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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de atividade individual Disciplina: Aspectos Gerais das Relações de Consumo Módulo: 4 Aluno: Alessandra Mancasz Turma: 0720-0 Tarefa: Etapa 1 Identifique uma relação de consumo, dois direitos básicos e uma prática abusiva A relação de consumo é formada pelo “tripé”: consumidor, fornecedor e produto/serviço. No presente caso é possível identificar mais de uma relação de consumo, no entanto, traremos aqui o exemplo dos idosos que embora não tenham realizado qualquer compra de produto da empresa fornecedora denominada Mercado de Peixe, tiveram seus nomes inscritos indevidamente no SCPC Serasa. Embora os idosos em questão não tenham comprados os produtos em questão, devem ser equiparados a consumidores, nos termos dos artigos 2o, parágrafo único, e 29 de Código de Defesa do Consumidor. De acordo com o Art. 6º do Código de Defesa do Consumidor “São direitos básicos do consumidor: [...] I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; ” No caso apresentado, dentre os direitos básicos identifico dois principais, quais sejam: Direito a indenização e a informação – especialmente no caso dos idosos que tiveram seus nomes inscritos indevidamente no SCPC Serasa; Proteção da saúde, vida e segurança – especialmente no caso dos consumidores que tiveram produtos que chegaram a explodir após 91 dias de uso e a coletividade em relação ao meio ambiente, tendo em vista o descarte indevido de baterias e carcaças de eletroeletrônicos comprados pelo Mercado de Peixe. Em relação a prática abusiva, destaca-se as cobranças abusivas de dívidas, nos termos do artigo 42 e 71 do Código de Defesa do Consumidor. Identifique, com base ainda no direito material, a base legal para os prazos de reclamação. Abaixo os prazos previstos pelo artigo 26 do Código de Defesa do Consumidor: 2 PRAZO DE 30 DIAS: de acordo com o artigo 26 do CDC, o prazo para reclamação para vícios aparentes ou de fácil constatação é de 30 dias tratando-se de produtos ou serviços não duráveis como alimentos, lavagem de automóveis, lavanderia, etc; PRAZO DE 90 DIAS: Em relação a produtos e serviços duráveis como móveis, eletrodomésticos ou consertos e reparos, o CDC determina que o prazo para reclamação é de 90 dias. A contagem do prazo inicia-se após a entrega do produto. Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. PRAZO DE 7 DIAS: nos termos do art. 49, do CDC, “o consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. ” PRESCRIÇÃO DA AÇÃO JUDICIAL – 5 anos: de acordo com o artigo 27 do CDC, prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço. A contagem inicia a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Proponha uma solução administrativa e judicial a fim de evitar prejuízo econômico para a empresa e risco aos direitos do consumidor. A empresa fornecedora deverá, inicialmente, implantar um canal efetivo de comunicação com os seus consumidores, dando efetivo atendimento as reclamações e oferecendo a resolução de eventuais problemas dentro do prazo definido em lei. Ainda, deverá a empresa rever sua política de verificação documental de seus consumidores, com o fim de evitar fraudes e vendas de produtos em nome de terceiros. Também deverá a fornecedora adotar política de produtos que tenham certificação de durabilidade e segurança, a fim de garantir não apenas a satisfação de seus consumidores, bem como assegurar a proteção a vida e saúde destes. Por fim, o descarte de lixo eletrônico deverá ocorrer de maneira segura e adequada, de mono a não ferir o meio ambiente e violar a segurança da coletividade. Para o caso de não adequação das medidas acima citadas, os consumidores poderão demandar a empresa junto ao PROCON, bem como ingressar com ações individuais e coletivas perante o judiciário, requerendo indenização e obrigação de fazer/não fazer. O Ministério Público também poderá ser acionado. 