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Prof. Mário Caldeira UNIDADE II História da Arte A síntese da forma na obra pictórica de Paul Cézanne Um dos mais importantes artistas do Ocidente, e que influenciou muitas gerações de pintores, nas quais se incluem Pablo Picasso e Georges Braque, foi o francês Paul Cézanne (1839-1906). Ele não considerava que a arte tivesse como papel a fiel representação da realidade, nem o mero registro das impressões decorrentes dos sentidos, mas antes, a busca da interpretação do real. Noutros termos, segundo Cézanne, o artista não reproduz, mas interpreta a realidade. As novas formas de representação na segunda metade do século XIX A Montanha Sainte-Victoire foi pintada por Cézanne em diversas ocasiões, como se estivesse à procura da descoberta da estrutura fundamental do espaço tridimensional representado no plano. Para Cézanne, a natureza deveria ser retratada pelos volumes puros, o cone, o cilindro, o cubo e a esfera. Essa visão antecede o Cubismo. A síntese da forma na obra pictórica de Paul Cézanne As novas formas de representação na segunda metade do século XIX Figura 1: Paul Cézanne, Mont Sainte-Victoire, 1902-04, óleo sobre tela. Philadelphia Museum of Art, EUA. Disponível em: <https://smarthistory.org/cezanne-mont-sainte-victoire/>. Acesso em 15 ago 2018. A busca da ruptura com os padrões clássicos: pintura, design e arquitetura A introdução da máquina como elemento fundamental do ciclo produtivo gerou, em meados do século XIX, um debate exaustivo sobre a relação entre artesanato versus indústria. Na Primeira Exposição Universal de 1851, realizada no Palácio de Cristal, em Londres, ficou clara a necessidade de melhorar o design do produto industrial, pois os objetos industriais eram de qualidade inferior aos feitos artesanalmente. A partir daí, surgiram movimentos contrários e favoráveis à indústria. Dentro dessas iniciativas, surge o Arts and Crafts, liderado por artistas como William Morris (1834-1896) e John Ruskin (1819-1900), que rejeitavam a forma de produção industrial, e a alemã Werkbund, uma sociedade de artesãos e artistas com o objetivo de relacionar a arte e a indústria. As novas formas de representação na segunda metade do século XIX A Art Nouveau (Arte nova) Mais ao final do século XIX, no entanto, surge na Europa um movimento antagônico ao Arts and Crafts nos seus objetivos. Com diversas denominações, a Arte Nova, ou Art Nouveau, pretendia avançar a questão da produção em série a partir dos novos materiais: o ferro e o vidro. Por isso, era necessário buscar novas formas, que rompessem com o clássico, já que produzir nesses padrões implicava no artesanato. No entanto, as formas e as referências utilizadas pela Arte Nova para romper com o clássico tinham forte influência da pintura oriental, com utilização de formas da natureza (linhas curvas e temas florais). Essa tentativa As novas formas de representação na segunda metade do século XIX não conseguiu alcançar uma solução industrializada para a produção em série dos objetos, acessórios da construção e da própria edificação. O trabalho manual continuava a ser necessário para obter os resultados formais pretendidos. Pontilhismo O Pontilhismo foi uma iniciativa tomada por alguns artistas europeus no final do século XIX, baseava-se em uma propriedade do olho e do cérebro humano de reunir certos elementos visuais – neste caso, um conjunto de milhares de pontos coloridos – e, a partir deles, construir imagens. Um dos principais artistas desse tipo de representação foi Georges Seurat, que influenciou muito os artistas chamados de impressionistas. No quadro “Tarde de domingo na ilha de Grande Jatte”, o artista escolheu representar as cores e formas dos elementos que compõem o quadro por meio do pontilhismo, e tanto as pessoas quanto As novas formas de representação na segunda metade do século XIX os animais estão representados de uma maneira simplificada e geometrizada, quase como bonecos. Não há uma preocupação em retratar fielmente, do ponto de vista visual, a cena de lazer e de descanso do quadro. As novas formas de representação na segunda metade do século XIX Pontilhismo Figura 2: Georges Seurat, Tarde de domingo na ilha de Grande Jatte, 1884-1886. Óleo sobre tela. Art Institute of Chicago, Chicago, EUA. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons>. Acesso em 15 ago 2018. Impressionismo A pintura denominada impressionista desenvolveu-se na Europa no século XIX. Essa denominação tem a sua origem em uma famosa tela, de autoria de Claude Monet, intitulada “Impressão, nascer do Sol”, de 1872. Os artistas vinculados a esse movimento desprenderam-se da preferência por temas da mitologia greco- romana e puseram de lado a preocupação com a reprodução fiel (mimese) da realidade. Conferiam maior relevância aos próprios quadros, considerados importantes em si mesmos como obras de arte. O seu interesse central era a exploração dos efeitos de movimento e de luminosidade, obtidos a partir de pinceladas soltas, sem traço de desenho. As novas formas de representação na segunda metade do século XIX Impressionistas Em geral, os impressionistas pintavam em meio à natureza e nos espaços abertos das cidades, visando observar melhor as variações decorrentes das mudanças da luz incidindo sobre pessoas e objetos durante o dia e a noite. As novas formas de representação na segunda metade do século XIX Figura 3: Claude Monet, Impressão, nascer do Sol, 1872. Óleo sobre tela. Museu Marmottan, Paris, França. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/comm ons>. Acesso em 15 ago 2018. Considerando que a luz solar é a fonte de todas as cores, os artistas buscam mostrar as variações de tonalidade decorrentes das mudanças no modo como objetos e pessoas são iluminados ao longo do dia. Outras das características do impressionismo são: O traço do desenho que conferia nitidez de contorno às imagens não é empregado, mas apenas largas pinceladas, que geram manchas, as quais criam a impressão de retratarem objetos e pessoas; Os artistas também representam sombras, porém estas são coloridas e plenas de luminosidade; Ruptura com o academicismo, por exemplo, no abandono do claro-escuro; Os artistas não misturam tintas em suas paletas, utilizam apenas cores puras, sendo o próprio observador quem, por meio do olhar, realiza a combinação das mesmas. As novas formas de representação na segunda metade do século XIX Fauvismo O Fauvismo (também chamado de Fovismo) nasceu em 1905, em Paris, a partir da exposição no Salão de Outono. Naquela ocasião, certos artistas expuseram obras em que empregavam as cores puras de forma muito intensa e, por esse motivo, passaram a ser denominados fauves (feras, em português). Como propostas do Fauvismo temos que a obra de arte não é um produto intelectual, nem um produto da sensibilidade, pois, no ato de criação, o pintor deve seguir os impulsos instintivos, os seus sentimentos primários. Na pintura, devem-se exaltar as cores puras e tanto as linhas do desenho como o colorido das tintas devem As novas formas de representação na segunda metade do século XIX surgir de modo impulsivo, expressando em sua maior pureza as sensações do artista. Para esses artistas, a obra de arte deve ser marcada por pinceladas abruptas, arrematadas em um colorido intenso de grandes manchas de cores puras. Fauvismo Observe que na obra abaixo as cores são muito intensas e não correspondem ao que se vê no mundo real. As novas formas de representação na segunda metade do século XIX Figura 4: André Derain, Ponte sobre o Riou, 1906, óleo sobre tela, 82,5 cm x 1021,5 cm. MoMA, Nova York, EUA. Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro, Sextante, 2011. Interatividade O título “impressionismo” pertence ao movimento artístico que se baseia em uma relação entreo observador e a maneira como o artista coloca o tema no quadro. Essa relação é realizada de que maneira? a) Pelo uso de cores e pinceladas que impressionam o olhar do observador, sem detalhar muito a representação do tema. b) Pela aplicação de uma representação detalhista e precisa do tema. c) Pelo uso de cores muito intensas e por um grande contraste entre o claro e o escuro. d) Pelo desenvolvimento de pinturas feitas dentro de estúdios. e) Pela preocupação em representar pessoas comuns, mostrando a sua luta por condições melhores. Resposta O título “impressionismo” pertence ao movimento artístico que se baseia em uma relação entre o observador e a maneira como o artista coloca o tema no quadro. Essa relação é realizada de que maneira? a) Pelo uso de cores e pinceladas que impressionam o olhar do observador, sem detalhar muito a representação do tema. b) Pela aplicação de uma representação detalhista e precisa do tema. c) Pelo uso de cores muito intensas e por um grande contraste entre o claro e o escuro. d) Pelo desenvolvimento de pinturas feitas dentro de estúdios. e) Pela preocupação em representar pessoas comuns, mostrando a sua luta por condições melhores. Os movimentos transformadores da arte: os ismos Entre as principais mudanças ocorridas no campo das artes no início do século XX estão as denominadas vanguardas artísticas. A denominação de vanguarda deve-se ao caráter ideológico e político do período pré-guerra e entreguerras, ao longo dos quais as mudanças sociais foram bastante acentuadas (como a Revolução Bolchevique, na Rússia, em 1917, por exemplo). Os artistas pretendiam e entendiam que as transformações sociais seriam possíveis a partir da arte, que, neste sentido, deteria função civilizatória. O caráter urbano e industrial da vida cotidiana alimentou as temáticas predominantes no qual a máquina tem papel fundamental: a velocidade, a energia, o tema da reprodução em série e a própria guerra constituíram assuntos recorrentes nas obras dos artistas. A era da máquina e as vanguardas artísticas O Expressionismo desenvolveu-se na Europa entre o final do século XIX e o início do século XX. Os artistas que tomaram parte nesse movimento privilegiavam os aspectos internos do processo de produção artística, em detrimento de suas manifestações exteriores. Por esse motivo, conferiam às suas obras uma forte carga de subjetividade, tornando-as expressão direta dos seus universos interiores. Embora tenha se manifestado em diferentes campos das artes, foi na pintura que se inaugurou o movimento expressionista, tendo constituído, ao lado do Fauvismo, o início das vanguardas históricas. Devido às suas próprias Expressionismo características, que conduziam a uma supervalorização da individualidade artística, o Expressionismo figurou-se por uma heterogeneidade de estilos, o que fazia mais do que um movimento, uma postura perante as artes. O caráter subjetivo da cena é bastante explícito, sobretudo por não ser demonstrado com exatidão o que o quadro efetivamente representa. A sua interpretação depende do envolvimento do espectador. A imagem abaixo reproduz a tela intitulada O Grito, de autoria do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944). Esta é uma das mais significativas obras do Expressionismo. Nela, um ser cujo gênero não é facilmente discernível aparece atormentado nas docas de Oslofjord, na cidade de Oslo, ao anoitecer e, como sugerido pelo título do quadro, solta um grito. Expressionismo Figura 5: Edvard Munch, O grito, 1893. Óleo sobre tela, têmpera e pastel sobre cartão. Galeria Nacional, Oslo, Noruega. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons>. Acesso em 15 ago 2018. A arte cubista teve início em 1907 e influenciou diferentes gerações de artistas no transcorrer das primeiras décadas do século XX. Os iniciadores do Cubismo, Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963), contribuíram de forma decisiva para uma das mudanças mais significativas ocorridas na arte ocidental. Efetivamente, o Cubismo rompeu com os padrões de representação artística do real, ao empregar, predominantemente, figuras geométricas que representavam seres e objetos em todas as suas partes em um único plano, sem preocupação com perspectiva ou tridimensionalidade. Assim, nas obras cubistas, representar o mundo não mais significava apresentá-lo de acordo com sua aparência real, Cubismo conforme vista a olho nu. A realidade se via simplificada às formas geométricas: triângulos, losangos, trapézios, cubos etc. A obra Les demoiselles d’Avignon (1907) é de autoria de Picasso. Essa pintura é considerada como aquela que deu início ao Cubismo. Nela, podem-se observar influências da arte tribal africana, bem como de Paul Cézanne. Obra-prima das artes plásticas do Ocidente, é perceptível nela a ruptura com todas as convenções e tradições da arte ocidental. As cinco mulheres do quadro são apresentadas à maneira cubista, com seus corpos reduzidos a formas geométricas. Observe Cubismo Figura 6: Pablo Picasso, Les demoiselles d’Avignon, 1907. Óleo sobre tela. The Museum of Modern Art, Nova York, EUA. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org>. Acesso em 15 ago 2018. ainda a mulher sentada no canto direito, que é vista por nós ao mesmo tempo pela frente e pelas costas. Contrários a toda tendência moralista e passadista, os futuristas foram artistas que enalteceram, em suas obras, as conquistas tecnológicas do início do século XX e as mudanças velozes que estas imprimiam na sociedade europeia da época, tendo também exaltado, no início do movimento, a própria guerra e a violência. Em decorrência de seu apreço pela novidade, propunham inclusive a destruição dos museus e das antigas cidades. Devido ao seu caráter agressivo, o Futurismo repercutiu internacionalmente, tendo influenciado artistas modernistas de outros continentes. Futurismo A obra intitulada Raionismo, floresta azul e verde, é de autoria de Natalia Goncharova. Nela acham-se explicitados alguns dos principais elementos definidores da pintura futurista: a tendência ao cubismo e à abstração, o emprego de cores fortes, a simulação de ação, de movimento, a demonstração de que os diferentes aspectos dos objetos interpenetram-se simultânea e permanentemente. A obra de Goncharova sugere figuras movimentando-se velozmente num determinado espaço, sem a preocupação com a representação figurativa bem definida em seus contornos. Futurismo Figura 7: Natalia Goncharova, Raionismo, floresta azul e verde, 1913, óleo sobre tela, 54,5cm x 49,5cm. MoMA, Nova York, EUA. Dadaísmo O Dadaísmo (ou simplesmente Dadá) foi um movimento artístico de vanguarda que se iniciou no Cabaret Voltaire, localizado na cidade de Zurique, capital da Suíça, no ano de 1916. A liderança coube ao escritor alemão Hugo Ball (1886- 1927) – autor do Manifesto Dada, publicado em 1916 –, ao poeta romeno Tristan Tzara (1896-1963) e ao pintor e poeta alemão Hans Arp (1886-1966). O emprego da palavra dada para representar o movimento visa indicar tanto o caráter antirracionalista do mesmo (o termo parece não ter um significado, pois trata-se de uma palavra que lembra o balbuciar de um bebê), quanto evidenciar que a linguagem pode não fazer sentido ou mesmo remeter a múltiplos sentidos. A figura abaixo reproduz a obra Roda de Bicicleta, produzida no ano de 1912, e foi o primeiro ready-made de autoria de Marcel Duchamp, um dos mais importantes artistas dadaístas. A peça é formada por uma roda de bicicleta equilibrada sobre o tampo de um banco. Dadaísmo Figura 8: Marcel Duchamp. Roue de bicyclette (Roda de bicicleta), 1951 (terceira versão, segundo o original perdido de 1913). Roda de metal, 64 cm de diâmetro, montada em um banco de madeira pintada, 60 cm de altura. The Museum of Modern Art, Nova York, EUA. Disponívelem: <https://criticadeartebh.files.wordpress.com>. Acesso em 15 ago 2018. Com esta obra, Duchamp pretendeu discutir o próprio conceito de arte, demonstrando que esta é mais definida pela atitude do artista, que modifica a própria natureza do objeto, ao usá-lo não mais como produto industrial utilitário, mas como obra artística. No Cubismo, a maneira de representar os objetos, ambientes e figuras humanas modifica-se radicalmente em relação à representação tradicional, baseada na perspectiva racionalista. Qual é uma das principais mudanças na representação usada pelos cubistas? a) O uso de uma representação muito fiel à realidade que observamos. b) O uso de volumes muito simplificados, sem depender da perspectiva. c) Uma forma de perspectiva baseada em um ponto de fuga. d) A transformação das formas em volumes