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Curso Psicomotricidade Disciplina Psicologia do desenvolvimento AVM

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Curso 
PSICOMOTRICIDADE 
 
Disciplina 
PSICOLOGIA DO 
DESENVOLVIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso 
PSICOMOTRICIDADE 
 
Disciplina 
PSICOLOGIA DO 
DESENVOLVIMENTO 
Eunice do Vale MADEIRA 
Fabiane MUNIZ 
Henrique de Carvalho PEREIRA 
Hildeberto MARTINS 
Luis Eduardo GRANATO 
Maria Cristina Fontes URRUTIGARAY 
Maria POPPE 
 
 
www.avm.edu.br 
 3 
S
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 o
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to
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s
 
Meu nome é MARIA DA CONCEIÇÃO MAGGIONI POPPE, sou psicóloga 
formada pela UFRJ e atuo em dois segmentos da Psicologia: a docência e 
a clínica. Na atividade docente, iniciei minhas atividades em 1997, aqui 
mesmo no IAVM, primeiramente só nos cursos de pós-graduação lato 
sensu na modalidade presencial. No ano de 2001, passei a fazer parte 
também do corpo de professores que atuam no IAVM na modalidade a 
distância, primeiro nos cursos de pós-graduação e, agora também, nos 
cursos de graduação. Eis aqui nosso encontro e minha grata satisfação! 
 
HILDEBERTO MARTINS é psicólogo, bacharel e licenciado em Psicologia 
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); mestre em Saúde 
Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da UERJ; professor substituto da 
Universidade Federal Fluminense (UFF), no biênio 2002/2004 e da 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), campus São Gonçalo - 
Formação de Professores em 2003; professor da Universidade Estácio de 
Sá (UNESA); doutorando em Psicologia Social pela Universidade de São 
Paulo (USP). 
 
Oi, queridos! Meu nome é FABIANE MUNIZ. Sou psicóloga e sempre me 
interessei muito pela área da sexologia. Desde 1990 já atendia pessoas 
com problemas sexuais. Depois entrei na pós-graduação em sexualidade e 
logo em seguida no mestrado. E hoje estou aqui como professora de 
vocês. Grande abraço! Depois deste curso façam o de sexualidade, hein! 
Estou aguardando vocês! 
 
Meu nome é LUIS EDUARDO GRANATO, sou psicólogo clínico e mestre em 
Antropologia Social. Trabalho na rede pública de saúde e em consultório 
particular e dou aulas no departamento de psicologia de uma universidade 
particular. Meus interesses acadêmicos tratam justamente da relação 
entre o que se denomina como "social" e "individual", como pode ser 
inferido pela minha formação (psicologia e antropologia). Minha intenção 
não é reforçar esta divisão, mas justamente questionar e pensar as 
atribuições e implicações desta dicotomia. 
 
Olá, tudo bem? Sou MARIA CRISTINA URRUTIGARAY. Trabalho no IAVM 
desde 1996 como professora dos cursos presenciais. Já participei de 
alguns momentos dos cursos à distância, mas agora só chego até vocês 
pelas apostilas. Sou formada pela UFRJ em Psicologia. Tenho pós-
graduação em Psicologia Analítica Junguiana pelo IBMR e Psicopedagogia, 
pela Universidade de Havana-Cuba. Também fiz meu mestrado por Cuba e 
me diplomei em Educação com ênfase em psicopedagogia. Como sou 
Analista Junguiana pela Associação Junguiana do Brasil, aproveitei e me 
tornei pesquisadora de imagens, imaginário e de símbolos. Trabalho com 
as Técnicas Expressivas e Arteterapia, e tenho dois livros publicados 
nesta linha de pesquisa sobre imagens, imaginário e a Arteterapia. 
 
Meu nome é EUNICE DO VALE MADEIRA, sou formada em Pedagogia pela 
UERJ (1968) e em Psicologia pela FAHUPE (1993), posteriormente fiz 
mestrado em Psicologia Escolar na Universidade Gama Filho (1987). 
Atualmente sou Professora Assistente da Universidade Veiga de Almeida e 
trabalho com os temas: motivação e afetividade. Sendo assim, meu 
interesse na área educacional, especificamente, de desenvolvimento 
humano é de longa data e vem se mantendo e consolidando cada vez 
mais tanto na prática docente quanto na elaboração de material escrito 
para os alunos. Terei muito prazer em trabalhar com vocês! 
 
Eu me chamo HENRIQUE PEREIRA, sou psicólogo clínico, atuando no Rio 
de Janeiro e Niterói. Obtive o título de doutor em Psicologia Social pela 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Em minha tese de doutorado 
examinei a psicologia analítica de Jung da perspectiva sociológica da 
teoria do ator-rede de Bruno Latour. Organizo e ministro cursos de 
extensão em psicologia junguiana e pós-junguiana. Atualmente leciono 
nas universidades Candido Mendes e Estácio de Sá, e no Centro 
Universitário de Maringá. 
 
 
 
 
 
 5 
S
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m
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io
 
 
 
 
07 Apresentação 
 
09 
Aula 1 
Introdução à Psicologia do 
Desenvolvimento 
 
27 
Aula 2 
Jean Piaget e o desenvolvimento 
cognitivo. 
 
53 
Aula 3 
O modelo histórico- cultural de 
Vygotsky 
 
83 Aula 4 Wallon e o estudo da psicogênese 
 
105 
Aula 5 
Freud e as fases psicossexuais do 
desenvolvimento 
 
143 
Aula 6 
O desenvolvimento da infância à 
velhice 
 
185 AV1 Estudo dirigido da disciplina 
 
188 
AV2 
Trabalho acadêmico de 
aprofundamento 
 
191 Referências bibliográficas 
 
 
Psicologia do 
Desenvolvimento 
 
C
A
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Queridos alunos, mais uma vez estamos aqui com vocês. Que 
bom! Este caderno tem seis aulas sobre as Teorias psicológicas do 
desenvolvimento humano. Na primeira aula você terá a 
oportunidade de conhecer um pouco da história da psicologia 
assim como alguns conceitos básicos para que possamos, então, 
entrar propriamente no que nos interessa dentro da psicologia que 
é a psicologia do desenvolvimento. Aí começaremos o nosso 
passeio com os teóricos. Na segunda aula falaremos de Jean 
Piaget, que com toda a sua inteligência foi o primeiro escolhido 
para nosso percurso. Depois, na terceira aula, conheceremos 
Vygotsky e seus pontos de vista históricos e culturais, para depois 
demonstrarmos os pontos de encontros e desencontros desses 
dois grandes nomes da psicologia. Na quarta aula quem vem com 
muita emoção e afetividade é Henry Wallon. Com Wallon 
chegaremos a conclusão que é por causa da expressão e dos 
sentimentos dos outros que tentamos fazer algo para mudar o 
mundo a nossa volta. Por fim, na quinta aula, estudaremos o 
último teórico de nosso caderno, ou seja, leremos com toda sua 
teoria sobre neurose e sexualidade, Freud e os pontos principais 
da psicanálise para o nosso curso. Mas não acaba por aí não, pois 
na ultima aula faremos uma articulação das teorias do 
desenvolvimento e o seu curso. Bom estudo! 
 
 
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v
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Este caderno de estudos tem como objetivos: 
 
 Demonstrar a importância e a contribuição da psicologia do 
desenvolvimento na formação de profissionais da saúde e 
educação. 
 Demonstrar a teoria epistemológia de Jean Piaget sobre como 
o homem desvenda o mundo, como interage com ele e como 
ele elabora as idéias. 
 Demonstrar o modelo histórico-cultural de Vygotsky no que se 
refere ao desenvolvimento do homem. 
 Conhecer os conceitos propostos por Wallon e sua relevância 
para o entendimento dos estágios do desenvolvimento no qual 
destaca o papel da tonicidade para integração do corpo com o 
meio físico e social. 
 Provocar uma reflexão sobre alguns conceitos da psicanálise de 
Freud e, principalmente, sobre as fases psicossexuais do 
desenvolvimento. 
 Por fim, passear pelas idades sob o olhar da psicologia do 
desenvolvimento. 
 
 
 
Introdução à 
Psicologia do 
Desenvolvimento 
 
Maria Poppe 
 
A
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1 
 
 
A
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s
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n
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 Nesta aula apresentaremos as origens da Psicologia Geral 
enquanto ciência, buscando dar um destaque especial para os 
estudos da Psicologia do Desenvolvimento que é o foco desta 
disciplina. Assim como vimos, o objetivo dessa disciplina consiste 
em mapear todas as fases do desenvolvimento humano e suas 
características particulares, abordando as mudanças e aquisições 
vividas em cada etapa. Embora estas sejam mais perceptíveis 
durante o período da infância, vale ressaltar que elas ocorrem ao 
longo da vida. Porém, antes de comentarmos sobre as fases do 
desenvolvimento e as principais contribuições de cada teoria do 
desenvolvimento,cabe aqui apresentar o ramo da Psicologia que 
se destina a estudar esse assunto, isto é, a Psicologia do 
Desenvolvimento. 
 
 
O
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Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 Entender a importância da psicologia na compreensão de todas 
as teorias de base que fundamentam o desenvolvimento 
humano; 
 Saber a influência dos fatores orgânicos no desenvolvimento 
humano, mas destacando também o papel do meio ambiente 
influenciando igualmente o desenvolvimento humano; 
 Discutir os diferentes campos de estudo da psicologia do 
desenvolvimento; 
 Compreender a relevância desse tipo de estudo para a sua 
formação. 
 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 10 
 
Introdução 
 
Bem, para entendermos o que é a Psicologia do 
Desenvolvimento, seu objeto de estudo e maiores 
contribuições, precisamos definir primeiro o que ela 
seja. Para tal, leia o quadro abaixo que retiramos da 
internet, do site da Wikipédia: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 
 
É o estudo científico das mudanças de 
comportamento relacionadas à idade durante a vida 
de uma pessoa. Este campo examina mudanças 
através de uma ampla variedade de tópicos, 
incluindo habilidades motoras, habilidades em 
solução de problemas, entendimento conceitual, 
aquisição de linguagem, entendimento da moral e 
formação da identidade. 
Dentre as questões formuladas por psicólogos do 
desenvolvimento poderiamos destacar. São as 
crianças qualitativamente diferentes dos adultos ou 
eles simplesmente não têm a mesma experiência 
dos adultos? O desenvolvimento ocorre através de 
uma acumulação gradual de conhecimento ou por 
mudanças de um estágio de pensamento ou outro? 
As crianças nascem com conhecimento inato ou elas 
percebem as coisas com a experiência? O 
desenvolvimento é direcionado pelo contexto social 
ou por algo dentro da criança? 
 
