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IBMEC BUSINESS SCHOOL 
ROSIANE DA SILVA GUZZO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA POSSIBILIDADE DE INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM 
TESTAMENTO – AVANÇO DE ALGUMAS CORREGEDORIAS ESTADUAIS DE 
JUSTIÇA E AS CONSEQUÊNCIAS NO FÓLIO REGISTRAL POR AUSÊNCIA DE 
REGULAMENTAÇÃO NACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2014 
 
 
ROSIANE DA SILVA GUZZO 
 
 
 
 
 
 
DA POSSIBILIDADE DE INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM 
TESTAMENTO – AVANÇO DE ALGUMAS CORREGEDORIAS ESTADUAIS DE 
JUSTIÇA E AS CONSEQUÊNCIAS NO FÓLIO REGISTRAL POR AUSÊNCIA DE 
REGULAMENTAÇÃO A NACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto de Monografia apresentado ao IBMEC Business School 
como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós – 
Graduação em Direito Notarial e Registral – ANOREG – 
TURMA II, na disciplina Metodologia da Pesquisa. 
Orientadora do projeto: Profª. Eliete Figueira Batista da Silveira. 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2014
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus em primeiro lugar por estar presente em minha jornada, o que me 
fortaleceu até o momento para continuar a minha caminhada. 
A minha família que de forma direta ou indireta, estão presentes nos momentos em 
que mais preciso, passando confiança e carinho. 
À Professora Eliete Figueira Batista da Silveira, pela paciência e disponibilidade em 
me atender e orientar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 6 
CAPÍTULO 1 – DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS (ART. 236 DA CF/88 E LEI FEDERAL Nº 8935/94) .......... 7 
1.1 DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES.....................................................................................11 
1.2 DA IMPORTÂNCIA DA LEI FEDERAL Nº 11.441/07 PARA A SOCIEDADE, PARA O PODER 
JUDICIÁRIO E PARA OS SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS. ..........................................................13 
CAPÍTULO 2 – DA FISCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS ..............................14 
2.1 - DA CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTIÇA ...........................................................................14 
2.2 DAS CORREGEDORIAS ESTADUAIS DE JUSTIÇA .........................................................................15 
CAPÍTULO 3 - DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL ...............................................................16 
3.1 DO INVENTÁRIO E PARTILHA SOB A ÓTICA DA LEI FEDERAL Nº 11.441/07................................16 
3.1.1 Da Resolução Do Conselho Nacional De Justiça Nº 35/2007 ..............................................17 
3.1.2 Da Resolução do Conselho Nacional de Justiça nº 179/2013 .............................................19 
CAPÍTULO 4 – DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO ...............................21 
4.1 DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO VÁLIDO ...............................21 
4.2 DO INVENTÁRIO E PARTILHA COM TESTAMENTO REVOGADO OU CADUCO, OU QUANDO 
HOUVER DECISÃO JUDICIAL COM TRÂNSITO EM JULGADO DECLARANDO A INVALIDADE DO 
TESTAMENTO ................................................................................................................................23 
CAPÍTULO 5 – DA AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO NACIONAL PARA O INVENTÁRIO E PARTILHA 
EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO ..................................................................................................28 
CAPITULO 6 - DA NORMATIZAÇÃO DO INVENTÁRIO E PARTILHA COM TESTAMENTO, PELAS 
CORREGEDORIAS GERAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS DE SÃO PAULO, MINAS GERAIS E RIO DE 
JANEIRO. ...........................................................................................................................................30 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................33 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................................34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo: Não há dúvida de que a sociedade é realmente dinâmica. Portanto, 
atualmente, época marcada pelos avanços tecnológicos e onde sentimos, os efeitos 
da globalização. Por outro lado, o Direito tem se esforçado, e muito, para 
acompanhar a dinamicidade da sociedade. O Direito Notarial não é diferente, apesar 
dos avanços, falta uma normatização de âmbito Nacional regulamentando a Partilha 
e o Inventário Extrajudicial em caso de haver testamento mesmo válido e eficaz. E é 
nesta defesa que será embasado o presente trabalho e pesquisa. 
 
Palavras-chaves: Inventário – Partilha – Extrajudicial – Testamento. 
 
 
 
 
6 
 
 INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho irá tratar Da Possibilidade de Inventário e Partilha Extrajudicial 
com Testamento deixado pelo “de cujus” – Avanço de algumas Corregedorias 
Estaduais de Justiça e as Consequências no Fólio Registral por Ausência de 
Regulamentação Nacional, cuja matéria está inserida no Ramo do Direito Notarial e 
Registral. 
O objetivo principal será abordar a possibilidade de lavratura de escrituras 
públicas de inventário e partilha naqueles casos em que o “de cujus” deixa 
testamento. Porém o mesmo se encontra revogado ou caduco, ou com decisão 
judicial com trânsito em julgado, declarando a invalidade do testamento. Situações 
essas previstas nas Consolidações Normativas das Corregedorias Gerais da Justiça 
dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e os problemas que as 
partes irão enfrentar quando esses títulos tiverem que ser levados a registros em 
Cartórios, cuja Corregedoria Geral de Justiça não prevê tal situação. 
 
Nesse trabalho, pretendemos abordar também a possibilidade de inventário e 
partilha administrativo com testamento, nos casos em que o testamento não dispor 
de bens patrimoniais e daqueles em que mesmo dispondo de bens patrimoniais, 
todas as partes interessadas são maiores, capazes e estão de acordo com a 
partilha. 
 
Não pretendemos nesse trabalho falar da Lei Federal nº 11.441/2007 e de 
todos os benefícios que esta causou a sociedade, o que foram muitos, nem 
tampouco do enorme avanço que trouxe aos Serviços Extrajudiciais, nem tampouco 
dos procedimentos práticos cartorários regulamentados através da Resolução nº 
35/2007, pelo Conselho Nacional de Justiça. 
 
 
 
 
7 
 
CAPÍTULO 1 – DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS (ART. 236 DA 
CF/88 E LEI FEDERAL Nº 8935/94) 
 
As atividades notariais e de registro estão previstas na 
Constituição Federal de 1988, no art. 236. Daí extrai-se a sua importância. O 
legislador, ao traçar as linhas do Estado Democrático de Direito, optou por alçar tais 
atividades a tema constitucionalmente relevante. Pode-se dizer, assim, que os 
serviços notariais e de registro compõem a estrutura constitucional do Brasil. O 
constituinte optou por prever constitucionalmente tais atividades, elevando-as a 
conteúdo de norma constitucional. Assim, apenas outra norma constitucional tem o 
condão de alterar o regime previsto no art. 236. 
 
