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filosofia antiga livro 1

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Autor: Prof. Renato Bulcão
Colaboradores: Prof. Renato Bulcão
 Profa. Tânia Sandroni
Filosofia Antiga
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Professor conteudista: Renato Bulcão
Renato Bulcão é formado em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da 
Universidade de São Paulo (USP), com mestrado em Comunicação pela Escola de Comunicações e Arte (ECA) da USP 
e doutorado em Educação e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Lecionou na ECA/USP na 
graduação e foi pesquisador da Escola do Futuro, buscando técnicas audiovisuais de Educação a Distância. Hoje atua 
como coordenador do curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Paulista (UNIP). 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B933f Bulcão, Renato.
Filosofia Antiga / Renato Bulcão. – São Paulo: Editora Sol, 2018.
176 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-016/18, ISSN 1517-9230.
1. Platão. 2. Sócrates. 3. A República.l. I. Título.
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Kleber Nascimento de Souza
 Ricardo Duarte
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Sumário
Filosofia Antiga
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................... 11
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 12
Unidade I
1 O PERCURSO DE PLATÃO ............................................................................................................................. 15
1.1 Os pensadores que influenciaram Platão ................................................................................... 18
1.2 Os escritos de Platão ........................................................................................................................... 20
1.3 A redescoberta de Platão .................................................................................................................. 22
1.4 Os diálogos iniciais e intermediários ............................................................................................ 23
1.5 As posturas éticas nos primeiros diálogos ................................................................................. 24
1.6 As propostas psicológicas nos primeiros diálogos .................................................................. 24
1.7 As posições religiosas nos primeiros diálogos .......................................................................... 25
1.8 As posições metodológicas e epistemológicas nos primeiros diálogos ......................... 25
1.9 Os diálogos intermediários ............................................................................................................... 26
1.10 A teoria das formas ou das ideias ............................................................................................... 27
1.11 A psicologia moral ............................................................................................................................. 27
1.12 Uma crítica da arte ........................................................................................................................... 28
1.13 O amor platônico ............................................................................................................................... 28
1.14 Os segundos diálogos de transição e o período final ......................................................... 29
1.15 A crítica da primeira teoria das ideias ou formas ................................................................ 29
1.16 A personagem de Sócrates ............................................................................................................ 30
1.17 O mito de Atlântida .......................................................................................................................... 30
1.18 A descrição da criação do universo ............................................................................................ 30
1.19 As formas ou ideias ........................................................................................................................... 31
1.20 A teoria das formas na República ............................................................................................... 31
1.21 Os diálogos finais ............................................................................................................................... 33
2 APOLOGIA DE SÓCRATES ............................................................................................................................. 35
2.1 Os conceitos legados pela Apologia ............................................................................................. 36
2.1.1 Conhecimento .......................................................................................................................................... 36
2.1.2 Conhecimento de si – Sócrates via Platão ................................................................................... 37
2.1.3 Agnosia (Apol., 21a) ............................................................................................................................... 38
2.1.4 Refutação (Apol., 21a) ........................................................................................................................... 38
3 A REPÚBLICA – INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 38
3.1 A alegoria da caverna ......................................................................................................................... 48
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4 A REPÚBLICA – CONCEITOS DESENVOLVIDOS POR PLATÃO .......................................................... 55
4.1 Função (Rep., I, 352) ............................................................................................................................ 55
4.2 Ética (Rep., I, 353) ................................................................................................................................. 55
4.3 Virtude (Rep., I, 353) ............................................................................................................................ 56
4.4 Cardeais (Virtudes, Rep., I) ................................................................................................................ 56
4.5 Tarefa (Rep., I, 353a) ............................................................................................................................56
4.6 Arquétipo (Rep., II) ............................................................................................................................... 56
4.7 Justiça (Rep., II) ..................................................................................................................................... 57
4.8 Direito natural (Rep., II, 367c) ......................................................................................................... 58
4.9 Estado (Rep., II, 368) ............................................................................................................................ 59
4.10 Necessidade (Rep., II, 369) .............................................................................................................. 60
4.11 Tipo (Rep., II, 379a, 380c; Rep., III, 396e) .................................................................................. 60
4.12 Arte (Rep., II, 381) .............................................................................................................................. 61
4.13 Classe (Rep., III, 412) ......................................................................................................................... 61
4.14 Sabedoria (Rep., IV, 428b) .............................................................................................................. 62
4.15 Coragem (Rep., IV, 430) ................................................................................................................... 62
4.16 Faculdade (Rep., IV, 439-440) ....................................................................................................... 62
4.17 Temperança (Rep., IV, 442b) .......................................................................................................... 63
4.18 Sexo (Rep., V, 455) ............................................................................................................................. 63
4.19 Opinião (Rep., V, 478c)..................................................................................................................... 63
4.20 Filosofia (Rep., V, 480) ...................................................................................................................... 64
4.21 Filodoxia (Rep., V, 480) ..................................................................................................................... 64
4.22 Autoridade (Rep., VI, 484) .............................................................................................................. 64
4.23 Matema (Rep., VI, 505a) .................................................................................................................. 65
4.24 Bem (Rep., VI, 508e, 509) ................................................................................................................ 65
4.25 Transcendência (Rep., VI, 509b) ................................................................................................... 66
4.26 Aparência (Rep., VI, 510) ................................................................................................................. 66
4.27 Conjectura (Rep., VI, 510a, 511) .................................................................................................... 67
4.28 Dialética (Rep., VI, 511b-c) ............................................................................................................. 67
4.29 Divisão (Rep., VI) ................................................................................................................................. 68
4.30 Número (Rep., VII, 525d) ................................................................................................................. 70
4.31 Matemática (Rep., VII, 525-527) .................................................................................................. 70
4.32 Geometria (Rep., VII, 527b) ............................................................................................................ 70
4.33 Música (Rep., VII, 531b) ................................................................................................................... 71
4.34 Metafísica (Rep., VII, 531c-d) ........................................................................................................ 71
4.35 Hipótese (Rep., VII, 533c) ................................................................................................................ 73
4.36 Pensamento (Rep., VII, 534) ........................................................................................................... 74
4.37 Analogia (Rep., VII, 534a)................................................................................................................ 75
4.38 Inteligível (Rep., VII, 534) ................................................................................................................ 75
4.39 Intelecto (Rep., VII, 534a) ............................................................................................................... 76
4.40 Propedêutica (Rep., VII, 536d) ...................................................................................................... 76
4.41 Sinopse (Rep., VII, 537e) .................................................................................................................. 76
4.42 Dogma (Rep., VII, 538c) ................................................................................................................... 76
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4.43 Timocracia (Rep., VIII, 545b) .......................................................................................................... 77
4.44 Liberdade (Rep., VIII, 563d) ............................................................................................................ 77
4.45 Formas de governo (Rep., VIII-IX)................................................................................................ 77
4.46 Tirania (Rep., VIII, 569b-c) .............................................................................................................. 78
4.47 Prazer (Rep., IX, 583 ss.; Fil., 53c) ................................................................................................. 79
4.48 Ideia (Rep., X, 597b) .......................................................................................................................... 79
4.49 Metéxis (Rep., X, 597a) .................................................................................................................... 81
4.50 Estética (Rep., X, 598c) .................................................................................................................... 81
4.51 Poesia (Rep., X, 606a) ....................................................................................................................... 82
4.52 Santidade (Rep., X, 615b) ................................................................................................................ 83
4.53 Deus (Rep., X, 617) ............................................................................................................................. 83
4.54 Responsabilidade (Rep., X, 617) ................................................................................................... 85
4.55 Escolha (Rep., X, 618b) ..................................................................................................................... 85
Unidade II
5 GÓRGIAS, MÊNON, PROTÁGORAS E CRÁTILO...................................................................................... 90
5.1 Górgias ...................................................................................................................................................... 90
5.1.1 Convencionalismo (Górg., 484) ......................................................................................................... 93
5.1.2 Retórica (Górg., 452) .............................................................................................................................93
5.1.3 Vontade (Górg., 466) .............................................................................................................................. 93
5.1.4 Expiação (Górg., 478) ............................................................................................................................ 94
5.1.5 Pena (Górg., 480) ..................................................................................................................................... 94
5.1.6 Dicotomia (Górg., 500) ......................................................................................................................... 94
5.1.7 Arracional (Górg., 501a; Banq., 202a; Teet., 205e; Sof., 238c) .............................................. 94
5.1.8 Mundo (Górg., 508) ................................................................................................................................ 94
5.1.9 Cosmo (Górg., 508a) .............................................................................................................................. 94
