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cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 1 SUMÁRIO Lei de Abuso de Autoridade ............................................................................................................................. 2 Introdução .................................................................................................................................................... 2 Bem Jurídico Tutelado .................................................................................................................................. 2 Elemento Subjetivo dos crimes de Abuso de Autoridade ............................................................................. 3 Disposições Gerais ........................................................................................................................................ 3 Não criminalização da interpretação jurídica dos fatos ................................................................................ 3 Sujeitos do Crime ......................................................................................................................................... 5 Sujeito Passivo .......................................................................................................................................... 5 Sujeito Ativo ............................................................................................................................................. 5 Competência Criminal para julgamento dos crimes ..................................................................................... 8 1° Instância ............................................................................................................................................... 8 Competência ............................................................................................................................................ 8 Ação penal .................................................................................................................................................... 9 Efeitos da Condenação ............................................................................................................................... 10 Algumas considerações: ............................................................................................................................. 11 Penas Restritivas de Direitos ...................................................................................................................... 12 Quais são os crimes da lei de abuso de autoridade que não permitem a substituição das penas privativas de liberdade em penas restritivas de direito? ........................................................................ 13 Sanções de Natureza Civil e Administrativa................................................................................................ 13 Dos Crimes e das Penas .................................................................................................................................. 15 Crimes em Espécie...................................................................................................................................... 15 Grupo 1 - DETENÇÃO – 6 meses a 2 anos + MULTA.................................................................................... 15 Grupo 2 – DETENÇÃO – 1 a 4 anos + MULTA .............................................................................................. 23 Do Procedimento ....................................................................................................................................... 33 Referências Bibliográficas............................................................................................................................... 33 https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 2 LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE INTRODUÇÃO Foi sancionada, em 05 de setembro de 2019, a nova lei de abuso de autoridade – Lei 13.869/2019, que revogou expressamente a antiga Lei 4.898/1965, além de alterações relevantes na Lei de Prisão Temporária, na Lei das Interceptações Telefônicas, no Código Penal e no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. O período que decorre entre o dia da publicação de uma lei e o dia em que ela entra em vigor, ou seja, que tem seu cumprimento obrigatório é chamado de Vacatio Legis. A nova lei de abuso de autoridade tem um período de Vacatio Legis de 120 dias e é contado a partir do dia 05 de setembro de 2019. BEM JURÍDICO TUTELADO Estamos diante de um crime pluriofensivo, ou seja, que tutela mais de um bem jurídico. Porém, sempre presente, está o “dever de lealdade e dever de probidade” do agente público.1 ➢ Dever de lealdade/probidade do agente público: quem exerce uma função pública tem a obrigação de respeitar princípios basilares como a legalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência ➢ O outro bem jurídico vai depender do crime em questão. Exemplos: • Os crimes do art. 9º e 10 têm como bem jurídico a liberdade de locomoção: Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. • O crime do art. 13, inciso I e II, tem como bem jurídico a honra subjetiva: Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; 1 BRASILEIRO, Renato; Nova Lei de Abuso de Autoridade, 1º Edição, Ed. Juspodivm, 2020 https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 3 ELEMENTO SUBJETIVO DOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE O elemento subjetivo do crime de abuso de autoridade é o dolo. Não há abuso de autoridade culposo. Porém, há o dolo genérico (elemento subjetivo geral do tipo) e existe a necessidade de um DOLO ESPECÍFICO (especial fim de agir – elemento subjetivo especial do tipo) dentre os presentes no art. 1º § 1º. Eles trarão a gravidade necessária para justificar a tipificação das condutas. São finalidades específicas previstas na lei as seguintes: ➢ Prejudicar outrem ➢ Beneficiar a si mesmo ou terceiro Não importa se o benefício será material ou não. ➢ Por mero capricho ou satisfação pessoal Segundo a doutrina, o capricho pode ser entendido como uma vontade repentina desprovida de qualquer justificativa. No tocante a satisfação pessoal, entende-se que ela nunca pode ser a causa da conduta, mas sim a consequência. Professor e Doutrinador Renato Brasileiro usa o exemplo de um policial que prende pessoas para postar foto e ganhar “curtidas” A ausência do dolo específico acarreta a descaracterização do tipo e a conduta será considerada atípica. DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a FINALIDADE ESPECÍFICA de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. NÃO CRIMINALIZAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA DOS FATOS Durante os debates no congresso acerca dessa nova lei, alguns políticos diziam que a nova lei seria a tentativa de criminalizar o ato de interpretação de juízes, promotores, etc., no sentidode que um desentendimento da interpretação da norma poderia causar sanção ao agente que interpretasse a norma de forma mais gravosa ao réu. É evidente que não se pode criminalizar a atividade interpretativa pelos magistrados e órgãos do Ministério Público. Em razão dessa divergência, foi elaborado o §2º do art. 1º. Assim, o Congresso tentou afastar a alegação que estaria havendo uma criminalização da