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Fundamentos da Economia II Prof. Davidson Santos Unidade 1 Contas nacionais ➢ Conceitos de macroeconomia ❑ É o estudo da economia como um todo, incluindo as causas dos ciclos de negócios, do desemprego e da inflação. Para analisar os principais fatores que afetam a inflação e o desemprego, a macroeconomia agrega a produção no PNB - Produto Nacional Bruto e os preços num índice de preços, como o deflator do PNB). A macroeconomia ignora a oferta e a demanda de bens isolados; em vez disso, analisa a oferta e a demanda de todos os bens. (WESSELS,1998). ❑ Ocupa-se do estudo do funcionamento da economia em seu conjunto, Seu propósito é obter uma visão simplificada, mas que ao mesmo tempo permita conhecer o nível de atividade da atividade econômica de determinado país ou de um conjunto de países e atuar sobre ele (MOCHÓN, 2007). Introdução (conceitos), PIB, renda e demanda ➢ Conceitos relevantes relacionados a macroeconomia ❑ POLÍTICA MACROECONÔMICA é o conjunto de medidas governamentais que tentam influenciar o andamento da economia em seu conjunto. Os objetivos chave da política econômica costumam ser a produção, o emprego e a estabilidade dos preços (MOCHÓN, 2007). ❑ DEMANDA AGREGADA: quantidade total real de bens e serviços demandados pela economia. ❑ OFERTA AGREGADA: quantidade total real de bens e serviços produzidos na economia. ❑ INFLAÇÃO: aumento generalizado e contínuo do nível geral de preços. ❑ JURO: pagamento pelo uso do dinheiro por um determinado período de tempo. ❑ PIB (PRODUTO INTENO BRUTO): é o conjunto de riquezas geradas pela produção de bens e serviços num país durante um ano. A coleta para apuração do PIB é feita em três grandes setores: Agropecuário, indústria e serviços. Introdução (conceitos), PIB, renda e demanda ➢ Conceitos relevantes relacionados a macroeconomia ❑ TAXA DE DESEMPREGO: a porcentagem da força de trabalho que está desempregada. É definida como os desempregados que estão ativamente procurando trabalho, esperando serem recontratados ou se apresentarem a um emprego. ❑ PEA - População economicamente ativa: é formada por todas as pessoas empregadas e pelas desempregadas que estejam buscando trabalho. ❑ Taxa de desemprego = Numero de desempregados/ PEA ❑ DÉFICIT PÚBLICO: receita pública menor que despesa pública. ❑ TAXA DE CÂMBIO: o preço da moeda de uma nação nos termos da moeda de uma outra nação. ❑ TAXA DE JUROS: taxa que remunera o capital investido. Introdução (conceitos), PIB, renda e demanda ➢ Desafios da macroeconomia ❑ Em primeiro lugar, em decidir o que produzir e em quais quantidades. Sendo os recursos produtivos limitados, com mão-de- obra especializada (engenheiros, técnicos de nível médio, etc.), capital fixo (máquinas, equipamento, prédios, estradas, portos), capital financeiro para pagar os trabalhadores e adquirir matérias- primas, terras férteis para a agricultura e empresários dispostos a arriscar seus recursos no setor produtivo, e as necessidades humanas ilimitadas, a sociedade precisa decidir qual será a composição dos bens e serviços que naquele período será produzido e em quais quantidades. ❑ Em segundo lugar, vem a questão de como produzir, que diz respeito à tecnologia. ❑ Em terceiro lugar, a decisão para quem produzir é tomada pelas empresas, em função da expectativa de realizar lucro. Introdução (conceitos), PIB, renda e demanda ➢ Bens e serviços ❑ Bens são definidos como objetos da produção humana que podem ser armazenados por algum tempo, pelo menos. Os bens podem ser ditos econômicos ou livres. Bens econômicos são aqueles que são escassos. Os bens que se encontram em abundância na economia são os bens livres, ou seja, os que se encontram disponíveis a custo zero. ❑ Os bens econômicos classificam-se em: ✓ Bens de consumo: são aqueles adquiridos pelas famílias podendo ser bens de consumo durável ou não durável. Os Bens de consumo durável são aqueles que são utilizados durante um tempo relativamente longo, como um refrigerador ou um automóvel. Os Bens de consumo não duráveis são usados por um prazo curto ou apenas poucas vezes como os alimentos. ✓ Bens de capital: São aqueles que são empregados direta e indiretamente na geração de outros bens. Exemplos: máquinas, equipamentos, prédios e material de transporte. Introdução (conceitos), PIB, renda e demanda ➢ Bens e serviços ❑ Os bens econômicos classificam-se em: ✓ Bens públicos: Os Bens Públicos são bens que, a princípio, a iniciativa privada não teria interesse em produzir e, por isso, são oferecidos pelo Governo. Exemplos de bens públicos são a iluminação pública e a segurança nacional. ✓ Bens intermediários: São insumos e matérias primas utilizados na produção de bens. ❑ Serviços: são prestados por pessoas ou empresas a outras pessoas ou outras empresas e não podem ser armazenados. Uma