5.1.10 Mito (Górg., 523a) ................................................................................................................................ 95
5.2 Mênon ....................................................................................................................................................... 95
5.2.1 Essência (Mên., 79b) .............................................................................................................................. 96
5.2.2 Anamnese (Mên., 80e-81) ................................................................................................................... 97
5.2.3 Aprendizado (Mên., 81d) ...................................................................................................................... 97
5.2.4 Ciência (Mên., 98a) ................................................................................................................................. 98
5.2.5 Conceito (Mên., 86a-b; Féd., 76) ....................................................................................................... 98
5.2.6 Ciência (Mên., 98a) ................................................................................................................................. 99
5.3 Protágoras ............................................................................................................................................... 99
5.3.1 Técnica (Prot., 321c) .............................................................................................................................102
5.3.2 Respeito (Prot., 322e) ..........................................................................................................................102
5.4 Crátilo ......................................................................................................................................................103
5.4.1 Nome (Crát., 388) ..................................................................................................................................104
5.4.2 Verdade (Crát., 385b; Sof., 262e; Fil., 37c) ..................................................................................104
5.4.3 Herói (Crát., 398c) .................................................................................................................................105
5.4.4 Alma (Crát., 399d; Fedro, 245d) ......................................................................................................105
5.4.5 Retidão (Crát., 428e) ............................................................................................................................105
5.4.6 Gramática (Crát., 431b) ......................................................................................................................105
5.4.7 Linguagem (Crát., 433) .......................................................................................................................106
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6 PARMÊNIDES, FÉDON, FEDRO E O BANQUETE...................................................................................107
6.1 Parmênides ............................................................................................................................................107
6.1.1 Instante (Parm., 156d)......................................................................................................................... 110
6.1.2 Universal (Parm., 132a) ........................................................................................................................111
6.1.3 Terceiro homem (Parm., 132a) ..........................................................................................................111
6.1.4 Eleatismo ...................................................................................................................................................111
6.1.5 Platonismo ...............................................................................................................................................112
6.2 Fédon .......................................................................................................................................................112
6.2.1 Morte (Féd., 64c) ...................................................................................................................................113
6.2.2 Em si (Féd., 65d, 75c) ...........................................................................................................................113
6.2.3 Corpo (Féd., 66b) ...................................................................................................................................113
6.2.4 Catarse (Féd., 67a, 69) .........................................................................................................................114
6.2.5 Associação de ideias (Féd., 76a) ......................................................................................................114
6.2.6 Misologia (Féd., 89d-90b) ..................................................................................................................114
6.2.7 Finalismo (Féd., 97c).............................................................................................................................114
6.2.8 Causalidade (Féd., 97c, 101c) ...........................................................................................................115
6.2.9 Dever-ser (Féd., 99c) ............................................................................................................................115
6.2.10 Participação (Féd., 100) ....................................................................................................................115
6.2.11 Vida (Féd., 105c)...................................................................................................................................116
6.3 Fedro ........................................................................................................................................................116
6.3.1 Hybris (Fedro, 238) .............................................................................................................................. 120
6.3.2 Princípio (Fedro, 245c; Teet., 155d) ...............................................................................................121
6.3.3 Imortalidade (Fedro, 245d) ...............................................................................................................121
6.3.4 Queda (Fedro, 248a) .............................................................................................................................121
6.3.5 Belo (Fedro, 250) ...................................................................................................................................121
6.3.6 Método (Fedro, 270c) .........................................................................................................................122
6.3.7 Diálogo (Fedro, 275) ........................................................................................................................... 122
6.4 O Banquete ...........................................................................................................................................122
6.4.1 Temperamento (Banq., 188a; Tim., 86b) ..................................................................................... 126
6.4.2 Sexo (Banq., 189c) ............................................................................................................................... 126
6.4.3 Gênero (Banq., 190c) .......................................................................................................................... 127
6.4.4 Amor (Banq., 200a) ............................................................................................................................. 127
6.4.5 Alma bela (Banq., 210b) ..................................................................................................................... 127
Unidade III
7 TEETETO, LEIS, SOFISTA E POLÍTICO .........................................................................................................131
7.1 Teeteto ....................................................................................................................................................131
7.1.1 Maiêutica (Teet., 15c) ......................................................................................................................... 134
7.1.2 Filologia (Teet., 161a) .......................................................................................................................... 135
7.1.3 Movimento (Teet., 181d) ................................................................................................................... 135
7.1.4 Silogismo (Teet., 186d) ....................................................................................................................... 135
7.1.5 Consciência (Teet., 189e; Sof., 263e) ............................................................................................ 135
7.1.6 Tábua rasa (Teet., 191) ........................................................................................................................ 136
7.1.7 Pôr (Teet.. 191c) .................................................................................................................................... 136
7.1.8 Elemento (Teet., 210e) ........................................................................................................................ 136
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7.2 Leis ............................................................................................................................................................136
7.2.1 Estado de natureza (Leis, III, 677e) ................................................................................................141
7.2.2 Empirismo (Leis, IV, 720c-d) .............................................................................................................141
7.2.3 Casamento (Leis, IV, 721) .................................................................................................................. 142
7.2.4 Egoísmo (Leis, V, 731e) ...................................................................................................................... 142
7.2.5 Ateísmo (Leis, X, 891c, 892b) ........................................................................................................... 142
7.3 Sofista .....................................................................................................................................................142
7.3.1 Espécie (Sof., 235d; Teet., 178) ....................................................................................................... 145
7.3.2 Nada (Sof., 242d) ................................................................................................................................. 145
7.3.3 Possibilidade (Sof., 247) ..................................................................................................................... 145
7.3.4 Erro (Sof., 247e) .................................................................................................................................... 146
7.3.5 Outro (Sof., 254) ................................................................................................................................... 146
7.3.6 Categoria (Sof., 254) ........................................................................................................................... 147
7.3.7 Ser (Sof., 455) ........................................................................................................................................ 147
7.4 Político ....................................................................................................................................................150
7.4.1 Prático (Pol., 258d-e) .......................................................................................................................... 155
7.4.2 Política (Pol., 259a-b) ......................................................................................................................... 155
7.4.3 Irreversível (Pol., 269) ......................................................................................................................... 156
7.4.4 Medida (Pol., 284e) .............................................................................................................................. 156
8 TIMEU .................................................................................................................................................................156
8.1 Atlântida (Tim., 24) ............................................................................................................................159
8.2 Céu (Tim., 28c) .....................................................................................................................................159
8.3 Paradigma (Tim., 29b) .......................................................................................................................159
8.4 Criação (Tim., 29e) ..............................................................................................................................159
8.5 A alma do mundo (Tim., 34b) ........................................................................................................160
8.6 Tempo (Tim., 37d) ...............................................................................................................................160
8.7 Mediação (Tim., 41a-c) .....................................................................................................................160
8.8 Sonho (Tim., 45e) ................................................................................................................................160
8.9 Necessário (Tim., 47d) .......................................................................................................................161
8.10 Metempsicose (Tim., 49) ................................................................................................................161
8.11 Matéria (Tim., 50) .............................................................................................................................161
8.12 Mãe (Tim., 51a-b) .............................................................................................................................162
8.13 Demiurgo (Tim., 51a) ......................................................................................................................162
8.14 Persuasão (Tim., 51) .........................................................................................................................163
8.15 Razão (Tim., 70a) ..............................................................................................................................1638.16 Lei (Tim., 83) .......................................................................................................................................163
8.17 Demônio (Tim., 41a) ........................................................................................................................164
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APRESENTAÇÃO
A obra de Platão é fundadora da filosofia ocidental. De fato, desde Aristóteles, que foi seu aluno, 
todos os grandes filósofos discutiram diretamente suas ideias, muitas vezes para discordar delas.
