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1 Coleção E@D Leite, 2 Melhoramento genético e controle zootécnico de rebanhos leiteiros Embrapa Juiz de Fora, MG 2018 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Gado de Leite Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Maria Gabriela Campolina Diniz Peixoto Frank Angelo Tomita Bruneli Glaucyana Gouvêa dos Santos Cláudio Nápolis Costa Módulo 2 Escrituração zootécnica de rebanhos leiteiros Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610). Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Embrapa Gado de Leite Unidade responsável pelo conteúdo e pela edição Embrapa Gado de Leite Comitê de Publicações de Embrapa Gado de Leite Presidente Pedro Braga Arcuri Secretária-executiva Inês Maria Rodrigues Membros Alexander Machado Auad, Fábio Homero Diniz, Fernando César Ferraz Lopes, Francisco José da Silva Lêdo, Frank Ângelo Tomita Bruneli, Jackson Silva e Oliveira, Letícia Caldas Mendonça, Nivea Maria Vicentini, Pérsio Sandir D’Oliveira, Rita de Cássia Bastos de Souza, Rita de Cássia Palmyra Pinto, Virgínia de Souza Columbiano Barbosa. 1ª edição Coordenação editorial Vanessa Maia Aguiar de Magalhães, Luiz Ricardo da Costa Supervisão editorial Vanessa Maia Aguiar de Magalhães, Luiz Ricardo da Costa Adaptação de linguagem e conteúdo Vanessa Maia Aguiar de Magalhães, Luiz Ricardo da Costa Revisão editorial e organização Rosangela Zoccal Revisão Gramatical Luiz Ricardo da Costa, Rita de Cássia Bastos de Souza Adaptação pedagógica Rita de Cássia Bastos de Souza Normalização bibliográfica Inês Maria Rodrigues (CRB 6/1689) Projeto gráfico, editoração eletrônica e tratamento das ilustrações Adriana Barros Guimarães, Vanessa Maia Aguiar de Magalhães, Luiz Ricardo da Costa Colaboração João Eustáquio Cabral de Miranda, Marcos Vinícius Gualberto Barbosa da Silva Equipe editorial Leonardo Mariano Gravina Fonseca, Luiz Ricardo da Costa, Rita de Cássia Bastos de Souza, Rosangela Zoccal, Vanessa Maia Aguiar de Magalhães Capa Adriana Barros Guimarães, Luiz Ricardo da Costa, Vanessa Maia Aguiar de Magalhães Fotos Vanessa Magalhães, Luiz Ricardo, Rosangela Zoccal, Marcos Lopes La Falce, Maria Gabriela C. D. Peixoto © Embrapa 2018 Melhoramento genético e controle zootécnico de rebanhos leiteiros – Módulo 2: Escrituração zootécnica de rebanhos leiteiros./ / Maria Gabriela Campolina Diniz Peixoto ... [et al.]. – Juiz de Fora : Embrapa Gado de Leite, 2018. 26 p. : il. col. Coleção E@D Leite 1. Controle reprodutivo. 2. Controle leiteiro. 3. Escore de condição corporal. 4. Fichas de controle. 5. Registros de ocorrências. I. Peixoto, Maria Gabriela Campolina Diniz. II. Bruneli, Frank Angelo Tomita. III. Santos, Glaucyana Gouvêa dos. IV. Costa, Cláudio Nápolis. CDD 636.2082 Inês Maria Rodrigues (CRB 6/1689) Autores do curso Maria Gabriela Campolina Diniz Peixoto Médica-veterinária, doutorado em ciência animal, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Frank Angelo Tomita Bruneli Médico-veterinário, doutor direto em zootecnia, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Glaucyana Gôuvea dos Santos Médica-veterinária, doutorado em zootecnia, ex-pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Cláudio Nápolis Costa Zootecnista, PhD em Genética Animal, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Autor do módulo 2 Frank Angelo Tomita Bruneli Médico-veterinário, doutor direto em zootecnia, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Controle reprodutivo Introdução Controle genealógico Escore de condição corporal – ECC Controle do desenvolvimento ponderal Medidas do sistema linear Controle leiteiro Descarte de animais 8 6 10 12 11 15 13 21 Sumário do módulo 2 - Escrituração zootécnica de rebanhos leiteiros 8 Controle econômico-financeiro24 Referências bibliográficas24 Glossário24 6 Módulo 2 Escrituração zootécnica de rebanhos leiteiros 2.1 Introdução A escrituração zootécnica é a anotação de todas as práticas e acontecimentos do rebanho em planilhas eletrônicas ou fichas de controle específicas. Nelas se registram as informações sobre a genealogia (pedigree) e a ocorrência de eventos reprodutivos, sanitários e clínicos durante toda a vida do animal, desde seu nascimento até seu descarte ou morte; devem ser registradas também as informações sobre o desempenho de cada animal do rebanho; além das informações sobre a contabilidade econômica e financeira da propriedade. Os registros das ocorrências geram informações que permitem o gerenciamento da atividade como um todo. Para tomar as melhores decisões, é importante considerar dois níveis de informações: as que são geradas dentro da propriedade e as externas que ajudam a entender os fatores favoráveis ou desfavoráveis com relação à