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IBMEC BUSINESS SCHOOL ROSIANE DA SILVA GUZZO DA POSSIBILIDADE DE INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO – AVANÇO DE ALGUMAS CORREGEDORIAS ESTADUAIS DE JUSTIÇA E AS CONSEQUÊNCIAS NO FÓLIO REGISTRAL POR AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO NACIONAL Rio de Janeiro 2014 ROSIANE DA SILVA GUZZO DA POSSIBILIDADE DE INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO – AVANÇO DE ALGUMAS CORREGEDORIAS ESTADUAIS DE JUSTIÇA E AS CONSEQUÊNCIAS NO FÓLIO REGISTRAL POR AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO A NACIONAL Projeto de Monografia apresentado ao IBMEC Business School como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós – Graduação em Direito Notarial e Registral – ANOREG – TURMA II, na disciplina Metodologia da Pesquisa. Orientadora do projeto: Profª. Eliete Figueira Batista da Silveira. Rio de Janeiro 2014 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus em primeiro lugar por estar presente em minha jornada, o que me fortaleceu até o momento para continuar a minha caminhada. A minha família que de forma direta ou indireta, estão presentes nos momentos em que mais preciso, passando confiança e carinho. À Professora Eliete Figueira Batista da Silveira, pela paciência e disponibilidade em me atender e orientar. Sumário INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 6 CAPÍTULO 1 – DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS (ART. 236 DA CF/88 E LEI FEDERAL Nº 8935/94) .......... 7 1.1 DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES.....................................................................................11 1.2 DA IMPORTÂNCIA DA LEI FEDERAL Nº 11.441/07 PARA A SOCIEDADE, PARA O PODER JUDICIÁRIO E PARA OS SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS. ..........................................................13 CAPÍTULO 2 – DA FISCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS ..............................14 2.1 - DA CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTIÇA ...........................................................................14 2.2 DAS CORREGEDORIAS ESTADUAIS DE JUSTIÇA .........................................................................15 CAPÍTULO 3 - DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL ...............................................................16 3.1 DO INVENTÁRIO E PARTILHA SOB A ÓTICA DA LEI FEDERAL Nº 11.441/07................................16 3.1.1 Da Resolução Do Conselho Nacional De Justiça Nº 35/2007 ..............................................17 3.1.2 Da Resolução do Conselho Nacional de Justiça nº 179/2013 .............................................19 CAPÍTULO 4 – DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO ...............................21 4.1 DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO VÁLIDO ...............................21 4.2 DO INVENTÁRIO E PARTILHA COM TESTAMENTO REVOGADO OU CADUCO, OU QUANDO HOUVER DECISÃO JUDICIAL COM TRÂNSITO EM JULGADO DECLARANDO A INVALIDADE DO TESTAMENTO ................................................................................................................................23 CAPÍTULO 5 – DA AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO NACIONAL PARA O INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO ..................................................................................................28 CAPITULO 6 - DA NORMATIZAÇÃO DO INVENTÁRIO E PARTILHA COM TESTAMENTO, PELAS CORREGEDORIAS GERAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS DE SÃO PAULO, MINAS GERAIS E RIO DE JANEIRO. ...........................................................................................................................................30 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................................34 Resumo: Não há dúvida de que a sociedade é realmente dinâmica. Portanto, atualmente, época marcada pelos avanços tecnológicos e onde sentimos, os efeitos da globalização. Por outro lado, o Direito tem se esforçado, e muito, para acompanhar a dinamicidade da sociedade. O Direito Notarial não é diferente, apesar dos avanços, falta uma normatização de âmbito Nacional regulamentando a Partilha e o Inventário Extrajudicial em caso de haver testamento mesmo válido e eficaz. E é nesta defesa que será embasado o presente trabalho e pesquisa. Palavras-chaves: Inventário – Partilha – Extrajudicial – Testamento. 6 INTRODUÇÃO Este trabalho irá tratar Da Possibilidade de Inventário e Partilha Extrajudicial com Testamento deixado pelo “de cujus” – Avanço de algumas Corregedorias Estaduais de Justiça e as Consequências no Fólio Registral por Ausência de Regulamentação Nacional, cuja matéria está inserida no Ramo do Direito Notarial e Registral. O objetivo principal será abordar a possibilidade de lavratura de escrituras públicas de inventário e partilha naqueles casos em que o “de cujus” deixa testamento. Porém o mesmo se encontra revogado ou caduco, ou com decisão judicial com trânsito em julgado, declarando a invalidade do testamento. Situações essas previstas nas Consolidações Normativas das Corregedorias Gerais da Justiça dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e os problemas que as partes irão enfrentar quando esses títulos tiverem que ser levados a registros em Cartórios, cuja Corregedoria Geral de Justiça não prevê tal situação. Nesse trabalho, pretendemos abordar também a possibilidade de inventário e partilha administrativo com testamento, nos casos em que o testamento não dispor de bens patrimoniais e daqueles em que mesmo dispondo de bens patrimoniais, todas as partes interessadas são maiores, capazes e estão de acordo com a partilha. Não pretendemos nesse trabalho falar da Lei Federal nº 11.441/2007 e de todos os benefícios que esta causou a sociedade, o que foram muitos, nem tampouco do enorme avanço que trouxe aos Serviços Extrajudiciais, nem tampouco dos procedimentos práticos cartorários regulamentados através da Resolução nº 35/2007, pelo Conselho Nacional de Justiça. 