As atividades notariais e de registro não integram a estrutura 
da Administração Pública, mas são atividades próprias do Estado, visto a previsão 
constitucional da delegação do seu exercício. Quanto ao conteúdo da norma, 
acredito tratar-se de norma materialmente constitucional, dada a importância 
estrutural de tais atividades. A eficácia, a validade e a segurança jurídica dos atos e 
negócios jurídicos são de suma importância para a existência de um Estado 
Democrático. Os serviços notariais e de registro são os repositórios públicos das 
diversas informações que norteiam a vida em sociedade. O Estado Democrático 
Direito pressupõe a segurança jurídica. Os serviços de notas e de registro são os 
destinados a garantir a segurança dos atos e negócios jurídicos. Então, poderíamosdizer que tais atividades são essencialmente instrumentos de efetivação do Estado 
Democrático de Direito. 
 
O art. 236 da Constituição dispõe sobre o regime jurídico 
aplicável às atividades notariais e de registro. E esse regime diz respeito ao 
exercício privado, à delegação a pessoas físicas pelo Poder Público, à remuneração 
dos particulares, à fiscalização do Poder Judiciário, à competência para estabelecer 
normas gerais sobre emolumentos, à forma de ingresso na atividade, e 
responsabilidades. 
 
8 
 
O parágrafo 1º do art. 236 da Constituição Federal determina 
que cabe a lei regular as atividades, disciplinar a responsabilidade civil e criminal 
dos notários, dos registradores e de seus prepostos, e definir a fiscalização dos atos 
pelo Poder Judiciário. 
 
Sobre a Lei Federal Nº 8935/94, podemos citar que a mesma 
foi sancionada em 18 de novembro de 1994, sob o nº 8.935, pelo então Presidente 
Itamar Franco. Trata-se, portanto, de norma geral sobre a atividade notarial e de 
registro, abordando todos os assuntos a que fez alusão o mencionado parágrafo 1º 
do art. 236. Por conta disso, a Lei nº 8.935/94 ficou conhecida como a Lei dos 
Cartórios. 
 
Qualquer outra lei que dispuser de forma contrária ao disposto 
na Lei nº 8935/94 será tida como inconstitucional, por incompatibilidade com o 
regime constitucional. E o caso da responsabilidade civil dos notários e dos 
registradores. 
 
O art. 22 da Lei nº 8935/94 dispõe sobre a responsabilidade 
civil, determinando o seguinte: 
 
“Art. 22. Os notários e oficiais de registro responderão pelos danos 
que eles e seus prepostos causem a terceiros, na prática de atos 
próprios da serventia, assegurado aos primeiros direito de regresso 
no caso de dolo ou culpa dos prepostos”. 
Da leitura do mencionado dispositivo extrai-se que a 
responsabilidade extracontratual dos notários e dos registradores é objetiva, ou seja, 
independe da averiguação do dolo ou da culpa. 
 
Fugindo dessa regra, a Lei nº 6015/73 e a Lei nº 9492/97 
estipularam regas de aplicação da responsabilidade subjetiva. O art. 28 da Lei nº 
6015/73 possui a seguinte redação: 
 
“Art. 28. Além dos casos expressamente consignados, os oficiais são 
civilmente responsáveis por todos os prejuízos que, pessoalmente, 
ou pelos prepostos ou substitutos que indicarem, causarem, por 
culpa ou dolo, aos interessados no registro”. 
 
9 
 
A primeira Lei foi sancionada em 1973, muito antes da Lei geral 
dos Cartórios. Aplica-se, nesta hipótese, a regra de que a lei nova revoga a anterior, 
bem como a regra de que a norma especial deve estar compatibilizada com a norma 
geral. 
 
Já a Lei nº 9.492/97 tratou de disciplinar a atividade dos 
Tabeliães de Protesto de Títulos. O art. 38 determinou que tais Oficiais respondam 
civilmente pelos atos praticados, mas sob a forma subjetiva de responsabilização. 
Vejamos: 
 
“Art. 38. Os Tabeliães de Protesto de Títulos são civilmente 
responsáveis por todos os prejuízos que causarem, por culpa ou 
dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou 
Escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso”. 
 
Se não fosse o status de norma de caráter geral da Lei nº 
8935/94, o art. 38 da Lei nº 9492/97 teria aplicação irrestrita aos Tabeliães de 
Protesto, mesmo que pudesse parecer inadequado, frente aos demais Oficiais 
públicos titulares do exercício das unidades extrajudiciais, que respondem 
objetivamente pelos danos causados. Não existem motivos que justifiquem o 
tratamento diferenciado de tais profissionais, porquanto todos são integrantes da 
mesma categoria de agentes públicos em colaboração com o Poder Público. 
 
Luís Paulo Aliende Ribeiro: 
 
“Também não prevalece a regra da Lei n. 9.492/97, porque, ao 
estabelecer de modo geral regra referente à responsabilidade 
extracontratual de todos os delegados de notas e de registros, a Lei 
n. 8.935/94, no seu artigo 22, cumpriu, de forma exaustiva, o 
comando expresso no § 1º do artigo 236 da Constituição Federal de 
1988. 
 
Consumada a atribuição dada ao legislador pelo constituinte 
com a opção legislativa por esse regramento geral e uniforme, comum aos 
delegados de todas as especialidades notariais e de registro, com este não se 
mostra compatível a posterior edição, parcelada e veiculada em leis editadas para 
regular os serviços de uma dada especialidade, de regras que possam se identificar 
como específicas e modifiquem, apenas para os delegados que exerçam tal 
10 
 
especialidade, questões inerentes à própria delegação, objeto de privativa de 
definição na mencionada lei geral. 
 
A regra que fixou definição de responsabilidade extracontratual 
distinta da prevista na Lei n. 8.935/94 apenas para os tabeliães de protestos, sem 
tratar dos tabeliães de notas e dos registradores, juridicamente iguais no que se 
refere à delegação, consta de lei que define competência e regulamenta os serviços 
concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e que não 
poderia tratar de matéria relativa à própria delegação de modo diverso do 
estabelecido na Lei n. 8.935/94, razão pela qual não se ajusta ao sistema e 
caracteriza flagrante ofensa ao princípio da igualdade”. (RIBEIRO, Luís Paulo 
Aliende. Regulação da função pública notarial e de registro. – São Paulo : Saraiva, 
2009, p. 124-125). 
 
Portanto, a responsabilidade dos Tabeliães de Protesto é 
objetiva, submetendo-se ao regramento normativo da Lei nº 8935/94. 
 
Convém aqui apenas indicar a existência de tese em que se 
defende a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva aos Notários e 
Registradores por meio da incidência do § 6º do art. 37 da Constituição Federal. 
Data venia, apesar dos argumentos fortes utilizados por seus 
defensores, o § 6º se aplica apenas às pessoas jurídicas de direito público e às 
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. Os defensores 
dessa tese entendem que o constituinte se referiu às pessoas jurídicas de direito 
público, e às pessoas de direito privado, não trazendo exceção quanto as pessoas 
de direito privado, se jurídicas ou se físicas. Em verdade, não se pode concluir 
dessa forma, visto que a redação da Constituição foi clara ao referir-se apenas às 
pessoas jurídicas. 
 
