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Livro Eletrônico
.. 09
Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019
(Curso Regular)
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
 
Prof. Ricardo Vale 
 
 
 
 
 
 
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 
 1 
Direito Internacional Privado .......................................................................................... 3	
1 Objeto e Conceitos Introdutórios ................................................................................................ 3	
2 Elementos de Conexão no Direito Brasileiro ................................................................................ 5	
3 Aplicação do Direito estrangeiro................................................................................................. 7	
4 Homologação de Sentença estrangeira .................................................................................... 10	
5 Cartas Rogatórias ..................................................................................................................... 12	
6 Arbitragem Internacional ......................................................................................................... 12	
7 Competência Internacional ....................................................................................................... 14	
Lista de Questões ......................................................................................................... 37	
Gabarito ...................................................................................................................... 48	
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
.. 09
Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
 
Prof. Ricardo Vale 
 
 
 
 
 
 
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 
 2 
Olá, pessoal! Tudo bem? 
Na aula de hoje, dando continuidade ao nosso curso para a Magistratura Federal, estudaremos 
sobre o Direito Internacional Privado. 
Abraços, 
Ricardo Vale 
ricardovale@estrategiaconcursos.com.br	
 “O segredo do sucesso é a constância no objetivo!” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
 
Prof. Ricardo Vale 
 
 
 
 
 
 
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 
 3 
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
1 OBJETO E CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 
A globalização e o aprofundamento das relações internacionais gerou a intensificação dos fluxos 
comerciais, de investimentos e de pessoas entre os países. 
Com isso, há cada vez um maior número de relações privadas que transcendem as fronteiras de um 
Estado, envolvendo tanto pessoas jurídicas quanto pessoas físicas. Empresas situadas em Estados 
diferentes celebram entre si contratos de compra e venda, pessoas físicas adquirem imóveis no 
exterior, indivíduos de nacionalidades diferentes se casam. Enfim, há um grande incremento da 
quantidade de relações privadas com conexão internacional. 
Nesse contexto, surgem questões complexas a serem resolvidas. Qual o direito aplicável a um 
contrato internacional celebrado entre uma empresa alemã e uma empresa brasileira? Qual 
legislação irá regular a sucessão de bens do “de cujus”? 
Para responder a essas e outras perguntas é que se faz necessário o estudo do Direito Internacional 
Privado, cujo objetivo é solucionar os conflitos de leis no espaço, determinando qual o direito 
aplicável a uma relação privada com conexão internacional. O Direito Internacional Privado não 
busca dar uma solução de mérito para uma controvérsia jurídica; ele apenas indica qual direito 
(nacional ou estrangeiro) irá se aplicar a uma relação privada com conexão internacional. 
Segundo alguns autores, o direito internacional privado teve suas primeiras manifestações na Roma 
Antiga. Naquele tempo, vigorava o jus civile para os cidadãos romanos e o jus peregrinum para os 
estrangeiros. Por sua vez, para regular as relações entre peregrinos de diferentes origens e entre 
cidadãos romanos e peregrinos, vigorava o jus gentium. Tentava-se, dessa forma, solucionar o 
problema de conflito entre dois regimes jurídicos distintos (o aplicável aos cidadãos romanos e o 
aplicável aos peregrinos).1 
Há uma variedade de fontes do Direito Internacional Privado, seja no plano interno ou no plano 
internacional. As fontes internas são aquelas que compõem o ordenamento jurídico de cada Estado. 
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) é um exemplo de fonte interna do Direito 
Internacional Privado. As fontes internacionais, por sua vez, surgem a partir da ideia de que os 
Estados devem buscar a harmonização das normas de Direito Internacional Privado, que antes 
 
1 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado, 10a edição. Editora Forense. Rio de Janeiro: 2012, pp. 180-181. 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
 
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Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019. 
 4 
constavam apenas de suas legislações nacionais. Com isso, surgem tratados versando sobre matéria 
relativa ao Direito Internacional Privado. 
Há que se destacar uma diferença muito relevante entre as fontes do Direito Internacional Público 
e as fontes do Direito Internacional Privado. No âmbito do Direito Internacional Público, as fontes 
são internacionais, produzidas a partir da vontade convergente dos Estados. Já no âmbito do Direito 
Internacional Privado, há preponderância das fontes internas. As fontes internacionais até existem, 
mas a fonte primária do Direito Internacional Privado é a lei. 
As normas de Direito Internacional Privado podem ser classificadas em: 
a) normas indiretas. Essas normas definem qual ordenamento jurídico será aplicado para 
solucionar uma controvérsia com conexão internacional. Elas não solucionam a controvérsia 
propriamente dita, mas apenas estabelecem qual a norma deve ser aplicada. São, portanto, 
normas instrumentais, que resolvem conflitos (normas conflituais) Como exemplo, citamos o 
art. 9º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que estabelece que as obrigações 
serão regidas pela lei do país no qual forem constituídas. 
b) normas diretas: São normas que solucionam uma questão jurídica com conexão 
internacional, buscando harmonizar procedimentos entre os diferentes países. Como 
exemplo de norma direta, citamos a Convenção de Viena sobre o Contrato de Compra e 
Venda Internacional de Mercadorias. Essas normas são substantivas e aparecem só 
excepcionalmente no direito internacional privado. 
c) normas qualificadoras. Não são normas conflituais, tampouco harmonizadoras. São 
normas que definem o conceito de algum instituto previsto na legislação. Por exemplo, é 
norma qualificadora aquela que estabelece que o domicílio da pessoa física é definido pelo 
local de sua residência habitual. 
No Brasil, as principais regras de Direito Internacional Privado estão previstas na Lei de Introdução 
às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). Também há que se destacar a Lei nº 9.307/96, que versa 
sobre a arbitragem, e os arts. 21 a 25, do Novo Código de Processo Civil, que tratam da competência 
internacional. 
Para que se possa determinar qual a norma (estrangeira ou nacional) aplicável a um caso concreto, 
é fundamental entender a estrutura das normas de Direito Internacional Privado, que se apoiam em 
duas partes: o objeto de conexão e o elemento de conexão. Oobjeto de conexão diz respeito à 
matéria sobre a qual versa a norma (personalidade, direito de família, obrigações). O elemento de 
conexão, por sua vez, é o fator que determina a sede jurídica de uma determinada relação privada 
que transcende as fronteiras de um Estado (domicílio, nacionalidade, local de celebração, local de 
execução). 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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 5 
Segundo André de Carvalho Ramos, com a consolidação do Direito Internacional Privado no século 
XIX, os valores dominantes eram a previsibilidade e a segurança jurídica. No século XX, porém, o 
Direito Internacional Privado passa a considerar outros valores, como o respeito à igualdade e a 
tolerância à diversidade, o que se explica pela maior importância atribuída à proteção internacional 
dos direitos humanos.2 
Pela aplicação da princípio da igualdade, o Direito Internacional Privado ganha uma dimensão social. 
Torna-se relevante analisar o impacto real, sobre a vida dos vulneráveis, da escolha da lei e da 
jurisdição aplicáveis. Já a tolerância à diversidade, visa evitar a “xenofobia jurídica”, ou seja, os 
ordenamentos estatais devem aceitar a aplicação do direito estrangeiro. 
Dito isso, vamos, no próximo tópico, perscrutar a Lei de Introdução das Normas do Direito Brasileiro 
(LINDB) a fim de identificar quais os elementos de conexão utilizados pela legislação brasileira. 
2 ELEMENTOS DE CONEXÃO NO DIREITO BRASILEIRO 
Os elementos de conexão, conforme já afirmamos, são os fatores que determinam a sede jurídica 
de uma determinada relação privada que transcende as fronteiras nacionais. São os elementos de 
conexão que definem se será aplicado a uma relação jurídica o direito nacional ou o direito 
estrangeiro. 
É a lei de cada Estado (“lex fori”) que irá definir os elementos de conexão utilizados em cada situação. 
No exercício de sua soberania, o Estado irá permitir a aplicação, em alguns casos, do direito 
estrangeiro, desde que ele não seja contrário à ordem pública. 
2.1 Lex Domicilli: 
Um dos principais elementos de conexão previstos no ordenamento jurídico brasileiro é o domicílio. 
A lei do domicílio (lex domicilli) é utilizada, fundamentalmente, como critério de solução de conflitos 
de leis no espaço envolvendo o estatuto pessoal. 
O art. 7º da LINDB é explícito nesse sentido, ao dispor que “a lei do país em que domiciliada a pessoa 
determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos 
de família”. Suponha, por exemplo, que João, brasileiro, tenha domicílio na Itália. Nesse caso, a lei 
italiana é que irá determinar as regras sobre o começo e fim da personalidade, o nome, a capacidade 
e os direitos de família de João. 
 