7 CAPÍTULO 1 – DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS (ART. 236 DA CF/88 E LEI FEDERAL Nº 8935/94) As atividades notariais e de registro estão previstas na Constituição Federal de 1988, no art. 236. Daí extrai-se a sua importância. O legislador, ao traçar as linhas do Estado Democrático de Direito, optou por alçar tais atividades a tema constitucionalmente relevante. Pode-se dizer, assim, que os serviços notariais e de registro compõem a estrutura constitucional do Brasil. O constituinte optou por prever constitucionalmente tais atividades, elevando-as a conteúdo de norma constitucional. Assim, apenas outra norma constitucional tem o condão de alterar o regime previsto no art. 236. As atividades notariais e de registro não integram a estrutura da Administração Pública, mas são atividades próprias do Estado, visto a previsão constitucional da delegação do seu exercício. Quanto ao conteúdo da norma, acredito tratar-se de norma materialmente constitucional, dada a importância estrutural de tais atividades. A eficácia, a validade e a segurança jurídica dos atos e negócios jurídicos são de suma importância para a existência de um Estado Democrático. Os serviços notariais e de registro são os repositórios públicos das diversas informações que norteiam a vida em sociedade. O Estado Democrático Direito pressupõe a segurança jurídica. Os serviços de notas e de registro são os destinados a garantir a segurança dos atos e negócios jurídicos. Então, poderíamosdizer que tais atividades são essencialmente instrumentos de efetivação do Estado Democrático de Direito. O art. 236 da Constituição dispõe sobre o regime jurídico aplicável às atividades notariais e de registro. E esse regime diz respeito ao exercício privado, à delegação a pessoas físicas pelo Poder Público, à remuneração dos particulares, à fiscalização do Poder Judiciário, à competência para estabelecer normas gerais sobre emolumentos, à forma de ingresso na atividade, e responsabilidades. 8 O parágrafo 1º do art. 236 da Constituição Federal determina que cabe a lei regular as atividades, disciplinar a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos registradores e de seus prepostos, e definir a fiscalização dos atos pelo Poder Judiciário. Sobre a Lei Federal Nº 8935/94, podemos citar que a mesma foi sancionada em 18 de novembro de 1994, sob o nº 8.935, pelo então Presidente Itamar Franco. Trata-se, portanto, de norma geral sobre a atividade notarial e de registro, abordando todos os assuntos a que fez alusão o mencionado parágrafo 1º do art. 236. Por conta disso, a Lei nº 8.935/94 ficou conhecida como a Lei dos Cartórios. Qualquer outra lei que dispuser de forma contrária ao disposto na Lei nº 8935/94 será tida como inconstitucional, por incompatibilidade com o regime constitucional. E o caso da responsabilidade civil dos notários e dos registradores. O art. 22 da Lei nº 8935/94 dispõe sobre a responsabilidade civil, determinando o seguinte: “Art. 22. Os notários e oficiais de registro responderão pelos danos que eles e seus prepostos causem a terceiros, na prática de atos próprios da serventia, assegurado aos primeiros direito de regresso no caso de dolo ou culpa dos prepostos”. Da leitura do mencionado dispositivo extrai-se que a responsabilidade extracontratual dos notários e dos registradores é objetiva, ou seja, independe da averiguação do dolo ou da culpa. Fugindo dessa regra, a Lei nº 6015/73 e a Lei nº 9492/97 estipularam regas de aplicação da responsabilidade subjetiva. O art. 28 da Lei nº 6015/73 possui a seguinte redação: “Art. 28. Além dos casos expressamente consignados, os oficiais são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que, pessoalmente, ou pelos prepostos ou substitutos que indicarem, causarem, por culpa ou dolo, aos interessados no registro”. 9 A primeira Lei foi sancionada em 1973, muito antes da Lei geral dos Cartórios. Aplica-se, nesta hipótese, a regra de que a lei nova revoga a anterior, bem como a regra de que a norma especial deve estar compatibilizada com a norma geral. Já a Lei nº 9.492/97 tratou de disciplinar a atividade dos Tabeliães de Protesto de Títulos. O art. 38 determinou que tais Oficiais respondam civilmente pelos atos praticados, mas sob a forma subjetiva de responsabilização. Vejamos: “Art. 38. Os Tabeliães de Protesto de Títulos são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou Escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso”. Se não fosse o status de norma de caráter geral da Lei nº 8935/94, o art. 38 da Lei nº 9492/97 teria aplicação irrestrita aos Tabeliães de Protesto, mesmo que pudesse parecer inadequado, frente aos demais Oficiais públicos titulares do exercício das unidades extrajudiciais, que respondem objetivamente pelos danos causados. Não existem motivos que justifiquem o tratamento diferenciado de tais profissionais, porquanto todos são integrantes da mesma categoria de agentes públicos em colaboração com o Poder Público. Luís Paulo Aliende Ribeiro: “Também não prevalece a regra da Lei n. 9.492/97, porque, ao estabelecer de modo geral regra referente à responsabilidade extracontratual de todos os delegados de notas e de registros, a Lei n. 8.935/94, no seu artigo 22, cumpriu, de forma exaustiva, o comando expresso no § 1º do artigo 236 da Constituição Federal de 1988. Consumada a atribuição dada ao legislador pelo constituinte com a opção legislativa por esse regramento geral e uniforme, comum aos delegados de todas as especialidades notariais e de registro, com este não se mostra compatível a posterior edição, parcelada e veiculada em leis editadas para regular os serviços de uma dada especialidade, de regras que possam se identificar como específicas e modifiquem, apenas para os delegados que exerçam tal 10 especialidade, questões inerentes à própria delegação, objeto de privativa de definição na mencionada lei geral. A regra que fixou definição de responsabilidade extracontratual distinta da prevista na Lei n. 8.935/94 apenas para os tabeliães de protestos, sem tratar dos tabeliães de notas e dos registradores, juridicamente iguais no que se refere à delegação, consta de lei que define competência e regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e que não poderia tratar de matéria relativa à própria delegação de modo diverso do estabelecido na Lei n. 8.935/94, razão pela qual não se ajusta ao sistema e caracteriza flagrante ofensa ao princípio da igualdade”. (RIBEIRO, Luís Paulo Aliende. Regulação da função pública notarial e de registro. – São Paulo : Saraiva, 2009, p. 124-125). Portanto, a responsabilidade dos Tabeliães de Protesto é objetiva, submetendo-se ao regramento normativo da Lei nº 8935/94. Convém aqui apenas indicar a existência de tese em que se defende a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva aos Notários e Registradores por meio da incidência do § 6º do art. 37 da Constituição Federal. Data venia, apesar dos argumentos fortes utilizados por seus defensores, o § 6º se aplica apenas às pessoas jurídicas de direito público e às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público. Os defensores dessa tese entendem que o constituinte se referiu às pessoas jurídicas de direito público, e às pessoas de direito privado, não trazendo exceção quanto as pessoas de direito privado, se jurídicas ou se físicas. Em verdade, não se pode concluir dessa forma, visto que a redação da Constituição foi clara ao referir-se apenas às pessoas jurídicas. Assim, o argumento da aplicação da teoria do risco administrativo consubstanciada no mencionado § 6º não merece prosperar (quanto os prestadores de serviços notariais e de registro). 