atividade interpretativa, ou seja, fazendo surgir o crime de hermenêutica. DOLO + DOLO ESPECÍFICO https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 4 Art. 1º § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. Trata-se de norma geral, aplicável a todos os crimes contidos na lei. Será que qualquer interpretação pode entrar na causa de exclusão de tipicidade do §2º de modo a afastar a tipificação do abuso de autoridade? Segundo Renato Brasileiro, nem toda interpretação pode ser incluída na causa de atipicidade contida no §2º, mas apenas a interpretação razoável. Se há limitação literal ou jurisprudencial Limitação literal: se a norma possui um grau alto de objetividade, não se pode atentar contra a sua literalidade. Assim, não se pode considerar a entrada em um domicílio às 2h da manhã (com mandado de busca e apreensão) como não sendo abuso de autoridade nos termos do Art. 22 sob a justificativa de que o intérprete- aplicador considerava o horário como “dia” e não como “noite”. Limitação jurisprudencial: quando o intérprete-aplicador verificar que não é necessário realizar mais qualquer tipo de interpretação, tento em vista que já há uma decisão de caráter vinculante dos Tribunais Superiores, e, a despeito disso, realizar interpretação contrária, há violação do limite jurisprudencial. Exemplo nesse sentido é a o juiz que manda prender o depositário infiel e cuja conduta preenche os demais requisitos legais para a interpretação. Enunciado n. 2 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas, salvo quando teratológica, não configura abuso de autoridade, fixando excluído o dolo”. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 5 SUJEITOS DO CRIME SUJEITO PASSIVO Crimes de dupla subjetividade passiva. Podem ser atingidos tanto o Estado quanto Pessoa Física ou Jurídica. Imediato é a pessoa (física ou jurídica) sobre qual recai a conduta criminosa. Mediado é o Estado, já que é uma má prestação do serviço público. Exemplo de crime contra PJ é o do Art. 36. Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. SUJEITO ATIVO Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES ou a PRETEXTO DE EXERCÊ-LAS, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. É crime próprio. É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer AGENTE PÚBLICO, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território. Para os efeitos desta lei, agente público todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. O conceito é o mais amplo possível, além da possibilidade de coautoria e participação de particulares, já que ser agente público é elementar de todos os tipos penais e, por isso, comunica-se aos que não estiverem nessa situação. Você estudará em Direito Administrativo a classificação dos agentes públicos, por exemplo, agentes políticos, agentes administrativos, agentes delegados, agentes honoríficos etc. Como exemplo, adianto que os agentes honoríficos podem ser responsabilizados por abuso de autoridade. Agentes honoríficos são as pessoas convocadas, designadas ou nomeadas para prestar, transitoriamente, determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição cívica, de sua honorabilidade ou de sua notória capacidade profissional, mas sem vínculo empregatício ou estatuário, e geralmente sem remuneração. Exemplos: os jurados, os mesários eleitorais, os comissários de menores, dentre outros. Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a: https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 6 • Para a configuração do crime de abuso de autoridade é INDISPENSAVEL que se aponte a existência de NEXO FUNCIONAL, isto é, demonstrar que o agente público praticou a conduta “no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê- las” (crime propter officium). • Não há abuso de autoridade se um juiz se desentende com um passageiro no aeroporto e, sem mencionar qualquer palavra acerca do cargo que ocupa ou fornecer qualquer justificativa, resolve prender o outro passageiro em flagrante. • Não há abuso de autoridade quando o policial militar que fazia um bico de segurança em um supermercado prende uma pessoa, extrapolando um pouco durante o ato de prender. I - Servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; II - Membros do Poder Legislativo; III - Membros do Poder Executivo; IV - Membros do Poder Judiciário; V - Membros do Ministério Público; VI - Membros dos tribunais ou conselhos de contas. Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. ➢ Funcionário público por equiparação Se o indivíduo é considerado funcionário público para o Código Penal, ele não é considerado agente público para fins de aplicação da Lei de Abuso de Autoridade , pois seria uma analogia in malan parten trazer o §1º do Art. 327 do CP, cujo conteúdo o legislador não decidiu replicar no Art. 2º da LAA. CP, Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. §1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública Exemplo: empregado que trabalha na coleta de lixo. ➢ Agente que não está em horário de trabalho: Prevalece o entendimento de que o crime pode ser cometido no exercício da função ou em razão dela. O importante é detectar que o agente praticou o abuso prevalecendo-se, usando, as prerrogativas, ainda que mínimas, do cargo, emprego ou função pública. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 7 ➢ Funcionário demitido, exonerado ou aposentado: Por não deter mais autoridade, não pode ser sujeito ativo dos crimes de abuso de autoridade. Significa, pois, que não pode abusar daquilo que não tem mais. Ao contrário, caso o agente público estejasó de licença, não deixa de ser “autoridade” para os fins da lei, pois ainda mantém vínculo funcional com a Administração Pública. ➢ Concurso de Agentes – Particular Particular pode cometer crime de abuso de autoridade? Sim. Desde que o particular atue em concurso de pessoas com uma autoridade. Isso se deve ao art. 30 do Código Penal, que assim dispõe: “não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime” Elementar do tipo: São os fatores que integram a definição básica de uma infração penal. São dados essenciais da figura típica cuja ausência pode produzir uma atipicidade absoluta ou relativa. No homicídio simples (CP, art. 121, caput), por exemplo, as elementares são “matar” e “alguém”. Excluindo-se uma elementar, o fato se torna atípico, ou então se torna outra infração penal. Circunstâncias do tipo: São os fatores que se agregam ao tipo fundamental, para o fim de aumentar ou diminuir a pena. Exemplo, no homicídio, que tem como elementares “matar” e “alguém”, são circunstâncias o “relevante valor moral” (§ 1ª), o “motivo torpe” (§ 2º, I) e o “motivo fútil (§ 2ª II), dentre outras. Quando a circunstância de caráter pessoal for elementar para o crime, ou seja, o crime não existe sem ela, essa circunstância contamina o coautor. Ex: Se José, policial militar, pratica crime de abuso de autoridade em coautoria com seu primo João, particular, a circunstância pessoal de José ser “autoridade” contamina o segundo, pois é elementar para o crime de abuso de autoridade. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 8 COMPETÊNCIA CRIMINAL PARA JULGAMENTO DOS CRIMES 1° INSTÂNCIA Pelo menos em regra, o abuso de autoridade será julgado em 1ª instância. É possível que o abuso de autoridade seja praticado por uma autoridade detentora de foro, de modo que, neste caso, haverá competência originária dos Tribunais. Para isso, contudo, é preciso demonstrar que o crime foi praticado durante o exercício da função detentora de foro e em razão dela (regra da contemporaneidade). COMPETÊNCIA Em regra, a competência é da Justiça Comum. Exceções: ➢ Justiça Federal: quando praticado por funcionário público federal (ex.: abuso cometido por delegado da polícia federal, ou ainda, abuso praticado na qualidade de crime comum (estadual), mas em conexão/continência com um crime federal. ➢ Justiça Militar: Antes do advento da lei 13.491/2017, a súmula 172 do STJ era que afirmava a competência da justiça comum para processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ou tortura, ainda que praticado em serviço. Após a Lei, a súmula perdeu seu objeto. O Código Penal Militar foi modificado e seu art. 9º foi expandido o rol de possibilidade de inclusão de crimes não militares como sendo militares. • ANTES DA ALTERAÇÃO, o art. 9, II, do Código Penal Militar previa o seguinte: II - Os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: • APÓS A MENCIONADA LEI, PASSOU A PREVER QUE: II – Os crimes previstos neste Código e os PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO PENAL, quando praticados: Nota-se, portanto, que houve uma ampliação dos crimes de natureza militar, uma vez que qualquer crime existente no ordenamento jurídico brasileiro poderá se tornar crime militar, a depender do preenchimento de uma das condições previstas no inciso II do art. 9º do Código Penal Militar. Antes, somente os crimes previstos no CPM eram crimes militares. Com a alteração legislativa, a previsão é de que “os crimes previstos neste Código” (Código Penal Militar) e os “previstos na legislação penal” (todas as leis penais do país) também são crimes militares, quando preenchida uma das hipóteses do inciso II do Código Penal Militar. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 9 Código Penal Militar Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: (...) II – Os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: (...) c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; Os crimes da legislação penal a que se refere o Art. 9º, II do CPM devem ser praticados em um dos contextos mencionados nas alíneas do inciso II para que seja considerados crimes militares. Exemplo: um Policial Militar que prende uma pessoa e a coloca em frente ao logo do batalhão para que possa filmá-la e ganhar visibilidade nas redes sociais pela prisão realizada será processado pelo crime do Art. 13, I da Lei 13.869/19 c/c Art. 9º, II, (c) do CPM. AÇÃO PENAL Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. § 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. Os crimes previstos nesta Lei são de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. A nova lei de abuso de autoridade admite a ação penal privada subsidiária da pública. ➢ Ação penal privada subsidiária da pública: São aqueles casos em que a lei não prevê a ação como privada, mas sim como pública. Ocorre que o Ministério Público, Titular da Ação Penal, fica inerte, ou seja, quando o MP não oferece a denúncia no prazo legal. • Para isso o Ministério Público tem um prazo que varia em regra de 5 dias para réu preso a 15 dias para réu solto. • Na lei de abuso de autoridade antiga (lei 4.898/65), o prazo era de 48 horas. Não se manifestando (ficando inerte) no prazo, abre-se a possibilidade para que o ofendido, seu representante legal ou seus sucessores ingressem com a ação penal privada subsidiária da pública. Não há prazo para denúncia na nova lei, porém deve-se aplicar subsidiariamente os prazos do CPP. Se o MP não realizar a denúncia no prazo legal, gera o direito para parte ofendida de propor a ação penal privada subsidiária da pública e será exercida no PRAZO DE 06 MESES contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. Possibilidades do MP após a queixa na ação penal privada subsidiária: • Aditar a queixa • Repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 10 • Intervir em todos os termos do processo fornecer elementos de prova, interpor recurso • E todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. EFEITOS DA CONDENAÇÃO O art. 4º descreve os efeitos extrapenais de uma condenação criminal de um crime de abuso de autoridade. Art. 4º São efeitos da condenação: I - Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; II - A inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 a 5 anos; III - A perda do cargo, do mandato ou da função pública. Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença. Obrigação de reparar o dano I - Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo ojuiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; A obrigação de reparar o dano é também prevista no art. 91 do Código Penal. O art. 4º também dispõe sobre uma faculdade da parte quando menciona fixação de um valor mínimo para a indenização, tal como previsto no Art. 387, IV do CPP. Não havendo requerimento da parte, o juiz não poderá fixar o valor mínimo. Segundo o professor Renato Brasileiro, considerando que a LAA não fez nenhuma restrição quanto ao dano, pode-se entender que qualquer espécie de dano passível de reparação poderá ser fixado pelo juiz neste momento (material; moral; estético; dentre outros). https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 11 Inabilitação para outro cargo, mandato ou função pública II - A inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 a 5 anos; Perda do cargo, do mandato ou da função pública. III - A perda do cargo, do mandato ou da função pública. - AS SANÇÕES SÓ PODERÃO SER APLICADAS CASO O RÉU SEJA REINCIDENTE EM CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE - OS EFEITOS NÃO SÃO AUTOMÁTICOS ALGUMAS CONSIDERAÇÕES: ➢ Em caso de primeira condenação por crime de abuso de autoridade é impossível que um indivíduo perca o cargo; ➢ A perda do cargo não é automática. Deverá ser motivada pelo juiz na sentença; ➢ Na lei de abuso de autoridade anterior (lei nº 4898) a INABILITAÇÃO PARA OUTRO CARGO (de até 3 anos) e a PERDA DO CARGO eram sanções penais. ➢ Com a lei nº 13.869/2019, a INABILITAÇÃO PARA OUTRO CARGO (1 a 5 anos) e a PERDA DO CARGO não são mais penas, são SANÇÕES EXTRAPENAIS ou EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO. ➢ A OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO é efeito automático. PERDA DO CARGO INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE OUTRO CARGO OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO EFEITO AUTOMÁTICO NÃO NÃO SIM RÉU PRIMÁRIO NÃO NÃO SIM RÉU REINCIDENTE EM OUTRO CRIME NÃO NÃO SIM REU REINCIDENTE EM OUTRO CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE SIM SIM SIM https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 12 PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta Lei são: I - Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; II - Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 a 6 meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. O Código Penal traz no seu artigo 43 quais são as penas restritivas de direito. Porém, nem todas são possíveis aos condenados por crime de Abuso de Autoridade, já que na LAA traz de forma especial as duas possíveis. A nova lei de abuso de autoridade prevê duas penas restritivas de direitos (PRD) que substituem as penas privativas de liberdade (PPL): 1. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE OU A ENTIDADES PÚBLICAS; 2. SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO CARGO, DA FUNÇÃO OU DO MANDATO ➢ Prazo de 1 a 6 meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens. ➢ Era prevista na lei antiga, porém era espécie de sanção administrativa (5 a 180 dias). ➢ Na nova lei de abuso de autoridade, a suspenção do exercício do cargo é uma espécie de pena restritiva de direitos que substitui a pena privativa de liberdade, caso essa substituição seja possível. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Código Penal Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I - Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II - O réu não for reincidente em crime doloso; III - A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 13 QUAIS SÃO OS CRIMES DA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE QUE NÃO PERMITEM A SUBSTITUIÇÃO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE EM PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO? São as infrações praticadas com violência ou grave ameaça. Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: I - Coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis. Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração. Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal. Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. A doutrina penal afirma que não há comunicação entre as instâncias, isto é, a regra geral é a independência entre as instâncias civil, penal e administrativa. Por isso, uma pessoa pode https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 14 cometer uma infração e este ato ser considerado, ao mesmo tempo, uma infração no âmbito civil, no âmbito penal e no âmbito administrativo, e ser punida nestas três esferas, sem que isso se configure bis in idem, porque as instâncias são independentes entre si. Primeiramente, há de se notar que a sentença penal condenatória pode determinar a condenação criminal do servidor, ou, a sua absolvição, que pode se fundamentar em três situações distintas: A – Condenação: A condenação penal produz efeitos diretos em relação ao processo administrativo (e no processo civil), fazendo coisa julgada relativamente à culpa do agente, sujeitando-o à reparação do dano e às punições administrativas. B – Absolvição B1. Negativa de autoria ou do fato Na absolvição por negativa da autoria ou do fato, a sentença criminal produz efeitos na esfera administrativa e civil. B2. Ausência de culpabilidade penal Na absolvição ou ausência de culpabilidade penal, a absolvição criminal NÃO produz efeito algum nos âmbitos civis e administrativos, sendo que a Administração poderá ajuizaração de regresso de indenização e condená-lo à infração disciplinar administrativa, já que houve apenas a declaração de não existência de ilícito penal, que não afasta a punição civil e administrativa. B3. Ausência de provas. A absolvição criminal também NÃO produz qualquer efeito no juízo cível e administrativo, já que a insuficiência de prova da ação penal não impede que se comprovem a culpa administrativa e a civil. Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal. Segundo o art. 7º, as responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo criminal. Significa dizer que uma vez confirmado a autoria ou a existência do fato no âmbito penal, ele poderá ser responsabilizado administrativamente e civilmente. Da mesma forma, em relação a absolvição (ver B1). Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Se um agente agiu sob o amparo de uma excludente de ilicitude e isso for comprovado no âmbito penal, vinculará e fará coisa julgada no âmbito administrativo e civil. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 15 DOS CRIMES E DAS PENAS Dentre os vários tipos penais de abuso de autoridade previstos na Lei nº 13.869/19, diversos deles são infrações de menor potencial ofensivo e que, portanto, necessariamente, devem ter todo o procedimento estabelecido pela Lei 9.099/95. CRIMES EM ESPÉCIE Para facilitar a compreensão e o entendimento dos crimes de abuso de autoridade, dividimos os crimes de acordo com o seu preceito secundário. GRUPO 1 - DETENÇÃO – 6 MESES A 2 ANOS + MULTA Crimes de Menor Potencial Ofensivo – Competência do JECRIM Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: I - Deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou; II - Deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada; III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; IV - Prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. Sujeito Ativo é o agente público, porém deve ser aquele que tem a obrigação de comunicar a prisão em flagrante. De forma mais específica, o sujeito ativo desse crime é a autoridade policial, pois é sobre ela que recai a obrigação de comunicar a prisão em flagrante. Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal: No caso do caput, a autoridade judiciária referida é o juiz das garantias (já estudando como se estivesse em vigência), que é quem detém a competência para a fase investigatória, isto é, até o recebimento da peça acusatória. O prazo legal a que se refere o Art. 12 da LAA está previsto em outras normas, como o Art. 306 do CPP. Daí se concluir que o Art. 12 é espécie de norma penal em branco. Segundo a Doutrina, o prazo legal a que se refere o Art. 12 é o que consta do Art. 306, §1º do CPP, que prevê um prazo de 24 horas para a remessa do Auto de Prisão em Flagrante para a autoridade judiciária. Trata-se, portanto, de norma penal em branco homogênea e https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 16 heterovitelina. É homogênea porque o complemento do Art. 12 é oriundo da mesma fonte legislativa que editou o preceito primário que precisa ser complementado (no caso em questão, o Congresso Nacional). É heterovitelina porque o complemento está contido em outro diploma legal. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: I - Deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou; Segundo Renato Brasileiro, o “imediatamente” do inciso I não deve ser o de 24 horas. “Se a lei utiliza palavras diversas é porque o legislador possui intenção diversa. Assim, por mais complicado que possa ser definir o que significa o termo IMEDIATAMENTE referido no inciso I, não é possível estabelecer para ele o mesmo prazo que o da prisão em flagrante (24 horas), dado que o cumprimento de um mandado de prisão preventiva ou temporária é muito mais rápido do que a lavratura de um auto de prisão em flagrante. Logo, o termo imediatamente tem sentido mais restritivo para os demais casos.” II - Deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada; Independentemente do tipo de prisão (flagrante, preventiva ou temporária), ela deverá ser comunicada imediatamente a FAMÍLIA ou PESSOA INDICADA pelo preso. Em resumo, o cumprimento de uma prisão temporária ou preventiva deverá ser IMEDIATAMENTE comunicado ao JUIZ que decretou, a FAMILIA ou PESSOA INDICADA. III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; A nota de culpa nada mais é do que um documento entregue ao preso em flagrante, com vistas a dar ciência a ele de quais são os motivos e quais são os responsáveis por sua prisão. Além disso, o nome das testemunhas também deve constar da nota de culpa. O preso deve receber no prazo de 24 horas a nota de culpa. Se não for entregue ao preso no prazo estabelecido, será crime de abuso de autoridade. Excepcionalmente, é possível que o nome do condutor e das testemunhas não conste da nota de culpa sem que isso seja considerado como crime. O fundamento da exceção pode ser encontrado com base nas leis 12.890/12 (Lei das Organizações Criminosas) e 9.807/99 (Lei de Proteção às Testemunhas). IV - Prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. A Lei de Abuso de Autoridade trouxe mudanças também para a Lei nº 7.960/89, a Lei da Prisão Temporária. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 17 Foi incluído o § 8º que traz a seguinte redação: § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária.” Assim, se uma pessoa for presa efetivamente as 19 horas de um dia, este dia já será contado como o 1º. Observe abaixo: PACOTE ANTICRIME - Atualização da Lei nº 7.960/89 – Prisão Temporária COMO ERA: Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. (...) § 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá comonota de culpa. (...) § 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva. COMO FICOU: Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. (...) § 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado. (...) § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva. § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária.” Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função. Caso um agente não se identifique ou se identifique falsamente durante uma prisão ou detenção de qualquer pessoa, cometerá um crime de abuso de autoridade (dolo específico). Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 18 O delito do Art. 18 também é marcado pela presença de um conceito jurídico indeterminado, qual seja, o repouso noturno. O Art. 155, §1º do CP traz o repouso noturno como uma qualificadora do furto. A doutrina menciona que a expressão pode ser melhor compreendida como uma espécie de costume, já que o período de repouso noturno em um lugar não é o mesmo de outro. No que toca a LAA, segundo o professor Renato Brasileiro, o ideal é entender que o conceito pode ser encontrado na própria lei, pois a própria lei, ao tratar do crime de violação a domicílio, no art. 22, conceitua o que pode ser entendido como “noite”. Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: I - Coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear- lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; II - (VETADO); III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h ou antes das 5h A partir desta observação, podemos entender o repouso noturno como o período compreendido entre 21h e ás 5h. Por isso, como regra, o interrogatório não poderá ser feito durante este período, salvo exceções abaixo: O aluno deve prestar atenção nas ressalvas da proibição de interrogar o preso durante o repouso noturno. Exceções: • Se capturado em flagrante • Se o preso consentir, porém tem que estar devidamente assistido. Observe que durante o inquérito policial, a presença do advogado não é obrigatória, até porque a natureza do inquérito é inquisitiva. Porém, para o preso consentir ser interrogado durante a noite, ele deverá ser assistido. Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência. Se em uma unidade prisional for permitida a entrevista reservada com o preso e não é autorizado mediante os DOLOS ESPECÍFICOS da lei, o agente que não autorizou responde por abuso de autoridade. Perceber que a negativa da conversa com o advogado deve ser para prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 19 O parágrafo único refere-se ao preso, o réu solto ou o investigado. Perceber que o crime de abuso de autoridade acontece quando é impedido o acesso do preso ou do réu solto a entrevista com o advogado ANTES da audiência judicial e de sentar- se ao seu lado. Durante o interrogatório não é possivel a comunicação entre advogado e investigado. É ato continuo. Uma lei não pode mandar o que a outra proíbe. Logo, se o Art. 217 do CP possibilita a retirada do acusado da sala de audiência o acusado não ficará sentado ao lado de seu defensor, não configurando-se o crime do Art. 20 da LAA nesta hipótese. Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada. Sujeito ativo: O crime do Art. 27 é muito próximo das funções do delegado e do promotor de justiça. A lei fala em procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, abarcando as hipóteses de inquérito; procedimento investigatório criminal ou qualquer outro procedimento. A requisição deve ser feita à falta de qualquer indício para que se configure o crime. A requisição de inquérito deve demonstrar que há uma mínimo de plausibilidade para a sua instauração, sob pena da autoridade recair na prática de tal delito Necessidade de VPI: no processo penal, a investigação penal sumária é o que comumente chamamos de Verificação de Procedência de Informações (VPI), a qual antecede a instauração de um inquérito. A VPI é muito comum nos casos de denuncia anônima, por exemplo. Quando não há indício de infração penal, nem de infração administrativa contra um indivíduo, não se pode instaurar um procedimento investigativo. Deve haver lastro fático ou “começo”. As investigações devem ser iniciadas para apurar FATOS e não pessoas. É o Direito penal do fato e não do autor. Sindicância ou investigação preliminar sumária vão ser para buscar o “indício” que é preciso para formalizar o procedimento investigatório ou administrativo. É um cuidado prévio para justificar a requisição ou a instauração do processo investigativo. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 20 Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse de investigado: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Percebe-se no art.29 que há já um elemento subjetivo especial próprio, qual seja, “com o fim de prejudicar interesse de investigado”. As outras hipoteses do art. 1º, § 1º, não foram contempladas. Segundo a doutrina, o art. 29, em sua parte final, seria, na verdade, uma norma especial quando comparada com o art. 1º, parágrafo primeiro. Ou seja, o art. 29, então, estaria restrito à finalidade de prejudicar interesse de investigado. Segundo o Conselho nacional de Procuradores Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da união (CNPG), caso a mesma conduta do art. 29 seja praticada com a finalidade de “beneficiar”, pode, o agente, responder por outro delito, como, por exemplo, prevarização. Enunciado n. 19 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “O legislador, na tipificação do crime do art. 29 da Lei de Abuso de Autoridade, optou por restringir o alcance do tipo, pressupondo por parte do agente a finalidade única de prejudicar interesse do investigado. Agindo com finalidade de beneficiar, pode responder por outro delito, como prevaricação (art. 319 do CP), a depender das circunstâncias do caso concreto” Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando- a em prejuízo do investigado ou fiscalizado: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado. Os prazos devem ser em regra cumprido, porém, os prazos podem ser estendidos justificadamente. Caso a investigação seja procrastinada em prejuízo do investigado, alinhado com o “dolo específico” Prazo da investigação: nos termos do CPP e das leis especiais, a investigação tem um prazo determinado de duração diferente conforme seja caso de réu preso ou réu solto. Excetuando os casos contidos em leis