2
 RAMOS, André de Carvalho. Direito Internacional privado e o direito transnacional: entre a unificação e a anarquia. Revista de Direito 
Internacional. UNICEUB. 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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A aplicação da lex domicilli na solução de conflitos de leis no espaço também fica evidenciada nas 
regras a respeito do casamento. Segundo o art. 7º, § 1º, “realizando-se o casamento no Brasil, será 
aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.” 
No ordenamento jurídico brasileiro, não se admite, por exemplo, o casamento de uma pessoa que 
já é casada (art. 1521, inciso VI, CC); se o casamento se realizar no Brasil, essa regra deverá ser 
observada, mesmo que o casamento seja de estrangeiro cujo país de origem admite a bigamia ou 
poligamia. Destaque-se que é plenamente possível que, no Brasil, ocorra casamento entre 
estrangeiros, que poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de 
ambos os nubentes. 
Também poderá ocorrer casamento de brasileiros no exterior, na forma do art. 18, da LINDB. A 
competência para celebração do casamento será das autoridades consulares brasileiras; é o que se 
tem chamado de “casamento diplomático” ou “casamento consular”. Essa regra está prevista no art. 
18, da LINDB, segundo o qual “tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares 
brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive 
o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do 
Consulado”. 
O regime de bens (legal ou convencional) e os casos de invalidade do matrimônio obedecerão à lei 
do país em que os nubentes tiverem domicílio. Caso o domicílio dos nubentes seja diverso, será 
aplicável a lei do primeiro domicílio conjugal. 
A lex domicilli é usada, ainda, quanto aos bens móveis que o proprietário trouxer para o Brasil ou 
que se destinarem a transporte para outros lugares. Nesse caso, será aplicada a lei do domicílio do 
proprietário. 
Também se aplica a lex domicilli à sucessão por morte e à capacidade para suceder. Segundo o art. 
10, da LINDB, “a sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o 
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens”. A capacidade para 
suceder é regulada pela lei do domicílio do herdeiro ou do legatário. 
2.2 Lex rei sitae: 
O critério “lei rei sitae” leva em consideração a lei do local em que uma determinada coisa está 
situada. Segundo o art. 8º, da LINDB, “para qualificar os bens e regular as relações a eles 
concernentes, aplicar-se à lei do país em que estiverem situados”. O estatuto dos bens é, dessa 
maneira, objeto da solução de conflitos por meio da aplicação da lex rei sitae. 
A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício 
do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais 
favorável a lei pessoal do de cujus. O conflito de leis, nesse caso, resolver-se-á pela aplicação da lei 
mais benéfica ao cônjuge ou filhos brasileiros. 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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2.3 Lex loci contractus / Locus Regit Actum: 
No Brasil, o critério lex loci contractus é empregado para solucionar conflitos de leis no espaço que 
envolvam contratos e obrigações em geral (contratuais e extracontratuais). Com base nesse critério, 
aplica-se a norma do local em que a obrigação tiver sido constituída. 
A LINDB prevê, em seu art. 9º, que “para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país 
em que se constituírem”. A obrigação reputa-se constituída, destaque-se, no lugar em que residir o 
proponente. 
Suponha, por exemplo, que seja celebrado, na Alemanha, um contrato de compra e venda entre 
uma empresa alemã e uma empresa brasileira. Esse contrato, por ter sido constituído na Alemanha, 
será regido pela legislação alemã. 
2.4 Contratos de Trabalho: 
A atual jurisprudência do TST considera que aos contratos de trabalho executados no exterior será 
aplicada a norma mais favorável ao trabalhador. Esse é um entendimento recente, que resultou no 
cancelamento da Súmula TST nº 207, que estabelecia o seguinte: “A relação jurídica trabalhista é 
regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviçoe não por aquelas do local da contratação”. 
3 APLICAÇÃO DO DIREITO ESTRANGEIRO 
3.1 Interpretação e Prova do Conteúdo do Direito Estrangeiro: 
Em geral, o direito aplicável às relações jurídicas é o direito interno de cada Estado. No entanto, em 
determinadas relações jurídicas com conexão internacional, é possível que as regras de Direito 
Internacional Privado conduzam à aplicação do direito estrangeiro. 
Quando um juiz aplica o direito interno, ele o faz de ofício, havendo presunção de que tem pleno 
conhecimento do ordenamento jurídico pátrio. Todavia, quando se trata de aplicar o direito 
estrangeiro, essa presunção não existe: o juiz pode não conhecer o direito estrangeiro. 
Caso o juiz conheça a lei estrangeira, ele poderá aplicá-la de ofício. Se, por outro lado, não a 
conhecer, o juiz poderá exigir a prova da existência e do conteúdo da norma estrangeira. 
É exatamente isso o que prevê o art. 14, da LINDB, que dispõe que “não conhecendo a lei estrangeira, 
poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência”. Se o juiz assim o determinar, 
caberá à parte que alega direito estrangeiro provar-lhe o teor e a vigência (art. 376, Novo CPC). Cabe 
destacar que, mesmo que o juiz não o exija, a parte poderá trazer esses elementos aos autos. 
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3.2 Ordem Pública: 
As normas de Direito Internacional Privado permitem que, em algumas situações, seja aplicado o 
direito estrangeiro em outro Estado. Entretanto, a aplicação do direito estrangeiro poderá sofrer 
limitações. 
No Brasil, o art. 17, da LINDB, estabelece que “as leis, atos e sentenças de outro país, bem como 
quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania 
nacional, a ordem pública e os bons costumes”. Também não deverá ser aplicado o direito 
estrangeiro quando houver fraude à lei. 
Segundo Jacob Dolinger, a ordem pública representa a moral básica de uma nação.3 É claro que esse 
é um conceito um tanto quanto vago, cabendo ao aplicador da lei definir, no caso concreto, se algo 
fere ou não a ordem pública. Observe que o conceito de “ordem pública” não é estanque; ao 
contrário, ele é dinâmico, variando no tempo e no lugar. 
A ordem pública tem 3 (três) níveis de aplicação. 
O primeiro nível se refere ao funcionamento da ordem pública no plano interno, impedindo que a 
vontade das partes derrogue certas regras jurídicas. Como exemplo, no ordenamento jurídico 
brasileiro, há regra que estabelece que será nula a cláusula do contrato de locação que impede a 
sua renovação. Veja que a ordem pública limita a autonomia da vontade das partes nesse tipo de 
contrato. 
O segundo nível diz respeito à vedação de que sejam aplicadas leis estrangeiras no território do 
outro Estado. Por exemplo, no Brasil não se admite a poligamia. Em consequência, alguém que já 
seja casado não poderá contrair novo matrimônio aqui no Brasil. Isso seria incompatível com a 
ordem pública. Anote-se que, segundo a doutrina, para que a norma estrangeira seja afastada, ela 
deverá ser manifestamente incompatível com a ordem pública. 
Por último, o terceiro nível de aplicação da ordem pública versa sobre o reconhecimento de direitos 
adquiridos no exterior. Vejamos um exemplo! Mohamad Salim é nacional do Marrocos, país que 
admite a poligamia. Ele imigra para o Brasil trazendo uma de suas esposas, deixando outra esposa 
no Marrocos. Passando dificuldades financeira, ela recorre à Justiça brasileira requerendo o direito 
a receber obrigação alimentícia. Tal direito adquirido há de ser reconhecido pelos tribunais 
brasileiros. Nesse exemplo, a ordem pública incidiria no sentido de impedir que o estrangeiro 
imigrasse para o Brasil trazendo a segunda esposa. 
 
