Buscar

Aula 01_Gestão da manutenção_2020_1

Prévia do material em texto

1 
 
 
 CEDERJ - CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
Curso: Engenharia de Produção 
Disciplina: Gestão da Manutenção 
Conteudistas: José Antonio Assunção Peixoto e 
 Leydervan de Souza Xavier 
DI: Vittorio Lo Bianco 
 
 
Aula 1: Engenharia de Produção ou Engenharia de 
Manutenção: qual o seu curso? 
Meta 
Explorar a experiência informal e pessoal sobre o termo manutenção e mostrar 
possibilidades de como as concepções de manutenção e produção podem ser 
intercambiáveis conforme o contexto. 
Objetivos 
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 
1. Reconhecer as atividades de manutenção e de produção em um contexto de 
organização do trabalho produtivo, a partir da escolha de suas fronteiras; 
2. Identificar os conceitos usados na representação das atividades de manutenção e 
produção associadas ao contexto organizacional; 
3. Relacionar produção e manutenção ao mundo da vida, no espaço de atuação da 
Engenharia de Produção (EP) e além deste; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
1. INTRODUÇÃO 
Você sabe o que é Manutenção? Com certeza, se você fechar os olhos e pensar em 
uma cena que represente manutenção, vão lhe aparecer várias. Parece acontecer com 
a maioria das pessoas surgirem cenas que se referem a alguém com ferramentas, 
uniforme, consertando máquinas, motores; em outras vezes aparecem obras em 
calçadas, edifícios. Você, também, pensou assim? 
 
E se, agora, você for perguntado em que atividades um Engenheiro de Produção 
poderia trabalhar com manutenção? Ou ainda, qual a finalidade da Gestão da 
Manutenção no contexto da Engenharia de Produção? O que veio primeiro a sua 
mente? 
 
Provavelmente, suas respostas estariam associadas ao que visualizou 
espontaneamente, antes, ou então haveria alguns instantes de hesitação, e você 
tentaria raciocinar e associar a pergunta ao que você conhece de EP... 
 
BOX DE REFLEXÃO 
 
Uma forma de representar essas questões e compreendê-las em seu contexto, é 
interpretando organogramas funcionais. Por exemplo, considere o organograma da 
Fig.1 e verifique onde você poderia atuar como profissional de EP nas atividades de 
manutenção. 
 
Considere que o mesmo organograma pode ser pensado: para uma empresa com uma 
única planta ou para várias plantas; que as equipes podem ser duas, ou muitas e, ainda, 
podem ter dois técnicos ou dezenas de técnicos, cada; as equipes podem ser de 
funcionários da própria empresa, podem incluir colaboradores terceirizados ou serem, 
integralmente, compostas por funcionários de outras empresas. Assim, a gestão na 
base do organograma da organização de trabalho pode ser relativamente simples ou 
muito complexa, tanto quanto nos níveis mais altos e próximos da alta gestão. 
 
FIM DO BOX 
 
 
 
 
3 
 
 
Figura 1 Organograma de uma empresa com detalhamento das atividades de 
manutenção. 
 
Pensando no organograma da Fig.1, mas não se limitando a ele, se disséssemos a você 
que Engenharia de Produção e Engenharia de Manutenção, em essência, 
correspondem a modos de fazer idênticos, qual sua primeira reação? Vamos conversar 
sobre isso... 
 
BOX MULTIMÍDIA 
 
A Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO) apresenta em 
www.abepro.org.br um conjunto de 10 áreas do conhecimento relacionadas à 
Engenharia de Produção que balizam esta modalidade na Graduação. Destaca-se a 
descrição da Área 1 denominada ENGENHARIA DE OPERAÇÕES E PROCESSOS 
DA PRODUÇÃO com Gestão da Manutenção constante no item 1.3, intrinsecamente 
relacionada ao conteúdo desta disciplina. 
Disponível em http://www.abepro.org.br/a-profissao/ 
 
FIM DO BOX 
 
 
Por razões históricas (PROJETO MEMÓRIA-ABEPRO, 2019), há uma forte correlação 
entre a engenharia de produção e o ambiente industrial de manufaturas, típico do século 
XIX e XX. O organograma da Fig1 parece descrever bem esse tipo de contexto, que 
também é o das engenharias mecânica e elétrica. Neste tipo de empresa nosso 
‘
PRESIDENTE
DIRETOR 
COMERCIAL
DIRETOR
FINANCEIRO
DIRETOR
INDUSTRIAL
DIRETOR
ADMINIST
GERENTE DE 
PRODUÇÃO
CUSTOS
CONTROLE DA 
QUALIDADE
SUPERVISOR DE 
MANUTENÇÃO
PRODUÇÃO SUPRIMENTOS
ENGENHARIA DE 
MÉTODOS
RELAÇÕES 
EMPRESARIAIS
PLANEJAMENTO E 
CONTROLE DA 
PRODUÇÃO
ANALISTA DE 
MANUTENÇÃO
ELÉTRICA E MECÂNICA
PLANEJADOR DE 
MANUTENÇÃO
SUPORTE E COMPRAS
ENCARREGADO DE 
MANUTENÇÃO
ELÉTRICA E MECÂNICA
MECÂNICO DE 
MANUTENÇÃO
ELETRICISTA DE 
MANUTENÇÃO
EQUIPE A
ENCARREGADO DE 
MANUTENÇÃO
ELÉTRICA E MECÂNICA
MECÂNICO DE 
MANUTENÇÃO
ELETRICISTA DE 
MANUTENÇÃO
EQUIPE B
http://www.abepro.org.br/a-profissao/
4 
 
imaginário sempre inclui linhas de produção, estações de trabalho, fluxos de insumos e 
produtos, máquinas, motores, controles, estoques etc. Em síntese, serão sempre muitos 
itens e muita movimentação de coisas e de pessoas. 
 