Hoje em dia temos acesso a praticamente todas as suas obras. Todavia nem sempre foi assim. 
Durante a Idade Média, a maioria de seus trabalhos foi esquecida e até mesmo destruída nas bibliotecas 
dos mosteiros medievais. Entretanto felizmente, após os árabes conquistarem o Egito, resgataram sua 
obra, promovendo a tradução do grego para o árabe, e também para o hebraico. Acredita-se que foi na 
Espanha, também dominada pelos árabes, que surgiram as primeiras traduções dos livros de Platão para 
o latim. Tudo isso antes de o Brasil ser descoberto.
Todos os livros de Platão, a maioria escrita na forma de diálogo, já foram considerados como 
de autoria duvidosa. Entretanto ninguém duvida que sua primeira obra foi a Apologia de Sócrates. 
Com textos tão antigos e dispersos ao longo dos séculos, foi somente em 1578, mais ou menos na 
mesma época que José de Anchieta chegava ao Brasil, que o editor suíço Henri Estienne, da cidade de 
Genebra, publicou a obra completa de Platão traduzida para o latim.
O nome em latim de Estienne era Stephanus, e naquela época todos os intelectuais publicavam e 
editavam suas obras em latim, com seu nome traduzido. Stephanus lançou a obra completa de Platão 
em três volumes e, além de numerar as páginas, dividiu o texto em seções. Desde então a obra de Platão 
e todos os seus estudos são referenciados pelo número das páginas e dos parágrafos da edição de 
Henri Estienne. Quando se mencionam as linhas do texto em grego, utiliza-se a marcação da Platonis 
Opera, organizada pelo estudioso John Burnet (1863-1928). Esta edição foi publicada pela editora da 
Universidade de Oxford na Inglaterra, entre os anos de 1900 e 1907.
Nas referências dos textos de Platão, o algarismo romano logo após o nome da obra indica um dos 
livros em que ela foi organizada. O primeiro número e as letras a, b, c, d ou e informam as páginas e as 
seções da edição de Henricus Stephanus. Quando há números depois das letras minúsculas, significam 
as linhas do texto. Por exemplo, Rep., I, 302d5-6 deve ser entendido como: A República, livro I, página 
número 302 da edição de Stephanus, seção d, linhas 5 a 6.
Da mesma maneira, a obra de Aristóteles é organizada pelas páginas e seções da Aristotelis Opera, 
editada por Immanuel Bekker (1785-1871), para a Academia de Ciências de Berlim. Ela foi impressa 
entre 1831 e 1870. As edições mais recentes, e as traduções para qualquer língua, seguem a paginação 
e as colunas do texto de Bekker (COÊLHO, 2014). Trabalhar com Platão e Aristóteles sem remeter a essas 
codificações é a mesma coisa que trabalhar com a Bíblia sem fazer referência a livros e versículos.
Não apenas tomamos o cuidado de manter as referências acadêmicas de Platão e Aristóteles, mas 
também preservamos as formas originais de citação dos antigos historiadores, por exemplo Diógenes 
Laércio (180-240), para demonstrar como se estudam os textos antigos.
Este livro-texto pretende contextualizar e analisar alguns tópicos da filosofia grega antiga, mais 
exatamente da obra de Platão. Sabemos que os gregos inventaram a filosofia, que se organizou como 
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um saber que se contrapôs ao dos poetas (e músicos) e sofistas. Os grandes sistemas clássicos de Platão 
e de Aristóteles criaram as propostas de busca e organização do conhecimento e da verdade. Platão, 
ao criar sua filosofia, pretendeu dar uma resposta filosófica à condenação à morte de seu mestre, 
Sócrates. Desse exame crítico, nasceu a tradição de reflexão sobre os regimes políticos e sobre a virtude. 
O resultado mais perene dessa reflexão foi a invenção do conceito de República.
INTRODUÇÃO
Platão (427-347 a.C.) foi um filósofo grego, talvez o mais importante da cultura ocidental. 
De maneira geral, sua maior contribuição à filosofia é a concepção do mundo observável como 
imagem imperfeita de uma realidade que não conseguimos enxergar. Nessa realidade não observável 
existiriam formas imutáveis que dariam origem às coisas.
Acredita-se hoje que Platão nasceu por volta de 427 a.C., e faleceu com 80 anos, ou talvez 81, em 
347 a.C. As datas são imprecisas e seguem em disputa, pois, de acordo com os escritos de Diógenes 
Laércio (D.L.), pela cronologia de Apolodoro, Platão nasceu no ano em que Péricles morreu, era seis anos 
mais novo do que Isócrates e morreu aos 84 anos de idade (D.L., III, 2-3).
Todavia, se a data de morte de Platão estiver correta na versão de Apolodoro, Platão nasceu em 
430 ou 431. Pelas informações de Diógenes Laércio, Platão nasceu no mesmo ano que Péricles morreu, 
portanto 429. Em outro momento (3.6), Diógenes escreve que, quando Sócrates morreu, Platão tinha 28 
anos (em 399), o que novamente dataria seu nascimento em 427 (D.L., III, 6). Apesar dessas discussões, 
o período baseado nos cálculos de Eratóstenes é tradicionalmente aceito como correto.
Pouco se sabe sobre a juventude de Platão. Segundo Diógenes, que não é muito preciso, os pais de Platão 
foram Ariston e Perictione (ou Potone) (D.L., III, 1). Os dois lados da família alegavam rastrear sua ascendência 
a Poseidon (D.L., III, 1), o deus mitológico dos mares. O relato divulgado por Diógenes, de que Platão foi o 
resultado do estupro de Perictione por Ariston (D.L., III, 1), é um exemplo das fofocas não confirmadas.
Figura 1 
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Sabemos com certeza que Platão teve dois irmãos mais velhos, Glauco e Adeimantus (GUTHRIE, 
1975). Teve também uma irmã, Potone, todos filhos dos mesmos pais (D.L., III, 4).
Quando Ariston morreu, a mãe de Platão se casou com um tio dele, Pirilampo. No diálogo Cármides, 
de Platão, podemos ler que Pirilampo era tio de Cármides, e Cármides era o irmão da mãe de Platão 
(Cár., 158a). Desse segundo casamento ela teve outro filho, Antiphon, meio-irmão de Platão, citado no 
diálogo Parmênides (Par., 126a-b).
Platão nasceu numa família rica e politicamente poderosa de Atenas. Um dos seus tios, Cármides, 
foi membro do grupo político conhecido como Trinta Tiranos, que derrubou a democracia ateniense 
em 404 a.C. O próprio tio de Cármides, Crítias, era o líder deles. Mas, como em toda família 
poderosa, os parentes de Platão eram ligados tanto com o grupo oligárquico de Atenas como com 
o grupo democrático. Seu padrasto, Pirilampo, teria sido próximo de Péricles no período em que 
ele foi o líder do grupo democrático. Mas as atividades políticas da família, segundo historiadores, 
não são vistas como muito louváveis.
O nome original de Platão foi presumivelmente Aristocles, o mesmo do avô. Platão é um apelido 
(platos significa “amplo”), e reza a lenda que teria sido dado por seu professor de luta livre, por causa de 
seu físico, ou por seu comportamento folgado, ou mesmo, talvez, por causa da largura de sua testa (D.L., 
III, 4). Embora, ainda segundo Diógenes, o nome Aristocles tivesse sido escrito em seu túmulo (D.L., III, 
43), a história o conhece como Platão.
Conjectura-se que Platão tinha ambições políticas. Mas abriu mão delas quando Sócrates foi 
executado por impiedade, ou seja, por desprezar as tradições e os costumes de Atenas.
Neste livro-texto vamos fazer uma leitura de trechos importantes das principais obras de Platão. 
É importante que você acompanhe o desenvolvimento do pensamento do filósofo,que é tido como o 
fundador da filosofia ocidental. Uma anedota acadêmica sugere que, desde Aristóteles, estamos apenas 
comentando a obra de Platão.
Isso quer dizer que a maioria dos pensadores ocidentais, até o início da filosofia do século 
XX, sempre recorreu a ele para tentar reinterpretar o mundo. A proposta de Platão de filosofar 
a partir da interpretação do mundo pelo ser humano está tão presente que, até no século XX, 
filósofos como Heidegger e Sartre refazem esse percurso.