Fonte:Wikipédia(http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3
%A1gina_princial) 
 
 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 11 
 
Bem, agora voltemos ao assunto que devemos 
iniciar nosso diálogo que é a Psicologia, ciência que deu 
origem ao campo de estudo da Psicologia do 
Desenvolvimento. 
 
O que é Psicologia? 
 
Podemos definir Psicologia como sendo o estudo 
científico do comportamento, onde o termo 
comportamento inclui todas as respostas, isto é, atos 
motores e respostas fisiológicas manifestas, assim 
como, os eventos mentais internos e subjetivos 
(imagens, memórias, pensamentos e sentimentos). 
Esses eventos podem ser externos e observáveis ou 
inferidos indiretamente através de relatos verbais ou 
indicadores fisiológicos. A inferência indireta se realiza, 
por exemplo: 
 
 Quando se ouve uma história ou quando se lê 
um livro, pois imediatamente o mundo 
imaginário será habitado por construções 
próprias do ouvinte ou leitor para ilustrar os 
sons e palavras que compõem o relato ou a 
leitura; 
 
 Quando se tem um aumento da freqüência 
cardíaca, transpiração, rubor da face e etc. 
que são indicadores fisiológicos, também, 
alimentados pelos relatos ou pelas leituras. 
 
Para que a Psicologia possa ser considerada um 
estudo científico é preciso que esta apresente 
características distintivas dessa modalidade de estudo, 
tais como: objetividade, repetibilidade, comunicação 
com outros e abordagem sistemática. Como nos aponta 
Lindzey, Hall e Thompson em seu livro “Psicologia” 
(1977), tais conceitos podem ser definidos da seguinte 
maneira: 
SÍMBOLO QUE 
REPRESENTA A 
CIÊNCIA DA 
PSICOLOGIA 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 12 
 
Objetividade envolve o estabelecimento de 
definições que sejam precisas e inteiramente 
compreensíveis para qualquer pessoa adequadamente 
treinada, bem como, a realização de observações de tal 
maneira que reflitam exatamente o que existe no 
mundo real (objetivamente observado). 
 
Definições adequadas que permitam medir 
alguma coisa (estatura, dominância, inteligência, 
motivação e etc.) de forma que possa ser quantificada - 
isto é, que possam ser atribuídos a esta, números as 
observações por algum meio significativo e proveitoso. 
Desta maneira, se determina padrões, classificações e 
referências. 
 
A finalidade principal da objetividade é a 
eliminação das tendências pessoais do observador, 
seus preconceitos e convicções, que poderiam distorcer 
ou obscurecer o acontecimento ou objeto que estivesse 
sendo observado. 
 
Porém, não é suficiente que os dados sejam 
coletados de maneira objetiva. É preciso ainda que, os 
resultados sejam REPETÍVEIS para que se confirme a 
coleta de dados. Além disso, uma descoberta científica 
deve poder ser partilhada com outros, tanto no sentido 
da comunicação da descoberta, quanto na possibilidade 
de que a experiência seja repetida em outros 
laboratórios. Caso contrário, não será possível afirmar 
uma abrangência que é necessária ao experimento. 
 
Outro compromisso fundamental de uma 
disciplina científica é o de lidar com os eventos 
estudados de uma forma METÓDICA e ABRANGENTE. 
Sendo assim, um investigador não pode tratar de 
tópicos interessantes isolados e deixar sem resposta 
questões significativas que estejam relacionadas ao 
campo observado. 
Para refletir 
 
 
O investigador a 
partir de sua 
pesquisa relata que: 
uma resposta 
seguida de 
recompensa tem 
maior probabilidade 
de ocorrer 
novamente do que 
uma resposta não 
seguida de 
recompensa. Se o 
investigador 
fornecer uma 
adequada definição 
desses termos, 
outros psicólogos 
poderão observar 
essa mesma relação 
regularmente em 
outras ocasiões 
e em diferentes 
situações. 
 
 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 13 
 
É, então, o essencial da teoria 
psicológica tornar racional e 
sistemática a busca do psicólogo por 
uma compreensão do comportamento? 
Certamente que é! De fato, uma das 
principais contribuições da teoria é 
proporcionar tanto uma estrutura 
dentro da qual as descobertas 
existentes possam ser incorporadas e 
vistas em suas relações umas com as 
outras, quanto também um mapa 
daquelas questões relevantes que 
ainda não foram estudadas. Por 
exemplo, podemos saber que a 
esquizofrenia é caracterizada por 
certas deficiências intelectuais e que 
existe uma forte determinação 
hereditária desse distúrbio. Mas qual é 
a relação entre as deficiências 
intelectuais e os fatores hereditários? 
Em geral a tarefa do psicólogo consiste 
em explorar o comportamento 
sistematicamente - não por capricho, 
interesse pessoal ou mesmo modismo, 
mas de modo a que, eventualmente, a 
totalidade dos organismos que se 
comportam venha a ser descrita e 
compreendida em todos os seus 
aspectos. 
(Lindzey, Hall & Thompson, 1977, p.5) 
 
Dentro dessa perspectiva também trabalham os 
estudiosos do desenvolvimento, pois estes estão 
interessados na relação entre o tempo e a existência 
humana e procuram descrever e explicar 
sistematicamente às mudanças que ocorrem nos modos 
de pensar, sentir e agir nas diferentes fases da vida. 
Eis, então, as primeiras idéias do que podemos 
denominar de estudo sobre o desenvolvimento. 
ALGUNS FATORES QUE INFLUENCIAM O 
DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
 Hereditariedade – a carga genética estabelece o 
potencial do indivíduo, que pode ou não se 
desenvolver. Existem pesquisas que comprovam 
os aspectos genéticos da inteligência. No 
entanto, a inteligência pode se desenvolver 
aquém ou além do seu potencial, dependendo 
das condições do meio que encontra. 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Campo de estudo da Psicologia do 
Desenvolvimento 
 
A Psicologia do desenvolvimento tem três 
objetivos que configuram o seu campo de estudo, como 
nos descreve Maria A. Cória-Sabini (2003) em 
“Psicologia doDesenvolvimento” são eles: 
 
1º. OBJETIVO: Descrição da gênese das 
condutas psicomotoras, afetivas, cognitivas e sociais, e 
do processo de mudança dessas condutas ao longo da 
vida. 
 
É preciso explicar porque as modificações 
ocorrem e determinar os fatores, processos e 
mecanismos responsáveis por elas. O campo da 
Psicologia do Desenvolvimento é caracterizado por 
essas questões e conduzem tanto a estudos descritivos 
 Crescimento orgânico – se refere ao aspecto 
físico. O aumento de altura e a estabilização do 
esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos 
e um domínio do mundo que antes não existiam. 
Pense na possibilidade de descobertas de uma 
criança, quando começa a engatinhar e depois a 
andar, em relação a quando esta criança estava 
no berço com alguns dias de vida. 
 
 Maturação neurofisiológica – é o que torna 
possível determinado padrão de comportamento. 
A alfabetização das crianças, por exemplo, 
depende dessa maturação. Para segurar o lápis e 
manejá-lo como um adulto, é necessário um 
desenvolvimento neurológico que a criança de 2, 
3 anos ainda não tem. Observe como ela segura 
o lápis. 
 
 Meio – o conjunto de influências e estimulações 
ambientais altera os padrões de comportamento 
do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação 
verbal for mais intensa, uma criança de 3 anos 
pode ter um repertório verbal muito maior do que 
a média das crianças de sua idade, mas, ao 
mesmo tempo, pode não subir e descer com 
facilidade uma escada, porque esta situação pode 
não ter feito parte de sua experiência de vida. 
(Bock, 1999: 99). 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 15 
 
quanto explicativos do comportamento humano ao 
longo da vida. 
 
2º. OBJETIVO: Fatores que afetam o 
desenvolvimento das condutas: 
 
Tradicionalmente, os fatores responsáveis pela 
gênese das condutas e suas modificações ao longo da 
vida se apresentam divididos em fatores genéticos e 
ambientais. Essa divisão também aparece com outros 
nomes, tais como: Comportamento inato ou aprendido, 
comportamento instintivo ou inteligente, processos de 
maturação ou de aprendizagem etc. Dentro dessa 
visão, os determinantes do comportamento estariam 
divididos em duas posições antagônicas, ou seja, uma 
posição que defende que cada pessoa nasce com um 
conjunto de predisposições e que o curso do 
desenvolvimento será normal caso seja assegurado 
condições ambientais mínimas. E uma segunda posição 
que define o desenvolvimento humano como uma 
história de condicionamento (princípio que controla as 
ações humanas de forma causal) ou como um processo 
de aprendizagem social. 
 
Sabe-se hoje que essa divisão é simplista e 
pouco produtiva para a compreensão das interações 
organismo-meio, que constituem a essência do 
processo de desenvolvimento. 
A posição atual dos teóricos do 
desenvolvimento, no entanto, é de que 
os assim chamados “fatores genéticos” 
só podem se manifestar como 
respostas ao ambiente, como também 
os assim chamados “fatores 
ambientais” só podem agir sobre uma 
estrutura já existente que, em 
última análise, é a estrutura herdada. 
(Cória-Sabini, 2003, p.14) 
 
A observação do desenvolvimento do 
comportamento social do bebê no primeiro ano de vida 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 16 
 
mostra claramente a interação entre os fatores 
ambientais e genéticos no desenvolvimento. Esse 
primeiro contato social do bebê só é possível porque ele 
nasce com uma série de comportamentos e 
capacidades, embora esses elementos sozinhos não 
sejam suficientes. Essa primeira relação social também 
depende de experiências e condições que a criança 
encontra no ambiente, tais como: estímulos, cuidados, 
atenção, afeto. 
 