3 Etapa 2 Explique de que forma o fornecedor que vende de tudo foi impactado pela sociedade da informação. O Fornecedor que Vende Tudo, ao aderir ao e-commerce, aumentou seu potencial de vendas, mas também ingressou em um novo campo em que se exige maior cautela e implementação de mais medidas de atendimento e controle de qualidade. Ao ingressar nessa nova modalidade de vendas visando apenas a maximização do lucro através da revenda de produtos de baixa qualidade, acabou sofrendo os efeitos negativos de maneira muito superior se caso estivesse apenas com vendas em lojas físicas. Embora o campo da internet tenha colocado o consumidor em uma posição de maior vulnerabilidade com a exposição de seus dados, a adesão a instrumentos contratuais e a práticas de marketing agressivo, também houve um significativo aumento do acesso a informação por parte dessa classe mais vulnerável e hipossuficiente, o que gerou um aumento de reclamações e conscientização de seus direitos. “Se esta estandardização dos contratos (de adesão) é uma facilidade típica de nossa sociedade de massa, isso significa para o contratante profissional um aumento de sua ‘eficiência’ na distribuição de seus produtos e serviços, mas significa para o contratante leigo ou mais fraco um aumento de seu déficit informacional”1 Realize uma pesquisa na internet que ofereça dados estatísticos ou casos reais sobre o aumento de reclamações ou a mudança do hábito de consumo dos brasileiros, ligando-os ao assunto do caso. De acordo com pesquisa realizada pelo SPC Brasil em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes e Lojistas publicada em 27 de junho de 20192, sete em cada dez consumidores utilizam smartphone para compras online, sendo que um em cada cinco consumidores teve problemas na última compra online. A entrega fora do prazo é principal queixa. 1 MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: O novo regime das relações contratuais. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 77 2 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE DIRIGENTES E LOJISTAS. Sete em cada dez consumidores utilizam smartphone para compras online, aponta estudo CNDL/SPC Brasil. Publicado em: 27 de junho de 2019. Disponível em https://site.cndl.org.br/sete-em-cada-dez-consumidores-utilizam-smartphone-para-compras-online-aponta- estudo-cndlspc-brasil/. Acesso em 14 ago 2020. 4 Seis em cada dez entrevistados afirmam que compram menos do que gostariam na internet, em razão do medo de fraudes (61%). A pesquisa também demonstra que 39% sentem-se mais seguros quando encontram um baixo índice de reclamações nas redes sociais ou em sites. Ainda, em consulta ao portal consumidor.gov.br3, extrai-se dos dados disponibilizados que recebeu 80 mil reclamações em 2019. Em análise aos dados disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (SINDESC)4, somente em 2020 2,5 realizou 1.234.118 de atendimentos, sendo 79,27% denúncias ou reclamações. O assunto mais reclamado está relacionado a telefonia celular (10,50%), sendo que destes o problema mais reclamado é cobrança indevida/abusiva (43,54%). Tais pesquisas vão ao encontro ao caso apresentado, uma vez que é notável o crescimento de reclamações e denúncias após o aumento do e-commerce. Ainda, é possível notar que o cenário atual de pandemia e isolamento socialtambém estimulou sobremaneira as compras online, o que pode ter gerado um aumento nas reclamações de cobranças indevidas e abusivas. Identifique se houve prática abusiva e o seu eventual subitem, assim como se há direito de arrependimento e se houve eventual uso indevido da base de dados. Tanto no caso em análise do Fornecedor que vende de tudo quanto da análise dos dados estatísticos pesquisados na questão anterior, pode-se observar que a prática abusiva é campeã das reclamações. No caso em análise, houve prática abusiva de cobrança indevida de sujeitos que sequer haviam realizado compra junto a fornecedora, sendo uma parte deles idosos, o que leva a crer que houve sim, uso indevido de base de dados, o que pode ter ocorrido na plataforma do Banco Creditudo. A situação apresentada não relata caso específico de arrependimento, conforme preconiza o artigo 49 do CDC mas sim de pedido de devolução em razão de vício ou fato do produto. Proponha uma solução administrativa e judicial a fim de evitar prejuízo econômico para a empresa e risco aos direitos do consumidor. A empresa fornecedora deverá, primeiramente se certificar de que sua parceira Banco Creditudo, plataforma em que é realizado o pagamento pelos consumidores, adota rigorosamente as medidas propostas pela Lei Geral de Proteção de Dados. 