geométricos simplificados, representados em uma perspectiva tradicional. e) O uso de linhas muito complexas para desenhar formas muito simples. Interatividade Resposta No Cubismo, a maneira de representar os objetos, ambientes e figuras humanas modifica-se radicalmente em relação à representação tradicional, baseada na perspectiva racionalista. Qual é uma das principais mudanças na representação usada pelos cubistas? a) O uso de uma representação muito fiel à realidade que observamos. b) O uso de volumes muito simplificados, sem depender da perspectiva. c) Uma forma de perspectiva baseada em um ponto de fuga. d) A transformação das formas em volumes geométricos simplificados, representados em uma perspectiva tradicional. e) O uso de linhas muito complexas para desenhar formas muito simples. Constituiu o Construtivismo Russo um movimento artístico de forte conotação político-ideológica e que teve origem na extinta União Soviética, em 1919. Contrariamente à noção de pureza artística, o Construtivismo Russo enfatizava as vinculações entre a produção artística e a realidade cotidiana. A denominação de arte construtivista foi elaborada pelo artista plástico russo Kazimir Malevich (1878-1935), referindo-se à obra do seu compatriota, o pintor e fotógrafo Alexander Rodchenko (1891-1956). Estendendo-se até meados da década de 1930, o Construtivismo Russo, caracterizado sobretudo pelo recurso à abstração geométrica, influenciou importantes movimentos das artes plásticas e do design moderno, como o De Stijl, a Bauhaus e o Suprematismo. Construtivismo Russo Na figura ao lado, observa-se a reprodução do quadro intitulado Pintura Suprematista, de Kazimir Malevich, um dos principais expoentes do Construtivismo Russo. Esse quadro é representante do extremo abstracionismo a que chegaram os construtivistas, denominado suprematismo, caracterizado pelo uso de figuras geométricas e cores primárias. Construtivismo Russo Figura 9: Kazimir Malevich, Pintura suprematista, 1916. Óleo sobre tela. Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda. Disponível em: <https://www.historiadasartes.com>. Acesso em 15 ago 2018. O movimento denominado De Stijl ou Neoplasticismo teve origem na Holanda e contou, entre os seus mais importantes expoentes, com o artista plástico, designer, poeta e arquiteto Theo Van Doesburg (1883-1931), o pintor Piet Mondrian (1872-1944) e o designer de produtos e arquiteto Gerrit Rietveld (1888- 1964). O movimento teve sua origem na revista intitulada De Stijl (em português, O Estilo), fundada no ano de 1917 por Doesburg e outros artistas, inclusive Mondrian e Rietveld, que nela publicavam textos a favor de uma nova estética para a poesia, a arquitetura e as artes plásticas. O De Stijl supervalorizava as cores primárias e as formas geométricas, conduzindo ao abandono de toda representação figurativa, por meio da adoção do completo abstracionismo. De Stijl: o Neoplasticismo holandês A total abstração da pintura de Mondrian foi obtida por meio de um longo trabalho de pesquisa plástica que começa ainda com o figurativismo em seus primeiros quadros. Posteriormente, o autor foi criando uma forma de representação que se volta para si mesma, sem buscar referências externas, baseando-se na composição das cores básicas, reveladas pela ciência da ótica e da física. Esse tipo de plasticidade também se estendeu com muita intensidade à arquitetura, tanto de edifícios quanto de interiores. De Stijl: o Neoplasticismo holandês Figura 10: Piet Mondrian, Composição em vermelho, azul, amarelo, 1930. Óleo sobre tela. Kunsthaus Zürich, Zurique, Suíça. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons>. Acesso em 15 ago 2018. O movimento surrealista abrangeu a literatura, as artes plásticas, o teatro e o cinema e teve sua origem em Paris, na década de 1920, a partir da publicação, em 1924, do Manifesto Surrealista, de autoria do poeta André Breton (1896-1966). Essa vanguarda artística foi bastante influenciada pelas teorias do pai da Psicanálise moderna, o austríaco Sigmund Freud (1856-1939). Vem daí a ênfase dada pelos artistas surrealistas ao papel do inconsciente na representação da realidade, o que valia por uma crítica ao extremo racionalismo vigente na condução da política e das relações socioeconômicas da época. Por esse motivo, os surrealistas buscavam apresentar em suas obras o real de maneira não racionalista, o qual se podia captar, principalmente, nos sonhos, quando o inconsciente se encontra liberado da repressão racionalista do consciente. Surrealismo O quadro Aparição de rosto e fruteira numa praia (1938) é de autoria de Salvador Dalí (1904-1989), um dos principais expoentes da pintura surrealista, ao lado de Surrealismo Figura 11: Salvador Dalí, Aparição de rosto e fruteira numa praia, 1938. Óleo sobre tela. Wadsworth Atheneum, Hartford, Connecticut, EUA. Disponível em: <http://pt.wahooart.com>. Acesso em 15 ago 2018. René Magritte (1898-1967). Essa obra de Dalí apresenta a mais importante característica da arte surrealista: o mundo é percebido como se estivéssemos em meio a um sonho, cercados por imagens de seres e objetos transfiguradas pela ação do inconsciente, quando este se acha liberado do rígido controle da racionalidade. A Bauhaus (1919-1933) foi a mais conhecida escola alemã de formação de arquitetos, técnicos e artífices especializados da primeira metade do século XX. Ela começou com uma definição utópica: a construção do futuro deveria combinar todas as artes em um ideal único. Isto requeria um novo tipo de artista, além da especialização acadêmica. Para atingir este objetivo, o fundador, Walter Gropius (1883-1969), sentiu a necessidade de desenvolver novos métodos de ensino e estava convencido de que a base para qualquer arte estava no artesanato: “a escola se transformara gradualmente em um workshop”. Assim, artistas e artesãos dirigiram aulas e produção juntas na Bauhaus. Isto pretendia A arte abstrata e a Bauhaus remover qualquer distinção entre artes puras e artes aplicadas. Ou seja, o conceito de novo tipo de artista estava vinculado à ideia de que, somente unindo todas as artes, seria possível formar um novo profissional, voltado para o futuro. A cadeira Cesca, de 1928, é de autoria do arquiteto alemão Marcel Breuer (1902-1981). Esse projeto é característico da visão da escola Bauhaus, que buscava aliar tecnologia e estética. A arte abstrata e a Bauhaus Figura 12: Marcel Breuer, cadeira Cesca, 1928. Disponível em: <https://www.knoll.com/product/cesca-chair-armless>. Acesso em 15 ago 2018. Entre os vários ismos que fazem parte das vanguardas artísticas, há um movimento que se apoia nos estudos psicanalíticos de alguns pesquisadores. O próprio nome desse movimento revela a sobreposição do mundo real, em busca de uma representação dos sonhos. Qual o nome desse movimento artístico? a) Cubismo. b) Surrealismo. c) Fauvismo. d) Humanismo. e) Realismo. Interatividade Resposta Entre os vários ismos que fazemparte das vanguardas artísticas, há um movimento que se apoia nos estudos psicanalíticos de alguns pesquisadores. O próprio nome desse movimento revela a sobreposição do mundo real, em busca de uma representação dos sonhos. Qual o nome desse movimento artístico? a) Cubismo. b) Surrealismo. c) Fauvismo. d) Humanismo. e) Realismo. O papel do artista e a crise da modernidade O denominado Expressionismo Abstrato ou Action Painting constituiu um movimento artístico de grande originalidade e forte repercussão que modificou a cena artística norte-americana no final dos anos 40. Sua principal característica era o emprego de largas massas coloridas, com o predomínio de manchas, não de traços. Ao contrário do Expressionismo europeu, diretamente envolvido em debates ideológicos, os expressionistas norte-americanos excluíam totalmente os temas políticos e sociais de suas obras, privilegiando questões existencialistas como a miséria humana, por exemplo, buscando expressar emoções de forma intensa e espontânea. Para tanto, destruíram os meios tradicionais de pintura, pintando diretamente no chão, na parede, por vezes sem uso de pincéis. As realizações da arte pós-vanguardas Jackson Pollock (1912-1956), maior nome do Action Painting, empregava verdadeiros jatos de tinta sobre a superfície de telas deitadas no chão, sem emprego de cavalete. Por meio dessa ação, Pollock cobria totalmente a tela e eliminava qualquer possibilidade de percepção figurativa ou de perspectiva por parte do espectador. Desse modo, criava obras de arte cheias de instintividade e emoção. O papel do artista e a crise da modernidade Figura 13: Jackson Pollock, N° 5, 1948. Óleo sobre tela, 243.8 x 121.9 cm. Coleção particular. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/No._5,_1948>. Acesso em 15 ago 2018. A Pop Art constituiu um movimento artístico que ocorreu predominantemente nos Estados Unidos e na Inglaterra, entre a segunda metade dos anos 1950 e 1960. Influenciada pelo Dadaísmo, a Pop Art contribuiu também para revolucionar o próprio conceito de obra de arte, uma vez que incluía em seus temas objetos tipicamente comerciais e de consumo de massa. Os artistas representativos desse movimento incorporaram ao seu repertório objetos emblemáticos da indústria cultural e do universo da propaganda, como a Coca-Cola e as imagens de artistas populares como Marilyn Monroe. De certo modo, por incluir imagens plenamente identificáveis de pessoas e objetos, a Pop Art marcou também um retorno ao figurativismo, contrapondo-se ao Expressionismo, dominante desde o fim da Segunda Grande Guerra (1939-1945). A Pop Art Andy Warhol (1927-1987) foi o mais renomado representante da Pop Art. Tornou- se internacionalmente conhecido por suas séries de retratos de ícones da música e do cinema, como, por exemplo, Marilyn Monroe e Elvis Presley. Warhol empregou em suas obras sobretudo a técnica da serigrafia, representando, além dos ídolos pop, objetos de consumo de massa, como garrafas de Coca-Cola, latas de sopa Campbell’s, carros etc. A Pop Art Figura 14: Andy Warhol, Latas de sopa Campbell, 1962. Tinta de polímero sintético sobre tela. MoMA, Nova York, EUA. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/1/1f/Campbells_Soup_Cans _MOMA.jpg>. Acesso em 15 ago 2018. A Op Art ou Optical Art foi um movimento artístico caracterizado pelo emprego de formas geométricas que induzem o olhar do espectador a uma espécie de ilusão de ótica, gerando sensações de movimento, de tridimensionalidade, de vibração e de mudança de sentido. A Op Art parece querer significar a permanente mudança a que está submetido o mundo contemporâneo, seu caráter sempre passageiro, mesmo fugaz. Artistas desse movimento são Alexander Calder (1898-1976) e Victor Vasarely (1908-1997). Trata-se de uma arte feita com bastante rigor, científica, dado o seu caráter sistemático. A Op Art A Op Art é feita intencionalmente para interferir na percepção daquilo que se vê, fazendo referências à ilusão de ótica e à maneira como nossos órgãos de percepção da realidade funcionam. A Op Art Figura 15: Bridget Riley, (1931- ). Quadrados em movimento, 1961. Disponível em: <https://www.wikiart.org/pt/bridget- riley/movement-in-squares-1961>. Acesso em 21 ago. 2018. As esculturas abstratas de Alexander Calder nos remetem às quatro dimensões da realidade: altura, profundidade, largura e tempo, uma vez que elas se movimentam, revelando-se ao espectador lentamente. Acrescente-se que os primeiros móbiles eram movimentados pelos próprios espectadores. A Op Art Figura 16: Alexander Calder, Antena com pontos vermelhos e azuis, c. 1953. Metal pintado. Tate Gallery, Londres, Inglaterra. Disponível em: <https://www.tate.org.uk/art/images/work/T/T00/T00541_10.jpg>. Acesso em 15 ago 2018. Posteriormente, Calder decidiu suspendê-los, movimentando-se sozinhos, pela ação do vento. A construção dos móbiles demanda rigor na criação de um sistema equilibrado de pesos, a fim de que o movimento seja mantido ritmado e prolongado. Minimalismo O Minimalismo constituiu um movimento artístico iniciado no decênio de 1960, nos Estados Unidos, cujos representantes buscavam expressar-se por meio do recurso aos elementos fundamentais – mínimos – das artes visuais. Nas artes plásticas, os minimalistas opuseram-se ao Expressionismo abstrato norte- americano. Efetivamente, julgavam a Action