Portanto, as características da primeira 
relação social, bem como o seu 
desenvolvimento posterior, são o 
resultado da interação organismo-
meio; não são nem inteiramente pré-
programadas (genéticas), nem 
resultantes apenas de aprendizagem 
(ambientais). 
(Cória-Sabini, 2003, p.14) 
 
3º. OBJETIVO: Identificação de estágios ou fases 
no desenvolvimento: 
 
Todas as pesquisas realizadas no campo do 
desenvolvimento apontam semelhanças na forma de 
pensar, agir e sentir de indivíduos dentro de uma 
mesma faixa etária, além de apontar que há variações 
ao longo das idades. Essas descobertas possibilitaram 
o emprego de conceitos tais como estágios, períodos, 
fases para descrever o desenvolvimento humano. 
Sendo assim, o desenvolvimento se dá por estágios ou 
etapas que se diferenciam pela qualidade da cognição, 
do comportamento, das relações afetivas, etc. 
 
A identificação das mudanças que ocorrem ao 
longo do desenvolvimento humano serviu para 
estabelecer um referencial na avaliação do progresso 
individual, além do que as expectativas de 
comportamento para cada idade acabaram se tornando 
um sistema de controle de conduta individual. O termo 
“controle” pode ser empregado, uma vez que 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 17 
 
instituições como a escola e a família passam a adotar 
como referência os parâmetros estabelecidos pelos 
estudiosos para comparar comportamentos e exigir 
atitudes frente a determinadas situações. Assim agindo, 
não somente produzem expectativas como também 
conflitos que influenciam os aspectos emocionais no 
desenvolvimento global que também comparecem no 
espaço escolar. 
 
Algumas teorias contribuíram com conceitos 
importantes para o conhecimento dos processos 
envolvidos no desenvolvimento e, embora, essas 
teorias apresentem enfoques distintos existem 
princípios que são comuns a todas. Dentre estes 
destacam-se: 
 
 A transição de um estágio para outro se dá 
dentro de um processo de integração e não 
pela justaposição de etapas estranhas entre 
si; 
 A ordem de sucessão dos estágios é 
constante; 
 As idades que delimitam um determinado 
estágio podem variar dentro de certos limites. 
 
Maria A. Cória-Sabini (2003) aponta três 
motivos para que esse aspecto normativo das teorias 
tenha sido bem aceito por profissionais e por leigos. 
O PRIMEIRO MOTIVO é que a existência de 
normas a respeito do desenvolvimento possibilita a 
criação de condições ideais para o aparecimento ou 
avaliação de certas condutas, estabelecendo pontos 
referenciais formais ou informais na vida social. 
 
 
 
 
O SEGUNDO MOTIVO baseia-se no fato de que 
as normas podem ser tomadas como um referencial 
EXEMPLO: Produtos e serviços que são oferecidos a 
partir de pesquisas realizadas para atingir um 
determinado público ou faixa etária. 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 18 
 
para uma auto-avaliação, ou seja, a existência de um 
referencial definido, comum a uma determinada fase, 
pode auxiliar a minimizar as crises e propiciar melhor 
adaptação aos desafios ambientais. 
 
 
 
 
 
 
 
E o TERCEIRO MOTIVO é que a existência de 
normas oferece referencial para pesquisa. Várias 
teorias admitem a existência de estágios e de inter-
relação entre eles, essas teorias estimularam várias 
pesquisas que investigaram as etapas, os processos ou 
mecanismos que determinam a sucessão dos estágios e 
a relação entre eles. Esses estudos investigaram os 
aspectos emocionais, cognitivos e sociais do 
desenvolvimento. 
 
Dentre as teorias voltadas para o estudo do 
desenvolvimento humano duas exerceram influência 
decisiva: A teoria de Jean Piaget (abordando a 
dimensão cognitiva) e a Psicanálise (abordando a 
dimensão emocional-afetiva). Porém, não há uma 
teoria que dê conta do desenvolvimento em todas as 
suas dimensões, na medida em que as teorias acabam 
por privilegiar um aspecto em detrimento de outros. 
 
Fica claro, então que: 
 
...Para entender o comportamento de 
um indivíduo particular, em qualquer 
etapa do seu desenvolvimento, é 
necessário conhecer não apenas as 
mudanças cognitivas,sociais, 
emocionais e biológicas que ocorrem, 
mas também qual o impacto que cada 
uma delas pode ter sobre as outras. O 
EXEMPLO: A conversa entre mães que têm filhos 
adolescentes, a troca de experiências, faz com que 
estas tenham maior serenidade para lidar com a tão 
falada “crise da adolescência”. Uma vez que, o 
isolamento nessas situações gera mais ansiedade, 
assim como outros sentimentos que se identificam 
com fracasso e ineficiência na relação com os 
adolescentes. 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 19 
 
desenvolvimento é um processo 
unitário e individual. 
(Cória-Sabini, 2003, p.18-19) 
 
Torna-se fundamental o conhecimento das 
diferentes teorias e abordagens uma vez que, nenhuma 
delas compreende o conjunto da complexidade 
humana. O desenvolvimento de cada criança é 
multideterminado, ainda que, os estudos procurem 
encontrar aspectos comuns e universais, pois é dessa 
forma que a ciência se organiza. 
 
Um pouco de história 
 
Antes de chegarmos a apresentar as principais 
contribuições de cada teoria do desenvolvimento 
precisamos pensar de que forma teve início a 
investigação sobre o desenvolvimento. Por onde 
começaram os pesquisadores? Quais os aspectos 
históricos envolvidos no nascimento da Psicologia do 
Desenvolvimento? 
 
Podemos dizer que as idéias de Darwin (1809-
1882) sobre a evolução das espécies e do 
comportamento serviram de estímulo para que os 
pensadores pudessem perceber a criança como fonte 
de informação sobre a natureza humana e que a 
investigação sobre o desenvolvimento humano teve seu 
início pelo estudo da infância. Mas o conceito de 
infância foi sempre o mesmo? A criança sempre foi 
vista como um indivíduo que precisa ser cuidado, 
protegido e orientado? Não. Por incrível que pareça, até 
o século XVII a criança era considerada um adulto em 
miniatura, ou seja, acreditava-se que os sentimentos, 
as ações e o raciocínio de uma criança eram 
constituídos dos mesmos elementos básicos daqueles 
dos adultos e essa concepção era determinante no 
tratamento que a sociedade dava as crianças (Ariès, 
1981). 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 20 
 
Sabe-se que até o século XVII as crianças só 
recebiam tratamento especial até os sete anos e, 
depois disso, elas eram inseridas na comunidade dos 
adultos e passavam a desempenhar as mesmas 
atividades que eles. 
 
 
 
 
E nas famílias mais abastadas? Será que a 
criança era vista da mesma forma? Sim, nessas 
famílias, também, não era dispensado nenhum 
tratamento especial. Como nos mostra Maria A. Cória-
Sabini em Psicologia do Desenvolvimento: 
 
...Era comum que as crianças 
começassem a escolarização aos 
quatro ou cinco anos de idade. O 
ensino esforçava-se para ser 
enciclopédico e para desenvolver as 
faculdades mentais de atenção, 
memória, abstração etc. Por isso era 
árduo e difícil. O método empregado 
era a repetição em voz alta das 
informações dadas pelo mestre. Como 
ninguém dava importância à 
compreensão no processo de 
aprendizagem, não se questionava a 
dificuldade dos assuntos ensinados, 
nem se prestava atenção às diferenças 
individuais. As classes eram compostas 
com elementos de todas as idades. 
Assim, ninguém se espantava ao ver 
meninos de sete anos e jovens de 
dezoito recitando juntos uma lição. 
(2003, p.23) 
 
A partir do século XVII, o conceito de infância 
vai se transformando, alguns pensadores começam a 
defender a idéia de que a mente da criança é diferente 
da mente do adulto, a igreja afasta as crianças dos 
assuntos ligados ao sexo, alegando a inadequação 
dessas vivências para formação do caráter e da moral 
dos indivíduos e estabelece-se o ensino graduado e a 
formação de classes com crianças da mesma idade. As 
EXEMPLO: As crianças que pertenciam às classes 
menos privilegiadas trabalhavam no campo, 
vendiam nos mercados e aprendiam um ofício. 
 
Dica da 
professora 
 
 
Você deve estar se 
perguntando: Essas 
mudanças 
ocorreram ao 
mesmo tempo nas 
classes baixas e na 
burguesia? 
Não. A gradativa 
mudança no 
conceito de infância, 
a percepção da 
criança como um 
indivíduo em 
formação, que 
necessita de 
cuidado, proteção e 
orientação era 
exclusiva dos 
aristocratas e dos 
burgueses. A classe 
baixa, até o século 
XIX, fazia 
pouquíssima 
distinção entre 
crianças e adultos, 
submetendo, 
inclusive, suas 
crianças as mesmas 
faltas legais que os 
mais velhos. 
 
 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 21 
 
famílias começam a se preocupar com os assuntos e 
ações que possam prejudicar a formação moral de seus 
filhos. 
 
 
 
 
 
Dois aspectos foram fundamentais para que a 
sociedade mudasse o tratamento dispensado as 
crianças, foram eles: 
 
 O grande número de crianças que não 
sobreviviam à infância; 
 O crescimento da burguesia. 
 
Com isso, a infância passa a ser considerado um 
período importante do desenvolvimento, momento de 
formação do caráter e da moral. A criança ganha um 
lugar diferenciado na família e a família acaba por 
assumir a responsabilidade pelo pleno desenvolvimento 
dos seus filhos. 
 
Com a evolução do conceito de infância surgem 
os primeiros estudos no campo do desenvolvimento 
infantil (décadas de 1920 e 1930). Nesse momento, os 
investigadores buscam obter um padrão normativo 
para o desenvolvimento físico, motor e social do ser 
humano. 
 
E de que forma se deram? Como eram esses 
estudos? 
 
Os estudos baseavam-se na observação das 
atividades de bebês nos seus primeiros anos de vida e 
buscavam responder perguntas, como: Com que idade 
o bebê consegue sentar sem ajuda? E andar? Quando 
aparece o primeiro sorriso social? 
 
EXEMPLO: Proibição a participação das crianças em 
festas públicas e orgias. 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 22 
 
O que percebemos é que esses estudos 
intencionavam descrever e articular as mudanças de 
comportamento de acordo com a idade e com as 
variações existentes entre crianças de uma mesma 
faixa etária, possibilitando, assim, a criação de padrões 
de desenvolvimento. 
 