E, também por razões históricas, a organização das atividades neste contexto de 
atuação profissional estabelece, com muita frequência, áreas e equipes de “produção” 
e de “manutenção”. Cada uma dessas áreas demanda atividades de gestão, técnicas e 
procedimentos específicos e, integrando as duas áreas, quando estão demarcadas, é 
preciso, também, outro nível de gestão. Às vezes a gestão da manutenção está incluída 
ou subordinada à gestão da produção, em outras, são interdependentes. 
 
Por isto, é bem provável que você, por experiência, cultura ou imaginação, tenha tomado 
este tipo de ambiente como referência para pensar o que faria um profissional de EP. 
E, logicamente, há, pelo menos, dois campos de atuação: de execução das atividades 
de manutenção, em si, e de gestão destas atividades, em diversos níveis, considerando 
as que são realizadas pela própria organização ou contratadas de outras. 
 
Neste rumo, você pode se lembrar de ferramentas de gestão e pensar em conjuntos de 
técnicas, metodologias de análise e solução de problemas, análise de modos de falhas, 
parâmetros de desempenho e outros elementos que, a esta altura do curso, compõem 
sua formação. 
 
Sem desconsiderar esse mundo, bem real e, possivelmente, disponível em seu 
horizonte profissional, gostaríamos de convidar você a olhar um outro ambiente, que 
não se restringe ao da indústria de manufatura, e se fazer as mesmas perguntas 
pensando nele. 
 
Primeiro, considere a imensa diversidade de empresas que produzem serviços e, dentre 
elas, as que sequer tem uma sede física para instalar todos os seus colaboradores. 
Algumas delas cabem na palma da mão, pois funcionam conectadas ao seu celular e a 
uma rede de colaboradores que quase nunca se encontram pessoalmente, mas podem 
se comunicar intensamente a partir deste ponto. 
 
Em seguida, considere Terra como ambiente da atividade humana, sem esquecer que 
pode, também, haver atividade em projetos espaciais em órbita da Terra e além dela, 
no espaço. 
 
Agora, transponha para esses contextos a pergunta: qual o papel da Gestão da 
Manutenção no contexto da Engenharia de Produção? 
 
Nos parece que sua vida como engenheiro e cidadão vai se situar na fronteira aberta 
entre esses ambientes, o de uma organização do trabalho produtivo (seja ela exibindo 
instalações físicas de manufatura convencionais ou bastante virtualizada e 
disponibilizada em seu celular) e o do Mundo da Vida. É nesta perspectiva que 
5 
 
pretendemos situar os conceitos e as práticas de Gestão da Manutenção. Até porque, 
esses ambientes ou contextos de atividades estão conectados, não é mesmo? 
 
2. CONCEITOS 
 
Primeiro, uma referência importante para a disciplina, o curso e sua formação 
profissional. Manutenção, segundo a NBR5462 CONFIABILIDADE E 
MANTENABILIDADE – no seu item 2.8 (ABNT,1984), é: 
 
 “Combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, 
destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar 
uma função requerida. ” 
“Nota: A manutençãopode incluir uma modificação do item. ” 
 
 Observe que na definição acima nada há que impeça que um item possa ser 
pensado como algo acessível materialmente (uma ferramenta, uma máquina, uma peça, 
uma instalação, etc.) ou como um modo de pensar organizado (uma norma, um 
procedimento, uma especificação, uma regra, um hábito, um papel social, etc.). 
 
2.1 Manutenção como suporte à produção 
Na perspectiva da NBR5462, você pode pensar em manutenção como suporte à 
atividade produtiva de um item. 
Você, certamente, pode não se achar um “item”, mas uma pessoa e, certamente uma 
pessoa ativa e produtiva. Estudante, com certeza você é! Mas pode ser que além de 
fazer este curso, também trabalhe ou estagie com papel social definido. 
 Considerando, então, a sua rotina diária de vida, em que momento você estaria 
realizando uma tarefa de produção e em que momento estaria realizando uma tarefa de 
manutenção? 
 Se você aceitar a definição da NBR5462, pode pensar que, enquanto exerce suas 
atividades de estudante, de estagiário em sua formação profissional, estaria trabalhando 
em produção e, nos demais momentos, enquanto estivesse se preparando para exercer 
essas atividades, você poderia estar trabalhando em manutenção. Faz sentido? Na Fig. 
2 esses contextos de atividades estão indicados. 
 
 
 
6 
 
 
 
Figura 2 Contextos de atividades de produção e de manutenção. 
 