3
 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado, 10a edição. Editora Forense. Rio de Janeiro: 2012, pp. 385-387. 
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 9 
 
O direito adquirido em um Estado poderá ser reconhecido no Brasil, desde que não 
conflite com a ordem pública. 
3.3 Fraude à Lei: 
A fraude à lei é outra hipótese em que se restringe a aplicação do direito estrangeiro no Brasil. 
Segundo Jacob Dolinger, ela fica caracterizada “quando o agente, artificiosamente, altera o 
elemento de conexão que indicaria a lei aplicável. 4 O objetivo é fugir à aplicação da norma de um 
Estado, por entender que a norma do outro Estado lhe é mais favorável, o que configura verdadeiro 
abuso de direito. 
Suponha, como exemplo, que um indivíduo queira se divorciar e o direito interno de seu Estado não 
autoriza. Aí, com o objetivo de furtar-se ao rigor desse ordenamento jurídico, o indivíduo altera a 
sua nacionalidade ou o seu domicílio. Ficará, nessa situação, caracterizada a fraude à lei. 5 
3.4 Reenvio: 
As regras de Direito Internacional Privado determinam qual o direito (nacional ou estrangeiro) que 
será aplicado a uma determinada relação jurídica. Nesse processo de determinação do direito 
aplicável, podem ocorrer algumas situações inusitadas. 
Suponha que uma empresa do Estado A celebre um contrato com uma empresa do Estado B. As 
regras de direito internacional privado do Estado A determinam que àquele contrato será aplicada 
a lei do Estado B. Porém, a lei do Estado B determinam que ao contrato será aplicada a lei do Estado 
A. Foi um verdadeiro “looping”! J Esse é o fenômeno do reenvio, que consiste em verdadeiro 
conflito negativo entre sistemas de solução de conflitos. 
Há vários graus de reenvio. No exemplo apresentado acima, falamos de um reenvio de 1º grau, que 
envolve 2 (dois) Estados. As regras de Direito Internacional Privado do Estado A determinaram a 
aplicação do direito do Estado B e este, por sua vez, impôs a aplicação do direito do Estado A. 
 
4 DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado, 10a edição. Editora Forense. Rio de Janeiro: 2012, pp. 431-444. 
5 Por mais estranho que esse exemplo possa ser, ele ocorreu bastante no Brasil antes da edição da Lei do Divórcio. 
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==12d86c==
 
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 10 
O reenvio de 2º grau envolve a participação de 3 (três) Estados. Nele, as regras de Direito 
Internacional Privado do Estado A determinam a aplicação do direito do Estado B que, por sua vez, 
impõem a aplicação do ordenamento jurídico do Estado C. 
No Brasil, não se admite o reenvio. É o que se conclui a partir da leitura do art. 16, da LINDB, segundo 
a qual, “quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á 
em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”. Em outras 
palavras, quando a lei brasileira manda aplicar o direito estrangeiro, é este mesmo que deverá ser 
aplicado; não será considerada qualquer remissão que o direito estrangeiro faça a outra lei. 
3.5 Prova de Fatos Ocorridos no Exterior: 
Nas relações jurídicas com conexão internacional submetidas à apreciação do Poder Judiciário, há 
uma série de fatos ocorridos no exterior que devem ser provados em um processo. Segundoo art. 
13, da LINDB, “a prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, 
quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei 
brasileira desconheça”. 
Com base nesse dispositivo, é possível verificar que: 
a) O ônus da prova e os meios de produzir as provas de fatos ocorridos no exterior são regidos 
pela lei do país estrangeiro. 
b) Não são admitidas pelos tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. Por 
exemplo, uma gravação telefônica submetida a cláusula de sigilo é considerada ilícita e não 
será aceita pelo Poder Judiciário brasileiro. 
4 HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
A pergunta que se faz, nesse momento, é a seguinte: é possível que uma sentença emanada de um 
tribunal estrangeiro seja executada no Brasil? 
Sim, é plenamente possível. Para que possa ser executada, a sentença estrangeira precisará, no 
entanto, ser homologada pelo STJ, na forma do art. 105, inciso I, da CF/88 que dispõe o seguinte: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
... 
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias. 
 
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 11 
 
Na LINDB, há menção expressa ao STF como sendo o tribunal competente para 
homologar sentença estrangeira. No entanto, essa disposição foi revogada pela CF/88, 
que atribui tal competência ao STJ. 
 
Assim, em qualquer legislação na qual for feita menção ao STF como responsável por 
homologação de sentença estrangeira, deve ser entendido que essa regra já foi revogada; 
hoje, a competência é do STJ. 
Na homologação de sentença estrangeira, o STJ não aprecia o mérito da decisão, mas apenas 
aspectos formais. É o que se chama de juízo de delibação do STJ. O art. 15, da LINDB, relaciona os 
requisitos a serem observados na homologação de sentença estrangeira: 
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes 
requisitos: 
a) haver sido proferida por juiz competente; 
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; 
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar 
em que foi proferida; 
d) estar traduzida por intérprete autorizado; 
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. 
A competência do STJ para homologar sentença estrangeira não se limita às sentenças do Poder 
Judiciário. O STJ também homologa sentenças arbitrais estrangeiras, assim consideradas aquelas 
proferidas fora do território nacional. A atribuição de competência a um único órgão para realizar 
o juízo de delibação caracteriza o modelo de delibação concentrada, adotado pelo Brasil. 
Não se adota, em nosso país, o modelo de delibação difusa, que seria aquele em que mais os 
diversos órgãos do Poder Judiciário teriam competência para realizar o juízo de delibação. Isso fica 
claro a partir do exame do art. 961, do Novo CPC, que prevê que a decisão estrangeira somente terá 
eficácia no Brasil após a homologação da sentença ou a concessão de exequatur às cartas rogatórias. 
É importante ressaltar que as leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações 
de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública 
e os bons costumes. Nesses casos, não será realizada homologação pelo STJ. 
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5 CARTAS ROGATÓRIAS 
As cartas rogatórias são instrumentos de cooperação judiciária internacional, na medida em que, 
por meio delas, o Poder Judiciário de um Estado solicita apoio ao Poder Judiciário de outro ente 
estatal. Por meio de uma carta rogatória, busca-se auxílio para a produção de provas, intimações e 
outros atos processuais. 
A concessão de exequatur às cartas rogatórias é competência do Superior Tribunal de Justiça, nos 
termos do art. 105, inciso I, alínea “i”, da CF/88. 
Há dois tipos de cartas rogatórias: i) rogatórias ativas (enviadas pela autoridade judiciária brasileira) 
e; ii) rogatórias passivas (recebidas pela autoridade judiciária brasileira). 
No Brasil, o exame da rogatória é feito mediante juízo de delibação, o que significa que o STJ não 
analisa o mérito da diligência pretendida pela Justiça estrangeira, salvo para se verificar o respeito 
à ordem pública, aos bons costumes e à soberania nacional. Segundo Boni de Moraes, “há no juízo 
delibatório uma apreciação material do ato estrangeiro, ainda que mínima, restrita à aferição de 
eventual ofensa à ordem pública do Estado requerido”.6 No juízo de delibação, a análise do STJ se 
limita, essencialmente, às questões formais: autenticidade dos documentos e observância dos 
requisitos legais. 
Não será concedido o exequatur às cartas rogatórias que ofenderem a ordem pública, os bons 
costumes e a soberania nacional. Um exemplo de carta rogatória que viola a soberania e a ordem 
pública é aquela referente a processo de competência exclusiva dos tribunais brasileiros. Somente 
podem ser concedidas cartas rogatórias quando a competência do Poder Judiciário for relativa ou 
concorrente. 
Fala-se em juízo de delibação sumário diante da possibilidade de que a medida de carta rogatória 
seja realizada sem ouvir a parte interessada, o que acontecerá quando a sua intimação puder 
resultar na ineficácia da cooperação internacional. Também fica caracterizado o juízo de delibação 
sumário quando é concedida tutela de urgência em procedimento de homologação de sentença 
estrangeira. 
6 ARBITRAGEM INTERNACIONAL 
A arbitragem é um meio extrajudicial de solução de controvérsias, bastante utilizado no âmbito do 
comércio internacional. No Brasil, é regida pela Lei nº 9.307/96, que dispõe que as pessoas capazes 
 
6
 SOARES, Boni de Moraes. Juízo de Prelibação no Direito Processual Internacional. Dissertação. UNICEUB. 2010. 
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de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais 
disponíveis. Assim, a arbitragem pode ser utilizada tanto por pessoas físicas quanto por pessoas 
jurídicas; basta que a pessoa tenha capacidade para contratar e os conflitos que a envolvam poderão 
ser objeto de solução por meio da arbitragem. 
A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes. Quando se fala em 
arbitragem de direito, a referência que se faz é à aplicação de normas jurídicas pelo árbitro a um 
caso concreto com o objetivo de decidir o litígio instaurado. Por outro lado, quando se trata de 
emprego da equidade, o objetivo é a aplicação de considerações de justiça a um caso concreto; 
nesse caso, não se levará em conta regras jurídicas pré-estabelecidas. 
As partes poderão escolher livremente as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde 
que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública. Trata-se de manifestação do princípio 
da autonomia da vontade, segundo o qual as partes têm ampla liberdade para convencionar qual o 
direito materiale processual aplicável aos litígios que porventura surjam entre elas. Destaque-se 
que as partes também poderão decidir que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais 
de direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio. 
A instauração de um procedimento arbitral para solucionar um litígio poderá decorrer de uma 
“cláusula compromissória” ou de um “compromisso arbitral”. A Lei nº 9.307/96, ao tratar do tema, 
denominou esses dois institutos, genericamente, como convenção de arbitragem. 
A cláusula compromissória nada mais é do que uma cláusula prevista no contrato. Essa cláusula 
prevê que as partes se comprometem a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir 
relativamente ao contrato. Veja: antes de surgir uma controvérsia sobre um determinado contrato, 
as partes já estabeleceram que ela seria solucionada por arbitragem. 
O compromisso arbitral, por sua vez, é posterior ao surgimento de um litígio. É uma espécie de 
contrato, por meio do qual as partes decidem submeter um determinado litígio à esfera do juízo 
arbitral, afastando-o do campo de atuação do Poder Judiciário. 
As decisões dos árbitros são emanadas por meio de sentenças arbitrais (laudos arbitrais). A sentença 
arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos 
órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo judicial. 
Quando uma determinada controvérsia é submetida à arbitragem, fica afastada a competência do 
Poder Judiciário para apreciar a questão. Segundo o art. 485, do Novo CPC, o juiz não resolverá o 
mérito quando acolher a alegação da existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo 
arbitral reconhecer sua competência. Assim, se um juiz se deparar com cláusula compromissória ou 
com compromisso arbitral, ele deverá simplesmente proferir sentença terminativa, sem resolução 
de mérito. 
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7 COMPETÊNCIA INTERNACIONAL 
A competência internacional da autoridade judiciária brasileira é regulada pelos arts. 21 a 25, do 
Novo Código de Processo Civil. 
Nos arts. 21 e 22, do Novo CPC, são relacionados os casos de competência concorrente, os quais 
destacam situações que poderão ser apreciadas pela autoridade judiciária brasileira sem que seja 
afastada também a competência da autoridade judiciária estrangeira. Apenas nos casos de 
competência concorrente é que se poderá, após a devida homologação pelo STJ, atribuir-se eficácia 
à sentença estrangeira. 
Vejamos quais são os casos de competência concorrente previstos pelo Novo CPC. Comecemos, 
primeiro, com o art. 21, do Novo CPC: 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa 
jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. 
O art. 21, inciso I dispõe que a autoridade judiciária brasileira será competente para apreciar uma 
lide quando o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil. A 
nacionalidade do réu (brasileira ou estrangeira) é irrelevante; se o réu estiver domiciliado no Brasil, 
a autoridade judiciária brasileira poderá apreciar a controvérsia sem, é claro, afastar a competência 
da autoridade judiciária brasileira. Destaque-se que reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica 
estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal. 
O art. 21, inciso II, por sua vez, dispõe que a autoridade judiciária brasileira será competente para 
apreciar uma lide quando a obrigação tiver de ser cumprida no Brasil. Assim, as obrigações 
exequíveis no Brasil, contratuais ou extracontratuais, poderão ser julgadas pela autoridade judiciária 
nacional, sem prejuízo da submissão da lide à autoridade judiciária estrangeira. 
Suponha, por exemplo, que seja celebrado um contrato entre uma empresa alemã e uma empresa 
brasileira para que seja realizada uma obra de construção civil em território nacional. Considerando-
se que a obrigação (obra de construção civil) será concretizada no Brasil, a autoridade judiciária 
brasileira terá competência para apreciar a questão, sem excluir a possibilidade de apreciação pela 
autoridade judiciária brasileira. 
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O art. 21, inciso III trata da possibilidade de apreciação, pela autoridade judiciária brasileira, de 
ações que tenham como fundamento fatos ocorridos ou de atos praticados no Brasil. 
Um exemplo seria um acidente de automóvel ocorrido no Brasil envolvendo um alemão e um 
francês. Qualquer um deles poderá acionar o outro perante a justiça brasileira para promover a 
reparação de danos, uma vez que a ação terá derivado de fatos ocorridos no território brasileiro. 
Agora, vejamos o art. 22, que também trata de matérias da competência concorrente. 
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: 
I - de alimentos, quando: 
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de 
renda ou obtenção de benefícios econômicos; 
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no 
Brasil; 
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. 
O art. 22, inciso I, nos mostra que a autoridade judiciária brasileira tem ampla competência nas 
ações de alimentos. A Justiça brasileira será competente para julgar as ações de alimentos quando: 
- o credor tiver domicílio ou residência no Brasil. Ex: A criança (credor dos alimentos) mora 
no Brasil e o pai (devedor dos alimentos) no exterior. 
- o réu mantiver vínculos no Brasil. Ex: O pai (devedor dos alimentos) tem um imóvel no Brasil. 
O art. 22, inciso II, trata da competência da autoridade judiciária brasileira para julgar as ações 
decorrentes de relações de consumo, desde que o consumidor tenha domicílio ou residência no 
Brasil. Suponha, por exemplo, que um brasileiro faça compras pela Internet em uma loja de e-
commerce norte-americana. É possível que o Poder Judiciário brasileiro seja acionado em ação 
decorrente dessa relação de consumo. 
O art. 22, inciso III, ilustra a aplicação do princípio da autonomia da vontade. É possível que as 
partes decidam se submeter à jurisdição brasileira. É o que se chama de foro de eleição. 
Aqui, cabe uma observação importante. 
Suponha que uma empresa brasileira e uma empresa alemã celebrem um contrato internacional. 
Nesse contrato, ambas concordam que qualquer controvérsia envolvendo aquele contrato será 
submetida à Justiça alemã. Tem-se aí uma cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro. Essa 
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cláusula afastará qualquer competência da autoridade judiciária brasileira para apreciar lides em 
torno daquelecontrato. É o que se depreende da leitura do art. 25, do Novo CPC. 
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver 
cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. 
Vamos falar, agora, sobre os casos de competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira. 
No art. 23, do Novo CPC, estão relacionados os casos de competência exclusiva. São situações em 
que fica afastada por completo a competência da autoridade judiciária estrangeira; apenas a 
autoridade judiciária brasileira poderá apreciar lides que envolvam as hipóteses relacionadas nesse 
dispositivo. Não há que se falar em eficácia de sentença estrangeira que disponha sobre as questões 
afetas à competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira. 
Vejamos quais são os casos de competência exclusiva, previstos no art. 23, do CPC: 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao 
inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens 
situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do 
território nacional. 
O inciso I dispõe que a autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para conhecer de 
ações relativas a imóveis situados no Brasil. Suponha, por exemplo, que um alemão seja 
proprietário de um imóvel situado aqui no Brasil e que isso seja questionado por um francês. O 
francês deverá entrar com ação junto à autoridade judiciária brasileira, que tem competência 
exclusiva para apreciá-la. Caso o francês ingresse com uma ação perante tribunal estrangeiro e este 
emita sua sentença, esta não será homologada pelo STJ, por tratar-se a questão de competência 
exclusiva da autoridade judiciária brasileira. 
O inciso II, por sua vez, prevê que a autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para, 
em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao 
inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 
O inciso III estabelece que a autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para, em 
divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no 
Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território 
nacional. É relevante destacar, para que não se faça confusão, que o art. 23, inciso III, está definindo 
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o foro ao qual a questão será submetido; ele não está definindo qual direito material (nacional ou 
estrangeiro) será aplicável. 
 
