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1 Disciplina: Neurofisiologia: o funcionamento do cérebro e a base da plasticidade cerebral na gestação, infância e adolescência Autores: M.e Cláudia Dionísio Bianch Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa Revisão Ortográfica: M.e Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2017 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Cláudia Dionísio Bianch NEUROFISIOLOGIA: o funcionamento do cérebro e a base da plasticidade cerebral na gestação, infância e adolescência 1ª Edição 2017 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA BIANCH, Cláudia Dionísio. Neurofisiologia: o funcionamento do cérebro e a base da plasticidade cerebral na gestação, infância e adolescência / Cláudia Dionísio Bianchi – Curitiba, 2017. 71 p. Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Neurofisiologia: o funcionamento do cérebro e a base da plasticidade cerebral na gestação, infância e adolescência – Faculdade São Braz (FSB), 2017. ISBN: 978-85-94439-68-0 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da Disciplina Esta disciplina que abordará os aspectos da neurofisiologia humana e seus complexos processos na formação do sujeito. Nos dias de hoje são grandes os avanços em pesquisas na área de Neurociência, considerando os processos de inclusão, visando uma sociedade mais justa e acessível a todos, sendo assim, os diversos profissionais são cada vez mais instigados a ampliar seus conhecimentos, devido à diversidade de fatores que podem interferir na aprendizagem do ser humano. 6 Aula 1 – Introdução ao Sistema Nervoso Apresentação da aula Nesta aula serão estudados os detalhes do Sistema Nervoso, sua energia e integração, conhecendo melhor suas ações e reações (voluntárias e involuntárias). 1.1 Sistema Nervoso Central (SNC) O Sistema Nervoso tem a capacidade de receber, transmitir, elaborar e armazenar informações. Recebe informações sobre mudanças que ocorrem no meio externo, isto é, relaciona o indivíduo com seu ambiente e gera respostas aos estímulos recebidos. Não somente é afetado pelo meio externo, mas também pelo meio interno com todos os processos que ocorrem nas diversas regiões do corpo. As mudanças no meio externo são percebidas de forma consciente, enquanto as mudanças no meio interno nem sempre o são. Importante O Sistema Nervoso é o sistema mais complexo do corpo humano. Representa uma rede de comunicação do organismo, formada por um conjunto de órgãos do corpo humano. É responsável pela maioria das funções de controle, coordenando e regulando as atividades corporais. Como sistema se subdivide em dois segmentos: Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). O Sistema Nervoso Central (SNC) são porções do sistema nervoso que estão envolvidas pelos ossos, o encéfalo e a medula espinhal. O Encéfalo corresponde a toda estrutura intracraniana que se distingue em três partes: o cérebro (telencéfalo e diencéfalo), o tronco encefálico (mesencéfalo, ponte e bulbo) e o cerebelo. Podemos afirmar que é a partir do tronco encefálico, em suas subdivisões, que há a coordenação relativa à postura corporal e as subdivisões são: mesencéfalo e ponte. 7 Figura 1.1: Sistema Nervoso Central Fonte: http://www.auladeanatomia.com/neurologia/snc3.jpg?x731855 Figura 1.2: Hemisférios Cerebrais Fonte:http://www.auladeanatomia.com/upload/site_pagina/hemisferios.jpg?x73185 Como se pode ver, o cérebro é a porção mais larga do encéfalo. Está claramente dividido em dois hemisférios separados pela profunda fissura sagital. Normalmente, o hemisfério cerebral direito recebe sensações e controla o lado esquerdo do corpo, assim como o hemisfério esquerdo, controla o lado direito do corpo. O cérebro subdivide-se em telencéfalo e diencéfalo. • Telencéfalo - corresponde aos dois hemisférios. Representa o maior volume do SNC, localizado dentro do crânio, e funcionalmente responsável pelo pensamento, atenção, raciocínio, cálculo e linguagem. http://www.auladeanatomia.com/neurologia/snc3.jpg?x731855 http://www.auladeanatomia.com/upload/site_pagina/hemisferios.jpg?x73185 8 • Diencéfalo - divide-se em quatro subdivisões: tálamo, hipotálamo, subtálamo, e epitálamo. Merecendo maior destaque o tálamo. • Tálamo - é responsável pela recepção das mensagens sensoriais atuando na transmissão delas ao córtex. Regula o estado de atenção e consciência. • Hipotálamo - atua na expressão das emoções, comportamentos sexuais, regula a temperatura corporal e o controle de água no corpo. • Cerebelo - também chamado de pequeno cérebro, está situado atrás do cérebro. Atualmente sabe-se que contém tantos neurônios como ambos os hemisférios cerebrais juntos. O cerebelo é o centro para o controle do movimento, ou seja, os movimentos e a postura corporal; possui extensivas conexões com o cérebro e a medula espinhal. • Tronco encefálico - porção restante do encéfalo é caracterizada como um conjunto complexo de fibras e células composto pelo: mesencéfalo, ponte e bulbo raquidiano. • Mesencéfalo - recebe e coordena informações relativas à postura corporal. • Ponte - também auxilia em relação ao tônus muscular, postura e equilíbrio e controla a respiração. • Bulbo raquidiano - também chamado de medula oblonga, participa de processos vitais como batimentos cardíacos e vasoconstrição ( diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos). • Medula espinhal - colada ao tronco encefálico, é o maior condutor de informações da pele, articulações e dos músculos ao encéfalo, levando e trazendo as informações ao encéfalo. A 9 comunicação entre medula espinhal e corpo, se dá por meio dos nervos espinhais que formam parte do sistema nervoso periférico. Vocabula rio Raquidiano - Relativo à raque ou espinha dorsal. 1.2 Sistema nervoso periférico É formado por todas as partes do sistema nervoso, com exceção do encéfalo e da medula espinhal. Existem dois tipos de nervos: os cranianos e os raquidianos. Os nervos cranianos distribuem-se em 12 pares que saem do encéfalo e sua função é transmitir mensagens sensoriais ou motoras. Os nervos raquidianossão 31 pares que saem da medula espinhal, que levam impulsos do SNC para os músculos ou para as glândulas. Está dividido em: • Sistema nervoso somático ou voluntário: regula as ações que estão sob o controle da nossa vontade, como também, regula a musculatura esquelética de todo o corpo. • Sistema nervoso autônomo: integrado ao sistema nervoso central, está subdividido em simpático e parassimpático. Enquanto o sistema nervoso simpático estimula o funcionamento dos órgãos, o sistema nervoso parassimpático inibe. Portanto podemos afirmar que a função do sistema nervoso autônomo é regular as funções orgânicas, para que as condições internas do organismo se mantenham constantes. 10 1.3 Aspectos Anatômicos e Funcionais do Neurônio O Neurônio é a principal célula do sistema nervoso, sendo responsável pela condução, recepção e transmissão dos impulsos nervosos. Tem a função básica de receber, processar e enviar informações. O Sistema nervoso tem mais de 100 bilhões de neurônios com características enzimáticas e metabólicas, determinadas geneticamente. São células que apresentam diversos formatos e tamanhos, produzem substâncias químicas distintas e apresentam funções e localizações diversas no SN. Figura 1.3: Estrutura do neurônio Fonte: http://www.sobiologia.com.br/figuras/Fisiologiaanimal/nervoso6.jpg • Corpo celular ou pericárdio - núcleo de um neurônio, região de concentração citoplasmática e, de onde partem numerosas ramificações; • Dendritos - são ramificações do pericárdio, prolongamentos anexos que efetuam a recepção dos estímulos nervosos; • Axônio - prolongamento extenso com diâmetro constante, projetado do corpo celular, podendo medir mais de um metro de comprimento, envolvido por uma camada isolante descontínua (bainha de mielina), formada por células de Schwann. Sua função está relacionada à condução do estímulo nervoso; • Telodendros - situadas na região terminal de um axônio, são ramificações que aumentam a superfície de propagação de um http://www.sobiologia.com.br/figuras/Fisiologiaanimal/nervoso6.jpg 11 impulso nervosos, permitindo intercâmbio com outro neurônio ou um órgão. Os neurônios podem ser classificados segundo sua função em três tipos: sensoriais, motores e interneurônios; • Neurônios sensoriais: (aferentes) levam as informações dos nervos periféricos em direção ao Sistema Nervoso Central (SNC); • Neurônios motores: (eferentes) conduzem informações do SNC em direção à parte periférica do corpo; • Interneurônios: possibilitam a conexão entre neurônios sensoriais e motores e possuem função integradora, sendo localizados na medula espinal. Os neurônios também são classificados quanto aos prolongamentos do corpo celular, sendo multipolares (com vários dendritos e um axônio), bipolares (com um prolongamento axônio e um dendrito) e pseudo-unipolares (com um único prolongamento que é axônio em uma extremidade e dendrito em outra). 