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A CORRELAÇÃO ENTRE A CULTURA DO ESTUPRO E O GÊNERO MÚSICAL PAGODE BAHIANO

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IDH- Índice de Desenvolvimento Humano 
TJ-BA- Tribunal de Justiça da Bahia 
CRMQ- Centro de Referência Maria Quitéria 
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 04
2 JUSTIFICATIVA 05
3 OBJETIVOS 05
3.1 OBJETIVO GERAL 05
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 05
4 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA 06
5 METODOLOGIA 09
5.1 DESCRIÇÃO DO CONTEXTO 09
5.2 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES 09 
5.3 COLETA DE DADOS 10
5.4 ANÁLISE DE DADOS 11
6 RESULTADO 11
6.1 ANÁLISE DOS DISCURSOS 11
7 DISCUSSÃO 13
8 CONCLUSÃO 17
9 REFERENCIAS 18
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo conhecer a correlação existente entre a cultura do estupro e o gênero musical pagode. Tendo como base um estudo realizado na cidade de Feira de Santana-Bahia, no qual houve a participação de quatro homens maiores de idade, consumidores desse gênero musical.
Ao se elucidar a palavra cultura, tende sempre a associa-la como algo positivo e germano. No entanto, quando se fala sobre a “cultura do estupro” o viés leva a problematização da discussão sobre esse termo. A cultura do estupro, é, em termos gerais definida com a banalização e a normatização do crime do estupro pela sociedade que compactua e estimula diretamente e indiretamente. 
Por conta de uma construção sócio-histórica criou-se uma representação social da mulher, sempre ligando o seu comportamento a um víeis da lubricidade. A mulher até os dias atuais, por muitos, ainda é vista como objeto de domínio masculino e existente para suprir suas necessidades sexuais. Tornando o estupro, em seu mais amplo significado, uma cultura e acaba por refletir no comportamento e nas relações sociais. Um dos aspectos contaminados é a musicalidade que tem acentuado a uniformização da cultura do estupro, as letras de determinadas músicas reforçam essa ideia e sem perceber as pessoas contribuem ainda mais para essa perpetuação, na região nordeste as músicas de pagode cada vez mais vem ganhando esse viés.
O pagode baiano, estilo musical derivado do samba de roda, da conga e dos cânticos do candomblé, mas com o tempo foram inseridos instrumentos eletrônicos e possui aspectos de outros estilos diversos, como o funk (LISBOA, 2017). O termo “pagode baiano” está incluído do cerne musical baiano contemporâneo rotulado de “axé music”, expressão forjada pela mídia na década de 80. Quando a indústria musical baiana celebrava a visibilidade nacional, alcançados por alta comercialização e popularidade, ultrapassando os limites geográficos, deixando o lugar a margem e reivindicando o seu valor. Ao analisar sua origem, em função de ser uma música produzida por jovens das camadas populares, negros e de pouca ou nenhuma escolaridade negra e pobre, e então ao popularizar-se as realidades discursivas ainda possuem um olhar antigo, principalmente, na imagem da mulher (NASCIMENTO, 2009), assim “existe o termo 'baixo astral' para classificar as músicas de cunho muito sexual ou que sejam ofensivas às mulheres” (LISBOA, 2017).
O trabalho, no entanto, buscará refletir acerca dos papeis de gênero retratados nas músicas, analisar como as músicas baianas podem influenciar na solidificação da cultura do estupro, analisar o comportamento masculino que favorecem a perpetuação da cultura, compreender como se aplicam as letras analisadas e sua correlação com a sociedade, consequências dos discursos retratados nas letras e o papel da psicologia nesse processo de desconstrução.
2 JUSTIFICATIVA
O interesse pelo trabalho deriva em compreender a singularidade dos processos pelos quais a sociedade se estrutura, e o olhar sobre a figura feminina correlacionada com a cultura do estupro. Dando assim uma perspectiva maior ao pressuposto de que embora haja um avanço e uma exposição muito grande de grupos minoritários militantes, a questão do olhar sobre a mulher como objeto ainda é algo normalizado que se solidifica e se perpetua mais e mais a cada geração. Através de recursos fundamentais pôde-se buscar a compreensão deste processo e ter um olhar mais amplo sobre tal questão.
