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Resenha crítica - filme _Beleza Oculta_

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Resenha crítica do filme “Beleza oculta” 
Participante: Aryane Cunha de Jesus. 
 
O filme “Beleza Oculta” é contextualizado a partir do sofrimento de um pai (Howard) 
ao perder sua filha de apenas 6 anos de idade. A menina, vítima de um câncer 
cerebral raro, parte desta vida deixando seus pais na triste experiência de vivenciar 
o luto. Com o sofrimento advindo de tamanha tragédia, o relacionamento do casal 
fica abalado e eles se afastam, cada qual convocando suas próprias estratégias de 
sobrevivência às circunstâncias. Ao passo que a mãe se agarra ao conselho que lhe 
fora dado, no leito de morte de sua pequenina, por uma senhora de mais 
experiência, para “não deixar de enxergar a beleza oculta” de cada momento, ela 
começa a ressignificar sua vida com o que lhe restou e media um grupo de apoio à 
pessoas enlutadas. Tal recurso denota a importância da fala para a elaboração das 
dores existenciais, assim como ilustra as possibilidades terapêuticas de um 
ambiente de escuta acolhedor e responsável. 
De sua parte, Howard personifica o sujeito que, naturalmente, tem dificuldades em 
continuar seu ritmo de maneira orgânica após uma experiência dolorosa. Três anos 
após perder sua filha, ainda não consegue pronunciar o nome dela, nem conversar 
sobre o ocorrido. A simples menção ao assunto lhe desestabiliza. Aí temos ilustrada 
a primeira fase do luto: a negação. Nela, o indivíduo tem dificuldade em acessar a 
condição dolorosa de ausência do ser querido, então minimiza seu contato com a 
realidade, evitando o assunto como defesa psíquica. No entanto, essa tentativa de 
estabelecer relações mínimas com o real e de manter uma organização psíquica 
rígida que evite expor sentimentos e vulnerabilidades, acaba por acarretar mais 
consequências danosas ao sujeito que convoca tais medidas. Howard, por exemplo, 
deixa de cumprir com suas funções profissionais, adota comportamentos repetitivos 
e saudosistas como forma de passar o tempo sem mobilizar suas emoções, relata 
uma rotina de sono desregulada e de baixa qualidade, reduz sua comunicação com 
os colegas de emprego ao mínimo possível e cultiva sua vivência tensionada. 
O desenrolar da história, acrescido de personagens metafóricas como o Amor, a 
Morte e o Tempo enriquecem o enredo, lembrando aos personagens e aos 
espectadores a importância de se relacionar bem com essas figuras que 
atravessam todo ser vivo, limitando-o tanto quanto potencializando-o. A trajetória de 
Howard até o seu reavivamento no final, ensina ao público a importância de acolher 
as dores próprias do viver, compreendê-las e oferecer-lhes oportunidade de 
cuidados, ressignificações, cicatrizações.

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