1. (AGU – 2015) 
Regras de conexão são normas que indicam o direito aplicável a situações jurídicas que digam 
respeito a mais de um ordenamento jurídico. 
Comentários: 
As regras de conexão são normas que indicam qual o direito aplicável a situações jurídicas com 
conexão internacional. 
Gabarito: correta. 
2. (Defensor Público da União – 2014) 
No que concerne à aplicação da lei estrangeira no país, a Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro refere-se expressamente ao princípio da ordem pública. 
Comentários: 
O art. 17, da LINDB, estabelece que “as leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer 
declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a 
ordem pública e os bons costumes”. Assim, há menção expressa à ordem pública. 
Gabarito: correta. 
3. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) 
Haverá reenvio se o direito internacional privado do país A indicar o direito do país B como 
aplicável ao caso, sendo que o direito internacional privado do país B indica, na mesma 
hipótese, a aplicação de seu próprio direito material nacional. 
Comentários: 
Nesse caso, não há reenvio, pois a legislação do país B não faz remissão a outra lei. 
Gabarito: errada. 
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4. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) 
O regime de bens convencionado pelo casal será regido pela legislação do local da celebração 
do casamento. 
Comentários: 
O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio 
e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. 
Gabarito: errada. 
5. (AGU – 2012) 
O reenvio é proibido pela Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. 
Comentários: 
De fato, o reenvio não é admitido pelo ordenamento jurídico brasileiro. É o que se depreende a 
partir da leitura do art. 16, LINDB, que estabelece que “quando, nos termos dos artigos precedentes, 
se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se 
qualquer remissão por ela feita a outra lei.” 
Gabarito: correta. 
6. (DPU – 2010) 
A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, razão pela 
qual os tribunais brasileiros podem, excepcionalmente, admitir provas que a lei brasileira 
desconheça. 
Comentários: 
Segundo o art. 13, LINDB, a prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele 
vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas 
que a lei brasileira desconheça. 
Gabarito: errada. 
7. (DPU – 2010) 
A competência jurisdicional brasileira somente incide sobre indivíduo estrangeiro se este 
residir no Brasil durante mais de quinze anos ininterruptos. 
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Comentários: 
Não há exigência de tempo de residência ininterrupto. A autoridade judiciária brasileira será 
competente quando o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil. 
Gabarito: errada. 
8. (DPU – 2010) 
É absoluta a competência internacional brasileira em ação relativa a imóvel situado no Brasil. 
Comentários: 
De fato, trata-se de competência absoluta (ou exclusiva), conforme art. 23, I, CPC. 
Gabarito: correta. 
9. (DPU – 2010) 
A parte que, em processo, alegar direito estrangeiro deverá provar-lhe o teor e a vigência, se 
assim determinar o juiz. 
Comentários: 
É isso mesmo. A parte que invocar direito estrangeiro deverá provar-lhe o teor e a vigência, se o juiz 
assim determinar (art. 376, Novo CPC). 
Gabarito: correta. 
10. (DPU – 2010) 
Por constituírem forma de cooperação internacional clássica, as cartas rogatórias estrangeiras 
são cumpridas no Brasil, independentemente de se referirem ou não a processos de 
competência exclusiva dos tribunais brasileiros. 
Comentários: 
Não será concedido o exequatur a cartas rogatórias que se refiram a processos de competênciaexclusiva da autoridade judiciária brasileira. Isso porque, por tratar-se de competência exclusiva, a 
autoridade judiciária estrangeira não poderá emitir sentença sobre o tema. 
Gabarito: errada. 
11. (DPU – 2010) 
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A sentença proferida por tribunal estrangeiro tem eficácia no Brasil depois de homologada pelo 
STF. 
Comentários: 
A homologação de sentença estrangeira compete ao STJ. 
Gabarito: errada. 
12. (DPU – 2010) 
Um dos requisitos para que a sentença estrangeira seja homologada no Brasil é terem as partes 
sido citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia. 
Comentários: 
É o que prevê o art. 15, alínea “a”, da LINDB. 
Gabarito: correta. 
13. (Juiz Federal TRF 1a Região – 2013) 
Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, aos bens móveis que o 
proprietário trouxer ao país ou àqueles que se destinarem a transporte para outros lugares 
aplicar-se-á a lei 
a) do país que tiver regido a última transmissão de propriedade. 
b) de nacionalidade do possuidor de boa-fé. 
c) mais favorável ao adquirente. 
d) do país em que estiverem situados. 
e) de domicílio do proprietário. 
Comentários: 
Segundo o art. 8º, § 1º, LINDB “aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, 
quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares”. 
O gabarito é a letra E. 
14. (MPF / Procurador da República – 2013) 
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No Direito Internacional Privado, a remissão feita por lei estrangeira: 
a) não é de ser considerada quando se tiver que aplicá-la; 
b) é de ser considerada sempre em sua aplicação, sob pena de mutilar o elemento de 
qualificação; 
c) é de ser considerada em sua aplicação nos estritos limites da Lei de Introdução à Normas do 
Direito Brasileiro; 
d) só é de ser considerada quando a remissão for de 2.º grau, não, porém, quando for de 1.º 
grau. 
Comentários: 
No ordenamento jurídico brasileiro, não se admite o reenvio. Nesse sentido, o art. 16, LINDB, 
estabelece que, quando houver de ser aplicada a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, 
sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. 
O gabarito é a letra A. 
15. (MPF / Procurador da República – 2011) 
As regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade ou o direito de 
família de brasileiro que tenha outra nacionalidade originária: 
a) são determinadas pelo direito brasileiro; 
b) são determinadas pelo direito brasileiro e pelo direito do pais da outra nacionalidade, 
cabendo ao juiz dirimir as dúvidas decorrentes sobre eventual colisão normativa: 
c) são determinadas pelo direito do pais em que for domiciliado: 
d) são determinadas pelo direito da pais de local de seu nascimento. 
Comentários: 
Segundo o art. 7º, LINDB, “a lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o 
começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”. 
O gabarito é a letra C. 
16. (MPF / Procurador da República – 2012) 
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A sucessão de bens de estrangeiro situados no Brasil: 
a) é regulada pela lei do último domicilio em beneficio do cônjuge e filhos brasileiros, ou de 
quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei brasileira; 
b) é regulada pela lei pessoal do de cujus; 
c) é regulada pela lei brasileira em beneficio do cônjuge e filhos brasileiros, ou de quem os 
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus; 
d) é regulada pela lei do último domicilio em beneficio do cônjuge e filhos brasileiros, ou de 
quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
Comentários: 
A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício 
do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais 
favorável a lei pessoal do de cujus. O conflito resolve-se a favor da lei mais benéfica aos cônjuges 
ou filhos brasileiros. 
O gabarito é a letra C. 
17. (Juiz Federal – TRF 1a Região – 2011) 
No que diz respeito às fontes do direito internacional privado, ao conflito de leis, ao reenvio e 
à interpretação do direito estrangeiro, assinale a opção correta. 
a) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao 
ônus e aos meios de produzir- se, não admitindo, porém, os tribunais brasileiros provas que a 
lei brasileira desconheça. 
b) As partes têm liberdade para escolher a lei de regência em contratos internacionais em razão 
da regra geral da autonomia da vontade, em matéria contratual. Nesse sentido, as leis, atos e 
sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, terão plena eficácia no 
Brasil, independentemente de qualquer condição ou ressalva. 
c) Entre as fontes do direito internacional privado incluem-se as convenções internacionais, o 
costume internacional e os princípios gerais do direito, mas não as decisões judiciais e a 
doutrina dos juristas, estas, somente obrigatórias para as partes litigantes e a respeito dos 
casos em questão. 
d) Embora entenda o STF que haja paridade entre o tratado e a lei nacional, esse tribunal firmou 
a tese de que, no conflito entre tratado de qualquer natureza e lei posterior, esta há sempre 
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de prevalecer, pois a CF não garante privilégio hierárquico do tratado sobre a lei, sendo 
inevitável que se garanta a autoridade da norma mais recente. 
e) Para resolver os conflitos de lei no espaço, o Brasil adota a prática do reenvio, mediante a 
qual se substitui a lei nacional pela estrangeira, desprezando-se o elemento de conexão 
apontado pela ordenação nacional, para dar preferência à indicada pelo ordenamento jurídico 
alienígena. 
Comentários: 
Letra A: correta. É exatamente o que prevê o art. 13, LINDB. A prova dos fatos ocorridos em país 
estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se. Cabe 
destacar, ainda, que não serão admitidas provas que a lei brasileira desconheça. 
Letra B: errada. Aos contratos internacionais será aplicada a lei do país em que tiverem sido 
constituídos. 
Letra C: errada. As decisões judiciais e a doutrina também são consideradas fontes do direito 
internacional privado. 
Letra D: errada. No conflito entre tratado e lei, deve-se aplicar o critério cronológico e o critério da 
especialidade. 
Letra E: errada. No ordenamento jurídico brasileiro, não se admite a prática do reenvio. Nesse 
sentido, quando se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem 
considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. 
O gabarito é a letra A. 
18. (Juiz FederalTRF 1a Região – 2011) 
Considerando a legislação brasileira relativa à competência jurisdicional nas relações jurídicas 
com elemento estrangeiro, as cartas rogatórias e a homologação de sentenças estrangeiras, 
assinale a opção correta. 
a) Tanto a autoridade judiciária brasileira quanto a autoridade do país de origem do autor da 
herança, se este for estrangeiro, têm competência para proceder a inventário e partilha de 
bens situados no Brasil. 
b) A homologação de sentença estrangeira no Brasil, cuja natureza é jurisdicional, pode ser 
concedida a sentença de qualquer natureza, com exceção das que sejam meramente 
declaratórias do estado das pessoas. 
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c) A carta rogatória obedecerá, quanto à admissibilidade e ao modo de cumprimento, ao 
disposto na legislação brasileira, devendo necessariamente ser remetida aos juízes ou tribunais 
estrangeiros por contato direto entre as autoridades judiciárias dos Estados envolvidos. 
d) Não conhecendo a lei estrangeira, o juiz brasileiro não pode exigir da parte que a invoque o 
fornecimento de prova do seu texto e vigência, mas, sim, solicitar às autoridades de outro 
Estado os elementos de prova ou informação sobre o texto, sentido e alcance legal de seu 
direito. 
e) A competência jurisdicional brasileira é territorial-relativa e incide sobre o estrangeiro 
domiciliado no país, sendo competente também o juiz brasileiro quando a obrigação tiver de 
ser cumprida no Brasil e quando a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no 
território nacional. 
Comentários: 
Letra A: errada. Segundo o art. 23, II, Novo CPC, é competência exclusiva da autoridade judiciária 
brasileira proceder a inventário e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança 
seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. 
Letra B: errada. Nem todas as sentenças estrangeiras serão homologadas. As sentenças estrangeiras 
que ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes não terão eficácia no 
Brasil. 
Letra C: errada. A carta rogatória obedecerá, quanto à admissibilidade e ao modo de cumprimento, 
ao disposto em convenção internacional. Na falta desta, a carta rogatória será encaminhada à 
autoridade judiciária estrangeira por via diplomática. 
Letra D: errada. Segundo o art. 14, LINDB, “não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de 
quem a invoca prova do texto e da vigência”. 
Letra E: correta. É exatamente o que prevê o art. 21, Novo CPC. 
O gabarito é a letra E. 
19. (Juiz Federal TRF 2a Região – 2011) 
Os elementos de conexão brasileiros constituem parte da norma do direito internacional 
privado que determina o ordenamento jurídico a ser aplicado a determinada causa. Assinale a 
opção correspondente à correta correlação entre fato(s) jurídico(s) e elemento de conexão na 
Lei de Introdução do Código Civil 
a) situação do regime de bens — nacionalidade dos cônjuges 
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b) qualificação e regulação das obrigações — domicílio dos contratantes 
c) formalidades de celebração e impedimentos do casamento —nacionalidade dos nubentes 
d) personalidade e capacidade — domicílio da pessoa 
e) penhor — local do bem 
Comentários: 
Letra A: errada. O regime de bens obedece à lei do país de domicílio dos nubentes. 
Letra B: errada. Para qualificar e reger as obrigações, aplica-se a lei do país em que se constituírem. 
Letra C: errada. Se o casamento se realizar no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos 
impedimentos dirigentes e às formalidades de celebração. 
Letra D: correta. Segundo o art. 7º, LINDB, “a lei do país em que domiciliada a pessoa determina as 
regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”. 
Letra E: errada. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se 
encontre a coisa apenhada. 
O gabarito é a letra D. 
20. (II Exame de Ordem Unificado – OAB- 2010.2) 
Jogador de futebol de um importante time espanhol e titular da seleção brasileira é filmado 
por um celular em uma casa noturna na Espanha, em avançado estado de embriaguez. O vídeo 
é veiculado na internet e tem grande repercussão no Brasil. Temeroso de ser cortado da 
seleção brasileira, o jogador ajuíza uma ação no Brasil contra o portal de vídeos, cuja sede é na 
Califórnia, Estados Unidos. O juiz brasileiro: 
a) não é competente, porque o réu é pessoa jurídica estrangeira. 
b) terá competência porque os danos à imagem ocorreram no Brasil. 
c) deverá remeter o caso, por carta rogatória, à justiça norte-americana. 
d) terá competência porque o autor tem nacionalidade brasileira. 
Comentários: 
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Na situação apresentada pela questão, temos um jogador de nacionalidade brasileira com domicílio 
na Espanha. Ele é filmado embriagado e o vídeo é divulgado na Internet, por um portal de vídeos 
com sede nos EUA. O fato tem grande repercussão, extremamente negativa para sua imagem, aqui 
no Brasil. 
A pergunta é: perante qual autoridade judiciária, o jogador brasileiro poderá ajuizar ação para 
reparar os danos à sua imagem? 
Segundo o art. 21, III, Novo CPC, a autoridade judiciária brasileira tem competência para apreciar 
ação que se origine de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Trata-se de competência 
concorrente, motivo pelo qual o jogador brasileiro poderá ingressar com a ação perante autoridade 