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Realizar uma análise na atuação da cultura do estupro na nossa sociedade perpetuadas e expostas nas letras das músicas de pagode baiano. 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Refletir sobre os papeis de gênero retratados nas músicas.
· Analisar como as músicas de pagode baiano podem influenciar na perpetuação da cultura do estupro.
· Analisar os discursos e o comportamento masculino que favorecem a manutenção da cultura do estupro.
· Compreender como se aplicam as letras analisadas e sua correlação com a sociedade.
· Mostrar o papel do psicólogo para o rompimento da cultura do estupro.
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
Desde 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, estupraram as nativas e as escravas (GUIA MUNDO EM FOCO, 2016, p. 33) e até hoje a cultura do estupro está presente na sociedade. A história do Brasil acabou sendo construída com base na violência contra as mulheres, durante muito tempo tal conjunção era avaliada como uma pratica natural. Entre os homens negros, normalmente era escolhido uma para ser o “reprodutor”, aquele que se destacava pela aparência mais saudável e forte, que tinha como principal função estuprar as mulheres negras para engravidá-las, e gerando “futuros’’ escravos que seriam comercializados e posteriormente exerceriam alguma função que atendesse as necessidades de seus donos, gerando mais mão de obra, e por consequência maior fartura. “A maioria dos antepassados foram gerados por estupros. Mulheres negras e índias, que sem opção da escolha de parceiros afetivos, eram obrigadas a gestar numerosas proles resultantes destes estupros. ’’ (GELÉDES, INSTITUTO DA MULHER NEGRA, 2016)
Com o nascimento de uma criança, várias expectativas são inconscientemente desdobradas sobre elas, se for menino, espera-se que ele seja “valente’’, caso for menina, esperam que seja delicada. Como se houvesse um comportamento já pré-determinados para cada gênero. "O conceito de gênero surge para questionar a ideia de uma essência ou natureza que explique os comportamentos", afirma a pesquisadora Jane Felipe de Souza, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). "Os homens são ensinados a usarem a agressividade de maneira violenta, desde a infância são estimuladas a vivenciaremsua sexualidade até um ponto de serem reconhecidos como pessoas que 'precisam de sexo', 'que perdem a cabeça por sexo', que se tornam praticamente 'irracionais' quando o assunto é sexo", explica (GOMES, Izabel Solyszko. Feminicídios: um longo debate. Rev. Estud. Fem. vol.26, n.2, 2018). Isso faz com que as pessoas pensem que o estupro é uma questão de sexo e sexualidade, quando o estupro na verdade é uma questão de violência porque se trata de uma agressão bárbara e brutal que invade o corpo de outra pessoa.
Por conta de uma influência histórica-social acabou-se criando uma representação social da mulher, sempre voltada a um víeis sexual do seu comportamento. A figura feminina até hoje, por muitos, é tachada como submissa ao homem, e o seu corpo sendo objeto de domínio deste. Essa hierarquia entre homem e mulher tornou-se por muito tempo o estupro como uma cultura, e que acaba refletindo até hoje no comportamento da sociedade como um todo.
“No início do século XX, com a primeira onda do feminismo, as mulheres começaram a perceber que as divisões e desigualdades às quais estavam submetidas com relação aos homens não eram justas nem impostas pela natureza, mesmo acontecendo em várias culturas e momentos históricos diferentes” (PISCITELLI, 2004). “Com isso, passaram a questionar e perceber que essas desigualdades poderiam estar ancoradas nas concepções do ser homem e do ser mulher postas como inconciliáveis e dicotômicas: a mulher, concebida como um ser puramente emocional, predisposta para a afetividade e a maternidade, responsável pelo espaço doméstico; e o homem, definido por meio das habilidades, agressiva, racional e viril, responsabilizando-se pelo sustento da família. ’’ (FREIRE COSTA, 1999).