1.4 Aspectos microscópicos estruturais e funcionais do sistema nervoso: Neurônio, Glia, Bainha de mielina, potencial de ação Figura 1.4: Estrutura do neurônio Fonte:http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/01/estrutura-neuronio.jpg http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/01/estrutura-neuronio.jpg 12 O sistema nervoso central é constituído por neurônios e células glias. Neurônios constituem cerca de metade do volume do sistema nervoso central e as células da glia completam o restante. O neurônio (célula nervosa), consiste em várias partes: o soma (corpo celular), os dendritos e o axônio. Explorando o interior do neurônio, conhecemos as funções das diferentes partes que o compõe: Soma (ou Corpo Celular) - situa-se na parte central do neurônio. Contém material genético (cromossomos), incluindo informações para o desenvolvimento da célula e síntese de proteínas necessárias para a manutenção e sobrevivência da célula. Produz todas as proteínas para os dendritos, axônios e terminais sinápticos. Dentro do soma encontramos estruturas chamadas de organelas e as mais importantes são: o núcleo, o retículo endoplasmático rugoso, o retículo endoplasmático liso, o aparelho de Golgi e as mitocôndrias. No interior da célula encontramos um fluído aquoso, chamada Citosol, rico em potássio, separado do meio externo pela membrana neuronal e contêm enzimas responsáveis pelo metabolismo da célula. Membrana Neuronal - A membrana neuronal, composta por lipídios e proteínas, serve como uma barreira na união do citoplasma interno do neurônio e exclui certas substâncias que flutuam no fluído que banha o neurônio. É responsável por importantes funções, como: manter certos íons e pequenas moléculas fora da célula e deixar outras dentro; acumular nutrientes e rejeitar substâncias nocivas; catalizar reações enzimáticas; estabelecer um potencial elétrico dentro da célula; conduzir um impulso. Glias - As células da Glia são células de apoio e proteção para os neurônios, também conhecidas como as “células de suporte” para o sistema nervoso, são capazes de modificar sinais nas fendas sinápticas entre os neurônios e podem até mesmo influenciar o local da formação das sinapses. Também têm importante papel nos processos do SNC, 13 incluindo a transmissão da dor. Estima-se que haja 10 células gliais para cada neurônio no SNC, porém, por terem reduzido tamanho, elas ocupam a metade do volume do tecido nervoso. São segregadas em dois grupos: aquelas no sistema nervoso central e as do sistema nervoso periférico. As quatro funções principais de células da glia são: • cercar os neurônios e mantê-los no lugar; • para fornecer nutrientes e oxigênio; • isolar um neurônio do outro; • destruir e remover as carcaças de neurônios mortos (limpar). Os tipos de células de suporte do sistema nervoso central diferem em forma e função e são elas: oligodendrócitos, astrócitos, células de Schwann, células ependimárias e micróglia. Os oligodendrócitos possuem núcleo esférico e são menores que os astrócitos. Essas células são encontradas na substância branca e cinzenta. Na substância branca, eles são encontrados envolvendo os axônios dos neurônios no sistema nervoso central, formando, assim, uma membrana rica em substância lipofílica denominada bainha de mielina. Os astrócitos - células da glia mais comuns, estão relacionados à homeostase do Sistema Nervoso Central (SNC). Dentre as suas funções, destaca-se a de nutrição. As extremidades dos prolongamentos dos astrócitos (pés vasculares) circundam os vasos sanguíneos e através deles os nutrientes são levados até o neurônio. Células de Schwann - possuem a mesma função dos oligodendrócitos, no entanto, se localizam ao redor dos axônios do sistema nervoso periférico. Cada uma dessas células formam uma bainha de mielina em torno de um segmento de um único axônio. 14 Saiba Mais A célula de Schwann foi identificada pe- lo fisiologista alemão Theodor Schwann (1810-1882). Schwann estudou a fermentação do açúcar e do amido enquanto processos biológicos, as propriedades e o funcionamento dos músculos e as células nervosas. O estudo dessas últimas levou-o à descoberta das cha- madas células de Schwann. Foi também o criador do termo "metabolismo" para designar os processos químicos de um organismo biológico. Foi responsável, também, por impor- tantes contribuições na área da embriologia, ciência que praticamente fundou, ao estudar o desenvolvimento da primeira célula resultante da fecundação. Os ependimócitos, ou células ependimárias - são células cúbicas ou colunares, suas funções são revestir os ventrículos encefálicos e o canal central da medula. As células da micróglia - também estão presentes nas substâncias brancas e cinzentas do sistema nervoso central.Essas células são alongadas e pequenas, com núcleo em forma de bastão e cromatina condensada. Elas atuam na defesa imune do SNC. Figura 1.5: Células da Micróglia Fonte:http://www.medicinageriatrica.com.br/wp- content/uploads/2013/01/C%C3%A9lulas-da-glia.jpg https://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologia https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_alem%C3%A3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Theodor_Schwann https://pt.wikipedia.org/wiki/1810 https://pt.wikipedia.org/wiki/1882 https://pt.wikipedia.org/wiki/Fermenta%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%BAcar https://pt.wikipedia.org/wiki/Amido https://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsculos https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3nio https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula_de_Schwann https://pt.wikipedia.org/wiki/Metabolismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Qu%C3%ADmica https://pt.wikipedia.org/wiki/Embriologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Fecunda%C3%A7%C3%A3o http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-content/uploads/2013/01/C%C3%A9lulas-da-glia.jpg http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-content/uploads/2013/01/C%C3%A9lulas-da-glia.jpg 15 • Núcleo - no interior do núcleo encontramos os cromossomos que contém o material genético, o ADN (ácido desoxirribonucléico) e também os aminoácidos. É uma estrutura do sistema nervoso central que é composta principalmente de substância cinzenta. Sintetiza RNA a partir do DNA e o transporta através de poros ao citoplasma para uso na síntese de proteínas. • Bainha de mielina - é uma camada de membrana lipídica que envolve os axônios, isolando-os. Esse isolamento permite uma condução mais rápida e eficiente dos impulsos. A bainha é descontínua, pois se interrompe em intervalos regulares, formando os NÓDULOS DE RANVIER (ou nós neurofibrosos), regiões limites entre uma célula de Schwann e outra. Como a mielina funciona como um isolante, as alterações da polaridade da membrana acontecem somente nos nódulos de Ranvier. Portanto, o impulso “salta” de um nódulo de Ranvier para outro (condução saltatória), sendo extremamente rápida e gastando menos energia. A condução é mais rápida nos axônios com maior diâmetro e com mais mielina. A bainha de mielina pode ser sintetizada por duas células: oligodendrócitos, no sistema nervoso central, e células de Schwann, no sistema nervoso periférico. Saiba Mais O nódulo de Ranvier foi reconhecido pelo médico francês Louis-Antoine Ranvier (1835-1922) em 1876, denominando- o, na ocasião, “estrangulamento anular do tubo”. https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso_central https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso_central https://pt.wikipedia.org/wiki/Subst%C3%A2ncia_cinzenta 16 1.5 Potencial de Ação Potenciais de ação são essenciais para a vida animal, porque transportam rapidamente informações entre e dentro dos tecidos. Eles podem ser gerados por muitos tipos de células, mas são utilizados mais intensamente pelo sistema nervoso, para comunicação entre neurônios e para transmitir informação dos neurônios para outro tecido do organismo, como os músculos ou as glândulas. É a propagação de um estímulo ao longo de um neurônio, estímulo esse que pode ser qualquer sinal captado pelos receptores nervosos, que desencadeia a necessidade de elaborar uma resposta, ou seja, o impulso resulta da capacidade dos neurônios se excitarem por ação de um estímulo. Esse fenômeno de natureza eletro-química, ocorre devido a modificações na permeabilidade da membrana do neurônio. As modificações de permeabilidade permitem a passagem de íons de um lado para o outro da membrana plasmática. Em um primeiro instante, abrem-se “portas de passagem” de Na+(Sódio), permitindo a entrada de grande quantidade desses íons na célula. Com isso, aumenta a quantidade relativa de carga positiva na região interna na membrana, provocando sua despolarização. Em seguida abrem-se as “portas de passagem” de K+(Potássio), permitindo a saída de grande quantidade desses íons. Com isso, o interior da membrana volta a ficar com excesso de cargas negativas, ocasionando a repolarização. O estímulo provoca, assim, uma onda de despolarizações e repolarizações que se propaga ao longo da membrana plasmática do neurônio. Essa onda de propagação é o impulso nervoso, que se propaga em um único sentido na fibra nervosa. Dentritos sempre conduzem o impulso em direção ao corpo celular, o axônio por sua vez, conduz o impulso em direção às suas extremidades, isto é, para longe do corpo celular. A propagação rápida dos impulsos nervosos é garantida pela presença da bainha de mielina que recobre as fibras nervosas. O ciclo completo desse fenômeno, dura poucos milisegundos. Cada ciclo e, portanto, cada potencial de ação, possui uma fase ascendente, uma fase descendente e, ainda, uma curva de tensão elétrica inferior a do potencial de repouso de membrana. 