Este tipo de pesquisa é chamado de 
descritivo. Nas pesquisas descritivas a 
idade é a variável mais importante, e 
as descrições são, primariamente, 
sobre diversos comportamentos que 
caracterizam um determinado nível de 
desenvolvimento.As tabelas normativas 
resultantes desses estudos representam 
uma contribuição muito importante e 
até hoje proporcionam conhecimentos 
úteis para pediatras, pais e 
educadores. 
(Cória-Sabini, 2003, p.24 e 25) 
 
Você deve estar se perguntando: Para que serve 
uma tabela que aponte o comportamento esperado em 
cada idade? 
 
É simples: Embora saibamos que o 
desenvolvimento de cada criança é multideterminado e 
que isso possibilita variações no tempo de aquisição 
das aprendizagens, esta pode estabelecer níveis, 
estágios de desenvolvimento, que ofereçam o 
conhecimento de um padrão de normalidade esperado 
para cada faixa etária, facilita a identificação de 
problemas e a aplicação de medidas para 
enfrentamento dos obstáculos percebidos. 
 
Por Exemplo: Uma mãe chega ao pediatra 
preocupada porque sua filha de três anos ainda não 
fala. Ela diz: Doutor, tenho observado, na pracinha que 
eu freqüento, que todas as crianças com mais de dois 
anos e meio estão falando, e minha filha ainda não fala 
nem mamãe, será que ela tem algum problema? 
 
Para refletir 
 
 
Como o pediatra 
poderia avaliar 
fidedignamente 
essa criança se não 
tivesse 
conhecimento dos 
estágios do 
desenvolvimento 
infantil? Nesse caso, 
não seria útil a 
utilização das 
escalas de 
desenvolvimento? 
 
 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 23 
 
Como nos aponta Clara R. Rappaport (1981) em 
Psicologia do Desenvolvimento: 
 
...A partir da elaboração destas 
escalas, de certa forma, o 
desenvolvimento de cada criançapoderia ser medido e comparado com 
o que se esperava para a sua faixa de 
idade ou com o comportamento 
considerado “normal”. 
(Rappaport, 1981, p. 2) 
 
E mais: 
 
Fica claro então que o psicólogo do 
desenvolvimento, através da pesquisa 
 (descrição precisa dos fenômenos 
comportamentais individuais ou em 
situação de interação social) e da 
teorização (tentativa de explicar e 
integrar os dados das pesquisas num 
todo coerente e unitário), oferece 
subsídios para a compreensão: 
 
a) Do processo normal de 
desenvolvimento numa determinada 
cultura. Isto é, conhecimento das 
capacidades, potencialidades, 
limitações, ansiedades, angústias mais 
ou menos típicas de cada faixa etária; 
b) Dos possíveis desvios, desajustes e 
distúrbios que ocorrem durante o 
processo e podem resultar em 
problemas emocionais (neuroses, 
psicoses), sociais (delinquência, vícios, 
etc.), escolares (repetência, evasão, 
distúrbios de aprendizagem) ou 
profissionais. 
(Rappaport, 1981, p.4) 
 
Com isso, percebemos que a Psicologia do 
Desenvolvimento enriquece o trabalho de profissionais 
na medida em que seus estudos permitem 
circunscrever as habilidades, capacidades e limitações 
de cada faixa etária nos vários aspectos da 
personalidade, sejam eles: motores, emocionais, 
intelectuais e etc. Tais informações viabilizam a criação 
de programas escolares, esportivos, recreativos, assim 
como de metodologias de ensino, adequadas a idade 
cronológica e a escolaridade. 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agora que já apresentamos a Psicologia do 
desenvolvimento, seu alcance e objetivos e mostramos 
os aspectos históricos implicados no seu nascimento, 
cabe falarmos aprofundadamente das teorias do 
desenvolvimento que compõe o seu corpo teórico. 
Destacaremos as importantes contribuições de Piaget, 
Vygotsky, Wallon e Freud. 
 
Bem, mas antes de iniciarmos essa nova etapa, 
proponho a você a realização de exercícios que busca 
fixar o conteúdo dado e também estimular a reflexão a 
respeito do tema trabalhado. 
Vale destacar que, o desenvolvimento humano deve 
ser entendido como uma globalidade, mas, para 
efeito de estudo este tem sido abordado a partir de 
quatro aspectos básicos, são eles: 
 
 Aspecto físico-motor – se refere ao crescimento 
orgânico, à maturação neurofisiológica, à 
capacidade de manipulação de objetos e de 
exercício do próprio corpo. Exemplo: a criança 
leva a chupeta à boca ou consegue tomar a 
mamadeira sozinha, por volta dos 7 meses, 
porque já coordena os movimentos das mãos; 
 Aspecto intelectual – é a capacidade de 
pensamento, raciocínio. Por exemplo, a criança 
de 2 anos que usa um cabo de vassoura para 
puxar um brinquedo que está embaixo de um 
móvel ou o jovem que planeja seus gastos a 
partir de sua mesada ou salário; 
 Aspecto afetivo-emocional – é o modo particular 
de o indivíduo integrar as suas experiências. É o 
sentir, A sexualidade faz parte desse aspecto. 
Exemplos: a vergonha que sente em algumas 
situações, o medo em outras, a alegria de rever 
um amigo querido; 
 Aspecto social – é a maneira como o indivíduo 
reage diante das situações que envolvem outras 
pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, 
no parque, é possível observar algumas que 
espontaneamente buscam outras para brincar 
enquanto outras permanecem sozinhas. 
 
Todas as teorias do desenvolvimento humano 
partem do pressuposto de que esses quatro 
aspectos são indissociados, mas elas podem 
enfatizar aspectos diferentes, isto é, estudar o 
desenvolvimento global a partir da ênfase em um 
dos aspectos. (Bock, 1999: 100) 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 25 
 
 
 
EXERCÍCIO 1 
 
 
O que é Psicologia e qual a importância de estudá-la 
em seu curso? 
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ 
 
 
EXERCÍCIO 2 
 
Quais são os principais objetivos da Psicologia do 
Desenvolvimento? Descreva-os. 
 
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ 
 
EXERCÍCIO 3 
 
A psicologia do desenvolvimento estuda o ser humano 
em seus diferentes aspectos. São eles: 
 
( A ) Cognitivo, emocional e social; 
( B ) Emocional, social e físico; 
( C ) Cognitivo, emocional e físico; 
( D ) Emocional, cognitivo, motor, físico e social; 
( E ) Culturais, políticos e filosóficos. 
Aula 1|Introdução à psicologia do desenvolvimento 26 
 
 
EXERCÍCIO 4 
 
A espécie humana se humaniza e se transforma em 
pessoa portadora de uma história através do(a): 
 
( A ) Cultura; 
( B ) Evolução genética; 
( C ) Relação parental: 
( D ) Modelo de mundo aspirado; 
( E ) Inteligência. 
RESUMO 
 
Vimos até agora: 
 
 A definição de Psicologia e seus fundamentos 
científicos, que permitem validar uma 
observação com critérios e repetições de 
experimentos; 
 
 A caracterização do desenvolvimento humano 
que recebe influência de diferentes fatores 
hereditários, orgânicos, maturacionais e 
ambientais, e assim, marcam o conjunto das 
diferenças individuais tão ricas na experiência 
docente; 
 
 O campo de estudo da Psicologia do 
Desenvolvimento que integra a gênese das 
condutas globais da criança e todo seu 
processo de mudanças, os fatores que afetam 
o desenvolvimento de condutas e a 
identificação de estágios no desenvolvimento; 
 
 Uma breve história da Psicologia do 
Desenvolvimento com considerações sobre a 
visão da infância que teve influências 
históricas, culturais e sociais. 
 
 
 
 
Jean Piaget e o 
desenvolvimento 
cognitivo 
 
Eunice do Vale Madeira 
 
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Nesta aula o nosso convidado é Jean Piaget. Jean Piaget foi um 
epistemólogo suíço que por mais de quarenta anos realizou 
pesquisas com crianças. A teoria de Piaget revolucionou a 
compreensão que se tinha a respeito do desenvolvimento 
intelectual. Ele explicou o desenvolvimento mental do ser humano 
no campo do pensamento, da linguagem e da afetividade.Piaget 
postulou que o desenvolvimento cognitivo se realiza em estágios e 
com isso ele demonstrou que a natureza e as características da 
inteligência mudam significativamente com o passar do tempo. 
Além disso, relacionou o desenvolvimento cognitivo à maturação e 
a experiência, ou seja, ele acreditava que as características 
biológicas da criança impõem alguns limites na ordem e rapidez 
em que as competências cognitivas emergem, embora acreditasse 
que a experiência ativa com o mundo era decisiva para o 
desenvolvimento cognitivo. Sendo assim, maturação e experiência 
não podem ter papéis isolados no desenvolvimento. A exploração 
e atuação no meio ambiente por parte da criança propiciam um 
desenvolvimento cognitivo melhor. 
 
 
 
 
O
b
je
ti
v
o
s
 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 Conceituar os principais tópicos propostos por Piaget; 
 Discutir sobre as fases do desenvolvimento da inteligência; 
 Reconhecer que a concepção de Piaget sobre a influência do 
ambiente é determinante na construção da inteligência; 
 Saber que para Piaget as teses sobre o inatismo da inteligência 
estão superadas; 
 Fazer uma relação entre a teoria Piagetiana e seu curso. 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 28 
 
 
Introdução 
Nesta aula, você conhecerá um pouco do pensar 
humano. 
 
O pensamento é uma coisa à toa, mas 
como é que a gente voa quando 
começa a pensar… 
 
Entender como o Homem desvenda o mundo, 
como interage com ele, como elaboraidéias que o 
auxiliam a ser um construtor de seu “habitat”, sempre 
foi motivo de pesquisa entre pensadores, cientistas e 
filósofos. Entre eles, um nome se destaca: Jean Piaget, 
biólogo, epistemólogo, nascido em Neuchâtel, Suíça, no 
ano de 1896 e falecido em 1980. 
 
Desde menino, o interesse científico de Piaget 
era notório. Ainda jovem e com pouco tempo de 
formado, interessou-se pela magia do pensamento 
humano. Seus estudos que configuraram a Teoria da 
Epistemologia Genética, ainda, são considerados como 
um dos pilares para o conhecimento do 
desenvolvimento cognitivo, até mesmo nos meios 
científicos. 
 