3CONSUMIDOR.GOV.BR. Indicadores. Disponível em: https://consumidor.gov.br/pages/indicador/geral/abrir. Acesso em 14 ago 2020. 4 BRASIL. Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor. Atendimentos: 2020. Disponível em: https://sindecnacional.mj.gov.br/report/Atendimentos. Acesso em 14 ago 2020. 5 Ainda, a empresa deverá implementar um sistema de Compliance para também garantir a proteção dos dados de seus consumidores, bem como evitar a prática de cobranças abusivas e indevidas. Etapa 3 Identifique, no estudo de caso, uma eventual sanção administrativa, o seu tipo, a sua consequência e a potencial perda econômica para o fornecedor. É possível aplicar o Decreto nº 2.181/97? No caso em análise, após tentativas de mediação via audiências, órgãos do SNDC multaram a empresa fornecedora em R$ 3.500.000,00 por práticas abusivas ligadas a reclamações de cobrança indevida a pessoas idosas, recomendando o ajuizamento de ações por danos morais e patrimoniais. Deste modo, tem-se que, além das medidas administrativas adotadas pelos órgãos do SNDC, caberia, nos termos do artigo 56 do CDC e artigo 18 do Decreto n° 2.181/97, a aplicação de multa, cumulada com a apreensão dos produtos e suspensão de fornecimento de produtos ou serviço, uma vez que estes têm colocado a vida de consumidores em risco, devido as reiteradas explosões. Tais medidas gerarão grande impacto ao fornecedor, uma vez que a suspenção das vendas, bem como a apreensão dos produtos causará grande perda econômica. Apresente uma proposta de eventual defesa. De que forma o site consumidor.gov.br poderia ser usado a favor do consumidor e do fornecedor? DEFESA - Argumentos: 1. PRELIMINAR DE NULIDADE Preliminarmente, requer-se a nulidade da aplicação da multa administrativa no importe de R$ 3.500.000,00, uma vez que esta foi aplicada sem que fosse oportunizado a parte a defesa, tendo este apenas sido convocado para audiências de mediação com posterior e imediata aplicação de multa. Conforme previsão expressa no artigo 43 e 44 do Decreto n° 2.181/97, o processo administrativo deverá obedecer ao devido processo legal e a ampla defesa. Princípios constitucionalmente consagrados. Art. 43. O processo administrativo decorrente de Auto de Infração, de ato de oficio de autoridade competente, ou de reclamação será instruído e julgado na esfera de atribuição do órgão que o tiver instaurado. Art. 44. O infrator poderá impugnar o processo administrativo, no prazo de dez dias, contados processualmente de sua notificação, indicando em sua defesa: I - a autoridade julgadora a quem é dirigida; II - a qualificação do impugnante; Ill - as razões de fato e de direito que fundamentam a impugnação; IV - as provas que lhe dão suporte. 6 Art. 45. Decorrido o prazo da impugnação, o órgão julgador determinará as diligências cabíveis, podendo dispensar as meramente protelatórias ou irrelevantes, sendo-lhe facultado requisitar do infrator, de quaisquer pessoas físicas ou jurídicas, órgãos ou entidades públicas as necessárias informações, esclarecimentos ou documentos, a serem apresentados no prazo estabelecido. Art. 46. A decisão administrativa conterá relatório dos fatos, o respectivo enquadramento legal e, se condenatória, a natureza e gradação da pena. § 1º A autoridade administrativa competente, antes de julgar o feito, apreciará a defesa e as provas produzidas pelas partes, não estando vinculada ao relatório de sua consultoria jurídica ou órgão similar, se houver. Ainda, é possível verificar que sequer houve decisão administrativa, devidamente fundamentada e embasada em provas. Frise-se, sequer houve provas de que a suposta inscrição dos consumidores no SCPC Serasa foi indevida, bem como se foi indevida, de que é a responsabilidade pela inscrição, já que no presente caso, quem realiza o procedimento é o Banco Creditudo. Neste termos, uma vez que houve inobservância aos artigos supracitados, deve-se aplicar a nulidade do ato de aplicação de multa, nos termos do artigo 48 do referido decreto, por ter ocorrido efetivo prejuízo à defesa. 