Painting extremamente personalista e carente de substância. Para os minimalistas, caberia à arte expressar apenas a si própria e não a qualquer elemento extra-artístico, não visual. Por esse motivo, pode-se considerar a Minimal Art (arte minimalista) como o ponto culminante do reducionismo nas artes plásticas, tendência que vinha se manifestando em diferentes campos artísticos no transcorrer do século XX. A pós-modernidade e as perspectivas da arte no século XXI Minimalismo Abaixo, reprodução de parte da obra do minimalista norte-americano Dan Flavin (1933-1996), um dos principais expoentes da Minimal Art. A obra é uma escultura composta por tubos luminosos coloridos. Nela, é possível notar as mais importantes características do Minimalismo, ou seja, o reducionismo formal, a despretensão, a simplicidade e o forte cunho geométrico. A pós-modernidade e as perspectivas da arte no século XXI Figura 17: Dan Flavin, Instalação para um lugar específico, 1996. Menil Collection, Houston, Texas, USA. Coleção particular. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia>. Acesso em 15 ago 2018. Arte conceitual O movimento artístico denominado Arte Conceitual desenvolveu-se, particularmente, nos Estados Unidos, a partir da década de 1960. Diferentemente do Minimalismo, na Arte Conceitual a crítica está presente, embora não de forma explícita, mas em reflexões filosóficas e linguísticas. Nesta linha de pensamento das artes plásticas, as ideias e os conceitos são considerados mais importantes do que os meios e materiais empregados na sua representação. Noutros termos, na Arte Conceitual, as ideias são mais relevantes do que os próprios objetos artísticos. A pós-modernidade e as perspectivas da arte no século XXI Arte conceitual Temos aqui a obra One and Three Chairs, do norte-americano Joseph Kosuth (1945), que ilustra bem as principais características da Arte Conceitual. Nesta obra, Kosuth expõe, conjuntamente, uma cadeira real, uma foto dessa mesma cadeira e um texto contendo a definição do que seja uma cadeira. Ao proceder A pós-modernidade e as perspectivas da arte no século XXI Figura 18: Joseph Kosuth, One and Three Chairs, 1965. Cadeira dobrável de madeira, fotografia de uma cadeira e uma ampliação em fotografia da definição da palavra “cadeira do dicionário”. Coleção particular. Disponível em: <https://www.moma.org/learn/moma_learning/jos eph-kosuth-one-and-three-chairs-1965>.Acesso em 15 ago 2018. assim, o artista pretende provocar a reflexão sobre a própria realidade do objeto, ou seja, uma discussão sobre o próprio ser das coisas. A Pop Art, apesar de acontecer depois do surgimento do abstracionismo (imagens criadas a partir da imaginação humana), também pode ser chamada de uma arte que volta a ser figurativa (representa as imagens que vemos no mundo real). Por que esse movimento artístico pode receber essa classificação? a) Porque ela se baseia na ilusão de ótica, causada por formas estranhas. b) Porque ela usa da perspectiva tradicional para representar as formas. c) Porque ela usa referências formais baseadas nas vanguardas. d) Porque as formas utilizadas nas obras de arte desse movimento são de origem cubista. e) Porque os artistas desse movimento utilizam, entre outras, imagens de produtos industrializados reais. Interatividade A Pop Art, apesar de acontecer depois do surgimento do abstracionismo (imagens criadas a partir da imaginação humana), também pode ser chamada de uma arte que volta a ser figurativa (representa as imagens que vemos no mundo real). Por que esse movimento artístico pode receber essa classificação? a) Porque ela se baseia na ilusão de ótica, causada por formas estranhas. b) Porque ela usa da perspectiva tradicional para representar as formas. c) Porque ela usa referências formais baseadas nas vanguardas. d) Porque as formas utilizadas nas obras de arte desse movimento são de origem cubista. e) Porque os artistas desse movimento utilizam, entre outras, imagens de produtos industrializados reais. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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