produção de leite, por exemplo, comportamento do mercado e do clima. As informações geradas na propriedade podem ser separadas em: a) Planejamento: Define as estratégias de ações de curto e longo prazo com base na realidade. Os indicadores podem ser relacionados ao padrão genético, sistema de alimentação ou de manejo. No planejamento estão incluídos o objetivo geral e as metas do sistema de produção; b) Execução: é a divisão de tarefas e a harmonização dos esforços, devendo ser treinados todos os envolvidos na atividade para o registro dos dados de acordo com os indicadores definidos; c) Verificação: deve-se estudar o resultado medido e coletado no passo anterior e compará-lo em relação aos resultados esperados (objetivos ou metas estabelecidas) para determinar quaisquer diferenças; d) Ajuste: aqui são realizadas as ações corretivas sobre as diferenças significativas entre os resultados reais e planejados, determinando-se as suas causas. A definição do conjunto de informações geradas depende do nível de detalhamento registrado e dos objetivos da propriedade. No mercado, existem vários programas computacionais (software) para esta finalidade, mas não basta ter bons programas, é preciso contar com pessoas treinadas e comprometidas em registrar os dados e transformá-los em informação útil para a tomada de decisão e alimentação constante do planejamento. Em explorações mais tecnificadas, que usam várias tecnologias, o registro é feito automaticamente por sensores ou equipamentos instalados nos diferentes ambientes do sistema de produção. O registro das informações permite ao produtor conhecer todo o sistema de produção, além de obter e monitorar os indicadores zootécnicos que são de extrema importância, reduzindo a incidência de erros na tomada de decisões para a propriedade. Ao adotar o registro das ocorrências como auxílio no gerenciamento, observa-se uma gradativa melhora no desempenho da propriedade, principalmente em relação à produção e reprodução. Os principais indicadores de desempenho técnico da propriedade leiteira se referem à produção e produtividade, como: Volume diário de leite produzido; • Percentual de vacas em lactação • Duração da lactação • Persistência da lactação 7 • Produção média por vaca em lactação • Produção média por vaca total • Produção por lactação • Período seco Os registros dos dados sobre a reprodução das vacas geram indicadores importantes como: • Período de serviço • Taxa de prenhez • Taxa de fertilidade • Taxa de natalidade • Taxa de mortalidade de bezerros • Idade à primeira cobertura • Idade aoprimeiro parto • Intervalo de partos Há também a possibilidade de reunir informações sobre a produção e reprodução e obter outro indicador importante, como por exemplo, produção de leite por intervalo de partos. As informações sobre a qualidade do leite também são de grande importância para avaliar a atividade, como: • Contagem total de bactérias, CTB • Contagem de células somáticas, CCS • Percentual de gordura, lactose e proteína do leite As informações geradas a partir da escrituração zootécnica permitem: • Identificar com segurança cada animal e seus parentes • Acompanhar o desempenho reprodutivo, produtivo e a saúde dos animais • Programar a nutrição de acordo com as necessidades e desempenho do animal • Tomar decisões sobre o descarte e reposição do rebanho • Planejar o acasalamento com foco na melhoria genética do rebanho • Promover o rebanho comercialmente 8 A escrituração zootécnica deve ser realizada diariamente em planilhas ou em fichas de controle, de forma manual ou informatizada, com programas computacionais adequados, evitando-se o acúmulo de trabalho e omissão de detalhes. Existem diversos tipos de fichas e formas para a realização da escrituração zootécnica. Na biblioteca virtual, você encontrará vários modelos de fichas de controle zootécnico. Um programa computacional de gerenciamento da propriedade rural e escrituração zootécnica é disponibilizado gratuitamente pela Embrapa Gado de Leite e pode ser acessado pela internet no endereço: http://gisleite.cnpgl.embrapa.br. O Gisleite é um sistema de informação gerencial, desenvolvido para viabilizar o gerenciamento da propriedade leiteira, além de ações de certificação de qualidade e de rastreabilidade. O sistema também permite análises agregadas e segmentadas por região geográfica, estrutura, nível de desempenho ou outra caracterização definida conforme interesse do usuário. O objetivo do Módulo 2 é mostrar como se realiza a escrituração zootécnica relacionada ao controle produtivo, reprodutivo e de desenvolvimento dos animais, e as principais informações para registrar e sua importância para o gerenciamento da atividade leiteira. Aborda também os pontos importantes para