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ABUSO_DE_AUTORIDADE_EVENTO_AEP

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AGORA EU PASSO! 
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SUMÁRIO 
Lei de Abuso de Autoridade ............................................................................................................................. 2 
Introdução .................................................................................................................................................... 2 
Bem Jurídico Tutelado .................................................................................................................................. 2 
Elemento Subjetivo dos crimes de Abuso de Autoridade ............................................................................. 3 
Disposições Gerais ........................................................................................................................................ 3 
Não criminalização da interpretação jurídica dos fatos ................................................................................ 3 
Sujeitos do Crime ......................................................................................................................................... 5 
Sujeito Passivo .......................................................................................................................................... 5 
Sujeito Ativo ............................................................................................................................................. 5 
Competência Criminal para julgamento dos crimes ..................................................................................... 8 
1° Instância ............................................................................................................................................... 8 
Competência ............................................................................................................................................ 8 
Ação penal .................................................................................................................................................... 9 
Efeitos da Condenação ............................................................................................................................... 10 
Algumas considerações: ............................................................................................................................. 11 
Penas Restritivas de Direitos ...................................................................................................................... 12 
Quais são os crimes da lei de abuso de autoridade que não permitem a substituição das penas 
privativas de liberdade em penas restritivas de direito? ........................................................................ 13 
Sanções de Natureza Civil e Administrativa................................................................................................ 13 
Dos Crimes e das Penas .................................................................................................................................. 15 
Crimes em Espécie...................................................................................................................................... 15 
Grupo 1 - DETENÇÃO – 6 meses a 2 anos + MULTA.................................................................................... 15 
Grupo 2 – DETENÇÃO – 1 a 4 anos + MULTA .............................................................................................. 23 
Do Procedimento ....................................................................................................................................... 33 
Referências Bibliográficas............................................................................................................................... 33 
 
 
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LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE 
 
INTRODUÇÃO 
Foi sancionada, em 05 de setembro de 2019, a nova lei de abuso de autoridade – Lei 
13.869/2019, que revogou expressamente a antiga Lei 4.898/1965, além de alterações 
relevantes na Lei de Prisão Temporária, na Lei das Interceptações Telefônicas, no Código Penal 
e no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. 
O período que decorre entre o dia da publicação de uma lei e o dia em que ela entra em 
vigor, ou seja, que tem seu cumprimento obrigatório é chamado de Vacatio Legis. A nova lei de 
abuso de autoridade tem um período de Vacatio Legis de 120 dias e é contado a partir do dia 05 
de setembro de 2019. 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO 
Estamos diante de um crime pluriofensivo, ou seja, que tutela mais de um bem jurídico. 
Porém, sempre presente, está o “dever de lealdade e dever de probidade” do agente 
público.1 
➢ Dever de lealdade/probidade do agente público: quem exerce uma função 
pública tem a obrigação de respeitar princípios basilares como a legalidade, a 
moralidade, a publicidade e a eficiência 
➢ O outro bem jurídico vai depender do crime em questão. 
Exemplos: 
• Os crimes do art. 9º e 10 têm como bem jurídico a liberdade de locomoção: 
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta 
desconformidade com as hipóteses legais: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
 
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou 
investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de 
comparecimento ao juízo: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
• O crime do art. 13, inciso I e II, tem como bem jurídico a honra subjetiva: 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave 
ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: 
 
I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade 
pública; 
 
II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não 
autorizado em lei; 
 
 
 
 
1 BRASILEIRO, Renato; Nova Lei de Abuso de Autoridade, 1º Edição, Ed. Juspodivm, 2020 
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ELEMENTO SUBJETIVO DOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE 
O elemento subjetivo do crime de abuso de autoridade é o dolo. Não há abuso de 
autoridade culposo. 
Porém, há o dolo genérico (elemento subjetivo geral do tipo) e existe a necessidade de um 
DOLO ESPECÍFICO (especial fim de agir – elemento subjetivo especial do tipo) dentre os 
presentes no art. 1º § 1º. 
Eles trarão a gravidade necessária para justificar a tipificação das condutas. 
São finalidades específicas previstas na lei as seguintes: 
➢ Prejudicar outrem 
➢ Beneficiar a si mesmo ou terceiro 
Não importa se o benefício será material ou não. 
➢ Por mero capricho ou satisfação pessoal 
Segundo a doutrina, o capricho pode ser entendido como uma vontade repentina 
desprovida de qualquer justificativa. No tocante a satisfação pessoal, entende-se que 
ela nunca pode ser a causa da conduta, mas sim a consequência. 
Professor e Doutrinador Renato Brasileiro usa o exemplo de um policial que prende 
pessoas para postar foto e ganhar “curtidas” 
 
A ausência do dolo específico acarreta a descaracterização do tipo e a conduta será 
considerada atípica. 
 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos 
por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções 
ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido 
atribuído. 
 
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de 
autoridade quando praticadas pelo agente com a FINALIDADE 
ESPECÍFICA de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a 
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. 
 
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e 
provas não configura abuso de autoridade. 
 