O termo cultura do estupro foi criada por volta da década de 70 por grupos de feministas americanas e, usado para abordar as maneiras em que a sociedade culpa as vítimas de assédio sexual e normaliza o comportamento sexual violento dos homens.
A sociedade, quando toma conhecimento de um estupro, passa a estigmatizar a vítima, muitas das atitudes e ou vestimentas das mulheres acabaram sendo tachados como provocação ao homem, e toda atitude deste contra ela, acaba sendo justificada por um comportamento dela. “Mas olha roupa dela provocante”, “Se estivesse em casa isso não teria acontecido’’, “Mas ela estava de short curto’’ – estes são alguns exemplos de argumentos comumente usados na cultura do estupro.
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no ano de 2014, para 58,5% dos entrevistados o comportamento feminino influencia na prática do estupro, tal dado demonstra claramente como a cultura do estupro está enraizada na sociedade.
A restrição da liberdade da mulher pelo medo de ser estuprada, violentada, ou até mesmo morta pelo simples fato de sua condição feminina, é a exata definição prática de cultura do estupro. Ou seja, a aceitação e a normalização da prática do estupro numa sociedade torna-se um fenômeno grave e que precisa ser investigado.
O silenciamento e a culpabilização das vítimas são alguns dos principais artifícios da cultura do estupro. "Se o sigilo falha, o agressor ataca a credibilidade de sua vítima. Se não consegue silenciá-la totalmente, ele tenta se certificar de que ninguém lhe dê ouvidos. ” (Judith Lewis Herman; Trauma and Recovery; 1992).
Segundo uma pesquisa realizada pela ActionAid no ano de 2016, cerca de 86% das mulheres brasileiras ouvidas sofreram assédio em público em suas cidades. No Atlas da Violência 2018, apresentado pelo IPEA e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) houve 49.497 registros de casos de estupros. O que demonstra que quanto mais forte é a cultura do estupro no país, mais estupros ocorrem.  
No processo de construção social foi cristalizado uma representação social acerca da mulher e de seu comportamento. Representações essas que para Moscovici (1978) são quase concretas, estão em constante movimento mediadas por aspectos culturais como a fala, os gestos que formam um tipo de conhecimento encarregada da fabricação de comportamentos e a comunicação entre os indivíduos.
Por ser uma cultura e já estar enraizada na sociedade, um dos aspectos contaminados é a musicalidade que tem reforçado a normatização da violência e que de tão comum, torna-se “invisível’’ aos olhos da população. As letras de músicas reforçam e perpetuando essa ideia. Na região nordeste as músicas de pagode cada vez mais vêm ganhando esse viés.
Na Bahia, foi aprovada uma lei de número 12.573 no dia 11 de abril de 2012 chama de “Anti-baixaria’’ que proíbe o uso de recursos públicos para contratação de artistas que, em suas músicas, desvalorizem, incentivem a violência ou exponham as mulheres a situação de constrangimento, ou contenham manifestações de homofobia, discriminação racial ou apologia ao uso de drogas ilícitas. No seu artigo número 1 dentem a seguinte conjuntura: “É vedada a utilização de recursos públicos estaduais para contratação de artistas que, no cumprimento do objeto do contrato, apresentem músicas que desvalorizem, incentivem a violência ou exponham as mulheres a situação de constrangimento. ’’ Embora haja a mais de sete anos, não há uma fiscalização rígida sobre essas produções musicais, e a todo momentos músicas estão sendo criadas, e sendo propagadas, estas que se caracterizam de maneira cada vez mais apelativa a propagação da cultura do estupro. 
Com o avanço tecnológico, a cultura do estupro perpassa por várias vertentes, ampliando seu alcance, entre as artes como a literatura, a música, a televisão, os filmes, séries. Embora nem todos os homens consumam pornografia, a maioria ouve música dos diversos gêneros musicais. E algumas músicas possuem letras as quais enaltecem a violência contra a figura mulher, assédio sexual, sexíssimo, machismo. No Brasil tais características são vistas em distintos estilos musicais, principalmente nos pagodes baianos.
