 19% no adulto jovem normal não obeso, cai para 12% nas mesmas condições, ocasionando redução do potássio total, diminui peso e volume da maioria dos órgãos (PAPALÉO, 2002). Quanto ao componente adiposo, tende a aumentar e apresentar distribuição centrípeta no envelhecimento, depositando-se a gordura principalmente no subcutâneo do tronco, nos epíplons e ao redor das vísceras como rins e coração (PAPALÉO, 2002). Fig. 07 – Composição corpórea em água extra e intracelular, gordura e massa celular. Fonte: PAPALÉO NETTO, Matheus; Gerontologia: A Velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada; 1ª ed. São Paulo: ED Atheneu, 2002. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 3.4.2 ESTATURA A estatura mantém-se até os 40 anos. A partir dessa idade reduz-se cerca de um centímetro por década, acentuando-se essa após os 70 anos. Esse fato é conseqüência das alterações da coluna, do arqueamento dos membros inferiores e do achatamento dos arcos plantares (PAPALÉO, 2002). 3.4.3 PESO Devido às alterações composição corpórea no idoso, há tendência à redução do peso após os 60 anos de idade. Quando, após essa idade, o peso mantém-se inalterado ou eleva-se ao acúmulo de gordura (PAPALÉO, 2002). 3.4.4 PÊLOS Há diminuição geral de pêlos no corpo. Fazem exceção às narinas, a orelha e as sobrancelhas. Na mulher, crescem no lábio superior e mento devido ao aumento de hormônios andrógenos e diminuição dos estrógenos (CARVALHO FILHO et al, 2000). 3.4.5 SISTEMA ÓSSEO Deve-se considerar dois aspectos no osso: o compacto e o esponjoso. Ambos se alteram no envelhecimento. No idoso, a espessura do componente compacto diminui pela reabsorção interna óssea. Na esponjosa há perda de lâminas ósseas em relação ao jovem, formando-se cavidades maiores entre as trabéculas ósseas (CARVALHO FILHO et al, 2000). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 A perda de tecido ósseo ocorre de maneira diferente no homem e na mulher. Na mulher não há perda óssea significante antes da menopausa, porém após este fenômeno, o processo é mais intenso que nos homens (CARVALHO FILHO et al, 2000). 3.4.6 SISTEMA ARTICULAR Os discos intervertebrais são constituídos por núcleo pulposo e um anel fibroso. No idoso, o núcleo pulposo perde água e proteoglicanas, e as fibras colágenas aumentam em número e espessura, e no anel fibroso, as fibras colágenas se tornam mais delgadas (CARVALHO FILHO et al, 2000). Nas articulações sinoviais, importantes alterações na cartilagem articular. A cartilagem fica mais delgada e surgem rachaduras e fendas na superfície (CARVALHO FILHO et al, 2000). 3.4.7 SISTEMA MUSCULAR No músculo do idoso, vemos fibras em degeneração, e também fibras hipertrofiadas. As fibras musculares que desaparecem são substituídas por tecido conjuntivo, ocorrendo então um aumento do colágeno intersticial no músculo do idoso (CARVALHO FILHO et al, 2000). 3.4.8 PELE O conceito de beleza atualmente em vigor e procurado pela grande maioria das pessoas é o da pele jovem, sem manchas ou rugas. Entretanto, com o avanço da Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 idade, a pele começa a sofrer alterações que modificarão seu aspecto gradativamente caracterizando o envelhecimento cutâneo (ROSÁRIO, 2002). Com o envelhecimento, as fibras elásticas se alteram, a elastina fica “porosa” e elas perdem a elasticidade. Somadas à diminuição da espessura da pele e do subcutâneo, estas alterações dão origem às rugas (CARVALHO FILHO et al, 2000). Os melanócitos podem sofrer alterações no seu funcionamento em certas regiões como a face e o dorso da mão, levando à formação de manchas hiperpigmentadas, marrons, lisas e achatadas. Como a epiderme fica mais fina, os menores traumas podem formar equimoses com manchas vermelhas ou púrpuras salientes (CARVALHO FILHO et al, 2000). 3.4.8.1 Linhas de Expressão A face é o elo de comunicação entre nosso interior e o meio em que vivemos. Através dela expressamos sentimentos, nos apresentamos e nos comunicamos com nossos semelhantes. Sua importância é colocada à prova a cada instante aos olhos críticos de uma sociedade que cada vez mais valoriza e associa beleza à juventude. Na busca do rejuvenescimento é imperativo conhecermos as alterações estruturais e funcionais que ocorrem nas diversas camadas da face, e o momento da vida em que surgem para buscarmos o melhor tratamento (PINOTTI et al, 1996). 