Assim, por exemplo e de forma prática, enquanto estivesse dormindo, se alimentando, 
fazendo sua higiene pessoal, sendo atendido em um hospital ou em um outro tratamento 
de saúde, em férias ou descansando nos horários vagos, você estaria trabalhando em 
manutenção; em outras palavras, na auto-organização da sua manutenção. 
 
Mas, há outros eventos interessantes. Por exemplo, para você se vestir, tomar banho, 
ou para comer, houve um conjunto de atividades anteriores, exercidas por você ou por 
outras pessoas, que tornaram essas atividades autônomas possíveis. Elas foram 
preparadas ou produzidas, com antecedência. 
 
Assim, se você aumentar a visão inicialmente posta em você para incluir um grupo maior 
de pessoas, verá que “a sua manutenção” implica no trabalho anterior ou simultâneo de 
outras pessoas. Se você perguntasse a elas se trabalham em manutenção, com aquela 
visão inicial que você pode ter adotado, elas, simplesmente, diriam: não! Esse seria o 
caso do padeiro, da costureira, do cozinheiro, do motorista do transporte, do médico, do 
dentista e dos demais. Todos eles trabalham, de fato (ou verdadeiramente), produzindo 
bens e serviços; isso é o que provavelmente diriam! 
Estágio EP
Graduação 
EP
Atividade 
profissional
Sono
Alimentação
Higiene pessoal
Transporte
Espera
Tratamento de 
saúde
Lazer
Vestimenta
PRODUÇÃO
MANUTENÇÃO
MUNDO DA VIDA
7 
 
Sem o trabalho “produtivo” deles, sua manutenção não ocorreria. Assim, para você, 
definitivamente, eles trabalham em sua manutenção. 
E, de forma semelhante, alguém pode estar contando com o que você produz para 
manter outras formas de produção em funcionamento. E, para essas pessoas, você 
trabalharia em manutenção. Na Fig. 3 a representação contempla essa perspectiva 
ampliada. Repare que um contexto de sociedade foi incluído, mantendo-se o mundo da 
vida. 
 
Figura 3. Uma visão ampliada de contextos de atividades de produção e manutenção 
situadas no mundo da vida. 
 
Observe que “você’ não está na figura, mas as ações que realiza estão no campo 
“produção”, interagindo com outras ações humanas e não humanas que foram alocadas 
no campo “manutenção” que, por sua vez, interagem no campo de organização e 
realização do trabalho total da “sociedade”. Assim, contendo todas as pessoas e ações, 
matéria e energia e informação disponíveis para tudo se manter, está o Mundo da Vida. 
Estágio EP
Graduação 
EP
Atividade 
profissional
Sono
Alimentação
Higiene pessoal
Transporte
Espera
Tratamento de 
saúde
Lazer
Vestimenta
PRODUÇÃO
MANUTENÇÃO
SOCIEDADE
Pada
ria
Restaurante
Serviço de 
transporte
Serv
iço d
e 
saúd
eProdução de roupas
S
erviço de 
S
egurança
MUNDO DA VIDA
Ar
Flora
Fauna
Água
Energia
El
em
en
to
s 
qu
ím
ico
s
8 
 
Se, ao invés de você, um médico, padeiro, motorista ou qualquer outra pessoa usasse 
esta representação, o que ele faz, estaria no campo de produção e você e suas 
atividades seriam deslocados para o campo de manutenção ou de sociedade. 
 
Assim, essa figura funcionaria como um caleidoscópio, ajustado à perspectiva de quem 
analisa a realidade. E, deste modo, os fluxos que ligam as atividades e as pessoas têm 
significados relativos que são definidos conforme o ponto-de-vista. 
 
Agora, ao invés de olhar para fora, ampliando os horizontes de reflexão, você pode olhar 
para dentro de você mesmo, aprofundando a análise. Assim, por exemplo, para ler esse 
texto, que partes ou “itens” de seu corpo foram usados? E, neste trabalho de 
aprendizado, que partes de seu organismo trabalharam em produção e quais outras 
trabalharam em manutenção? 
 
 A complexidade da fisiologia humana torna essa resposta, tecnicamente, muito 
sofisticada. Mas, de forma intuitiva, parece ser muito difícil dizer que alguma parte do 
corpo humano só tenha trabalhado em produção ou só em manutenção das demais. 
Dependendo do ponto de vista, todas contribuem com as duas atividades 
simultaneamente. 
 
Por exemplo, os tecidos da medula que produzem as hemácias realizam um trabalho 
altamente especializado. E você poderia pensar que são de produção. Mas as hemácias 
operam o transporte de oxigênio para todas demais células do corpo e sem esse 
processo a vida não se manteria. 
 
As hemácias têm vida limitada e precisam ser substituídas, periodicamente, assim, a 
medula que as produz mantém a vida orgânica, como um todo. Além disto, a própria 
medula precisa de oxigênio e, deste modo, depende de sua própria produção, 
indiretamente, para sobreviver e continuar produzindo... 
 
