Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Iana Barbosa Martins 1 SOI III – Fisiopatologia – Cardio / MED 31 Pericárdio é a membrana que recobre todo o coração (epicárdio), formanda pelas camadas visceral e parietal. Pericárdio: pericárdio superficial + pericárdio seroso. Pericárdio seroso: camada parietal + visceral (epicárdio) – em contanto direto com o coração. Miocárdio: camada cardíaca média, mais espessa de musculo estriado. Endocárdio: camada mais interna, reveste as valvas e é continuo com o revestimento dos vasos que entram e saem do coração. A pericardite é uma inflamação aguda no pericárdio, podendo evoluir para derrame pericárdico quando há acúmulo de líquido. Caso esse líquido se acumule de forma intensa (derrame extenso) pode progredir para um tamponamento cardíaco. Quando a inflamação crônica, que dura semanas ou meses e começa o processo de fibrose e calcificação, é chamada de pericardite constritiva ou efusivo- constritiva (mix de derrame, constrição e calcificação). Doenças do pericárdio são comuns, principalmente a pericardite aguda. Cerca de 5% dos pacientes em pronto socorro podem ter dor torácica por pericardite de etiologia não isquêmica (angina e infarto). Acomete todas as idades e não há prevalência de sexo. Principal etiologia é infecciosa, principalmente virais: adenovírus, cocsac, tuberculose. Tuberculose é importante (endêmico), podendo se manifestar como pericardite aguda ou constritiva. Causas infecciosas são responsáveis por 2/3 do total de etiologias de doença do pericárdio. Até mesmo quando não se sabe a causa da pericardite, é provável que seja de origem viral, mas não se conseguiu isolar o vírus. Causas não infecciosas são responsáveis por 1/3. Causas autoimunes: lúpus (critério diagnóstico de pericardite e outras serosites: derrame pleural, artrite), artrite reumatoide e febre reumática. Causas neoplásicas são geralmente metastáticas advindas geralmente de pulmão e mama, pois é raro ter tumor primário no coração. Causas metabólicas mais comuns são hipotireoidismo e uremia – derrame e tamponamento são causas de urgência dialítica. Radiação precoce ou tardia: em casos de radioterapia pode causar pericardite aguda até mesmo constritiva. Dentre as causas cardiovasculares, a mais comum, é o pós-op de cirurgia cardíaca, pois a cirurgia é invasiva e entra em contato com a membrana causando inflamação. Síndrome de Dressler: pericardite subaguda pós IAM, acontece em geral de 2 a 4 semanas após o IAM, através de uma liberação de proteínas do musculo cardíaco no sangue e a formação de auto anticorpos. Camadas do coração: Epicárdio: visceral (recobre) e parietal (externa). Entre as camadas do epicárdio há 15 a 50ml de líquido seroso. O líquido só se acumula entre essas duas camadas quando há inflamação. Miocárdio Endocárdio Fisiopatologia É importante entender a velocidade em que o líquido seroso se acumula no espaço pericárdico. Efusão (acumulo) lenta: hipotireoidismo. Limite de estiramento demora para ser atingido. Acúmulo grande de líquido e o tempo é maior para que haja pressão suficiente para gerar tamponamento (sintoma). Efusão rápida: uremia e causas metastáticas. Limite de estiramento é atingido rápido. Acúmulo de líquido rápido, aumento rápido de pressão. Tempo curto para gerar tamponamento. Pericardite aguda: Dor torácica: pleurítica (respiração profunda é sinal de piora), aguda (abrupta), melhora ao inclinar para frente – diminui a pressão do líquido no pericárdio e a caixa torácica não expande tanto, com o movimento limitado da caixa torácica a pleura em contato com o pericárdio não atrita e não inflama, havendo melhora de dor. Atrito pericárdico: som que o atrito entre visceral e parietal inflamadas produz. Som de fricção de couro. Som: pode ter duas fases (sístole e diástole), difícil de auscultar e está presente em 33% dos pacientes. Iana Barbosa Martins 2 SOI III – Fisiopatologia – Cardio / MED 31 Muitas vezes é transitório. Taquicardia: inflamação do pericárdio aumenta frequência cardíaca. A dor estimula o sistema simpático e há taquicardia secundária. Febre, infecção de vias aéreas IVAS (espirro, tosse, coriza), gastroenterite GECA (vômito, diarreia) pode preceder o quadro de pericardite. Sintomas de acordo com a etiologia: Em pacientes com pericardite Lúpus: iteramalar, artrite de articulações. Metastática: perda ponderal associada. Pós op de cirurgia cardíaca: Derrame pericárdico Abafamento de bulhas cardíacas: muito liquido entre as camadas, abafa o som. Tamponamento cardíaco: Tríade de Beck Estase jugular: aumenta a pressão dentro do coração, veias jugulares túrgidas. Choque circulatório: hipotensão resulta na aproximação da pressão sistólica e diastólica (PA pinçada) 6/4mmHg, 5/4 mmHg. Pulso paradoxal: na inspiração há queda fisiológica da pressão sistólica, no tamponamento essa queda é mais intensa > 10 mmHg. Redução do descenso Y do pulso venoso: Descenso Y é o momento que os átrios ejetam sangue nos ventrículos. Abre-se as valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide), sangue passa para os ventrículos e a pressão no átrio cai. No pulso venoso é possível observar esse descenso. Na patologia (tamponamento) as pressões no coração estão altas, então o descenso no pulso jugular é quase imperceptível. Pericardite