11 1.1 DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES Os notários e registradores são considerados pela doutrina como agentes públicos, que no dizer de Maria Sylvia Zanella di Pietro é "toda pessoa física que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da Administração Indireta"1. A expressão agente público é mais ampla (que servidor público) e designa genérica e indistintamente os sujeitos que servem ao poder público, necessitando para sua caracterização o requisito objetivo, revestido pela natureza estatal da atividade desempenhada e o requisito subjetivo, a investidura na atividade estatal2, não podendo, desta forma, os notários e registradores serem enquadrados como servidores públicos. Os notários e registradores, como agentes públicos, receberam, de Celso Antônio Bandeira de Mello, a classificação de particulares em colaboração com a Administração através de delegação de função ou ofício público. Hely Lopes Meirelles classifica-os como agentes delegados conceituados como: Particulares que recebem a incumbência da execução de determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome próprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob a permanente fiscalização do delegante. Esses agentes não são servidores públicos, nem honoríficos, nem representantes do Estado; todavia, constituem uma categoria à parte de colaboradores do Poder Público. Nessa categoria encontram-se os concessionários e permissionáriosde obras e serviços públicos, os serventuários de ofícios não estatizados, os leiloeiros, os tradutores e intérpretes públicos, as demais pessoas que recebem delegação para a prática de alguma atividade estatal ou serviço de interesse coletivo.3 1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 437. 2MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1997. 149. 3MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 1997. p. 75. 12 A remuneração dos notários e registradores não é feita diretamente pelo Estado, e sim pelos particulares usuários do serviço, através do pagamento de emolumentos e custas, que são fixados por cada Estado. A lei federal estabelece normas gerais para fixação de emolumentos, sendo complementada pela competência concorrente dos Estados. A atividade notarial é exercida por particulares em colaboração com o Poder Público, através de delegação da função pública. Apesar de ser exercida em caráter privado, a atividade notarial exerce uma função pública, de garantia da segurança jurídica dos atos praticados pelos Tabeliães. A função registral tem por finalidade constituir ou declarar o direito real, através da inscrição do título respectivo, dotando as relações jurídicas de segurança, dando publicidade registral erga omnes (ou seja, a todos indistintamente), até prova em contrário. A relação de títulos passíveis de registro está enumerada no Código Civil, essa enumeração é taxativa, não se podendo acrescentar ou retirar situações de constituição de direitos reais. Veremos cada caso, nos capítulos seguintes. Nicolau Balbino Filho, ao analisar a função registral nos ensina ser uma pretensão constante que "o Registro seja uma fiel reprodução da realidade dos direitos imobiliários. A vida material dos direitos reais, bem como a sua vida tabular, deveriam se desenvolver paralelamente, como se a segunda fosse espelho da primeira. Com efeito, esta é uma ambição difícil de se concretizar, mas em se tratando de um ideal, nada é impossível; basta perseverar".4 4BALBINO FILHO, Nicolau. Direito Imobiliário Registral. 1ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p.35. 13 1.2 DA IMPORTÂNCIA DA LEI FEDERAL Nº 11.441/07 PARA A SOCIEDADE, PARA O PODER JUDICIÁRIO E PARA OS SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS. No dia 05 de janeiro de 2007, entrou em vigor no Brasil a Lei nº 11.441, que veio alterar certos dispositivos do Código de Processo Civil e instituir a possibilidade de separações, divórcios e partilhas por via extrajudicial. As mudanças provocadas pela Lei incidem tão somente no Estatuto Processual. No entanto, ela interessa diretamente ao direito material, em especial às áreas do Direito de Família e das Sucessões. A possibilidade de separação e divórcio por via extrajudicial, prevista na Lei 11.441/07, assim, traz em seu bojo algumas importantes vantagens, ou seja, diminui a burocracia nos dois procedimentos citados e nos de inventário, desafoga o Judiciário da enorme carga de processos do tipo e evita que os casais exponham ao Poder Judiciário os seus problemas de relacionamento. Fica, assim, evidente que a regra inova, ao atribuir aos cartórios de notas a competência para lavrar escrituras de separação, divórcio, inventário e as respectivas partilhas, permitindo aos interessados procurarem tais cartórios para lavrar tais escrituras em lugar de propor, na instância Judiciária, as respectivas ações, com todo o seu corolário de custos, lapsos consideráveis de tempo, audiências e outros procedimentos. Até recentemente, o cidadão somente tinha a via judicial como forma de atender as pretensões relacionadas à separação, divórcio, inventário e partilhas consensuais. Porém, visando facilitar a vida da população e desafogar o Poder Judiciário, ocorreu o advento da Lei nº 11.441/07, que, agora, permite que os mencionados procedimentos sejam feitos extrajudicialmente, por meio de escritura pública, em tabelionatos de todo o país. 14 CAPÍTULO 2 – DA FISCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS 2.1 - DA CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTIÇA A Corregedoria Nacional de Justiça, órgão do CNJ, atua na orientação, coordenação e execução de políticas públicas voltadas à atividade correcional e ao bom desempenho da atividade judiciária dos tribunais e juízos do País. O objetivo principal da Corregedoria é alcançar maior efetividade na prestação jurisdicional, atuando com base nos seguintes princípios: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 37 da Constituição Federal). O Conselho Nacional de Justiça, embora situado como órgão da estrutura do Poder Judiciário, não possui atribuições jurisdicionais, mas administrativas, conforme resulta da dicção do art.103-B, §4º, CF/88, ao estabelecer que “compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes”. Portanto, o Conselho Nacional de Justiça assume posição sui generis na estrutura do Poder Judiciário brasileiro, apresentando semelhanças ao extinto Conselho Nacional da Magistratura – CNM, introduzido na Constituição Federal de 1967 pela Emenda Constitucional n.º 07/77. A diferença entre um e outro é que o CNM possuía somente competência correcional dos atos praticados pelos magistrados5, ao passo que o CNJ cumula as atribuições de controle administrativo, financeiro e correcional, logo, ampliou consideravelmente o leque de funções. Não há olvidar que os tribunais pátrios possuem sistemas próprios de organização administrativa e financeira, todavia, mesclam tais atividades com o desempenho de atividade jurisdicional. No ponto, a diferença do CNJ, dado 5 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 12.ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.499. 15 concentrar seus esforços exclusivamente na atividade administrativa e financeira, sem espaço para sustentar exercício de atividade jurisdicional propriamente dita. Portanto, o Conselho Nacional de Justiça exerce o controle da atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura de hierarquia inferior ao Supremo Tribunal Federal, ao passo que este exerce o controle dos atos daquele. Na espécie, Alexandre de Moraes6 destaca que o STF tornou- se não somente a cúpula jurisdicional do Poder Judiciário, mas também a cúpula administrativa, financeira e disciplinar, pois todas as decisões do CNJ são passíveis de controle via ação originária na Suprema Corte (art.102, I, “r”, CF/88). 2.2 DAS CORREGEDORIAS ESTADUAIS DE JUSTIÇA A função da Corregedoria-Geral da Justiça, dentre outras atribuições, consiste na orientação, fiscalização e inspeção permanente sobre todos os juízes estaduais e servidores do foro judicial ou extrajudicial, sendo exercida em todo o Estado pelo Corregedor-Geral da Justiça, Corregedor da Justiça, Juízes Auxiliares da Corregedoria, por delegação, e, nos limites das suas atribuições, pelos Juízes de Direito. A Corregedoria Geral da Justiça é o órgão fiscalizador e normatizador dos procedimentos técnico-operacionais do Judiciário estadual. O Corregedor tem a função de fiscalizar o andamento dos ofícios de Justiça, ação que se faz por meio de correição e, para isso, ele conta com uma equipe constituída de juízes assessores e auxiliares, que, além de proceder às correições, são especializados por área do Direito e responsáveis em oferecer Pareceres ao Corregedor. 6 MORAES, Alexandre. Direito constitucional.19.ed. São Paulo: Atlas, 2006. p.483. 16 CAPÍTULO 3 - DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL 3.1 DO INVENTÁRIO E PARTILHA SOB A ÓTICA DA LEI FEDERAL Nº 11.441/07 No intuito de desafogar o Judiciário, em 05 de janeiro de 2007 passou a vigorar a Lei n. 11.44, os jurisdicionados sendo maiores e capazes, se assim optarem, através de procedimento administrativo, desde que acordes, sem conflito e assistidos por advogado, podem se ajustar livremente em inventário e partilha, separação e divórcio, por intermédio de escritura pública lavrada perante o cartório de notas, com força de título hábil para se exigir o cumprimento das cláusulas e condições aventadas. A Lei n. 11.441/07 deu nova redação ao caput do art.982 do CPC e introduziu o parágrafo único nesse dispositivo. A anterior limitava-se a impor a necessidade do inventário judicial mesmo sendo as partes capazes: “proceder-se- á ao inventário judicial, ainda que todas as partes sejam capazes”. A nova vestimenta do art.982 caput do CPC trouxe a possibilidade (“poderá”) dos interessados optarem pelo procedimento extrajudicial do inventário e à partilha dos bens, se “todos” forem capazes e concordes nos termos entabulados por escritura pública, que terá força de título hábil para averbar e registrar no Cartório de Registro de Imóveis as deliberações nela inseridas. O parágrafo único do art.982 do CPC é a novidade incluída com o designo de impor que todas as partes interessadas na lavratura da escritura pública para os fins do caput estejam “assistidas por advogado” que assinará o ato notarial, in verbis: "Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se- á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. 17 Parágrafo único. O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial” Conceitua-se o inventário como o procedimento que presta para descrever, avaliar e liquidar os bens pertencentes e deixados à época de sua morte pelo inventariado (de cujus) que será objeto de partilha e distribuição em favor dos seus sucessores o monte líquido de seus respectivos quinhões. O inventário judicial é obrigatório sempre que houver testamento ou figurar no pólo ativo, incapazes (art.982 caput início). Escolhendo o inventário extrajudicial, por escritura pública, os sucessores e interessados, através de advogado, comparecerão no escritório do profissional e contratarão seus serviços para verificar, inicialmente, se satisfazem os requisitos do caput (capazes e concordes quanto à partilha). Superada a legitimidade para o ato notarial, o advogado ouvirá as pretensões das partes quanto à partilha e se a divisão proposta obedece às regras legais previstas nos artigos 2.013 ao 2.022 do Código Civil. O advogado elaborará em seu escritório minuta do acordo quanto à partilha traçada que será enviada ao Cartório de Notas para a prévia conferência do Tabelião quanto aos termos e cláusulas convencionados, acompanhada dos documentos que comprovam a legitimidade dos interessados e a propriedade do falecido dos bens inventariados. Estando tudo regular, os interessados em dia e hora combinado com a repartição, pessoalmente ou por procurador munido de mandato com poderes especiais para esse mister, assistidos por advogado, assinarão perante o Tabelião a escritura pública do inventário. 