2. DO MÉRITO Caso não seja acatada a preliminar de mérito acima suscitada, o que não se espera, passa-se a defesa do mérito. 2.1. VALOR EXCESSIVO DA MULTA Nos termos do artigo 57 do Código de Defesa do Consumidor, como já mencionado, prevê que a aplicação de multa se dará mediante processo administrativo, o que por si só já gera nulidade, uma vez que não respeitado o princípio do contraditório e da ampla defesa. Vejamos o que diz referido dispositivo legal: Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao consumidor nos demais casos. Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equivalente que venha a substituí-lo. Destaca-se que referido artigo prevê que a multa deverá ser graduada de acordo com a gravidade da infração, de acordo com a vantagem auferida e a condição do fornecedor, bem como não poderá ser superior a 3 milhões de vezes o valor da UFIR. Caso utilizada a UFIR (1,0641 – EM 2000) como valor base para cálculo, e possível observar que a multa aplicada ultrapassou em muito o teto máximo previsto em lei. Não bastasse isso, a multa aplicada foge totalmente aos critérios de proporcionalidade e razoabilidade. 7 De que forma o site consumidor.gov.br poderia ser usado a favor do consumidor e do fornecedor? Considerando que até 2016, mais de 80% das reclamações registradas na plataforma foram solucionadas em um prazo de até sete dias,5 tais resultados são favoráveis não apenas aos consumidores mas também aos fornecedores, uma vez que evita notificações e relacionamentos mais burocráticos na resolução de seus consumidores, transparecendo agilidade e transparência, o que pode evitar o marketing negativo e até mesmo o retorno do cliente a seu estabelecimento. Ainda, como a plataforma faz a organização de dados de reclamações, tais ferramentas poderão ser utilizadas de forma estratégica para a gestão e execução de novas políticas na empresa.Qual é o papel da ouvidoria nesse processo? Diferentemente do que normalmente se entende por ouvidoria, esta tem um papel muito mais abrangente e não se destina apenas a receber reclamações, mas tem um papel importantíssimo na gestão estratégica da empresa bem como possui função de contribuir com a não-judicialização e fidelização do cliente. Vejamos o que diz Fabio Lopes Soares: Entender que a prática e a construção de políticas no relacionamento com clientes e cidadãos devem ser em sentido vertical e não horizontal, capazes de construir uma jornada profunda de mudança cultural aliada a estudos jurimétricos e, sobretudo, de empatia, tanto na ética da convivência como no olhar maduro e presente do coletivo, priorizando a Não Judicialização, garante o direito básico à tutela jurisdicional quando as tentativas de superar a falta da harmonia na relação entre as partes forem esgotadas. A tutela jurisdicional é um direito constitucional, portanto a apreciação pelo Poder Judiciário não pode ser afastada ou garantida pela gestão do relacionamento.6 Neste sentido, é correto afirmar que a ouvidoria possui importância central dentro da organização, não apenas na garantia dos direitos dos consumidores, mas também da efetiva satisfação, fidelização e retenção de custos despendidos, muitas vezes desnecessariamente com demandas judiciais e defesas administrativas quando se poderia resolver de maneira harmônica. A ouvidoria possui o desafio de implementar políticas de mudança cultural na organização como um todo. Etapa 4 Identifique uma eventual responsabilidade por fato e vício do produto ou serviço. No estudo do caso, é possível identificar eventual responsabilidade do fornecedor nos seguintes aspectos: 5 SOARES, Fabio Lopes. Apostila Aspectos Legais das Relações de Consumo. FGV: Rio de Janeiro, 2020. pg. 43. 