É necessário ler Platão sempre tentando entender que muito do que ele descreveu diz respeito ao 
mundo em que viveu. Então mitos gregos e cidades que não existem mais, ou perderam sua importância, 
não devem ser considerados importantes para a compreensão das suas ideias, mas apenas referências 
de atitudes, hábitos e lugares.
Acima de tudo, é preciso reconhecer que, na obra de Platão, ideias e formas são consideradas a 
mesma coisa. Isso em português contemporâneo é mais difícil de ser aceito, pois atribuímos às formas 
uma materialidade que não damos às ideias. Porém, em vez de mantermos a posição da interpretação 
católica de Platão, que sempre tendeu a pensar as ideias platônicas como imateriais, hoje podemos 
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repensar esse hábito a partir de novas traduções do grego original, nas quais a forma e a ideia do 
triângulo não existem separadamente.
Toda vez que você tiver alguma dúvida, lembre-se do exemplo do triângulo, e ficará mais fácil o 
entendimento daquilo que foi escrito originalmente há mais de 2 mil anos.
Naquele tempo a Grécia tinha como seu maior inimigo a Pérsia. As duas grandes guerras aconteceram 
em 490 a.C., quando na planície de Maratona os persas foram repelidos pelo general Milcíades ou 
Milquíades, e em 480 a.C., quando o rei persa, Xerxes, tentou novamente tomar a Grécia e foi vencido 
nas batalhas de Salamina e Plateia, desta vez por Temístocles. Com a vitória, Atenas se tornou líder das 
cidades gregas. Criou-se uma federação de cidades sob seu comando, com o nome de Liga de Delos, que 
durou 74 anos. Nesse período, Atenas viveu seu esplendor.
Péricles era general e político do partido democrático. Com o poder das famílias aristocráticas 
gregas diminuído, permitiu que a assembleia tivesse uma representação popular, de atenienses que 
eram artesãos. Péricles inventou a função de funcionário público, impedindo assim que os gregos de 
Atenas fossem pobres. É por isso considerado o primeiro populista da história. Com o dinheiro da Liga 
de Delos, estimulou uma série de construções públicas que transformaram Atenas numa grande cidade, 
com obras de infraestrutura. Péricles governou por trinta anos, mas ao final a cidade de Esparta resolveu 
pôr um fim à gastança e atacou Atenas. Assim começou a Guerra do Peloponeso, que acabou sendo o 
marco final do esplendor grego.
Atenas perdeu a Guerra do Peloponeso para Esparta, e desse modo a oligarquia tentou retomar o 
poder com o governo dos Trinta Tiranos, em 404-403 a.C. Eram trinta magistrados (juízes), que tentaram 
governar a cidade restabelecendo o poder dos ricos. Mas o povo se revoltou, e em menos de um ano 
Atenas voltava a ser democrática.
Figura 2 
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FILOSOFIA ANTIGA
Unidade I
1 O PERCURSO DE PLATÃO
Figura 3 
Quando Sócrates morreu, Platão resolveu viajar. Há uma discussão sobre sua rota quando saiu de 
Atenas. Será que ele teria primeiro permanecido em Megara e depois visitado o sul da Itália, especialmente 
a Sicília? Há quem pense que Platão foi até o Egito. Platão menciona o Egito em suas obras – por 
exemplo, no Filebo (19b).
Chegando ao sul da Itália e à Sicília, teria tido contato com os seguidores de Pitágoras. Com eles 
aprendeu como ver o mundo através da matemática, que era a proposta de Pitágoras (570-495 a.C.). 
Também conheceu Crátilo, um seguidor de Heráclito, e foi influenciado por sua doutrina de que o 
mundo está em constante fluxo. Seus diálogos se opõem ao relativismo de Protágoras e às explicações 
materialistas propostas por Demócrito.
Como tudo mais que temos certeza ou podemos deduzir da vida de Platão, as melhores 
informações das suas visitas à Itália e à Sicília podem ser encontradas em sua Sétima Carta. Ele 
teria viajado com “cerca de 40 anos” (Ep., VII, 324a). Na Sicília permaneceu em Siracusa, onde se 
tornou tutor de Dion, que era cunhado do tirano Dionísio I. Siracusa era na época a cidade mais 
rica do mundo grego. Mas há quem afirme que Dionísio I teria se zangado com Platão e vendido o 
filósofo como escravo (D.L., III, 19-21).
Sabemos disso pelo que está escrito nas cartas de Platão (Epístolas). A mais longa e importante é a 
Sétima Carta; embora sua autenticidade seja controversa, não há dúvida de que seu autor estava muito 
familiarizado com a vida de Platão.
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Unidade I
Em todo caso, Platão retornou a Atenas e então fundou uma escola denominada de Academia. Este 
nome veio da sua localização, que ficava num bosque de árvores consagrado em memória do atleta 
Academus – ou Hecademus (D.L., III, 7). Distante, na época das muralhas da cidade, o local podia ser 
visitado na Atenas moderna. Platão viajou mais duas vezes à Sicília, mas a Academia se tornou sua 
residência durante o resto da vida.
A segunda viagem de Platão aconteceu depois que Dionísio morreu. Seu filho, Dionísio II, se tornou 
rei, e Dion, o discípulo de Platão, era tio e ao mesmo tempo cunhado do jovem tirano. Dion convenceu 
Dionísio II a convidar Platão para ajudar o rei a se tornar um rei-filósofo do tipo descrito na República. 
Platão relata na Sétima Carta (Ep., VII, 328b-c) que, mesmo que não estivesse convencido de que isso 
daria certo, concordou em ir. Mas essa viagem, assim como a primeira, não transcorreu bem. Depois de 
poucos meses, Dionísio II exilou Dion (Ep., VII, 329c). Platão ficou em prisão domiciliar, tratado como 
convidado pessoal do tirano (Ep., VII, 329c-330b).
Quando Platão finalmente conseguiu permissão do tirano para retornar a Atenas (Ep., VII, 338a), ele 
e Dion se reencontraram na Academia. Dionísio II concordou então em convidar Platão e Dion de volta 
a Siracusa (Ep., VII, 338a-b). Dion e Platão ficaram em Atenas durante quatro anos.
Dionísio convidou Platão, mas preferiu que Dion esperasse um pouco mais para voltar. Dion aceitou a 
condição e encorajou Platão a retornar (Ep., VII, 338b-c). Platão, porém, recusou o convite (Ep., VII, 338c). 
Um ano depois, Dionísio enviou um navio com Archedemus, um amigo de Platão (Ep., VII, 339a-b), pedindo 
para ele regressar a Siracusa. Convencido por Dion, Platão retornou a Siracusa.
Entretanto, mais uma vez as coisas não funcionaram, e Dionísio aprisionou Platão de novo em 
Siracusa, o qual novamente escapou, ajudado por amigos de Tarentina (Ep., VII, 350a-b). Posteriormente 
Dion organizou um exército formado por mercenários e invadiu Siracusa. Mas seu sucesso durou pouco 
tempo. Dion foi assassinado e a Sicília viveu o caos.
Platão, provavelmente cansado da política, voltou para a Academia. Lá viveu os treze últimos anos 
de vida. Segundo Diógenes, enterraram Platão na Academia (D.L., III, 41). Contudo até hoje seu túmulo 
não foi descoberto pelas pesquisas arqueológicas.
 Observação
Referenciaremos a obra de Platão de acordo com a paginação de 
Stephanus. É uma referência histórica à edição da tradução de sua obra 
completa do grego para o latim em 1578 por Joannes Serranus (Jean de Serres) 
e publicadas por Henricus Stephanus (Henri Estienne) em Genebra. As obras 
de Platão são divididas em números. Cada número é subdividido em seções a, 
b, c, d e e. Por exemplo, O Banquete 172a se refere a um trecho específico do 
texto O Banquete de Platão. Os números de Stephanus referem-se a números 
de páginas dos três volumes da edição de Estienne, de 1578.Mas os números 
precisam ser escritos junto com o título original da obra.