5 METODOLOGIA
 5.1 DESCRIÇÃO DO CONTEXTO 
A cidade de Feira de Santana, é a segunda cidade mais populosa da Bahia, com 556.642 habitantes de acordo com o último censo de 2010 e com uma população estimada em 609.913 para 2018, sendo 38,5% entre 15 e 34 anos. Com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,712, o salário médio mensal era de 2.0 salários mínimos em 2016 e um índice de analfabetismo de 9,1% da população acima de 15 anos (IBGE, 2010). Feira é o terceiro município na Bahia em processos abertos de violência contra mulher, de acordo com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em 2018 foram abertos em média 1.212 processos de violência contra a mulher na Bahia, 24% correspondentes a Feira de Santana, pelos dados do Centro de Referência Maria Quitéria (CRMQ), 31 novos casos de violência contra mulheres foram registrados apenas no primeiro mês desse ano.
Através da análise musical foi possível observar algumas dinâmicas sociais especificas desencadeadas pela música e pela dança do pagode baiano. Desse modo, durante dois meses, entre março e maio de 2019 houve uma pesquisa literária e uma inserção dos discentes em algumas festas que tocam esse estilo musical para a observação das letras, dos sons, das danças e das relações entre homens e mulheres em contextos reais.
5.2 SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES
Em maio de 2019 foram selecionados 4 indivíduos para participarem da pesquisa. Os critérios de inclusão foram: ser do gênero masculino, frequentar com regularidade (mínima de uma vez ao mês) festas de pagode baiano e ouvir regularmente as músicas, onde todos declararam-se heterossexuais. Optamos por investigar o público masculino por serem os homens os principais perpetradores de violência sexual (WAISELFISZ, 2015) e por serem escassos os estudos abordando os sentidos da violência pela ótica masculina (LENZ e OLIVEIRA, 2011). 
5.3 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi feita a partir de uma revisão de artigos sobre a cultura do estupro e a relação com a música baiana de pagode, a observação de festas que tocam esse estilo musical e foram realizadas entrevistas individuais com cada um dosquatro participantes. Após explicações preliminares, sem revelar o objetivo da análise para não comprometer o conteúdo dos dados, foram reproduzidas três músicas desse estilo musical elegidas em estudo prévio. A seleção baseou-se em elementos associados a violência contra a mulher. Após cada reprodução iniciava-se uma entrevista semi-dirigida para que seja feita uma reflexão sobre essas letras e também será discutido os comportamentos masculinos que favorecem perpetuação dessa cultura do estupro. Existirá perguntas pré-estabelecidas, porém o entrevistado terá total liberdade de fala e consequentemente dando-nos atalhos para uma análise de um discurso mais verdadeiro. As entrevistas foram gravadas e transcritas na integra.
As músicas: Elas gostam, da banda Psirico; Sexo sem parar, da Banda A Invasão e Open Bar, da banda Parangolé, denominadas de M1, M2 E M3. As letras estão dispostas a seguir:
M1- Elas gostam
“Tá de shortinho/Bem coladinho/Tá bem safado/Descaradinho/É, mas elas gostam de causar/Com seu shortinho/Muitos acham até vulgar/O seu perfil/Elas gostam/Elas gostam/Tô nem aí/Tô afim de olhar/A polpa da bunda”.
M2- Sexo Sem Parar
“Novinha pimenta/Eu posso ser sincero/Quando você tá na minha frente/Você me tira do sério/Me dá logo uma vontade de fazer/Sexo, sexo sem parar (3x)/Não para, não para(3x)/Puxão de cabelo e um tapa na cara”.
M3- Open Bar, 
“[...] E o que tem pra hoje é festa open bar/Elas pedem, a gente pá/Elas bebem, a gente pá/A novinha tá louquinha, tá pedindo pra sentar/Elas pedem, a gente pá/Elas bebem, a gente pá/A novinha tá louquinha, tá pedindo pra sentar/Sentar, sentar, sentar, sentar (4x) ”.