Assim, o argumento da aplicação da teoria do risco 
administrativo consubstanciada no mencionado § 6º não merece prosperar (quanto 
os prestadores de serviços notariais e de registro). 
 
11 
 
1.1 DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES 
 
Os notários e registradores são considerados pela doutrina 
como agentes públicos, que no dizer de Maria Sylvia Zanella di Pietro é "toda 
pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração 
Indireta"1. A expressão agente público é mais ampla (que servidor público) e designa 
genérica e indistintamente os sujeitos que servem ao poder público, necessitando 
para sua caracterização o requisito objetivo, revestido pela natureza estatal da 
atividade desempenhada e o requisito subjetivo, a investidura na atividade estatal2, 
não podendo, desta forma, os notários e registradores serem enquadrados como 
servidores públicos. 
 
Os notários e registradores, como agentes públicos, 
receberam, de Celso Antônio Bandeira de Mello, a classificação de particulares em 
colaboração com a Administração através de delegação de função ou ofício público. 
Hely Lopes Meirelles classifica-os como agentes delegados conceituados como: 
 
Particulares que recebem a incumbência da execução de 
determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome próprio, por 
sua conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob a permanente 
fiscalização do delegante. Esses agentes não são servidores públicos, nem 
honoríficos, nem representantes do Estado; todavia, constituem uma categoria à 
parte de colaboradores do Poder Público. Nessa categoria encontram-se os 
concessionários e permissionáriosde obras e serviços públicos, os serventuários de 
ofícios não estatizados, os leiloeiros, os tradutores e intérpretes públicos, as demais 
pessoas que recebem delegação para a prática de alguma atividade estatal ou 
serviço de interesse coletivo.3 
 
 
1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 437. 
2MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1997. 149. 
3MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 1997. p. 75. 
 
 
12 
 
A remuneração dos notários e registradores não é feita 
diretamente pelo Estado, e sim pelos particulares usuários do serviço, através do 
pagamento de emolumentos e custas, que são fixados por cada Estado. A lei federal 
estabelece normas gerais para fixação de emolumentos, sendo complementada pela 
competência concorrente dos Estados. 
 
A atividade notarial é exercida por particulares em colaboração 
com o Poder Público, através de delegação da função pública. Apesar de ser 
exercida em caráter privado, a atividade notarial exerce uma função pública, de 
garantia da segurança jurídica dos atos praticados pelos Tabeliães. 
 
A função registral tem por finalidade constituir ou declarar o 
direito real, através da inscrição do título respectivo, dotando as relações jurídicas de 
segurança, dando publicidade registral erga omnes (ou seja, a todos 
indistintamente), até prova em contrário. 
 
A relação de títulos passíveis de registro está enumerada no 
Código Civil, essa enumeração é taxativa, não se podendo acrescentar ou retirar 
situações de constituição de direitos reais. Veremos cada caso, nos capítulos 
seguintes. 
 
Nicolau Balbino Filho, ao analisar a função registral nos ensina 
ser uma pretensão constante que "o Registro seja uma fiel reprodução da realidade 
dos direitos imobiliários. A vida material dos direitos reais, bem como a sua vida 
tabular, deveriam se desenvolver paralelamente, como se a segunda fosse espelho 
da primeira. Com efeito, esta é uma ambição difícil de se concretizar, mas em se 
tratando de um ideal, nada é impossível; basta perseverar".4 
 
 
4BALBINO FILHO, Nicolau. Direito Imobiliário Registral. 1ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p.35. 
 
13 
 
1.2 DA IMPORTÂNCIA DA LEI FEDERAL Nº 11.441/07 PARA A SOCIEDADE, 
PARA O PODER JUDICIÁRIO E PARA OS SERVIÇOS NOTARIAIS E 
REGISTRAIS. 
 
No dia 05 de janeiro de 2007, entrou em vigor no Brasil a Lei nº 
11.441, que veio alterar certos dispositivos do Código de Processo Civil e instituir a 
possibilidade de separações, divórcios e partilhas por via extrajudicial. As mudanças 
provocadas pela Lei incidem tão somente no Estatuto Processual. No entanto, ela 
interessa diretamente ao direito material, em especial às áreas do Direito de Família 
e das Sucessões. 
 
A possibilidade de separação e divórcio por via extrajudicial, 
prevista na Lei 11.441/07, assim, traz em seu bojo algumas importantes vantagens, 
ou seja, diminui a burocracia nos dois procedimentos citados e nos de inventário, 
desafoga o Judiciário da enorme carga de processos do tipo e evita que os casais 
exponham ao Poder Judiciário os seus problemas de relacionamento. 
 
Fica, assim, evidente que a regra inova, ao atribuir aos 
cartórios de notas a competência para lavrar escrituras de separação, divórcio, 
inventário e as respectivas partilhas, permitindo aos interessados procurarem tais 
cartórios para lavrar tais escrituras em lugar de propor, na instância Judiciária, as 
respectivas ações, com todo o seu corolário de custos, lapsos consideráveis de 
tempo, audiências e outros procedimentos. 
 
Até recentemente, o cidadão somente tinha a via judicial como 
forma de atender as pretensões relacionadas à separação, divórcio, inventário e 
partilhas consensuais. 
 
Porém, visando facilitar a vida da população e desafogar o 
Poder Judiciário, ocorreu o advento da Lei nº 11.441/07, que, agora, permite que os 
mencionados procedimentos sejam feitos extrajudicialmente, por meio de escritura 
pública, em tabelionatos de todo o país. 
 
14 
 
CAPÍTULO 2 – DA FISCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO DOS SERVIÇOS 
EXTRAJUDICIAIS 
 
 
2.1 - DA CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTIÇA 
 
A Corregedoria Nacional de Justiça, órgão do CNJ, atua na 
orientação, coordenação e execução de políticas públicas voltadas à atividade 
correcional e ao bom desempenho da atividade judiciária dos tribunais e juízos do 
País. O objetivo principal da Corregedoria é alcançar maior efetividade na prestação 
jurisdicional, atuando com base nos seguintes princípios: legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 37 da Constituição 
Federal). 
 
O Conselho Nacional de Justiça, embora situado como órgão 
da estrutura do Poder Judiciário, não possui atribuições jurisdicionais, mas 
administrativas, conforme resulta da dicção do art.103-B, §4º, CF/88, ao estabelecer 
que “compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do 
Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes”. 
 