3.1.1 Da Resolução Do Conselho Nacional De Justiça Nº 35/2007 18 Não obstante, faz-se necessário esclarecer que as divergências e as dúvidas suscitadas ante a aplicação da Lei 11.441/07, notadamente no que diz respeito a atuação dos tabeliães, levou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editar a Resolução nº. 35, de 24 de abril de 2007, visando pacificar a matéria. Em relação às disposições de caráter geral, a Resolução n. 35/2007 dá liberdade às partes para escolherem livremente o tabelião de notas, diferentemente do que ocorre no processo judicial, conforme estatuído no Código de Processo Civil. É necessário frisar a relevância do artigo 2° da Resolução 35/07 que assim dispõe: Art. 2º. É facultada aos interessados a opção pela via judicial ou extrajudicial; podendo ser solicitada, a qualquer momento, a suspensão, pelo prazo de 30 dias, ou a desistência da via judicial, para promoção da via extrajudicial. (BRASIL, Resolução nº35, de 24 de abril de 2007) O artigo deixa bem claro que são facultadas às partes a opção pela via judicial ou extrajudicial, podendo ser solicitada, a qualquer momento, a suspensão pelo prazo de 30 dias, ou a desistência da via. A utilização da via notarial não é uma imposição da lei, mas uma faculdade aos interessados7, conforme argumenta Humberto Theodoro Júnior. ( 2010, p. 220). Com a intenção de tornar menos oneroso o procedimento extrajudicial a Resolução 35/07, através dos seus artigos 4° e 5°, explica objetivamente os procedimentos que devem ser adotados pelo cartório no momento da cobrança pelos seus serviços, vedando a fixação de custas em percentual incidente sobre o valor do negócio jurídico, objeto dos serviços notariais. Com o fito de evitar fraudes e indicações tendenciosas, o artigo 9º da mencionada Resolução é taxativo em proibir ao tabelião a indicação de 7 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Procedimentos especiais. v. 3, 42. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. 19 advogado, devendo permitir que as partes contratem um profissional de sua confiança. Além disso, o tabelião é responsável pela exatidão de dados, sendo responsável por eventuais atos ilícitos praticados no exercício de sua atribuição, estando sujeito às sanções cíveis e criminais previstas nos art. 22 a 24 da Lei nº 8.935/94. Vê-se, pois, que o procedimento extrajudicial é célere e simplificado, mas isso não significa que os atos a serem praticados ficarão ao arbítrio dos responsáveis pela sua efetivação, haja vista que a Resolução dita normas procedimentais para evitar abusos por parte de tabeliães e operadores de direito. 3.1.2 Da Resolução do Conselho Nacional de Justiça nº 179/2013 Resolução CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ nº 179, de 03.10.2013 – D.J.E.: 04.10.2013. Altera a redação do art. 12 da Resolução nº 35, de 24 de abril de 2007, que disciplina a aplicação da Lei nº 11.441/2007 pelos serviços notariais e de registro. O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso das suas atribuições legais e regimentais, CONSIDERANDO o deliberado pelo Plenário do Conselho Nacional de Justiça no julgamento do ATO nº 0000227-63.2013.2.00.0000, na 175ª Sessão Ordinária, realizada em 23 de setembro de 2013; RESOLVE: Art. 1º O art. 12 da Resolução nº 35, de 24 de abril de 2007, passa a vigorar com a seguinte redação: 20 Art. 12. Admitem-se inventário e partilha extrajudiciais com viúvo(a) ou herdeiro(s) capazes, inclusive por emancipação, representado(s) por procuração formalizada por instrumento público com poderes especiais. [...] Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. 21 CAPÍTULO 4 – DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO 4.1 DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO VÁLIDO A proibição prevista na Lei Federal nº 11.441/2007, de se realizar inventário e partilha na esfera extrajudicial quando o “de cujus” deixa testamento, não faz menção das condições do testamento. Porém, algumasCorregedorias Estaduais de Justiça, tais como as de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, manifestaram-se contrariamente em relação a matéria, permitindo a possibilidade de se lavrar escrituras de inventário e partilha com testamento, nos casos do testamento estar caduco, ter sido revogado ou declarado nulo judicialmente. Entretanto, a matéria carece de regulamentação a título nacional. A Lei Federal nº 11.441, de 04 de janeiro de 2007, alterou dispositivos da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, possibilitando a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa”. De acordo com a referida lei, o art. 982 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, passou a vigorar com a seguinte redação: Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. De tal modo, se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. 22 Esta é outra questão jurídica pertinente ao tema se refere à possibilidade da realização do inventário e partilha extrajudiciais quando já existe um testamento elaborado pelo “de cujus”. A ideia de que seria impossível lavrar escritura pública de inventário, quando da existência de testamento, está equivocada, e essa afirmação se corrobora através da interpretação conjunta dos artigos 982 e 1.031 do Código de Processo Civil. O artigo 1.031 do Código de Processo Civil prevê três procedimentos de realização de partilha amigável, quando as partes forem capazes: termos nos autos do inventário; instrumento particular; ou por escritura pública. Neste mesmo artigo, há a ressalva da necessidade da homologação judicial como requisito de validade desses atos. Dessa explicação tiramos a conclusão de que, se as partes forem capazes e estiverem de acordo quanto à partilha, mesmo que o “de cujus” tenha deixado testamento, ela poderá ser feita por escritura pública, mas será necessária a homologação judicial. A diferença entre a escritura pública que lavra partilha amigável, prevista no artigo 1.031 do Código de Processo Civil, e a partilha consensual, artigo 982 do mesmo código (artigo alterado pela Lei nº. 11.441/07), é que a realização desta ultima é inviável ante a existência de testamento. No mais, ela não exige a homologação judicial para ser titulo válido, ao contrário da prevista no artigo 1.031. O notário poderá lavrar escritura pública, mesmo existindo testamento. Todavia, será necessária a homologação judicial. Esta afirmativa não terá validade quando houver partes incapazes, tendo em vista que o artigo 1.031 restringe apenas a partilha com partes capazes. O espírito do legislador não foi outro senão descongestionar o Poder Judiciário, portanto, é aconselhável que se regulamente a partilha e o Inventário extrajudicial no caso de haver Testamento de qualquer hipótese, desde que todos sejam maiores, capazes e concordes. 