constritiva Sinais de congestão direita (sistêmica): estase jugular, espatoesplenomegalia, edema de MMII. Tudo que está antes das câmaras direitas – grande circulação. Knock pericárdico: parecido com o som de B3. Som no início da diástole, quando o sangue está sendo ejetado para o ventrículo. Na pericardite constritiva o ventrículo está dentro de um pericárdio rígido, por isso sua complacência é ineficiente para receber todo o sangue gerando um turbilhonamento de fluxo gerando o Knock pericárdico. Sinal de Kussmaul: é descrito quando o paciente respira profundamente, pois na inspiração há aumento da estase jugular. Descenso Y do pulso venoso proeminente: 1. As pressões no coração estão um pouco aumentadas, com a rigidez do pericárdio o coração perde a complacência. Isso faz com que o coração, ao receber muito sangue, aumente a pressão e ejete o sangue total. Dessa forma os ventrículos ficam completamente vazios. 2. Os átrios vão ejetar sangue com a pressão muito alta, e o sangue passa para o ventrículo muito rápido, já que estão completamente vazios, havendo uma queda proeminente de pressão atrial. Fisiopatologia dos sintomas Acúmulo rápido de fluido no espaço pericárdico- tamponamento: 1. Aumenta pressão, abafando as bulhas. 2. Há aumento de pressão nas 4 câmaras, já que o pericárdio reveste todo o coração: aumento de pressão nas câmaras direitas, leva ao aumento de pressão na veia cava superior e para as jugulares do pescoço, levando a estase jugular. 3. Pressões sistólicas e diastólicas próximas, há redução do fluxo do AD para VD: redução do descenso Y do pulso venosos. 4. Diminuição do retorno venoso: pressão elevada, menos sangue chega ao coração, há diminuição do DC, levando a hipotensão. Inspiração – principalmente na pericardite constritiva: 1. Quando inspira, o diafragma abaixa. 2. Rebaixamento do diafragma diminui a pressão intratorácica. 3. Redução da pressão intratorácica aumenta o retorno venoso. 4. Aumento do retorno venoso num coração com as pressões elevadas, aumenta ainda mais a pressão nos ventrículos. 5. Aumento da pressão no ventrículo direito gera distensão jugular (sinal de Kussmaul). Em condições normais no tamponamento já há distensão jugular, na inspiração dilata ainda mais, deixando a distensão mais proeminente. 6. Aumento da pressão no ventrículo direito, empurra o septo/parede do VE para a esquerda. 7. O VE não consegue encher adequadamente, causando redução no enchimento do VE e queda da pressão sistólica > 10mmHg.ulhas abafadas stase jugular hoque circulatório Iana Barbosa Martins 3 SOI III – Fisiopatologia – Cardio / MED 31 Para diagnóstico é necessário: Pericardite Supra desnivelamento do seguimento ST (V2, V3, V4, V5 e V6) + infra PR. Dor torácica com supra: sinal de infarto. Porém na pericardite acomete todas as outras variações. Está todo suprado. Supra difuso + infra de PR é sinal de inflamação em todo Na derivação VR acontece o contrário, pois está a direita, ela analisa o outro lado e por isso é contrária: supra de PR + infra de ST. Derrame pericárdico Amplitude baixa (QRS muito pequeno): - 5 quadrados na derivação dos membros e – 10 quadradinhos nas derivações precordiais. Alternância elétrica (batimento baixo e pequeno), isso acontece por causa do movimento do coração dentro do pericárdio. Esse ECG pode ser de tamponamento se o paciente tiver os sintomas da tríade de Beck. Pericardite aguda Cardiomegalia. Coração em moringa. Pericardite constritiva Borda do pericárdio espessa e calcificada. Casca de ovo : egg shell. : (PCR, VHS) (Função renal; TSH) (FAN se mulher jovem): Pericardite pode ser a primeira manifestação de um lúpus eritematoso sistêmico. : fundamental em suspeita de tamponamento ou derrame. Colabamento de VD típico de tamponamento. : mais reservados para complicações, evoluções ruins e suspeita de malignidade. Swing, coração samba dentro da cavidade pericárdica. Há 4 critérios: 2 critérios fecham diagnóstico. 1. Dor torácica característica, pleurítica, irradia para trapézio, piora com a inspiração, melhora sentado ou inclinando para frente (prece maometana). 2. Atrito pericárdico. 3. Elevação difusa de ST com depressão de PR. 4. Derrame pericárdico (rx ou eco). Critérios adicionais: 1. Elevação de provas inflamatórias (PCR, VSH, leucocitose). 2. Inflamação pericárdica por exame de imagem (TC ou RNM cardíaca). Pericardite aguda AINE (ibuprofeno ou AAS) por 2 semanas. Corticoide: só para quem tem contra indicação a antiinflamatórios – doença renal, ulcera gástrica. 2º linha – aumenta recorrência/incidência. Associar colchicina por 3 meses (1° episódio) a 6 meses (recorrente). Ação antiinflamatoria usada em pacientes com GOTA e outras doenças reumatológicas. Testada com sucesso na pericardite: diminui taxa de recorrência. Tamponamento Retirar o líquido no centro cirúrgico. Punção de Marfan – na emergência, se paciente estiver parado cardiacamente. Localizar o apêndice xifoide do paciente, na região subxifoide. Insere a seringa em 45° em direção ao coração no lado esquerdo, idealmente guiado por US. Causa de parada com assistolia em PS. Pericardite constritiva Retirar o pericárdio espessado – pericardiectomia. Alta taxa de complicação e mortalidade. Reservada a paciente muito sintomáticos que não respondem a tratamento com medicação.
Compartilhar