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Resenha do livro os exploradores de caverna

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
GRADUAÇÃO EM DIREITO
Resenha crítica do livro: O caso dos exploradores de cavernas
Lara Monteiro Faria
Trabalho de Introdução ao Estudo do Direito
Prof. Alberto Paes de Camargo Junior
Macaé- Rio de Janeiro
2020
O caso dos exploradores de caverna
Este livro foi publicado em 1949, escrito pelo professor americano Lon Fuller que concluiu sua graduação em Direito na Universidade Stanford e trabalhou em muitas universidades até chegar em Harvard, onde teve diversos trabalhos publicados. Se tratando deste caso, é uma obra fictícia, mas que foi inspirada em casos reais que ocorreram nos Estados Unidos, mostrando paralelamente que os problemas que preocupavam o homem antigamente, podem continuar a afligir no mundo vigente na rotina dos tribunais.
A história se passa em maio do ano 4299, em que 5 membros de uma sociedade espeleológica exploravam uma caverna quando deslizamentos de terra aconteceram e consequentemente ficaram presos dentro da caverna. Por ser um resgate difícil e pela ocorrência de novos deslizes que levaram a morte de dez operários que tentavam salvá-los, eles permaneceram lá mais tempo que o esperado.
Vale ressaltar ainda, que o contato com o exterior se dava por um rádio e foi através dele que os exploradores souberam que ficariam presos por mais de dez dias. Por causa da falta de suprimento eles não iriam conseguir sobreviver, foi ai que o explorador Roger Wethmore perguntou ao médico se haveria chance de sobreviverem comendo carne humana, ele disse que provavelmente sim já as autoridades não responderam.Sendo assim, Roger sugeriu que jogassem dados para saberem quem cederia sua vida para que se alimentassem e ele foi o escolhido.
 Os exploradores foram indiciados por crime de homicídio a morte de Wethmore e condenados em primeira instância, logo após serem resgatados, levados ao hospital e terem recuperado seu estado psicológico. Além disso o júri decidiu que a sentença seria pena de morte pela forca e enviou uma petição ao Poder Executivo para que mudassem a pena para seis meses de reclusão. 
O Presidente do Tribunal analisou como correta a decisão do júri e do juiz, já que na lei era bem claro que "Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vida será punido com a morte", embora a empatia levasse em consideração toda a situação trágica que os homens viveram. O Ministro Foster acreditava que a lei os declarava inocentes a partir de duas premissas independentes, a primeira afirmando que o ambiente em que os réus se encontravam impossibilitava a coexistência de homens (direito positivo), pois os acusados estariam sobre um "estado de natureza"; a segunda é que estes estariam sim submetidos ao Direito Positivo, mas que não deveriam ser condenados, pois a prática do canibalismo numa situação como aquela era inevitável, como no caso que é excludente de ilícito a legítima defesa.
O juiz Tatting se mostrou contrário ao posicionamento de Direito Natural aplicado por Foster, por outro lado, não queria manter a condenação já que era um absurdo condenar os indivíduos a morte, quando outros deram suas vidas para tentar resgatá-los. Assim como também excluiu a associação do caso como legítima defesa por não ter sido um ato intencional, não podendo ser caracterizada, desta forma, como homicídio. Em suma, ele se revelou incapaz de afastar as dúvidas e recusou-se a participar do caso.
O juiz Keen por sua vez, disse que concederia perdão total a estes homens, por já terem sofrido o suficiente para pagar por qualquer delito que tenham cometido, entretanto votou a favor da condenação dos réus, pois deveriam ser julgados de acordo com o que era descrito pela lei. No que concerne à extensão da legítima defesa aplicada pelo Tribunal, se aplica em casos de resistência a uma ameaça agressiva à própria vida de uma pessoa, e nesse caso é evidente que Roger não fez nenhuma ameaça a vida dos réus. Considerou então que é melhor uma lei rígida que leva a comoção popular, e que a revisão legislativa é preferível a uma norma jurídica repleta de exceções. Mostrando-se longe da esfera pessoal, encerra a favor da condenação.
O juiz Hand se mostrou decepcionado por não terem levantado a questão da natureza jurídica do contrato feito na caverna e abordou a importância da utilização do senso comum em situações como esta em que há evidentes conflitos quanto à aplicação da lei. Considerando o caso dos exploradores, é evidente o posicionamento do público a favor da absolvição dos réus. Portanto, há necessidade de conciliação entre métodos e princípios que devem ser aplicados. Não estaria desvirtuando a lei absolvê-los, já que não se trata de litígio recorrente. Conclui o juiz contrário a condenação dos réus e se absteve do julgamento, ocorrendo um empate na decisão a sentença condenatória do Tribunal de primeira instância foi confirmada.
Em síntese, esta obra de linguagem rebuscada apresenta um caso complexo de difícil julgamento. Para os estudantes de Direito a leitura deste é essencial, pois demonstra diversas perspectivas acerca do caso, sem deixar de lado a opinião do senso comum e a empatia pelos exploradores que se encontravam em condições insalubres e subumanas. O autor consegue conectar com perfeição questões sobre a moral e as leis com a realidade, fazendo com que o leitor pense juridicamente através de diversos caminhos.

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