aula na faculdade, por exemplo, é um serviço; é oferecida por uma empresa – a faculdade – a outras pessoas – os alunos – e não pode ser armazenada – se o aluno faltar uma aula ele fica sem ela apesar de tê-la pago. Introdução (conceitos), PIB, renda e demanda ➢ Através desta ótica, estudamos todas as variáveis que fazem parte da produção de um país. ➢ Valor Bruto da Produção (VBP): é a soma do valor de todos os bens e serviços que foram produzidos ao longo de um ano por um país. Estes bens e serviços são agrupados em (VBP = BC + BK + BP + BI): ✓ Bens e Serviços de Consumo (BC): são consumidos pelas famílias residentes no país com o objetivo de saciar suas necessidades e desejos. Podem ser divididos entre bens duráveis, não-duráveis e semiduráveis. ✓ Bens e Serviços de Capital (BK): são utilizados pelas empresas com o objetivo de ampliar o potencial produtivo da economia ou repor a depreciação ocorrida ao longo do período. A compra deste tipo de bens pelas empresas é chamada de investimento. ✓ Bens e Serviços Públicos (BP): são pagos pelo governo e não podem ser individualizados. Aqui estão a segurança, o transporte, a educação e a saúde, entre outros serviços oferecidos pelo governo. ✓ Bens e Serviços Intermediários (BI): são os produtos destinados à produção quaisquer outros bens. Nesta categoria estão os insumos e as matérias- primas. Ótica da Produção ➢ Agora vamos examinar a economia pelo lado de quem compra. Reparem que, os agentes econômicos só compram produtos finais e não bens intermediários. Eles não deixaram de existir mas estão inseridos nos outros bens. ➢ Lembrete: Quando um indivíduo compra um bem de consumo ele faz um consumo (C), uma empresa ao comprar um bem de capital faz um investimento (I) e quando o governo compra um bem público ele fez um gasto (G). ➢ PRODUTO INTERNO BRUTO – O IBGE, a instituição encarregada de coletar, reunir e analisar os dados sobre a produção total da economia brasileira. ❑ Divide a produção em quatro categorias: ✓ Consumo das famílias (C) - bens e serviços comprados por elas. ✓ Investimentos privados (I) - comprados pelas empresas. ✓ Gasto público (G) – bens e serviços comprados pela administração publica. ✓ Exportações liquidas(NX) bens e serviços comprados por estrangeiros, menos as importações. ✓ Somando os quatro grupos obtemos o PIB: ✓ PIB = C + I + G + NX ✓ Isto é, o produto interno bruto (PIB) é igual ao consumo privado (C) mais o investimento privado (I) mais o gasto público (G) mais as exportações (X) e menos as importações (M). Ótica da Demanda ➢ Renda Nacional (Y): é a soma de todos os valores pagos a todos os fatores de produção. ➢ Lembrete: Fator de produção é tudo que é necessário para se produzir qualquer tipo de bem: trabalho, capital, terra e capacidade empresarial. As remunerações deles são: salários, juros, alugueis e lucros. ➢ Y = salários + juros + alugueis + lucros. ➢ Renda Líquida (RL): é o saldo do valor da remuneração dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis e lucros) mais doações recebidos por um país e pagos pelo país ao longo de um ano. ➢ RL = ∑(sal + jur + alug + luc+ doa)rec – ∑(sal + jur + alug + luc + doa)pag ➢ Produto Nacional Bruto (PNB): é a soma do valor de todos os bens e serviços que foram produzidos ao longo de um ano, em qualquer lugar do mundo, por um país. ➢ No caso brasileiro, como a renda líquida é negativa: ➢ PNB = PIB – RL Ótica da Renda ➢ Renda Disponível (Yd): A renda disponível do setor privado (indivíduos e empresas) da sociedade é a renda que a sociedade possui de fato para seu uso. ➢ O valor desta renda não é igual à renda disponível, pois como já vimos, parte dela não fica aqui. É enviada para outros países na variável renda líquida enviada para o exterior; e ao enviarmos esta renda para o exterior, o que sobra é o produto nacional bruto. ➢ Lembrete: PIB – RL = PNB. Y = PIB ➢ Impostos (T): parcela da renda produzida em um país que é paga ao governo para que ele possa garantir a produção de serviços públicos necessários ao país. ➢ Ao subtrair-se do produto nacional bruto os impostos, obtém-se a renda disponível do setor privado da sociedade. ➢ Yd = Y – RL – T ➢ Lembrando que: Necessidades setoriais de financiamento TRLYY PNB d −−= ➢ Observe: PIB =C + I + G-T + X - M ➢ Observe que (G – T) são as variáveis que dizem respeito ao governo: G são seus gastos e T sua arrecadação. Então, (G – T) representa a necessidade de financiamento do governo. Se o governo realiza gastos públicos (G) acima de sua arrecadação (T), isto é, G > T, ele não pode arcar com os gastos e precisa buscar financiamento em algum outro setor da economia: ou no setor interno (gerando dívida interna) ou externo (criando dívida externa). ➢ Poupança (S): é a parcela da renda disponível que não é utilizada para consumo. ➢ Só pode haver dois destinos para a renda disponível (Yd): ou ela é consumida (C) ou é poupada (S). ➢ Yd = C + S Necessidades setoriais de financiamento ➢ Relações entre variáveis macroeconômicas ❑ É fácil perceber-se que, quanto maior a renda do país, mais o governo arrecadará através dos impostos. Isto porque os indivíduos pagam impostos sobre a renda e as empresas sobre os lucros. Além disso, incidem sobre todos os produtos algum tipo de impostos e, então, quando o indivíduo compra qualquer bem que seja, está pagando algum, ou alguns, impostos. ❑ Isto é expresso na relação: t = f (Y) ❑ A relação acima diz que se a renda (y) aumentar, o valor pago de imposto (t) se elevará também. Como ao aumentar um, aumenta-se o outro. ❑ Note que, esta relação não está dizendo que quando se aumenta a renda, aumenta-se a quantidade de impostos... O que aumenta é o valor pago de impostos! Identidade fundamental macroecômica Unidade 2 Mercado interno ➢ Política fiscal (Curva IS) ❑ A curva IS indica os pontos de equilíbrio no mercado de bens e serviços. PIB = Y( renda) PIB = C + I + G + X – M. Nos pontos em cima da curva IS, tudo o que está sendo produzido (PIB) é igual a tudo que está sendo demandado logo não falta nem sobra produto. ❑ Nos pontos a direita da curva IS há um acúmulo inesperado de estoques porque o que está sendo produzido (PIB) é maior do que o que está sendo demandado. PIB > D (Excesso de estoques) ❑ Nos pontos a esquerda, há uma redução inesperada de estoques porque o que está sendo produzido (PIB) é menor do que o que está sendo demandado. PIB < D (Falta de estoques) Mercado de bens e serviços: curva IS, política fiscal ➢ Política fiscal (Curva IS) ❑ Política fiscal: Quando o governo faz alguma política através dos gastos do governo, significa que ele está intervindo no mercado de bens e serviços. Quando ele faz isso dizemos que esta fazendo uma política fiscal. Política fiscal: E um conjunto de diretrizes do Governo, envolvendo administração de Receitas e despesas do governo. ❑ Política Expansionista: Quando o resultado desta política fiscal é um aumento na renda (y) do país dizemos que ela é expansionista e a curva IS se deslocará para a direita. ❑ Política Contracionista: Quando o resultado desta política fiscal é uma redução na renda (y) do país dizemos que ela é contracionista e a curva IS se deslocará para a esquerda. ❑ Se o governo decide aumentar seus gastos: A variável gastos (G) está na equação do PIB, então o governo está intervindo no mercado de bens e serviços então ela é política fiscal. Se o governo aumenta os gastos, ocorre uma elevação da renda, isto é, o aumento dos gastos é uma política fiscal expansionista e a curva IS se deslocará para a direita. Mercado de bens e serviços: curva IS, política fiscal ➢ Banco Central (BACEN): é a instituição responsável pela emissão, circulação e destruição de moeda. Seu objetivo é manter o valor da moeda nacional, isto é, garantir a estabilidade de preços na economia. ➢ Oferta de Moeda: é toda moeda que, de alguma forma, foi colocada em circulação pelo Bacen. ➢ Bancos comerciais e multiplicação monetária ❑ Um banco comercial obtém lucros através de empréstimos. Quando um agente econômico (indivíduos ou empresas) deposita seu dinheiro em um banco comercial, este banco não vai simplesmente guardá-lo até quando o indivíduo quiser seu dinheiro de volta. Vai emprestá-lo e receber juros por ele. ❑ Os bancos comerciais só existem por poderem emprestar dinheiro; eles não existiriam com o único objetivo de manter o dinheiro de seus clientes seguro. Mercado Monetário ➢ O Bacen necessita de instrumentos de controle da oferta de moeda para evitar que ela se torne abundante ou escassa. Para isso, ele possui três instrumentos: 1) Alíquota do Depósito Compulsório: Este depósito é um percentual de todos os depósitos realizados nos bancos comerciais. Este valor é recolhido obrigatoriamente ao Banco Central. ➢ O banco comercial é obrigado a recolher parte do dinheiro depositado ao Bacen, guarda outra menor parte em caixa para atender ao movimento diário de seus clientes e o que sobra é emprestado aos agentes econômicos (indivíduos, empresas ou governo) em troca de juros. Instrumentos de política monetária ➢ Multiplicação Monetária: é um processo criado através de empréstimos concedidos pelos bancos e, o principal objetivo do depósito compulsório é controlar este processo. ❑ Suponha que o depósito compulsório seja de 40%, os bancos comerciais guardem 10% de seus depósitos em caixa para os eventuais saques – restando 50% dos depósitos nos bancos para serem emprestados, e que os agentes econômicos mantêm todo seu dinheiro depositado em bancos. ❑ A partir desta situação, João recebeu uma nota de 100 que depositou no Banco A. O Banco A emprestará 50 (50% de 100) deste depósito para a Maria. Ela depositará este valor no Banco B. O Banco B emprestará 25 (50% de 