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NC-103 Natureza Tecnologia na Sociedade Contemporânea Arielly Siqueira de Medeiros-165807- Turma D (25-26/04/2020) Estudo dirigido capítulos 1, 2, 3 e 4. O capítulo um tem por objetivo mostrar uma reflexão entre as diferenças ocorridas com o tempo entre gerações, usando uma história que se passa em dois períodos. Primeiramente com “Enrico”, suas experiências de vida e superação, e um reencontro com o filho do mesmo “Rico”, onde ele conta como decorreu sua vida desde a adolescência. Mostrando também as diferenças entre o antigo capitalismo e o novo, e a relação dos personagens com a mudança do mesmo. O autor usa de tal história para refletir sobre as mudanças de períodos; como era a infância, trabalhos e sobrevivência na antiguidade, contemporaneidade, pré e pós modernidade; por exemplo como antes a confiança e lealdade estava bem atrelado ao conformismo do emprego, devido a estabilidade do serviço, e que neste mundo moderno onde ‘"Não há longo prazo" é um princípio que corrói a confiança, a lealdade e o compromisso mútuo”. (SENNETT, pág. 24, 2004). Há uma breve passagem sobre os preconceitos com os negros, imigrantes e pessoas de classe média, e como Enrico lidava com o mesmo, mostrando a indiferença, por achar que por não ter educação e ser um trabalhador braçal teria o “direito” de tratá-los como menos, desprovidos do direito de respeito, mesmo sendo hipócrita, por ter trabalhado com negros por muitos anos como similar, ou que seu próprio pai teria dificuldades com o inglês, mas o preconceito do personagem era seletivo, após ter “prosperado”. O capítulo rodeia as mudanças do trabalho, que antes era rígido e estático, hoje seria flexível, mas embora seguindo da vertente de que o novo capitalismo seja tão libertador, a dependência neste novo capitalismo é fomentada, uma vez que não há um real vínculo com o empregador e/ou profissão. O trabalhador fica à mercê de uma nova “mudança”. A linha entre a emancipação da rigidez do passado e a dependência pela falta de estabilidade, provida do “Não há longo prazo” é tão tênue que pode ser confundida com ficar à deriva empregatício e emocional em vez de uma verdadeira liberdade e benefícios neste novo preceito. A incerteza que Rico passou está a todo momento explicitada pelo autor, mostrando que em um período pequeno de tempo, o personagem se mudou quatro vezes, em busca de um compromisso, que nunca foi recíproco, até que então ele decide abrir sua empresa, mais ainda sim está dependente da burocracia. O personagem remete uma repulsa em ter semelhanças com a vida de seu pai, e ainda sim nesta nova forma de viver carrega o temor de não tem a base suficiente para preparar seus próprios filhos, que seu pai mesmo com a rigidez passou a ele. (SENNETT, pág. 17-32, 2004). A diferença de satisfação para com a própria vida também é diferenciada de uma geração para a próxima, onde em “uma conquista era cumulativa[...] mediam a vida doméstica pelas várias melhorias e acréscimos que haviam feito na casa de fazenda.” (SENNETT, pág. 14, 2004). Já Rico acreditava que ao contrário de seu pai, “manter-se aberto à mudança e correr riscos” (SENNETT, pág. 17, 2004) era sinal de sucesso. A formação do caráter é relacionado com as experiências a longo prazo das escolhas, emoções e superações que a pessoa encontra em sua própria vida, então como neste novo capitalismo, onde o foco está em se adaptar as mudanças e a falta de preocupação com o compromisso mútuo pode-se formar um caráter digno, de respeito, lealdade e principalmente ético. A complexidade do caráter é relacionada a falta de tempo para desenvolvê-lo neste novo capitalismo sem vínculo “real”. Por fim o autor faz-nos refletir sobre como realmente ocorreu tais mudanças, que as pessoas relacionavam as mudanças aos conflitos do futuro, e que a única solução para tal acontecimentos repentinos seria o improviso. Mas hodiernamente não há guerras, ou outros ocorridos e sim está atrelado as práticas relacionadas ao novo capitalismo. O