especiais, quando o indivíduo está solto, o prazo previsto pelo CPP é de 30 dias, podendo tal prazo ser prorrogado. Por outro lado, estando o indivíduo preso, o prazo é de 10 dias, admitindo-se também prorrogação por mais 15 dias (Art. 3º-B, §2º, CPP). No caso de réu preso, há vedação expressa no sentido de não permitir a prorrogação por mais de 15 dias. Todavia, em se tratando de réu solto, não é incomum que o prazo seja prorrogado sucessivamente. Veja-se nesse sentido o caso do inquérito que durou 07 anos e que foi analisado pelo STJ Tutela da razoável duração do processo: o delito do Art. 31 tutela a duração razoável do processo, não podendo o juiz permitir que um inquérito policial tramite por um tempo demasiadamente grande. Elemento normativo (“injustificadamente”): o elemento normativo “injustificadamente” é essencial para que haja caracterização do crime. Assim, se o promotor https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 21 devolve o inquérito ao delegado sem qualquer motivo por sucessivas vezes, a demora do processo estará sendo causada por diligências não pertinentes. Se as diligencias forem pertinentes, isto é, com motivos, não há crime (ex.: quebra do sigio bancário, pitiva de testeminha, dente outros). ATENÇÃO: o excesso e a procrastinação dependem do caso concreto. Não devemos pensar, portanto, que há um prazo certo e objetivo para o alongamento da investigação. Logo, o prolongamento da investigação jamais poderá ser considerado como crime sem a análise específica. O indivíduo deve, portanto, perguntar-se se há alguma diligência que vem justificando o alongamento do processo. Enunciado n. 21 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “A elementar ‘injustificadamente’ deve ser interpretada no sentido de que o excesso de prazo na instrução do procedimento investigatório não resultará de simples operação aritmética, impondo-se considerar a complexidade do feito, atos procrastinatórios não atribuíveis ao presidente da investigação e ao número de pessoas envolvidas na apuração. Todos fatores que, analisados em conjunto ou separadamente, indicam ser, ou não, razoável o prazo para seu encerramento” Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa Criminalização do não cimprimento da Súmula Vinculante 14. “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.” Não há crime quando a negativa é para acesso a peças relativas a diligências em curso ou futuras. O tipo quer proteger a pessoa contra o abuso de uma agente público que quer obrigar você a fazer alguma coisa que a lei não diz. Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 22 Núcleo do tipo penal: exigir é impor como obrigação, sob pena de represália. A hipótese do Art. 33 da LAA é diferente dos artigos 316/317 do CP, pois no primeiro caso a exigência dirige-se a prestação de informação ou de direitos de fazer ou de não fazer, enquanto que no segundo (concussão) a exigência não é de cumprimento de obrigação, mas de vantagem ilícita. Distinção com tipos penais próximos: embora a redação do artigo 33 seja muito próxima daquela contida na hipótese de corrupção passiva concussão, no crime do Art. 33 o indivíduo se utiliza do cargo/função e mostra quem é, mas não há nenhuma ameaça implícita inerente ao exercício funcional. Exemplo: indivíduo invoca a sua condição de promotor em uma festa open bar para entrar (carteirada) → Se o indivíduo fala que vai instaurar inquérito, há concussão/corrupção passiva. Por outro lado, se ele apenas invoca a sua qualidade funcional o crime será o do Art. 33 da LAA. Enunciado n. 22 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), referindose, porém, ao crime de corrupção passiva: “Quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido pratica abuso de autoridade (art. 33, parágrafo único) se o comportamento não estiver atrelado à finalidade de contraprestação do agente ou autoridade. Caso contrário, outro será o crime, como corrupção passiva (art. 317 do CP)” Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Para a doutrina, o art. 37 da LAA fala em órgão colegiado, parte da doutrina sustenta que esse crime só poderia ter como sujeito ativo os desembargadores ou ministros. O Doutrinador Renato brasileiro, contudo, acredita que nãoé a melhor interpretação, sobretudo se levarmos em conta que o artigo 37 sequer menciona a necessidade do processo ser judicial. E, ainda que se interprete nesse sentido, não se pode esquecer que há órgãos colegiados em 1ª instância, coma participação de juízes (ex.: turma recursal; juízos colegiados para o julgamento de organizações criminosas – Lei nº 12694; vara colegiada para o julgamento de organizações criminosas, etc...). A lei não descreve o tempo de devolução após o pedido de vistas. Essa má fé é que está sendo criminalizada. Necessário o dolo específico de realizar a demora para retardar julgamento para beneficiar terceiro, por exemplo. (5 dolos). Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Quando o responsável pela investigação, antes de concluída a investigação ou formalização das acusações, divulga por meio de comunicação (inclusive rede social) que uma pessoa é culpada. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 23 GRUPO 2 – DETENÇÃO – 1 A 4 ANOS + MULTA Tendo como base a pena de detenção de 1 a 4 anos, seguem algumas considerações: Competência do JUÍZO COMUM. Delegado poderia arbitrar fiança? Sim. Art. 322 CPP Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 anos. Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 horas. Cabe Suspenção Condicional do Processo? Sim. Art. 89 da Lei nº 9.099/95 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena Se for condenado cumprirá pena em regime fechado? Em regra, não. Apenas regime aberto ou semiaberto pois a pena cominada é de DETENÇÃO. Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de: I - Relaxar a prisão manifestamente ilegal; https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 24 II - Substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível; III - Deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível. Renato Brasileiro e outros grandes doutrinadores como Rogério Sanches e Rogério Greco acreditam que não necessariamente deve ser um juiz, mas também delegados de polícia ou agentes de polícia podem figurar no polo ativo e decretar uma medida privativa de liberdade. Enunciado n. 5 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): “O sujeito ativo do art. 9º, caput, da Lei de Abuso de Autoridade, diferentemente do parágrafo único, não alcança somente autoridade judiciária. O verbo núcleo ‘decretar’ tem o sentido de determinar, decidir e ordenar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais”. No parágrafo único, o legislador especificou que o sujeito ativo só pode ser a autoridade judiciária. O crime do parágrafo único é do tipo omissivo próprio. A autoridade judiciária poderá o juiz da instrução e julgamento ou o juiz das garantias. Doutrina critica a adoção do “prazo razoável” por falta de taxatividade. Segundo o professor Renato Brasileiro: “Ao analisarmos os incisos I e II do parágrafo único do Art. 9º, é possível notar que se tratam de medidas previstas, respectivamente, nos incisos I e III do Art. 310 do CPP, que trata da convalidação judicial do flagrante, feita na audiência de custódia. Considerando que é na audiência de custódia que o juiz pode relaxar a prisão ou conceder liberdade provisória fica mais fácil compreender qual seria o prazo razoável exigido pela lei, o qual, neste caso, seria de 24 horas.” Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. A Condução Coercitiva: É um cautelar pessoal diversa da prisão. Por meio da condução coercitiva a pessoa é conduzida “contra a sua vontade” à autoridade judiciaria ou autoridade policial para um procedimento que dependa da sua presença. Segundo Renato brasileiro, Somente o juiz poderá praticar o crime do art. 10. O STF entende que o delegado de polícia pode decretar a condução coercitiva. Todavia, disso não se pode extrair como conclusão que o delegado pode ser sujeito passivo do Art. 10 da LAA. Pois, a luz do Art. 282 do CPP, apenas o juiz pode decretar medidas cautelares pessoais. Uma leitura constitucional nos leva a conclusão de que somente o juiz pode determinar medidas que impliquem restrição da liberdade de locomoção, ainda que temporariamente. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 25 • Podem ser submetidas a condução coercitiva: ofendido, perito, testemunhas e investigado/acusado (Arts. 201, 218, 411, 461, 260, 278 do CPP). Todavia, para fins de tipificação do Art. 10, só pode restar caracterizado crime de abuso de autoridade quando a condução coercitiva for em relação a pessoa da testemunha ou do investigado. Atenção para prova: Não é possível, assim, que a condução coercitiva do perito ou do ofendido sejam consideradas abuso de autoridade, sob pena de analogia in malan parten. Falta taxatividade para o entendimento do crime de abuso de autoridade após decretação da condução coercitiva “manifestamente descabida”. A expressão deixa margem para discricionariedade. Porém, segundo professor Renato Brasileiro, à luz da decisão do Supremo Tribunal Federal, a “condução coercitiva manifestamente descabida” é a condução coercitiva do investigado para fins de interrogatório. STF: “(...) Arguição julgada procedente, para declarar a incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tendo em vista que o imputado não é legalmente obrigado a participar do ato, e pronunciar a não recepção da expressão “para o interrogatório”, constante do art. 260 do CPP.” (STF, Pleno, ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/06/2018, DJe 107, 21/05/2019). Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; III - Produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. Atentar para as formas de constrangimento ao preso: ➢ Violência ➢ Grave ameaça ➢ Redução de sua capacidade de resistência. I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; Em geral, a exibição do preso não atende a nenhuma finalidade pública. Doutrina aponta, porém, de forma excepcional, que pode ser que haja interesse público envolvido, como no caso de alguns crimes sexuais, nos quais a exibição do preso auxilia outras vítima a identificarem o acusado e denunciarem. II - Submeter-sea situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; Situação que cause constrangimento ou humilhação. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 26 Exemplos: Preso que é obrigado a bater palmas e cantar parabéns, pois foi recolhido a prisão no dia do seu aniversário; preso que é obrigado a vestir roupas de mulher. III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência O presidente vetou o inciso III, porém teve seu veto derrubado. Exemplo: Obrigar a dar a senha do celular que a polícia tenha acesso. Não confundir esse crime com o crime de tortura prova. Lembrem-se: Constranger alguem mediante violencia ou grave ameaça causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter declaracao, confissao ou declaracao da vitima. O crime de Abuso de Autoridade é crime próprio, o crime de tortura é comum e deve existir o sofrimento físico ou mental. Pacote Anticrime – Código de Processo Penal (Redação dada pela Lei n. 13.964/19) Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal. Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. I - De pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou II - De pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono. Algumas pessoas tem o segredo como elemento essencial da função por elas exercidas. Desta forma, a ideia do tipo penal contido no Art. 15 é obstar que tais pessoas sejam constrangidas a depor (Art. 207, CP). Não se trata, contudo, de qualquer constrangimento. O constrangimento é sob ameaça de ser preso e o sigilo é decorrente de segredo ou sigilo funcional, ministerial ou profissão. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: I - De pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou No parágrafo único não há o constrangimento advindo de ameaça de prisão, sim do ato de prosseguir o interrogatório por quem optou por exercer o direito ao silêncio e por quem optou por ser assistido por um advogado. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 27 Se o investigado/acusado já advertiu a autoridade de que permanecerá em silêncio, esta não poderá prosseguir com as perguntas, sob pena de responsabilização criminal, desde que presente o dolo específico. Além disso, não poderá ser tido como prejudicial o fato de o réu permanecer em silêncio ou as razões pelas quais a pessoa pretende exercer esse direito. O direito ao silêncio não abarca a qualificação/identificação do investigado/acusado II - De pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono Art.15, II da LAA criminaliza a conduta daquele que impede que o investigado/acusado seja assistido por advogado durante o ato. No interrogatório judicial, a presença do advogado é obrigatória. O grande problema está no caso do interrogatório policial/ministerial (MP), onde a presença do advogado não era obrigatória. Com a nova LAA, se o individuo optar pela assistência do advogado, o interrogatorio policial não poderá prosseguir. Pelo menos tem tese, optando o individuo pela presenca de um advogado não se pode prosseguir pelo interrogatorio judicial.. Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja. Impedir ou retardar de forma injustificada o envio de requerimento de preso a JUIZ para que ele analise a legalidade da prisão ou circunstâncias de custódia. O parágrafo único tem como sujeito ativo o magistrado que, ciente da demora referida no caput, não tomar providências para saná-lo. E se o juiz que receber o requerimento não for o competente? Ele deve enviar para o juiz que seja. Caso o magistrado não seja o competente para decidir sobre a prisão, responderá por abuso de autoridade quando ele não envia o requerimento do preso à autoridade judiciária competente. Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Provavelmente será um artigo que trará grandes discussões na medida em que não correlacionou o conceito biológico ou social de sexo amplamente debatido nos dias atuais. Provavelmente deverá prevalecer o conceito mais conservador, jurídico ou formal, ou seja, o do documento de identidade. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 28 STF: “(...) a identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa humana e, como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. A pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero dissonante daquela que lhe foi designada ao nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita desta sua vontade dispõe do direito fundamental subjetivo à alteração do prenome e da classificação de gênero no registro civil pela via administrativa ou judicial, independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros, por se tratar de tema relativo ao direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade”. (STF, Pleno, ADI 4.275/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 01/03/2018, DJe 45 06/03/2019). Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: I - Coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear- lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; II - (VETADO); III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h ou antes das 5h § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. Esse crime é análogo ao art. 150 do Código Penal, invasão de domicílio. O § 2º do art. 150 do CP aumenta a pena quando o crime for cometido por funcionário público. Com o advento da nova lei de Abuso de autoridade e seu art. 22, revogou-se, então, o parágrafo 2º do art. 150 do Código penal. Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestinaou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. Para cumprir mandado de busca e apreensão, a partir da vigência da nova lei, terá hora para começar e terminar. Após as 5 horas e antes das 21 horas. Norma penal em branco homogênea heterovitelina: o Art. 22, caput da LAA contém uma norma penal em branco homogênea heterovitelina, pois coloca a necessidade de se buscar em outra norma os requisitos para o cumprimento de um mandado judicial, ou seja, quais são as condições para que a polícia possa ingressar na casa de alguém. Grosso modo, essas condições estão previstas no Art. 245 do CPP. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 29 Mandado genérico: o mandado genérico é vedado pelo ordenamento, uma vez que todo mandado deve ser individualizado. Exemplo (mandado genérico).: “autorização para que a polícia possa entrar em qualquer casa do bairro “X”. ” cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h ou antes das 5h” A LAA oferece um conceito de noite em seu Art. 22, III. O problema é que tal conceito é muito restritivo, tendo em vista que seria muito difícil sustentar que alguns horários fora do período fornecido pela LAA seriam tidos como dia. Aqui também existem 3 correntes: • 1ª CORRENTE: O legislador recaiu em inconstitucionalidade, pois ampliou excessivamente o conceito de dia. • 2ª CORRENTE: o inciso III é válido, mas desde que interpretado conforme a Constituição, ou seja, se ainda houver luminosidade solar, será dia. (Rogério Greco, Rogério Sanches) • 3ª CORRENTE: o inciso III é plenamente constitucional sem que haja a necessidade do elemento “lumisosidade solar” para a sua interpretação. A razão da Constituição exigir o cumprimento da ordem judicial durante o dia é respeitar o repouso noturno. Logo, ás 20h59, por exemplo, dificilmente alguém está dormindo. nAlém disso, vivemos em um país de dimensões continentais, de modo que em muitas localidades já é dia ás 5h. (Renato Brasileiro) ATENÇÃO: no caso da chamada exploração de local – na qual coloca-se um grampo na casa de alguém durante a diligência com objetivo de promover ali uma escuta ambiental - é possível ingresso no período noturno (Inquérito nº 2424, STF). Polícia pode fazer buscas por causa de cheiro de maconha? A Sexta Turma do Supremo Tribunal Justiça (STJ) decidiu que policiais podem fazer buscas caso tenham sentido “forte odor de maconha” mesmo se não tiverem um mandado para isso. Para o relator, ministro Sebastião Reis Júnior, “é dispensável o mandado de busca e apreensão quando se trata de flagrante da prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes, pois o referido delito é de natureza permanente, ficando o agente em estado de flagrância enquanto não cessada a permanência”. A decisão foi tomada de maneira monocrática no início de fevereiro com base em um caso ocorrido em São Paulo. Na ocasião, agentes da polícia militar abordaram Derek Araujo dos Santos Furtado na rua. Como ele não portava documentos, os agentes o acompanharam até sua casa e lá sentiram um forte cheiro de maconha. Ao fazer buscas no imóvel, encontraram 667 porções de crack, 1.605 invólucros de maconha, 1.244 de cocaína e 35 frascos de lança-perfume. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 30 A defesa de Furtado alega que houve ilegalidade na ação já que os policiais não possuíam um mandato de busca e apreensão e só tiveram conhecimento das substâncias entorpecentes depois de entrarem na residência. HC 423.838 “É pacífico nesta Corte Superior o entendimento de que, tratando-se de flagrante por crime permanente, no caso, por tráfico de drogas, desnecessário tanto o mandado de busca e apreensão quanto a autorização para que a autoridade policial possa adentrar no domicílio do paciente, conforme previsto no 5o, XI, da CF. [...] 8. Habeas corpus não conhecido. “ HC n. 352.811/SP, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, 1/8/2016 Para que o ingresso de policiais em residência de outrem, sem ordem judicial, seja legítimo, é imprescindível a presença de um lastro probatório mínimo da existência de crime. Nessa linha de pensamento, o STF entendeu necessária a preservação da inviolabilidade do domiciliar contra ingerências arbitrárias no domicílio. “A entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o direito, é arbitrária. Não será a constatação da situação de flagrância, posterior ao ingresso, que justificará a medida”. STF - 603616/RO, 10/05/2016 “Conforme entendimento da Suprema Corte e da Sexta Turma deste STJ, a entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o direito, é arbitrária, e não será a constatação de situação de flagrância, posterior ao ingresso, que justificará a medida, pois os agentes estatais devem demonstrar que havia elemento mínimo a caracterizar fundadas razões (justa causa)”. INFORMATIVO 623 STJ - RCH83501/SP, 06/03/2018 Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de: I - Eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligência; II - Omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletas para desviar o curso da investigação, da diligência ou do processo. A figura contida no Art. 23 da LAA é praticamente uma reprodução do crime de fraude processual contido no Art. 347 do CP. O que a LAA faz é apenas enquadrar a conduta em um contexto de abuso de autoridade. É o crime do agente que tenta enganar a prova pericial para eximir-se de responsabilidade ou responsabilizar alguém ou agravar-lhe a responsabilidade. Exemplo: Policiais ao chegarem no local de um acidente automobilístico entre 3 carros com um óbito percebe que um dos causadores é seu irmão. Para beneficiar seu irmão e colocar a culpa em outro motorista, ele modifica o morto de local. https://www.cursoagoraeupasso.com.br/ cursoagoraeupasso.com.br AGORA EU PASSO! 31 Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena – detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, além da pena correspondente à violência. É o ato de forçar um funcionário de um hospital PÚBLICO ou PRIVADO a “dizer que a pessoa chegou viva ao hospital e que morreu após atendimento”. Popularmente chamada de “esquentar cadáver”. O legislador criou um dolo específico próprio: “com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração” Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito: Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento