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Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III PRECE MAOMETANA Objetivos: 1. Estudar fisiopatologia da Pericardite. 2. Compreender as manifestações clínicas e o diagnóstico da Pericardite. 3. Pesquisar sobre os fatores de risco e tratamento. 4. Analisar a epidemiologia da pericardite. 5. Conhecer a classificação de Manchester. 6. Entender a relação entre pericardite e a doença autoimune. Doença Pericárdica A doença pericárdica inclui a inflamação do pericárdio (pericardite), ou quantidades anormais de fluido no espaço entre os pericárdios visceral e parietal (derrame pericárdico). Epidemiologia No Brasil, não há dados que notifiquem a presença relativamente alta de doenças pericárdicas, sendo menos frequentes e quando causadas pode gerar um derrame pericárdico, mais frequente quando o comprometimento é por tuberculose ou neoplasia, e o mesmo acontece em relação ao tamponamento cardíaco; Já nos casos em que outras etiologias são responsáveis pelo quadro clínico, a frequência é menor. Apresentação Clínica da Pericardite O paciente apresenta-se com dor torácica intensa. As descrições da dor são variáveis, mas o quadro usual é de um início retrosternal agudo, com irradiação para as costas, e piora com a inspiração profunda, ou com a tosse. A dor, freqüentemente, depende da posição: piora em decúbito e melhora quando o paciente está sentado e inclinado para a frente; Ao exame físico, o ruído de atrito pericárdico é patognomônico de pericardite. É um som em rangido, de timbre alto, freqüentemente com dois ou mais componentes. Ocasionalmente, a inflamação contínua do pericárdio leva à fibrose e ao desenvolvimento de pericardite constritiva. Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III Imagem 1: HAMMER, G. D.; MCPHEE, S. J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. O exame da pulsação venosa jugular é crítico no paciente que pode ter pericardite constritiva. A pressão venosa jugular está elevada e as formas de onda individuais, freqüentemente, são bastante proeminentes; Além disso, pode haver um aumento inapropriado do nível da pulsação venosa jugular com a inspiração (sinal de Kussmaul); Hepatomegalia e ascite podem ser observadas ao exame físico. À ausculta cardíaca, um som de timbre alto, chamado de batida pericárdica, pode ser ouvido logo após a segunda bulha cardíaca, às vezes imitando uma terceira bulha. Etiologia No quadro estão listadas as causas de pericardite aguda. Os vírus, provavelmente, também são responsáveis pela pericardite “idiopática”. Imagem 2: HAMMER, G. D.; MCPHEE, S. J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. Fisiopatologia A pericardite pode ser: Aguda, Subaguda e Crônica; A pericardite aguda se desenvolve rapidamente, causando reação inflamatória do saco pericárdico e muitas vezes derrame pericárdico. A inflamação pode se estender para o miocárdio epicárdico (miopericardite). Efeitos hemodinâmicos adversos e alterações do ritmo são raros, embora exista a possibilidade de tamponamento cardíaco. A doença aguda pode tornar-se subaguda ou crônica. Essas formas se desenvolvem lentamente; sua característica marcante é o derrame; A pericardite subaguda ocorre em semanas a meses após um evento desencadeador; A pericardite crônica é definida como pericardite persistente > 6 meses; Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III O derrame pericárdico é o acúmulo de líquido no pericárdio. O líquido pode ser seroso (às vezes, com filamentos de fibrina), serossanguinolento, hemorrágico, purulento ou quiloso. Ocorre tamponamento cardíaco quando um grande derrame pericárdico compromete o enchimento cardíaco, acarretando baixo débito cardíaco e, às vezes, choque e morte. Se o líquido (em geral, sangue) se acumular rapidamente, mesmo pequenas quantidades (p. ex., 150 mL) podem provocar tamponamento, uma vez que o pericárdio não consegue se distender de maneira rápida o suficiente para a acomodação. O acúmulo lento de até 1.500 mL pode não desencadear tamponamento. O derrame loculado pode desencadear tamponamento localizado do lado direito ou esquerdo do coração. Ocasionalmente, a pericardite acarreta espessamento intenso e enrijecimento do pericárdio (pericardite constritiva); A pericardite constritiva é incomum e decorre de espessamentos intensos inflamatórios e fibróticos do pericárdio. Às vezes, os folhetos parietal e visceral aderem-se mutuamente ou ao miocárdio. O tecido fibrótico geralmente contém depósitos de cálcio. O pericárdio rígido e espesso compromete acentuadamente o enchimento ventricular, diminuindo o volume de ejeção e o débito cardíaco. O