o descarte de animais do rebanho. Os principais controles abordados nesse módulo são: • Controle reprodutivo • Controle genealógico • Controle do desenvolvimento ponderal • Controle leiteiro • Medidas do sistema linear • Descarte de animais • Controle econômico-financeiro 2.2 Controle reprodutivo A reprodução é fundamental para que ocorra a produção de leite, para o melhoramento genético do rebanho, para a produção de animais excedentes e para o retorno econômico da atividade. A eficiência do manejo reprodutivo reflete na taxa de progresso genético, na taxa de reposição ou descarte, na duração do período seco e longevidade do rebanho, entre outros indicadores. Figura 1. Vacas mestiças em pastejo Foto: R osangela Zoccal http://gisleite.cnpgl.embrapa.br 9 Fonte: Embrapa Gado de Leite As informações registradas para a avaliação reprodutiva devem ser simples e de fácil acesso, permitindo uma análise rápida dos possíveis problemas e tomada de decisões adequadas e oportunas. A falta de gerenciamento, de organização e de estruturação dos registros é decisiva e leva à ineficiência do negócio. Nos registros ou fichas, deverão ser incluídas informações sobre as atividades reprodutivas, realizadas e ou utilizadas em cada fêmea, como a ocorrência de cio, monta natural ou inseminação artificial, superovulação, colheita de embriões etc., a data em que cada prática foi realizada e ou utilizada, o diagnóstico de gestação, técnico responsável, data prevista do parto, local em que foram realizadas as práticas, como descritas na Tabelas 1. No controle reprodutivo, deve constar um item “observações”, que, entre outras anotações complementares, deve incluir informações sobre deficiências ou defeitos nas medidas morfológicas (ângulo da garupa, morfologia dos tetos, aprumos, etc.) e orientar possíveis acasalamentos para a correção de característica indesejável. Esta informação deve ser consultada no momento da definição do touro a ser usado na propriedade para inseminação artificial do rebanho, de modo a realizar um acasalamento com um reprodutor que corrija a deficiência apresentada pela vaca na progênie dos animais. Algumas características de tipo são associadas ao desempenho produtivo do animal. Por exemplo: aprumos e ângulo do casco, que permitem aos animais se locomoverem e apreenderem o alimento; comprimento, diâmetro e posição dos tetos, que facilitam a ordenha mecânica. Características, como estas, são denominadas de características funcionais. Um animal com boa morfologia terá, portanto, condições de exercer favoravelmente sua função de produzir. Identificação do animal Escolha uma forma que seja permanente, única de cada animal e facilmente identificável. Tabela 1. Anotações mínimas necessárias para um programa de controle reprodutivo 10 Para se conhecer a situação reprodutiva inicial do rebanho, todas as fêmeas em idade reprodutiva devem ser submetidas a exame ginecológico para verificar se estão aptas à reprodução. Com base nos resultados, os animais podem ser separados em grupos e determinadas as metas do sistema de produção, como exemplificado na Tabela 2. Tabela 2. Condição produtiva e reprodutiva de um rebanho leiteiro Fonte: Embrapa Gado de Leite Os registros permitem ao produtor avaliar o desempenho reprodutivo individual e do rebanho, identificar problemas reprodutivos e tomar providências para, prontamente, eliminá-los ou minimizá-los, de maneira a garantir a eficiência produtiva do rebanho. Nos anexos são apresentados modelos de ficha de controle reprodutivo, específicas para cada tipo de anotação. Os principais indicadores zootécnicos que podem ser avaliados com os registros do controle reprodutivo são: período seco; taxas de prenhez, de fertilidade, de natalidade e de mortalidade de bezerros, de descarte e de crescimento do rebanho; intervalo de partos; período de serviço; e relação vaca/touro, detalhados no módulo 4 “indicadores zootécnicos”. Um animal com boa morfologia terá mais condições de produzir descendentes com boas características funcionais e mais produtivos. 2.3 Controle genealógico O controle genealógico contém a identificação do animal e registra as informações sobre a origem, a ascendência ou ancestrais (pais, avós, etc.), colaterais (irmãos) e descendência (filhos). Estas anotações permitem ao produtor definir os acasalamentos, evitar a endogamia (consanguinidade), e aumentar o valor comercial dos animais. Permite ter conhecimentos de todos os animais nascidos na propriedade ou adquiridos de outros rebanhos, incluindo também a data de nascimento e de saída do rebanho por descarte ou morte. Se o rebanho for mestiço, produto de cruzamentos, é importante registrar a composição genética (grau de sangue) de cada animal. 