capítulo acaba com um parágrafo que exprime exatamente a reflexão a ser considerada, uma vez que o ‘"Não há mais longo prazo" desorienta a ação a longo prazo, afrouxa os laços de confiança e compromisso e divorcia a vontade do comportamento”. (SENNETT, pág. 33, 2004), e que o comportamento flexível do personagem Rico o trouxe o sucesso, mas “está enfraquecendo seu caráter de um modo para o qual não há remédio prático”. (SENNETT, pág. 33, 2004). O capítulo dois tem por objetivo caracterizar o trabalho industrial e como ele afeta as pessoas e os personagens em diferentes períodos temporais, sua evolução e como o capitalismo afetou os direitos trabalhistas, como eram as características de diferentes vertentes abordadas pelo autor e suas bases de estudo. O tema de capitalismo industrial é abordado de duas vertentes totalmente diferentes, uma positiva por Diderot e outra negativa por Smith, onde eles abordam como a rotina afeta o caráter. Inicialmente tendo a rotina como positiva, tendemos a entender que era uma forma de aprendizado, por repetição e tendo como negativa, a rotina poderia ser limitante para o espírito. (SENNETT, pág. 35, 2004). A produção da fábrica de papel é citada como forma de concretizar que as divisões de trabalhos, não era algo para diminuir a complexidade do serviço a ser feito, e sim uma forma facilitadora, uma vez que cada um aprende seu “papel”, a evolução está em fazer melhorias individuais em seus trabalhos, como acelerar, saber moderar, usar de ferramentas para ter uma eficiência melhor. O uso de comparação as artes, é bem utilizada, para fundamentar ainda mais o ponto de vista de Diderot, em virtude que um ator ou atriz ensaia suas falas infinitamente, até acreditar estar perfeita, tendo isso, o artista aprende formas de ensaio melhor para “gravar” suas falas. (SENNETT, pág. 35-39, 2004). Como Diderot, Smith usa da produção de alfinetes antigos para fundamentar sua tese, onde a divisão de tarefas, embora seja eficaz para o “fabricante”, é autodestrutivo ao indivíduo, uma vez que a pessoa faz somente seu papel simples a vida toda, ou grande período dela, ele se torna uma pessoa limitada de “saberes” e consequentemente a ignorância o consome. Que para Diderot é uma forma de controle, para Smith degrada o caráter humano e o apazigua. (SENNETT, pág.39-41, 2004). A falta de controle do trabalhador pelo trabalho, faz ao fato de o empregador não precisa ensinar o trabalho integro a todos os serviçais e sim só o suficiente para cada área, ou seja, um indivíduo sabe seu “papel” na montagem da “carcaça” do carro em uma produção, mas não sabe o do colega que trabalha em uma parte mais específica como a montagem do motor. E é isso que Smith repudia, pois o controle de metade somente, torna o indivíduo uma pessoa ignorante, e a formação de seu caráter pode ser afetado, pelo conformismo de só “montar a carcaça”. Tendo os dois pensamentos como base para uma vida, nota-se que o próprio personagem Enrico esteve presente nas duas formas de “definição” para a rotina diária que ele teve durante sua vida, como é citado por SENNETT (pág. 49, 2004). “Enrico criou uma narrativa positiva para a sua vida. A rotina pode degradar, mas também proteger; pode decompor o trabalho, mas também compor uma vida”. A reflexão estimulada pelo autor é mais uma vez na diferença entre gerações e como isso afeta o próprio ser, uma vez que “Imaginar uma vida de impulsos momentâneos, de ação a curto prazo, despida de rotinas sustentáveis, uma vida sem hábitos, é imaginar na verdade uma existência irracional”. (SENNETT pág. 50, 2004). Refletindo sobre o que significará para o ser humano a flexibilidade, a falta de rotina, provida de experiências de longo prazo, o que pode afetar o caráter, pelo fato de não desenvolve-lo, e como será o exemplo a ser dado as próximas gerações sobre o mundo,a rotina, o caráter e/ou a falta de enraizamento de vínculos. O termo de flexibilidade derivou-se do simples ato de uma árvore mesmo com a ventania, ela volta ao “normal” após entortar, e