17 O Potencial de ação não permanece em um local da célula, ele percorre toda a membrana. Ele pode percorrer longas distâncias no axônio, por exemplo, para transmitir sinais da medula espinhal para os músculos do pé. Figura 1.6: Potencial de Ação Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/41/Potencial_de_acao.png 1.6 Sinapses Uma sinapse é um espaço de junção no qual ocorre a comunicação entre dois neurônios. A natureza física da conexão sináptica foi discutida por quase um século. A princípio se pensava que uma sinapse acontecia somente por uma https://pt.wikipedia.org/wiki/Ax%C3%B4nio https://pt.wikipedia.org/wiki/Medula_espinhal https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A9 18 corrente elétrica de um neurônio para outro, dada a velocidade da transmissão, sinapses elétricas. A partir de 1921 que estudos mais aprofundados conseguiram comprovar as sinapses químicas, ou seja, que a transmissão sináptica de um neurônio para outro pode se dar quimicamente. A formação das sinapses está muito relacionada à capacidade cognitiva, pois, em interação com o ambiente, as estruturas do sistema nervoso processam novas informações criando, fortalecendo e também enfraquecendo as sinapses. Figura 1.7: Sinapse Fonte: http://www.bdtorino.net/files/1416723942_3_161288468.jpg O neurônio que transmite o sinal é chamado de célula pré-sináptica, enquanto que a célula que recebe o sinal é um neurônio pós-sináptico. Ainda que ocorra a transmissão, não ocorre contato entre os neurônios, pois essa se dá por meio de impulsos elétricos, via junções comunicantes e via fendas sinápticas. Neste caso podemos compreender que existem dois tipos de conexões sinápticas: elétricas e químicas. Representação das sinapses elétricas e químicas: Figura 1.8:Sinapses Químicas e Elétricas Fonte: https://sinapsaprender.files.wordpress.com/2014/02/sinapses.png http://www.bdtorino.net/files/1416723942_3_161288468.jpg https://sinapsaprender.files.wordpress.com/2014/02/sinapses.png 19 1.6.1 Sinapses elétricas Acontecem quando as correntes iônicas passam diretamente pelas junções comunicantes até chegarem às outras células. A rapidez na transmissão do impulso elétrico entre os neurônios é muito grande, com um retardo nulo na transmissão, sendo ideal para comportamentos que exigem rapidez de resposta e onde a contração ocorre por um todo e em todos os sentidos. São mais encontradas em neurônios do tronco encefálico (para controle do ritmo da respiração, secreção de hormônios na corrente sanguínea) e também estão em abundância nos músculos cardíacos e lisos. 1.6.2 Sinapses químicas São aquelas nas quais o potencial de ação é transmitido através de proteínas chamadas de neurotransmissores. Figura 1.9:Sinapse Fonte: http://www.ebah.com.br/ Essas proteínas:acetilcolina, noradrenalina, serotonina, dopamina gaba, entre outros, saem da célula pré-sináptica geralmente um terminal axonal, conforme mostra a figura. Esse terminal contêm dúzias de pequenas esferas, denominadas vesículas sinápticas, são nessas vesículas que se armazenam os neurotransmissores. 20 No momento em que ocorre a sinapse química, esses caem na fenda sináptica e interagem com a célula pós-sináptica, que capta os neurotransmissores por meio de receptores. Essas conexões sinápticas podem acontecer de maneiras diferentes, dependendo em que parte do neurônio se dará esse contato: ➢ Sinapse Axo-Dendrítica quando o contato acontece entre o axônio e dendritos. ➢ Sinapse Axo-Somática quando o contato acontece entre axônio e corpo celular (Soma). ➢ Sinapse Axo-Axônica quando o contato acontece entre axônio e axônio. ➢ Sinapse Dendro dendríticas quando contato acontece entre dendritos. Figura 1.10:Sinapse Fonte: http://saofranciscocdn.s3-website-us-east-1.amazonaws.com/wp- content/uploads/2016/08/sinaps25.jpg As sinapses químicas são mais frequentemente encontradas em todo o sistema nervoso e podem ser classificadas, dependendo dos neurotransmissores, em excitatórias (nas quais a membrana pós-sináptica é despolarizada) ou inibitórias (que causam a hiperpolarização da membrana pós- sináptica.) 21 Figura 1.11:Sinapse Fonte: http://g1.globo.com/platb/files/18/2011/01/SinapsesMuotri2.jpg 1.7 Impulso Nervoso O impulso nervoso é um sinal elétrico que possibilita a formação de uma corrente elétrica entre um neurônio e outro, estabelecendo uma rede de comunicação entre as diversas partes do corpo. Os impulsos elétricos sempre ocorrem no mesmo sentido: dendritos, corpo celular e terminal axonal. Figura 1.12: Impulso nervoso Fonte:http://saofranciscocdn.s3-website-us-east-1.amazonaws.com/ http://g1.globo.com/platb/files/18/2011/01/SinapsesMuotri2.jpg 22 A propagação de um estímulo ao longo do neurônio, resulta da capacidade de excitação de um neurônio. Isso ocorre devido a modificação da permeabilidade da membrana do neurônio, promovendo a passagem de íons de um lado a outro dessa membrana, aumentando a carga positiva internamente, provocando a despolarização e a saída de íons, ficando internamente o excesso de carga negativa, ocasionando a despolarização. Isso acontece sucessivamente, percorrendo a membrana e transportando rapidamente as informações de um neurônio a outro. Resumo da aula Nesta aula aprendeu-se que o Sistema Nervoso divide-se em dois segmentos: o Sistema Nervoso Central (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP). Do SNC fazem parte o encéfalo (que abriga o cérebro, o tronco encefálico e o cerebelo) e a medula espinhal (que é o maior condutor de informações ao encéfalo). O cérebro está subdividido em: telencéfalo – responsável pelo pensamento, atenção, raciocínio, cálculo e linguagem; e o diencéfalo – responsável pela atenção e consciência. O controle do movimento e postura fica sob o comando do cerebelo. O tronco encefálico regula funções vitais e é composto pelo mesencéfalo, ponte e bulbo raquidiano. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre o Potencial de Ação. 23 Aula 2 - O córtex cerebral e os principais sistemas funcionais: somático motor e sensorial Apresentação da aula Nesta aula será estudado o córtex cerebral e os principais sistemas funcionais: somático motor e sensorial. Esses conhecimentos são primordiais para entender os processos cognitivos, uma função complexa que sempre implica em conexões altamente elaboradas que resultam em alterações do comportamento. 2.1 Organização Anatômica e Funcional do Sistema Nervoso O desenvolvimento do sistema nervoso ao longo da evolução humana foi caracterizado pela organização anatômica e funcional que possibilitaram a interação e adaptação ao meio. Segundo o neuropsicólogo soviético Alexander Luria (1981), o comportamento humano resulta da interação de três unidades funcionais complexas e plásticas: 1. Unidade para regular o tônus cortical, a vigília e os estados mentais. 2. Responsável por receber, processar e armazenar informações. 3. Unidade para programar, regular e verificar a atividade metal. 2.2 Córtex Cerebral Responsável pelo pensamento, raciocínio, funções cognitivas, processos de percepção sensorial (visão, audição, tato e olfato) e a capacidade de produzir e entender a linguagem, o córtex é a parte mais desenvolvida do cérebro humano. O córtex cerebral é constituído por uma camada de substância cinzenta que envolve os hemisférios cerebrais. Essa camada é bastante extensa, ocupando área de cerca de 2500cm², mas devido a sulcos e giros, podem acomodar-se na caixa craniana. É formado de dois tipos de células: as células de Glia - também chamadas de neuróglias e os neurônios. O córtex cerebral humano é um tecido fino (como uma membrana) que tem uma espessura entre 1 e 4 mm. A maior parte da superfície cortical é https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3glia https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3glia https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3glia https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B4nio 24 constituída pelo isocórtex, uma estrutura laminar formada por 6 camadas distintas de diferentes tipos de corpos celulares de neurônios. Esse tipo de córtex, se considerarmos a evolução humana, é o mais recente e por isso denominado neocórtex. Perpendicularmente às camadas, existem os neurônios piramidais que ligam as várias camadas entre si e representam cerca de 85% dos neurônios no córtex. Há outras áreas corticais em que o número de camadas de células é menor e sua organização é diferente, caracterizando o alocórtex, áreas filogeneticamente mais antigas, relacionadas a regulação das emoções (lobo límbico e formação hipocampal). No córtex cerebral, podem ser distinguidas diversas áreas, com limites e funções relativamente definidas. A diferença entre elas, resulta na espessura e composição das camadas celulares e na quantidade de fibras nervosas que chegam ou partem de cada uma. O córtex cerebral está dividido em dois hemisférios: esquerdo e direito, que são separados por um feixe grosso de fibras nervosas chamado corpo caloso. Esses hemisférios se subdividem em partes ou lobos(frontal, parietal, temporal e occipital) e esses são designados pelos nomes dos ossos cranianos nas suas proximidades e que os recobrem. O lobo frontal fica localizado na região da testa; o lobo occipital, na região da nuca; o lobo parietal, na parte superior central da cabeça; e os lobos temporais, nas regiões laterais da cabeça, acima das orelhas, cada um dos lobos está mais diretamente ligado