11 Figura 2. Exemplo do controle genealógico (FREITAS et al., 2010) Na Figura 2 é apresentado um exemplo da genealogia de bovinos. É importante anotar informações sobre a saída dos animais por descarte ou venda, para conhecer sobre a movimentação do rebanho. Erro de parentesco, originado pela troca de sêmen ou pela identificação equivocada do animal, pode ser esclarecido pelos testes de grupo sanguíneo, ou proteínas do soro ou marcadores genéticos (teste de DNA), que são conhecidos por “exame de paternidade”. Erros na identificação dos animais e/ou de sua paternidade podem refletir em erros no planejamento dos acasalamentos. No planejamento de acasalamentos é necessário verificar se os animais são parentes e em que grau de parentesco, para evitar a endogamia, também conhecida como consanguinidade. A preocupação com a endogamia é devida ao fato de que poderá resultar em prejuízos à fertilidade, sobrevivência e produção dos animais. Para o melhoramento genético, os erros de paternidadepodem levar à menor precisão nas avaliações genéticas e na informação sobre o mérito ou valor genético dos animais, com prejuízo ao progresso genético dos rebanhos. A superioridade genética do touro utilizado em programas de melhoramento genético para aumento da produção de leite não pode ser medida diretamente, por isso ela é obtida por meio da avaliação da produção de leite de suas filhas, o que ressalta a importância da correta anotação da genealogia. As principais anotações para o controle genealógico são: origem do animal, raça ou composição racial, data de nascimento, sexo, nome do pai, nome da mãe, nome dos avós, pelagem, característica da pelagem, data de morte ou de descarte e o motivo da saída do rebanho. 2.4 Controle do desenvolvimento ponderal O controle ponderal ou a pesagem dos animais desde o nascimento deve ser prática rotineira nos rebanhos leiteiros. O peso do animal é importante para a detecção de problemas de desenvolvimento, ajustes da nutrição dos animais e definição do início da vida produtiva. As pesagens devem ocorrer no mínimo ao nascimento, à desmama ou aos seis meses de idade, ao ano e ao parto. Hoje há sistemas automatizados que pesam os animais mais de uma vez ao dia, gerando curvas de desenvolvimento. O ganho de peso é uma das curvas obtidas. Dados de pesagens também são utilizados nas avaliações genéticas para conhecimento do valor genético dos animais para esta característica de ganho de peso. 12 Em rebanhos leiteiros é comum avaliar a condição corporal do animal, principalmente de vacas em produção, por meio do escore de condição corporal, que é dado pela observação da massa muscular e do depósito de gordura subcutânea nas extremidades ósseas dos ísquios, ílios, sacro, vértebras lombares, costelas e inserção da cauda, como mostrados na Figura 5. O ECC é uma ferramenta de manejo importante, pois permite, indiretamente: • Avaliar a condição nutricional do animal • Adequar a dieta às exigências individuais • Determinar o momento da entrada em reprodução de primíparas • Manter o patamar de produção do rebanho e garantir o breve retorno às atividades reprodutivas no pós-parto Os valores do ECC variam numa escala de 1, muito magra, a 5, muito gorda. O valor recomendado para uma primípara entrar em reprodução é um escore de no mínimo 3,0, para que não haja prejuízos ao desenvolvimento do animal ainda jovem e retorno ao cio. O valor recomendado para uma vaca no momento do parto é um escore de 3,5. Valores abaixo de 3,5 indicam que no momento do parto a vaca pode não ter reservas suficientes para expressar seu potencial genético para produção de leite. Valores acima de 3,5 podem provocar enfermidades metabólicas, como a cetose, e no pré-parto pode aumentar o período de serviço e mortalidade embrionária. 2.4.1 Escore de condição corporal – ECC Figura 3. Balança Foto: R osangela Zoccal Foto: R osangela Zoccal Figura 4. Pesagem de animais 13 O controle leiteiro é uma das mais importantes informações em rebanhos leiteiros e consiste do registro da pesagem individual, periódica e regular do leite produzido em 24 horas. Esse controle é um importante instrumento para selecionar animais, seja para fins comerciais ou melhoramento do rebanho, orientar o manejo da ordenha por grupos de animais, orientar a nutrição de acordo ao volume de produção, decidir sobre a interrupção da lactação (secagem), auxiliar na comercialização dos animais e proceder às avaliações genéticas. O ideal é que todas as vacas do rebanho tenham sua produção de leite controlada. Essa informação permite ao produtor avaliar a eficiência de seu sistema de produção e tomar decisões de seleção e descarte de animais. O padrão mundial para a realização do controle leiteiro é que, no dia anterior ao controle, o úbere deve