50) para o José que o depositará no Banco C. O Banco C emprestará 12,50 (50% de 25) para a Lucia...Este processo continuará até não haver mais dinheiro para emprestar...Mas, se alguns dias depois o Joao, a Maria, o José e a Lucia quiserem sacar seu dinheiro, como eles não são as únicas pessoas existentes e, há muitas outras pessoas que não querem sacar seu dinheiro, os bancos tem dinheiro para eles. ❑ Isto é o Joao terá 100, a Maria 50, o José 25 e a Lucia 12,50, totalizando 187,50. Instrumentos de política monetária ➢ O Bacen necessita de instrumentos de controle da oferta de moeda para evitar que ela se torne abundante ou escassa. Para isso, ele possui três instrumentos: 2) Operações de Mercado Aberto (Open Market): São as operações do dia-a-dia de compra e venda de títulos públicos. Quando o Bacen vende títulos ele entrega um papel para o setor privado e recebe em troca moeda, reduzindo-se a quantidade de moeda em circulação, isto é, a oferta de moeda. Quando ele compra, ocorre o oposto. 3) Taxa de Redesconto: Também conhecida por taxa básica de juros e, no Brasil, por taxa Selic, é a taxa de juros que os bancos comerciais pagam quando tomam dinheiro emprestado no Bacen. Como os juros que os bancos comerciais pagarão caso precisem empréstimos, os juros que cobrarão dos outros agentes econômicos serão maiores do que a taxa que eles pagam ao Bacen. Se o Bacen aumenta a taxa de redesconto,os bancos comerciais são obrigados a elevar suas taxas de juros também para não incorrerem em prejuízos e, assim, a demanda por moeda é desestimulada. Instrumentos de política monetária ➢ Moedas e títulos ➢ No modelo macroeconômico desenvolvido aqui, supõe-se que existem apenas dois ativos na economia: moeda e títulos. ❑ Moeda: são o papel-moeda em poder do público e os depósitos à vista nos bancos comerciais. ❑ Títulos: incluem não somente os títulos público e privado mas também outros ativos que os agentes econômicos possuam tais como suas propriedades. ❑ Liquidez: é a facilidade que um ativo pode ser utilizado para a compra de algum bem ou serviço. Instrumentos de política monetária ➢ Moedas e títulos ❑ Existem duas grandes diferenças entre moeda e títulos. A primeira é que a moeda tem uma liquidez maior do que os títulos. Isto é, a moeda é o meio entre transações econômicas, sendo sempre aceita como forma de pagamento. Se um indivíduo tenta pagar uma transação com títulos do governo, nem sempre ele conseguirá que o outro os aceite e por isso títulos têm menos liquidez. A moeda corrente no país, por sua vez, sempre será aceita como pagamento. ❑ A segunda diferença é que os títulos possuem algum rendimento (juros) enquanto que a moeda não. O papel-moeda guardado na carteira não rende juros, enquanto que os títulos rendem. Os agentes econômicos então precisam decidir entre guardar moeda (para realizar suas transações) ou títulos (que rendem juros). Instrumentos de política monetária ➢ A curva LM indica os pontos de equilíbrio no mercado monetário, isto é, onde a demanda por moeda for igual à oferta de moeda. ➢ Nos pontos à esquerda da LM, a taxa de juros é maior do que a taxa de equilíbrio. Se os juros estão altos, os indivíduos vão preferir títulos do que moeda. A oferta de moeda será maior do que a demanda por moeda. ❑ r – Taxa de Juros / y - Renda A curva LM ➢ Para haver um equilíbrio interno na economia de um país é necessário que haja equilíbrio do mercado de bens e serviços com o mercado monetário. Isto ocorre no ponto onde a IS cruza com a LM. ➢ r – Taxa de Juros / y - Renda Equilíbrio nos mercados de bens e serviços e monetário y r LM IS y r Unidade 3 Mercado externo ➢ Na primeira parte deste curso foi estudado somente o equilíbrio interno de uma economia. Cabe agora incorporar ao modelo o setor externo da economia. ➢ Balanço de Pagamentos: É o registro do valor, ao longo de um ano, entre todas as transações realizadas entre o país e o resto do mundo. ➢ O balanço de pagamento possui duas contas: corrente e capital. ➢ A conta corrente do balanço de pagamentos é composta por: ❑ Balança Comercial: é a conta onde são registradas as exportações e as importações de mercadorias; ❑ Serviços Não-Fatores: são os pagamentos de serviços tais como: fretes, seguros, turismo e serviços diplomáticos; ❑ Serviços de Fatores: são os pagamentos dos fatores de produção : salários, aluguéis, juros, lucros e dividendos; ❑ Transferências Unilaterais: doações entre países e remessas/recebimento de migrantes. O setor externo da economia ➢ Temos, a partir das subcontas da conta corrente do balanço de pagamentos, as seguintes relações: ➢ Balança Comercial + Serviços Não-Fatores + Serviços de Fatores + Transferências Unilaterais. A soma das quatro contas é igual ao saldo de conta corrente do balanço de pagamentos (scc). O setor externo da economia ➢ A conta capital do balanço de