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8 2 - Derivadas parciais Seja por exemplo: Estima-se que a produção semanal de uma fábrica seja dada pela função Q(x,y) = 1200x + 500y + x2y + x3 – y3 unidades, onde x representa o número de operários qualificados e y representa o número dos não-qualificados. Atualmente a fábrica conta com 30 operários qualificados e 40 não- qualificados. Qual será a variação na produção semanal, resultante da adição de 1 operário qualificado, sendo mantido constante o número de operários não-qualificados? Em muitos problemas de naturezas diversas, envolvendo diversas variáveis, deseja-se calcular a taxa de variação em relação a uma variável, mantendo constantes as outras. Ou seja, o objetivo consiste em derivar a função em relação a uma determinada variável e manter as outras fixas. Este processo é conhecido como derivação parcial. Outra situação: Dado o parabolóide z = 16 – x2 – y2 e o plano y = 2, cuja visualização no 1º octante está na figura, chamamos de C a curva resultante da intersecção dessas superfícies, isto é, substituindo y: C : z = 12 – x2 y = 2 Dado um ponto P dessa curva, por exemplo, P(1,2,11), como vamos calcular a inclinação da reta tangente à curva C em P? A resposta a esta questão é fazer uma análise considerando a modificação de apenas uma variável. Esse procedimento vai nos levar à definição de uma derivada para cada uma das variáveis independentes que vai nos permitir responder a questão acima. Definição: Sejam RRAf →⊆ 2: e z = f(x,y), uma função de duas variáveis e (x0,y0) ∈A. Fixado y = y0, podemos considerar a função g(x) = f(x,y0). A derivada de g no ponto x = x0, é denominada derivada parcial de f em relação a x no ponto (x0,y0), denotada por ),( 00 yx x f ∂ ∂ , denotada por: ),( 00 yx x f ∂ ∂ = )( )()( lim 0 0 0 xx xgxg xx − − → se o limite existir Analogamente, definimos a derivada parcial de f em relação a y no ponto (x0,y0) por: ),( 00 yxy f ∂ ∂ = )( )()(lim 0 0 0 yy ygyg yy − − → se o limite existir. 2.1 – Interpretação Geométrica Para y = y0, temos que f(x,y0) é uma função de uma variável cujo gráfico é uma curva C1, resultante da intersecção da superfície z com o plano y = y0. 9 A inclinação ou coeficiente angular α da reta tangente a curva C1 no ponto (x0,y0) é dada por: ),( 00 yx x f tg ∂ ∂ =α . De maneira análoga temos que a inclinação da reta tangente a curva C2, resultante da intersecção de z com o plano x = x0 é ),( 00 yxy f tg ∂ ∂ =β . Assim temos: A derivada parcial de 1ª ordem de f em relação a x como ),( yx x f ∂ ∂ ou x f ∂ ∂ ou Dxf(x,y) ou fx(x,y) ou .... Analogamente: A derivada parcial de 1ª ordem de f em relação a y como ),( yx y f ∂ ∂ ou y f ∂ ∂ ou Dyf(x,y) ou fy(x,y) ou .... No caso do parabolóide z = 16 – x2 – y2 e o plano y = 2, a inclinação da reta tangente a curva C no ponto (1,2,11) é dada por )2,1( x f ∂ ∂ . Ou seja: ),( yx x f ∂ ∂ = - 2x e )2,1( x f ∂ ∂ = -2 Logo, 2−=αtg 2.2 – Exercícios 1) Calcule as derivadas parciais fx e fy nos pontos indicados: a) f(x,y) = 7x – y2; (0,1) b) f(x,y) = 1 - 3xy; (1,2) c) f(x,y) = x2 + 2x3y7; (1,0) d) f(x,y) = 7xy2 –7x2y3; (1,1) 10 2) Encontrar as derivadas parciais de 1ª ordem das seguintes funções: a) 1353),( 35 +−= yxyxf b) constantes cb,a, onde ,),( 22 cybxyaxyxf ++= c) 52 377),( yyxyxf −+−= d) constantes s r,q,p,n,m, onde ,),( 22 sryqxpxynymxyxf +++++= e) 23 1 2 1 2),( yxxyxyxf ++= f) 3 23 1),( yx yxf = g) yxyxf cos),( 2= h) )7cos(3),( yxyxf = i) xsenyyxf 2),( 3= j) tgxyyxf 2),( = k) xyeyxf =),( l) yxeyxf 72),( += m) yeyxf x cos),( 2= n) 22),( yx yxyxf + + = o) 3 7),( + + = y xyxf p) zsenxyzyxf 2),,( = 3) Verifique se a função z = ln(xy) + x + y satisfaz a equação: yx y f y x f x −= ∂ ∂ − ∂ ∂ 4) Seja z = 6 – x2 – y2. Encontrar a inclinação da reta tangente a curva C, resultante da intersecção de z com y = 1, no ponto (2,1,1). Faça um esboço. 