a certas funções. Figura 2.1 Hemisférios cerebrais Fonte: http://askep33.com/2016/03/15/mengenal-bagian-otak-dan-fungsinya/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Lobo_frontal https://pt.wikipedia.org/wiki/Lobo_frontal https://pt.wikipedia.org/wiki/Lobo_occipital https://pt.wikipedia.org/wiki/Lobo_parietal https://pt.wikipedia.org/wiki/Lobos_temporais https://pt.wikipedia.org/wiki/Cabe%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Orelha 25 ➢ Lobo Frontal - Localizado na parte frontal do cérebro, e daí o seu nome, o lobo frontal é talvez aquele com uma maior importância cognitiva entre os quatro lobos. Inclui o córtex-motor, sendo sua principal função a coordenação de atividades motoras e o córtex pré-frontal responsável pelo pensamento, pela escrita, pela fala e pela linguagem articulada. ➢ Lobo Parietal - Localizado na parte superior do cérebro, responsável por coordenar as sensações da pele, está constituído por duas subdivisões aanterior e a posterior. Zona anterior, córtex somatossensorial, possibilita a recepção de sensações (tato, dor, temperatura...) que advêm do ambiente e são exteriores ao corpo. Essas sensações são recebidas por órgãos como lábios, língua e garganta. Zona posterior é responsável por analisar, interpretar e integrar as informações recebidas pela zona anterior, e permite a localização do corpo no espaço, como o reconhecimento de objetos pelo tato ou compreensão da linguagem pela audição. ➢ Lobo Occipital - Localizado na parte póstero-inferior do cére- bro, responsável essencialmente pela visão através do córtex visual primário e ainda pelo processamento e percepção da visão. É constituída por várias subáreas que processam os dados visuais recebidos do exterior depois de terem passado pelo tálamo: há zonas especializadas em processar a visão da cor, do movimento, da profundidade, da distância, etc. Depois de percebidas por esta área - área visual primária- os dados passam para a área visual secundária. É aqui que a informação recebida é comparada com os dados anteriores que permite reconhecimento de objetos, figuras, pessoas. A área visual comunica com outras áreas do cérebro, que dão significado ao que se vê, levando em conta a experiência passada, e as expectativas. ➢ Lobos Temporais - Estão localizados acima das orelhas, tendo como principal função processar os estímulos auditivos. Os sons produzem-se quando a área auditiva primária é estimulada. Tal como nos lobos https://pt.wikipedia.org/wiki/Posterior https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1lamo_(anatomia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Vis%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebro 26 occipitais, é uma área de associação - área auditiva secundária - que recebe os dados e que, em interação com outras zonas do cérebro, lhes atribui um significado, permitindo ao Homem reconhecer o que ouve. Além da divisão neuronal em lobos, o estudo das características morfológicas do córtex demonstrou diferenças entre as diversas regiões resultando na organização de mapas citoarquitetônicos do córtex, dos quais o mais conhecido é a classificação de Brodmann, que identificou 52 áreas distintas. Figura 2.2: Neuroanatomia Fonte: https://sites.google.com/site/neuroanatomiateste/areas-de-brodmann Áreas 3, 1 & 2 - Córtex somatosensitivo primário Área 4 -Córtex motor primário Área 5 -Córtex somatosensorial associativo Área 6 -Córtex pré-motor e Córtex motor suplementar. Área 7 -Córtex somatosensorial de associação. Área 8 -Campo frontal dos olhos Área 9 -Córtex pré-frontal dorsolateral Área 10 - Córtex pré-frontal anterior (porção mais rostral do giro frontal superior e médio) Área 11 -Área Orbitofrontal (Giro orbital e reto mais a porção mais rostral do giro frontal superior) Área 12 -Área Orbitofrontal 27 Área 13 e Area 14 - Córtex Insular Área 15 -Lobo temporal anterior Área 17 - Córtex visual primário Área 18 - Córtex visual secundário Área 19 - Córtex associativo da visão Área 20 - Giro temporal inferior Área 21 - Giro temporal médio Área 22 - Giro temporal superior-parte dele é considerado área de Wernicke Área 23 - Córtex ventral-posterior do cíngulo Área 24 - Córtex ventral-anterior do cíngulo Área 25 - Córtex Subgenual (parte do córtex pré-frontal Ventromedial ) Área 26 - Porção Ectosplenial da região retrosplenial do córtex cerebral Área 27 - Córtex Piriforme Área 28 - Córtex entorhinal posterior Área 29 - Córtex retrosplenial do cingulate Área 30 - Parte do córtex do cíngulo Área 31 - Córtex dorso-aposterior do cíngulo Área 32 - Córtex dorso-anterior do cíngulo Área 33 - Parte anterior do córtex do cíngulo Área 34 - Córtex entorhinal anterior (Localizado no giro Parahipocampal) Área 35 - Córtex perihinal cortex (Localizado no giro Parahipocampal) Área 36 - Córtex Parahippocampal (Localizado no giro Parahipocampal) Área 37 - Giro Fusiforme Área 38 - Área Temporopolar ( parte rostral do giro temporal superior e médio) Área 39 - Giro angular-considerado parte da área de Wernicke Área 40 - Giro Supramarginal-Parte da área de Wernicke Áreas 41 e 42 -Córtex primário e de associação auditivo Área 43 - Córtex gustativo primário Área 44 - Pars opercular-parte da área de Broca Área 45 - Pars triangular -Área de Broca Área 46 - Córtex dorsolateral pré-frontal Área 47 -Giro pré-frontal inferior Área 48 - Área retrosubicular (pequena parte na superfície medial do lobo temporal) Área 49 - Área parasubiculum em roedores Área 52 -Área parainsular. (Ao nível da junção do lobo temporal com a ínsula) Vocabula rio Propriocepção - também denominada como cinestesia, é o termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. 28 Ainda que dividido em áreas com funções distintas, que se caracterizam em especializações funcionais, essas não determinam centros específicos para cada função. As conexões entre elas resultam em sistemas funcionais integrados, caracterizando o modelo conexionista, que possibilita ao córtex sua participação em todos os aspectos do comportamento. 2.3 Principais Sistemas funcionais do organismo: Sistema Motor Somático e Sistema Sensorial Do ponto de vista funcional, o Sistema Nervoso Periférico possibilita a interação do sujeito com seu meio externo, utilizando o sistema nervoso somático e com seu meio interno, sistema nervoso autônomo ou visceral. Esses, utilizam estruturas nervosas distintas, mas integradas entre si. O sistema nervoso somático periférico leva informações somáticas ao sistema nervoso central, por meio de impulsos nervosos aferentes, vindas de diversas partes do corpo (auditivas, visuais, gustativas, olfativas, táteis, térmicas, nociceptivas, proprioceptiva) e viscerais, informando sobre o estado dos órgãos internos. Na sequência, o sistema nervoso central processa a informação recebida e responde com impulsos eferentes somáticos (músculos estriados) ou eferentes viscerais (músculos lisos, cardíaco e glândulas), informações necessárias que garantem ajustes fisiológicos para a sobrevivência e adaptação ao ambiente. Figura 2.3: Esquema de Sistema Nervoso Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso3.asp http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso3.asp 29 2.3.1 Sistema Motor Somático O sistema nervoso somático é composto por neurônios que estão submetidos ao controle consciente para gerar ações motoras voluntárias.Transmite a informação proveniente dos órgãos dos sentidos ao sistema nervoso central e transporta mensagens do sistema nervoso central para os músculos, por meio de fibras nervosas, formadas pelos prolongamentos dos neurônios (dendritos ou axônios) e seus envoltórios, organizam-se em feixes. Cada feixe forma um nervo. Cada fibra nervosa é envolvida por uma camada conjuntiva denominada endoneuro. Cada feixe é envolvido por uma bainha conjuntiva denominada perineuro. Vários feixes agrupados paralelamente formam um nervo. O nervo também é envolvido por uma bainha de tecido conjuntivo chamada epineuro. Em nosso corpo existe um número muito grande de nervos. Figura 2.4: Nervos do corpo humano Fonte: http://jogapedro.webnode.pt/corpo-humano/sistema-nervoso/ 30 Seu conjunto forma a rede nervosa que permitem mover o esqueleto, estando implicado nos movimentos corporais, como pode ser observado nas ilustrações. Figura 2.5: Nervos Faciais Fonte:http://brasilescola.uol.com.br/biologia/doze-pares-de-nervos.htm 2.3.2 Sistema Nervoso Sensorial É a parte do sistema nervoso responsável pela análisee captação dos estímulos dos ambientes externo e interno do organismo. Esses estímulos são captados pelos sentidos (visão, audição, tato, gustação ou paladar e olfato) através de células altamente especializadas, chamadas de células sensoriais; ou através de simples terminações nervosas dos neurônios. Essas 31 células, também chamadas de receptores, são capazes de traduzir ou converter esses estímulos em impulsos elétricos ou nervosos que serão processados e analisados em centros específicos do sistema nervoso central (SNC), onde será produzida uma resposta (voluntária ou involuntária). A estrutura e o modo de funcionamento desses receptores nervosos especializados é diversa, e pode-se classificar em três tipos: ➢ Exterorreceptores – Localizadas na superfície do corpo, especializadas em captar estímulos provenientes do ambiente, como a luz, calor, sons e pressão; ➢ Propriorreceptores – Localizadas nos músculos, tendões, juntas e órgãos