o comportamento humano de se adequar as adversidades, e ainda assim não se “quebrar” vai pela mesma força tênsil. (SENNETT pág. 53, 2004). Os sistemas “modernos” que seguem esta mesma vertente tem como base três elementos. A reinvenção descontinua das instituições baseava-se na divisão de tempo com a flexibilidade em aquelas mudanças no qual não afetavam completamente o futuro, pois ainda tinham vínculo com o que no passado, e as mudanças no qual alteravam completamente e irreversivelmente, tanto na presente mudança como no futuro. Com isso as empresas sempre estavam em buscas de mudanças, em razão da pressão de quantidades por exemplo, que muitas vezes nem era necessário, em razão da “demanda e oferta”. (SENNETT pág. 56, 2004). Um termo que ficou conhecido para as demissões em massa, foi a “reengenharia”, uma vez que os empresários sempre buscavam nele a solução para a “falta de flexibilidade” ou “falta de mudanças”, embora muitas instituições sempre quisessem uma nova reinvenção, não era eficaz e fracassavam. (SENNETT pág. 57, 2004). certo. “Especificamente, o novo regime atacou os males da rotina em nome da maior produtividade". (SENNETT pág. 57, 2004). Devido à “volatilidade da demanda do consumidor”. (SENNETT pág. 59, 2004) Entramos no segundo elemento que o novo capitalismo usa como base: a especialização flexível que consiste em inovar, em razão da grande demanda do consumidor, uma vez que este mercado é tão volátil, que em vez de antes com o fordismo, as empresas se “ajudam” para inovar juntas, oferecendo produtos o mais rápido possível. A tecnologia é um grande alicerce, pois neste elemento é preciso de decisões rápidas, para minimizar os prejuízos e viabilizar a flexibilidade. (SENNETT pág. 60, 2004) As economias são baseadas em dois moldes de industrialização, no qual o “Reno” é mais “sensível” com os trabalhadores, ou seja, os salários e a comunicação com o Estado são mais estáveis, mas em contrapartida a disponibilização de empregos é mais precária. Enquanto o “Anglo-americano” há mais empregos para a população, a desigualdade salarial é disparada, e a falta de estabilidade com o Estado precariza a vertente. (SENNETT pág. 61-62, 2004) Embora os dois eixos de moldes para a economia sejam totalmente diferentes, os dois são bons, mas depende da perspectiva que está “olhando”, uma vez que um os salários e interferências do Estado é estável, e igualitário, não há tanta disponibilização de empregos, enquanto o outro há a desigualdade salarial, mas a disponibilização de empregos para a população é admirável. Tendo um regime flexível como molde, abre “portas” para a concentração sem centralização, uma vez que o trabalhador tem mais “controle” de seu serviço, o que é enganoso, mas sim a fragmentação do processo, a fim de potencializar a produção. O que beneficiou as mulheres, uma vez que com a divisão de horários, as mulheres podiam trabalhar meio períodos, e serem mães em tempo integral. Mas embora tenham trazidos benefícios a fragmentação causou a falta de vínculo com o trabalho ou profissão, no qual como foi citado por Sennett (pág. 63- 64,2004) os trabalhadores iam embora quando davam seu horário. Tendo os erros nesta troca de turnos, causava desperdícios, por exemplo numa panificadora, que enquanto uns saiam, e outros entravam, os pães queimavam, mas embora isso acontecesse, não podemos dizer que tais trabalhadores eram irresponsáveis, mas sim que tinham suas próprias preocupações após seu horário de serviço. Tendo todas estas mudanças em privilégio, do empregador, do desenvolvimento das indústrias e dos métodos de fomentar a economia nacional ou empresarial, o trabalhador artesanal ou até mesmo um funcionário de uma empresa, é prejudicado, uma vez que tais pessoas ficam a mercê, na deriva. A falta deste apego com o “longo prazo” e/ou com o trabalhador, ocasiona em desmotivação, dependência econômica e emocional, em razão da consequente falta de vínculo do trabalhador para com a profissão. As pessoas que estão totalmente à vontade com este