5.4 ANÁLISE DE DADOS
Após transcrição das falas e análise baseadas nas leituras bibliográficas levando em consideração as observações das festas, sempre comparando as atitudes observadas com as falas. A análise foi feita a partir de recortes dos discursos explicadas pelo contexto sociocultural.
6 RESULTADOS
A imersão nos paredões aproximou músicas e discursos das práticas sociais. Após a análise dos discursos foram identificadas quatro categorias principais: desmoralização da vítima, legitimação do estupro pelo álcool, desqualificação da recusa feminina e banalização da violência contra a mulher.
6.1 ANÁLISE DOS DISCURSOS
· Desmoralização da vitima
Os discursos analisados possuem a imagem da mulher representada pelo estereótipo da mulher fácil, da não casta, da mulher fora das normas sociais, vistas como permissivas ao assédio, este modelo que se contrapõe ao da mulher destinada para o casamento e para a reprodução, que é a que possui valor social. Um ponto bastante citado foram as vestimentas salientada na fala José, 26 anos sobre a M1: “A roupa influência quem é a mulher e diz muito se esta convidativa ao sexo”. 
Para os participantes, as músicas apenas demonstram as dinâmicas das festas, onde todos estão ali para se relacionarem, assim naturalizando o assédio como exemplificada novamente por José: “Mina que não é desses roles, sai com as amigas e se arrepende, seria a última opção” e por Carlos, 23 anos: “Se elas não quisessem, não sairiam de casa, a dança é a mulher rebolando na nossa frente mesmo, ai a gente vai lá e mexe”, dando a entender que toda mulher ao tentar se divertir e ocupar novos espaços fora do lar perde o recato, assim renunciando ao respeito social, além de enxergarem as danças como um convite a abordagem masculina e invalidarem qualquer resposta negativa. Assim, os homens continuam reproduzindo a violência e não se enxergam como violentadores, e as mulheres violentadas não se enxergam como vítimas.
· Legitimação do estupro pelo álcool
O consumo de álcool em festa por mulheres hoje é visto como uma brecha para legitimar a violência sexual de forma abusiva. Como Pedro, 18 anos que usa como argumento “Ela bebe porque gosta, fica soltinha e alegre”, o que acaba fixando um conceito machista no que se remete a imagem daquela mulher.
As mulheres são sempre culpadas se algo lhe ocorre nesse tipo de evento com consumo de álcool associado e com uma grande influência das músicas na maioria das vezes, o que para os homens é culturalmente normal para mulher e o inverso perante a sociedade. Quando há uma ocorrência referente ao estupro há um prejulgamento da sociedade como fica claro pela fala de Pedro, 18 anos “se fez é porque quis, se bebeu foi porque quis e agora banca de santinha ela teve o que merecia”, tornando assim a vítima culpada.
Contudo as músicas entram com grande influência nas associações de sexo, álcool e estupro, por exemplo na M3, faz alusão de que as mulheres iriam pedir e ter bebida livre dando direito aos homens sobre elas com a expressão “a gente pá”, que foi reafirmado por José, 26 anos ao dizer “A mulher chapa de graça e depois esta disponível para o sexo”. Dando a entender que essas situações são favoráveis para o ato pelo fato do uso do álcool alterar o raciocínio tornando a vítima frágil e vulnerável.
· Desqualificação da recusa feminina
Nos discursos machistas introduzidos na sociedade, entendem que a mulher diz ‘’Não’’, querendo dizer ‘’Sim’’. Isso se expressa na citação de Pedro,18 anos, que usa o seguinte argumento “E quando é que a gente sabe que o não de uma mulher é não?”, o que faz fortalecer mais a ideia de que a mulher não pode se negar a nada. Pensamentos como estes perpetuam ainda no meio social, surgido de um pressuposto de que as mulheres dizem não, como uma simulação, para se fazerem de difíceis e não perderem recato, cabendo ao homem transformar a negativa em permissão. O paradoxo desse argumento, torna vitimável a ideia da mulher “honesta”.