6 SOARES, Fabio Lopes. Jornada do Consumidor: a importância da ouvidoria na governança de relacionamento e fidelização de clientes. Revista Científica da Associação Brasileira de Ouvidores/Ombudsman – Ano 2 – nº 2 – 2019 8 Consumidores que passaram a reclamar de produtos que não funcionavam: Responsabilidade por vício do produto (artigo 18 do CDC) – direito de troca, abatimento ou a devolução do valor pago e atualizado; Consumidores que tiveras produtos que explodiram após 91 dias de uso: Responsabilidade por fato do produto (artigo 12 do CDC) – direito à indenização; Denúncia de que muitas baterias e carcaças de eletroeletrônicos comprados pelo Mercado de Peixe estavam sendo jogadas em regiões próximas a mananciais, prejudicando o meio ambiente: Neste caso se trata de responsabilidade por fato do produto (art. 13, III e art. 17 do CDC) uma vez que a não conservação adequada dos produtos estava causando danos ao meio ambiente, a saúde e a segurança das pessoas. Pesquise ao menos um julgado vinculado a um tribunal relativo à responsabilidade identificada tanto em direito individual quanto em coletivo. O caso abaixo, trata de vício de produto onde a consumidora ingressou com ação indenizatória c/c perdas e danos, afirmando que comprou na loja do CARREFOUR vinte pacotes de fraldas ‘pampers’, as quais continham defeito no adesivo. Pediu a condenação das rés na substituição do produto ou no reembolso do valor pago, além de compensação por danos morais. DIREITO DO CONSUMIDOR. VICIO DO PRODUTO. INÉRCIA DA FABRICANTE E DO REVENDEDOR. RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO. CABIMENTO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. SENTENÇA REFORMADA. 1. Às rés cabe a prova de inexistência de vício no produto, máxime quando acionadas em tempo hábil a produzi-la. Configura direito do consumidor a devolução dos valores pagos pelo produto viciado, nos termos do art. 18 § 1º II do Código de Defesa do Consumidor. 2. Os transtornos causados pelo defeito do produto, somado à reiterada e injustificada inércia do fabricante e do revendedor em solucioná-lo, extrapolam meros aborrecimentos e geram dano moral indenizavel. 3. Recurso da autora provido. (TJ-DF - APC: 20101210048609 DF 0004801-05.2010.8.07.0012, Relator: ANTONINHO LOPES, Data de Julgamento: 17/07/2014, 4ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 14/08/2014 . Pág.: 82).7 A sentença julgou improcedente o pedido formulado sob o fundamento de que não é possível a produção de prova técnica em razão de os pacotes de fraldas já terem sido abertos e estarem com a data de validade vencida. Tal decisão foi reformada pelo tribunal que entendeu ser ônus da parte ré a prova da inexistência de vício no produto. Já a ementa abaixo trata de ação civil pública ajuizada por associação civil de defesa do consumidor, em face de instituição financeira que foi condenada a restituir valores indevidamente cobrados a título de Taxa de Emissão de Boleto Bancário (TEB) dos usuários de seus serviços. PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. TAXA DE EMISSÃO DE BOLETO BANCÁRIO - TEB. COBRANÇA. ILEGALIDADE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA RESSARCIMENTO DOS VALORES. 7 TJ-DF - APC: 20101210048609 DF 0004801-05.2010.8.07.0012, Relator: ANTONINHO LOPES, Data de Julgamento: 17/07/2014, 4ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 14/08/2014 . 9 CABIMENTO. SENTENÇA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA DEFESA DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS COM EXPLICITAÇÃO DA FORMA DE LIQUIDAÇÃO E ESTABELECIMENTO DE MEIOS TENDENTES A CONFERIR MAIOR EFETIVIDADE AO JULGADO. POSSIBILIDADE. JUROS DE MORA. DIES A QUO. CITAÇÃO NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LIMITES SUBJETIVOS DA SENTENÇA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO PROLATOR. PRESCRIÇÃO. DECLARAÇÃO DE OFÍCIO PELO JUIZ. POSSIBILIDADE. LIMITES. [...]3. O mero reconhecimento da ilegalidade na cobrança da taxa de emissão de boleto caracteriza um interesse coletivo em sentido estrito, mas a pretensão de restituição dos valores indevidamente cobrados a esse título evidencia um interesse individual homogêneo, perfeitamente tutelável pela via da ação civil pública. 