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Denúncia Espontânea A denúncia espontânea é um instituto previsto no CTN por meio do qual o devedor, antes que o Fisco instaure contra ele qualquer procedimento administrativo ele se auto denuncia. CONTEXTUALIZANDO Fato gerador – subsunção do fato à norma – nasce obrigação tributária – lançamento tributário – crédito tributário (obrigação principal) – art. 113 CTN Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Assim o contribuinte paga o imposto devido ou não paga. QUAL A CONSEQUENCIA DO NÃO PAGAMENTO? Multa + Juros além da obrigação principal ENTÃO ONDE ENTRA O INSTITUTO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA? Como bem o nome diz: auto denúncia E o benefício que eu tenho é pagar apenas a obrigação principal e os juros de correção, sem o recolhimento do valor da multa de mora e multa punitiva (que inclusive muitas vezes tem caráter confiscatório). Assim o CTN no art. 138 dispõe: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. MAS COMO TODO INSTITUTO DO DIREITO, EXISTEM REQUISITOS. QUAIS REQUSITOS PARA QUE A DENÚNCIA ESPONTÂNEA SE EFETIVE ? Existem 2 requisitos cumulativos: 1º PAGAMENTO IMEDIATO Pagamento imediato e de valor integral, ou seja, não existe DE mediante parcelamento. Ex: Se eu for até a RFB assinar um termo de confissão de dívida mediante parcelamento, o valor consolidado nesse parcelamento é o valor principal do imposto, juros e a multa (n tem exclusão de muta). Portanto, parcelamento não é denúncia espontânea, é só uma confissão de dívida, onde o contribuinte faz a adesão e parcela o valor devido conforme ele quer, em até 60x. Por isso que a DE é imediata, pagamento à vista, não existe isso de parcelar. Inclusive o artigo 155-A do CTN: Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. Súmula 208 do antigo TFR (Tribunal Federal de Recursos): A simples confissão da dívida, acompanhada do seu pedido de parcelamento, não configura denúncia espontânea. No AGRG NO AG 1035788 / MG o STJ: A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que o parcelamento não equivale ao pagamento, descaracterizando-se, assim, uma denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN capaz de afastar uma multa moratória. DETALHE: Não posso fazer DE de uma obrigação acessória, só em face de obrigação principal O QUE É OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA E PRINCIPAL? Eu não falei no começo que quando ocorre o FG – Subsunção do fato à Norma - nasce obrigação tributária – ocorre lançamento tributário – crédito tributário – art. 113 CTN – Esse crédito tributário é a obrigação principal. Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador ... Em linhas gerais a obrigação principal é o tributo em si. Só que para toda obrigação principal existe uma obrigação acessória, exemplo: é o que fazemos diariamente no escritório, quando entregamos DCTF, DAA, quando a empresa precisa gerar guia de ICMS, essas são obrigações acessória, que se não forem cumpridas geram multas ao contribuinte, pq ele vai incorrer em infração. Essa multa não vai ter benefício da DE. ENTÃO EM SUMA É ISSO O PRIMEIRO REQUISITO É PAGAMENTO INTEGRAL E IMEDIATO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL COM JUROS E é assim o entendimento do STJ: RECURSO ESPECIAL Nº 1.146.818 – SC: 1. Apenas o pagamento integral do tributo devido, acrescido da respectiva correção monetária e juros moratórios, anteriormente a qualquer ato de fiscalização empreendido pela Autoridade Administrativa, tem o condão de conferir ao contribuinte o benefício da denúncia espontânea previsto no art. 138 do CTN 2º REQUISITO: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Ou seja, desde o contribuinte não esteja sob fiscalização ele pode fazer a denúncia espontânea. EXEMPLO: Eu Ana recebi um MPF (mandado de procedimento fiscal), vi que eles estão pedindo documentos relativo ao meu imposto de renda de 2017, eu sei que não paguei, eu vou lá correndo e pago sem a multa, pq eu vi que eles começaram a investigar isso. POSSO FAZER ISSO? NÃ POSSO! Pq a receita já começou o procedimento adm ref. ao IR de 2017. DETALHE: Tenho que prestar atenção ao termo do procedimento fiscal, eles querem docs de IR de 2017, ta escrito 2016? 