 Para ler, você precisa de oxigênio, das hemácias e da medula. Esta visão de organismo 
não seria aplicável às empresas? 
Nesta lógica de alterar a escala de observação envolvendo um determinado agente - no 
caso você - fica evidente que a distinção entre as ações de produção e de manutenção 
(como uma atividade de suporte à produção) depende do ponto de vista. 
 
9 
 
Por outro lado, cada atividade desenvolvida, não importa a escala de observação, 
implica na transformação de matéria, energia, informação e da vida, em suas diversas 
manifestações, fazendo com que as ações de produção e de manutenção se igualem, 
neste sentido essencial. Esta percepção é vital para o desempenho profissional do 
engenheiro. Esta concepção está representada na Fig.4 
 
Figura 4. Equivalência produção-manutenção como ações ou transformações em 
cada contexto. 
 
Observe que você não produz matéria nem energia, mas as transforma, quer esteja 
“produzindo” ou “mantendo” alguma coisa. Como a fonte de matéria e energia está 
representada pelo Mundo da vida, cada ação humana ou não humana realizada 
impacta, em alguma medida, diretamente nele e, em consequência, a sociedade e os 
espaços de atividade humana. 
2.2 Produção, manutenção, ação e transformação 
 
Neste ponto, você poderia dizer que toda produção realizada por uma pessoa ou 
máquina, assim como toda manutenção, são ações realizadas com alguma 
intencionalidade e com alguma finalidade, ou seja, são obras da consciência. Esta 
discussão, conceitualmente, vai muito longe, se você considerar ações como sorrir, 
chorar, atos reflexos, em que o sujeito está consciente, mas não reflete sobre o que está 
fazendo. Em outras situações, há uma reflexão prévia a uma ação ou durante toda a 
ação, como por exemplo, quando você joga xadrez. O cumprimento de ordens ou 
execução de tarefas também podem ser realizadas conscientemente e com muita 
MANUTENÇÃOPRODUÇÃO
AÇÃO
TRANSFORMAÇÃO
MUNDO DA VIDA
MÁTERIA
ENERGIASOCIEDADE
10 
 
destreza e atenção, mas sem um domínio do quê e o porquê se está fazendo algo, quer 
por opção do executante, quer por imposições sociais. Assim, convém sempre distinguir 
a ação consciente da ação consciente e refletida. 
 
Toda ação se constitui em uma transformação, ou seja, gera uma mudança na 
organização da matéria ou na forma de manifestação da energia, bem como na 
informação produzida e, também, nas pessoas que agem. 
 
Em cada ação-transformação há um trabalho que consome energia e gera alguma forma 
de resultado material ou de outro tipo percebido pela mente humana como algo 
não-material. 
 
Contudo, quando um raio ou qualquer fenômeno natural – sem a intervenção humana – 
ocorre e você pode observá-lo, aquela hipótese de intencionalidade de uma pessoa não 
será válida. O fenômeno natural será considerado uma mera ocorrência observada 
como um fato natural independente da vontade humana. 
 
Existem outras produções, como a que você faz mentalmente, quando projeta ou 
imagina alguma coisa. Estas produções podem não se materializar em bens e serviços 
concretos, mas consomem energia e se constituem em transformações, primeiro de 
você mesmo, sob o efeito do que pensou; e depois, no mundo, quando essas ideias, 
eventualmente, forem comunicadas a alguém ou, ainda, quando se transformarem em 
alguma coisa material. 
 
Em sentido contrário, do mundo da vida para você, as produções realizadas atuarão em 
você, uma segunda vez, porque aquilo que você pensou e foi realizado, gerou efeitos 
no mundo da vida, percebidos por você e pelos demais e sua relação com as pessoas 
será afetada por isso. Na figura 5 você encontra uma representação destas interações. 
11 
 
 
 
Figura 5 Relações de sentido entre: consciência, ação, transformação, sociedade, 
organização, produção e manutenção. 
 
Observe que você, agora, aparece como um “sujeito consciente” e a produção é 
caracterizada pela intencionalidade, seja considerando fazer uma “produção” ou uma 
“manutenção”. Aquilo sobre o que você age, pode ser um objeto material ou imaginário, 
e em seguida pode ser introduzido na sociedade, criando transformações sobre todos 
os campos e sujeitos. Fluxos de matéria e energia são indispensáveis a todas as ações 
e existem indo e vindo de todos os pontos, bem como fluxos de informação que 
interligam e regulam toda comunicação do que se intenciona fazer. Assim surgem 
diferentes formas de organização como instrumentos de construção social da realidade, 
que serão explorados adiante. 
 
Vamos explorar um pouco mais o funcionamento do organismo: suponha que você 
estagia ou atua profissionalmente em uma empresa de serviços terceirizados de 
manutenção. Enquanto você trabalha lá, produz serviços que são vendidos e que 
sustentam sua empresa, as pessoas que trabalham lá e você. 
 