internos. Captam estímulos do interior do corpo; ➢ Interorreceptores – Percebem as condições internas do corpo, ou seja, a estímulos vicerais (pH, pressão osmótica, temperatura e composição química do sangue) ou outras sensações como sede e fome. As informações sensoriais captadas pelas células receptoras são distribuídas em grandes áreas, segundo modelo funcional proposto por Alexander Luria : áreas de projeção e áreas de associação e são usadas para atender a quatro funções: percepção e interpretação, controle do movimento, regulação de funções de órgãos internos e a manutenção de consciência. A característica principal do Sistema Sensorial é que o mesmo possui grande especificidade modal, já que está adaptado para a recepção de informações visuais, auditivas, vestibulares ou sensoriais gerais. A organização da sua estrutura é hierárquica, formada pelas áreas primárias (ou de projeção), que recebem axônios de neurônios que integram as vias sensoriais (áreas sensitivas) e assim, analisam as informações vindas do exterior; pelas áreas secundárias (ou de associação), que codificam e convertem as informações, e pelas áreas terciárias (de associação), que ocupam o topo da hierarquia das funções corticais. A elas chega o fluxo das informações previamente elaboradas nas áreas sensoriais primárias e nas áreas secundárias. São encarregadas de elaborar as estratégias comportamentais, enviando instruções às áreas motoras secundária e primária. 32 Figura 2.6: Divisão do encéfalo de acordo com seus córtex funcionais Fonte:http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1201 Observando a ilustração, pode-se identificar as áreas de projeção e associação. As áreas de projeção Estão divididas em áreas sensitivas primárias e área motora primária. Áreas sensitivas estão subdivididas em: ➢ Área Somestésica ou área da sensibilidade somática geral, está localizada no giro pós-central (área 3,2,1, de Brodmann). É onde chegam as radiações talâmicas que trazem impulsos nervosos relacionados à temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção consciente da metade contralateral do corpo. A organização dessa área fornece uma representação ponto a ponto no corpo, para cada parte existe uma região correspondente no córtex (somatotopia). Representada pelo homúnculo sensitivo, a imagem 2.7 chama a atenção pelas mãos, especialmente os dedos, o qual é desproporcionalmente grande nos revelando que a extensão da representação cortical de uma parte do corpo depende da importância funcional desta parte e não de seu tamanho. 33 Figura 2.7: Homúnculo de Penfield Fonte:http://ulum.es/asi-sentimos-el-movimiento/ ➢ Área Visual Primária, situada no lobo occipital (área 17 de Brodmann), responsável pelo recepção do estímulo visual, captada pelo olho, refletida no campo visual do hemisfério oposto. ➢ Área Auditiva Primária, situa-se no giro temporal transverso anterior – (áreas 41 e 42 de Brodmann). Sons de diferentes frequências chegam a partes diferentes do córtex auditivo. ➢ A Área Olfatória, pequena área situada na parte anterior do úncus e do giro para-hipocampal (área 34 de Brodmann). Sua lesão pode causar alucinações olfatórias. ➢ A Área Gustativa localiza no lobo parietal (área 43 de Brodmann) junto a área somática da língua. Lesões provocam diminuição da gustação na metade oposta da língua. ➢ Área motora primária, localizada na região de giro pré-central (área 4 de Brodmann). Responsável pela motricidade devido as conexões aferentes da área motora com o tálamo, através do qual recebe informações do cerebelo, com a área somestésica e com as áreas pré-motora e motora suplementar. Também representado pelo homúnculo, as mãos são grandes e desproporcionais demostrando que a extensão da representação cortical é proporcional à delicadeza dos movimentos realizados pelos grupos musculares envolvidos. 34 As áreas de associação Ocupam a maior parte da superfície do cérebro humano, o aumento da superfície cortical se fez através da expansão do córtex de associação, ao longo do processo evolutivo, permitindo o aparecimento da linguagem verbal e autoconsciência, funções desenvolvidas no homem e não encontradas em outras espécies. Podem ser divididas em áreas de associação secundárias e terciárias, sendo que as áreas secundárias ainda se dividem em três subáreas: ➢ Área Somestésica Secundária, situada no lobo parietal (área 5 de Brodmann). ➢ Área Visual Secundária, localizada no lobo occipital e se estendendo ao lobo temporal ( área 18,19,20,21 e 37 de Brodmann). ➢ Área Auditiva Secundária situada no lobo temporal (área 22 de Brodmann), também conhecida como área de Wernicke, interpreta o estímulo sonoro, permitindo a compreensão da linguagem. As áreas secundárias estão geralmente justapostas às áreas primárias correspondentes e delas recebem conexões. Estão diretamente conectadas e são unimodais (relacionadas com uma modalidade sensorial ou motricidade). Também chamadas áreas gnósicas (interpretam estímulos), as áreas secundarias são essenciais numa segunda etapa no processo de percepção sensorial, pois recebem as informações já elaboradas vindas das áreas primárias e interagem com as áreas terciárias e áreas corticais límbicas, responsáveis pelos processos de memória. Adjacente à área motora primária, se encontram áreas motoras secundárias. Essa região corresponde a partes das áreas 6 e 8, além da área 44 de Brodmann; são fundamentais para o planejamento motor. Ainda na área de associação secundária, no giro frontal inferior está localizada a área de Broca que e é responsável pela programação da atividade motora relacionada com a expressão da linguagem. Lesões da área de Broca resultam em déficits de linguagem (afasias). As áreas terciárias são responsáveis pela interação das informações sensoriais recebidas, interpretadas e elaboradas nas áreas secundárias ou áreas límbicas; são multimodais, ou seja, não se ocupam mais do processamento sensorial ou motor, mas estão envolvidas com as atividades 35 superiores, como o pensamento abstrato ou os processos que permitem a simbolização. Estão divididas em duas áreas: • A Área Pré-Frontal, compreende a parte anterior não motora do lobo frontal (áreas 45, 46, 47, 8, 9, 10, 11 e 12 de Brodmann), é extremamente bem desenvolvida no cérebro humano, onde ocupa cerca de 1/4 da superfície total do córtex. Também ligada ao sistema límbico, recebe fibras de todas as demais áreas de associação do córtex. Essa região promove a escolha das opções e estratégias comportamentais mais adequadas à situação física e social do indivíduo, assim como a capacidade de alterá-los quando tais situações se modificam; manutenção da atenção; e controle do comportamento emocional. • A Área Temporo-Parietal, compreendetodo o lobo parietal inferior (áreas 39, 40 e parte da áreas 7 de Brodmann), situando-se entre as áreas secundárias auditivas, visual e somestésica, funcionando como centro que integra informações recebidas dessas três áreas. É importante para aquisição da linguagem (simbolismo), percepção espacial e esquema corporal. Resumo da aula Nesta aula estudo-se que evolução humana foi caracterizada pela organização anatômica e funcional do sistema nervoso. O desenvolvimento do córtex cerebral, parte essa mais desenvolvida do cérebro, possibilitou processos de percepção sensorial, capacidade de produzir e entender a linguagem, pensamento abstrato e cognição. Anatomicamente está dividido em dois hemisférios (esquerdo e direito) que se subdividem em partes ou lobos, frontal, parietal, temporal, occiptal) com limites e funções relativamente definidas, ainda que integradas entre si. Essa organização nos é demonstrada em mapas citoarquitetonicos do córtex, sendo mais conhecido a classificação de Brodmann. Do ponto de vista funcional, o sistema nervoso periférico, possibilita a interação do sujeito com ambiente externo utilizando dois sistemas: O sistema somático (motor e sensorial) que capta informações por meio dos órgãos sensitivos (visual, auditivo, gustativo, olfativo e tátil) e propicia os 36 movimentos voluntários; e o sistema visceral ou autônomo que controla os órgãos internos. Segundo o modelo funcional de Luria, as informações do sistema somático são distribuídas em áreas de projeção (primarias) e associação (secundarias e terciarias) e atendem as funções de: percepção e interpretação, controle do movimento, regulação e a manutenção de consciência, memoria e pensamento. Atividade de Aprendizagem O desenvolvimento do sistema nervoso ao longo da evolução humana, foi caracterizado pela organização anatômica e funcional, que possibilitaram interação e adaptação ao meio. Segundo o neuropsicólogo soviético Alexander Lúria (1981), o comportamento humano resulta da interação de três unidades funcionais. Explique essas três unidades funcionais relacionando-as com as áreas de Brodmann. Aula 3 - Evolução Humana e as células nervosas Apresentação da aula Nesta aula será estudado o Sistema Nervoso em alguns detalhes e o surgimento das primeiras células nervosas, promovendo a continuidade da vida e o desenvolvimento da espécie humana. Também será estudado o fundamento das neurotransmissões e como esses interferem no comportamento e nas emoções dos serem huamanos. 