23 Em três Corregedorias Gerais Estaduais, já há normatização favorável quando há Testamento caduco, revogado ou declarado nulo judicialmente, falta apenas Testamento válido, desde que todos sejam maiores, capazes e concordes, não tem sentido excluir o testamento impedindo que o Inventário seja realizado extrajudicial, desafogando assim o judiciário e dando celeridade ao processo, obedecendo a vontade e o objetivo do legislador. 4.2 DO INVENTÁRIO E PARTILHA COM TESTAMENTO REVOGADO OU CADUCO, OU QUANDO HOUVER DECISÃO JUDICIAL COM TRÂNSITO EM JULGADO DECLARANDO A INVALIDADE DO TESTAMENTO A Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo editou o Provimento CG Nº 40/2012, alterando as Normas de Serviço para manifestar expressamente o entendimento que ora se busca sustentar. O mencionado Provimento alterou o Capítulo XIV das Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça, que atualmente estabelece: “129. É possível a lavratura de escritura de inventário e partilha nos casos de testamento revogado ou caduco ou quando houver decisão judicial, com trânsito em julgado, declarando a invalidade do testamento. 129.1. Nessas hipóteses, o Tabelião de Notas solicitará, previamente, a certidão do testamento e, constatada a existência de disposição reconhecendo filho ou qualquer outra declaração irrevogável, a lavratura de escritura pública de inventário e partilha ficará vedada e o inventário far-se-á judicialmente” . A manifestação da Corregedoria é necessária, e muito salutar, pois gera um ambiente de segurança para aqueles que temem assumir os riscos da interpretação, sejam tabeliães ou registradores a quem os títulos vierem a ser apresentados para acesso ao fólio real. Com efeito, a hipótese de invalidade do testamento, elencada pela Corregedoria paulista, deve ser precedida de decisão judicial, mas no caso de testamento revogado ou caduco, é desnecessária qualquer manifestação judicial, 24 sendo viável a lavratura da escritura, cabendo ao tabelião verificar a ocorrência da revogação ou a caducidade. A doutrina já se manifesta no mesmo sentido. Christiano Cassettari8 afirma, com propriedade, que “quando o legislador menciona, ‘havendo testamento’ se procederá ao inventário judicial, isso deverá ocorrer somente quando houver previsão expressa sobre disposição patrimonial que impeça a aplicação da sucessão legítima, alterando as regras de transferência da propriedade aos herdeiros legítimos, sob pena de chegarmos ao cúmulo de impedir que o inventário extrajudicial ocorra, por exemplo, no caso de o testador ter feito um testamento para revogar um anterior, para que em sua sucessão sejam aplicadas as regras da sucessão legítima”. O autor traz à baila situação que já enfrentei na prática notarial: clientes que, tomando conhecimento da Lei 11.441/07, decidiram revogar o testamento para que seus sucessores não precisem recorrer ao Judiciário, para que possam processar a sucessão administrativamente, entendendo que, com a revogação, por ocasião do óbito não terão testamento válido e eficaz a impedir a lavratura de escritura de inventário e partilha. Conclui Christiano Cassettari, comentando a nova redação das Normas da Corregedoria paulista: “acreditamos que essa regra em breve estará nas normas de serviços de todos os estados brasileiros, para que a população possa se beneficiar dela, permitindo que nesses casos o inventário possa ser feito, também, em cartório”. Anote-se, por fim, a existência de decisões judiciais admitindo a escritura pública de inventário e partilha ainda que exista testamento válido e eficaz (p. ex., 7ª Vara da Família e Sucessões, Comarca de São Paulo – Proc. nº: 0052432- 70.2012.8.26.0100). São decisões de vanguarda que certamente inspirarão o legislador a avançar. Sendo todos capazes e concordes com os termos do testamento, inclusive com eventuais gravames impostos pelo testador, o que justifica impedir o inventário e a partilha administrativos? Vale salientar que muitas pessoas evitam o inventário e a partilha com doações, impondo por vezes cláusulas 8 CASSETTARI, Christiano. Separação, divórcio e inventário por escritura pública, 6ª edição. São Paulo: Método, 2.013. 25 restritivas, o que não encontra qualquer óbice na legislação. Não deveria haver impedimento, também, que os beneficiários do testamento promovessem o inventário e a partilha administrativamente, como já afirmado. Uma decisão tomada pela 10ª Vara de Família e Sucessões, do Fórum João Mendes Júnior, em São Paulo (SP), admite a facilidadeda via extrajudicial para a realização da partilha de bens com testamento. De acordo com os autos, afirma o veredicto que “desde que todos os herdeiros sejam maiores e capazes, não haja criação de fundações entre os herdeiros testamentários e estejam todos de acordo com a partilha, o inventário poderá ser feito de forma extrajudicial por escritura pública no correspondente Cartório de Notas nos termos do artigo n° 2.015 do Código Civil”. No Estado de São Paulo a questão já foi regulamentada pelo provimento n° 40/2012 que em seu artigo 129 prevê: É possível a lavratura de escritura de inventário e partilha nos casos de testamento revogado ou caduco ou quando houver decisão judicial, com trânsito em julgado, declarando a invalidade do testamento. Segundo o presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado do Paraná (Anoreg-PR) e vice-presidente do Colégio Notarial do Paraná (CNB-PR), Angelo Volpi Neto, “nunca entendemos a razão da vedação de inventário extrajudicial por testamento incluída na lei n° 11.441. Afinal, se os herdeiros são maiores e capazes e concordam com a disposição testamentária não há razão para obrigar o inventário judicial, muito menos se ele já caducou, ou seja, suas disposições perderam a validade”, afirma. Há até pouco tempo, partilhar bens e dívidas de um falecido entre os herdeiros tendia a ser algo demorado. Como a única via para esse processo era judicial, a formulação de inventários se estendia por meses ou até anos, devido a entraves legais previstos no Código de Processo Civil e o grande volume de processos levados ao Judiciário. 