acúmulo significativo de líquido pericárdico é raro. A alteração do ritmo é comum. As pressões diastólicas nos ventrículos, átrios e leitos venosos tornam- se praticamente as mesmas. Ocorre congestão venosa sistêmica, causando transudação considerável de líquido dos capilares sistêmicos, com edema pendente e, posteriormente, ascite. A elevação crônica da pressão venosa sistêmica e da pressão venosa hepática pode levar à cicatriz hepática, chamada cirrose cardíaca, caso em que, os pacientes podem se apresentar inicialmente para avaliação da cirrose. A constrição do átrio esquerdo, do ventrículo esquerdo ou ambos pode elevar a pressão venosa pulmonar. Ocasionalmente, derrame pleural se desenvolve: A pericardite constritiva crônica é menos comum do que no passado; A constrição subaguda (semanas a meses após uma lesão desencadeadora) é cada vez mais reconhecida; A variante transitória da pericardite constritiva desaparece espontaneamente ou após terapia médica. Manifestações Clínicas Dor Torácica: Deve-se à inflamação do pericárdio. A inflamação da pleura adjacente pode ser responsável pela piora característica da dor, com a inspiração profunda e a tosse; Exame Físico: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/fibrose-e-cirrose/cirrose https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/doen%C3%A7as-mediastinais-e-pleurais/derrame-pleural Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III Ruído de atrito: O ruído é descrito, tradicionalmente, como tendo três componentes, cada um associado ao movimento rápido de uma das câmaras cardíacas: o componente sistólico, que provavelmente está associado à contração ventricular, é o mais comum e o mais facilmente ouvido. Durante a diástole há dois componentes: um durante o início da diástole, resultante do enchimento rápido do ventrículo e o outro, menos ruidoso, que ocorre no fim da diástole e que se pensa ser decorrente da contração atrial. Os componentes diastólicos freqüentemente se misturam, de modo que um atrito com dois componentes, ou um “para lá e para cá”, é ouvido mais comumente; Sinais de constrição: No paciente com pericardite constritiva, o enchimento protodiastólico do ventrículo ocorre normalmente, mas ele é interrompido abruptamente pelo pericárdio espessado, inelástico. Essa parada do enchimento pode ser observada na curva pressão-tempo do ventrículo e é responsável, provavelmente, pela batida diastólica. Imagem 3: HAMMER, G. D.; MCPHEE, S. J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. Além disso, o esvaziamento rápido do átrio leva a uma descida proeminente de y, que torna a onda v mais notável no traçado da pressão atrial. Imagem 4: HAMMER, G. D.; MCPHEE, S. J. Fisiopatologia da doença: umaintrodução à medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. A pressão venosa sistêmica está elevada, porque o fluxo de entrada no coração é limitado. Em geral, com a inspiração, a diminuição da pressão intratorácica é transmitida ao coração e o enchimento do lado direito deste aumenta, com uma queda associada da pressão venosa sistêmica. Em pacientes com pericardite constritiva, essa resposta normal é impedida e o paciente desenvolve o sinal de Kussmaul. Imagem 4: HAMMER, G. D.; MCPHEE, S. J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. A elevação da pressão venosa sistêmica pode causar acúmulo de Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III líquido no fígado e no espaço intraperitonial, levando à hepatomegalia e à ascite. Derrame Pericárdico e Tampoamento O derrame pericárdico pode ocorrer em resposta a qualquer causa de pericardite, de modo que o paciente pode desenvolver dor torácica ou atrito pericárdico, como descrito anteriormente. Além disso, o derrame pericárdico desenvolve-se lentamente, e pode ser assintomático; Contudo, a ocupação súbita do espaço pericárdico por fluido pode ter consequências catastróficas, por limitar o enchimento ventricular (tamponamento pericárdico); Os pacientes com tamponamento pericárdico, freqüentemente, queixam-se de falta de ar, mas o diagnóstico é feito mais comumente pelos achados característicos do exame físico, associados ao tamponamento pericárdico; Esse tamponamento é acompanhado de sinais físicos característicos, que surgem pelo enchimento limitado do ventrículo; Os três sinais clássicos são denominados tríade de Beck, em homenagem ao cirurgião que os descreveu, em 1935: (1) Hipotensão; (2) Pressão venosa jugular elevada; (3) Bulhas cardíacas abafadas. Além disso, o paciente pode ter uma diminuição da pressão sistêmica com a inspiração (pulso paradoxal). Etiologia Nem todas as causas de pericardite podem produzir derrame