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FILOSOFIA ANTIGA
Seguem as obras de Platão:
1º GRUPO (-399/-387)
Apologia de Sócrates, Cármides, Críton, Eutidemo, Eutífron, Górgias, Hípias Maior, Íon, Laques, Hípias 
Menor, Lísis, Menexeno, Mênon e Protágoras;
2º GRUPO (-387/-367)
Crátilo, Parmênides, Fédon, Fedro, O Banquete, A República e Teeteto;
3º GRUPO (-360/-347)
Crítias, Leis, Filebo, Sofista, Político e Timeu.
Quadro 1 – Relação temática das obras de Platão
Eutífron Crátio Parmênides Alcebíades I Teages Eutidemo Hípias Menor Clitofon Minos
Apologia Teeteto Filebo Alcebíades II Cármides Protágoras Hípias Maior A República Leis
Críton Sofista O Banquete Hiparco Laques Górgias Íon Timeu Epínomis
Fédon Político Fedro Amantes Rivais Lísis Mênon Menexêno Crítias Epístolas
A seguir, as abreviações que serão utilizadas para referenciar os livros:
• Apol. = Apologia de Sócrates
• Banq. = O Banquete
• Cárm. = Cármides
• Crát. = Crátilo
• Crít. = Críton
• Ep. = Epístolas
• Eutid. = Eutidemo
• Eut. = Eutífron
• Féd. = Fédon
• Fil. = Filebo
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Unidade I
• Górg. = Górgias
• Mên. = Mênon
• Parm. = Parmênides
• Pol. = Político
• Prot. = Protágoras
• Rep. = República
• Sof. = Sofista
• Teet. = Teeteto
• Tim. = Timeu
Todos os textos citados são traduzidos da edição de John Burnet, 1899-1906.
 Saiba mais
Para acesso integral aos textos de Platão, visite:
PORTAL DOMÍNIO PÚBLICO. Biblioteca digital desenvolvida em software livre. 
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.
do?select_action&co_autor=173> Acesso em: 3 abr. 2018.
1.1 Os pensadores que influenciaram Platão
Aristóteles e Diógenes Laércio concordam que Platão em sua juventude estudou a filosofia de 
Heráclito de Éfeso, com seus seguidores (Met., 987a32; D.L., III, 4-5). Essa influência pode ser percebida 
na concepção de Platão de que o mundo sensível está em eterna mudança.
Diógenes, que foi biógrafo dos antigos filósofos gregos, escreveu Vidas e Doutrinas dos Filósofos 
Ilustres [s.d.], obra que sobreviveu aos séculos. É composta de dez livros, e conta como foi a evolução da 
filosofia grega. Diógenes relatou que Platão teria construído sua filosofia dos argumentos de Heráclito, 
dos pitagóricos e de Sócrates. O mundo sensível seria uma ideia de Heráclito, as coisas inteligíveis vêm 
de Pitágoras e sua percepção política é a de Sócrates (D.L., III, 8).
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FILOSOFIA ANTIGA
Sabemos também que Platão teve forte influência de Parmênides e Zenão (ambos de Eleia). Na teoria 
das ideias (formas), percebemos que suas conclusões concordam com o pensamento de Parmênides 
de unidade metafísica e estabilidade da realidade cognitiva. Parmênides e Zenão também surgem no 
diálogo Parmênides como personagens.
Diógenes (D.L., III, 6) afirma ainda que Platão conheceu os pitagóricos do sul da Itália, como Teodoro, 
que é mencionado como amigo de Sócrates no diálogo Teeteto, de Platão. Na Sétima Carta (Ep., VII), 
Platão escreve que era amigo de Archytas de Tarentum, um seguidor de Pitágoras (Teet., 339d-e), e 
no Fédon Platão fala de Equécrates, outro pitagórico, que pertencia ao grupo que ficou em torno de 
Sócrates no seu último dia na prisão. As influências pitagóricas de Platão parecem ficar evidentes através 
de seu fascínio pela matemática, que aparecem muitas vezes em diversos diálogos.
Mas ninguém influenciou mais Platão do que Sócrates. Isso fica claro pela escolha de Sócrates como 
personagem principal na maioria de suas obras. De acordo com a Sétima Carta, Platão considerava 
Sócrates “o homem mais justo que jamais viveu” (Ep., VII, 324e).
As obras de Aristóteles, discípulo de Platão, são citadas tradicionalmente de acordo com a edição 
de August Immanuel Bekker (1785-1871), para a Academia de Ciências de Berlim, publicada entre 
1831 e 1870.
No Brasil, suas obras vêm sendo publicadas por diversas editoras. Seguem as abreviações:
• An. Post. = Analíticos Posteriores
• An. Pr. = Analíticos Anteriores
• Cat. = Categorias
• De An. = Da Alma
• De Cael. = Do Céu
• De Int. = Da Interpretação
• Ét. Eud. = Ética a Eudemo
• Ét. Nic. = Ética a Nicômaco
• Fís. = Física
• Met. = Metafísica
• Poét. = Poética
• Pol. = Política
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Unidade I
• Ret. = Retórica
• Tóp. = Tópicos
 Saiba mais
Para acesso aos textos de Aristóteles, visite:
PORTAL DOMÍNIO PÚBLICO. Biblioteca digital desenvolvida em software livre. 
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.
do?select_action=&co_autor=144> Acesso em: 3 abr. 2018.
1.2 Os escritos de Platão
Para Diógenes Laércio, Platão teria grande habilidade intelectual e artística. Em sua juventude, 
tentou ser escritor de tragédias (D.L., III, 5). Contudo, ao conhecer Sócrates, teria mudado o rumo de 
sua trajetória. Talvez isso explique o motivo pelo qual suas obras foram majoritariamente escritas como 
diálogos, primando pela caracterização de seus personagens e pelo contexto dramático.
Sócrates aparece como personagem principal em vários outros escritos, além dos diálogos de Platão. 
Sabemos de outras menções – por exemplo, por Alexamenos de Teos (Poét., 1447b), Ésquines (Apol., 
33e), Antístenes (D.L., III, 35-36), Aristipo (D.L., II, 65-104), Eucleides (D.L., II, 106-112), Simon (D.L., II, 
122-124), Fédon (D.L., II, 105) e, especialmente, por Xenofonte (D.L., II, 48-59); estes também eram 
conhecidos autores socráticos.
Há quem se pergunte se o uso de Sócrates como personagem principal de Platão realmente remete 
à pessoa histórica de Sócrates. Essa antiga discussão da filosofia proporcionou disputas acadêmicas, que 
não chegaram a nenhuma conclusão.
Aristóteles defende que algumas das doutrinas que Platão narra através de Sócrates foram as mesmas 
defendidas pelo próprio Sócrates. Não há motivo para que Aristóteles não tenha sido sincero sobre isso.
Uma maneira de abordar essa questão foi tentar organizar os diálogos em datas relativas. 
Assume-se que, se pudermos estabelecer uma cronologia para a ordem de escrita dos diálogos, 
poderemos também verificar que Platão representou Sócrates como um ser biografado nos 
primeiros diálogos, e apenas como figurante nos diálogos posteriores.
Quando se voltou a estudar Platão na Idade Média, a ordem dos diálogos de Platão contemplou 
suas linhas temáticas. Acredita-se inclusive que autores como Diógenes Laércio (D.L., III, 56-62) 
incluíram entre as obras de Platão alguns livros cuja procedência é hoje contestada ou mesmo 
rejeitada por unanimidade.
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FILOSOFIA ANTIGA
Apesar de não haver evidência histórica incontestável para uma ordem cronológica, pesquisando 
a obra de outros autores gregos da Antiguidade, encontramos muitas informações. Aristóteles (Pol., 
2.6.1264b24-27), Diógenes Laércio (D.L. III, 37) e Olympiodoro (Prol., 6.24) atestaram que Platão redigiu 
as Leis depois da República. As referências encontradas no Sofista (217a) e no Político (257a, 258b) 
mostram que o Sofista foi escrito antes. O Timeu (17b-19b) se refere à República como uma obra 
anterior, e menciona o Crítias como posterior (Tim., 27a).