3.4.8.1.1 Alterações Morfológicas e Funcionais Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Em alguns casos, a pele, embora enrugada e pregueada, torna-se espessa, de coloração amarelada e superfície porosa, lembrando a casca de laranja (MONTENEGRO et al, 1999). As linhas de expressão são observadas em toda superfície cutânea é muito mais acentuada nas áreas descobertas, o que mostra, desde logo, a importância da irradiação solar, vento, frio, no agravamento das rugas fisiológicas (BECHELLI et al, 1978). A seqüência de alterações e a velocidade com que ocorrem se dá de maneira bastante variável de pessoa a pessoa (PINOTTI et al, 1996). Na adolescência as primeiras linhas de expressão faciais aparecem na região frontal, com disposição horizontal, decorrentes da ação do músculo occipto-frontal (PINOTT et al, 1996). As linhas de expressão aparecem em regra depois dos 25 anos. Em redor desta idade surgem algumas com caráter ligeiro, pequeno, fino, junto dos sulcos nasogenianos. Até cerca dos 40 anos aparecem rugas suborbitais as quais adquirem dimensão média. A partir desta idade surgem as do pescoço enquanto as anteriores se vão acentuando. Aparecem novas rugas nas regiões pré-auriculares e nas mãos. A face vai-se “cavando” pelo aparecimento da bola adiposa das bochechas, as linhas de expressão sulcam-se, tendem a reunirem-se e pigmentam-se (ESTEVESet al, 1991). Segundo PINOTTI (1996), por volta dos 30 anos, conforme figura 08 observamos que há uma redundância de pele na pálpebra superior e aparecimento dos primeiros “pés-de-galinha” e um sulco infrapalpebral. O sulco naso-labial, mais nítido quanto sorrimos. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Fig. 08 – Aspecto da face aos 30 anos. Fonte: PINOTTI, J. A.; FONSECA, Â. M.; BAGNOLI, V. R. Reprodução Humana. 1. ed. São Paulo: ED Fundo Editorial BYK, 1996. Já aos 40 anos, observamos na figura 09 que as linhas de expressão ficam evidentes, principalmente no homem, as rugas da glabela decorrentes da ação dos músculos prócero e corrugadores. As linhas de expressão frontais e os “pés-de-galinha” se aprofundam (PINOTTI et al, 1996). Fig. 09 – Aspecto da face aos 40 anos. Fonte: PINOTTI, J. A.; FONSECA, Â. M.; BAGNOLI, V. R. Reprodução Humana. 1. ed. São Paulo: ED Fundo Editorial BYK, 1996. Aos 50 anos observamos uma ptose cutânea da pálpebra superior atinge o reborbo ciliar, que associado a ptose do canto externo dos olhos leva à sensação e Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 aparência de cansaço e tristeza (figura 10). A ponta nasal desce. Surgem as primeiras linhas de expressão cervicais e periorais (PINOTTI et al, 1996). Fig. 10 – Aspecto da face aos 50 anos. Fonte: PINOTTI, J. A.; FONSECA, Â. M.; BAGNOLI, V. R. Reprodução Humana. 1. ed. São Paulo: ED Fundo Editorial BYK, 1996. Aos 60 anos observamos que as linhas de expressão existentes aprofundam-se e alongam-se, como na união “pé-de-galinha” e as rugas palpebrais (figura 11). Acentua-se todas linhas de expressão preexistentes e as depressões adiposa temporal e bucal, evidenciando-se ainda mais o sulco nasolabial (PINOTTI et al, 1996). Fig. 11 – Aspecto da face aos 60 anos. Fonte: PINOTTI, J. A.; FONSECA, Â. M.; BAGNOLI, V. R. Reprodução Humana. 1. ed. São Paulo: ED Fundo Editorial BYK, 1996. Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Aos 70 anos, podemos observar na figura 12 a queda da ponta nasal e pronunciada. Acentuam-se todas as linhas de expressão preexistentes e as depressões temporal e bucal se aprofundam, evidenciando o processo involutivo da velhice (PINOTTI et al, 1996). Fig. 12 – Aspecto da face aos 70 anos. Fonte: PINOTTI, J. A.; FONSECA, Â. M.; BAGNOLI, V. R. Reprodução Humana. 