pagamentos é composta por: ❑ Investimento Direto (id): é o saldo entre os investimentos estrangeiros realizados no país e os investimentos de empresas nacionais no exterior; ❑ Empréstimos e Financiamentos (ef): é o saldo dos empréstimos e financiamentos realizados por bancos, empresas e governos; ❑ Amortizações (am): são os pagamentos dos empréstimos realizados anteriormente; ❑ Outros Capitais (ok): englobam pequenas operações não caracterizadas nas contas anteriores. ➢ Quando são somadas as quatro subcontas da conta capital do balanço de pagamentos obtém-se o saldo de conta capital (sck). sck = id + ef – am + ok O setor externo da economia ➢ Atenção em relação os sinais das variáveis. Os sinais nas equações correspondem ao caso brasileiro. Para saber o sinal é necessário verificar-se a direção dos dólares. Se eles estão entrando no Brasil, o sinal é positivo. Se estiverem saindo, negativo. ➢ As únicas variáveis cujos sinais não mudam são exportações (x, sempre positivo) e importações (m, sempre negativo). ➢ O saldo do balanço de pagamentos (sbp) é a soma entre suas duas contas e uma parcela chamada de Saldo de Erros e Omissões (seo). O balanço de um país nunca fecha. Isto acontece porque sempre há erros ou omissões na contabilização de tantas operações. O saldo de erros e omissões é utilizado para ajustes finais. sbp = scc + sck + seo O setor externo da economia ➢ Exemplo de balanço de pagamentos – R$ O setor externo da economia ➢ Variação de reservas/divisas internacionais ❑ Reservas ou Divisas Internacionais: São o estoque de moeda estrangeira armazenada no Bacen. ❑ Quando o país exporta mais do que importa (x > m), ele obtém um superávit na conta corrente do balanço de pagamentos. Isto significa que estão entrando mais dólares no país do que saindo, aumentando suas reservas internacionais. ❑ Quando o exportador exporta seus produtos ele recebe dólares em troca deles. Mas como não é permitido usar dólares como moeda nacional, ele tem um prazo legal para trocar esses dólares no Bacen. Como há registros da exportação de seu produto, ele não tem outra opção a não ser trocá-los no Bacen. ❑ Este prazo e esta obrigatoriedade é chamada de cobertura cambial. O setor externo da economia ➢ Variação de reservas/divisas internacionais ❑ Quando ele entrega seus dólares ao Bacen, recebe de troca a moeda nacional, o real. Isto é, há um aumento da oferta de moeda. O setor externo da economia ➢ Variação de reservas/divisas internacionais ❑ Quando, por outro lado, o país importa mais do que exporta (m > x), ele obtém um déficit na conta corrente do balanço de pagamentos. A consequência disto é que saem mais dólares no país do que entram, reduzindo suas dividas internacionais. ❑ Quando o importador importa seus produtos ele precisa entregar dólares para o resto do mundo. Para ele poder pagar em dólares suas compras, o Bacen precisa vender-lhe dólares. Isto é, o importador entrega reais ao Bacen e recebe dólares em troca. O setor externo da economia ➢ Origem das reservas ❑ As reservas internacionais tem sua origem em qualquer operação na qual entre dólares no país. Isto é, não são só as exportações que aumentam as reservas mas também o empréstimo em outros países, os investimentos diretos feitos no país, etc. ❑ Quando o Brasil faz um empréstimo em outro país ele recebe dólares que entram no país aumentando as reservas. Mas, no futuro, ele deverá pagar o empréstimo – através da conta amortização, e ainda juros, fazendo com que os dólares que sairão no futuro sejam mais do que os que entraram hoje. ❑ Quando uma empresa estrangeira decide se instalar no Brasil, as reservas internacionais aumentarão por causa do montante de dólares que ela precisará trazer para cá. Mas, no futuro, ela remeterá lucros para o exterior, retirando do Brasil montantes até maiores do que ela investiu aqui. O setor externo da economia ➢ Destino das reservas ❑ As reservas são utilizadas para o pagamento em moeda estrangeira para qualquer outro país. Elas são necessárias para que o país possa importar o que necessite, pague a dívida externa, permita que as empresas estrangeiras possam remeter seus lucros para o exterior, etc. ➢ Relações entre variáveis ❑ Exportações ✓ A primeira variável descrita no modelo é o nível de preços domésticos (p). Quando há um aumento nos preços do país – inflação, o produto nacional fica mais caro não só para o residente no país, mas também para o resto do mundo. Isto fará que o país venda menos para o exterior. Quando aumentam os preços no país, as exportaçõesse reduzem também. ✓ p -> x O setor externo da economia ➢ Relações entre variáveis ❑ Exportações ✓ A segunda variável é chamada de preços no resto do mundo (p*) . Quando há inflação no resto do mundo – e não no país em questão, o produto nacional fica mais barato para os demais países e por isso a relação