Todas essas vidas são mantidas com o trabalho realizado por você e pelos demais. Ao 
mesmo tempo, seu trabalho é, explicita e formalmente, de manutenção para quem 
contrata esses serviços, por intermédio da empresa em que você estagia. 
SUJEITO 
CONSCIENTE
OBJETO DO MUNDO DA 
VIDA
OBJETO DO 
IMAGINÁRIO
AÇÃO
Energia
Matéria
Sociedade
Mundo da Vida
Transformação
Organização
Produção
Manutenção
OBJETO DO 
MUNDO DA VIDA
OBJETO DO 
MUNDO DA VIDA
INTENCIONALIDADE
12 
 
Neste caso, o que você faz é atividade de manutenção ou de produção? A resposta 
lógica é de que depende do “ponto de vista”, ou de outra forma, do “contexto” sob 
análise. As aspas serão discutidas mais adiante! 
Figura 6 A produção de serviços de manutenção. 
 
Observe que na Fig.6 os sujeitos, que são você e o cliente de sua empresa, veem, cada 
um em seu contexto organizacional, o produto que você elaborou por uma perspectiva 
própria. Para você se trata de produção, mas para ele, de manutenção. Ambos integram 
a sociedade e se conectam em uma cadeia de elos de trabalho ou de processos 
produtivos, por onde circulam matéria e energia e informação, criando transformações 
e repercutindo no Mundo da Vida e em todos os sujeitos e campos contidos nele. 
 
Considere, agora, esta empresa em que você trabalha. Ela presta serviços de 
manutenção terceirizados, mas, admita que ela tenha várias divisões, departamentos e 
setores e, além disto, haja algum destes designados como de manutenção e outros 
como sendo de produção de alguma coisa. Pensando no conjunto de todos eles, como 
uma totalidade que você chama de “empresa”, ele não poderia ser comparado ao seu 
organismo? E nesse caso, que tipo de trabalho cada parte estaria realizando? Só 
produção ou também manutenção? Quem seriam as hemácias da empresa? E o 
oxigênio? 
 
Você,
Sujeito consciente
Ação= transformação
= produção de serviços
Organização produtiva
Serviços 
terceirizados 
de manunteção
Contratante de 
serviços
Sujeito consciente
Ação= transformação
= contratação de serviços
Organização produtiva
produção manutenção
Sociedade
Mundo da Vida
Cadeia de processos produtivos
13 
 
E, será que a resposta para esta pergunta dada por alguém de dentro da empresa se 
pareceria com a resposta de uma pessoa de fora dela? 
 
Os contratos de serviço entre empresas ou entre pessoas físicas e empresas são 
concebidos e geridos a partir dessas definições. Profissionalmente, você vai precisar 
entender isso com clareza. A efetividade dependerá de conhecer, conectar e gerir todos 
os sujeitos envolvidos, considerando suas próprias perspectivas do trabalho que 
realizam. 
 
Box de Reflexão 
E se, agora, o conjunto ou contexto contemplasse as pessoas, as empresas, as 
edificações, leis, instituições, eventos culturais, atividades econômicas, sociais, 
etc. O que seria manutenção e o que seria produção neste caso? 
 
E, ampliando esse conjunto para abranger a Terra e tudo que está vivendo na 
dependência dela, o que seria manutenção e produção? 
 
O que seriam ações preocupadas com a sustentabilidade? Atividades de 
produção ou de manutenção? 
 
É justamente neste conjunto ou em um subconjunto deste que você vai exercer 
sua atividade como Engenheiro... e aí cabe a pergunta: de manutenção ou de 
produção? E, nesta perspectiva relativa ao conjunto, haveria alguma distinção 
essencial entre esses dois nomes? 
Fim do BOX 
1.1 Organização 
A palavra conjunto foi usada provisoriamente! Vamos refinar esse conceito. 
Para isso, uma pergunta: em que espaço você vive? Ou, ainda de forma mais geral: 
onde qualquer trabalho, seja de produção ou de manutenção conforme o ponto-de-vista, 
acontece? 
Pense um pouco..., há, possivelmente, muitas formas de responder essa pergunta, mas 
vamos escolher uma, conceitualmente, relevante para a EP: pode-se pensar que toda 
e qualquer produção, manutenção ou trabalho acontece associada a uma organização 
situada nas interações das dimensões do tempo e do espaço. 
 
14 
 
Esta palavra remete a organon – no Grego, órgão, aquilo que funciona; e ergon – no 
grego, trabalho; e também à organizare e a organum - no Latim o trabalho para pôr em 
ordem, fazer funcionar, no sentido de atender a uma causa final. 
 
Você pode pensar em duas acepções para organização: uma forma lógica de por algo 
(itens materiais) em ordem ou uma forma de ordenação envolvendo comportamentos e 
significados simbólicos produzidos por pessoas. Na Fig.7 há dois exemplos de 
organização de pessoas. 
 
 
 
Figura 7. Exemplos de organização de pessoas. Ordem hierárquica e ordem em rede. 
 
Observe que nas relações em pirâmide, em que por exemplo há uma hierarquia, um 
sujeito não se relaciona diretamente com todos os demais. Já no arranjo em rede, pode 
ser possível que todos os sujeitos se relacionam com todos, diretamente. Em cada caso, 
os níveis de reflexão sobre a ação podem ser muito diferentes. 
 
Ainda pensando em organização, a forma lógica pode ser puramente mental, como nos 
momentos em que você “põe em ordem” suas ideias ou emoções;quando busca 
lembrar a “ordem” dos acontecimentos que estão armazenados na sua memória, mas 
que precisam de uma sequência temporal e espacial para fazerem sentido. 
 