Também encontramos nas referências do Sofista (216a, 217c) e do Teeteto (183e) a ordem proposta 
de três diálogos; o Parmênides, o Teeteto e o Sofista. Mesmo assim, não se pode afirmar que eles foram 
realmente escritos nessa disposição. Em Teeteto (143c), Platão avisa nas falas de seus personagens que 
ele estava abandonando a forma de diálogo que foi usada em seus outros escritos. Como essa forma 
de escrever não aparece maisem outros textos, é razoável inferir que aqueles em que não há diálogos 
foram escritos depois.
Vários pesquisadores tentaram empregar métodos diferentes para ordenar os diálogos. Um deles é 
o da estilometria, que verificou vários aspectos das falas de Platão em cada diálogo. Suas métricas são 
comparadas em relação aos seus usos e frequências em outros diálogos. Essa técnica é feita hoje em dia 
com o auxílio de computadores, o que pode trazer grande precisão.
Outra maneira de classificar os diálogos é através da análise de conteúdo. Ao encontrarmos alguns 
aspectos comuns do conteúdo em diversas obras, enumeramos as coincidências e as diferenças no estilo 
filosófico dos vários diálogos. Entretanto nenhuma dessas abordagens gerais alcançou unanimidade 
entre os estudiosos, e as discussões sobre a ordem correta continua sendo objeto de discórdia.
Hoje há consenso sobre a datação de sua obra. Podemos considerar a seguinte forma como um 
consenso contemporâneo.
Os primeiros escritos começaram depois da morte de Sócrates e foram feitos antes que Platão 
iniciasse sua ida à Sicília, em 387 a.C. São eles:
• Apologia, Cármides, Críton, Eutidemo, Eutífron, Górgias, Hípias Maior, Hípias Menor, Íon, Laques, 
Lísis, Protágoras, A República (livro I).
Há um período de transição (387-380 a.C.):
• Crátilo, Menexeno, Mênon.
Depois um período intermediário (380-360 a.C.):
• Fédon, A República (livros II-X), O Banquete.
Há um segundo período de transição (360-355 a.C.):
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Unidade I
• Parmênides, Teeteto, Fedro.
E suas últimas obras (355-347 a.C.) são:
• Sofista, Político, Filebo, Timeu, Crítias, Leis.
1.3 A redescoberta de Platão
O único livro de Platão que sempre constou na literatura culta da civilização ocidental foi o 
Timeu. Todas as demais obras tinham sumido no Ocidente e só foram redescobertas ao final da 
Idade Média. Quem preservou esse conhecimento foram os estudiosos muçulmanos, do Oriente 
Médio até a Espanha.
Foi em 1578 que Henri Estienne publicou a edição completa dos diálogos. Cada página do texto é 
separada em cinco seções, as quais receberam as letras a, b, c, d e e. Henri criou o padrão de citação dos 
textos platônicos: primeiro se inclui o nome do texto, depois a página da sua edição (conhecida pelo 
nome em latim de Estienne, que era Stephanus) e os números da seção; por exemplo, A República 511d, 
ou Rep., 511d.
Algumas vezes os acadêmicos incluem também o número das linhas após as letras da classificação 
de Stephanus.
Quase todos os diálogos que hoje aceitamos como genuínos foram considerados duvidosos por 
alguém algum dia. Dos que listamos como autênticos, no grupo inicial, apenas o Hípias Maior é 
eventualmente classificado como não autêntico. Sua autenticidade é contestada porque esse diálogo 
nunca foi mencionado por nenhuma das fontes antigas. Contudo, por causa de seu estilo e conteúdo, 
a maioria dos acadêmicos contemporâneos concorda que foi escrito de forma parecida com os outros 
diálogos platônicos.
Todos consideram que o primeiro diálogo foi a Apologia de Sócrates. Embora ninguém pense 
que Platão simplesmente registrou as palavras ou discursos que Sócrates proferiu de fato, não 
há nada nos discursos de Sócrates na Apologia que ele não poderia ter dito em seu julgamento 
histórico. De qualquer maneira, os acadêmicos consideram a Apologia de Platão como a fonte mais 
confiável do Sócrates histórico.
Quanto aos demais diálogos, é possível que eles tenham sido uma criação original de Platão e não 
retratem de fato quem foi Sócrates.
Os testes estilométricos também tendem a dividir os trabalhos de Platão em três períodos: 
inicial, médio e final. Por exemplo, Apologia, Cármides, Críton, Eutífron, Hípias Menor, Íon, 
Laques e Protágoras, listados aqui em ordem alfabética, são considerados do período inicial. 
Fédon, O Banquete, A República e Fedro talvez tenham sido escritos nessa ordem e pertencem 
ao período intermediário.
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FILOSOFIA ANTIGA
Todavia em alguns casos é muito difícil dizer que obra é anterior à outra. A questão cronológica 
mais controversa é o Timeu. Os testes estilométricos geralmente o colocam entre os diálogos finais, 
embora alguns estudiosos acreditem que suas doutrinas filosóficas são descartadas nesses diálogos, e 
assim atribuam-no ao período intermediário. A questão é se Platão teria abandonado algumas de suas 
principais doutrinas.
 Lembrete
O único livro de Platão que sempre constou na literatura culta da 
civilização ocidental foi o Timeu. Todas as demais obras tinham sumido no 
Ocidente e só foram redescobertas ao final da Idade Média.
1.4 Os diálogos iniciais e intermediários
Os primeiros diálogos sempre retratam um encontro entre Sócrates e um interlocutor. Sócrates 
assume uma postura complacente, que Platão entende como exemplo de coragem, piedade ou beleza. 
Por exemplo, Eutífron, no diálogo que leva seu nome, nega que haja alguma impiedade na perseguição 
de seu pai, mas através do questionamento repetitivo Sócrates demonstra que Eutífron não consegue 
nem explicar de forma convincente o que é impiedade. Segundo Sócrates, os atos piedosos têm em 
comum a virtude, e por isso são justamente chamados de piedosos.
Sócrates avisa que não tem resposta para questões como: “O que é essa coisa?”. Isso é o que 
ele afirma na Apologia, pois sua forma peculiar de sabedoria consiste em perceber o pouco que 
ele conhece (“Sei que nada sei”). Nesses diálogos iniciais, Sócrates procura, mas não consegue 
encontrar, uma teoria filosoficamente defensável que fundamente o uso de termos normativos. 
Isso tem somente esse significado, como no caso de “Pedra significa apenas um fragmento 
mineral”. Sabemos que todas as palavras assumem diversos significados, reais ou metafóricos, de 
acordo com a época. Pedra pode significar hoje em dia uma figura do xadrez ou um cálculo renal.
Nos primeiros diálogos, Sócrates é sempre questionador. Esta forma de fazer perguntas e esperar 
respostas é conhecida como o método socrático de ensino. O papel de questionador é decorrente da 
sua afirmação de nada saber, de não ter nenhuma sabedoria que possa ser compartilhada com os 
outros. O Sócrates de Platão, deste primeiro período, tenta induzir seus interlocutores mais inteligentes 
à confusão e autocontradição.
Na Apologia, Sócrates conta que esse constrangimento que ele causou aos seus contemporâneos 
foi por conta de uma visita ao oráculo de Delfos (Apol., 21a-23b), que previu que ninguém seria 
mais sábio do que Sócrates. Ele se sentiu imbuído de uma missão divina de expor a falsa sabedoria. 
Suas refutações causaram constrangimento a muitos de seus pares, e isso fez Sócrates afirmar que 
foram elas que geraram as acusações (Apol., 23c-24b). Para ele, as acusações surgiram porque seus 
interlocutores escolheram viver a vida sem examiná-la (Apol., 38a), e uma vida sem exame não vale 
a pena ser vivida.
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Unidade I
A maneira como Platão descreve a missão da qual Sócrates se imbuiu em Atenas explica o porquê 
de os atenienses o levarem a julgamento para condená-lo, nos conturbados anos depois da Guerra do 
Peloponeso. Todavia deixa claro que Sócrates não era culpado das acusações que enfrentou.
Importante, no entanto, é que os primeiros diálogos de Platão fornecem argumentos e refutações 
de posições filosóficas que interessam e intrigam os leitores até hoje. Os diálogos platônicos continuam 
a ser leitura necessária nas aulas introdutórias e avançadas de filosofia, porque levantam muitos dos 
problemas mais básicos da área.