 Piaget significa para a inteligência o 
que Freud representa para a 
afetividade. 
(Dolle) 
 
 A teoria de Piaget é tão simples que 
somente um gênio a poderia ter 
concebido. 
(Einstein) 
 
Para Piaget, o homem é um sistema aberto. A 
resposta do ambiente contribui para um processo 
constante de reorganização mental, auto-regulando-o. 
Sua visão teórica é interacionista: o Homem é produto 
de uma bagagem genética que se desenvolve no meio 
social. 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 29 
 
 
Trabalhou inicialmente com dois psicólogos 
franceses - Binet e Simon (escala de inteligência) - e se 
interessou pelas respostas erradas, concluindo que tais 
respostas eram consideradas erradas por serem 
analisadas a partir do ponto de vista do adulto. "As 
respostas infantis têm uma lógica própria". 
 
Sua grande busca sempre foi entender a gênese 
das estruturas lógicas do pensamento da criança, como 
se organizam suas ações inteligentes. Sua pergunta é: 
como se dá o conhecimento? 
 
O conhecimento não procede nem da 
experiência única dos objetos nem de 
uma programação inata pré-formada 
no sujeito, mas de construções 
sucessivas com elaborações 
constantes de estruturas novas. 
(Piaget, 1976) 
 
Para Piaget, o desenvolvimento psíquico é 
semelhante ao desenvolvimento orgânico, tem uma 
direção - equilíbrio progressivo. Em sua ótica a 
inteligência é uma adaptação na busca do equilíbrio 
entre o organismo e o meio. Ela é construída através 
do contato com o meio e as experiências vividas - 
AÇÃO. 
 
Elementos da teoria piagetiana 
 
Como se pode perceber, Piaget concebe o ser 
humano enquanto um ser que se constrói na relação 
com o meio – um ser que aprende na relação sujeito-
objeto. 
 
Vejamos alguns elementos de sua teoria: 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 30 
 
 
HEREDITARIEDADE 
 
O indivíduo herda: 
 
 Estruturas biológicas; 
 Um organismo que amadurece em contato 
com o meio ambiente; 
 Capacidades cujo desenvolvimento depende 
do meio ambiente. 
 
ADAPTAÇÃO 
 
Adaptação é a forma adequada para se lidar com 
situações novas. Acontece por dois processos: 
assimilação e acomodação. 
 
E de que forma, por meio de que processos 
ocorre essa adaptação do organismo às exigências do 
meio? 
 
Os seres humanos interagem 
continuamente com o ambiente, 
organizando suas vivências e 
formando novas estruturas 
organizacionais em resposta a novas 
experiências. Esse processo de 
adaptação ocorre através de dois 
processos complementares: 
ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO (grifo 
nosso). 
(Conger,J.J.; Huston,A .C.; Kagan,J. 
Mussen, P.H., 1990, p. 240). 
 
ASSIMILAÇÃO – É o processo de incorporação 
dos desafios e informações do meio aos esquemas 
mentais existentes, ou seja, se refere aos esforços 
realizados pelo indivíduo para lidar com o ambiente, 
buscando ajustá-lo às estruturas já existentes no 
organismo. Assimilação é a tentativa de solucionar uma 
situação, utilizando uma estrutura mental já formada. É 
semelhante à assimilação biológica. (Exemplo: alimento 
conhecido X alimento novo). 
Dica da 
professora 
 
 
Neste ponto 
devemos lembrar 
que, Piaget como 
biólogo foi 
fortemente 
influenciado pela 
tese Darwinista da 
evolução das 
espécies. 
“Piaget licenciou-se 
em 1915, em 
ciências naturais, 
com uma tese em 
biologia sobre 
moluscos. Tais 
estudos permitiram-
lhe incorporar as 
discussões 
decorrentes da 
teoria da evolução 
de Darwin” (COSTA, 
2001) 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 31 
 
 
 Acomodação - É a tentativa de solucionar 
uma situação nova buscando novas maneiras 
de agir, considerando as propriedades do 
objeto. Consiste em diferenciar cada vez 
mais, refinadamente, os esquemas de ação 
para os adaptar melhor às condições 
cambiantes do campo de atividade, 
contribuindo, ao mesmo tempo, para a 
criação de esquemas novos. 
 
O sujeito se constrói como sujeito enquanto 
constrói o objeto. Os processos de acomodação levam o 
sujeito a estabelecer relações de objetividade com o 
mundo. Ao estruturar o objeto, a criança estrutura a si 
mesma enquanto sujeito. Quanto mais o mundo 
adquire coerência, mais ela própria se torna coerente. 
 
ACOMODAÇÃO é o processo de criação ou 
mudança de esquemas mentais em conseqüência da 
necessidade de assimilar os desafios ou informações do 
meio. Através da acomodação, os conceitos são 
mudados em resposta às exigências ambientais. A 
acomodação é o complemento da assimilação. 
 
Usemos um exemplo para ilustrar melhor os 
processos de assimilação e acomodação: 
 
Para uma criança de cinco anos todo animal que 
tiver bico, tiver asas e voar é considerado uma ave. Ao 
visitar a fazenda do seu tio se depara com um avestruz 
e o ASSIMILA ao seu conceito de ave. Porém fica 
intrigada porque o avestruz é muito maior do que as 
aves que ela já viu e seu tio lhe contou que avestruz 
não voa. Ela se pergunta: Será que avestruz é uma 
ave? (ISSO A COLOCA NUM ESTADO DE 
DESEQULÍBRIO). 
 
Ela pode ACOMODAR novas informações sobre o 
avestruz e com isso alterar seu conceito de ave ou 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 32 
 
 
ainda formar um novo conceito diferente de ave - 
formar um conceito (avestruz), o que permitirá que ela 
reconheça um avestruz quando o vir. Essa acomodação 
a deixará por um tempo em estado de equilíbrio ou 
estabilidade cognitiva. 
 
... Piaget supôs que todos os 
organismos lutam pelo equilíbrio. 
Quando o equilíbrio cognitivo é 
perturbado – por exemplo, quando 
alguma coisa é encontrada – os 
processos de assimilação e 
acomodação funcionam de modo a 
restabelecê-lo. O estabelecimento do 
equilíbrio é, às vezes, chamado 
equilibração. 
 
A Assimilação e a Acomodação quase 
ocorrem juntas. A criança primeiro 
tenta entender uma nova experiência, 
usando velhas idéias e soluções 
(assimilação); quando elas não 
funcionam, a criança é forçada a 
mudar sua estrutura ou entendimento 
do mundo (acomodação). 
(Conger,J.J.; Huston,A .C.; Kagan,J. 
Mussen, P.H., 1990, p.241). 
 
Durante toda a vida haverá interação entre os 
processos de assimilação e acomodação. Todas as 
adaptações cognitivas são resultantes desses 
processos, em função dessa constância Piaget chamou 
esses processos (assimilação e acomodação) de 
INVARIANTES FUNCIONAIS. 
 
É importante ressaltar que embora os processos 
de assimilação e acomodação sejam invariáveis, as 
estruturas mentais se formam e são modificadas ao 
longo da vida. 
 
ESQUEMA 
 
Unidade estrutural básica de pensamento ou de 
ação e que corresponde, de certa maneira, à estrutura 
biológica que muda e se adapta. Agir é coordenar 
esquemas entre si. 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 33 
 
 
 O bebê ao nascer possui reflexos e sensação. 
Ele age através das funções tônica e de 
motilidade e estabelece uma comunicação 
tônico-afetiva. Essa é a primeira forma de 
comunicação do ser humano. Por esse 
processo, o bebê vai organizando suas 
sensações e utilizando intencionalmente seus 
reflexos. 
 
Exemplo - Reflexo de preensão - O bebê, ao 
nascer, agarra tudo que for colocado na palma de sua 
mão. Com a maturação biológica e com estímulos do 
ambiente, a criançadesenvolverá um ESQUEMA DE 
PREENSÃO que associado ao olhar lhe permite trazer o 
objeto que está no seu alcance para junto de si 
(exemplo: colocar a chupeta na boca). 
 
EQUILÍBRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo é 
explicado através de quatro fatores que, ao se 
processarem, permitem tal desenvolvimento. São eles: 
 
 Maturação - É o crescimento fisiológico das 
estruturas orgânicas hereditárias. 
 Experiência 
 Física - Possibilita o conhecimento físico 
através da observação. 
DESENVOLVIMENTO 
MENTAL 
X DESENVOLVIMENTO 
ORGÂNICO 
 
* Equilibração das 
estruturas cognitivas 
(inicialmente esquemas 
sensoriais-motores). 
 * Equilíbrio orgânico 
 
* Diferentes 
possibilidades de 
interagir com o 
ambiente em diferentes 
faixas etárias. 
 
 
Dica da 
professora 
 
 
O reflexo de 
preensão é uma 
situação simples que 
podemos observar 
no cotidiano de uma 
criança. Procure 
analisá-lo sob a 
perspectiva 
piagetiana da 
próxima vez! 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 34 
 
 
Ex.: a bola rola; o vidro quebra; o gelo derrete 
na água, a areia não. 
 
 Conhecimento lógico-matemático - A partir 
daí, a criança constrói relações lógicas. 
 
Ex.: Enfileirar 10 pedras. Contar em diferentes 
direções. Refazer o desenho e contar novamente. 
Descoberta de que a soma independe da ordem. 
 
 Transmissão social - informações 
contraditórias ou desafiadoras. 
 
 Equilibração - É o processo que produz 
coordenação entre a acomodação e a 
assimilação. 
 
Coordena e regula os três fatores anteriores, 
fazendo surgir estados progressivos de equilíbrio. 
 
Obs.: Esses estados não são permanentes. 
 
A criança, ao nascer, inicia seu processo de 
equilibração sucessiva e progressiva por meio do 
desenvolvimento das estruturas da inteligência. Isto 
ocorre em quatro períodos distintos, cuja ordem é fixa. 
Em cada período, o indivíduo tem um modo típico de se 
relacionar com o mundo, determinado por uma 
estrutura mental característica que possibilita uma 
forma particular de raciocínio. 
 
O processo de equilibração 
 
O processo de equilibração sucessiva se 
caracteriza em cada um dos seguintes períodos: 
 
Quer 
saber mais? 
 