1. ed. São Paulo: ED Fundo Editorial BYK, 1996. Histopatologicamente há uma redução dos elementos componentes da epiderme. As alterações principais são as do tecido elástico e do colágeno (degeneração basofílica e granular), elastose (BECHELLI et al, 1978). As linhas de expressão podem ser causadas por diminuição de nutrição e oxigenação. Em indivíduos idosos, ocorre aterosclerose, que diminui a irrigação dos órgãos e tecidos, fazendo com que cada célula se adapte gradativamente à menor oferta de nutrientes, sem que ocorra degeneração ou morte celular. Ressalta-se que as células atróficas têm função diminuída, não estando, porém, doentes ou mortas (MONTENEGRO et al, 1999). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 A pele perde elasticidade. Este fato é relevante por estar na dependência das alterações das fibras colágenas e elásticas que fundamentam fisiologicamente aquela propriedade cutânea. A perda da elasticidade junto com a atrofia do panículo adiposo origina um pregueamento cutâneo que designa se vulgarmente como rugas, as quais constituem um dos elementos definitórios precoces do processo involutivo cutâneo (ESTEVES et al, 1991). Podem ser causadas por diversos fatores. Os mais importantes são os danos permanentes causados pela luz visível que atuam sobre o tecido conjuntivo, culminado numa elastose senil e atrofia e, clinicamente, no aumento da formação das linhas de expressão. A pele não apresenta somente maior formação de linhas de expressão e atrofia; há um estado pré-canceroso, no qual deposições queratínicas senis podem ser precursores de um carcinoma das células espinhosas (GUITHER, 1980). São estes os danos tardios que podem ocorrer bem antes da “velhice”, em conseqüência de uma exposição exagerada à luz e ao sol (GUITHER, 1980). As linhas de expressão por motivo da sua enorme importância estética, particularmente no sexo feminino, como sinal ou selo do desaparecimento da juventude, é motivo de atenção especial e de procura de cuidados correctivos e tratamentos (ESTEVES et al, 1991). 3.4.8.2 Alterações Teciduais Em todos os tecidos do organismo observam-se alterações durante o envelhecimento. Elas variam de intensidade dependendo do indivíduo e do tecido Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 considerado, verificando-se que em algumas pessoas essas modificações predominam em certos setores do organismo e em outras localizações diversas (PAPALÉO, 2002). O melhor exemplo dessas modificações encontra-se no tecido conectivo que, além de ter sido o mais estudado, está distribuído por todos os setores do organismo (PAPALÉO, 2002). 3.4.8.2.1 Alterações do Tecido Conjuntivo As alterações do tecido conjuntivo são freqüentemente utilizada para avaliar-se a progressão do envelhecimento. O enfraquecimento dos tecidos fibrosos, em associação a espasmos musculares intermitentes (CHANDRASOMA et al, 1993). O depósito de substância anormais no tecido conjuntivo é comum na idade avançada, tornando difícil definir-se a separação entre a doença e o simples envelhecimento. A calcificação da camada média das artérias musculares é comum e geralmente não tem significância clínica (CHANDRASOMA et al, 1993). 3.4.8.2.2 Alterações do Colágeno O colágeno é a proteína mais encontrada no organismo. Com o envelhecimento mais colágeno é formado, surgem ligações cruzadas na molécula e há maior resistência à ação da colagenase. Em conseqüência aumenta a rigidez dos tecidos e há maior dificuldade de difusão dos nutrientes dos capilares para as células e dos metabólitos Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 das células para os capilares, o que ocasionaria deterioração progressiva da função celular (PAPALÉO, 2002). 3.4.8.2.3 Alterações do Tecido Elástico As alterações no tecido elástico do corpo causam perda da elasticidade e enrugamento da pele. Isto ocorre primeiro nas regiões do corpo expostas ao sol – principalmente a face – sugerindo que as alterações do envelhecimento das fibras elásticas são aceleradas pela luz solar (CHANDRASOMA et al, 1993). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 4 TRATAMENTO DAS LINHAS DE EXPRESSÃO ATRAVÉS DA CORRENTE GALVÂNICA É o emprego de uma corrente galvânica, direta, constante ou contínua com fins terapêuticos. O termo “contínuo" indica que a intensidade de corrente é constante em valor e em direção. A aplicação terapêutica da corrente contínua divide-se em: galvanização propriamente dita, e iontoforese (ionização). Os efeitos terapêuticos de ambas aplicações são devidas, em grande parte, aos efeitos polares da corrente contínua sobre as células do organismo. (CHANTRAINE, 1998). É uma forma de eletroterapia na qual temos um sentido único de corrente, onde os elétrons dirigem-se do pólo negativo em direção ao pólo positivo, a partir do circuito regenerador, criando assim duas áreas com dois pólos bem distintos. (CHANTRAINE, 1998). A corrente galvânica é uma corrente de baixa freqüência, com fluxo de elétrons constante sem interrupção nem variação de intensidade na unidade de tempo (MACHADO, 1991). Esta corrente flui de forma unidirecional por pelo menos de um segundo, mas pode ser revertida, interrompida e conter rampas. Por definiçãocorrente contínua não tem pulsos, portando não tem parâmetros de pulso ou de forma de onda. No estimulador corrente contínuo simples, não existe nem reversão da polaridade nem possibilidade de rampa. A interrupção é feita manualmente com um interruptor existente no eletrodo de estimulação (NELSON, 2003). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 A corrente contínua em um circuito eletrônico simples é produzida por uma voltagem de magnitude fixa aplicada a um condutor com uma resistência fixa. A fonte da força eletromotriz fixa (FEM) é a pilha, onde as reações químicas produzem um excesso de elétrons em um pólo (cátodo) e uma deficiência de elétrons no pólo oposto (ânodo). A oposição à corrente no circuito é representada como um resistor. Quando o interruptor no circuito está fechado, os elétrons fluem da área de alta concentração (cátodo) para a área de baixa concentração (ânodo). Esse fluxo, que é impedido pela resistência do fio, irá continuar até que a diferença de carga entre os terminais seja eliminada – quando as reações químicas dentro da pilha não podem mais fornecer elétrons livres para o terminal negativo. Embora o movimento das partículas nesse circuito seja dos terminais negativos para os positivos, por convenção, movendo-se dos terminais positivos para os negativos (ROBINSON, 2002). 4.1 EFEITOS DA CORRENTE GALVÂNICA 4.1.1 AÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Dissociação é um fenômeno mediante o qual as moléculas se dividem em seus diferentes componentes químicos pelo fato de cada um deles leva consigo carga elétrica diferente (GUTMANN, 1991). Iontoforese é o deslocamento das cargas para o pólo oposto; propriedade utilizada para introduzir radicais químicos (GUTMANN, 1991). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Endosmose ocorre ao mesmo tempo em que os radicais químicos, também se deslocam as partículas fluídas e, por regra geral, seu deslocamento se efetua ao cátodo, onde, conseqüentemente se acumula mais quantidade de líquido provocando uma zona edemaciada, o que se aproveita para determinados tratamentos (GUTMANN, 1991). A alteração de eletrono ocorre quando a corrente galvânica altera a excitabilidade e condutibilidade do tecido tratado (GUTMANN, 1991). A ação estimulante encontra-se unida ao fator tempo de tal maneira que quanto mais rapidamente aumenta a intensidade, mais forte se apresenta à excitação enquanto que se este aumento se produz de forma lenta, a excitação ou estimulação não se apresenta, originando o fenômeno da acomodação (GUTMANN, 1991). A mudança de permeabilidade é bastante evidente na corrente contínua e parece um fator importante para a produção da acomodação. Ao lado do cátodo a membrana se relaxa, enquanto que ao lado do ânodo se tensiona (GUTMANN, 1991). 4.1.2 AÇÃO FÍSICO-TÉRMICO Este efeito é produzido no tecido quando administramos a corrente, levando a um leve aquecimento tecidual. O efeito térmico será diretamente relacionado com a intensidade da corrente e tempo de aplicação (MACHADO, 1991). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 4.1.3 AÇÃO BIOLÓGICA O corpo humano atua como uma célula de polarização com a pele como capa terminal, produzindo uma resistência muito alta com uma enorme diferença de potencial (GUTMANN, 1991). 4.1.4 EFEITO SOBRE OS NERVOS SENSITIVOS A corrente galvânica, ao ser aplicada no tecido produz inicialmente uma sensação de cócega ou comichão; conforme vamos aumentando a intensidade a sensação passa para um leve formigamento, que recrudesce à medida que aumentamos a intensidade, passando para uma sensação de agulhada, ardência e dor (MACHADO, 1991). 