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PROFESSOR : MARCOS OLIVEIRA Bibliografia: 1. Paulo Nader. Introdução ao Estudo do Direito; 2. Miguel Reale. Lições Preliminares de Direito 3. Tercio Sampaio Ferraz Junior. Introdução ao Estudo do Direito. 4. Maria Helena Diniz. Compêndio de Introdução a Ciência do Direito. INTRODUÇÃO AO DIREITO I ACEPÇÕES DA PALAVRA DIREITO Direito como FACULDADE - o direito faculdade é o DIREITO DE AGIR (facultas agendi), a quem chamamos DIREITO SUBJETIVO - é a CAPACIDADE DE EXIGIR O SEU DIREITO, PODENDO, DELE, ABRIR MÃO. Direito como NORMA - CONJUNTO DE REGRAS JURÍDICAS - É A FORMA MAIS CORRENTE DE USO DO VOCABULÁRIO - aqui está o direito objetivo. Direito como CIÊNCIA – Na Universidade se estuda a ciência jurídica. A ars boni et aequi (a arte do bom e do justo). A ciência do direito era conhecida como JURISPRUDÊNCIA, palavra que tem hoje outro significado: CONJUNTO DE DECISÕES DO PODER JUDICIÁRIO SOBRE DETERMINADO ASSUNTO. Direito como IDEAL DE JUSTIÇA. Quando dizemos que o Ministério Público (MP), que é ÓRGÃO DE ACUSAÇÃO no processo penal, é custos legis, FISCAL DA ORDEM JURÍDICA (art 178 do CPC), no processo civil, dizemos que o MP defende o DIREITO, a justiça; estamos nos referindo a um ideal de justiça Direito como FENÕMENO SOCIAL - finalmente, na acepção de direito como fenômeno social, o direito é um acontecimento social. SOCIEDADE E DIREITO Ubi hommo, ibi societas; ubi societas, ibi jus; ergo, ubi homo, ibi jus. “Onde há homem, há sociedade, onde há sociedade, há direito; logo, onde há homem há direito.” O homem como animal gregário a palavra gregário vem do adjetivo grei (do latim grege – conjunto de indivíduos da mesma espécie); que significa animais que vivem em bandos, grupos, comunidades,matilhas. o homem não sobrevive isolado.Segundo Paulo Nader “A própria constituição física do ser humano revela que ele foi programado para conviver e se completar com outro ser de sua espécie. “ O homem está vinculado a dois mundos: Mundo natural (vive como os demais animais) Mudo cultural (seu diferencial é sua capacidade psíquica) Relações intersubjetivas Cooperação Concorrência Conflito ORDENAMENTO SOCIAL X ORDENAMENTO JUR[IDICO Para Paulo Nader “O Direito não é o único instrumento responsável pela harmonia da vida social. A Moral, Religião e Regras de Trato Social são outros processos normativos que condicionam a vivência do homem na sociedade. De todos, porém, o Direito é o que possui maior pretensão de efetividade, pois não se limita a descrever os modelos de conduta social, simplesmente sugerindo ou aconselhando.” • Moral • Religião • Regras de trato social • Direito ORDENAMENTO SOCIAL - voltado para o restabelecimento do equilíbrio das relações intersubjetivas, através da religião, educação, moral etc. (também do ordenamento jurídico). ORDENAMENTO JURÍDICO - Organização e disciplinamento da sociedade através de normas exclusivamente jurídicas - sistema de legalidade do Estado. PRINCÍPIOS REGULADORES DO ORDENAMENTO JURÍDICO •ENTRELAÇAMENTO - as leis, tratados, contratos etc. não se encontram livres ou isoladas. Estão interligadas e entrelaçadas, constituindo um todo harmonioso. Se assim não fosse, haveria um total desequilíbrio e desintegração do próprio sistema. •FUNDAMENTAÇÃO E DERIVAÇÃO - estabelece que as normas se fundam ou derivam de outras normas. Norma fundante é origem de tudo. Assim derivando umas das outras, numa linha descendente, elas seguem uma linha lógica e formal de idéias, eliminando toda incompatibilidade que certamente existiria caso não houvesse tal fundamentação. Segundo Flávio Tartuce “ essa ilustração deve estar na mente do civilista do novo século, a partir de uma compreensão de um sistema unitário, sendo comuns os diálogos interdisciplinares dentro do próprio Direito (diálogo das fontes).” INSTRUMENTOS DE CONTROLE SOCIAL Como explica Paulo Nader “Para que a sociedade ofereça um ambiente incentivador ao relacionamento entre os homens é fundamental a participação e colaboração desses diversos instrumentos de controle social. Se os contatos sociais se fizessem exclusivamente sob a pressão dos mandamentos jurídicos, a socialidade não se desenvolveria naturalmente, mas sob a influência dos valores de existência. “ IMPORTANTE: todo ordenamento social possui normas técnicas e normas éticas. Normas éticas – especificam comportamentos humanos permitidos, proibidos e obrigatórios, limitando as possibilidades de transformação ou de existência dos fatos àquelas que permitam a concretização dos valores sociais. (normas jurídicas, religiosas , morais e de trato social). Normas técnicas indicam a maneira de agir para conseguir um resultado desejado (como por exemplo a construção de um prédio). Sua violação entretanto só traz como sanção o não alcance do resultado. Sua observância é facultativa. Nada impede que uma norma jurídica tenha como conteúdo uma norma técnica, como as que exige a supervisão de um engenheiro durante a construção de um prédio. INSTRUMENTOS DE CONTROLE SOCIAL DIREITO E RELIGIÃO Há vários pontos de convergência entre o Direito e a Religião. O maior deles diz respeito à vivência do bem. É inquestionável que a justiça, causa final do Direito, integra a idéia do bem. Assim, o valor justiça não é consagrado apenas pelo ordenamento jurídico. Este se interessa pela realização da justiça apenas dentro de uma equação social, na qual participa a idéia do bem comum. A Religião analisa a justiça em âmbito maior, que envolve os deveres dos homens para com o Criador. Os dois processos normativos possuem ativos elementos de intimidação de conotações diversas. A sanção jurídica, em sua generalidade, atinge a liberdade ou o patrimônio, enquanto a religiosa limita-se ao plano espiritual. REGRAS DE TRATO SOCIAL A vida social impõe certas regras de conduta que se colocam a certa distância do Direito e também não pertencem à moral, embora possam eventualmente fazer parte dela. São as regras sociais, usos decorrentes do decoro ou da polidez, assim como de higiene. Variam no tempo e no espaço. Cada país ou povo tem suas próprias regras e, no curso da história, vão se alterando.