Ao contrário da maioria de outras obras filosóficas, Platão retrata as discussões em ambientes 
dramáticos, que tornam o conteúdo delas especialmente convincente. Assim, por exemplo, em 
Críton, Sócrates discute o dever do cidadãode obedecer às leis do Estado, enquanto aguarda 
sua execução legalmente promulgada na prisão. Sócrates e Críton concordam que o veredito está 
errado, e é resultado da mais flagrante aplicação incorreta das leis que estão discutindo.
1.5 As posturas éticas nos primeiros diálogos
A maioria dos acadêmicos corrobora as posições filosóficas que podem ser encontradas ou pelo 
menos sugeridas nos primeiros diálogos, também chamados de socráticos. São elas:
Não se deve retaliar, ou rebater os danos com mais danos, ou a maldade com o mal (Rep., I, 
335a-e).
Cometer uma injustiça prejudica a própria alma, que é o bem mais precioso de uma pessoa. Portanto, 
é melhor sofrer uma injustiça do que cometê-la (Górg., 478c-e, 511c-512b; Rep., I, 353d-354).
A bondade deve conduzir à felicidade, ao bem-estar ou ao florescimento humano. Isso pode ser 
entendido como “viver bem” ou “fazer o bem” (Rep., I, 354a).
A virtude é boa apenas por si mesma. Qualquer coisa que seja boa é boa somente na medida em que 
serve ou é usada pela virtude (Apol., 30b).
Existe determinada unidade entre as virtudes. De certa forma, todas as virtudes são a mesma (Prot., 
329b-333b, 361a-b).
O cidadão que concorda em viver num Estado precisa obedecer às leis desse Estado. Pode 
eventualmente persuadir esse Estado a mudar suas leis, ou então deve ir embora (Crít., 51b-c, 52a-d).
1.6 As propostas psicológicas nos primeiros diálogos
Sócrates também parece sugerir diversos conceitos psicológicos:
Todo mal é feito no estado de ignorância, pois todos desejam apenas o bem (Prot., 352a-c; Górg., 
468b; Mên., 77e-78b).
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Todos acreditam em certos princípios morais de alguma maneira, embora alguns possam pensar que 
não concordam com esses princípios e possam desautorizá-los numa discussão (Górg., 472b, 475e-476a).
1.7 As posições religiosas nos primeiros diálogos
Nesses diálogos, também encontramos Sócrates defendendo algumas crenças religiosas. Por exemplo:
Os deuses são completamente sábios e bons (Apol., 28a; Mên., 99b-100b).
Desde a sua infância Sócrates teria experimentado certo “sentimento divino” (Apol., 31c-d, 40a; 
Fedro, 242b), que consistiria em uma “voz” (Apol., 31d; Fedro, 242c) ou “signo” (Apol., 40c, 41d; Rep., VI, 
496c) que se opunha a ele quando estava prestes a fazer algo errado (Apol., 40a, 40c).
Há muitas formas de adivinhação que podem permitir aos seres humanos reconhecer a vontade dos 
deuses (Apol., 21a-23b, 33c).
Inspirados pelo divino, os poetas são capazes de escrever coisas maravilhosas. Podemos dizer a 
mesma coisa dos adivinhadores e dos videntes, embora estes pareçam ter algum tipo de dom, que 
talvez seja apenas uma técnica para colocá-los num estado receptivo apropriado ao divino (Apol., 
22b-c; Mên., 99c).
Ninguém sabe realmente o que acontece após a morte, mas é razoável pensar que a morte não é um 
mal. Pode haver uma vida após a morte, em que as almas do bem são recompensadas e as almas dos 
ímpios são punidas (Apol., 40c-41c; Crít., 54b-c; Górg., 523a-527a).
1.8 As posições metodológicas e epistemológicas nos primeiros diálogos
Além disso, o Sócrates dos primeiros diálogos de Platão demonstra certas convicções metodológicas 
ou epistemológicas, como:
O conhecimento da ética é uma condição necessária para o julgamento confiável de instâncias 
específicas dos seus valores (Mên., 71a-b, 100b; Rep., I, 354b-c).
Uma mera lista de exemplos com valores éticos – mesmo que todos sejam casos autênticos desse 
valor – nunca fornece uma análise adequada do que é cada um deles, nem proporciona a definição 
apropriada do termo de valor a que se refere. Apenas as definições apropriadas indicam aquilo que é 
comum a todos os exemplos dos valores éticos (Mên., 72c-d).
As pessoas que detêm conhecimento específico sobre um determinado assunto não costumam 
errar em seus julgamentos sobre aquele assunto (Eut., 4e-5a; Eutid., 279d-280b), pois atuam de forma 
racional e regular na sua área de especialização (Górg., 503e-504b) e podem ensinar e explicar esse 
assunto (Górg., 465a, 500e-501b, 514a-b; Prot., 319b-c).
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O Mênon é semelhante a esses primeiros diálogos. Lá também se pergunta o que é a virtude, e ele 
não consegue encontrar uma resposta, mas há uma transição no pensamento de Platão. Ele levanta pela 
primeira vez uma pergunta sobre metodologia: se alguém faz alguma coisa sem utilizar o conhecimento, 
como é possível adquirir conhecimento apenas respondendo às questões que Sócrates propõe nos 
primeiros diálogos? Para demonstrar isso, Platão indica como um escravo ignorante em geometria 
consegue começar a aprender o assunto através do questionamento. Esse diálogo então propõe uma 
explicação sobre a nossa capacidade de aprender dialogicamente: o conhecimento seria adquirido pela 
alma antes de entrar no corpo, e, quando aprendemos, estamos realmente lembrando o que uma vez 
soubemos, mas esquecemos. Essa especulação ousada sobre a alma e a nossa capacidade de aprender 
contrasta com a posição original de Sócrates. Na Apologia, Sócrates se mostra indeciso se os mortos 
perdem toda consciência ou continuam suas atividades no Hades, a morada dos mortos. A confiança 
na imortalidade, que fica evidente no Mênon, é reforçada por argumentos encontrados no Teeteto, na 
República e no Fedro.
1.9 Os diálogos intermediários
As tentativas acadêmicas de fornecer uma ordem cronológica entre os primeiros diálogos, os de 
transição e os intermediários apresentam problemas. Todos concordam que o principal diálogo do 
período intermediário é A República. Ele tem características que tornam sua datação precisa muito 
difícil. Muitos consideram que o primeiro livro da República pertence aos primeiros diálogos.
Mas, quando você ler toda A República, também vai perceber que o primeiro livro é uma introdução 
aos demais. Contudo, não é preciso um estudo cuidadoso dos diálogos do período de transição e do 
período intermediário para notar as diferenças de estilo e de conteúdo filosófico da República e 
dos primeiros diálogos. A evidente mudança é a forma como Platão troca a maneira de caracterizar 
Sócrates. Nos primeiros diálogos, Sócrates simplesmente faz perguntas, expondo as confusões de 
seus interlocutores. Ao fazer isso, confessa sua incapacidade de esclarecer o assunto. Já nos diálogos 
intermediários, Sócrates aparece como um especialista disposto a defender suas teorias sobre os 
assuntos que lhe interessam.
Além disso, nos primeiros diálogos, Sócrates discute principalmente assuntos éticos com seus 
interlocutores – com algumas opiniões religiosas, metodológicas e epistemológicas dispersas nas 
discussões sobre a ética. No período intermediário, os interesses do Sócrates de Platão expandem-se para 
quase todas as questões da humanidade. As posições filosóficas que Sócrates propõe aqui são muito 
mais sistemáticas, incluindo as investigações teóricas sobre as conexões entre linguagem e realidade, 
como no Crátilo, e sobre o conhecimento, como no Fédon e nos livros V a VII da República.
Ao contrário do Sócrates do período inicial, que era o “homem mais sábio” porque reconhecia sua 
própria ignorância, o Sócrates do período intermediário verifica a possibilidade de um conhecimento 
humano infalível, especialmente na alegoria da caverna, no livro VII da República. Isso se torna possível 
em virtude de um tipo especial de contato cognitivo com as formas ou ideias, que existiriam em um 
domínio suprassensível, disponível apenas ao pensamento. A teoria das formas ou das ideias, introduzida 
e explicada várias vezes em cada um desses diálogos do período intermediário, é o aspecto mais evidente 
e mais significativo do que passou a ser conhecido como platonismo.