Em muitas músicas podemos perceber a desqualificação da negativa feminina, quando se recusam ao ato do sexo, o homem entende como se ela estivesse querendo e insiste se for necessário. Na citação de João, 20 anos ressalta “ Tem que “rolar” quando ela quiser”. Porém o mesmo cita que “ O homem sente prazer quando a mulher está apavorada no sexo”. A partir disso, concluímos que muitas mulheres são estupradas quando fazem sexo, forçadas por homens que acreditam, que elas querem, mesmo ao se recusarem, o que remete também a fragilidade da mulher, quando exposta a essas situações.
· Banalização da violência contra a mulher
A banalização da violência contra a mulher pode ocorrer das mais diversas formas, como na fala de Carlos, 23 anos, que afirma: “Ela tinha era que agradecer ao pivete, tava tão bêbado que nem percebeu a feiura” e reafirmado por Pedro, 18 anos: “ Na hora que você já tá bêbado pega a que aparecer na frente. Pode ser bonita, pode ser feia. A que cair na rede é peixe”. Nos demonstrando a “coisificação” do corpo da mulher e a reduzindo a uma fonte de prazer masculino, onde ela ainda precisa ser grata. O ar de piada que se dá nos discursos contribui para suavizar a pratica de assédio sexual e moral. É comum a piada e brincadeiras de certos conceitos gerarem riso. Onde Carlos, 23 anos utiliza dessa artimanha ao trocar os sentidos de “igualdade” e “democracia” para tornar legal práticas desiguais e que submetem as mulheres através da violência, ao afirmar: “Isso é pra mostrar que pagode no paredão é democrático. Até as feias têm seu momento de realização”. Nenhum dos participantes reconheceu a violência na M2, após interrogados sobre Pedro, 18 anos apoia: “Algumas até gostam de apanhar, mas vale tudo né, vai pra festa pra isso, se não gostasse ficava em casa”.
7 DISCUSSÃO 
Desde a mitologia greco-romana, temas como o estupro está sempre presente nas histórias sobre os deuses e heróis que praticavam, que se encontram dentro de um contexto patriarcal em que o desejo masculino se sobrepõe ao desejo feminino. A relevância e a legitimação da cultura do estupro dependem do quão a sociedade é patriarcal, assim sendo importante na compreensão dessa violência (SOMMACAL; TAGLIARI, 2017) tanto no âmbito doméstico como no social (DIOTTO; SOUTO, 2016). A submissão da mulher, mediante a representação social de masculinidade, produz a crença de superioridade do homem, assim como a educação familiar quedestaca os papéis, preestabelecidos como elementos de manutenção da cultura do estupro, do abuso e assédio de qualquer natureza. (ALTHUSSER, 1974). Papeis esses baseados no gênero, que está ligado a "caracteres convencionalmente estabelecidos", bem como a "atividades habituais decorrentes da tradição" (FERREIRA, 1986, p.844), definidos pela segregação de homem e mulher “produzidas por uma classe dominante que detém o poder” (LANE, 1884, P.34). Confirmado por Alves (2005, p.30) ao dizer que “essas formações discursivas que estão sendo atualizadas/faladas/praticadas pelas pessoas se iniciaram, precariamente, a partir do século XVI e se consolidaram com a entrada da burguesia, da ciência e das artes no século XIX”, principalmente com a ascensão do capitalismo.
A partir dos resultados obtidos percebe-se a existência de regras morais pautadas socioculturalmente, em que a desobediência não é criminalizada legalmente (Dornelles, 1988), determinando as formas de violência permitidas e quais as suas vítimas, no caso, a mulher. Desse modo, não basta sofrer a violência, é necessário receber da sociedade o aval de quem realmente é inocente, confirmando a existência de um pacto social sobre uma cultura do estupro (CAMPOS et al., 2017), como muitos acreditam, o comportamento feminino e a prática do estupro não estão interligadas, assim como a imagem da vítima sexualmente atraente e provocativa é irreal, pois o estupro é tanto cometido contra bebês como contra idosas (HERMAN, 1984). Assim, culpar a vítima pelo estupro só serve aos interesses masculinos (GRIFFIN, 1971), salientando as formas de violência contra a mulher inseridas no contexto cultural, fortalecendo o patriarcado estruturado pela opressão e propriedade (LEITE, 2016). 
