O MITO DE PERSEU E MEDUSA E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO HOMÉRICA

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O MITO DE PERSEU E MEDUSA E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO HOMÉRICA
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
SÃO PAULO
2020
Mito: Perseu e Medusa
Resumo: Perseu, filho de Dânea e Zeus, cresce em Sérifo após ter sido banido de Argos por seu avô Acrísio, com medo que a profecia que este escutou se realizasse, na qual seria morto pelo seu neto. 
Em Sérifo, Perseu oferece para o rei da ilha, Polidectes, presenteá-lo com a cabeça de uma Górgona, e o rei, apaixonado por Dânea e querendo que Perseu se afaste, cobra tal façanha. 
Perseu inicia sua aventura e para concretizá-la conta com a ajuda de Atenas e Hermes. Ele procura as Filhas de Fórcis e depois as ninfas, e com estas consegue itens mágicos que o auxiliarão a derrotar o monstro. 
Ao alcançar as Górgonas e tendo como alvo Medusa, a única mortal entre elas, Perseu se aproxima do monstro olhando através do reflexo de seu escudo ganho de Atenas, se protegendo da petrificação. Corta rapidamente a cabeça de Medusa e foge com sandálias aladas, sem ser visto por suas companheiras por estar invisível com um capacete emprestado pelas ninfas. Na hora que corta a cabeça de medusa, nasce do lugar Pegáso, o cavalo branco alado, que sai voando. 
Perseu vai para a Etiópia, onde salva e depois casa com Andrômeda. 
Juntos voltam para Sérifo e de lá, com Dâmea, para Argos. No caminho acabam encontrando Acrísio e, sem querer, Perseu acaba o matando, cumprindo a profecia. Triste e com culpa, Perseu acaba não voltando para Argos, mas troca de lugar com seu primo Megapentes e passa a reinar Tirinto.
Relação do mito com a educação homérica:
Os preceitos da educação homérica estavam baseados no ostracionismo e na competição como forma de superação de suas dificuldades e de aprendizado. Assim como na religiosidade da época, em que deuses com características humanas e qualidades boas e ruins competiam entre si, os homens também tinham como princípio a ideia da busca por excelência através de atos heroicos que promovessem suas histórias à imortalidade, tal qual deuses. Os mitos cantados pelos rapsodos eram tidos como revelações inspiradas por musas, formas de ver o invisível (o sagrado), no visível (versos). Refletindo os mitos, cada homem buscava encontrar o herói dentro de si mesmo. 
O mito de Perseu e a Medusa pode ser visto como a superação do indivíduo e o encontro do herói que existe nele. 
Podemos fazer a análise do mito através de três partes que formam uma mandala do héroi. Seriam elas, a separação, que acontece quando Perseu sai da proteção do leito materno; a iniciação, que começa neste mesmo momento com a partida dele para a aventura e o faz encarar monstros e provar sua virtude, e enfim o retorno, quando este volta e recebe suas recompensas. As três partes são importantes para tornar o indivíduo em herói, pois é preciso que ele se separe para se conectar com sua própria essência; que ele seja posto a prova em grandes desafios e se supere, tal qual a educação homérica; e uma vez tido sucesso de seu ato de braveza, ele é recompensado com a imortabilidade representado pelo reinado.
Assim o mito simboliza e serve de modelo para os jovens gregos. 
O enfretamento do monstro experienciado por Perseu, representa os ritos iniciáticos que adolescentes passavam para se preparar para vida adulta. Tal qual Perseu mata Medusa, cada jovem precisava enfrentar seus monstros internos e superá-los para se tornar um cidadão digno. 
Quando Perseu decapta Medusa, nasce do lugar Pégaso, representando a pureza e virtude no lugar da vergonha, covardia e outras fraquezas. 
Por fim o casamento com Andrômeda também pode ser interpretado tanto como recompensa por seus atos heroicos, quanto como ato necessário para o habilitar ao poder. Casar para reinar! 
Em muitas sociedades a passagem para a vida adulta e maturidade, assim como o início da participação em posições de poder, vinha vinculada ao casamento. 
Assim vemos como o mito de Perseu e a Medusa pode ser relacionado com a educação homérica.
Referências:
CORRÊA, R. A.; KRATANOV, S. V. Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação. Batatais: Claretiano, 2013. 
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega: Vol. III. Petrópolis: Editora Vozes, 1987.
POUZADOUX, Claude. Contos e lendas da mitologia grega. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. 1e. São Paulo: Ed. Palas Athena, 1991.