4. Nada impede que decisão de ação para defesa de direitos individuais homogêneos contenha determinações que explicitem a forma de liquidação e/ou estabeleça meios tendentes a lhe conferir maior efetividade, desde que essas medidas se voltem uniformemente para todos os interessados, mantendo o caráter indivisível do julgado, com o que não haverá desvirtuamento da natureza genérica da condenação, imposta pelo art. 95 do CDC. [...] 9. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1304953/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/08/2014, DJe 08/09/2014).8 Elabore um plano de ação estratégica que, com base na Enajud, garanta a harmonia nas relações de consumo. O ENAJUD9, tem como objetivo principal a solução de controvérsias de maneira harmônica e extrajudicial. A então portaria interinstitucional nº 1.186, de 2 de julho de 2014, prevê em seu artigo 1° § 2 que “consideram-se métodos autocompositivos de solução de conflitos as técnicas, os instrumentos, os processos ou procedimentos voluntários, consensuais e flexíveis, como a mediação, a conciliação e a negociação, em que os próprios envolvidos constroem [...] a solução de seus conflitos, por meio de ações comunicativas, educativas e participativas.” Deste modo, para que uma organização possua um efetivo resultado de resolução de demandas de maneira autocompositiva, deverá implementar os seguintes passos: Treinamento de pessoal e conscientização de todos os profissionais envolvidos para que passem a adotar uma cultora resolutiva e de bom atendimento as demandas e reclamações dos clientes; Implementação de SAC qualificado e treinado para atendimento e resolução em curto prazo; Cadastramento da empresas em sites como Reclame aqui e consumidor.org.br para resolução das demandas. Qualificação de pessoal para atender nesses portais. Manter pessoal treinado para monitoramento de redes sociais em que a empresa esteja presente para contingenciamento de marketing negativo por meio da resolução de problemas. Desenvolvimento de método de KPI para avaliação do desempenho das ações e identificar os gargalos. 8 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. ACP pleiteando valores indevidamente cobrados de consumidores. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7a68443f5c80d181c42967cd71612af1>. Acesso em: 15/08/2020 9 BRASIL. Ministério da Justiça. Portaria Interinstitucional nº 1.186, de 2 de julho de 2014. 10 Realizar ampla divulgação dos canais de atendimento para que os consumidores busquem a resolução dos problemas diretamente com a empresa antes de vir a público ou buscar outros órgãos; Criar canal presencial de negociação e mediação para atendimento de consumidores que não possuem habilidades com os meios telemáticos. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS CONSUMIDOR.GOV.BR. Indicadores. Disponível em: https://consumidor.gov.br/pages/indicador/geral/abrir. Acesso em 14 ago 2020. BRASIL. Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor. Atendimentos: 2020. Disponível em: https://sindecnacional.mj.gov.br/report/Atendimentos. Acesso em 14 ago 2020. SOARES, Fabio Lopes. Apostila Aspectos Legais das Relações de Consumo. FGV: Rio de Janeiro, 2020. pg. 43. SOARES, Fabio Lopes. Jornada do Consumidor: a importância da ouvidoria na governança de relacionamento e fidelização de clientes. Revista Científica da Associação Brasileira de Ouvidores/Ombudsman – Ano 2 – nº 2 – 2019. TJ-DF - APC: 20101210048609 DF 0004801-05.2010.8.07.0012, Relator: ANTONINHO LOPES, Data de Julgamento: 17/07/2014, 4ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 14/08/2014 . CAVALCANTE, Márcio André Lopes. ACP pleiteando valores indevidamente cobrados de consumidores. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7a68443f5c80d181c42967cd7161 2af1>. Acesso em: 15/08/2020 BRASIL. Ministério da Justiça. Portaria Interinstitucional nº 1.186, de 2 de julho de 2014. GARCIA, Leonardo. Código de Defesa do Consumidor comentado artigo por artigo. 13 ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2017. NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
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