pericárdico. Fisiopatologia O pericárdio, normalmente, é cheio de uma pequena quantidade de líquido (30 a 50 mℓ), com uma pressão intrapericárdica que, em geral, é a mesma da intrapleural; Com o acréscimo súbito de líquido, a pressão pericárdica pode aumentar às vezes ao nível das pressões atrial e ventricular direitas; A pressão de distensão transmural do ventrículo diminui e a câmara entra em colapso, impedindo o enchimento adequado do coração pelo retorno venoso sistêmico; As quatro câmaras do coração ocupam um volume relativamente fixo no saco pericárdico e a avaliação hemodinâmica revela um equilíbrio das pressões diastólicas ventricular e da artéria pulmonar, com as pressões atriais direita e esquerda ao nível aproximado da pressão intrapericárdica. Manifestações Clínicas Mecanismos fisiopatológicos para os sinais e sintomas de tamponamento pericárdico: Falta de Ar: A dispnéia é o sintoma mais comum do tamponamento pericárdico. A patogênese, provavelmente, relacina-se com uma redução do débito cardíaco e, em Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III alguns pacientes, a presença de edema pulmonar; Pressão Venosa Jugular Elevada: A pressão venosa jugular está elevada. Além disso, o tamponamento cardíaco altera a dinâmica do enchimento atrial. Normalmente, o enchimento atrial ocorre primeiro durante a ejeção ventricular (descida de y), e depois, mais tarde, quando a valva tricúspide se abre (descida de x). No tamponamento cardíaco, o átrio pode se encher durante a contração ventricular, de modo que a descida de x ainda pode ser vista. Entretanto, quando a valva tricúspide se abre, o enchimento ulterior do átrio direito é impedido, porque o tamanho da câmara é limitado pelo fluido pericárdico circundante. Por essa razão, a descida de y não é vista no paciente com tamponamento pericárdico. A perda da descida de y, na situação de pressões venosas jugulares elevadas, deve sempre despertar a suspeita de tamponamento pericárdico; Hipotensão: A hipotensão acontece por causa do débito cardíaco reduzido; Pulso Paradoxal: A pressão sanguínea arterial sistólica normalmente cai 10 a 12 mmHg com a inspiração. Uma queda inspiratória acentuada da pressão sanguínea sistólica (> 20 mmHg) é um achado físico importante para o diagnóstico de tamponamento cardíaco, mas pode ser vista, também, em doenças pulmonares graves e, menos comumente, na pericardite constritiva. Ocorre um declínio inspiratório acentuado no volume de batimento ventricular esquerdo, por causa da diminuição do volume diastólico final no ventrículo esquerdo. Com a inspiração, o crescimento do retorno sanguíneo aumenta o enchimento do ventrículo direito, o que causa o arqueamento do septo interventricular para a esquerda e reduz o volume ventricular esquerdo na diástole final (efeito Bernheim invertido). Também durante a inspiração, o fluxo das veias pulmonares para o átrio esquerdo está reduzido, diminuindo ainda mais a précarga ventricular esquerda; Abafamento das bulhas cardíacas: O fluido pericárdico pode tornar as bulhas cardíacas abafadas, ou indistintas. Protocolo de Manchester A técnica é bastante simples, e consiste em classificar os pacientes que chegam ao hospital em 5 níveis; Para realizar essa classificação, o método utiliza 5 cores: Vermelho, Laranja, Amarelo, Verde e Azul; Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III Cada cor simboliza o estado em que o paciente se encontra, determinando assim a gravidade do caso. Do mesmo jeito, cada cor utilizada determina um tempo máximo para que o atendimento ocorra, estabelecendo, assim, as prioridades de atendimento. Pericardite x Doença Autoimune Várias doenças de origem imunológica podem provocar pericardite; Entre elas, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, esclerose sistêmica, doença mista do tecido conjuntivo e vasculites. Referências Bibliográficas 1. HAMMER, G. D.; MCPHEE, S. J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. 2. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; MITCHELL, R. N. Robbins. Patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 3. Ministério da Saúde (SUS). https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/lupus-eritematoso-sistemico/ https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/lupus-eritematoso-sistemico/ https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/artrite-reumatoide/ https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/esclerodermia/ https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/esclerodermia/ https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/vasculites/
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