Embora o senso comum considere o estupro como algo distante e fruto de uma personalidade doentia ou anormal, pesquisas norte-americanas indicaram ainda que a maioria dos homens que estupra tem personalidade, aparência e comportamento sexual normais (HERMAN, 1984). Por isso, o estupro estaria não estaria relacionada a uma personalidade desviante e sim relacionado à masculinidade, principalmente a chamada masculinidade toxica, que define violência, sexo, status e agressão como:
 Ideal cultural da masculinidade, onde a força é tudo, enquanto as emoções são uma fraqueza; sexo e brutalidade são padrões pelos quais os homens são avaliados, enquanto traços supostamente ‘femininos’ – que podem variar de vulnerabilidade emocional a simplesmente não serem hipersexuais – são os meios pelos quais seu status como ‘homem’ pode ser removido. Alguns dos efeitos da masculinidade tóxica estão a supressão de sentimentos, encorajamento da violência, falta de incentivo em procurar ajuda, até coisas ainda mais graves, como perpetuação encorajamento de estupro, homofobia, misoginia e racismo (GELÉDES, 2017).
Desta forma, a cultura é quem produz estupradores ao subscrever valores como controle, dominação, insensibilidade, competitividade, raiva e agressão aos homens e os desencorajar a expressarem vulnerabilidade e emotividade. Ao final, não seriam apenas as mulheres as vítimas, mas também os próprios agressores, que também sofrem (HERMAN, 1984).
O estereótipo da “mulher interesseira” atua como argumento para a divisão sexual do trabalho (ALTHUSSER, 1974) e com a “coisificação” da mulher, comprovado por Zozzoli (2005) ao afirmar que o padrão de beleza da mulher reforça a ideia de um corpo composto de “objetos sexuais” (seios, boca, pernas, bumbum, etc.) e não um ser humano, o que provoca um impacto sobre o modo das mulheres se verem, no modo dos homens as veem. Na medida em que se reafirma o homem como mantenedor financeiro da relação e a passividade da mulher que, como coisa, foi comprada (BRILHANTE; CATRIB, 2016). Mesmo diante de um simples questionamento sobre os preceitos patriarcais é possível observar explicitamente o sentido desqualificador sobre o corpo feminino (BRILHANTE; CATRIB; NATIONS, 2018).
O pagode é um produto cultural produzido para o entretenimento, associado à prática do lazer e da dança, entretanto, essa associação não retira das suas letras seu viés ideológico, mostrando a aproximação da narrativa com a realidade, que dialoga com os valores sociais, expressando o lugar de fala dos sujeitos, seu ponto de vista em relação e esses valores. Assim, a linguagem tem um papel fundamental no estudo da cultura (KLEINMAN, 2000), visto que se apresenta como produto dela. Suas letras são carregadas de “frases simples repetidas que caem facilmente no gosto popular, com performances que incluem música, dança, teatralidade e exploram um corpo sexualizado e desejável” (NASCIMENTO, 2009, p. 4), trazendo para as músicas a dinâmica das interações sociais. As festas com esse estilo musical são chamadas de “paredões”, nas quais carros com grandes equipamentos de som disputam a capacidade sonora e atraem pessoas para dançar. 
