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Docência na camisa de força?
Por Adriana Pedrenho
O que são esses tempos de ensino on-line não é mesmo? A verdade é que ninguém estava preparado para deixar o ambiente físico das interações síncronas: a sala de aula. Mas chegou um coronavírus com grande capacidade de contágio e um certo índice de óbito que preocupou e ainda preocupa e que já levou mais de 1 milhão de seres humanos em todo o planeta azul.
Numa tentativa de dar continuidade aos estudos na nossa universidade, foram criados grupos de trabalho que pesquisaram as melhores estratégias para finalmente iniciarmos esse período, que chamamos de “especial” e aqueles professores que resolveram arregaçar as mangas e entrar de cabeça na nova forma de ensinar estão precisando se reinventar a cada dia, criando desenhos didáticos de acordo com a estratégia de ensino. Um leque de novas possibilidades vem surgindo.
As teorias de processamento da informação pressupõem que a cognição humana pode ser amplamente compreendida “em termos do modo como os indivíduos processam informação mentalmente” (Alves, 1995, pp.17). E o quanto de informação pode ser despejada em uma aula expositiva universitária? E o quanto os alunos estão realmente capacitados para absorver esse conhecimento? Apesar de ser sabidamente pouco eficiente em termos de aprendizagem, ainda continuávamos a despejar o conteúdo programático durante as aulas expositivas, e existia uma pressão muito grande por parte das instituições de uma maneira em geral, tanto da comunidade discente como docente, para que tudo continuasse exatamente como estava. Pelo menos é o que vinha observando em mais de vinte anos de carreira acadêmica. Além disso, hoje em dia, o conceito de inteligência adquiriu um novo patamar, podendo percebê-la como a “capacidade humana de solucionar problemas de diversas ordens: afetiva, volitiva e cognitiva” (Sobral, 2013) e certamente os moldes de comunicação, utilizados na maior parte das vezes, estão longe de conseguir avaliar essa diversidade. Agora uma pandemia chegou para balançar esses pilares e de uma maneira em geral está sendo necessário reavaliar os moldes de ensino/avaliação no sentido de vislumbrar um futuro evolutivo para o dia-a-dia de uma sala de aula, seja ela on-line ou não. Essas mudanças estão vindo para ficar.
E, como poderíamos esperar, a primeira vez vem recheada de complicações. É a plataforma utilizada pela universidade que a cada passo de alteração na disciplina dispara um e-mail para todos os inscritos e também para o professor, no caso dos discentes que acabaram se inscrevendo em muitas disciplinas (eu considero mais que três inapropriado para esse tipo de momento), ficam com a caixa de e-mails lotada e acabam perdendo os avisos importantes pois não conseguiram ainda ter foco necessários para filtrar esses e-mails; essa questão também incide sobre os docentes que também podem estar como alunos em algum curso de formação continuada para ter subsídios exatamente para melhor fazer o desenho didático da sua disciplina. Mas essa questão de número máximo de disciplinas possíveis para o período especial parece não ter sido contemplada. Como foi priorizado os alunos que estavam atrasados é compreensível os motivos para os discentes estarem apavorados em ter 1 fórum para cada tema abordado na disciplina e muitos estão deixando o medo apavorar sem antes tentar, mas acreditem: “se pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais”.
Observando o amplo contexto no qual o professor se insere, podemos dizer que a inteligência necessária não se restringe a alguma habilidade ou capacidade em executá-la, mas sim de um conjunto amplo e diversificado de habilidades, as quais dependem não apenas das funções cerebrais, mas também de toda a estrutura corporal e psicológica do indivíduo. Eu acredito que é necessário mudar paradigmas da educação para criarmos ambientes acadêmicos mais adequados ao ensino e aprendizagem. Afinal, ser inteligente é inerente, mas muitas vezes se “está inteligente” e isso muda tudo, inclusive o próprio ponto de vista sobre o quê de fato é ser inteligente. 
“O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma.” Albert Einstein
Vamos acreditar e habitar o SIGAA !
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alves, J. Processamento da informação e inteligência. Lisboa: Edições FMH, 1995.
Hogeveen, J,; Salvi, C. and Grafman, J. ‘Emotional Inteligence’: Lessons from Lesions. Trends in Neurosciences, 23: 694-705
Houaiss, A. e Villar, M.S Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetivva, 2008.
Roberts, D. Can Research on the Genetics of Intelligence Be "Socially Neutral"? Hastings Cent Rep. 45(5 Suppl):S50-3, 2015
Sobral, O.J. Inteligência Humana: Concepções e Possibilidades. Ver. Cient. FacMais, 3: 31-46, 2013.

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