5) Seja z = 2x2 +5x2y - 12x. Encontrar a inclinação da reta tangente a curva C, resultante da intersecção de z com y = 1, no ponto (2,1,-6). 6) A produção diária de uma certa fábrica é de Q(K,L) = 60K1/2L1/3 unidades, onde K representa o capital investido, medido em $ , e L é o número de operários-hora. Suponha que o capital investido atualmente seja de 900 $ e que se empreguem 1000 operários-hora. Utilizando a análise marginal, avalie o efeito que um acréscimo de 1 $ provocará na produção diária, admitindo que o número de operários permaneça constante. 7) A temperatura do ponto (x,y) de uma chapa plana é dada por 225030),( yxyxT −−+= . (T em °C e x,y em metros) a) Determine o domínio de T(x,y) e a temperatura no ponto (3,4); b) Determine a equação da isoterma que passa pelo ponto (3,4) e represente-a no plano xy; c) Se a partir do ponto (3,4) uma pessoa caminhar em direção paralela ao eixo x, sentido positivo, a temperatura aumentará ou diminuirá? Qual a taxa de variação da temperatura nesse ponto? 11 8) Verificar se a função z = x3y2 satisfaz a equação 0 3 21 = ∂ ∂ − ∂ ∂ x z yy z x , para 0 0 ≠ ≠ y x Respostas 1) a) 7, -2 b) -6, -3 c) 8, 14 d) 0, 0 2) a) 15x4, -15y2 b) 2ax+by, bx+2cy c) -14x, 3-5y4 d) 2mx+py+q, 2ny+px+r e) 2x+y1/2+1/3y2x-2/3, 1/2xy-1/2+2yx1/3 f) –x-2y-2/3, -2/3y-5/3x-1 g) 2xcosy, -x2seny h) 3cos7y, -21xsen7y i) 2y3cos2x, 3y2sen2x j) y2sec2x, 2ytgx k) yexy, xexy l) 2xex2+7y, 7ex2+7y m) 2xex2cosy, -ex2seny n) 222 22 )( 2 yx xxyy + −− , 222 22 )( 2 yx yxyx + −− o) 3 1 +y , 2)3( 7 + −− y x p) y2zcosxy2z, 2xyzcosxy2z, xy2cosxy2z, 7) 35°C, x2+y2 = 25, -0,6°C/m 2.3 - Derivadas de ordem superior – Derivadas sucessivas As funções derivadas em 1ª ordem podem sofrer nova derivação. Numa função z = f (x,y) , as derivadas parciais de segunda ordem são: - Em relação a x: 2 2 x z x z x ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ - Em relação a y: 2 2 y z y z y ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ - Em relação a x e a y: yx z x z y ∂∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ 2 - Em relação a y e a x: xy z y z x ∂∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ 2 De terceira ordem: 3 3 x z ∂ ∂ , 3 3 y z ∂ ∂ , yx z ∂∂ ∂ 2 3 , 2 3 yx z ∂∂ ∂ , ...... Teorema de Schwartz: yx z xy z ∂∂ ∂ = ∂∂ ∂ 22 (A ordem da derivação não modifica a derivada final) 12 2.4 – Exercícios 1) Calcule as derivadas parciais de 2ª ordem das funções a) f(x,y) = 5x2 +3y2 + 7xy b) z = ax2 – by2 + cxy c) z = 7x3 + 4x2senx d) z = x2e7y e) z = ln(x+2y) 2) Achar as derivadas de 3ª ordem da função z = x4 + y3 + x3 – x2 – y2 3) Calcule a derivada indicada a) Se z = ln(5x), calcule 2 3 yx z ∂∂ ∂ b) Se z = x cos y, calcule xy z yx z x z ∂∂ ∂ ∂∂ ∂ ∂ ∂ 22 2 2 ,, 4) Verifique o teorema de Schwartz para a função: 22 yx y z + = 5) Determinar a relação que existe entre a e b para que a função z = eax+by satisfaçaa equação 2 2 2 2 .9 y z x z ∂ ∂ = ∂ ∂ Resposta da 1ª: (estão na ordem: fxx, fxy = fyx, fyy) a) 10, 7, 6 b) 2a, c, 2b c) 42x – 4y2senx, 8ycosx, 8senx d) 2e7y, 