3.1 Filogênese e Ontogênese Para melhor compreendermos o significado de filogênese (no grego:Phylo = raça e genetikos = relativo à génese = origem) e ontogênese (ὄντος, on- tos "ser", genesis "criação") importa referir que, cada uma dessas ciências estuda a evolução, mas, enquanto a primeira se dedica ao estudo da evolução da espécie, a segunda ocupa-se do estudo da evolução de cada indivíduo desde o embrião até à velhice. 37 3.1.1 Filogênese A Filogênese estuda a história da evolução humana, nomeadamente a constituição dos seres humanos como sujeitos cognitivos. Ou seja, o sentido filogenético está presente quando a palavra evolução nos remete para o progresso da espécie humana, ocorrido desde as longínquas origens da vida até à forma que os homens assumem na atualidade. Charles Darwin, estudioso do desenvolvimento das espécies, criou sua teoria defendendo que a seleção natural seria a principal responsável pela adaptação e pela especialização dos seres vivos, ou seja, seria o fator mais determinante na evolução. Figura 3.1: Filogênese Fonte:https://image.slidesharecdn.com/filognese-101001043016- phpapp02/95/filognese-e-ontognese-1-728.jpg?cb=1285907449 Os primeiros neurônios surgiram como células que se diferenciaram das demais para receber estímulos do meio-ambiente, transmitindo-os às células musculares vizinhas para gerar uma resposta adaptativa. Tais células receptoras eram especializadas em irritabilidade e condutividade, o que significa que elas eram capazes de transformar um estímulo externo em uma mensagem interna que se propagava no organismo. Esses neurônios sensitivos ou aferentes, são seguidos pelos neurônios motores ou eferentes, para então surgirem os neurônios associativos, presentes no Sistema Nervoso Central, permitindo 38 assim, o aumento do número de sinapses e o surgimento de padrões de comportamento e funções superiores presentes na espécie humana. Os seres humanos provocaram a maior transformação na Natureza em termos de evolução, do que qualquer outra espécie. Ao longo do processo evolutivo, em termos relativos, o tamanho da face diminuiu, enquanto o cérebro aumenta, como pode ser observado na figura. Figura 3.2: Evolução da espécie humana Fonte:http://destinofinal.serradoroncador.com.br/wp- content/uploads/2017/04/evolu%C3%A7%C3%A3o.jpg • Australopitecus - Surgiu há 3 milhões de anos, tinha menos da metade do atual volume cerebral, andava em pé, usava as mãos para colher frutos, atirar pedras e paus para abater pequenos animais. • Homo Habilis - Primeira forma humana, surgida há 2 milhões de anos, o cérebro era um pouco maior que o do Australopithecus e fabricava as suas ferramentas partindo lascas de pedra. 39 • Homo Erectus - Forma humana surgida há 1,6 milhões de anos, tinha o cérebro maior que o do Homo Habilis e o corpo mais evoluído, vivia em bandos de 25 a 30 pessoas, descobriu o fogo, fabricava instrumentos, caçava e pescava. • Homo Sapiens Neanderthalensis - Surgiu há cerca de 150 mil anos atrás, enfrentou um período glacial muito intenso, o seu cérebro era aproximadamente igual ao atual ser humano, usava instrumentos bem-feitos e já enterrava os mortos. • Homo Sapiens Sapiens - Surgiu há cerca de 35 mil anos atrás, fisicamente é igual ao homem atual, o seu cérebro era bem desenvolvido, já realizava atividade de caça, ocupou todas as partes da Terra. 3.1.2 Ontogênese Figura 3.3: Ontogênese Fonte: http://www.cordonesumbilicales.com/wp-content/uploads/2016/05/desarrollo- embrion-humano-5.jpg A organização do Sistema Nervoso é determinada por fatores genéticos e ambientais, que participam e influenciam no seu desenvolvimento, atuando em etapas específicas da formação das diversas regiões do sistema nervoso, a qual chama-se ontogênese. http://www.cordonesumbilicales.com/wp-content/uploads/2016/05/desarrollo-embrion-humano-5.jpg http://www.cordonesumbilicales.com/wp-content/uploads/2016/05/desarrollo-embrion-humano-5.jpg 40 As etapas da ontogênese são: ➢ Neurogênese: Células do neuroectoderma, se organizam formando o tubo neural. ➢ Migração Neuronal: Originam-se neurônios que migram ao longo da parede do tubo neural orientados por células da glia, onde constituirão as diferentes estruturas do sistema nervoso central (prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo) e a cavidade do tubo neural, que constituirá os ventrículos neurais. ➢ Diferenciação e Maturação: Os neurônios se diferenciam e produzem neurotransmissores específicos, seus dendritos crescem e se ramificam e seus axônios se estendem, projetando-se em diversos outros neurônios. ➢ Sinaptogênese: Formação de sinapses que caracterizam a associação entre neurônios. ➢ Mielogênese: Formação da bainha de mielina ao redor dos axônios, a partir dos oligodendrócitos no sistema nervoso central e das células de Schwann no sistema nervoso periférico. As células derivadas da crista neural também migrarão ao longo do embrião e darão origem a estruturas do sistema nervoso periférico, como os gânglios sensitivos e viscerais. Durante a ontogênese, as vesículas encefálicas (prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo) continuarama sofrer transformações, resultando no telencéfalo, diencéfalo e mesencéfalo. Cada uma delas dará origem a diferentes estruturas do sistema nervoso central, cujas funções caracterizarão o comportamento humano. O restante do tubo neural que não sofrera essas modificações, originará a medula espinhal. Nesse momento da ontogênese, caso ocorram fatores que possam influenciar o desenvolvimento como a ingestão de drogas, vírus, deficiências nutricionais entre outros, poderão alterar a estrutura do sistema nervoso. Após o nascimento, as interações do indivíduo com o meio ambiente ativam sistemas bioquímicos nos neurônios, que podem produzir transformações 41 na organização do sistema nervoso, fenômeno este, que chamamos de neuroplasticidade. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Da filogênese a ontogênese da motricidade Vitor da Fonseca. Essa obra aborda com profundidade o tema sobre a evolução e desenvolvimento humano que poderá contribuir nos seus estudos. 3.2 Fundamentos da neurotransmissão Reações químicas associadas à transmissão sináptica, fazem parte do encéfalo humano normal. Sabemos que a maioria das sinapses no encéfalo são químicas. Nas sinapses encontramos os neurotransmissores (pequenas moléculas responsáveis pela comunicação das células no Sistema Nervoso), que possuem ação direta sobre a membrana pós-sináptica, produzindo assim um potencial pós-sináptico. Desde a descoberta da transmissão sináptica química, os pesquisadores têm identificado que os neurônios no SNC liberam diferentes neurotransmissores e são produzidos tanto no Sistema Nervoso Central como no Sistema Nervoso Periférico. O ciclo de produção/ação dos neurotransmissores pode assim ser resumido: síntese no interior do neurônio; transporte axonal; liberação na fenda sináptica e receptação. Existem dois tipos básicos de neurotransmissores, dentre eles encontramos os excitatórios que promovem fenômenos de liberação (exaltação funcional de determinados circuitos neuronais) e os inibitórios que provocam fenômenos de bloqueio/inibição (diminuição funcional de determinados grupos neuronais). Dentre os excitatórios, podemos destacar: Noradrenalina – estado de alerta, stress; Dopamina – humor, motricidade extrapiramidal; Serotonina – ciclo do sono, vigília, humor; Acetilcolina – cognição, contração muscular. Como também nos inibitórios, merecem destaque: a Endorfina - dor; Melatonina - ciclo 42 sono vigília; Ácido gama aminobutírico: inibição de descargas elétricas excessivas geradoras de crises epilépticas. Esses receptores pós-sinápticos são fundamentais no reconhecimento funcional dos neurotransmissores, entendendo que um mesmo neurotrans- missor, ora pode ter função inibitória, ora excitatória. Todos os processos cognitivos envolvem uma interação de vários neurotransmissores de diferentes centros nervosos. São os neurotransmissores que emitem as ordens de serviço dos nervos para os músculos, vísceras, etc, e também são eles que estabelecem a comunicação entre as várias áreas do SNC. E é aí que eles são modulados, proporcionando a flexibilidade que estabelece o rumo de um pensamento, uma afetividade especial ou um maior ou menor grau de sensibilidade frente a um estímulo. Importante A acetilcolina tem mostrado ser o mais importante neurotransmissor para as funções cognitivas (memória e aprendizagem). Pessoas com baixos níveis de acetilcolina, apresentam dificuldades de concentração e problemas de memória. Tem função excitatória no processo de cognição e contração muscular. Saiba Mais A primeira molécula identificada como um neurotransmissor por Otto Loewi, na década de 1920, foi a acetilcolina, (ACo). O termo colinérgico surgiu para descrever as células que produzem e liberam ACo. Como também o termo noradrinérgico surgiu para os neurônios que usam o neurotransmissor aminérgico noradrenalina (NA, também denominada norepinefrina). A maioria dos neurotransmissores encontra-se em uma das três categorias químicas: aminoácidos, aminas ou peptídeos. 