Esta ordenação pode ser, inicialmente mental e, depois materializada, quando, por 
exemplo, você pensa na “desordem” em que se encontram os livros em sua estante e 
que você precisa “se organizar” (mental e emocionalmente, com sua agenda) para 
Ordem hierárquica Ordem em rede
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sujeito
consciente
Sociedade
Sociedade
Mundo da Vida Mundo da Vida
15 
 
colocar cada um no seu devido lugar, movimentando um peso considerável, ao final do 
trabalho. 
 
Na figura 8, a representação do que um sujeito consciente fez ao organizar seus livros, 
conforme o texto e os conceitos acima. 
 
 
 
 
Figura 8 A ação de organizar por um sujeito. 
 
Sujeito consciente
Abstração e projeto
Ação
Sociedade
Mundo da Vida
lógica nexo
tempo espaço
Matéria
Linguagem
Energia
Trabalho
organizar
OBJETO DO 
MUNDO DA 
VIDA
OBJETO DO 
MUNDO DA 
VIDA
OBJETO 
IMAGINÁRIO
16 
 
Você pode pensar nos casos em que pessoas e objetos e a paisagem natural (sem 
considerar a ação do homem sobre a natureza) se relacionam de forma ordenada e 
compõem uma totalidade que você conhece e reconhece. 
 
Por exemplo, quando pensa no CEFET/RJ, a “instituição” ou “organização” é um 
conjunto de muitos itens: pessoas, prédios, equipamentos, regras, recursos naturais etc. 
Mas esses itens, somente, não “se organizam”. Há uma dinâmica que dá vida a esse 
conjunto de itens e que não pode ser resumida a nenhum dos seus elementos, mas vive 
na interação entre todos eles. 
 
As organizações, assim como seu organismo, se caracterizam por serem ativas, ou de 
outro modo, por produzirem produtos materiais e informacionais. São conjuntos vivos. 
Os campi do CEFET/RJ, com todos os bens materiais, dão suporte a essa vida, mas 
são, apenas, uma forma de estrutura sem vida, quando as pessoas, as formas de 
comunicação entre elas e com os produtos do seu trabalho não estão lá. 
 
E, de uma forma geral, você pode pensar em organizações do trabalho produtivo como 
uma interação entre estrutura e ação material e imaterial, em alguma medida, 
combinada. 
 
 Estrutura não se limita aos prédios, instalações elétricas etc. Quando você diz que a 
“estrutura daquela empresa é o diretor de planejamento....”, no que está pensando? Ou 
ainda, quando diz que não tem estrutura para viver certa experiência? 
 
Neste caminho, você pode, agora, identificar “a organização” em que você produz e 
responder a pergunta acima: “em que espaço você vive?” 
 
Poderia pensar, por exemplo, na família, em uma empresa, no Cefet, na sociedade 
brasileira, que são molduras ou nomes que servem para enquadramos algumas das 
organizações que você, naturalmente, integra. Pode pensar também nos espaços 
virtuais de trabalho, de estudo e de interação social, profissional ou não. 
 
As regras morais de sua família com as quais você foi educado, o manual do aluno, as 
boas práticas da engenharia, o código civil, a constituição federal, e mesmo o bom 
senso, também, seriam molduras de outras formas de organização que fazem parte de 
sua vida. E, valendo o que foi mencionado, para cada estrutura emoldurada haverá 
17 
 
sempre um conjunto de ações indissociáveis, em qualquer organização de pessoas. 
Qualquer forma de gestão vai ser também estrutura e ação. 
 
E, à propósito, haverá alguma organização que não seja de pessoas ou feita por 
pessoas? Pense, para responder, que se as estruturas e as ações dependem de uma 
intencionalidade, na gênese de qualquer representação de formas de ordem, haverá 
sempre a produção de um sujeito consciente. Certamente, quando se pensa na 
Natureza sem a ação humana, isso pode perder o sentido, mas nas reflexões 
transcendentais as justificativas a respeito das formas de existência podem ir além!! 
 
Em certa medida, no movimento feito antes, de expandir os horizontes ou aprofundar 
as observações, pode-se reconhecer o seu organismo como uma organização 
unificada. E, considerar organização como a interação das duas acepções possíveis: 
uma totalidade conectada de partes (órgãos, tecidos, células, organelas, compostos 
orgânicos, elementos químicos) e uma forma (orgânica) de funcionar. 
 
O mesmo pode ser feito em relação à Terra, com todas as formas de vida. Entre essas 
duas referências, se encontram todas as formas de produção e de manutenção 
humanas. 
 
Assim, você pode considerar que viver é uma forma de produção em que cada forma 
de vida, ou ser vivo, produz e se auto mantém em conexão com a manutenção das 
demais. 
 