Portanto, o Conselho Nacional de Justiça assume posição sui 
generis na estrutura do Poder Judiciário brasileiro, apresentando semelhanças ao 
extinto Conselho Nacional da Magistratura – CNM, introduzido na Constituição 
Federal de 1967 pela Emenda Constitucional n.º 07/77. A diferença entre um e outro 
é que o CNM possuía somente competência correcional dos atos praticados pelos 
magistrados5, ao passo que o CNJ cumula as atribuições de controle administrativo, 
financeiro e correcional, logo, ampliou consideravelmente o leque de funções. 
 
Não há olvidar que os tribunais pátrios possuem sistemas 
próprios de organização administrativa e financeira, todavia, mesclam tais atividades 
com o desempenho de atividade jurisdicional. No ponto, a diferença do CNJ, dado 
 
5 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 12.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.499. 
15 
 
concentrar seus esforços exclusivamente na atividade administrativa e financeira, 
sem espaço para sustentar exercício de atividade jurisdicional propriamente dita. 
 
Portanto, o Conselho Nacional de Justiça exerce o controle da 
atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura de hierarquia inferior 
ao Supremo Tribunal Federal, ao passo que este exerce o controle dos atos 
daquele. 
 
Na espécie, Alexandre de Moraes6 destaca que o STF tornou-
se não somente a cúpula jurisdicional do Poder Judiciário, mas também a cúpula 
administrativa, financeira e disciplinar, pois todas as decisões do CNJ são passíveis 
de controle via ação originária na Suprema Corte (art.102, I, “r”, CF/88). 
 
2.2 DAS CORREGEDORIAS ESTADUAIS DE JUSTIÇA 
 
A função da Corregedoria-Geral da Justiça, dentre outras 
atribuições, consiste na orientação, fiscalização e inspeção permanente sobre todos 
os juízes estaduais e servidores do foro judicial ou extrajudicial, sendo exercida em 
todo o Estado pelo Corregedor-Geral da Justiça, Corregedor da Justiça, Juízes 
Auxiliares da Corregedoria, por delegação, e, nos limites das suas atribuições, pelos 
Juízes de Direito. 
 
A Corregedoria Geral da Justiça é o órgão fiscalizador e 
normatizador dos procedimentos técnico-operacionais do Judiciário estadual. O 
Corregedor tem a função de fiscalizar o andamento dos ofícios de Justiça, ação que 
se faz por meio de correição e, para isso, ele conta com uma equipe constituída de 
juízes assessores e auxiliares, que, além de proceder às correições, são 
especializados por área do Direito e responsáveis em oferecer Pareceres ao 
Corregedor. 
 
 
 
 
6 MORAES, Alexandre. Direito constitucional.19.ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.483. 
16 
 
CAPÍTULO 3 - DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL 
 
3.1 DO INVENTÁRIO E PARTILHA SOB A ÓTICA DA LEI FEDERAL Nº 
11.441/07 
 
No intuito de desafogar o Judiciário, em 05 de janeiro de 2007 
passou a vigorar a Lei n. 11.44, os jurisdicionados sendo maiores e capazes, se 
assim optarem, através de procedimento administrativo, desde que acordes, sem 
conflito e assistidos por advogado, podem se ajustar livremente em inventário e 
partilha, separação e divórcio, por intermédio de escritura pública lavrada perante o 
cartório de notas, com força de título hábil para se exigir o cumprimento das 
cláusulas e condições aventadas. 
 
A Lei n. 11.441/07 deu nova redação ao caput do art.982 do 
CPC e introduziu o parágrafo único nesse dispositivo. A anterior limitava-se a impor 
a necessidade do inventário judicial mesmo sendo as partes capazes: “proceder-se-
á ao inventário judicial, ainda que todas as partes sejam capazes”. 
 
 A nova vestimenta do art.982 caput do CPC trouxe a 
possibilidade (“poderá”) dos interessados optarem pelo procedimento extrajudicial do 
inventário e à partilha dos bens, se “todos” forem capazes e concordes nos termos 
entabulados por escritura pública, que terá força de título hábil para averbar e 
registrar no Cartório de Registro de Imóveis as deliberações nela inseridas. 
 
 O parágrafo único do art.982 do CPC é a novidade incluída 
com o designo de impor que todas as partes interessadas na lavratura da escritura 
pública para os fins do caput estejam “assistidas por advogado” que assinará o ato 
notarial, in verbis: 
 
"Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-
á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá 
fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual 
constituirá título hábil para o registro imobiliário. 
 
17 
 
Parágrafo único. O tabelião somente lavrará a escritura pública se 
todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado 
comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e 
assinatura constarão do ato notarial” 
 
 
Conceitua-se o inventário como o procedimento que presta 
para descrever, avaliar e liquidar os bens pertencentes e deixados à época de sua 
morte pelo inventariado (de cujus) que será objeto de partilha e distribuição em favor 
dos seus sucessores o monte líquido de seus respectivos quinhões. 
 
 O inventário judicial é obrigatório sempre que houver 
testamento ou figurar no pólo ativo, incapazes (art.982 caput início). 
 
 Escolhendo o inventário extrajudicial, por escritura pública, os 
sucessores e interessados, através de advogado, comparecerão no escritório do 
profissional e contratarão seus serviços para verificar, inicialmente, se satisfazem os 
requisitos do caput (capazes e concordes quanto à partilha). Superada a 
legitimidade para o ato notarial, o advogado ouvirá as pretensões das partes quanto 
à partilha e se a divisão proposta obedece às regras legais previstas nos artigos 
2.013 ao 2.022 do Código Civil. 
 
 O advogado elaborará em seu escritório minuta do acordo 
quanto à partilha traçada que será enviada ao Cartório de Notas para a prévia 
conferência do Tabelião quanto aos termos e cláusulas convencionados, 
acompanhada dos documentos que comprovam a legitimidade dos interessados e a 
propriedade do falecido dos bens inventariados. 
 
 Estando tudo regular, os interessados em dia e hora 
combinado com a repartição, pessoalmente ou por procurador munido de mandato 
com poderes especiais para esse mister, assistidos por advogado, assinarão 
perante o Tabelião a escritura pública do inventário. 
 
3.1.1 Da Resolução Do Conselho Nacional De Justiça Nº 35/2007 
 
18 
 
Não obstante, faz-se necessário esclarecer que as 
divergências e as dúvidas suscitadas ante a aplicação da Lei 11.441/07, 
notadamente no que diz respeito a atuação dos tabeliães, levou o Conselho 
Nacional de Justiça (CNJ) editar a Resolução nº. 35, de 24 de abril de 2007, 
visando pacificar a matéria. 
 