 
O conceito de 
equilíbrio, Piaget foi 
buscá-lo na Física, 
onde todo corpo 
tende a busca de 
uma homeostase ou 
estado de equilíbrio. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 35 
 
 
 Período da inteligência sensório-motora (0 - 2 
anos); 
 Período da inteligência simbólica ou pré-
operatória (2 - 7 anos); 
 Período da inteligência operatória concreta (7 
- 11/12 anos ); 
 Período da inteligência operatória formal (a 
partir de 11/12 anos com patamar de 
equilíbrio entre 14/15 anos). 
 
I - PERÍODO SENSÓRIO-MOTOR (0-2 ANOS) 
 
CONQUISTA DO MUNDO 
(evolução psíquica) 
 
 
 
 Percepção Movimentos 
 
 
Esse período se desenvolve em três estágios: 
 
1) Dos reflexos. 
 
Características: 
 Melhoria da interação através de exercício; 
 Impulsos instintivos alimentares. 
 
2) De organização das percepções e hábitos. 
 
Exemplos: 
 Sucção sistemática do polegar; 
 Virar a cabeça em direção ao ruído; 
 Seguir um objeto em movimento. 
 
3) De inteligência senso-motora. 
 
 Inteligência prática (anterior à organização do 
pensamento); 
Importante 
 
 
Quantos mitos e 
crendices foram 
superados com 
esses estudos. Pois 
foi confirmada a 
existência da 
herança biológica 
dos reflexos e da 
discriminação de 
sensações que 
contribuem para o 
desenvolvimento do 
bebê. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 36 
 
 
 Manipulação de objetos em lugar de palavras e 
conceitos (esquemas de ação). 
 
Ex.: pegar uma vareta para alcançar um objeto; 
 
 procura de objeto fora do campo da 
percepção (coberto com um lenço - mais ou 
menos 1 ano). 
 
Nesse estágio, dois processos fundamentais 
ocorrem: 
 
 Construção de categorias e de objetos. 
 
Ao categorizar, a criança aprende a agrupar 
objetos por atributos. 
 
Ex.: separar carros de bolas. 
 
 Construção da causalidade e do tempo. 
 
Aos 2 anos, a criança estrutura a noção de 
espaço (ligada ao movimento) - um espaço geral que 
compreende os outros, caracterizando as relações dos 
objetos entre si. 
 
Causalidade - É a relação entre um resultado 
empírico e a ação que o atraiu (esquema causal). 
 
Ex.: Descobrir que, puxando um cordão, o 
brinquedo se movimenta. 
 
Manifestação de sentimentos elementares ou 
afetos perceptivos ligados à própria atividade. 
 
Ex.: prazer, dor, agradável, desagradável, 
interesse pelo próprio corpo etc. 
 
Obs.: Todos os aspectos enumerados são 
diretamente influenciados e, ao mesmo tempo, 
influenciam na afetividade e inteligência. 
Dica de 
leitura 
 
 
Para brincar com o 
tempo, utilize com 
seus alunos o livro 
Alice no País das 
Maravilhas, de Lewis 
Carroll. 
Lewis Carroll foi um 
professor de 
matemática, inglês, 
que se tornou 
famoso com este 
livro. A sua primeira 
tradução para o 
português foi feita 
por Monteiro Lobato 
por volta de 1930 é 
uma das obras-
primas da literatura 
infantil mundial. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 37 
 
 
Exemplificando: 
 
Uma criança de dez meses vê, por acaso, uma 
valise no canto oposto da sala. Fixa o olho no objeto. 
Começa a deslocar-se em direção a ele. Faz todo o 
sacrifício imposto por um deslocamento desajeitado – 
arrastando-se, esbarrando nos móveis e paredes- 
enquanto consegue avistar a valise. Se em um dado 
momento, perdê-la de vista, em função de um 
anteparo, sua atenção se voltará para um outro objeto 
interessante que esteja ao seu alcance e visível no seu 
novo campo visual, dedicando sua atenção e 
movimentos corporais a esta nova imagem, 
esquecendo-se do objetivo do deslocamento anterior 
(Furth, 1986). 
 
Como podemos perceber, neste exemplo, a 
criança demonstrou vários conhecimentos práticos. Foi 
capaz de fixar seus sentidos e a orientação do corpo em 
coisas que lhe atraíam o interesse e mostrou-se capaz 
de coordenar essa habilidade com eficiência. 
Entretanto, não foi capaz de um comportamento mais 
estável em relação ao primeiro objetivo de alcançar a 
valise. Sua atenção mostrou-se inteiramente 
dependente da ação. 
 
II - PERÍODO PRÉ-OPERACIONAL (2 - 7 ANOS) 
 
Este é um período marcado pelo aparecimento 
da linguagem, capacidade de reconstituir ações 
passadas (narrativa) e antecipar ações (representação 
mental), o que causa profundas mudanças tanto na 
área afetiva quanto cognitiva. É também um poderoso 
agente de socialização, da organização do pensamento 
(interiorização da palavra) e de experiências mentais 
(interiorização da ação). 
 
Dica da 
professora 
 
 
Importante 
identificar que nesse 
período o mundo 
que existe para a 
criança é o mundo 
percebido. O objeto 
deixa de existir 
quando não 
alcançado mais pelo 
campo visual. 
Observe crianças, 
ainda menores, que 
choram na ausência 
de seus cuidadores, 
mesmo que por 
breve período de 
tempo. A existência 
do objeto é em 
tempo real, pois não 
há condições de 
fixação, na memória 
daquele objeto. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 38 
 
 
Tais mudanças não são bruscas, elas ocorrem 
em transformações lentas e sucessivas. É preciso que a 
criança reconstrua o objeto, o espaço, o tempo, as 
categorias lógicas de classes e de relações no plano da 
representação. Entretanto, é preciso ressaltar que esta 
é uma representação simbólica, uma vez que a criança 
não pensa propriamente, mas vê mentalmente o que 
evoca, no plano do egocentrismo intelectual, pois sua 
inteligência ainda não é reversível e ela ainda opera no 
concreto. Ela transporta o mundo para sua cabeça, 
transformando o real ao sabor de suas necessidades e 
desejos. 
 
Esse períodose subdivide em dois estágios: 
 
a) Estágio Pré-Conceitual (2 - 4 anos). 
 
 A criança opera em nível de representação 
simbólica (imitação); 
 Pensamento egocêntrico (não é capaz de se 
colocar no lugar do outro). 
 
É a indiferenciação entre o ponto de vista 
próprio e os pontos de vista dos outros ou entre a 
atividade própria e as transformações do objeto. É um 
fenômeno inconsciente. É uma absorção do eu nas 
coisas e nas pessoas com indiferenciação, uma vez que 
atribui ao outro qualidades provenientes de si ou da 
perspectiva particular em que está envolvido. A criança 
não relativiza por ausência de descentração. O 
egocentrismo confunde aparência com realidade, 
manifestando-se na representação que a criança faz de 
si no mundo. 
 
 Animismo - presume que todos os objetos 
estão vivos - Provém de uma assimilação das 
coisas à própria atividade. 
 Linguagem egocêntrica – sem a preocupação 
de comunicação com o outro. 
Para 
pesquisar 
 
 
Piaget fala do 
egocentrismo em 
dois níveis: 
intelectual e social. 
Procure pesquisar e 
diferenciar estes 
conceitos. 
 
 
Dica da 
professora 
 
 
Observe crianças em 
creche, há pouca 
socialização. As 
brincadeiras são 
isoladas, seu 
universo imaginário 
é grande suficiente 
para falar com 
animais, objetos e 
“amigos fantasmas”. 
Assim como, tudo 
que está ao seu 
alcance é “SEU”, 
puro egocentrismo. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 39 
 
 
 Raciocínio transdutivo - o raciocínio vai do 
particular para o particular. 
 
É a justaposição de elementos sem vinculá-los. 
A criança não estrutura suas idéias em conceitos, como 
o adulto, mas em pré-conceitos. São particulares no 
sentido em que evocam realidades igualmente 
particulares, possuindo um correlato simbólico próprio 
de cada criança. 
 
Ex.: Conta-se que uma criança de três anos, em 
dia de verão ensolarado, estranhou ao ver sua mãe 
com óculos escuros de grandes lentes. Esta, 
percebendo, tirou-o. E a criança, abrindo um largo 
sorriso exclamou: “- Agora você é minha mãe!”. 
 
Outra situação interessante é a da criança que, 
em viagem com a sua família, tendo visto uma barata 
na garagem de sua casa ao entrar no automóvel e, 
coincidentemente avistando outra barata que passava 
pelo chão do local para onde fora, exclamou: “- Ela 
também veio!” 
 
 Finalismo - tudo tem um porquê; 
 Artificialismo - As coisas foram construídas 
(as montanhas crescem - os lagos foram 
escavados) São esquemas de assimilação 
egocêntrica; 
 Imitação diferida - É a formação de um 
símbolo mental de algo que a criança vê e 
mais tarde imita. 
 
b) Estágio Pré-Lógico ou Intuitivo (4 - 7 
anos). 
 
 Raciocínio pré-lógico (baseado em 
experiências perceptuais). A criança considera 
a imagem mental em toda sua concreticidade 
e a organiza mentalmente, sem conseguir 
utilizá-las em outros lugares de sua organização 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 40 
 
 
mental. Exemplo: O objeto não pode ter duas 
funções. Se a mão se chama Maria, mais 
ninguém poderá ser Maria também. E diz ao 
coleguinha: “A minha mãe que é Maria, a sua 
mãe não é Maria, ... não é.” 
 
Ao final deste período, a criança se encontra em 
fase intermediária de não conservação e conservação. É 
o início das ligações entre estados e transformações, 
tornando possível pensá-las sob a forma reversível. 
 
 Centração - enfoque em apenas um estado de 
uma situação (volume, comprimento, etc.) 
 
 
 
 
 
Obs.: Aos 5 anos a criança não considera altura 
e largura. 
 
Por exemplo: Ao lhe mostrar dois objetos 
semelhantes às figuras acima, um vazio e outro cheio 
de água (ambos têm o mesmo volume) e, mesmo 
passando o líquido de um para o outro recipiente na 
frente dela, ao lhe perguntar em qual cabe mais a 
criança não considerará a altura e a largura para 
responder. Poderá até dizer que são iguais, mas ao se 
questionar o porquê, dirá que viu todo o líquido passar 
de um para o outro recipiente. 
 