ser totalmente esgotado na última ordenha do dia, para no dia seguinte realizar e anotar a pesagem individual do leite produzido a cada ordenha (1ª, 2ª e 3ª quando houver regime de três ordenhas) do dia. É importante que a ordem da ordenha das vacas no dia do controle seja mantida, de forma que a vaca que foi a primeira a ser ordenhada na primeira ordenha, seja também a primeira na segunda e, assim, por diante. As pesagens mensais podem ser acumuladas para o conhecimento da produção total da vaca durante a lactação. Nos anexos, é apresentada a equação proposta na Instrução Normativa nº 43/2016 do MAPA, para a obtenção da produção de leite acumulada. Nos programas computacionais de gerenciamento de propriedade, este cálculo é feito automaticamente à medida em que são digitados os controles mensais. No dia do controle leiteiro, podem ser colhidas amostras do leite em frascos com conservante para análises de sua composição (teores de gordura, lactose, proteína, CCS etc.). Estas informações também podem constar na ficha do animal. A partir dos dados de controle leiteiro são realizadas as avaliações genéticas para obtenção do valor genético (PTA ou DEP) para as características leiteiras. É fundamental para as avaliações genéticas que se tenha dados em quantidade e de qualidade, ou seja, sem equívocos. Figura 5. Principais pontos de observação para a avaliação do escore corporal. Foto: R osangela Zoccal 2.5 Controle Leiteiro Rebanhos que realizam a ordenha com bezerro ao pé, não devem permitir que o bezerro mame no dia da pesagem. 14 Os registros do controle leiteiro são simples e devem constar os seguintes dados: • Data • Identificação do animal • Volume produzido (litros ou kg) na 1ª, 2ª e 3ª quando houve três ordenhas, como se observa na Figura 6 • Outros, como tempo de ordenha, uso de ocitocina, presença do bezerro etc. Na Tabela 3 é mostrado um exemplo de ficha de controle leiteiro. Normalmente durante o controle leiteiro se coleta uma amostra para análise do leite. Figura 6. Pesagem de leite para o controle leiteiro. Foto: Vanessa M aia Tabela 3. Modelo de ficha para controle leiteiro de duas ordenhas Fonte: FREITAS et al., 2010 15 Muitos equipamentos de ordenha mecânica e a robotizada realizam automaticamente o controle leiteiro individual e diário. Enviam os dados diretamente ao computador para registro e armazenamento. 2.6 Medidas do sistema linear Sistema linear é um conjunto de medidas morfológicas do corpo do animal. As informações sobre as características de conformação podem ajudar o produtor a conseguir um rebanho eficiente produtiva e economicamente pela seleção dos melhores. Há características morfoló- gicas de extrema importância para que a vaca tenha um bom desempenho e longevidade no rebanho. As principais medidas são: • Altura da garupa • Perímetro torácico • Comprimento do corpo • Comprimento da garupa • Ângulo da garupa • Largura entre os ísquios • Largura entre os íleos • Ângulo dos cascos • Alinhamento das pernas (vista lateral) • Alinhamento das pernas (vista por trás) • Ligamento anterior do úbere • Largura do úbere posterior • Profundidade e altura do úbere • Comprimento dos tetos • Diâmetro dos tetos Um animal com boa morfologia terá mais condições de produzir descendentes com boas características funcionais e mais produtivos. 16 Cada raça estabelece o padrão racial de seus animais. Algumas características, no entanto, são desejadas e têm padrão comum a todas as raças. As medidas do sistema linear visam a correção de defeitos existentes no rebanho, como problemas de aprumos e ligamentos. • Altura da garupa – É desejável que a garupa seja suficientemente alta, para manter o úbere afastado do solo. • Inserção no abdômen – Úbere inserido com firmeza no abdômen, com prolongamento suave, bom comprimento, boa largura e quartos mamários bem projetados. • Comprimento do corpo – Mede o comprimento do corpo e está relacionado com a posição, a direção e o arqueamento das costelas, características que podem influenciar o perímetro torácico. • Comprimento da garupa – Esta medida está relacionada ao suportedorsal do úbere. 