As cadeias produtivas, os parques industriais, os mercados não seriam semelhantes? 
A visão ecológica, nesta perspectiva, que originalmente é aplicada às interações entre 
as formas vivas, poderia ser, analogamente, aplicada às organizações e à sociedade. 
Veja, por exemplo, o conceito de ecoparque industrial (ABEPRO, 2019) 
 
Monchy (1989) inicia sua abordagem sobre manutenção sugerindo uma analogia com 
a saúde humana. Assim como nos cuidamos para não adoecer ou agravar alguma 
doença, a manutenção faz o mesmo com a saúde das máquinas e, por extensão, com 
a saúde das organizações que dependem delas para produzir e sobreviver. E, 
poderíamos acrescentar, à saúde da sociedade, que depende das organizações 
produtivas. 
 
1.1.1 Produção e manutenção nas organizações 
18 
 
No início desta aula, apresentamos um organograma funcional de uma 
empresa ou organização na Fig.1. Compare essa representação com as 
representações da Fig.7. Esta organização funciona hierarquicamente e 
você pode considerar que o trabalho de cada sujeito, localizado em um dos 
níveis da hierarquia tem uma finalidade conhecida dele mesmo e 
determinada pelos níveis acima dele. Assim, as finalidades da manutenção 
e da produção serão perfeitamente distinguíveis para todos os sujeitos 
envolvidos, com reflexos nas suas rotinas de trabalho, procedimentos 
técnicos, ferramentas, uniformes, áreas de atuação e itens sob sua 
responsabilidade técnica. Como você verá adiante, nas discussões de 
Manutenção Produtiva Total e Manutenção Centrada na Confiabilidade, há 
formas de organização em que se estimula um nível de reflexão dos sujeitos 
que permita a ele ter consciência da interdependência de todas as atividades 
da organização para o seu bom desempenho. Por outro lado, há 
organizações em que as atividades são estritamente prescritas e os sujeitos 
não conseguem desenvolver um nível de consciência em que as suas 
atividades de trabalho se conectem às demais. Em cada cenário, a Gestão 
da Manutenção será conduzida conforme a cultura da organização e você, 
como Engenheiro de Produção vai ser desafiado a compreendê-la e interagir 
positivamente com ela. 
Atividade 
Uma das competências típicas do Engenheiro de Produção é analisar para intervir com 
efetividade. Assim, você precisará observar, entender fenômenos e transformar esse 
entendimento em grandezas sobre as quais irá agir segundo uma intencionalidade, 
geralmente, visando desempenho, qualidade, segurança, etc. Para as atividades de 
manutenção não será diferente. 
Para que você possa se familiarizar com as possibilidades das representações usadas 
nesta aula e, futuramente, usá-las profissionalmente ou para sua reflexão, considere a 
Saga dos Epesnasaguas, descrita na fig.9 e desenvolva as seguintes atividades. 
 
19 
 
Figura 9 A saga dos Epesnasaguas 
 
1
2
3
4
5
6
7
8
20 
 
Na fig. 10 nossos ancentrais, os Epesnasaguas tiveram sua saga registrada, 
artisticamente, em oito cenas, por meio pinturas rupestres correspondendoà 
sequência cronológica e referentes ao mesmo lugar no Mundo da Vida. 
 
1) (Atende ao Objetivo 1) Considere a Fig.2 e a cena 1 da Fig.9. 
Identifique as atividades de produção e de manutenção na Cena 1 e disponha essas 
atividades em uma versão esboçada por você, da fig.2.; 
2) (Atende ao Objetivo 2) Considere a Fig.5 e a cena 5 da Fig.9. 
Identifique todas as manifestações de organização e as atividades de manutenção e de 
produção; refaça a fig.5 relacionando as ações e transformações indicadas na cena aos 
respectivos objetos de intencionalidade, dispondo essas relações em uma versão, 
esboçada por você, da Fig.5. 
3) (Atende ao Objetivo 3) Considere a Fig.4 e a cena 7 da Fig.9. 
Identifique as atividades de produção e de manutenção na Cena 7 e disponha essas 
atividades em uma versão esboçada por você, da fig.4. Observe que os arcos de 
transformação da Fig.4 tangenciam a fronteira entre o campo sociedade e o campo 
mundo da vida. Que correspondência você faria com a saga dos Epesnasaguas? 
Respostas comentadas da Atividade. 
1) Neste caso, primeiro é preciso considerar quem é o sujeito consciente, papel 
que coube a você quando a Figura 2 foi apresentada nesta aula. Assim, 
vamos considerar qualquer membro do grupo Epesnasaguas. Basicamente 
a cena 1 mostra pessoas no abrigo de pedra, outras pescando e outras 
transportando peixe. No abrigo há uma fogueira e para que as pessoas lá 
possam comer, os demais estão fornecendo serviços. Neste caso estaria o 
primeiro grupo no campo azul e os demais no campo amarelo. Você pode 
redesenhar a figura e preencher os campos com cozinhar no azul e pescar 
e transportar no amarelo. Especulativamente, haveria atividades como vestir, 
preparar as lanças de pesca, manter o abrigo, que você poderia adicionar ao 
campo amarelo, mantendo o preparo da comida na produção. 
 