26 Em 2007, porém, entrou em vigor a Lei n° 11.441, que permitiu a realização do inventário e partilha através de tabelionato. O mecanismo, chamado de extrajudicial ou administrativo, criou uma opção menos custosa e mais ágil para solucionar o problema. “Em alguns casos, todas as questões relativas a um inventário extrajudicial podem estar resolvidas em um prazo de 15 a 30 dias, algo impensável quando a situação é levada aos tribunais”, afirma o vice-presidente da Anoreg-PR. Ele acrescenta que há um forte tendência em levar atos de jurisdição voluntária para os serviços notariais e registrais, preservando o Judiciário para a resolução de conflitos complexos e onde haja interesses de menores, como já acontece na maioria dos países. Em São Paulo e no Rio de Janeiro os tabeliães já fazem a carta de sentença de autos judiciais com absoluto sucesso. Ou seja, os advogados têm agora a opção de retirar os autos da vara cível e levá-lo a um tabelião. “O Colégio Notarial do Paraná já encaminhou à Corregedoria uma proposta para que o mesmo seja feito em nosso Estado”, pontua Volpi Neto. A Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por meio de seu Corregedor Geral, Valmir de Oliveira Silva, publicou no último dia 19 de março o Provimento de número 16/2014, que autoriza os notários de todo o Estado a lavrarem escrituras de inventários da Lei 11.441/07, mesmo que hajam testamentos caducos ou revogados, e a realizarem divórcios em casos que existam filhos menores ou incapazes, desde que as questões referentes à guarda e pensão alimentícia já tenham sido previamente resolvidas de forma judicial. A decisão foi baseada em uma sugestão feita pela Associação dos Notários e Registradores do Rio de Janeiro (Anoreg-RJ), que utilizou como argumento o fato de outros estados já realizarem esse procedimento de forma extrajudicial – caso dos Tabelionatos do Estado de São Paulo, que prestam este serviço desde 2012, em razão do Provimento 40/2012, publicado pelo então Corregedor Geral de Justiça, José Renato Nalini. 27 Confira abaixo o provimento na íntegra. Processo: 2013-039883 Assunto: ESCRITURA DE INVENTARIO E PARTILHA. LEI N. 11.441/07. RES. N. 35/07 CNJ. CONSULTA PARECER O ilustre Tabelião, consulta a Corregedoria Geral de Justiça a respeito da possibilidade de lavrar escritura de inventário e partilha, nos moldes da Lei 11.441/2007, nas hipóteses em que o testamento foi revogado, caducou ou foi declarado inválido por decisão judicial transitada em julgado. A indagação decorre da regra prevista no artigo 982 do CPC (com a redação introduzida pela Lei 11.441/2007) que prevê: “Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. Parágrafo único. O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.” 28 CAPÍTULO 5 – DA AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO NACIONAL PARA O INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL COM TESTAMENTO O art. 982 do Código de Processo Civil foi alterado pela Lei 11.441/07, passando a ter a seguinte redação: “Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário”. Portanto, com o advento da Lei 11.441/07, permitiu-se o inventário e a partilha por escritura pública, a critério dos interessados, desde que todos sejam capazes e concordes, e não haja testamento. Inicialmente prevaleceu uma interpretação literal, pela qual a existência de testamento, ainda que caduco ou revogado[1], impedia a lavratura de escritura pública de inventário e partilha. Com o decorrer do tempo, tal interpretação passou a ser questionada, por algumas corregedorias Gerais Estaduais, tais como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Apesar dos questionamentos e de algumas corregedorias se manifestarem favoravelmente ainda não há regulamentação Nacional para o Inventário e partilha extrajudicial com testamento válido, o que traz uma insegurança na sociedade, caso seja necessário registrar o ato em Cartório de Registro de Imóvel, cuja Corregedoria não prevê tal procedimento. O registrador imobiliário pode defender que a lei não permite a realização de inventário e partilha extrajudicial nos casos de testamento, independentemente do testamento encontrar-se nas situações descritas na escritura 29 objeto do registro, sendo para o mesmo, a existência de testamento deixado pelo “de cujus”, um fato impeditivo para o registro. 30 CAPITULO 6 - DA NORMATIZAÇÃO DO INVENTÁRIO E PARTILHA COM TESTAMENTO, PELAS CORREGEDORIAS GERAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS DE SÃO PAULO, MINAS GERAIS E RIO DE JANEIRO. Desde janeiro de 2007, a Lei nº 11.441 permite que inventários, divórcios e partilhas de bens consensuais sejam feitos diretamente em tabelionatos. Com essa medida, o artigo 982 do Código de Processo Civil (Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973) passou a vigorar com a seguinte redação: "havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário" (grifo nosso). Conforme decisão recente das Corregedorias Gerais de Justiça dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, é possível fazer inventário e partilha extrajudicial pelos Tabelionatos de Notas, nos casos onde “de cujus” deixa testamento caduco ou revogado, ou quando houver decisão judicial com trânsito em julgado declarando a invalidade do mesmo. A decisão das referidas Corregedorias, foram pautadas nos princípios que norteiam a Lei Federalnº 11.441/07, tais quais: capacidade civil das partes interessadas e concordância entre os herdeiros e legatários e no espírito do legislador em descongestionar o Poder Judiciário, somado ao fato, o conhecimento e a competência dos Notários para analisar os testamentos e verificar sua validada. A aprovação de regulamentações e decisões que permitem a realização desse tipo de procedimento pelos Cartórios é mais uma prova da importância do trabalho dos notários e registradores para toda a sociedade e da confiança da Justiça na função exercida por esses profissionais. 