17 • Ângulo da garupa – É a inclinação entre os íleos e ísquios e está relacionada à facilidade do parto, por isso o desejável é que tenha inclinação intermediária. Inclinações extremas, para mais ou para menos, são indesejáveis. • Largura entre os ísquios – A garupa deve ser larga propiciando maior facilidade no parto. • Largura entre os íleos – Esta medida, juntamente com a largura entre os ísquios, está relacionada ao suporte dorsal do úbere e a facilidade do parto. INCLINADA INTERMEDIÁRIA RETA 18 • Ângulo dos cascos – Os cascos devem ser altos, com talões fortes e ângulos de 45° nas pinças. Os extremos, casco baixo ou alto está relacionado à permanência do animal no rebanho. Valores próximos de 5° ou 43,8° indicam bons cascos e os extremos são indesejáveis. BAIXO INTERMEDIÁRI0 ALTO • Alinhamento das pernas (vista lateral) – Na altura do jarrete, devem apresentar ligeira curvatura. Pernas muito curvas podem causar desgastes do talão do casco, deixando-os achinelados e reto também é indesejável. RETAS INTERMEDIÁRIAS CURVAS 19 • Alinhamento das pernas (vista por trás) – Devem ser retas. Pernas ganchudas indicam jarretes fechados que podem comprimir e diminuir o espaço do úbere, aumentando as chances de traumatismo e, consequentemente, de ocorrência de mastite. Por outro lado, as pernas arqueadas podem causar problemas de articulação. GANCHUDAS INTERMEDIÁRIAS ARQUEADAS • Ligamento anterior do úbere – O úbere deve estar bem aderido à região ventral da vaca, evitando formação de bojo. O desejável é que seja um ligamento forte. FRACO INTERMEDIÁRIO FORTE 20 • Largura do úbere posterior – Úberes posteriores mais largos possuem maior área de produção e armazenamento de leite. Quanto mais largo o úbere melhor. ESTREITO INTERMEDIÁRIO LARGO • Profundidade e altura do úbere – Ao se observar uma vaca de lado, a profundidade do úbere é medida do topo do úbere ao ponto mais baixo do assoalho do úbere. O desejável é que o úbere apresente assoalho a aproximadamente 10 cm acima do jarrete. Úberes profundos estão sujeitos a traumatismos e podem causar redução da produção de leite. RASO INTERMEDIÁRIO PROFUNDO 21 • Comprimento dos tetos – O tamanho ideal dos tetos é de 7 cm. Tetos muito longos prejudicam a mamada do colostro, dificultam a ordenha e estão relacionados com o aumento da incidência de perda de teto com mastite. Tetos curtos também são indesejáveis, por dificultarem a ordenha. CURTOS INTERMEDIÁRIOS COMPRIDOS • Diâmetro dos tetos – O desejável são tetos intermediários. Tetos grossos ou muito finos dificultam a ordenha. GROSSOS INTERMEDIÁRIOS FINOS 2.7 Descarte de animais O descarte de animais, não só em rebanhos leiteiros, pode ocorrer de maneira voluntária ou involuntá- ria e as principais causas são: Descarte involuntário: • Defeitos graves de aprumos 22 • Doenças crônicas ou contagiosas • Morte. Descarte voluntário: • Excedente de novilhas para reposição do rebanho produtivo, bezerras desmamadas que não serão utilizadas no rebanho e machos desmamados que não serão comercializados como reprodutores; • Idade avançada da vaca • Baixa produção de leite e baixa persistência de lactação em relação à média do rebanho • Vacas ou novilhas que não emprenham ou com abortos recorrentes • Animais com ocorrência frequente de enfermidades, como casos recorrentes de mastites, perda de tetos, defeitos de úbere, de pernas, de cascos, animal muito sensível a carrapatos, etc. • Animais de difícil manejo (bravios) • Animais que apresentem anormalidades e defeitos físicos ou que sofreram lesões graves, e ou com baixo ganho de peso • Reduzida disponibilidade de pastagem ou de volumoso na época de seca • Necessidade de recursos financeiros Em sistemas de produção altamente estabilizados, recomenda-se o descarte da vaca leiteira após a quinta lactação para promover o melhoramento genético rápido, atingir maior escala produtiva e apro- veitar do mercado como “vaca de leite”, para obter preços melhores que o descarte para o “açougue”. Nos rebanhos leiteiros, é recomendada uma reposição anual de 20% a 25% do rebanho produtivo. A produção de leite de uma vaca aumenta de 20% a 30%, da primeira para a segunda lactação e che- ga ao pico de produção por lactação na quinta cria. Ao descartar as mães e substituí-las por novilhas de maior potencial produtivo, o produtor faz uma seleção e melhoramento genético no seu rebanho e aumenta a produção média individual. Vacas mais novas têm menor probabilidade de apresentar problemas de doenças, principalmente àquelas ligadas ao úbere (mastite, perda de tetos, problemas de ligamento do úbere, etc.). Assim, man- ter um rebanho mais jovem pode ser uma boa maneira de diminuir custos relativos à saúde do animal. Outro fator que interfere no descarte de animais são as metas traçadas para o sistema de produção. Por exemplo, vacas mestiças de Holandês e Zebu de segunda ou mais crias, principalmente a pasto, devem produzir no mínimo 2.800 litros por lactação, por um período mínimo de 270 dias. Deve-se con- siderar o descarte de fêmeas que não atingirem os pré-requisitos, independentemente da idade, raça, peso, sanidade, etc. É importante ressaltar que em caso de doenças, como brucelose e tuberculose, todos os animais soropositivos devem ser destinados ao abate em unidades sob inspeção sanitária oficial, conforme determina a legislação federal. 