14xe7y, 49x2e7y e) 2)2( 1 yx + − , 2)2( 2 yx + − , 2)2( 4 yx + − 2.5 Derivadas direcionais e o vetor gradiente Se z = f(x,y), as derivadas parciais x f ∂ ∂ e y f ∂ ∂ representam as taxas de variação de z na direção dos eixos x e y nas direções dos versores i e j. Suponha que queiramos determinar a taxa de variação de z no ponto (x0 ,y0) na direção de um vetor unitário bau ,= como na figura ao lado: Para faze-lo devemos considerar a superfície S com equação z = f(x,y) e tomar z = f(x0,y0). O ponto P((x0, y0, z0) pertence a S. O plano vertical que passa por P na direção de u intercepta S numa curva C (ver figura abaixo). A inclinação da reta t tangente a C em P é a taxa de variação (derivada) de z na direção de u. 13 Se Q(x,y,z) é um outro ponto sobre C e P’, Q’são projeções de P e Q sobre o plano xy, então o vetor ''QP é paralelo a u, e portanto hbhahuQP ,'' == Para algum valor do escalar h. Portanto, x-xo = ha, y-yo = hb, logo x = xo + ha, y = yo + hb, e h yxfhbyhaxf h zz h z o ),(),( 0000 −++ = − = ∆ Se tomarmos o limite quando 0→h , obteremos a taxa de variação z (em relação a distância) na direção de u, que é chamada de derivada direcional de f na direção de u. Assim, a derivada direcional de f em (x0 ,y0) na direção do vetor unitário bau ,= é h yxfhbyhaxfyxfD o hu ),(),(lim),( 000 000 −++ = → , e esse limite existir. Considerando esta definição, se 0,1== iu , que é o vetor unitário sobre o eixo x, Dif = fx e se 1,0== ju , que é o vetor unitário sobre o eixo y, Djf = fy. Em outras palavras, as derivadas parciais de f com relação a x e y são casos particulares da derivada direcional. Se f é uma função diferenciável em x e y, então f tem derivada direcional na direção de qualquer versor bau ,= e pode-se mostrar que byxfayxfyxfD yxu ),(),(),( += Se o versor u faz um ângulo θ com o eixo x positivo, então podemos escrever θθ senu ,cos= e a expressão fica θθ senyxfyxfyxfD yxu ),(cos),(),( += Exemplo 1: Determine a derivada direcional ),( yxfDu se f(x,y) = x3 – 3xy + 4y2 e u é o versor dado pelo ângulo 6 piθ = . Qual será )2,1(fDu ? Resolvendo: 14 θθ senyxfyxfyxfD yxu ),(cos),(),( += 6 ),( 6 cos),(),( pipi senyxfyxfyxfD yxu += [ ]yxx yxyx )338(333 2 1 2 1)83( 2 3)33( 2 2 −+−= +−+−= Portanto [ ] 902,3 2 33132)338(13133 2 1)2,1( 2 ≅−=⋅−+⋅−⋅=fDu Obs.: A derivada direcional )2,1(fDu representa a taxa de variação de z (derivada) na direção de u. Isto é, a inclinação da reta tangente a curva obtida pela intersecção da superfície f(x,y) = x3 – 3xy + 4y2 e o plano vertical que passa por (1, 2, 0) na direção de u. Ângulo de inclinação: o arctg 6,75 902,3 ≅ ≅ α α Vetor Gradiente A derivada direcional pode ser escrita como um produto escalar de dois vetores: uyxfyxf bayxfyxf byxfayxfyxfD yx yx yxu ⋅= ⋅= += ),(),,( ,),(),,( ),(),(),( O primeiro vetor no produto escalar ocorre não somente no cômputo da derivada direcional, mas também em muitas outras situações. Assim, recebe o nome de gradiente de f e a notação grad f ou f∇ , que lemos “del f”. Assim temos que: Se f é uma função de duas variáveis x e y, o gradiente de f é a função vetorial f∇ definida por: j y fi x fyxfyxfyxf yx ∂ ∂ + ∂ ∂ ==∇ ),(),,(),( Exemplo 2: Se f(x,y) = senx +exy, então 15 xyxy yx xeyexyxf yxfyxfyxf ,cos),( ),(),,(),( +=∇ =∇ e 0,2)1,0( 0,10cos)1,0( 1010 =∇ ⋅⋅+=∇ ⋅⋅ f eef Com a notação de gradiente, podemos reescrever a expressão uyxfyxfyxfD yxu ⋅= ),(),,(),( para a derivada direcional como uyxfyxfDu ⋅∇= ),(),( que