43 Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado pelo DI São três os aminoácidos que possibilitam a transmissão aminoácida rápida: glutamato (Glu), ácido gama-aminobutírico (Gaba) e glicina (Gly). Também a amina acetilcolina (ACo) possibilita a transmissão sináptica rápida em todas as junções neuromusculares. As formas mais lentas de transmissão sináptica no SNC e na periferia, são mediadas por neurotransmissores de todas as três categorias. Muitos outros neurotransmissores são derivados de precursores de proteínas, os chamados peptídeos neurotransmissores. Demonstrou-se que cerca de 50 peptídeos diferentes têm efeito sobre as funções da célula neuronal. Vários desses peptídeos neurotransmissores são derivados da proteina pré- opiomelanocortina (POMC). Os neuropeptídeos são responsáveis pela mediação de respostas sensoriais e emocionais, tais como a fome, a sede, o desejo sexual, o prazer e a dor. São três os aminoácidos que possibilitam a transmissão aminoácida rápida: glutamato (Glu), ácido gama-aminobutírico (Gaba) e glicina (Gly). 44 Também a amina acetilcolina (ACo), possibilita a transmissão sináptica rápida em todas as junções neuromusculares. As formas mais lentas de transmissão sináptica no SNC e na periferia, são mediadas por neurotransmissores de todas as três categorias. Os defeitos na neurotransmissão são a base de muitos distúrbios neurológicos e psiquiátricos. A diminuição dessas substâncias provocam alteração como: Transtornos do humor, Transtornos de ansiedade, Transtornos alimentares , Transtornos sexuais, Distúrbios do sono, Distúrbios de memória e aprendizagem e doenças neurológicas como: Fibromialgia, dor crôni- ca e enxaquecas, Demências como parkinson e alzheimer, Convulsões e epilepsia, Transtornos motores como tremores, rigidez e espasmos. O processo de transmissão sináptica de natureza química pode ser afetado por drogas específicas e toxinas. Além de prover explicação a respeito de aspectos do processamento neural da informação e dos efeitos da ação de drogas, o conhecimento da transmissão sináptica é a chave para compreender a base neural do aprendizado e da memória. Importante Alguns neurotransmissores são vitais para a aprendizagem. Entre eles, a acetilcolina tem mostrado ser o mais importante para as funções cognitivas. Pessoas com baixos níveis de acetilcolina apresentam dificuldades de concentração e problemas de memória. Sabe-se que funções complexas como memorizar e aprender, por exemplo, acontecem mais intensamente em algumas regiões do sistema nervoso e parece existir entre elas uma complexa coordenação. Interatividade - A dopamina, por si só é o neurotransmissor relacionado ao prazer, mas este neurotransmissor também desenvolve atividades em conjunto com a serotonina e a noradrenalina, relacionadas da seguinte forma, conforme demonstra a figura a seguir: https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtornos_do_humor https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtornos_de_ansiedade https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtornos_alimentares https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtornos_alimentares https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtornos_sexuais https://pt.wikipedia.org/wiki/Dist%C3%BArbios_do_sono https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7as_neurol%C3%B3gicas https://pt.wikipedia.org/wiki/Fibromialgia https://pt.wikipedia.org/wiki/Dor_cr%C3%B4nica https://pt.wikipedia.org/wiki/Dor_cr%C3%B4nica https://pt.wikipedia.org/wiki/Enxaqueca https://pt.wikipedia.org/wiki/Dem%C3%AAncia https://pt.wikipedia.org/wiki/Parkinson https://pt.wikipedia.org/wiki/Alzheimer https://pt.wikipedia.org/wiki/Epilepsia https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Transtornos_motores&action=edit&redlink=1 45 Figura 3.4: Interatividadeentre neurotransmissores Fonte: http://www.espacocomenius.com.br/neurotransmissoresinteragin.jpg 3.3 Comportamento e emoções Pode-se comprovar a estreita relação entre a emoção e os movimentos desencadeados pelo evento vivido, por meio da ligação ordenada entre o grupo de estruturas cerebrais encarregadas da tarefa de perceber e executar e o grupo avaliador da ação emotiva. Emoções relacionam-se com a atividade em áreas cerebrais que direcionam a atenção, motivam o comportamento e determinam o significado do que ocorre ao redor. É uma resposta do organismo envolvendo a excitação física, comportamentos expressivos e experiên- cia consciente. Os trabalhos pioneiros de Paul Broca (1878), James Papez (1937) e Paul D. MacLean (1952), sugerira, que as emoções estão relacionadas a um grupo de estruturas no meio do cérebro, denominadas de Sistema Límbico, muito embora, hoje em dia saiba-se que há muito mais envolvimento nesse processo do que apenas essas áreas. O Sistema Límbico forma um grupo de estruturas do cérebro, incluindo tálamo medial, núcleo acumbente, prosencéfalo basal e outras 46 regiões. Circundando o hipotálamo estão as demais estruturas subcorticais do sistema límbico: a área pré-ótica, o septo, a área para-olfativa, os núcleos anteriores do tálamo, porções dos gânglios da base, o hipocampo e a amígdala. Esse sistema agrupa estruturas situadas numa e noutra região e foram agrupadas por terem, em comum, uma estreita correlação com a emoção e movimento. Assim, para que os mecanismos neurais possam produzir adequadamente as emoções sentidas é necessário que os padrões neurais iniciais ou inatos, relacionados ao sistema límbico, se liguem, também, aos circuitos neuronais do tronco cerebral. Esse complexo processo neuronal é essencial para a sobrevivência do indivíduo, pois atua em todas as partes do organismo, como na regulação das glândulas endócrinas, da hipófise, tireóide, suprarenal, órgãos reprodutores e demais órgãos. Todo esse conjunto, formado por diversas estruturas subcorticais, está ligado ao giro cingulado anterior, o qual constitui a principal porta de acesso ao córtex frontal. Podemos dizer que a regulação relacionada e inicialmente coordenada pelo tronco cerebral é complementada por várias regiões do sistema límbico, que além de participar do estabelecimento dos impulsos e instintos, tem também importante função nas emoções e sentimentos agradáveis e desagradáveis, provavelmente detectando mudanças que estão ocorrendo nas vísceras. As sensações percebidas de mudanças viscerais levariam a pessoa a classificar o percebido como ruim ou bom e, em seguida, nomeando o acontecido. Acredita- se que o sistema límbico contenha redes de circuitos inatos e estáveis, e também alguns que poderiam ser modificados por meio da experiência. Enumerando os componentes corticais pertencentes ao Sistema Límbico, podemos observar o hipocampo e o lobo límbico de Broca, referente ao conjunto de estruturas que se situam em volta do tronco encefálico, na face interna (medial) e inferior dos hemisférios cerebrais. Quanto aos componentes subcorticais é possível diferenciar as amígdalas (núcleos amigdalinos), a área septal, os corpos mamilares, os núcleos anteriores do tálamo, os núcleos habenulares e os núcleos Accumbens. Os componentes cerebrais associados ao Sistema Límbico são o Tronco Cerebral, o Hipotálamo, o Tálamo, a Área Pré- frontal e o Rinencéfalo (Sistema Olfativo). 47 Figura 3.5: O Sistema Límbico Fonte: http://inspirandogente.com.br/neurociencia/neuroanatomia-fundamental- sistema-limbico/ O sistema límbico é responsável por controlar as emoções e tem relação com aprendizado e a memória. Tem ainda relação com sistema endócrino na regulação de importantes hormônios. As principais estruturas que compõe sistema límbico são: • Hipotálamo: Atua nas respostas periféricas (o choro, a alteração do ritmo cardíaco e respiratório), nos processos motivacionais, regulação do comportamento emocional (raiva, medo e prazer), regulagem do sono, do apetite, pela libido, e também controla a temperatura corporal. • Tálamo: Processa os sentidos (tato, paladar, visão e audição, e sensações do tipo dor, calor ou frio). Com exceção do olfato é que são enviados diretamente ao córtex cerebral. Tem o papel filtro de estímulos para a consciência antes de serem reconhecidos no córtex frontal. http://inspirandogente.com.br/neurociencia/neuroanatomia-fundamental-sistema-limbico/ http://inspirandogente.com.br/neurociencia/neuroanatomia-fundamental-sistema-limbico/ 48 Figura 3.6: Tálamo e Hipotálamo Fonte: http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema- nervoso/diencefalo/ • Corpos mamilares: Atuam de forma extremamente íntima com o hipotálamo. • Giro cingulado: Tem um papel importante na identificação de conflitos, de erros e na correção de falhas através da mudança de comportamento e ansiedade. Indivíduos ansiosos criam excesso de futuro e com isso não realizam as coisas que deveriam no presente. Figura 3.7: Giro Cingulado Fonte: http://www.deviante.com.br/noticias/ciencia/cientistas-tentam- diagnosticar-a-depressao-precocemente/ 49 • Amígdala: Monitora o ambiente e é responsável por identificar as situações de perigo “alerta” (medo, ansiedade), regulador do compor- tamento sexual e memórias emocionais. Associa a expressão facial com o significado emocional e social de um acontecimento. • Hipocampo: É responsável pela memória recente e também de longo prazo é importante para converter a memória de curto prazo em memória de longo prazo. Quando a memória está ligada a um sentimento, aumenta a fixação. Figura 3.8: Hipocampo Fonte: http://www.cerebromente.org.br/n05/mente/struct.htm Importante O sistema límbico compreende todas as estruturas cerebrais que estão de alguma forma relacionadas, principalmente, com comportamentos emocionais e sexuais, aprendizagem, memória, motivação, mas também como dito, com algumas respostas de equilíbrio interno, pelo sua influência hormonal. É uma das principais estruturas neurais a serem