Pelo ensaio e erro, a criança pode chegar a uma 
descoberta intuitiva de relações. 
 
 Irreversibilidade de pensamento - A criança 
não consegue reverter uma atividade, 
voltando atrás no raciocínio, a fim de 
coordenar os fenômenos previamente 
observados, com as circunstâncias presentes; 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 41 
 
 
Ex.: “Você tem um irmão?” “Sim” 
 “E ele tem uma irmã?” “Não” 
 
 Enfoque em estados - A criança não entende 
o significado da transformação (conservação); 
 
 Em exercícios de seriação com bastões, as 
respostas são intuitivas. Não faz inserções. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III - OPERAÇÕES CONCRETAS (7 - 12 ANOS) 
 
 Operações são ações no pensamento. 
É aquilo que transforma um estado A 
em um estado B deixando, pelo 
menos, uma propriedade invariante no 
decorrer da transformação, com 
possível retorno de B para A, anulando 
essa transformação. 
(Fraise e Piaget, 1979) 
 
 
 Operações concretas. 
É a capacidade de raciocinar 
logicamente, organizar os pensamentos 
em estruturas coerentes e totais, e 
dispô-los em relações hierárquicas ou 
seqüenciais. 
(Pulaski, 1980) 
Exercite o pensamento de seus alunos. Segue uma 
sugestão, a poesia de Cecília Meireles. 
 
OU ISTO OU AQUILO 
 
Ou se tem chuva e não se tem sol ou se tem sol e 
não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o 
anel, ou se põe o anel e não se calça a luva! 
Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no 
chão não sobe nos ares. 
É uma grande pena que não se possa estar ao 
mesmo tempo nos dois lugares! 
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou 
compro o doce e gasto o dinheiro. 
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo 
escolhendo o dia inteiro! 
Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio 
correndo ou fico tranqüilo. 
Mas não consegui entender nada qual é o melhor: se 
é isto ou aquilo. 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 42 
 
 
São de duas ordens as operações que se 
constroem neste período: 
 
 Operações lógico-matemáticas - São operações 
do sujeito sobre o objeto, que é visto como 
uma unidade a ser quantificada, seriada, 
classificada. Não são acompanhadas de 
imagem mental. 
 
 Operações infralógicas - São as que se 
aplicam sobre um objeto situado num espaço 
e num tempo, nas suas relações parte-todo e 
nas suas relações físicas com outros objetos. 
 
Tipos de operações infralógicas 
 
CONSERVAÇÕES FÍSICAS 
 
Conservação é uma noção operatória que 
permite à criança compreender que alterações de forma 
não causam alterações de quantidade, peso ou volume. 
 
Em nível pré-operatório a criança, por não 
descentrar (centrar a atenção em dois ou mais estados 
ao mesmo tempo), não percebe a transformação, 
ficando presa a apenas uma forma do objeto. 
 
Conservações de quantidade 
 
a) Contínua 
 
 Transvasamento de líquidos 
Identidade simples - “A água é a mesma, não 
aumenta nem diminui”. 
 
Reversibilidade; por inversão - “Se volta a água 
para o copo ela cabe toda”. 
 
Dica de 
leitura 
 
 
Sobre este tema, 
leia: 
GARDNER, H. 
Estruturas da Mente. 
Porto Alegre: 
Artmed, 2000. 
 
 
Dica da 
professora 
 
 
Gardner, ao 
formular a Teoria 
das Inteligências 
Múltiplas, tece 
algumas críticas ao 
trabalho de Piaget. 
No entanto, quando 
desenvolve sua 
teoria sobre a 
Inteligência Lógico-
Matemática, 
reconhece que 
ninguém 
desenvolveu melhor 
este tema do que o 
próprio Piaget. 
A crítica de Gardner 
diz respeito ao fato 
de Piaget não haver 
levado em 
consideração as 
outras inteligências, 
que na opinião de 
Gardner compõem o 
conjunto da 
cognição. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 43 
 
 
Reversibilidade por compensação ou 
reciprocidade de relações - “A taça é mais baixa mas é 
larga. O copo é alto, mas é estreito, é a mesma coisa”. 
 
 Alteração da forma deuma porção de massa 
 
b) Descontínua 
 
Colocar, simultaneamente, com as duas mãos 
um grão de cada vez num copo alto e estreito e num 
outro largo e baixo na frente da criança. Interromper e 
questionar: Onde há mais grãos? 
 
6/7 anos - É igual. 
7/8 anos - Você botou um de cada vez em um e 
outro, então é igual. 
 
Conservação de peso 
 
Por volta de oito anos a criança já é capaz de 
entender que um quilograma de chumbo é igual a um 
quilograma de algodão, embora, em termos de 
quantidade física, ambos aparentem grande diferença. 
A criança compreende que alterações de forma não 
são, necessariamente, acompanhadas de alteração de 
peso. 
 
Conservação de volume 
 
Por volta de nove, dez anos, a criança já deve 
ser capaz de perceber que determinado volume 
permanece inalterado, mesmo quando aparentemente 
ocupa um espaço maior. Esta noção é alcançada 
quando a criança compreende que alterações de forma, 
posição, diferenças de peso não estão, 
obrigatoriamente, associadas às variações de volume. 
 
Importante 
 
 
No entanto, deve ser 
ponderada cada uma 
dessas experiências 
em função da 
realidade e do meio 
vividos pela criança. 
Lembremos que 
Piaget era suíço e 
em seu país não 
havia fome nem 
violência. 
Portanto, flexibilizar 
os conceitos e a 
evolução das 
crianças nas 
diferentes faixas 
etárias é tarefa 
fundamental de todo 
educador. 
 
 
Dica de 
leitura 
 
 
GOULART, Iris. 
Piaget: experiências 
básicas para 
utilização pelo 
professor. 14ª ed., 
Petrópolis: Vozes, 
1998. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 44 
 
 
II - CONSERVAÇÕES ESPACIAIS 
 
Conservação de comprimento 
 
Após os sete anos, a criança já é capaz de 
entender, por exemplo, que duas retas são iguais 
mesmo quando aparentemente são diferentes, como no 
desenho abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
Obs.: A conservação de comprimento é mais 
fácil de ser entendida do que a conservação de 
quantidades contínuas, volume e peso. 
 
Tipos de operações lógicas 
 
Vejamos alguns tipos de operações lógicas e o 
desempenho das mesmas no decorrer do processo de 
desenvolvimento cognitivo. 
 
I – CLASSIFICAÇÃO – É uma operação lógica 
em que a criança é capaz de organizar objetos em 
grupos de acordo com um ou mais atributos comuns a 
eles. 
 
 Aditiva visual 
5/6 anos - um atributo 
8/9 anos - dois ou mais atributos 
 
 Aditiva antecipatória 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 45 
 
 
 
 
Ao se pedir à criança que coloque as figuras em 
envelopes, atendendo à mesma característica, usando o 
mínimo possível de envelopes, as respostas 
evidenciarão o nível de maturidade. Assim sendo, 
estruturas lógicas mais evoluídas vão caracterizar 
maior visão de síntese. 
 
 Composição de classes 
 
A classe-inclusão é um tipo de operação de 
classificação na qual a criança compreende as relações 
entre um conjunto de objetos e seus subconjuntos, e 
entre vários subconjuntos. 
 
9/10 anos - respostas corretas sobre todos e 
alguns. 
 
Obs.: A classe-inclusão é indispensável para a 
compreensão do conceito de número. 
 
 Classificação multiplicativa - por volta de 
8 anos 
 
A criança deve fazer classificações usando dois 
atributos ao mesmo tempo. 
 
 Multiplicação lógica de classes - final do 
período operatório concreto 
 
A criança deverá ser capaz de trabalhar com 
duas, três ou mais variáveis, combinando-as entre si. 
 
Dica de 
leitura 
 
 
DOLLE, Jean-Marie. 
Para compreender 
Jean Piaget: uma 
iniciação à psicologia 
genética piagetiana. 
4ª ed., Rio de 
Janeiro: Zahar, 
1983. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 46 
 
 
II - SERIAÇÃO 
 
Nas operações lógicas de seriação, o indivíduo 
faz correspondências seriais. Consiste em corresponder 
a um conjunto de objetos de tamanhos diferentes, 
outros conjuntos de objetos igualmente diferentes em 
tamanho, seriando-os e fazendo correspondência termo 
a termo. 
 
 Seriação simples; 
 Seriação complexa; 
 Transitividade - É o coroamento da operação 
lógica de seriação. 
 
Exemplo - Utilizando 3 conjuntos de botões (20 
azuis - 25 vermelhos - 30 verdes), apresentar o azul e 
o vermelho, dizendo que há menos azuis do que 
vermelhos. Afastar o azul. Apresentar o verde junto ao 
vermelho. Dizer que há menos vermelhos do que 
verdes e questionar: 
 
Qual a cor do menor conjunto? 
Qual a cor do maior conjunto? 
 
 Correspondências seriais - 7 anos - 
seriação simples 
 
III - COMPENSAÇÃO 
 
É um tipo de raciocínio que tenta restabelecer o 
equilíbrio de um sistema, modificando uma variável do 
próprio sistema ou de um sistema diferente. 
 
A criança precisa entender proporção. A partir 
da proporção qualitativa, chegará às proporções 
métricas simples. 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 47 
 
 
7/9 anos - proporções simples 
9/11 anos - proporções complexas 
 
Vamos analisar alguns casos narrados por Furth 
(1990) e teremos a possibilidade de entender melhor a 
importância da teoria apresentada. 
 
 Uma menina de nove anos de uma escola de 
elite passa duas horas alinhando algumas 
frases sobre barômetro. Sua mente está 
ocupada em copiar e memorizar palavras, em 
fixar a descrição do aspecto desse 
instrumento. Nessa atividade ela pensa 
pouquíssimo, ou quase nada, no único 
aspecto desse instrumento que poderia 
encerrar um desafio à sua inteligência – a 
compreensão da utilização e funcionamento 
do aparelho. Desta forma, seu intelecto não é 
adequadamente exercitado. Se esta criança 
tiver a oportunidade de ser estimulada a 
pensar fora da escola, provavelmente, terá a 
oportunidade de compensar tanto tempo 
perdido em tarefas escolares inúteis. 
 
