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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL Resenha Crítica Geovane Paulo de Oliveira Trabalho da disciplina PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Tutora: Prof.ª Flaviany Ribeiro da Silva Divinópolis 2020 2 DESENVOLVIMENTO HUMANO NAS PERSPECTIVAS DE PIAGET E VYGOTSKY Referência: SILVA, J. R. da; CARDOSO, A. C. da S.; ANJOS, A. C. B. dos; BARBOSA, V.; SIMÕES, V. A. P.; PERPÉTUO, C. L. Desenvolvimento humano nas perspectivas de Piaget e Vygotsky. EDUCERE - Revista da Educação, Umuarama, v. 15, n. 1, p. 73-90, jan./jun. 2015. Disponível em: disponível em https://revistas.unipar.br/index. php/educere/article/view/5610/3191. Acesso em: 14 de agosto de 2020. Os autores do presente estudo fazem um contraponto, baseados nos estudos de outros autores, entre a teoria de dois estudiosos que pesquisaram o desenvolvimento humano e o processo de aquisição do conhecimento: Jean Piaget e Lev Semenovich Vygotsky, que nasceram no ano de 1896, mas em realidades completamente distintas. Piaget nasceu na Suíça e desde criança já demonstrava interesse por questões científicas, aos 10 anos publicou observações sobre um pardal albino, aos 11 anos foi assistente do diretor do Museu de História Natural da cidade de Neuchâtel, aos 19 já havia concluído curso superior na Universidade de Ciências Naturais e aos 22 o doutorado na mesma faculdade. Formou-se também em filosofia e psicologia, e foi nessa última área a que ele mais se dedicou. Morreu aos 80 anos. Já Vygotsky, nasceu na antiga União Soviética, estudou filosofia, direito, literatura, medicina, história e psicologia. Sua mãe era professora de educação especial e daí surgia seu interesse por tentar explicar o processo de aprendizado das crianças com deficiência. Cabe ressaltar que ele morreu com 48 anos, após ter contraído tuberculose aos 22. O contexto de seus estudos era uma sociedade em transformação devido a Revolução Soviética e a excitação política e intelectual em que a sociedade vivia. Essa pequena introdução já demonstra como dois estudiosos contemporâneos, vivendo em realidades completamente distintas, tentam explicar o desenvolvimento humano. O centro do trabalho de Piaget é o desenvolvimento do conhecimento e para compreender o processo de elaboração desse conhecimento, desenvolveu a 3 psicologia genética. Para tanto, precisou contrariar a tese do inatismo- maturacionismo (transmissão genética de conhecimento) e a tese do comportamentalismo (comportamentos previsíveis com base em estímulos externos) formulando propostas teóricas e metodológicas inovadoras quanto à natureza desse processo do desenvolvimento infantil. Assim ficou conhecida como Teoria da Epistemologia Genética de Jean Piaget que considera que, quanto mais complexas forem as interações do indivíduo com o meio, mais inteligente ele fica. Para ele, a medida em que o indivíduo se adapta ao meio, assimila e equilibra essas novas informações estará predisposto a novas adaptações e equilibrações sucessivas. Piaget identifica que as mudanças no pensamento do sujeito são influenciadas por quatro fatores que se interagem: a maturação (biológica); atividade (interação com o meio); experiências sociais e a equilibração (que inclui a assimilação e a acomodação). Tudo isso em um processo dinâmico. Mas é dentro do processo de equilibração que Piaget destaca o ponto de partida (inicial no sentido de assimilação e acomodação) para que um indivíduo parta para um estágio superior de aprendizado. Seguindo esse raciocínio, Piaget divide em períodos de faixas etárias o desenvolvimento humano levando em consideração que todo indivíduo passa por essas fases, mas sem descartar as características biológicas e os fatores educacionais, portanto, sendo apenas um referencial a ser considerado. São eles: Sensório-motor (0 a 2 anos); Pré-operatório (2 a 7 anos); Operações Concretas (7 a 11 ou 12 anos) e Operações Formais (11 a 12 anos em diante). Para Piaget, só seremos capazes de adequar os métodos de ensino às habilidades da criança a partir do momento que compreendermos o pensamento infantil. Ele descobre que a aprendizagem é um processo construtivo no qual o “indivíduo” constrói seu próprio entendimento. Para Lev Vygostsky, o aprendizado passa pelas constantes interações que o indivíduo faz com o meio e o contexto, seja ele físico, social ou cultural e é nesse processo que ele internaliza as formas culturais e as transforma. O funcionamento interno é constituído a partir da internalização desse processo inter-relacional e não se torna uma simples cópia do que o indivíduo experimenta. Existe o funcionamento 4 individual resultado do processo criado pelo plano intersubjetivo. A educação recebe uma atenção especial de Vygotsky porque, por promover um modo mais sofisticado de analisar os elementos da realidade, torna-se um elemento importante para a realização plena do desenvolvimento psíquico dos indivíduos. Então, para ele, o aprendizado a partir da interação com outros sujeitos é que possibilita e coloca em prática o desenvolvimento humano. Seguindo essa perspectiva Vygotsky apresenta dois níveis de desenvolvimento, Real (do que já está adquirido como capacidade/conhecimento) e o Potencial (o que o indivíduo pode vir a fazer). Entre esses dois níveis está a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) que é onde existe a intervenção de outrem para auxiliá-lo a chegar em seu potencial. Sua preocupação com a linguagem enquanto instrumento de interação e verbalização traz um enfoque na necessidade de a criança expressar seus pensamentos, se perceber na fala do outro, assimilar e refletir no que pensa e o que pode ser mudado e isso o fazia ver o homem como um ser diferente dos outros animais. O desenvolvimento infantil segundo Vygotsky era visto por três aspectos: instrumental, cultura e histórico. Sendo que o desenvolvimento do homem está intrinsicamente ligado a história da sociedade e não tem como desvincular o desenvolvimento infantil do contexto cultural, histórico e a forma como aprende a instrumentalizar o meio. A constante interação com o ambiente adulto faz com que seus processos psicológicos se tornem mais complexos e é com base nessa visão que ele vê o processo de mediação por meio da educação. As diferentes perspectivas do desenvolvimento humano apresentadas no presente estudo evidenciam que uma teoria não invalida a outra, e elas se complementam a medida em que consideram o indivíduo como um ser que está em constante aprendizado, a partir de um estágio menor para um maior de conhecimento/desenvolvimento. Percebe-se que, como a própria proposta dessa discussão, o contexto em que os dois estudiosos desenvolveram suas teses interferiram nos resultados das teorias. “As limitações” de visão de Jean Piaget sobre a necessidade do interacionismo percebido por Vygostky talvez se dê pela realidade social, cultural e de interação que eles tiveram durante suas realidades de vida. Fato é que, 5 considerando o indivíduo como um ser cognoscente, as duas teorias fazem essa intersecção aliada a visão do homem como um ser desiderativo (Sigmund Freud).
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