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1.10 Ateoria das formas ou das ideias
Em muitos dos seus diálogos, Platão menciona entidades que não podem ser alcançadas pelos 
sentidos, às quais ele chama de formas ou ideias. Uma entidade suprassensível é algo que só existe no 
pensamento, para além dos sentidos. No diálogo Fédon, aprendemos que as coisas iguais e sensíveis 
particulares, como pedras iguais, só são iguais porque participam ou compartilham o caráter da forma da 
igualdade, que é absolutamente, imutavelmente, perfeitamente e essencialmente igual (Féd., 74a-75d).
Platão às vezes caracteriza essa participação das formas como um tipo de imagem ou aproximação 
da ideia. Podemos dizer o mesmo sobre as muitas coisas maiores ou menores, para as formas do que 
é grande ou pequeno (Féd., 75c-d), ou sobre as coisas muito altas e a forma (ou ideia) de altura (Féd., 
100e), ou sobre as coisas bonitas com a forma da beleza (Féd., 75c-d; Banq., 211e; Rep., V, 476c).
Quando Platão escreve sobre as instâncias das formas se aproximando das ideias, é fácil entender 
que para ele as formas são exemplares. Platão acreditava que a forma da beleza (ou ideia da beleza) é a 
beleza perfeita, a forma da justiça (ou ideia da justiça) representa a justiça perfeita, e assim por diante. 
Conceber as formas dessa maneira foi importante porque permitiu que o filósofo compreendesse até 
que ponto as instâncias sensíveis das formas, como ser redondo, ser pesado etc., são bons exemplos das 
ideias das quais elas se aproximam.
Muitos acadêmicos discordam sobre a abrangência dessa teoria das formas, e se questionam se 
Platão inicialmente não estava considerando que só existem formas para um pequeno conjunto de 
propriedades, como o tamanho, a justiça, a igualdade, a beleza etc. Ele teria então ampliado seu 
escopo para incluir ideias correspondentes a cada termo, que pode ser aplicado a muitas instâncias. 
Essa multiplicidade de formas aparece sugerida na República. No livro X da República, por exemplo, 
ele parece escrever sobre a “ideia da cama” (Rep., X, 596b). Aparentemente ele pode ter acreditado 
que existe uma forma ou ideia que dá unidade ao conjunto de coisas que compartilham alguma 
propriedade. Daí o motivo de não nos enganarmos quando nos referimos às unidades desse conjunto 
de coisas. Então, quando falamos de estrada, de alguma maneira entenderíamos todo tipo de estrada, 
e nunca uma em particular.
Para Platão, o reconhecimento das formas ou ideias só é possível através do conhecimento (Rep., 
V, 475e-480a), e qualquer aplicação confiável dele precisa da capacidade que temos de comparar as 
instâncias sensíveis particulares, que são aquelas que percebemos através dos cinco sentidos, com a 
propriedade proposta por uma forma ou presente numa ideia.
1.11 A psicologia moral
Nos diálogos do período intermediário também encontramos uma psicologia moral que parece ser 
bastante diferente daquela do período inicial. Nos primeiros diálogos, o Sócrates de Platão afirma que 
as pessoas sempre atuam, no momento de uma ação, da maneira que acreditam que é melhor para elas. 
Assim, todas as ações irregulares refletem algum tipo de erro cognitivo: fiz dessa maneira porque me 
pareceu que estava acontecendo isto e não aquilo.
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Unidade I
No período dos primeiros diálogos, Sócrates nega que a fraqueza moral seja possível. Podemos mudar 
a disposição da mente no último momento, sobre o que não se deve fazer. Sempre podemos trocar de 
disposição, para não nos arrepender do que fizemos. Mas nunca fazemos o que realmente acreditamos 
estar errado, no momento da ação.
No período intermediário, Platão entende que a alma é composta de pelo menos três partes: uma 
parte racional, que ama a verdade e que através do uso da razão deve governar as outras partes da alma; 
uma parte espiritual, que ama a honra e a vitória; e uma parte apetitiva, que estimula os sentidos, e 
portanto deseja a comida, a bebida e o sexo.
Para alcançar a justiça, por exemplo, cada uma dessas três partes da alma deveria cuidar de si e não 
interferir no funcionamento das outras (Rep., IV, 435b-445b). Para Platão, a parte apetitiva da alma 
pode levar ao comportamento errado, porque pode anular os julgamentos da razão. Sofremos de uma 
fraqueza moral quando nos vemos fazendo algo que realmente acreditamos que não é o certo (Rep., IV, 
439e-440b).
1.12 Uma crítica da arte
Também está na República a famosa crítica de Platão sobre as artes visuais e imitativas. Sócrates 
afirma, nas primeiras obras de Platão, que os poetas não têm sabedoria, mas dizem coisas boas. Mas na 
República dá a impressão de que há pouca coisa boa na poesia ou em qualquer outra arte. A maior parte 
da poesia e das outras artes plásticas deve ser censurada por imitar meramente as aparências e não a 
realidade, suscitando emoções e apetites excessivos e não naturais (Rep., X, 595b-608b).
1.13 O amor platônico
No Banquete, que geralmente é considerado como do início do período intermediário, e no Fedro, 
datado no final do período médio ou mesmo posterior a ele, Platão apresenta sua teoria do Eros, 
geralmente traduzido como “amor”. Até hoje na cultura ocidental encontramos passagens e imagens 
desses diálogos.
Por exemplo, a imagem de que dois amantes são cada um a outra metade da pessoa amada, que 
Platão no Banquete atribui a Aristófanes. Também nesse diálogo encontramos a “escada do amor”, pela 
qual o amante pode ascender ao contato cognitivo direto com a própria beleza. O amor é revelado 
no Fedro como a grande loucura divina, através da qual as asas da alma dos amantes podem brotar, 
permitindo que alcancem as mais altas aspirações e conquistas para a humanidade.
Nos dois diálogos, Platão deixa claro que considera o contato físico ou sexual real dos amantes 
formas degradadas de amor e um desperdício da expressão erótica. O verdadeiro objetivo de Eros seria 
a beleza real, e a beleza real é a forma ou ideia da beleza. Isto é o que Platão chama de beleza própria, 
quando Eros se realiza apenas na filosofia. Eros está condenado à frustração, a menos que canalize seu 
poder de amor para perseguir o conhecimento da forma da beleza. Por isso, Platão afirma que a maioria 
das pessoas desperdiça o verdadeiro poder do amor, limitando-se aos prazeres da beleza física.
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1.14 Os segundos diálogos de transição e o período final
Após o período intermediário, uma das novidades dos diálogos é a introdução de um novo método 
filosófico. Esse método surge na transição para o período final. Nos diálogos do período inicial, o modo 
de filosofar era um diálogo com questões e respostas refutativas, chamado de método socrático ou 
maiêutica. Embora os diálogos do período intermediário continuem a mostrar um Sócrates fazendo 
perguntas, o questionamento assume uma posição abertamente de ensino didático, semelhante à 
dialogia moderna.
Segundo Platão, a dialética é o melhor método de filosofar. Nunca fica muito bem explicado como ela 
funciona, mas ele a exemplificou com a imagem de uma linha dividida, no fim do livro VI da República. 
Platão identifica como coleta e divisão o método correto para fazer filosofia. Sua primeira menção está 
no Fedro (265e). Com esse método, o filósofo recolhe todas as instâncias de alguma categoria genérica 
que demonstra ter características em comum e então as divide em tipos específicos, até não poderem 
ser mais subdivididas. Esta metodologia está explícita e extensivamente descrita nos diálogos Sofista, 
Político e Filebo.
É importante notar que esse último método é aquele que Aristóteles utiliza quando propõe suas 
categorias, o que o tornou o primeiro filósofo a pensar numa forma daquilo que chamamos de ciência 
hoje em dia. O que Platão chamou de classificação da “coleção e divisão de tipos” no Fedro tornou-se 
o principal método a ser usado pelos filósofos, e deve ter despertado

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