é positiva: quando aumentam os preços no resto do mundo, as exportações se elevam. ✓ p* -> x ❖ Usaremos o asterisco após a variável para representar variáveis externas ao país. O setor externo da economia ➢ Relações entre variáveis ❑ Exportações ✓ A terceira variável é a taxa de câmbio (tc) e seu sinal é positivo significando que, um aumento da taxa de câmbio eleva as exportações. Isto ocorre, pois quando a taxa de câmbio aumenta, agora é possível com um dólar comprar mais produtos no país. Isto é, com a elevação da taxa de câmbio, o produto nacional fica relativamente mais barato para o resto do mundo. ✓ Imagine, por exemplo, 100.000 toneladas exportadas a uma TC Real/dólar= R$3,00 R$300.000 ✓ Se a taxa de cambio Real/Dolar passar a = R$3,20 temos que 100.000x 3.20= R$320.000 ✓ tc -> x ❖ Usaremos o asterisco após a variável para representar variáveis externas ao país. O setor externo da economia ➢ Relações entre variáveis ❑ Exportações ✓ A última variável importante para as exportações é a renda do resto do mundo (y*) e o sinal é positivo. ✓ Similarmente, ao crescer a renda de uma família, seu consumo se eleva, o mesmo ocorre com a renda dos demais países. Se ela cresce, seu consumo e suas importações crescem, elevando as exportações nacionais. ✓ y* -> x ❖ Usaremos o asterisco após a variável para representar variáveis externas ao país. O setor externo da economia ➢ Relações entre variáveis ❑ Importações ✓ A relação entre as variáveis relativas às importações é semelhante a das exportações, podendo escrita como: ✓ As três primeiras variáveis do modelo são as mesmas das exportações, mas com sinais contrários. ✓ Se os preços no país se elevam, significa que os produtos importados estão ficando relativamente mais baratos fazendo com que as importações cresçam. ✓ p -> m ❖ Usaremos o asterisco após a variável para representar variáveis externas ao país. O setor externo da economia ➢ Relações entre variáveis ❑ Importações ✓ Os preços no exterior têm o efeito contrário. Quando eles crescem, os produtos do exterior ficam mais caros que o nacional, fazendo com que suas importações se reduzam. ✓ p* -> m ❖ Usaremos o asterisco após a variável para representar variáveis externas ao país. O setor externo da economia ➢ Relações entre variáveis ❑ Importações ✓ Com a elevação da taxa de câmbio, os produtos do resto do mundo ficam relativamente mais caros que os nacionais. Assim, o país vai importar menos. ✓ Imagine, por exemplo, 100.000 toneladas importadas a uma TC Real/dólar= R$3,00 R$300.000 ✓ Se a taxa de cambio Real/Dolar passar a = R$3,20 temos que 100.000x 3.20= R$320.000 ✓ As importações ficam mais caras: ✓ tc -> m ❖ Usaremos o asterisco após a variável para representar variáveis externas ao país. O setor externo da economia ➢ Relações entre variáveis ❑ Importações ✓ A única variável diferente em relação às exportações é a renda (y) e o sinal é positivo significando que, quanto maior a renda maior as importações. É razoável presumir que, ao elevar sua renda um indivíduo passe a consumir mais. ✓ Repare que em um país como o Brasil, por exemplo, poderia se imaginar que o aumento do consumo de bananas não elevasse as importações. Mas eleva porque, para as bananas serem transportadas para as cidades é preciso combustível – que é importado. ✓ y -> m ❖ Usaremos o asterisco após a variável para representar variáveis externas ao país. O setor externo da economia ➢ Renda líquida enviada para o exterior ❑ A renda líquida enviada para o exterior (rl) pode ser explicada em função de duas variáveis: ❑ A primeira delas é função da taxa de juros externa (r*). Se a taxa de juros externa se eleva, o país precisa pagar mais juros, elevando a renda líquida enviada para o exterior. ❑ r* -> rl ❑ E a segunda é o montante da dívida externa. Quanto maior a dívida externa, maior a renda líquida enviada para o exterior. ❑ de -> rl Curva BP ➢ Saldo da conta capital (sck) ❑ No comportamento do saldo da conta de capital entram duas variáveis. ❑ sck = f (r) ❑ A primeira é a taxa de juros praticada domesticamente. Se as taxas de juros (r) do país se elevam, os títulos deste país ficam mais atrativos para os estrangeiros, pois eles ficam mais valorizados relativamente aos títulos estrangeiros, fazendo com que os demais países apliquem seu dinheiro no país. ❑ r -> sck ❑ A segunda variável é a taxa de juros exterior. Se ela se eleva, os títulos estrangeiros ficam mais rentáveis que os domésticos fazendo com que as aplicações feitas no país se transfiram para os outros países. ❑ r* -> sck Curva BP ➢ A curva BP indica os pontos de equilíbrio no externo da economia, isto é, onde a entrada de dólares é igual à saída. Em qualquer ponto sobre a curva BP há equilíbrio externo. ➢ Nos pontos a esquerda da BP são pontos de desequilíbrio nos quais a entrada de dólares é maior do que a