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PEÇA Recurso de Apelação - Ação popular

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SÃO CAETANO/PE
Processo: …
Apelante: LUIZ AUGUSTO
Apelado: Município De São Caetano e Prefeito do município, Jacinto Jacaré, ASCS-PE e Sombra.
LUIZ AUGUSTO, já qualificado nos autos da AÇÃO POPULAR que move em face do MUNICIPIO DE SÃO CAETANO e do Prefeito do município, Sr. JACINTO JACARÉ não se conformando com a r. sentença proferida em mov. X, vem dela APELAR pelas razões anexas. Isto posto, requer digne-se Vossa Excelência de receber este recurso, remetendo os autos à segunda instância, cumpridas as necessárias formalidades legais, como medida de inteira justiça. 
Respeitosamente, pede deferimento.
 
Cidade…, de … de …
 
 
Advogado
OAB/UF
 
 
 
 
 
RAZÕES DE APELAÇÃO
Origem: … 
Processo n.º …
Apelante: LUIZ AUGUSTO
Apelado: MUNICIPIO DE SÃO CAETANO e Prefeito do município, Sr. JACINTO JACARÉ
EGRÉGIO TRIBUNAL 
ÍNCLITOS JULGADORES
 
I- DO CABIMENTO 
Há adequação do presente recurso com a espécie de decisão proferida, posto que fundada no art. 487, inciso I do Código de Processo Civil, comporta recurso de apelação nos termos do artigo 994, inciso I e artigo 1.009 do Código de Processo Civil.
II - DA TEMPESTIVIDADE 
O presente recurso de apelação é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo de 15 dias determinado pelo artigo 1.003, § 5º do Código de Processo Civil.      
III- DO PREPARO
Informa que junta em anexo a devida comprovação do recolhimento do preparo recursal.
                           