novo capitalismo, tem traços de espontaneidade, mas em contrapartida, a pessoa começa a se autodestruir, por tentar viver da mesma forma que pessoas mais “à cima”, como cita Sennett (pág. 73,2004) “Os três elementos do sistema de poder flexível corroem o caráter de empregados mais comuns que tentam jogar segundo as mesmas regras.” O capítulo quatro consiste em fundamentar as evoluções e diferenças de métodos no campo da industrialização dos serviços, que antes eram feitos por trabalhadores, individualmente e progressivamente. A panificadora foi citada para auxiliar nisso, o que hoje são “feitos” por máquinas e o ser humano somente apertando botões. Antigamente eram feitos artesanalmente, desde a mistura dos ingredientes, que diferenciando das máquinas que tem uma quantidade exata, os padeiros os colocava “à olho”, até homogeneizar as massas, que necessitavam de músculos fortes e paciência, que após a modernidade da industrialização, há máquinas específicas para cada fase do processo. Esta industrialização causou aos trabalhadores a indiferença, com as adversidades, com a insatisfação com a própria profissão, como mostra numa fala, onde Sennett (pág.75-81, 2004) conversa com os funcionários da panificadora, onde geralmente há uma paralização, devido à problemas com as máquinas. Mesmo com o enfurecimento dos funcionários, por terem que parar a produção, por não saberem repará-la, e ficarem à deriva e dependência de tais maquinários, mesmo sabendo fazer pães artesanalmente. As similaridades das indiferenças com o emprego dos trabalhadores são óbvias: “Não importa; não vou ficar fazendo isso o resto da vida. Repetidas vezes as pessoas me disseram a mesma coisa com palavras diferentes: Não sou padeiro mesmo”. Como Sennett (pág. 81, 2004) pontua. Está forma de flexibilidade definia seu lugar na sociedade, onde um bom “Grego” era um bom trabalhador, e um “negro” era sinal de pobreza, que os trabalhos para tais classes, eram de trabalhos braçais. Mas que com está flexibilidade, tais classes como negros, mulheres ou imigrantes, tiveram uma “chance” para trabalhar, afinal tais classes que antes para os Gregos afetava, hodiernamente não mais. Mas agora o que seria um bom trabalhador, que antes era vinculado a glória ou envergonhamento familiar, para estimular um serviço melhor para os Gregos. Hoje seria a falta de importância com o vínculo empregatício, o conhecimento de tecnologias e/ou a falta dele. Os funcionários não eram indiferentes no fato de querer fazer seu próprio serviço, e sim por não conseguirem fazê-lo por falta de conhecimento, e qualquer problema os impedia do mesmo. Tal fato não ocorreu de uma hora para outra, foi a cada sentimento de impossibilidade, a cada paralização na produção e tais funcionários ficarem a mercê. Como cita Sennett (pág. 85, 2004) “Os padeiros sentiam o impulso de enfrentar o problema, mas a tecnologia os deixava perplexos”. As máquinas não foram feitas para prejudicar os trabalhadores, e sim servi- los, como exemplifica Sennett (pág. 86, 2004) sobre um artista e a máquina que iria auxiliá-lo em sua área. Mas embora elas não foram feitas para “atrasar” os trabalhadores em seus serviços, foi a causa do distanciamento e conflitos decorrentes da industrialização do novo capitalismo. “Quando a mulher na padaria diz "padaria, sapataria, gráfica, é só dizer" (SENNETT pág. 87, 2004), ela não quer se autodiminuir; embora ela não tenha uma problematização em relação ao próprio trabalho, ela consequentemente é indiferente a ele, uma vez que pra ela independe em qual ramo esta, afinal ela “só aperta botões”, podendo tambémser uma característica de auto adaptação. Mas a falta de autoidentificação é um primordial para prejudicar a formação do caráter. “As pessoas podem sofrer de superficialidade ao tentar ler o mundo em torno delas e a si mesmas”. (SENNETT pág. 88, 2004). Referências: SENNETT, Richard. A corrosão do caráter – consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. 8a Ed. Rio de Janeiro. Record, 2004 (Capítulos 1, 2, 3, 4).