Ao buscar sentidos nas construções discursivas letras de pagode deve-se evidenciar a construção da linguagem e as hierarquizações que ela representa sem negar a sua importância como produto cultural e a “sua própria existência enquanto evento que agrega letra, música e performance do corpo” (NACIMENTO, 2009) em detrimento do ritmo contagiante e envolvente (NACIMENTO, 2009), onde as imagens e representações sociais reformulam a ligação da mulher ao seu corpo e a natureza feminina, assujeitando a mulher a um corpo objetificado e às exigências da sedução. Onde para Yanne (2002 apud Zozzoli 2005, p.68) o homem tem uma imagem global do seu corpo, enquanto a mulher tem um culto de si fragmentado, em pedaços, da mesma forma que o homem assim a enxerga. Todo esse corpo fragmentado precisa se ajustar a um padrão ideal da indústria da beleza e reforçado pela mídia, gerando complexos e insatisfação sobre o próprio corpo.
Ao analisar o comportamento de alguns frequentadores de paredões e boates que tocam músicas de pagodes em Feira de Santana / Ba, pode - se perceber que o comportamento dos indivíduos no local é de forma pretensiosa referindo-se às danças que de acordo com as músicas são de cunho sexual. No tocante às letras das músicas, são todas pejorativas e rebaixam a figura da mulher perante a sociedade. Mesmo assim as mulheres que estão no local parecem não se importarem, ou não entenderem o processo de formação social que as fazem vulneráveis à violência, pois dançam as músicas e demonstram estarem se divertindo. Os homens no local também dançam e de certa forma se aproveitam das mulheres que estão ali e se sentem sexualmente atraídos devido às danças e músicas que tocam no ambiente. Diante de tal análise se chegou à conclusão que mesmo as músicas tocadas diminuírem e difamarem a imagem da mulher as pessoas frequentadoras desses locais e ouvintes de músicas desse ritmo específico não percebem e não se atentam as letras dessas músicas e acabam indiretamente proporcionando a perpetuação e solidificação da cultura do estupro na sociedade.
O papel do psicólogo em relação às mulheres vítima da cultura do estupro é primeiramente desenvolver um método que possibilite um ambiente terapêutico em diversos contextos, como clínica e hospitais, preparado para acolher o sujeito que se encontra em sofrimento psíquico. Nos casos mais graves, o trabalho do psicólogo está vinculado à intervenção da justiça e, portanto, não se limita ao consultório privado, sendo feito em um ambiente diferenciado com intervenções individuais ou grupais de caráter socioeducativos. Como o trabalho é feito em conjunto com a justiça, o psicólogo atuante nessa área acaba realizando um trabalho multidisciplinar. Para se obter sucesso no atendimento às vítimas, é preciso realizar intervenções mantendo relação com o contexto jurídico e social no qual a vítima está inserida criando um espaço terapêutico e estratégias de intervenção psicossocial a fim de facilitar as mudanças subjetivas.
Por tratar-se uma cultura é preciso ter uma visão maior, do conjunto, o psicólogo tem como papel esclarecer o máximo de pessoas possíveis sobre areprodução desses comportamentos, falas e manifestações ligadas à cultura do estupro, que apenas por meio da educação e conhecimento é possível provocar uma reflexão e, consequentemente, mudanças nas representações e dos papeis sociais. Priorizando a instrução das mulheres, que são as vítimas, então ao empodera-las poderão se perceber e romper com esse sistema e passividade nele. Porém, são os homens os grandes conservadores dessa cultura, por não enxergarem o contexto e não se verem em lugar de privilégio, portanto sendo cruciais para a sua dissolução dessa violência a partir da compreensão e da ampliação da consciência de suas experiências.
8 CONCLUSÃO
Esse trabalho objetivou realizar uma análise na atuação da cultura do estupro na nossa sociedade perpetuadas e expostas nas letras das músicas de pagode baiano através de pesquisa literária, entrevistas com homens que gostam do estilo musical e a observação de festa com essa temática. Os achados evidenciaram a realidade entre os contextos vividos, que são transformados em músicas e então novamente reproduzidos, gerando um ciclo de violência e invisibilização da mesma perpetuadas pelas posições ideológicas dos discursos expondo a dominação masculina por meio do patriarcado e a vulnerabilidade social da mulher marcada pela violência.
9 REFERÊNCIAS
ALTHUSSER, L. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. Lisboa: Presença; 1974.
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