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História da Paleontologia

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HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA PALEONTOLOGIA
História da Paleontologia: Conheça um pouco da história da paleontologia, desde a descoberta dos primeiros registros fossilíferos.
Embora a paleontologia tenha se estabelecido por volta de 1800, pensadores antigos já tinham registros da observação de fósseis. O filósofo grego Xenófanes (570–480 AC) concluiu através da observação de fósseis de conchas do mar encontradas em áreas de terra que na antiguidade tais locais estavam sob a água.
História da Paleontologia
Na idade moderna europeia, o estudo sistemático dos fósseis emergiu como parte das mudanças da filosofia natural que ocorreu durante o Iluminismo. Ao final do século XVIII o trabalho de Georges Cuvier estabeleceu a anatomia comparada como uma disciplina científica. O aumento no conhecimento dos registros fósseis também desempenhou um papel crescente no desenvolvimento da geologia, em particular da estratigrafia.
História Resumida da Paleontologia
Ainda no século VI a.C., Xenófanes de Cólofon foi mencionado por escritores posteriores de ter observado os restos de conchas de moluscos pelágicos nas montanhas, impressões de folhas em rochas de Paros, assim como várias evidências da presença antiga do mar nas terras altas de Malta, e atribuiu essas aparições às invasões periódicas do mar. 
O historiador Xanthus da Sardenha (500 a.C.) também chamou a atenção para a ocorrência de conchas fósseis na Armênia, Frígia e Lídia, regiões distantes do mar, e concluiu que as localidades onde tais restos ocorriam tinham sido anteriormente o leito do oceano, e que os limites da terra e do oceano vinham constantemente sofrendo mudanças.
Leonardo da Vinci (1452-1519), em um trabalho não publicado, chegou à mesma conclusão dos antigos gregos sobre as variações dos oceanos. No entanto, em ambos os casos, os fósseis eram restos completos de organismos marinhos que detinham grande semelhança com espécies atuais e como tal, fáceis de serem identificadas, permanecendo a questão se os fósseis não assemelhados à nenhuma forma de organismo conhecida, também tinham origem orgânica.
Nicolau Steno
Nicolau Steno
No século XVII Nicolau Steno (1638 – 1686), estabeleceu um ordenamento temporal para os estratos geológicos, nos quais os fósseis eram encontrados. Esta relação estendeu-se para os fósseis contidos nestes estratos, levando-os a serem tratados como registros da história da vida na Terra. Com este tratamento surgiu o questionamento sobre o destino dos organismos que somente eram encontrados na forma fóssil. [Mais sobre Steno, abaixo em a Idade da Razão]
Os naturalistas que estudavam os fósseis, dividiam-se entre a defesa da ocorrência da extinção e a defesa da hipótese que propunha que tais organismos ainda deveriam ser descobertos em algum lugar do Globo. Somente após os trabalhos da anatomia comparada de Georges Cuvier serem aceitos pela comunidade científica, esta questão foi resolvida, pois possibilitaram as reconstruções paleontológicas, inclusive destes organismos extintos.
dinastia Song
Shen Kuo (1031 – 1095), chinês da dinastia Song, usou a evidência de fósseis marinhos escavados nas montanhas Taihang para inferir a existência de processos geológicos de geomorfologia e alterações do nível do mar ao longo do tempo. Usando a suas observações de bambus preservados e petrificados, encontrados soterrados em Yan’an, região de Shanbei, província de Shaanxi , defendeu uma teoria de mudança do clima gradual, uma vez que Shaanxi por se tratar de uma região de clima seco não seria um habitat propício para o crescimento de bambus.
“… filósofos naturais do século XVI na Europa começaram a estabelecer extensivas coleções de fósseis…”
A valorização das coleções de fósseis
Pré história brasileira. Ilustração de uma Águia-de-Haast atacando uma Moa
Como resultado da nova ênfase na observação, classificação e catalogação da natureza, os filósofos naturais do século XVI na Europa começaram a estabelecer extensivas coleções de fósseis, assim como também coleções de espécimes vegetais e animais, que eram frequentemente armazenados em gabinetes construídos para ajudá-los a organizar as coleções.
Conrad Gesner publicou em 1565 um trabalho sobre fósseis que continha uma das primeiras descrições detalhadas sobre gabinetes e coleções. A coleção pertencia a um membro da extensa rede de correspondentes que Gessner se baseou para suas obras. Tais redes de correspondência informal entre os filósofos naturais e colecionadores tornou-se cada vez mais importante durante o curso do século XVI e foram precursores diretos das sociedades científicas que começam a se formar no século XVII. Essas coleções de gabinete e redes de correspondência desempenharam um papel importante no desenvolvimento da filosofia natural.