expressa a derivada direcional na direção de u como a projeção escalar do vetor gradiente sobre u. Exemplo 3: Determine a derivada direcional da função f(x,y) = x2y3 – 4y no ponto (2, -1) na direção do vetor v = 2i + 5j. Solução: Calculando o gradiente de f no ponto (2, -1): j y fi x fyxfyxfyxf yx ∂ ∂ + ∂ ∂ ==∇ ),(),,(),( jif jyxixyyxf 84)1,2( 8,4)43(2),( 223 +−=−∇ −=−+=∇ Como v não é um vetor unitário, e 29=v , o versor de v é ji v v u 29 5 29 2 +== Sendo uyxfyxfDu ⋅∇= ),(),( , temos: 29 32 29 5824 29 5 29 2)84()1,2()1,2( = ⋅+⋅− = +⋅+−=⋅−∇=− jijiuffDu Funções de três variáveis Para funções de três variáveis podemos definir derivadas direcionais de modo semelhante. Assim temos: czyxfbzyxfazyxfzyxfD zyxu ),,(),,(),,(),,( ++= E o vetor gradiente ),,(),,,(),,,(),,( zyxfzyxfzyxfzyxf zyx=∇ 16 Ou simplificando k z fj y fi x ffffzyxf zyx ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ ==∇ ,,),,( e assim a derivada direcional para funções de três variáveis pode ser reescrita como uzyxfzyxfDu ⋅∇= ),,(),,( Exemplo 4: Se f(x,y,z) = xsenyz a) determine o gradiente de f b) determine a derivada direcional de f no ponto (1,3,0) na direção v = i + 2j – k Resolvendo: a) O gradiente de f é: ),,(),,,(),,,(),,( zyxfzyxfzyxfzyxf zyx=∇ yzxyyzxzsenyzzyxf cos,cos,),,( =∇ b) No ponto (1,3,0) temos 3,0,0)0,3,1( =∇f O versor de v = i + 2j – k é kjiu 6 1 6 2 6 1 −+= Como 2 3 6 13)0,3,1( 6 1 6 2 6 13)0,3,1( 6 1 6 2 6 1)300()0,3,1( )0,3,1()0,3,1( ),,(),,( −= −⋅= −+⋅= −+++= ⋅∇= ⋅∇= fD kjikfD kjikjifD uffD uzyxfzyxfD u u u u u Suponha f como uma função diferenciável de duas ou três variáveis. O valor máximo da derivada direcional Duf(x) é )(xf∇ e ocorre quando u tem a mesma direção que o vetor gradiente )(xf∇ . Exemplo 5: a) Se f(x,y) = xey, determine a taxa de variação de f no ponto P(2,0) na direção de P a Q(1/2, 2). b) Em que direção f tem a máxima taxa de variação? Qual é a taxa máxima de variação? Resolvendo: a) calculando o gradiente: 2,1)0,2( ,,),( =∇ ==∇ f xeeffyxf yyyx O versor da direção 2,5,1−=PQ é 5 4 , 5 3− =u , logo a taxa de variação de f na direção que vai de P a Q é 1 5 4 , 5 32,1)0,2()0,2( =−⋅=⋅∇= uffDu 17 b) f aumenta mais rapidamente na direção do gradiente jif 21)0,2( +=∇ . A máxima taxa de variação é 5212,1)0,2( 22 =+==∇f Exercícios: 1) Determine o gradiente de f(x,y) = 3x2y no ponto (1,2) e use-o para calcular a derivada direcional de f em (1,2) na direção do vetor a = 3i +4j. 2) Determine a derivada direcional de f(x,y) = x2y3 + 2x4y no ponto (1, -2) na direção indicada pelo ângulo 3 piθ = . 3) Determine a derivada direcional de f(x,y) = sen(x + 2y) no ponto (4, -2) na direção indicada pelo ângulo 4 3piθ = . 4) Se f(x,y) = 5xy2 – 4x3y, P(1,2), 13 12 , 13 5 =u , determine o gradiente de f, calcule o gradiente no ponto P e determine a taxa de variação de f em P na direção do vetor u. 5) Se f(x,y) = ylnx, P(1,-3), 5 3 , 5 4− =u , determine o gradiente de f, calcule o gradiente no ponto P e determine a taxa de variação de f em P na direção do vetor u. 6) Determinea derivada direcional da função no ponto dado na direção do vetor v. a) f(x,y) = 1 + 2x y , (3,4), 3,4 −=v b) f(x,y) = x2ey, (2,0), v = i + j c) f(x,y,z) = zy x + , (4,1,1), 3,2,1=v d) f(x,y,z) = z3 – x2y, (1,6,2), v = 3i + 4j + 12k Respostas: 1) jif 312)2,1( +=∇ , Duf(1,2) = 48/5 2) 1637 − 3) 2 2 4) 322 410,125),( xxyyxyyxf −=∇ , 16,4− , 13/172 6) a) 23/10 b) 24
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