Em relação às disposições de caráter geral, a Resolução n. 
35/2007 dá liberdade às partes para escolherem livremente o tabelião de notas, 
diferentemente do que ocorre no processo judicial, conforme estatuído no Código de 
Processo Civil. É necessário frisar a relevância do artigo 2° da Resolução 35/07 que 
assim dispõe: 
 
Art. 2º. É facultada aos interessados a opção pela via judicial 
ou extrajudicial; podendo ser solicitada, a qualquer momento, a suspensão, pelo 
prazo de 30 dias, ou a desistência da via judicial, para promoção da via extrajudicial. 
(BRASIL, Resolução nº35, de 24 de abril de 2007) 
 
O artigo deixa bem claro que são facultadas às partes a opção 
pela via judicial ou extrajudicial, podendo ser solicitada, a qualquer momento, a 
suspensão pelo prazo de 30 dias, ou a desistência da via. A utilização da via notarial 
não é uma imposição da lei, mas uma faculdade aos interessados7, conforme 
argumenta Humberto Theodoro Júnior. ( 2010, p. 220). 
 
Com a intenção de tornar menos oneroso o procedimento 
extrajudicial a Resolução 35/07, através dos seus artigos 4° e 5°, explica 
objetivamente os procedimentos que devem ser adotados pelo cartório no momento 
da cobrança pelos seus serviços, vedando a fixação de custas em percentual 
incidente sobre o valor do negócio jurídico, objeto dos serviços notariais. 
 
Com o fito de evitar fraudes e indicações tendenciosas, o artigo 
9º da mencionada Resolução é taxativo em proibir ao tabelião a indicação de 
 
7 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Procedimentos especiais. v. 3, 42. ed. Rio 
de Janeiro: Forense, 2010. 
 
19 
 
advogado, devendo permitir que as partes contratem um profissional de sua 
confiança. 
 
Além disso, o tabelião é responsável pela exatidão de dados, 
sendo responsável por eventuais atos ilícitos praticados no exercício de sua 
atribuição, estando sujeito às sanções cíveis e criminais previstas nos art. 22 a 24 da 
Lei nº 8.935/94. 
 
Vê-se, pois, que o procedimento extrajudicial é célere e 
simplificado, mas isso não significa que os atos a serem praticados ficarão ao 
arbítrio dos responsáveis pela sua efetivação, haja vista que a Resolução dita 
normas procedimentais para evitar abusos por parte de tabeliães e operadores de 
direito. 
 
3.1.2 Da Resolução do Conselho Nacional de Justiça nº 179/2013 
 
Resolução CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ nº 
179, de 03.10.2013 – D.J.E.: 04.10.2013. 
 
Altera a redação do art. 12 da Resolução nº 35, de 24 de abril 
de 2007, que disciplina a aplicação da Lei nº 11.441/2007 pelos serviços notariais e 
de registro. 
 
O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no 
uso das suas atribuições legais e regimentais, 
 
CONSIDERANDO o deliberado pelo Plenário do Conselho 
Nacional de Justiça no julgamento do ATO nº 0000227-63.2013.2.00.0000, na 175ª 
Sessão Ordinária, realizada em 23 de setembro de 2013; 
RESOLVE: 
 
Art. 1º O art. 12 da Resolução nº 35, de 24 de abril de 2007, passa a vigorar com a 
seguinte redação: 
 
20 
 
Art. 12. Admitem-se inventário e partilha extrajudiciais com viúvo(a) ou herdeiro(s) 
capazes, inclusive por emancipação, representado(s) por procuração formalizada 
por instrumento público com poderes especiais. 
[...] 
 
Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
CAPÍTULO 4 – DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM 
TESTAMENTO 
 
4.1 DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO 
VÁLIDO 
 
A proibição prevista na Lei Federal nº 11.441/2007, de se 
realizar inventário e partilha na esfera extrajudicial quando o “de cujus” deixa 
testamento, não faz menção das condições do testamento. Porém, algumasCorregedorias Estaduais de Justiça, tais como as de São Paulo, Minas Gerais e Rio 
de Janeiro, manifestaram-se contrariamente em relação a matéria, permitindo a 
possibilidade de se lavrar escrituras de inventário e partilha com testamento, nos 
casos do testamento estar caduco, ter sido revogado ou declarado nulo 
judicialmente. Entretanto, a matéria carece de regulamentação a título nacional. 
 
A Lei Federal nº 11.441, de 04 de janeiro de 2007, alterou 
dispositivos da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, 
possibilitando a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio 
consensual por via administrativa”. De acordo com a referida lei, o art. 982 da Lei nº 
5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, passou a vigorar com a 
seguinte redação: 
 
Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á 
ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá 
fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual 
constituirá título hábil para o registro imobiliário. 
 
De tal modo, se todos forem capazes e concordes, poderá 
fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil 
para o registro imobiliário. 
 
22 
 
Esta é outra questão jurídica pertinente ao tema se refere à 
possibilidade da realização do inventário e partilha extrajudiciais quando já existe um 
testamento elaborado pelo “de cujus”. 
A ideia de que seria impossível lavrar escritura pública de 
inventário, quando da existência de testamento, está equivocada, e essa afirmação 
se corrobora através da interpretação conjunta dos artigos 982 e 1.031 do Código de 
Processo Civil. 
O artigo 1.031 do Código de Processo Civil prevê três 
procedimentos de realização de partilha amigável, quando as partes forem capazes: 
termos nos autos do inventário; instrumento particular; ou por escritura pública. 
Neste mesmo artigo, há a ressalva da necessidade da homologação judicial como 
requisito de validade desses atos. 
 
Dessa explicação tiramos a conclusão de que, se as partes 
forem capazes e estiverem de acordo quanto à partilha, mesmo que o “de cujus” 
tenha deixado testamento, ela poderá ser feita por escritura pública, mas será 
necessária a homologação judicial. 
 
A diferença entre a escritura pública que lavra partilha 
amigável, prevista no artigo 1.031 do Código de Processo Civil, e a partilha 
consensual, artigo 982 do mesmo código (artigo alterado pela Lei nº. 11.441/07), é 
que a realização desta ultima é inviável ante a existência de testamento. No mais, 
ela não exige a homologação judicial para ser titulo válido, ao contrário da prevista 
no artigo 1.031. 
O notário poderá lavrar escritura pública, mesmo existindo 
testamento. Todavia, será necessária a homologação judicial. Esta afirmativa não 
terá validade quando houver partes incapazes, tendo em vista que o artigo 1.031 
restringe apenas a partilha com partes capazes. 
 
O espírito do legislador não foi outro senão descongestionar o 
Poder Judiciário, portanto, é aconselhável que se regulamente a partilha e o 
Inventário extrajudicial no caso de haver Testamento de qualquer hipótese, desde 
que todos sejam maiores, capazes e concordes. 
 