31 Não se sabe qual a razão da inclusão na Lei nº 11.441/07 da proibição de se fazer inventários extrajudiciais com testamento. Crê-se que a tendência é a mudança da lei neste sentido, pois, passados sete anos da vigência da mesma, ficou provado o grande avanço proporcionado às partes e advogados. A possibilidade de dar andamento a solicitações dos cidadãos que antes só eram resolvidas com intervenção da Justiça tem sido a grande contribuição dos cartórios para aceleração e agilidade do atendimento ao público. É o que chamamos de desjudicialização, fenômeno que tem o objetivo de agilizar as ações que não envolvem litígio. Além de eliminar demorados processos judiciais para a população, ainda contribui para reduzir a crescente pressão sobre os tribunais. A primeira Corregedoria Geral de Justiça a se manifestar a favor da realização do inventário e partilha extrajudicial pelos Tabelionatos de Notas, nos casos onde “de cujus” deixar testamento sendo ele caduco ou revogado, ou quando houver decisão judicial com trânsito em julgado declarando a invalidade do mesmo, foi a de São Paulo como descrito abaixo. A Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo editou o Provimento CG Nº 40/2012, alterando as Normas de Serviço para manifestar expressamente o entendimento que ora se busca sustentar. A Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por meio de seu Corregedor Geral, Valmir de Oliveira Silva, publicou no último dia 19 de março o Provimento de número 16/2014, que autoriza os notários de todo o Estado a lavrarem escrituras de inventários da Lei 11.441/07, mesmo que hajam testamentos caducos ou revogados. PROVIMENTO CGJ Nº 16/2014 O Desembargador VALMIR DE OLIVEIRA SILVA, Corregedor-Geral da Justiça do Estado do Rio de Janeiro, no uso de suas atribuições legais e de acordo com o que dispõe o artigo 44, XX do Código de Organização e Divisão Judiciárias do Estado do Rio de Janeiro; 32 CONSIDERANDO que cabe à Corregedoria Geral da Justiça o estabelecimento de medidas para melhorar a prestação dos Serviços Extrajudiciais; CONSIDERANDO a necessidade de constante adequação dos serviços prestados pelas Serventias extrajudiciais no âmbito do Estado do Rio de Janeiro; CONSIDERANDO a necessidade de melhor interpretação das regras insertas na Lei Federal n° 11.441/2007, no que tange à proposta de desjudicialização por intermédio da lavratura de escrituras de divórcio, inventário e partilha; CONSIDERANDO as propostas apresentadas pela Associação dos Notários e Registradores do Estado do Rio de Janeiro – ANOREG/RJ, visando ao melhor atendimento dos usuários dos Serviços extrajudiciais; CONSIDERANDO a orientação normativa que já vem sendo adotada pelas Corregedorias Gerais da Justiça de outros Estados da Federação; CONSIDERANDO o decidido no processo n° 2013-039883; RESOLVE: Art. 1º - Acrescentar ao artigo 297 da Consolidação Normativa da Corregedoria Geral da Justiça – Parte Extrajudicial os §§ 1°, 2° e 3°, com a seguinte redação: Art. 297. (...) § 1°. Será permitida a lavratura de escritura de inventário e partilha nos casos de testamento revogado ou caduco, ou quando houver decisão judicial, com trânsito em julgado, declarando a invalidade do testamento. § 2°. Nas hipóteses previstas no parágrafo anterior, o Tabelião solicitará, previamente, a certidão do testamento e, constatada a existência de disposição reconhecendo filho ou qualquer outra declaração irrevogável, a lavratura de escritura pública de inventário e partilha ficará vedada e o inventário deverá ser feito judicialmente. A decisão foi baseada em uma sugestão feita pela Associação dos Notários e Registradores do Rio de Janeiro (Anoreg-RJ), que utilizou como argumento o fato de outros estados já realizarem esse procedimento de forma extrajudicial – caso dos Tabelionatos do Estado de São Paulo, que prestam este serviço desde 2012, em razão do Provimento 40/2012, publicado pelo então Corregedor Geral de Justiça, José Renato Nalini. 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de todo o exposto, se entende que a lavratura das escrituras públicas de inventário e partilha não pode ser obstada pela existência de testamento revogado ou caduco, para que não se fira o espírito da lei. Acrescente-se a hipótese relacionada pelas Corregedorias Gerais de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro: quando houver decisão judicial, com trânsito em julgado, declarando a invalidade do testamento. Nas hipóteses ventiladas, não faz qualquer sentido remeter os interessados, necessariamente, para a via judicial. Havendo testamento válido e eficaz, desde que todos maiores capazes e concordes também não há motivos para que seja realizado judicialmente. Dessa forma, analisando os casos concretos acredita-se que no intuito de desafogar o judiciário e a celeridade do processo deve-se realizar o inventário extrajudicial, mesmo havendo testamento. Há falta de regulamentação Nacional é muito importante, pois colabora para a uniformização do entendimento. Ainda vivemos um momento de transição no qual alguns notários e registradores temem assumir o papel reconhecido em lei de profissionais do direito, necessitando de apoio em regras administrativas. As mudanças legislativas muitas vezes são tímidas, o que certamente impediu que, por ocasião da edição da Lei 11.441/07, se autorizasse a lavratura de escrituras de inventário e partilha mesmo havendo testamento válido e eficaz, na hipótese de herdeiros capazes. Certamente vamos avançar nesse sentido. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMADA, Renato de Mello. 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(Artigo 236) http://www.ibdfam.org.br – visitado em 27/08/2014 http://www.migalhas.com.br/ http://www.anoreg.com.br/ http://www.ibdfam.org.br/ 35 JORGE, Alan de Matos. Inventário e partilha pela via administrativa. Civil. http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo _id=8230 - visitado em 25/08/2014 ás 22:00h. LEAL, José Hildor, Inventário, Partilha e Testamento. Colégio Notarial do Brasil - Conselho Federal. Categoria: Notarial http://www.notariado.org.br/blog/?link=visualizaArtigo&cod=262 - visitado em 16/08/2014. LEI FEDERAL Nº 11.441, de 04 de janeiro de 2007. LEI FEDERAL Nº 8935, de 18 de novembro de 1994. NETO, Angelo Volpí. Admitido Inventário extrajudicial com testamento. Artigo e teses que expandem o conhecimento jurídico. Http://www.jurisite.com.br – visitado em 30/08/2014. RESOLUÇÃO Nº 35, de 24/04/2007, do Conselho Nacional de Justiça. RESOLUÇÃO Nº 179, de 13/10/2013, do Conselho Nacional de Justiça. 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