4.1.5 REAÇÕES VITAIS Hiperemia é mais intensa no cátodo, aparecendo como edema, já no ânodo origina um aplanamento da pele (GUTMANN, 1991). Parestesias podem ser subjetivas e objetivas ao empregar intensidades médias. Ocorrem hiperestesias no ânodo e hipoestesias no cátodo (GUTMANN, 1991). A narcose galvânica se dá ao colocar o ânodo em posição cefálica e o cátodo na periferia que produz uma corrente descendente que desencadeia este efeito. Excitação espástica é um efeito inverso ao anterior (GUTMANN, 1991). A vasodilatação ocorre devido a hiperemia ativa prolongada que ocasiona uma reatividade vasomotora. Tem efeitos: bactericida, antiinflamatória, analgésica, tonificação muscular (GUTMANN, 1991). Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 4.1.6 EFEITO ANALGÉSICO A corrente galvânica aumenta o limiar de excitabilidade das fibras nervosas sensitivas, levando a uma diminuição dos estímulos dolorosos. Produz analgesia pela diminuição da pressão nos lugares congestionados, uma vez que a fuga de líquido ocorre do pólo positivo para o negativo. A diminuição da acidez também ocorre com a analgesia (MACHADO, 1991). 4.1.7 EFEITO ESPECIAL DA CORRENTE GALVÂNICA A corrente galvânica produz uma diminuição do limiar de excitabilidade das fibras nervosas motoras, levando a uma maior capacidade de reação e função. As fibras nervosas motoras reagirão mais efetivamente, elevando sua função, principalmente nos casos de paresias e atrofias (MACHADO, 1991). 4.2 RISCOS DA CORRENTE DIRETA Devido à baixa freqüência, a corrente direta pode causar acidentes. Por exemplo, queimaduras cutâneas por seu efeito eletrolítico (CHANTRAINE, 1998). 4.3 ELETROLIFTING OU GALVANOPUNTURA Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Eletrolifting ou Galvanopuntura é uma técnica que utiliza a corrente galvânica juntamente com uma agulha de 5mm no pólo negativo, com o objetivo de atenuar vincos e linhas de expressão. Não se caracteriza por um método invasivo, pois a agulha atinge apenas a superfície da pele sem aprofundar-se. Esse método consiste em provocar uma sutil agressão na camada superficial da epiderme, sobre as rugas ou linhas de expressão nas regiões naso-labiais, perioculares, frontal, entre outras, com o intuito de estimular a produção de novas células, de colágeno e elastina e ainda incrementar a nutrição do local, agindo sobre os tecidos que se encontram desnutridos e desvitalizados. O resultado varia de acordo com a profundidade da ruga, a idade e os cuidados que se tem com a pele. Para a aplicação, são utilizados os eletrodos bastonete e porta-agulhas e o profissional deve estar especializado neste tratamento (GUIRRO, 2001). Eletrolifting é um tratamento de rejuvenescimento cutâneo facial e corporal. Realiza uma eletroestimulação específica, através de micro corrente pulsada de baixa frequência, em todos os tecidos afetados pelo envelhecimento, revitalizando a circulação sangüínea, regenerando a cútis, melhorando a atividade dos fibroblastos, estimulando a drenagem li nfática e tonificando as miofibrilas (GUIRRO, 2002). Sua mobilização eletroiônica da água e das células sangüíneas e a eletroendosmose que possibilita o abrandamento de lesões dérmicas no pólo negativo é as bases para o tratamento das linhas de expressão (DERMALINE, 2003). Segundo GUIRRO (2002), os procedimentos técnicos para a execução do eletrolifting podem ser divididos em três grupos: Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 • Deslizamento – consiste em deslizar a agulha dentro do canal da ruga (GUIRRO, 2002). • Penetração – consiste na introdução da agulha superficialmente a epiderme, em pontos adjacentes e no interior da ruga (GUIRRO, 2002). • Escarificação – método de deslizamento da agulha no canal da ruga, diferencia-se pela agulha ser posicionada a noventa graus, ocasionando uma lesão do tecido. (GUIRRO, 2002) O estímulo físico ocasionado pela penetração da agulha desencadeia um processo de inflamação aguda, que é de grande interesse no nível de regeneração tecidual (GUIRRO,
Compartilhar