saída, aumentando as reservas internacionais (ri) e gerando um superávit no saldo do balanço de pagamentos. ➢ Nos pontos a direita da BP ocorre o oposto, a saída de dólares é maior do que a entrada, reduzindo as reservas internacionais (ri) e gerando déficit no saldo do balanço de pagamentos. Curva BP ➢ Política fiscal e taxa de câmbio fixa ❑ Quando ocorre um déficit no saldo do balanço de pagamentos no regime de taxas de câmbio fixas, houve um aumento do consumo. Com o aumento do consumo, as importações aumentam o que, por sua vez, aumenta a demanda por moeda estrangeira porque, para importar são necessários dólares. Como a oferta de dólares não se alterou temos uma situação de demanda maior do que a oferta, o que forçaria o preço do dólar – a taxa de câmbio, para cima. ❑ Mas, como o regime de taxas de câmbio adotado é o de taxas fixas, o Banco Central precisa intervir para que este aumento da taxa de câmbio não se concretize. Como a demanda por moeda estrangeira está maior do que a oferta, o Banco Central vende a parte necessária de suas reservas internacionais de dólares que supra a falta deles no mercado. Dessa forma o Banco central iguala a oferta de dólares com sua demanda fazendo com que a taxa de câmbio não se altere. Regimes de taxa de câmbio: fixas e flutuantes ➢ Política fiscal e taxa de câmbio flexível ❑ Como no caso da taxa de câmbio flexível o Banco Central não interfere no mercado, o aumento das importações em função do aumento do consumo e o subsequente aumento da demanda por dólares, mantida a oferta de dólares constante, provoca uma elevação da taxa de câmbio. ❑ A elevação da taxa de câmbio incentiva as exportações e desestimula as importações fazendo que os exportadores produzam mais e os consumidores consumam mais produtos nacionais. Estes dois efeitos provocam uma redução inesperada dos estoques, elevando os investimentos que empregam mais trabalhadores. Estes consumirão mais, elevando a demanda e posteriormente, a renda. Regimes de taxa de câmbio: fixas e flutuantes Unidade 4 Tópicos avançados ➢ Inflação ❑ Vamos acrescentar agora em nosso modelo variações de preços. Um aumento do nível dos preços na economia é chamado de inflação. O contrário é dito deflação. ❑ Nível geral de preços: Já que estamos tratando de agregados econômicos, esta variação de preços é calculada através da média entre os preços de todos os bens e serviços encontrados no país. Como é impossível calcular esta média mensalmente para todos os bens e serviços, são selecionados alguns bens cujos preços tenham impacto para a maioria dos brasileiros. ❑ Inflação: Ocorre quando o nível geral de preços aumentou. Como é uma média, alguns preços podem até ter se reduzido mas, na média, o conjunto de bens e serviços aumentou de preço. ❑ preços = Inflação. ➢ Deflação ❑Redução do nível geral de preços. ❑ preços = deflação Inflação e Deflação ➢ Inflação (Cálculo) ❑ Vamos ver, simplificadamente, como pode ser calculado um índice geral de preços. ❑ A fórmula que utilizaremos é: ❑ Esta formula deve ser utilizada para calcular o reajuste de todos os bens que estiverem na cesta básica. Inflação e Deflação Bem/Serviço Jan Fev % Arroz 2,00 1,80 1,80 − 2,00 2,00 ∗ 100 = −10% Feijão 2,00 4,00 4,00 − 2,00 2,00 ∗ 100 = 100% Mensalidade Escolar 100,00 120,00 120,00 − 100,00 100,00 ∗ 100 = 20% Passagem de Ônibus 3,80 3,80 3,80 − 3,80 3,80 ∗ 100 = 0% ➢ Inflação (Cálculo) ❑ Feito isso, foram calculados os reajustes que aconteceram entre janeiro e fevereiro nos quatro bens/serviços que estão neste exemplo de cesta básica. ❑ Para calcular a inflação no mês de fevereiro, soma-se todos os reajustes encontrados e divide-se pelo número de bens/serviço que estão na cesta básica. ❑ A inflação no mês de fevereiro foi, então, de 27,5%. Inflação e Deflação 𝐼𝑁𝐹𝑓𝑒𝑣 = (−10% + 100% + 20% + 0%) 4 = 27,5% ➢ Alban W. Phillips foi um economista inglês que, em 1958, publicou um trabalho relacionando salários (w) e desemprego (u). Utilizando dados históricos ingleses ele comprovou haver uma relação inversa entre salários e desemprego. Isto é, em períodos nos quais os salários eram altos, o desemprego era baixo. E, quando o desemprego era alto, os salários eram baixos. ➢ Graficamente: Curva de Phillips ➢ Em 1960, dois economistas, Samuelson e Solow, chamaram a atenção de que, como os preços da economia são determinados a partir dos salários pagos, um aumento de salário causaria um aumento do nível de preços, isto é, da inflação. Eles sugeriram, então, que a curva de Phillips fosse modificada para mostrar a relação entre desemprego (u) e inflação (Π). ➢ Esta curva mostra que existe o que os economistas chamam de trade-off entre inflação e desemprego. São dois males que as equipes econômicas dos Governos precisam escolher qual deles os incomoda mais. ➢ As políticas econômicas que reduzem as taxas de desemprego