A dificuldade da aceitação das evidências fósseis História da Paleontologia
História da Paleontologia
Entretanto, a maioria dos europeus do século XVI não reconheciam que os fósseis eram os restos de organismo vivos. A etimologia da palavra fóssil veio do latim para as coisas que havia sido desenterradas. Como isso indica, o termo foi aplicado a uma grande variedade de pedra e objetos semelhantes à pedras sem levar em conta se eles poderiam ter uma origem orgânica.
Escritores do século XVI, como Gesner e Georg Agricola estavam mais interessados em classificar tais objetos por suas propriedades físicas e místicas do que na determinação da origem de tais objetos. Além disso, a filosofia natural do período incentivou explicações alternativas para a origem dos fósseis.
Tanto as escolas aristotélica e neoplatônica de filosofia deram apoio para a ideia de que os objetos de pedra poderiam crescer dentro da terra para se parecer com as coisas vivas. A filosofia neoplatônica sustentou que poderia haver afinidades entre objetos vivos e não-vivos que poderiam levar um a se assemelhar ao outro. A escola aristotélica sustentou que as sementes de organismos vivos poderiam entrar no solo e gerar objetos que lembrassem aqueles organismos.
Idade da Razão: História da Paleontologia
Durante a Idade da Razão, mudanças fundamentais na filosofia natural foram refletidas na análise dos fósseis. Em 1665, Athanasius Kircher atribuiu os ossos gigantes à extintas raças de humanos gigantes em seu livro Mundus subterraneus. No mesmo ano, Robert Hooke publicou o Micrographia, uma coleção ilustrada das suas observações com um microscópio. Uma dessas observações foi intitulada Of Petrify’d wood, and other Petrify’d bodies, que incluía uma comparação entre madeira comum e petrificada. Hooke acreditou que os fósseis provinham evidência sobre a história da vida na Terra.
Em 1667, Nicholas Steno escreveu um artigo sobre uma cabeça de tubarão que tinha dissecado. Ele comparou os dentes do tubarão com o com objetos fósseis comuns conhecidas como línguas de pedra. Ele concluiu que os fósseis deviam ter sido dentes de tubarão. Steno então teve um interesse na questão dos fósseis, e para abordar algumas das objeções à sua origem orgânica começou a estudar estratos rochosos. O resultado deste trabalho foi publicado, em 1669, como um precursor para a Forerunner to a Dissertation on a solid naturally enclosed in a solid. Neste livro, Steno estabeleceu uma distinção clara entre objetos como cristais de rocha que realmente se formaram dentro das rochas e dos fósseis, como conchas e dentes de tubarão, que se formaram fora dessas rochas.
A descoberta de Steno História da Paleontologia: 
Steno percebeu que certos tipos de rochas foram formados pela deposição sucessiva de camadas horizontais de sedimentos e que os fósseis eram os restos de organismos vivos que tinham sido enterrados naqueles sedimentos. Steno que, como quase todos os filósofos naturais do século XVII acreditava que a Terra tinha apenas alguns milhares de anos, recorreu ao dilúvio bíblico como uma possível explicação para os fósseis de organismos marinhos que estavam longe do mar.
Apesar da influência considerável de Forerunner, naturalistas como Martin Lister (1638-1712) e John Ray (1627-1705) continuarama questionar a origem orgânica de alguns fósseis. Eles estavam particularmente preocupados com objetos como fósseis de amonitas, que Hooke alegou terem uma origem orgânica, e que não se pareciam com nenhuma espécie viva conhecida. Isso levantou a possibilidade da extinção, que eles acharam difícil de aceitar, por razões filosóficas e teológicas.
História da Paleontologia: séculos XIX e XX 
Haikouichthys é um gênero de Craniata. Teria vivido há 530 milhões de anos, durante a chamada “Explosão Cambriana”.
A segunda metade do século XIX viu uma grande expansão da atividade paleontológica, especialmente na América do Norte. Fósseis encontrados na China, perto do fim do século XX têm sido particularmente importantes, pois têm fornecido novas informações sobre a evolução do animais, como os peixes, dinossauros e a evolução da aves. As últimas décadas do século 20 tiveram um interesse renovado na extinção em massa e seu papel na evolução da vida na Terra. Havia também um grande interesse na explosão cambriana que, aparentemente, viu o desenvolvimento das estruturas corporais da maior parte dos filos animais. A descoberta de fósseis da biota Ediacarana e o aumento do conhecimento da paleobiologia sobre a história da vida antes do cambriano.