trabalhadas no processo de desenvolvimento pessoal. É o local onde se realizam as reconfigurações de crenças, aos mecanismos de fixação de aprendizado, e tantas outras. http://www.cerebromente.org.br/n05/mente/struct.htm 50 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia a obra Aprender a Aprender- A Educabilidade Cognitiva, de Vitor da Fonseca. Neste livro você encontrará uma nova forma de pensar em educação, abordando uma perspectiva histórica sobre os conceitos de inteligência; o papel da Experiência de Aprendizagem Mediatizada na Modifica- bilidade Cognitiva Estrutural; a filogênese, a ontogênese e a neuropsicologia da cognição; Programas de Enriquecimento Instrumental e o Futuro da Educação Cognitiva. Resumo da aula Nesta aula estudou-se que a Filogênese é a ciência que estuda a história da evolução humana ( a constituição dos seres humanos como sujeitos cognitivos). Chama-se de ontogênese a organização do SN determinada por fatores genéticos e ambientais que participam e influenciam no seu desenvolvimento, atuando na formação das diversas regiões do sistema nervoso. Na complexidade e harmonia do funcionamento do SN, os neurotransmissores (moléculas químicas com função excitatória e/ou inibitória, presentes no terminal pré-sináptico) são fundamentais para gerar a energia e movimento na célula. Cada neurotransmissor tem função e atuação específicos, trazendo ao corpo o bem-estar e equilíbrio. Atividade de Aprendizagem Dentre os muitos neurotransmissores existentes, discorra sobre a acetilcolina, neurotransmissor vital para a aprendizagem.51 Aula 4 - Neuroplasticidade e suas relações com a memória, aprendizado, educação e dificuldades de aprendizagem Apresentação da aula Nesta aula será estudado sobre a neuroplasticidade e suas relações com a memória e aprendizado, como também, educação e dificuldades de aprendizagem. 4.1 Neuroplasticidade A neuroplasticidade é uma característica única e fundamental na formação de memórias e da aprendizagem, bem como na adaptação a lesões e eventos traumáticos sofridos ao longo da vida. A plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos patológicos, mas assume também funções extremamente importantes no funcionamento normal do indivíduo, promovendo modificações comportamentais. Graças a esta capacidade é que, pessoas que sofreram acidentes, às vezes gravíssimos, com perda de massa encefálica, déficits motores, visuais, de fala e audição, vão se recuperando gradativamente e podem chegar a viver sem sequelas, com qualidade de vida. Importante A neuroplasticidade ou plasticidade neural é entendida como a capacidade de mudança do sistema nervoso em relação a sua estrutura e função, em resposta a alterações dos padrões de experiências vividas, e a mesma, pode ser concebida e avaliada a partir de uma perspectiva estrutural (configuração sináptica) ou funcional (modificação do comportamento), ou seja, é a adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso de responder a estímulos intrínsecos e extrínsecos, pela capacidade que os neurônios têm de formar novas conexões a cada momento. https://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria https://pt.wikipedia.org/wiki/Aprendizagem 52 Saiba Mais Wiliam James (1890), em The Principles of Psychology, foi o primeiro a introduzir o termo “plasticidade” nas neurociências em referência à susceptibilidade do comportamento humano para modificação. Todos os processos de reabilitação neuropsicológica, assim como as psicoterapias de um modo geral, baseiam-se na convicção de que o cérebro humano é um órgão dinâmico e adaptativo, capaz de se reestruturar em função de novas exigências ambientais ou das limitações funcionais impostas por lesões cerebrais. Nesta visão mais ampla do cérebro humano, foram sendo concebidas diferentes formas de plasticidade neuronal: • Regenerativa: consiste no recrescimento dos axônios lesados. É mais comum no Sistema Nervoso Periférico e é facilitada pelas células não neurais que compõem o microambiente dos tecidos. • Axônica: ou plasticidade ontogenética, ocorre de zero a 2 anos de idade (etapa da vida em que há um período de maior neuroplasticidade, chamado período crítico), é uma fase fundamental para desenvolvimento do Sistema Nervoso. • Sináptica: Capacidade de alterar a sinapse entre as células nervosas. A chamada lei de Hebb consiste em uma espécie de “musculação sináptica” e envolve um mecanismo de detecção de coincidências temporais nas descargas neuronais: se dois neurônios estão simultaneamente ativos, suas conexões são reforçadas; caso apenas um esteja ativado em dado momento, suas conexões são enfraquecidas. • Dendrítica: Alterações no número, no comprimento, na disposição espacial e na densidade das espinhas dendríticas, que ocorrem principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento do indivíduo. As espinhas dendríticas constituem-se de micropetídeos privilegiados, que 53 concentram íons e pequenas moléculas influentes na transmissão de informações entre os neurônios. • Somática: Capacidade de regular a proliferação ou morte de células nervosas. Somente o sistema nervoso embrionário é dotado dessa capacidade. Dessa forma, uma das esperanças na recuperação somática está na utilização de células-tronco. Saiba Mais A teoria hebbiana descreve um mecanismo básico da plasticidade sináptica no qual um aumento na eficiência sináptica surge da estimulação repeti- da e persistente da célula pós-sinápticas. Introduzida por Donald Hebb em 1949, é também chamada de Regra de Hebb. Ao pensar como acontece a recuperação de funções perdidas em um caso de lesão cerebral, pode-se encontrar várias possibilidades dessa recuperação e estudos com neuro-imagens que indicam modelos de ativação pós-lesão, que sugerem reorganização funcional. Investigações morfológicas mostraram que esse tipo de plasticidade é mediado por proliferação de sinapses e brotamento axonal. As alterações celulares que acompanham essas teorias são: Brotamento: é definido como um novo crescimento a partir de axônios. Tem a contribuição de vários fatores celulares e químicos: 1. A resposta do corpo celular e a formação de novos brotos; 2. Alongamento dos novos brotos; 3. Cessação do alongamento axonal e sinaptogênese (processo de formação de sinapses entre os neurônios dos sistema nervoso central). https://pt.wikipedia.org/wiki/Plasticidade_sin%C3%A1ptica https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinapse https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=P%C3%B3s-sin%C3%A1ptica&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Olding_Hebb https://pt.wikipedia.org/wiki/1949 54 Existem duas formas de brotamento neural no Sistem Nervoso Central: regeneração - que é um novo crescimento em neurônios lesados, e o brotamento colateral - um novo crescimento em neurônios ilesos adjacentes ao tecido neural destruído. O brotamento é caracterizado por uma fase inicial rápida, seguida de outra muito mais lenta que dura meses. Brotamentos a partir de axônios preservados aparecem e se propagam sobre os campos próximos, entre 4 a 5 dias após a lesão. Outra característica do fenômeno é sua seletividade tanto em termos do local, quanto do tipo de fibras que sofrem o processo. Ativação de Sinapses Latentes: ocorre quando um estímulo importante às células nervosas é destruído, sinapses residuais ou dormentes previamente ineficazes podem se tornar eficientes. Supersensitividade de Desnervação: quando ocorre desnervação, a célula pós-sináptica torna-se quimicamente supersensível. Dois possíveis mecanismos são responsáveis pelo fenômeno: 1. Desvio na supersensitividade (pré-sináptica), causando acúmulo de acetilcolina na fenda sináptica; 2. Alterações na atividade elétrica das membranas. Saiba Mais A desnervação é uma das alterações patológicas mais comuns em músculos. Decorre da perda do axônio motor, ou de todo o motoneurônio. 55 Vocabula rio Motoneurônio - Neurônio que conduz o impulso nervoso do Sistema Nervoso Central para um músculo ou glândula; NEURÔNIO MOTOR Essas formas de regeneração no SNC são crucialmente dependentes do ambiente no qual os novos axônios estão crescendo. Eles podem não conseguir estabelecer conexões sinápticas apropriadas, devido a condições desfavoráveis de substratos extracelulares, barreiras mecânicas, como de cicatrizes gliais densas, ou outros mecanismos inibitórios. Outra complexidade e mistério é a beleza da plasticidade cerebral, que possibilita a transformação e readaptação das funções cerebrais, permitindo à pessoa retomar funções e comportamentos perdidos por meio de uma fatalidade que lhe tenha sido acometida intra ou extracorporal. 4.2 Relações entre a neuroplasticidade, memória e aprendizagem Experiências práticas em neuroplasticidade O ato de aprender é uma modificação de comportamento que envolve a mente e o cérebro. Todo comportamento é processado no cérebro. Não há vida inteligente sem cérebro. A neuroplasticidade é uma capacidade neurológica, portanto cerebral, de ampliar estruturas que se adaptem de forma a criar novos alicerces para qualquer situação de aprendizagem, sendo assim, podemos concluir que neuroplasticidade, aprendizagem e memória, estão intimamente relacionadas e presentes em todo comportamento humano. 4.2.1 Aprendizagem A aprendizagem acontece durante toda a vida do indivíduo e a ação do aprender
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