23 
 
Em três Corregedorias Gerais Estaduais, já há normatização 
favorável quando há Testamento caduco, revogado ou declarado nulo judicialmente, 
falta apenas Testamento válido, desde que todos sejam maiores, capazes e 
concordes, não tem sentido excluir o testamento impedindo que o Inventário seja 
realizado extrajudicial, desafogando assim o judiciário e dando celeridade ao 
processo, obedecendo a vontade e o objetivo do legislador. 
 
 
4.2 DO INVENTÁRIO E PARTILHA COM TESTAMENTO REVOGADO OU 
CADUCO, OU QUANDO HOUVER DECISÃO JUDICIAL COM TRÂNSITO EM 
JULGADO DECLARANDO A INVALIDADE DO TESTAMENTO 
 
A Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo editou o 
Provimento CG Nº 40/2012, alterando as Normas de Serviço para manifestar 
expressamente o entendimento que ora se busca sustentar. 
 
O mencionado Provimento alterou o Capítulo XIV das Normas de Serviço da 
Corregedoria Geral da Justiça, que atualmente estabelece: “129. É possível a 
lavratura de escritura de inventário e partilha nos casos de testamento revogado ou 
caduco ou quando houver decisão judicial, com trânsito em julgado, declarando a 
invalidade do testamento. 129.1. Nessas hipóteses, o Tabelião de Notas solicitará, 
previamente, a certidão do testamento e, constatada a existência de disposição 
reconhecendo filho ou qualquer outra declaração irrevogável, a lavratura de escritura 
pública de inventário e partilha ficará vedada e o inventário far-se-á judicialmente” . 
 
A manifestação da Corregedoria é necessária, e muito salutar, pois gera um 
ambiente de segurança para aqueles que temem assumir os riscos da interpretação, 
sejam tabeliães ou registradores a quem os títulos vierem a ser apresentados para 
acesso ao fólio real. 
 
Com efeito, a hipótese de invalidade do testamento, elencada pela 
Corregedoria paulista, deve ser precedida de decisão judicial, mas no caso de 
testamento revogado ou caduco, é desnecessária qualquer manifestação judicial, 
24 
 
sendo viável a lavratura da escritura, cabendo ao tabelião verificar a ocorrência da 
revogação ou a caducidade. 
 
A doutrina já se manifesta no mesmo sentido. Christiano Cassettari8 afirma, 
com propriedade, que “quando o legislador menciona, ‘havendo testamento’ se 
procederá ao inventário judicial, isso deverá ocorrer somente quando houver 
previsão expressa sobre disposição patrimonial que impeça a aplicação da sucessão 
legítima, alterando as regras de transferência da propriedade aos herdeiros 
legítimos, sob pena de chegarmos ao cúmulo de impedir que o inventário 
extrajudicial ocorra, por exemplo, no caso de o testador ter feito um testamento para 
revogar um anterior, para que em sua sucessão sejam aplicadas as regras da 
sucessão legítima”. O autor traz à baila situação que já enfrentei na prática notarial: 
clientes que, tomando conhecimento da Lei 11.441/07, decidiram revogar o 
testamento para que seus sucessores não precisem recorrer ao Judiciário, para que 
possam processar a sucessão administrativamente, entendendo que, com a 
revogação, por ocasião do óbito não terão testamento válido e eficaz a impedir a 
lavratura de escritura de inventário e partilha. 
 
Conclui Christiano Cassettari, comentando a nova redação das Normas da 
Corregedoria paulista: “acreditamos que essa regra em breve estará nas normas de 
serviços de todos os estados brasileiros, para que a população possa se beneficiar 
dela, permitindo que nesses casos o inventário possa ser feito, também, em 
cartório”. 
 
Anote-se, por fim, a existência de decisões judiciais admitindo a escritura 
pública de inventário e partilha ainda que exista testamento válido e eficaz (p. ex., 7ª 
Vara da Família e Sucessões, Comarca de São Paulo – Proc. nº: 0052432-
70.2012.8.26.0100). São decisões de vanguarda que certamente inspirarão o 
legislador a avançar. Sendo todos capazes e concordes com os termos do 
testamento, inclusive com eventuais gravames impostos pelo testador, o que justifica 
impedir o inventário e a partilha administrativos? Vale salientar que muitas pessoas 
evitam o inventário e a partilha com doações, impondo por vezes cláusulas 
 
8 CASSETTARI, Christiano. Separação, divórcio e inventário por escritura pública, 6ª edição. São Paulo: Método, 
2.013. 
25 
 
restritivas, o que não encontra qualquer óbice na legislação. Não deveria haver 
impedimento, também, que os beneficiários do testamento promovessem o 
inventário e a partilha administrativamente, como já afirmado. 
 
Uma decisão tomada pela 10ª Vara de Família e Sucessões, do Fórum João 
Mendes Júnior, em São Paulo (SP), admite a facilidadeda via extrajudicial para a 
realização da partilha de bens com testamento. 
 
De acordo com os autos, afirma o veredicto que “desde que todos os 
herdeiros sejam maiores e capazes, não haja criação de fundações entre os 
herdeiros testamentários e estejam todos de acordo com a partilha, o inventário 
poderá ser feito de forma extrajudicial por escritura pública no correspondente 
Cartório de Notas nos termos do artigo n° 2.015 do Código Civil”. 
 
No Estado de São Paulo a questão já foi regulamentada pelo provimento n° 
40/2012 que em seu artigo 129 prevê: É possível a lavratura de escritura de 
inventário e partilha nos casos de testamento revogado ou caduco ou quando 
houver decisão judicial, com trânsito em julgado, declarando a invalidade do 
testamento. 
 
Segundo o presidente da Associação dos Notários e Registradores do 
Estado do Paraná (Anoreg-PR) e vice-presidente do Colégio Notarial do Paraná 
(CNB-PR), Angelo Volpi Neto, “nunca entendemos a razão da vedação de inventário 
extrajudicial por testamento incluída na lei n° 11.441. Afinal, se os herdeiros são 
maiores e capazes e concordam com a disposição testamentária não há razão para 
obrigar o inventário judicial, muito menos se ele já caducou, ou seja, suas 
disposições perderam a validade”, afirma. 
 
Há até pouco tempo, partilhar bens e dívidas de um falecido entre os 
herdeiros tendia a ser algo demorado. Como a única via para esse processo era 
judicial, a formulação de inventários se estendia por meses ou até anos, devido a 
entraves legais previstos no Código de Processo Civil e o grande volume de 
processos levados ao Judiciário. 
 
26 
 
Em 2007, porém, entrou em vigor a Lei n° 11.441, que permitiu a realização 
do inventário e partilha através de tabelionato. O mecanismo, chamado de 
extrajudicial ou administrativo, criou uma opção menos custosa e mais ágil para 
solucionar o problema. 
 