23 Figura 6. Descarte de animais por saúde animal Foto: R osangela Zoccal O produtor deve manter no rebanho os animais de melhor desempenho produtivo, selecionando sem- pre os superiores. A análise da escrituração zootécnica fornece indicadores que ajudam a decidir o melhor momento do descarte. Para um bom gerenciamento da atividade é preciso ter conhecimento da produção de cada vaca do rebanho, idade, origem genética, composição racial, vacinas aplicadas, data do parto, ocor- rência de mastite, de aborto, data da inseminação artificial ou monta natural, previsão de parto, número de partos, etc. Para um bom gerenciamento da atividade é preciso ter conhecimento da produção de cada vaca do rebanho, idade, origem genética, composição genética (grau de sangue), vacinas aplicadas, data do parto, ocorrência de mastite, de aborto, data da inseminação artificial ou monta natural, previsão de parto, número de partos, etc. Assim, é preciso que o produtor mantenha a escrituração zootécnica. Os animais candidatos ao descarte são: 1. Machos já desmamados e que não serão comercializados como reprodutores; 2. Bezerras já desmamadas e que não serão utilizadas para compor o rebanho; 3. Bezerras e novilhas (de 3 a 24 meses de idade) que apresentem anormalidades e defeitos físicos ou que sofreram lesões mais graves, e ou com baixo peso; 4. Novilhas que não emprenharam na idade ou peso adequados, o que pode ser um sinal de infertilidade; 5. Vacas com defeitos de tetas, de úbere, de pernas, de cascos, etc.; 6. Vacas de baixa produção de leite e ou lactação curta, por exemplo, as que estão no quartil inferior de produção em relação ao rebanho (as 25% piores vacas do rebanho); 7. Vacas com problemas recorrentes de mamite; 8. Vacas mais velhas, acima da quinta lactação; 9. Animais excedentes do rebanho. Figura 8. Cria de bezerras Foto: R osangela Zoccal 24 2.8 Controle econômico-financeiro Para que a atividade leiteira seja economicamente sustentável e competitiva, o melhor caminho é a efi- ciência dos fatores de produção, que podem ser medidos e acompanhados por meio da produtividade dos animais e ou da terra. Para alguns produtores, isso exige reformulação de conceitos, que deve di- recionar seus esforços especialmente para programas preventivos, englobando as funções referentes ao planejamento, organização, execução e controle zootécnico e econômico. O conhecimento da contabilidade da atividade possibilita ao produtor fixar diretrizes e corrigir distor- ções, para manter a sustentabilidadeeconômica em um mercado cada vez mais competitivo. A análise de custos compreende um conjunto de procedimentos administrativos que quantifica e re- gistra de forma sistemática e contínua a utilização de fatores de produção e o resultado obtido. Neste controle, o objetivo é registrar toda a movimentação financeira da atividade, ou seja, as receitas, que são as entradas e as despesas, que são as saídas ou pagamentos. Por ser composto por vários itens e formas de avaliar será abordado em um curso específico. A melhor vaca não é aquela que produz mais leite, e sim a que dá mais lucro ao produtor. BRASIL. Instrução normativa n. 43, de 21 de novembro de 2016. Procedimentos para as atividades de controle leiteiro e de avaliação genética de animais com aptidão leiteira. Brasília, DF: Ministério da Agri- cultura, Secretária de Inspeção de Produto Animal. Publicado no Diário Oficial da União de 01/12/2016, Seção 1, p.06, 2016. FREITAS, A.F.; PEREIRA, M.C.; PEIXOTO, M.G.C.D. Melhoramento Genético. In: AUAD, A.M. et al (ed.) Manual de bovinocultura de leite. Brasília, DF: LK, Belo Horizonte: SENAR-AR/MG, Juiz de Fora: EMBRAPA Gado de Leite, p.49-84, 2010. 2.9 Referências bibliográficas Avaliação genética: processo para obtenção do valor genético dos animais a partir dos dados de desempenho em determinadas características coletadas nos rebanhos e do uso de metodologias ma- temático-estatísticas de análises de dados. Características funcionais: conjunto de características que dão aos animais condições de desempe- nhar com eficiência sua função produtiva. Como exemplo, podemos citar os aprumos (pernas). Bons aprumos são, portanto, fundamentais ao desempenho produtivo. Cio: período de desejo sexual e aceitação do macho pelas fêmeas dos mamíferos que coincide com o período de ovulação; manifestação externa do instinto genético que aparece nas fêmeas dos mamífe- ros quando entram na puberdade. Também chamado estro. Cobertura: cópula ou coito entre animais em que, ocorrendo no período de fertilidade da fêmea, acon- tece a fecundação, também chamado de monta. Composição genética: são conjuntos de características internas de um animal, que é dada pelo con- junto de genes, herdado dos progenitores. Consanguinidade: ou endogamia, ocorre com o acasalamento entre indivíduos aparentados e geneticamente semelhantes. 