Os vertebrados permaneceram num grupo obscuro até o aparecimento do primeiro peixe com mandíbulas no Ordoviciano Superior. A crescente conscientização do trabalho pioneiro de Gregor Mendel sobre a genética levou em primeiro lugar ao desenvolvimento da genética populacional e, em seguida, à síntese evolutiva moderna, que explica a evolução como o resultado de eventos como a mutação e a transferência horizontal de genes, que fornecem a variação genética, com a deriva genética e a seleção natural, levando a mudanças nesta variação ao longo do tempo.
Em poucos anos, o papel e o funcionamento do DNA na herança genética foram descobertos, levando ao que hoje é conhecido como o Dogma Central da Biologia Molecular.
O PROCESSO DA FOSSILIZAÇÃO
Dependendo das condições ambientais, o organismo, após sua morte, poderá se preservar de diferentes maneiras: através da moldagem (impressão, por contato, de seu corpo em sedimentos, como areias e argilas, que se consolidam no decorrer do tempo geológico e se transformam em rocha, mantendo a forma original do organismo), incrustação mineral, substituição das partes moles por substâncias minerais, mumificação ou congelamento. Pode também ocorrer a preservação dos registros da atividade biológica dos organismos quando vivos. São os icnofósseis, que incluem as pegadas e as fezes fossilizadas (coprólitos).
Para a datação dos fósseis é usada sua posição dentro da sucessão de estratos rochosos que compõem a crosta terrestre. Trata-se de um tipo de datação conhecida como datação relativa. Os estratos mais inferiores da crosta terrestre são os mais antigos, assim como todo o conteúdo fossilífero neles existente. Havendo minerais radioativos nas rochas desses estratos, existe a possibilidade de uma datação radiométrica ou absoluta – baseada na quantidade de átomos radioativos ainda presente nesses minerais e em sua meia-vida (tempo necessário para que o número inicial de átomos radioativos se reduza à metade) –, o que possibilita então a definição de idades quantificadas em milhares ou, mais comumente, em milhões de anos.
Tipos de Fossilização
O processo de fossilização pode ocorrer de maneiras diferentes de acordo com o ambiente e as forças que atuarem após a morte do organismo.
Sabemos que fósseis são restos de seres vivos ou evidências de suas atividades que de alguma maneira ficaram preservados. O processo de fossilização é complexo e demorado, sendo resultado de processos físicos, químicos e biológicos. Os tipos de fossilização vão diferir de acordo com os fatores que atuarão no organismo após sua morte.
De maneira geral, podemos dividir os tipos de fossilização em restos e vestígios. Chamamos de restos quando alguma parte do organismo ficou preservada, e vestígios quando somente alguma marca da sua passagem ficou preservada.
Geralmente, quando falamos em restos, encontramos preservadas as partes mais duras de um ser vivo. As chamadas partes moles são mais difíceis de preservar, mas também podem ser encontradas. A dificuldade de fossilização de partes moles ocorre em virtude do rápido processo de decomposição. Podemos citar como exemplo de fossilização de partes moles os insetos que ficam presos em âmbar, uma resina secretada por alguns vegetais.
Outra maneira possível de fossilização de partes moles é o congelamento. Um mamute de 39 mil anos já foi encontrado na Sibéria em ótimo estado de conservação, apresentando inclusive pelos. Esse fóssil era de uma fêmea que recebeu o nome de Yuka.
A mumificação também permite a preservação de partes moles. Nesse processo, ocorre a desidratação dos organismos.
As partes duras, como dito anteriormente, são mais fáceis de preservar e, por isso, são os tipos de fósseis mais encontrados. Como exemplo de partes duras, podemos citar as conchas, carapaças, dentes e ossos. As partes duras podem ser preservadas de diversas maneiras, como incrustação, permineralização, recristalização, carbonificação e substituição.
Na incrustação, as partes duras são recobertas por substâncias que se cristalizam sobre elas. 
Na permineralização, minerais preenchem as cavidades encontradas no material, os poros dos ossos, por exemplo. A recristalização consiste na mudança da estrutura cristalina do mineral que constitui a parte dura do organismo. A carbonificação, durante o processo de fossilização, gera a perda de elementos voláteis da matéria orgânica, restando apenas uma camada de carbono. Por fim, na substituição, a substância original é substituída por outra.
Os vestígios, assim como os restos, apresentam diversas formas de preservação. Os moldes constituem impressões de um organismo. Por exemplo, animais com concha podem ficar soterrados e, após um período, ocorrer a dissolução da concha. O que restará será apenas um molde. Além dos moldes, podemos citar outros vestígios de existência, como os coprólitos, que são as fezes fossilizadas; pegadas, marcas de dentes, túneis deixados por animais. Esses vestígios recebem o nome de icnofósseis.
No Brasil, é possível observar pegadas de dinossauros que viveram há mais ou menos 65 milhões de anos. Essa região é conhecida como “Vale dos Dinossauros” e é localizada no sertão da Paraíba.

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