2) Na cena 5 há um grupo pescando, outro tomando conta do pescado na brasa 
e um terceiro discutindo o problema do desabrigo. Tomando um sujeito 
consciente de cada grupo, como seu representante, ele estaria agindo 
intencionalmente para manter ou produzir algo, segundo o critério que 
adotarmos na representação. Por exemplo, o sujeito que busca uma nova 
solução para o abrigo, nesta cena, está projetando no campo da mente e se 
21 
 
comunicando com os demais. Os que pescam e assam peixe estão 
trabalhando sobre objetos tangíveis, e podem ser considerados em 
manutenção ou produção. Se todos os grupos estiverem consciente do que 
os demais estão fazendo, pode-se pensar em uma divisão do trabalho ou 
uma organização das atividades. Para cada grupo, há outro nível de 
organização de trabalho, envolvendo o que estão fazendo, como estão 
fazendo. Pode-se pensar em uma figura 5 ampliada com três sujeitos 
conscientes cada um atuando sobre objetos diferentes, conforme a análise 
anterior. 
 
3) Na cena 7 há diversos grupos trabalhando, mas todos estão envolvidos na 
construção do novo abrigo. Pode-se pensar nos que removem e transportam 
pedras, nos que extraem betume do leito do rio, do que gerencia as 
atividades do alto da encosta, dos que montam as pedras e dos que rejuntam 
as pedras. Observe que todos os materiais foram extraídos do mundo da 
vida e vão transformar a sociedade local, pelo trabalho realizado sobre a 
matéria e com gasto de energia. Adicionalmente, o novo abrigo e a sua 
defesa frontal de pedras vão interferir no curso do rio, quando as cheias 
chegaram com o tempo chuvoso. Neste caso, haverá transformações diretas 
no Mundo da Vida essenciais para a sobrevivência dos Epesnasaguas. 
Empregando a Figura 4 você poderia colocar construção do abrigo como 
produção e todas as etapas auxiliares como manutenção, ou ainda um 
processo produtivo composto de várias atividades de produção, e considerar 
que as atividades de alimentação, preparação de ferramentas, vestimentas, 
etc. dariam suporte a elas. 
4. Conclusão 
Para qualquer iniciativa sua no campo da Gestão da Manutenção é preciso, previamente 
e de forma a mais consciente e reflexiva possível, compreender as organizações 
envolvidas e as formas de organização do trabalho que interagem com as atividades 
previstas como de manutenção. A habilidade de representar processos e integrar 
trabalhos como planejamento, controle, produção e manutenção nas organizações é de 
fundamental importância para sua prática como Engenheiro de Produção. No mundo da 
vida, para além do campo profissional, pode-se contribuir usando essas mesmas 
perspectivas com as questões contemporâneas sobre sustentabilidade e 
responsabilidade social, seja corporativa ou cidadã. 
 
 
 
 
22 
 
5. Resumo 
Na perspectiva de que organizações são o contexto que dá significado às ações e, desta 
forma, podem surgir atividades tipificadas como de manutenção ou de produção, você 
foi convidado a refletir sobre as relações de interdependência entre essas ações, seja 
no interior de uma organização, seja permeando as fronteiras que imaginamos separá-
la da sociedade e do mundo da vida. Essa percepção é estratégica para definir qualquer 
atividade de gestão, seja da produção seja da manutenção, de forma específica ou 
integrada. Essa concepção alerta e convida você para ampliar seu ponto de vista sobre 
os papéis que desempenha ou virá a desempenhar em determinada organização, 
podendo, assim, avaliar, de maneira mais responsável, crítica e produtiva, as 
repercussões de seu trabalho para os que dependam dele, direta ou indiretamente. 
 
6. Informações sobre a próxima aula 
Na próxima aula você será convidado a refletir sobre as relações entre organização e 
entropia. E de como conceitos como valor, risco, perigo e as representações produzidas 
pela consciência influenciam nas relações entre produção e manutenção, que serão 
usadas, ao longo da disciplina, de forma recorrente como suporte ao desenvolvimento 
de suas habilidades na gestão da manutenção 
 
7. Referências Bibliográficas 
ABEPRO. Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Disponível em: 
https://www.abepro.org.br/. Acesso em: 30 jun. 2019. 
 
ABEPRO. Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Projeto Memória 
Disponível em: http://www.abepro.org.br/arquivos/websites/1/Hist.pdf. Acesso em 27 
dez. 2019. 
 
ABEPRO. Associação Brasileira de Engenharia de Produção. Ecoparques industriais. 
Disponível em : http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_WPG_226_316_29797.pdf. 
Acesso em 27 dez. 2019. 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5462: Confiabilidade e 
Mantenabilidade. Rio de Janeiro, 1994. 
 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da 
língua portuguesa. 3ª ed. totalmente rev. e ampl. 2005 
 
https://www.abepro.org.br/
http://www.abepro.org.br/arquivos/websites/1/Hist.pdf
http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_WPG_226_316_29797.pdf
23 
 
MORGAN, G. Imagens da organização. 1a. edição. São Paulo: Atlas, 2009. 
 
MONCHY, François. A função manutenção: formação para a gerência da manutenção 
industrial. São Paulo: EBRAS, 1989. 424p, il. (Série tecnologias). 
 
SLACK, N. Vantagem Competitiva em Manufatura: atingindo competitividade nas 
operações industriais. São Paulo: Editora Atlas, 2002.

Continue navegando