judiciária brasileira (os danos à imagem ocorreram no Brasil), sem que isso exclua a possibilidade 
de apreciação por autoridade judiciária estrangeira. 
O gabarito é a letra B. 
21. (II Exame de Ordem Unificado – OAB - 2010.2) 
Um contrato internacional entre um exportador brasileiro de laranjas e o comprador 
americano, previu que em caso de litígio fosse utilizada a arbitragem, realizada pela Câmara de 
Comércio Internacional. O exportador brasileiro fez a remessa das laranjas, mas estas não 
atingiram a qualidade estabelecida no contrato. O comprador entrou com uma ação no Brasil 
para discutir o cumprimento do contrato. O juiz decidiu: 
a) extinguir o feito sem julgamento de mérito, em face da cláusula arbitral. 
b) deferir o pedido, na forma requerida. 
c) indeferir o pedido porque o local do cumprimento do contrato é nos Estados Unidos. 
d) deferir o pedido, em razão da competência concorrente da justiça brasileira. 
Comentários: 
Na situação apresentada pela questão, foi celebrado um contrato entre um exportador brasileiro e 
um comprador americano. No contrato, as partes estabeleceram uma cláusula compromissória 
(cláusula arbitral). A qualidade do produto brasileiro não atendeu às expectativas do comprador 
americano, motivo pelo qual ele acionou a Justiça brasileira. Considerando que existe uma cláusula 
compromissória, o juiz deverá extinguir o processo sem resolução de mérito. Portanto, a resposta 
correta é a letra A. 
O gabarito é a letra A. 
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22. (III Exame de Ordem Unificado – OAB - 2010.3) 
Em junho de 2009, uma construtora brasileira assina, na Cidade do Cabo, África do Sul, contrato 
de empreitada com uma empresa local, tendo por objeto a duplicação de um trecho da rodovia 
que liga a Cidade do Cabo à capital do país, Pretória. As contratantes elegem o foro da comarca 
de São Paulo para dirimir eventuais dúvidas. Um ano depois, as partes se desentendem quanto 
aos critérios técnicos de medição das obras e não conseguem chegar a uma solução amigável. 
A construtora brasileira decide, então, ajuizar, na justiça paulista, uma ação rescisória com o 
objetivo de colocar termo ao contrato. 
Com relação ao caso hipotético acima, é correto afirmar que: 
a) o Poder Judiciário brasileiro não é competente para conhecer e julgar a lide, pois o foro para 
dirimir questões em matéria contratual é necessariamente o do local onde o contrato é 
assinado. 
b) o juiz brasileiro poderá conhecer e julgar a lide, mas deverá basear sua decisão na legislação 
sul-africana, pois os contratos se regem pela lei do local de sua assinatura. 
c) o juiz brasileiro poderá conhecer e julgar a lide, mas deverá basear sua decisão na legislação 
brasileira, pois um juiz brasileiro não pode ser obrigado a aplicar leis estrangeiras. 
d) o juiz brasileiro poderá conhecer e julgar a lide, mas deverá se basear na legislação brasileira, 
pois em litígios envolvendo brasileiros e estrangeiros aplica-se a lex fori. 
Comentários: 
Na situação apresentada pela questão, é celebrado um contrato entre uma empresa brasileira e uma 
empresa sul-africana. O contrato é assinado na África do Sul e as partes elegem o foro da cidade de 
São Paulo para dirimir as controvérsias que possam surgir. 
Ora, quanto ao foro competente para apreciar a questão, não resta dúvida. Se as partes optaram 
por solucionar controvérsias no foro da cidade de São Paulo, tal escolha deverá prevalecer, em 
homenagem ao princípio da autonomia da vontade. Mas qual será a legislação aplicável? 
Segundo o art. 9º, caput, da LINDB, para qualificar e reger as obrigações, será aplicada a lei do país 
em que estas se constituírem. Como o contrato foi assinado na África do Sul, será aplicada a 
legislação sul-africana. Assim, “o juiz brasileiro poderá conhecer e julgar a lide, mas deverá basear 
sua decisão na legislação sul-africana, pois os contratos se regem pela lei do local de sua assinatura” 
(Letra B). 
O gabarito é a letra B. 
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23. (V Exame de Ordem Unificado – OAB - 2011) 
Em janeiro de 2003, Martin e Clarisse Green, cidadãos britânicos domiciliados no Rio de 
Janeiro, casam-se no Consulado-Geral britânico, localizado na Praia do Flamengo. Em meados 
de 2010, decidem se divorciar. Na ausência de um pacto antenupcial, Clarisse requer, em 
petição à Vara de Família do Rio de Janeiro, metade dos bens adquiridos pelo casal desde a 
celebração do matrimônio, alegando que o regime legal vigente no Brasil é o da comunhão 
parcial de bens. Martin, no entanto, contesta a pretensão de Clarisse, argumentando que o 
casamento foi realizado no consulado britânico e que, portanto, deve ser aplicado o regime 
legal de bens vigente no Reino Unido, que lhe é mais favorável. 
Com base no caso hipotético acima e nos termos da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro, assinale a alternativa correta. 
a) O juiz brasileiro não poderá conhecer e julgar a lide, pois o casamento não foi realizado 
perante a autoridade competente. 
b) Clarisse tem razão em sua demanda, pois o regime de bens é regido pela lex domicilli dos 
nubentes e, ao tempo do casamento, ambos eram domiciliados no Brasil. 
c) Martin tem razão em sua contestação, pois o regime de bens se rege pela lei do local da 
celebração (lex loci celebrationis), e o casamento foi celebrado no consulado britânico. 
d) O regime de bens obedecerá à lex domicilli dos cônjuges quanto aos bens móveis e à lex rei 
sitae (ou seja, a lei do lugar onde estão) quanto aos bens imóveis, se houver. 
Comentários: 
Diante da situação apresentada, a primeira pergunta que se faz é a seguinte: é possível que dois 
estrangeiros se casem no Brasil? 
Sim, é plenamente possível que dois estrangeiros se casem no Brasil. E, segundo o art. 7º, § 2º, da 
LINDB, o casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou 
consulares do país de ambos os nubentes. Foi o que aconteceu no caso relatado pela questão: 
Martin e Clarisse se casaram no Consulado-Geral Britânico. 
Agora uma segunda pergunta: tendo Martin e Clarisse se divorciado, qual regime legal de bens será 
aplicado? 
A resposta também nos é dada pela LINDB. Segundo o art. 7º § 4º, da LINDB, o regime de bens, legal 
ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, 
a do primeiro domicílio conjugal. Ora, considerando que Clarisse e Martin tinham domicílio no Brasil, 
o regime de bens a ser aplicado é o previsto na legislação brasileira. 
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Dessa forma, a resposta correta é a letra B: “Clarisse tem razão em sua demanda, pois o regime de 
bens é regido pela lex domicilli dos nubentes e, ao tempo do casamento, ambos eram domiciliados 
no Brasil”. 
O gabarito é a letra B. 
24. (VI Exame de Ordem Unificado – OAB - 2011) 
Uma sociedade brasileira, sediada no Rio de Janeiro, resolveu contratar uma sociedade 
americana, sediada em Nova York, para realizar um estudo que lhe permitisse expandir suas 
atividades no exterior, para poder vender seus produtos no mercado americano. Depois de 
várias negociações, o representante da sociedade americana veio ao Brasil, e o contrato de 
prestação de serviços foi assinado no Rio de Janeiro. Não há no contrato uma cláusula de lei 
aplicável, mas alguns princípios do UNIDROIT foram incorporados ao texto final. Por esse 
contrato, o estudo deveria ser entregue em seis meses. No entanto, apesar da intensa troca de 
informações, passados 10 meses, o contrato não foi cumprido. A sociedade brasileira ajuizou 
uma ação no Brasil, invocando a cláusula penal do contrato, que previa um desconto de 10% 
no preço total do serviço por cada mês de atraso. A sociedade americana, na sua contestação, 
alegou que a cláusula era inválida segundo o direito americano. 
Conforme a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, qual é a lei material que o juiz 