 Uma criança de cinco ou seis anos menos 
afortunada, que não contou no passado com 
um meio favorável, nem conta agora com um 
meio estimulante, como é o da escola descrita 
no caso anterior, estará jogando fora a 
oportunidade de estabelecer contato com a 
energia natural que possui e perderia o 
momento de trabalhar e desenvolver sua 
inteligência em um processo de aprendizagem 
construtiva. 
 
 A aceitação de limitações mínimas 
predeterminadas para aquilo que uma criança 
é capaz de realizar, por parte dos professores, 
pais e às vezes da própria criança, tende a esti 
Dica da 
professora 
 
 
Atenção às 
considerações que 
estão sendo 
desenvolvidas nesta 
parte do texto. Elas 
são muito 
importantes! 
Marque as frases 
que você considera 
fundamentais na 
compreensão do que 
está sendo 
formulado. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 48 
 
 
mular uma atitude passiva e a fixar critérios 
de expectativas prématuros e improcedentes. 
Tal tendência é tão injusta para a criança com 
altas habilidades quanto para aquelas 
portadoras de deficiência mental. 
 
Como vimos nos exemplos apresentados, os 
estímulos oferecidos ao processo de pensar, como 
atividades desafiadoras da inteligência, é que 
favorecerão o desenvolvimento do intelecto. É neste 
caminho que a escola precisa investir se quiser 
trabalhar o desenvolvimento da inteligência de seus 
alunos como define Piaget na seguinte frase citada por 
Furth, 1990, “A lógica do desenvolvimento é o 
desenvolvimento da lógica”. 
 
A escola precisa saber que tanto existe uma 
inteligência voltada para o campo musical, quanto para 
o campo das artes plásticas, das relações sociais e dos 
cálculos matemáticos. Que para desenvolvê-la, a 
criança e o jovem precisam contar com uma escola que 
não os obriguem a parar de pensar. 
 
Reconhecer que a inteligência trata de conceitos 
gerais, tais como: o conceito de objeto (identificando 
sua natureza), o conceito de classe, de relação e de 
raciocínio lógico e que um mesmo indivíduo poderá ter 
todos estes conceitos bem desenvolvidos ou apenas 
alguns, dependendo do estímulo ambiental que recebana escola e fora dela, é um grande passo para que as 
instituições educacionais atuem com mais eficiência no 
desenvolvimento da inteligência de seus alunos. 
 
A escola para o pensamento não deveria estar 
limitada a um currículo fixo. Na análise de Furth 
(1966), “Não haveria necessidade de completar um 
programa fixo, havendo tempo amplo para se atender 
ao desenvolvimento essencial. Se ao final de quatro 
Dica de 
leitura 
 
 
Sobre currículo: 
 
MOREIRA, Antonio 
Flavio B. Currículo: 
questões atuais. 1ª 
ed., Campinas: 
 Papirus, 1997. 
 
SALES, Christina. O 
Currículo 
Construtivista na 
Educação Infantil: 
práticas e 
atividades. Tradução 
Vinícius Figueira. 
Porto Alegre: 
Artmed, 2004. 
 
ANDRADE, 
Rosamaria Calaes 
de. O Currículo 
ressignificado. Porto 
Alegre: Artmed, 
2003. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 49 
 
 
anos na escola elementar, uma criança não houvesse 
aprendido outra coisa senão usar seu intelecto nas 
atividades ordinárias de sua vida e da leitura, não seria 
este um resultado conveniente e de bons prognósticos 
para aprendizagens futuras? Ou ela deveria saber a 
data do descobrimento do Brasil, o nome dos 
presidentes, a conjugação dos verbos, para ser 
considerada bem-sucedida em seu processo de 
desenvolvimento intelectivo? 
 
 
EXERCÍCIO 1 
 
Quem foi Piaget e qual sua contribuição para a 
psicologia do desenvolvimento principalmente no que 
se refere ao desenvolvimento cognitivo? 
 
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ 
 
EXERCÍCIO 2 
 
Baseado no curso que está fazendo formule uma 
atividade que possa trabalhar com seus alunos ou 
clientes utilizando os conhecimentos da teoria 
piagetiana. 
 
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ 
Dica de 
leitura 
 
 
Sobre currículo: 
 
MOREIRA, Antonio 
Flavio B. Currículo: 
questões atuais. 
Campinas: Papirus, 
1997. 
 
SALES, Christina . O 
Currículo 
Construtivista na 
Educação Infantil: 
práticas e 
atividades. Porto 
Alegre: Artmed, 
2000. 
 
ANDRADE, 
Rosamaria Calaes 
de. O Currículo 
ressignificado. Porto 
Alegre: Artmed, 
2003. 
 
 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 50 
 
 
 
EXERCÍCIO 3 
 
Segundo Piaget, os fatores que explicam o 
desenvolvimento cognitivo são: 
 
( A ) Maturação, transmissão social e experiência 
física; 
( B ) Experiência e conhecimento lógico-matemático; 
( C ) Transmissão social, equilibração e maturação; 
( D ) Equilibração, maturação, experiência e 
transmissão social; 
( E ) Apenas o fator experiência. 
 
EXERCÍCIO 4 
 
A teoria piagetiana afirma que o desenvolvimento do 
ser humano se processa através dos períodos abaixo 
relacionados numa ordem única: 
 
I. Período pré-operacional; 
II. Período operatório formal; 
III. Período operatório concreto; 
IV. Período sensório-motor. 
 
( A ) IV, I, III, II; 
( B ) I, III, II, IV; 
( C ) II, III, I, IV; 
( D ) III, I, II, IV; 
( E ) I, II, III, IV. 
 
 RESUMO 
 
Vimos até agora: 
 
 Apresentação e discussão dos conceitos 
estruturais da epistemologia genética de Jean 
Piaget; 
Aula 2 | Jean Piaget e o desenvolvimento cognitivo 51 
 
 
 A resposta do ambiente contribui para um 
processo constante de reorganização mental, 
auto-regulando-o; 
 
 O conhecimento não procede nem da 
experiência única dos objetos nem de uma 
programação inata pré-formada no sujeito, 
mas de construções sucessivas com 
elaborações constantes de estruturas novas; 
 
 O sujeito se constrói como sujeito enquanto 
constrói o objeto. Os processos de 
acomodação levam o sujeito a estabelecer 
relações de objetividade com o mundo. Tais 
processos estão presentes durante toda a 
vida do indivíduo. 
 
 A criança, ao nascer, inicia seu processo de 
equilibração sucessiva e progressiva por meio 
do desenvolvimento das estruturas da 
inteligência. 
 
 Por fim, vimos a apresentação dos estágios 
do desenvolvimento da inteligência que 
segundo Piaget se organizam através de um 
processo interno (maturação neurológica) em 
contato com os estímulos ambientais e 
constituem as estruturas mentais; 
 
 
 
 
 
 
O modelo Histórico- 
Cultural de Vygotsky 
 
Eunice do Vale Madeira 
Maria Cristina Fontes Urrutigaray 
 
A
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A
 
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A
p
re
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n
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o
 
Nesta aula, o destaque é dado ao pensador que somente na 
década de 80 passou a ser conhecido nos meios educativos. 
Entretanto, a demora do conhecimento de sua teoria não diminui 
sua importância e valor. Lev Semenovich Vygotsky é conhecido 
como um dos principais representantes de uma escola da 
psicologia soviética denominada psicologia sócio-histórica. Para 
ele, o fundamento do funcionamento psicológico humano é 
cultural e, conseqüentemente, histórico. 
Vygotsky foi contemporâneo de Piaget, mas sua construção 
teórica difere bastante deste devido as influências recebidas pelo 
momento histórico, social e cultural que o moldou. Estamos 
falando de um pensador nascido na Rússia Czarista que viveu o 
conturbado período da Revolução Socialista e as discussões sobre 
as teses do materialismo dialético. 
Vygotsky se interessava pela formação social dos signos, neste 
sentido sua preocupação estava em torno da relação entre 
pensamento e linguagem. A linguagem que intermedia as relações 
sociais e forma o discurso interior em cada pessoa. Sendo assim, 
o funcionamento psicológico do homem é moldado pela cultura. 
 
 
O
b
je
ti
v
o
s
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 Identificar semelhanças e diferenças entre as teorias de 
Piaget e Vygotsky, que fazem parte dos conceitos 
construtivistas; 
 Reconhecer os principais postulados da teoria sócio-
histórica, bem como sua influência no processo de 
desenvolvimento e aprendizagem; 
 Destacar a importância da mediação e sua condição de 
realização nos espaços de aprendizagem; 
 Dialogar sobre o processo de formação de conceitos na 
criança que são propostos por Vygotsky. 
 
Aula 3 | O modelo histórico-cultural de Vygotsky 54 
 
 
Introdução 
 
Nesta aula vamos compreender um pouco do 
pensamento de LEV SEMENOVICH VYGOTSKY (Rússia - 
17.11.1896 / 11.06.1934). 
 
Todo inventor, até mesmo um gênio, 
sempre é conseqüência de seu tempo 
e ambiente. Sua criatividade deriva 
das necessidades que foram criadas 
antes dele e baseia-se nas 
possibilidades que, uma vez mais, 
existem fora dele. É por isso que 
observamos uma continuidade rigorosa 
no desenvolvimento histórico da 
tecnologia e da ciência. Nenhuma 
invenção ou descoberta científica 
aparece antes de serem criadas as 
condições materiais e psicológicas 
necessárias para o seu surgimento. A 
criatividade é um processo 
historicamente contínuo em que cada 
forma seguinte é determinada pelas 
precedentes. 
 (Lev. Vygotsky, apud. Veer e Valsiner, 
1999) 
 
Lev. Semyonivich Vygotsky nasceu em 5 de 
Novembro de 1896, numa cidade provinciana da 
Rússia. Descendente de judeus, sofreu sanções 
pertinentes de uma Rússia czarista anti-semita. 
Portanto era fortemente identificado com as questões 
do povo judeu, pois estes não possuíam permissão do 
governo czarista para viver fora de seus guetos 
predeterminados nem podiam servir nas fileiras do 
exército por serem considerados “pessoas não 
confiáveis”. 
 
Em meio ao total isolamento imposto pelo 
governo, inclusive o sofrimento de conviver com uma 
“cota” para admissão de judeu em instituições de 
ensino superior, assim cresceu Vygotsky. 
 
Sua formação iniciou-se em Direito, pois essa 
carreira

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