aumentam a inflação (políticas expansionistas). Da mesma forma, uma política econômica que reduz a inflação, reduz também o desenvolvimento econômico do país, elevando as taxas de desemprego (Políticas contracionistas). Samuelson e Solow ➢ Arthur Laffer demonstrou um aspecto bastante interessante sobre impostos. ➢ Sabe-se que a arrecadação que o governo obtém depende do percentual de impostos cobrados. A princípio, temos a impressão de que quanto maior o percentual pago, maior a arrecadação do governo. Laffer demonstrou que nem sempre isso é verdade... ➢ É obvio que, se o percentual for zero, o governo não arrecadará nada. Conforme a taxa tributária for aumentando, sua arrecadação também aumentará. Mas repare que, se a taxa tributária for igual a 100%, ninguém mais trabalharia nem produziria pois teriam de entregar ao governo tudo o que ganharam e ninguém está disposto a trabalhar de graça. Isto é, se a taxa tributária for igual a 100%, o governo também não arrecadará nada. ➢ A partir daí Laffer traçou a curva abaixo. Curva de Laffer ➢ Apesar de muita gente utilizar os dois termos como sinônimos, crescimento econômico não é a mesma coisa que desenvolvimento econômico. ➢ Crescimento econômico é medido pelo crescimento do PIB. Mas um país pode crescer sem distribuir esse aumento de riqueza para sua população. ➢ Desenvolvimento Econômico: ocorre quando a riqueza produzida no país é distribuída de forma a melhorar a qualidade de vida de sua população. ➢ Um país pode crescer sem se desenvolver mas não pode se desenvolver sem crescer pois não teria o que distribuir. Desenvolvimento econômico ➢ O mecanismo que permite distribuir a riqueza de forma a promover desenvolvimento econômico são os impostos. ➢ Se há uma progressão nos impostos de renda cobrados fazendo com que os mais ricos paguem mais impostos do que os mais pobres, a arrecadação será grande o suficiente para gerar desenvolvimento econômico. Mas esta progressão tem de ser através de faixas cada vez maiores nos impostos. Impostos ➢ O desenvolvimento econômico de um país é medido pelo índice de desenvolvimento humano (IDH). Este índice é calculado para 188 países e leva em consideração a renda, a educação e a longevidade (saúde) do país e estima um valor entre zero e um. Quanto mais próximo de um for o índice de um país, mais desenvolvido ele é considerado. ➢ Os resultados das estimativas são agrupados em quatro categorias de Desenvolvimento Humano: Muito Alto, Alto, Médio e Baixo. Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ➢ Clássicos ❑ Considera-se que esta escola tem início com a publicação de “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith em 1776. Os clássicos diziam que o governo deveria evitar de intervir na economia. O mercado deveria se regular sozinho. Quando houvesse um desequilíbrio na economia, a própria economia retornaria ao equilíbrio através de um mecanismo que chamavam de ‘mão invisível’. ❑ O papel do governo seria somente de defender o país de nações inimigas, garantir a justiça e, economicamente, garantir a produção de bens e serviços que não interessassem à iniciativa privada. ❑ Nem mesmo se houvesse uma crise econômica, o governo deveria intervir pois a mão invisível faria que a economia se recuperasse sozinha. ❑ Além disso, eles afirmavam que, se o governo intervisse na economia, ele provocaria desequilíbrios ou faria com que uma crise demorasse mais. Escolas de pensamento econômico ➢ Keynes ❑ Keynes (1883-1946) revolucionou o estudo e o conhecimento da economia na década de 30 do século XX. Como ele tinha formação clássica, não discordava de tudo que eles diziam, mas questionava alguns pontos da escola clássica. ❑ Antes de mais nada, ele demonstrou que a economia não tem somente um ponto de equilíbrio mas centenas. Ele não questionava que a própria economia tinha condições de voltar ao equilíbrio sozinha mas, o novo equilíbrio não seria necessariamente o mesmo anteriormente e, assim, não podia se garantir que o novo ponto de equilíbrio fosse melhor do que o anterior. Isto é, a economia voltaria sozinha ao equilíbrio mas o novo equilíbrio poderia ser pior do que antes. ❑ Além disso, ele não tinha dúvida de que, se a economia entrasse em crise ou desequilíbrio, haveria uma força econômica – não mais a mão invisível, que a faria voltar ao equilíbrio. Mas ele perguntava: quanto tempo vai demorar? Um mês? Dez anos? Com dez anos em crise a população de um país poderia morrer toda... ❑ Então Keynes concluiu que, em momentos de crise ou desequilíbrio, o governo deveria intervir na economia para facilitar o processo de volta ao equilíbrio. Mas o governo só deveria intervir na economia nestes momentos. Quando a economia se equilibrasse, o governo deveria parar de intervir nela. Escolas de pensamento econômico
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