“Em alguns casos, todas as questões relativas a um inventário extrajudicial 
podem estar resolvidas em um prazo de 15 a 30 dias, algo impensável quando a 
situação é levada aos tribunais”, afirma o vice-presidente da Anoreg-PR. Ele 
acrescenta que há um forte tendência em levar atos de jurisdição voluntária para os 
serviços notariais e registrais, preservando o Judiciário para a resolução de conflitos 
complexos e onde haja interesses de menores, como já acontece na maioria dos 
países. 
 
Em São Paulo e no Rio de Janeiro os tabeliães já fazem a carta de sentença 
de autos judiciais com absoluto sucesso. Ou seja, os advogados têm agora a opção 
de retirar os autos da vara cível e levá-lo a um tabelião. “O Colégio Notarial do 
Paraná já encaminhou à Corregedoria uma proposta para que o mesmo seja feito 
em nosso Estado”, pontua Volpi Neto. 
 
A Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por meio de 
seu Corregedor Geral, Valmir de Oliveira Silva, publicou no último dia 19 de março o 
Provimento de número 16/2014, que autoriza os notários de todo o Estado a 
lavrarem escrituras de inventários da Lei 11.441/07, mesmo que hajam testamentos 
caducos ou revogados, e a realizarem divórcios em casos que existam filhos 
menores ou incapazes, desde que as questões referentes à guarda e pensão 
alimentícia já tenham sido previamente resolvidas de forma judicial. 
 
A decisão foi baseada em uma sugestão feita pela Associação dos Notários 
e Registradores do Rio de Janeiro (Anoreg-RJ), que utilizou como argumento o fato 
de outros estados já realizarem esse procedimento de forma extrajudicial – caso dos 
Tabelionatos do Estado de São Paulo, que prestam este serviço desde 2012, em 
razão do Provimento 40/2012, publicado pelo então Corregedor Geral de Justiça, 
José Renato Nalini. 
 
27 
 
Confira abaixo o provimento na íntegra. 
 
Processo: 2013-039883 
Assunto: ESCRITURA DE INVENTARIO E PARTILHA. LEI N. 11.441/07. 
RES. N. 35/07 CNJ. CONSULTA 
 
PARECER 
 
 O ilustre Tabelião, consulta a Corregedoria Geral de Justiça a respeito da 
possibilidade de lavrar escritura de inventário e partilha, nos moldes da Lei 
11.441/2007, nas hipóteses em que o testamento foi revogado, caducou ou foi 
declarado inválido por decisão judicial transitada em julgado. 
 A indagação decorre da regra prevista no artigo 982 do CPC (com a 
redação introduzida pela Lei 11.441/2007) que prevê: 
 
 “Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao 
inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário 
e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro 
imobiliário. 
 
 Parágrafo único. O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as 
partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de 
cada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
CAPÍTULO 5 – DA AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO NACIONAL 
PARA O INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM 
TESTAMENTO 
 
 
O art. 982 do Código de Processo Civil foi alterado pela Lei 
11.441/07, passando a ter a seguinte redação: “Havendo testamento ou interessado 
incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, 
poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título 
hábil para o registro imobiliário”. 
 
Portanto, com o advento da Lei 11.441/07, permitiu-se o 
inventário e a partilha por escritura pública, a critério dos interessados, desde que 
todos sejam capazes e concordes, e não haja testamento. 
 
Inicialmente prevaleceu uma interpretação literal, pela qual a 
existência de testamento, ainda que caduco ou revogado[1], impedia a lavratura de 
escritura pública de inventário e partilha. 
 
Com o decorrer do tempo, tal interpretação passou a ser 
questionada, por algumas corregedorias Gerais Estaduais, tais como São Paulo, 
Minas Gerais e Rio de Janeiro. 
 
Apesar dos questionamentos e de algumas corregedorias se 
manifestarem favoravelmente ainda não há regulamentação Nacional para o 
Inventário e partilha extrajudicial com testamento válido, o que traz uma insegurança 
na sociedade, caso seja necessário registrar o ato em Cartório de Registro de 
Imóvel, cuja Corregedoria não prevê tal procedimento. 
 
O registrador imobiliário pode defender que a lei não permite a 
realização de inventário e partilha extrajudicial nos casos de testamento, 
independentemente do testamento encontrar-se nas situações descritas na escritura 
29 
 
objeto do registro, sendo para o mesmo, a existência de testamento deixado pelo 
“de cujus”, um fato impeditivo para o registro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
CAPITULO 6 - DA NORMATIZAÇÃO DO INVENTÁRIO E PARTILHA 
COM TESTAMENTO, PELAS CORREGEDORIAS GERAIS DE 
JUSTIÇA DOS ESTADOS DE SÃO PAULO, MINAS GERAIS E RIO DE 
JANEIRO. 
 
 
 Desde janeiro de 2007, a Lei nº 11.441 permite que 
inventários, divórcios e partilhas de bens consensuais sejam feitos diretamente em 
tabelionatos. Com essa medida, o artigo 982 do Código de Processo Civil (Lei no 
5.869, de 11 de janeiro de 1973) passou a vigorar com a seguinte redação: 
"havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se 
todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por 
escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário" (grifo 
nosso). 
 
Conforme decisão recente das Corregedorias Gerais de Justiça 
dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, é possível fazer 
inventário e partilha extrajudicial pelos Tabelionatos de Notas, nos casos onde “de 
cujus” deixa testamento caduco ou revogado, ou quando houver decisão judicial com 
trânsito em julgado declarando a invalidade do mesmo. 
 
A decisão das referidas Corregedorias, foram pautadas nos 
princípios que norteiam a Lei Federalnº 11.441/07, tais quais: capacidade civil das 
partes interessadas e concordância entre os herdeiros e legatários e no espírito do 
legislador em descongestionar o Poder Judiciário, somado ao fato, o conhecimento e 
a competência dos Notários para analisar os testamentos e verificar sua validada. 
 
A aprovação de regulamentações e decisões que permitem a 
realização desse tipo de procedimento pelos Cartórios é mais uma prova da 
importância do trabalho dos notários e registradores para toda a sociedade e da 
confiança da Justiça na função exercida por esses profissionais. 
 
31 
 
Não se sabe qual a razão da inclusão na Lei nº 11.441/07 da 
proibição de se fazer inventários extrajudiciais com testamento. Crê-se que a 
tendência é a mudança da lei neste sentido, pois, passados sete anos da vigência 
da mesma, ficou provado o grande avanço proporcionado às partes e advogados. 
 
A possibilidade de dar andamento a solicitações dos cidadãos 
que antes só eram resolvidas com intervenção da Justiça tem sido a grande 
contribuição dos cartórios para aceleração e agilidade do atendimento ao público. É 
o que chamamos de desjudicialização, fenômeno que tem o objetivo de agilizar as 
ações que não envolvem litígio. Além de eliminar demorados processos judiciais 
para a população, ainda contribui para reduzir a crescente pressão sobre os 
tribunais. 
 