2018? Não, então eu posso fazer denuncia desses outros anos. O Decreto nº 70.235/72 – regula o procedimento fiscal administrativo federal e no seu art. 7º pp 1º ele diz o seguinte: § 1º. O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. Então esse é o segundo requisito: não pode ter iniciado um procedimento, procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração, se não exclui a espontaneidade 1º PAGAMENTO INTEGRAL E IMEDITATO 2º TEM QUE SER FEITO ANTES DE FISCALIZAÇÃO TEMOS SUMA EXCEÇÃO: TRIBUTOS DE LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO O STJ tem a súmula 360 que diz o seguinte: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. É um absurdo, sim, mas vou explicar essa súmula. FAZENDO UM PARÊNTESES Lembra que eu falei que ocorre o FT – subsunção do fato à norma – nasce uma obrigação tributária – para que essa obrigação ilíquida se transforme em líquida (cobrável) tem que haver o lançamento tributário (142 CTN) ESSE LANÇAMENTO PODE SER FEITO POR QUEM? - Em regra o próprio fisco - Contribuinte - Juiz do trabalho – em relação às contribuições previdenciárias O lançamento por homologação está previsto no art. 150 pp 4 do CTN Em síntese ele é o caso onde o contribuinte apura o tributo – ele declara – no vencimento ele paga – sem ser estartado pelo fisco, ele mesmo constitui o crédito tributário, ou seja, ele antecipa o lançamento. O fisco nada faz, cabe a ele homologar em 5 anos esse lançamento, se ele não o az, é homologado tacitamente. Ex: vendi 10 computadores na minha loja, gerei uma guia de ICMS, paguei, o fisco tem 5 anos para homologar. E nesse exemplo de acordo com a súmula 360 do STJ: eu não posso ter o benefício da denúncia espontânea, pq eu declarei e não paguei, A lógica gira em torno de que, o fisco ainda “não sabe da existência do tributo”, ele não foi constituído mediante lançamento dele, pagarei lá na frente com multa e juros. Exemplosde tributos de lançamento por homologação são: ICMS, IPI, 1IR, ITR, PIS, COFINS, ISS MAS COMO SEMPRE, EXISTE A EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO Em que pese o STJ ter a súmula 360, ele tem decisões pacificadas no sentido de: se o contribuinte NÃO tiver declarado o tributo e não pago, ele tem direito a denúncia espontânea. “COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A denúncia espontânea resta configurada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando o contribuinte ao efetuar a compensação, concomitantemente ou em ato posterior o declara, anteriormente a qualquer procedimento do Fisco. Art. 138 do CTN. (Súmula 360/STJ e RESP nº 1.149.022/SP). EXIGÊNCIA DO IRPJ E DA CSLL ESTIMATIVA. Passíveis de sanções pelo inadimplemento da obrigação. Recurso Voluntário Provido em Parte”(Ac. nº 3801-005.225, Conselheiro Relator Cássio Schappo, j. em 26/02/2015). Ou seja, o contribuinte não declara, apura o imposto, paga o DARF, depois declara, ai está configurada a denúncia espontânea. NÃO ENTENDI PQ O STJ TEM A SÚMULA E DECISÃO DIFERENTE: 360: TRIBUTO DECLARADO – LANÇADO E NÃ PAGUEI – JÁ ERA DECISÕES: NAÕ DECLAREI O TRIBUTO – NÃO TEM LANÇAMENTO – AI EU POSSO FAZER A DENÚNCIA – APURO – RECOLHO O DARF – TA FEITA A DENÚNCIA – DEPOIS FAÇO A DECLAÇÃO POSTERIORMENTE AO PAGAMENTO SEM A MULTA.
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