2.10 Glossário 25 Descarte: é a retirada ou afastamento de um ou mais indivíduos de um grupo em virtude da não conformidade com os padrões pré-determinados, tais como: sexo, tamanho, peso, altura, formação, rendimento, taxa de conversão, consumo de energia etc. O descarte pode ocorrer em qualquer época ou em qualquer estágio de desenvolvimento dos indivíduos. É uma prática bastante utilizada em criatório de animais quando o objetivo é o melhoramento das espécies e indivíduos com desenvolvimento uniforme. Endogamia: ou consanguinidade, ocorre com o acasalamento entre indivíduos aparentados e geneticamente semelhantes. Estro: período de desejo sexual e aceitação do macho pelas fêmeas dos mamíferos que coincide com o período de ovulação; manifestação externa do instinto genético que aparece nas fêmeas dos mamí- feros quando entram na puberdade. Também chamado cio. Genealogia: é o estudo do parentesco existente entre indivíduos. Marcadores genéticos: são variações em regiões do DNA, que é a molécula da hereditariedade, ou seja, responsável por transmitir a informação genética de uma geração a outra (de pais para filhos). Estas regiões podem estar dentro de genes de interesse ou próximas a eles, de tal forma que a presença de uma variante (tipo) nesta região, informará sobre a presença de uma variante em um gene que influencia uma característica de interesse à produção. Medidas morfológicas: são os conjuntos de medidas tomadas no corpo do animal, também conhecidas como medidas do sistema linear. A morfologia do animal, cumprimentos, alturas, larguras, ângulos, perímetros etc. estão relacionadas à capacidade e funcionalidade produtiva, contribuindo para as condições de desempenho do animal. Mérito ou valor genético: medida da capacidade do touro ou da vaca de transmitir a sua superioridade e deixar descendência com melhor desempenho em uma característica. Padrão genético: são as expressões dos genes. Primíparas: denominação dada às novilhas após o primeiro parto, normalmente ainda estão em desenvolvimento corporal. Progênie: são todas as filhas e filhos de um touro. Progresso genético: é a alteração em uma característica por unidade de tempo, em decorrência de modificações no valor genético. PTA ou DEP: São medidas do mérito genético do animal para uma característica, que reflete sua capacidade de transmitir à sua progênie um conjunto de genes para o melhoramento do desempenho nesta característica. Os animais podem ter mérito genético positivo ou negativo. Para algumas características o mérito genético positivo é o desejado, por exemplo para produção de leite. Quanto maior e positiva a PTA/DEP, maior a resposta à seleção para produção de leite. Para outras, como a idade ao primeiro parto, quanto mais negativa a PTA/DEP, mais precocemente o animal vai ter sua primeira cria. Puberdade: é o período que leva o corpo à maturidade sexual ou fertilidade. É o início da vida reprodutiva Seleção artificial: ato ou efeito de selecionar; escolha fundamentada; processo de escolha de indivíduos a substituírem os descartados com base no desempenho em determinadas características do grupo. Seleção natural: processo pelo qual passam os seres vivos em que a presença de determinados fenótipos em determinadas características são mais ou menos favoráveis à sobrevivência e reprodução do indivíduo em um ambiente, fazendo com que com o passar do tempo somente os mais adaptados sobrevivam às condições locais. 26 Sensor: Um sensor é geralmente definido como um dispositivo que recebe e responde a um estímulo ou um sinal. Normalmente, os sensores são aqueles que respondem com um sinal elétricos um estímulo ou um sinal. Na pecuária de leite, o uso de sensores podem ser empregados, entre outras possibilidades, para o diagnóstico precoce de doenças, reduzindo as taxas de descarte de animais, favorecendo a recuperação da condição de saúde e gerando decréscimo nas perdas econômicas. Sistema linear: É o conjunto de características morfológicas ou corporais que são tomadas em regiões específicas do corpo do animal e traduzem se a conformação corporal é equilibrada, permitindo ao animal se movimentar, apreender os alimentos, reproduzir-se e produzir de forma eficiente. Software: conjunto de componentes lógicos de um computador ou sistema de processamento de dados; programa, rotina ou conjunto de instruções que controlam o funcionamento de um computador. Tipagem sanguínea: é um exame laboratorial do sangue do animal para identificar variantes para determinados antígenos que permitem definir o parentesco entre indivíduos. Valor genético: é a carga genética de um animal herdada dos pais.
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