A primeira Corregedoria Geral de Justiça a se manifestar a 
favor da realização do inventário e partilha extrajudicial pelos Tabelionatos de Notas, 
nos casos onde “de cujus” deixar testamento sendo ele caduco ou revogado, ou 
quando houver decisão judicial com trânsito em julgado declarando a invalidade do 
mesmo, foi a de São Paulo como descrito abaixo. 
 
A Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo 
editou o Provimento CG Nº 40/2012, alterando as Normas de Serviço para 
manifestar expressamente o entendimento que ora se busca sustentar. 
 
A Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, 
por meio de seu Corregedor Geral, Valmir de Oliveira Silva, publicou no último dia 19 
de março o Provimento de número 16/2014, que autoriza os notários de todo o 
Estado a lavrarem escrituras de inventários da Lei 11.441/07, mesmo que hajam 
testamentos caducos ou revogados. 
 
PROVIMENTO CGJ Nº 16/2014 
O Desembargador VALMIR DE OLIVEIRA SILVA, Corregedor-Geral 
da Justiça do Estado do Rio de Janeiro, no uso de suas atribuições 
legais e de acordo com o que dispõe o artigo 44, XX do Código de 
Organização e Divisão Judiciárias do Estado do Rio de Janeiro; 
 
32 
 
CONSIDERANDO que cabe à Corregedoria Geral da Justiça o 
estabelecimento de medidas para melhorar a prestação dos Serviços 
Extrajudiciais; 
CONSIDERANDO a necessidade de constante adequação dos 
serviços prestados pelas Serventias extrajudiciais no âmbito do 
Estado do Rio de Janeiro; 
CONSIDERANDO a necessidade de melhor interpretação das regras 
insertas na Lei Federal n° 11.441/2007, no que tange à proposta de 
desjudicialização por intermédio da lavratura de escrituras de 
divórcio, inventário e partilha; 
CONSIDERANDO as propostas apresentadas pela Associação dos 
Notários e Registradores do Estado do Rio de Janeiro – 
ANOREG/RJ, visando ao melhor atendimento dos usuários dos 
Serviços extrajudiciais; 
CONSIDERANDO a orientação normativa que já vem sendo adotada 
pelas Corregedorias Gerais da Justiça de outros Estados da 
Federação; 
CONSIDERANDO o decidido no processo n° 2013-039883; 
RESOLVE: 
Art. 1º - Acrescentar ao artigo 297 da Consolidação Normativa da 
Corregedoria Geral da Justiça – Parte Extrajudicial os §§ 1°, 2° e 3°, 
com a seguinte redação: 
 Art. 297. (...) 
§ 1°. Será permitida a lavratura de escritura de inventário e partilha 
nos casos de testamento revogado ou caduco, ou quando houver 
decisão judicial, com trânsito em julgado, declarando a invalidade do 
testamento. 
§ 2°. Nas hipóteses previstas no parágrafo anterior, o Tabelião 
solicitará, previamente, a certidão do testamento e, constatada a 
existência de disposição reconhecendo filho ou qualquer outra 
declaração irrevogável, a lavratura de escritura pública de inventário 
e partilha ficará vedada e o inventário deverá ser feito judicialmente. 
 
A decisão foi baseada em uma sugestão feita pela Associação 
dos Notários e Registradores do Rio de Janeiro (Anoreg-RJ), que utilizou como 
argumento o fato de outros estados já realizarem esse procedimento de forma 
extrajudicial – caso dos Tabelionatos do Estado de São Paulo, que prestam este 
serviço desde 2012, em razão do Provimento 40/2012, publicado pelo então 
Corregedor Geral de Justiça, José Renato Nalini. 
 
33 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante de todo o exposto, se entende que a lavratura das 
escrituras públicas de inventário e partilha não pode ser obstada pela existência de 
testamento revogado ou caduco, para que não se fira o espírito da lei. 
 
Acrescente-se a hipótese relacionada pelas Corregedorias 
Gerais de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro: quando houver decisão 
judicial, com trânsito em julgado, declarando a invalidade do testamento. Nas 
hipóteses ventiladas, não faz qualquer sentido remeter os interessados, 
necessariamente, para a via judicial. Havendo testamento válido e eficaz, desde que 
todos maiores capazes e concordes também não há motivos para que seja realizado 
judicialmente. 
 
Dessa forma, analisando os casos concretos acredita-se que 
no intuito de desafogar o judiciário e a celeridade do processo deve-se realizar o 
inventário extrajudicial, mesmo havendo testamento. 
 
Há falta de regulamentação Nacional é muito importante, pois 
colabora para a uniformização do entendimento. Ainda vivemos um momento de 
transição no qual alguns notários e registradores temem assumir o papel 
reconhecido em lei de profissionais do direito, necessitando de apoio em regras 
administrativas. 
 
As mudanças legislativas muitas vezes são tímidas, o que 
certamente impediu que, por ocasião da edição da Lei 11.441/07, se autorizasse a 
lavratura de escrituras de inventário e partilha mesmo havendo testamento válido e 
eficaz, na hipótese de herdeiros capazes. Certamente vamos avançar nesse sentido. 
 
 
 
34 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ALMADA, Renato de Mello. É absoluta a afirmação de que havendo testamento não 
pode o inventário ser realizado em Cartório? sexta- feira, 20 de setembro de 2013 – 
Internet. http://www.migalhas.com.br – visitado em 28/08/2014. 
 
ANOREG/BR. Admitido inventário extrajudicial com testamento. Terça, 29 de abril 
de 2014, 12:05. Fonte: Site Bom Paraná. http://www.anoreg.com.br - visitado em 
22/08/2014. 
 
BRANDELLI, Leonardo. Teoria geral do direito notarial. 4ª edição. São Paulo. 
Edditora Saraiva, 2011. p. 380-381. 
 
CAHALI, Francisco José, FILHO, Antonio Herance, ROSA, Karin Regina Rick, 
FERREIRA, Paulo Roberto Gaiger, Escrituras Públicas. Separação, Divórcio, 
Inventário e Partilha Consensuais. Análise civil, processual civil, tributária e notarial. 
2ª edição revista, atualizada e ampliada. Apresentação José Flávio Bueno Fischer. 
 
CAHALI, Francisco José; ROSA, Karin Regina Rick. In: CAHALI, Francisco José. 
Escrituras públicas: Separação, Divórcio, Inventário e Partilha Consensuais. 2ª 
edição São Paulo: RT, 2009. 
 
CASSETTARI, Christiano. Separação, divórcio e inventário por escritura pública: 
Teoria e Prática. Prefácio: Zeno Veloso. 6ª edição revista e atualizada. São Paulo: 
Editora Método. 
 
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