deverá aplicar para solucionar a causa? 
a) A lei brasileira, pois o contrato foi firmado no Brasil. 
b) A lei americana, pois o réu é domiciliado nos Estados Unidos. 
c) Os princípios do UNIDROIT, porque muitas cláusulas foram inspiradas nessa legislação. 
d) A Lex Mercatoria, porque o que rege o contrato internacional é a prática internacional. 
Comentários: 
O contrato foi assinado no Brasil, logo será aplicável a lei brasileira. Isso é o que prevê o art. 9º, da 
LINDB, segundo o qual para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se 
constituírem. A resposta, portanto, é a letra A. 
O gabarito é a letra A. 
25. (VI Exame de Ordem Unificado – OAB - 2011) 
Tício, espanhol, era casado com Tácita, brasileira. Os cônjuges eram domiciliados no Brasil. 
Tício possuía umafilha adotiva espanhola, cujo nome é Mévia, e que residia com o pai. Em 
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razão de um grave acidente na Argentina, Tício faleceu. O de cujus era proprietário de dois 
bens imóveis em Barcelona e um bem imóvel no Rio de Janeiro. 
Diante da situação exposta, à luz das regras de Direito Internacional Privado veiculadas na Lei 
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e do Código de Processo Civil Brasileiro 
(CPC), assinale a assertiva correta. 
a) Ainda que a lei espanhola não conceda direitos sucessórios à filha adotiva, poderá ela 
habilitar-se na ação de inventário ajuizada pelo cônjuge supérstite, no Brasil, regendo-se a 
sucessão pela lei brasileira, que não faz qualquer distinção entre filhos naturais e adotivos. 
b) A capacidade de suceder da filha é regulada pela legislação espanhola. 
c) A ação de inventário e partilha de todos os bens é de competência exclusiva do Poder 
Judiciário Brasileiro, já que o de cujus era domiciliado no Brasil. 
d) Se o de cujus houvesse deixado bens imóveis somente na Espanha, a sucessão seria regida 
pela lei espanhola. 
Comentários: 
Na situação apresentada, Tício, de nacionalidade espanhola, vem a falecer, deixando como herança 
2 imóveis na Espanha e 1 imóvel no Brasil. 
Quanto ao foro competente, é importante destacar que a autoridade judiciária brasileira tem 
competência exclusiva para proceder ao inventário e à partilha do imóvel situado no Brasil. Quanto 
aos imóveis situados na Espanha, a competência para proceder ao inventário e à partilha não é da 
autoridade judiciária brasileira. (Letra C errada) 
Definidos os foros competentes, cabe agora analisar qual a legislação aplicável à sucessão. 
Primeira pergunta: qual legislação irá regular a capacidade para suceder da filha (Mévia)? Segundo 
a LINDB, a capacidade para suceder é regulada pela lei do domicílio do herdeiro ou do legatório. 
Considerando que Mévia tem domicílio no Brasil, a capacidade para suceder será regulada pela lei 
brasileira. (Letra B errada) 
Segunda pergunta: qual é a legislação aplicável à sucessão? 
Segundo a LINDB, a sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado 
o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. Assim, um 
brasileiro com domicílio na Espanha terá sua sucessão regulada pela lei espanhola. Trata-se da 
aplicação da lex domicilii. 
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A LINDB estabelece, ainda, que a sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada 
pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, 
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Trata-se da aplicação da lex rei 
sitae. 
No caso concreto, Tício é estrangeiro e deixou 1 (um) imóvel no Brasil. Portanto, a sucessão será 
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os 
represente, desde que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Quanto aos imóveis 
situados na Espanha, será aplicada a lei do domicílio de Tício; logo, será aplicável a legislação 
brasileira. 
Perceba que, mesmo que o “de cujus” tivesse deixado imóveis apenas na Espanha, seria aplicável à 
sucessão a lei brasileira, uma vez que o elemento de conexão, nesse caso, é a lei do domicílio (e não 
a da situação do imóvel). Portanto, a Letra D está errada. 
Resta-nos o exame da Letra A, que está correta. Será aplicável à sucessão a lei brasileira e, portanto, 
Mévia poderá habilitar-se na ação de inventário ajuizada pelo cônjuge supérstite (cônjuge que não 
faleceu!), no Brasil, regendo-se a sucessão pela lei brasileira, que não faz qualquer distinção entre 
filhos naturais e adotivos. 
O gabarito é a letra A. 
26. (VI Exame de Ordem Unificado – OAB - 2011) 
A sociedade empresária do ramo de comunicações A Notícia Brasileira, com sede no Brasil, 
celebrou contrato internacional de prestação de serviços de informática com a sociedade 
empresária Santiago Info, com sede em Santiago. O contrato foi celebrado em Buenos Aires, 
capital argentina, tendo sido estabelecido como foro de eleição pelas partes Santiago, se 
porventura houver a necessidade de resolução de litígio entre as partes. 
Diante da situação exposta, à luz das regras de Direito Internacional Privado veiculadas na Lei 
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e no estatuto processual civil pátrio 
(Código de Processo Civil – CPC), assinale a alternativa correta. 
a) No tocante à regência das obrigações previstas no contrato, aplica-se a legislação chilena, já 
que Santiago foi eleito o foro competente para se dirimir eventual controvérsia. 
b) Nos contratos internacionais, a lei que rege a capacidade das partes pode ser diversa da que 
rege o contrato. É o que se verifica no caso exposto acima. 
c) Como a execução da obrigação avençada entre as partes se dará no Brasil, aplica-se, 
obrigatoriamente, no tocante ao cumprimento do contrato, a legislação brasileira. 
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d) A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro veda expressamente o foro de eleição, 
razão pela qual é nula ipso jure a cláusula estabelecida pelas partes nesse sentido. 
Comentários: 
Letra A: errada. Será aplicada a legislação argentina, uma vez que o contrato foi celebrado em 
Buenos Aires. 
Letra B: correta. A lei que rege a capacidade das partes é a lei do país em que ele estiver domiciliado. 
Os contratos, por sua vez, são julgados levando-se em consideração o local onde a obrigação for 
constituída. 
Letra C: errada. Para definir qual o direito aplicável, deve ser verificado onde a obrigação foi 
assumida. Tendo sido assumida na Argentina, o direito aplicável será o urgente. 
Letra D: errada. A LINDB não veda expressamente o foro de eleição. 
O gabarito é a letra B. 
27. (VI Exame de Ordem Unificado – OAB - 2011) 
Arnaldo Butti, cidadão brasileiro, falece em Roma, Itália, local onde residia e tinha domicílio. 
Em seu testamento, firmado em sua residência poucos dias antes de sua morte, Butti, que não 
tinha herdeiros naturais, deixou um imóvel localizado na Avenida Atlântica, na cidade do Rio 
de Janeiro, para Júlia, neta de sua enfermeira, que vive no Brasil. Inconformada com a partilha, 
Fernanda, brasileira, sobrinha-neta do falecido, que há dois anos vivia de favor no referido 
imóvel, questiona no Judiciário brasileiro a validade do testamento. Alega, em síntese, que, 
embora obedecesse a todas as formalidades previstas na lei italiana, o ato não seguiu todas as 
formalidades preconizadas pela lei brasileira. 
Com base na hipótese acima aventada, assinale a alternativa correta. 
a) Fernanda tem razão em seu questionamento, pois a sucessão testamentária de imóvel 
localizado no Brasil rege-se, inclusive quanto à forma, pela lei do local onde a coisa se situa (lex 
rei sitae). 
b) Fernanda tem razão em questionar a validade do testamento, pois a Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro veda a partilha de bens imóveis situados no Brasil por ato 
testamentário

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