IV – SÍNTESE DO PROCESSO
O apelante ingressou com ação popular visando à anulação do Decreto nº 01/2019, publicado pelo prefeito da cidade de São Caetano/PE, o qual transferiu a cobrança do serviço de estacionamento em locais públicos, conhecido como “ ZONA AZUL”, para a associação de comerciantes locais (ACSC-PE), sem a realização de licitação. 
Ocorre que, essa associação possuí como presidente o Sr. Sombra, o qual é publicamente um amigo pessoal do Sr. Prefeito, tal como é o principal colaborador de sua campanha eleitoral. Além disso, a transferência desse serviço ocorreu de forma ilícita, isso por que em momento algum houve a realização da licitação, que é a modalidade imposta aos entes públicos para realizar a concessão dos serviços públicos.
Restando configurado que as partes agiram de forma a lesar a sociedade, ofendendo a moralidade administrativa, diante da não realização da licitação, a fim de que fosse possível a preservação do princípio da livre concorrência, bem como com a nomeação de um amigo íntimo e colaborador da campanha eleitoral do atual prefeito para realizar tais afazeres. 
Os requeridos, ora apelados, foram citados e apresentaram defesa.
O (a) nobre magistrado (a) prolatou a sentença jugando improcedente os pedidos formulados pelo requerente por entender que não seria necessária a realização da licitação, pois, na concessão, não houve custo para o município, que não precisará pagar para a associação nenhuma quantia pelo serviço de estacionamento “Zona Azul”. Além disso, fundamentou sua sentença na impossibilidade de o Poder Judiciário poder controlar o ato administrativo do Poder Executivo, ferindo o Princípio da Separação dos Poderes.
V - DAS RAZÕES PARA REFORMA
A r. sentença de mov. (…), data venia, merece reforma.
Posto que, diante da obrigatoriedade de licitação para a administração pública o administrador não pode escolher livremente de quem ele vai comprar determinado produto ou para quem ele vai conceder o uso de um bem ou a realização de um serviço, cuja titularidade pertence ao ente público.
Em razão do Princípio da Impessoalidade, a Administração Pública deve permitir que todos que queiram contratar com ela possam fazê-lo em igualdade de condições e concorrer para que apresentem a proposta mais vantajosa para o Poder Público. 
Em virtude disso, a Constituição Federal de 1988 exige que sempre sejam realizadas licitações para a realização de contrato com a Administração Pública. Sendo os contratos administrativos ajustes que a Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com particular ou outra entidade pública, como objetivo de satisfazer a um interesse público nas condições e nos limites estabelecidos por ela própria.
Em que pese o fundamento de impossibilidade do Poder Judiciário poder controlar o ato administrativo do Poder Executivo, ferindo o Princípio da Separação dos Poderes.
Um dos fundamentos da Constituição Federal, princípios que fundam e definem o Estado em que vivemos,está previsto no art.2º: “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo eo Judiciário” (BRASIL, 1988, [s.p.]).
A ideia é que, ao dividir o poder estatal em diversas funções, uma poderá limitar a atuação da outra, em um mútuo controle do Poder, pelo próprio Poder, evitando que um deles se destaque e suprima os demais de forma abusiva. Contudo, esse controle judicial não está imune a críticas ao chamado ativismo judicial, que é a inovação de nossa ordem jurídica com decisões que envolvem certas omissões dos outros poderes, como os relativos à falta de normas que regulem determinadas matérias mais controvertidas, em que, muitas vezes, direitos de minorias são objeto de um proposital silêncio legislativo. 
O fato é que os poderes devem conviver de forma harmônica e com autocontrole,a fim de que o objetivo da nossa Constituição seja alcançado: o bem comum e a construção de uma sociedade justa e solidária.
Controle jurisdicional dos atos da Administração Pública das autoridades jurisdicionais podem examinar todo e qualquer ato administrativo, sob o aspecto da legalidade (inclusive,no tocante à observância de princípios,como a moralidade, a razoabilidade e a segurança jurídica).
Essa apreciação não está sujeita ao prévio esgotamento das instâncias administrativas e a quaisquer outros condicionamentos, pois se trata de garantia constitucional de inafastabilidade da apreciação jurisdicional (art. 5º, XXXV, CF/88).Contudo, há um limite a essa atuação:não pode interferir diretamente no mérito da decisão discricionária.
Sendo assim, o juiz não pode apreciar as razões de conveniência e oportunidade adotadas pela autoridade para decidir, pois estaria violando o princípio da independência e harmonia dos poderes (art. 2º,CF/88).
A Lei n 8.987, nos fala sobre a necessidade de prévio procedimento licitatório, inclusive, para as concessões de serviços públicos. Senão vejamos:
“Art. 2.º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
II – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;”
Assim, em se tratando de concessão de serviços públicos, dará ocorrer prévia licitação pública, na modalidade de concorrência.
Por essa razão, é nulo o ato praticado, nos termos do art. 2° da lei 4.717/65, que assim dispõe:
“Art. 2.º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência;
c) ilegalidade do objeto;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;
e) o desvio da finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.”
Vale a pena destacar que deveriam ter sido seguidos os princípios administrativos para que o ato realizado fosse valido, tal como não agir de forma diversa do que determina a lei, ter sido realizada a licitação para que houvesse a concorrência justa e a impessoalidade da escolha, tal como ser respeitados os princípios éticos estabelecidos por lei para a realização de tal ato.Sendo assim, deve ser considerado nulo o decreto municipal n° 01/2019, tendo em vista o acima disposto.
Conforme fica explicito nos autos o Sr. Prefeito agiu em contradição com os princípios do direito administrativo, o conhecido como LIMPE, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, conforme dispõe o art. 37 da CF/88:
“Art. 37 A administração publica direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficácia [...].”
Sendo assim, nos atos da administração pública é necessário que a lei esteja sempre acima dos interesses privados. Nesse sentido a administração pública só pode ser exercida se estiver de acordo com as leis.
Portanto, o poder judiciário pode rever todos e quaisquer atos administrativos sob o aspecto da legalidade, desde que seja respeitada a discricionariedade assegurada por lei à Administração Pública. 
No caso dos autos, tendo em vista a utilização da administração pública para favorecer e tirar proveito pessoal, deve o poder judiciário intervir e declarar a nulidade do ato lesivo.
Destaco que é nulo todo ato administrativo eivado por desvio de finalidade, conforme art. 2º, alínea e, da Lei de Ação Popular nº. 4.717, de 29 de junho de 1965. Em alínea e do parágrafo único de mesmo dispositivo, estabelece, que “o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”. 
Sendo assim, se faz necessária a reforma da sentença a fim de declarar a nulidade dos atos praticados pelos réus.
VI- PEDIDOS
Pelo exposto, requer: 
a) O recebimento do presente recurso nos seus efeitos ativo e suspensivo, nos termos do artigo 1.012 do CPC;
b) A intimação do recorrido para se manifestar, querendo, nos termos do §1°, Art. 1.010 do CPC;
c) A total procedência do recurso para reformar a decisão recorrida e determinar a revogação do decreto n°: 01/2019 e a devolução dos valores decorrentes dos serviços aos cofres públicos.
d) A condenação do recorrido ao pagamento das custas e despesas processuais, assim como os honorários de sucumbência.
.
Nestes termos
Pede deferimento
(Local, data, ano).
-ASSINATURA-
(nome do advogado)
OAB: XX

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