NÃO CRIMINALIZAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO JURÍDICA DOS 
FATOS 
Durante os debates no congresso acerca dessa nova lei, alguns políticos diziam que a nova 
lei seria a tentativa de criminalizar o ato de interpretação de juízes, promotores, etc., no sentidode que um desentendimento da interpretação da norma poderia causar sanção ao agente que 
interpretasse a norma de forma mais gravosa ao réu. 
É evidente que não se pode criminalizar a atividade interpretativa pelos 
magistrados e órgãos do Ministério Público. Em razão dessa divergência, foi elaborado o §2º 
do art. 1º. Assim, o Congresso tentou afastar a alegação que estaria havendo uma criminalização 
da atividade interpretativa, ou seja, fazendo surgir o crime de hermenêutica. 
 
DOLO + DOLO ESPECÍFICO 
 
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Art. 1º 
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e 
provas não configura abuso de autoridade. 
Trata-se de norma geral, aplicável a todos os crimes contidos na lei. 
 
Será que qualquer interpretação pode entrar na causa de exclusão de 
tipicidade do §2º de modo a afastar a tipificação do abuso de autoridade? 
Segundo Renato Brasileiro, nem toda interpretação pode ser incluída na causa 
de atipicidade contida no §2º, mas apenas a interpretação razoável. 
Se há limitação literal ou jurisprudencial 
Limitação literal: se a norma possui um grau alto de objetividade, não se pode 
atentar contra a sua literalidade. Assim, não se pode considerar a entrada em um 
domicílio às 2h da manhã (com mandado de busca e apreensão) como não sendo 
abuso de autoridade nos termos do Art. 22 sob a justificativa de que o intérprete-
aplicador considerava o horário como “dia” e não como “noite”. 
Limitação jurisprudencial: quando o intérprete-aplicador verificar que não é 
necessário realizar mais qualquer tipo de interpretação, tento em vista que já há uma 
decisão de caráter vinculante dos Tribunais Superiores, e, a despeito disso, realizar 
interpretação contrária, há violação do limite jurisprudencial. Exemplo nesse sentido 
é a o juiz que manda prender o depositário infiel e cuja conduta preenche os demais 
requisitos legais para a interpretação. 
 
Enunciado n. 2 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos 
Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de 
Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): 
 
“A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas, salvo 
quando teratológica, não configura abuso de autoridade, fixando excluído o dolo”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUJEITOS DO CRIME 
 
SUJEITO PASSIVO 
Crimes de dupla subjetividade passiva. 
Podem ser atingidos tanto o Estado quanto Pessoa Física ou Jurídica. 
Imediato é a pessoa (física ou jurídica) sobre qual recai a conduta criminosa. 
Mediado é o Estado, já que é uma má prestação do serviço público. 
Exemplo de crime contra PJ é o do Art. 36. 
 
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de 
ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o 
valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a 
demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de 
corrigi-la: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
 
SUJEITO ATIVO 
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos 
por agente público, servidor ou não, que, NO EXERCÍCIO DE SUAS 
FUNÇÕES ou a PRETEXTO DE EXERCÊ-LAS, abuse do poder que lhe 
tenha sido atribuído. 
É crime próprio. É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer AGENTE 
PÚBLICO, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território. 
Para os efeitos desta lei, agente público todo aquele que exerce, ainda que 
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou 
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão 
ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. 
O conceito é o mais amplo possível, além da possibilidade de coautoria e participação 
de particulares, já que ser agente público é elementar de todos os tipos penais e, por isso, 
comunica-se aos que não estiverem nessa situação. 
Você estudará em Direito Administrativo a classificação dos agentes públicos, por 
exemplo, agentes políticos, agentes administrativos, agentes delegados, agentes honoríficos etc. 
Como exemplo, adianto que os agentes honoríficos podem ser responsabilizados por 
abuso de autoridade. Agentes honoríficos são as pessoas convocadas, designadas ou nomeadas 
para prestar, transitoriamente, determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição 
cívica, de sua honorabilidade ou de sua notória capacidade profissional, mas sem vínculo 
empregatício ou estatuário, e geralmente sem remuneração. 
Exemplos: os jurados, os mesários eleitorais, os comissários de menores, dentre outros. 
 
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer 
agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou 
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas 
não se limitando a: 
 
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• Para a configuração do crime de abuso de autoridade é INDISPENSAVEL que se 
aponte a existência de NEXO FUNCIONAL, isto é, demonstrar que o agente 
público praticou a conduta “no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-
las” (crime propter officium). 
 
• Não há abuso de autoridade se um juiz se desentende com um passageiro no 
aeroporto e, sem mencionar qualquer palavra acerca do cargo que ocupa ou 
fornecer qualquer justificativa, resolve prender o outro passageiro em flagrante. 
 
• Não há abuso de autoridade quando o policial militar que fazia um bico de 
segurança em um supermercado prende uma pessoa, extrapolando um pouco 
durante o ato de prender. 
 
I - Servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; 
II - Membros do Poder Legislativo; 
III - Membros do Poder Executivo; 
IV - Membros do Poder Judiciário; 
V - Membros do Ministério Público; 
VI - Membros dos tribunais ou conselhos de contas. 
 
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta 
Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem 
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou 
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, 
emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput 
deste artigo. 
 
➢ Funcionário público por equiparação 
Se o indivíduo é considerado funcionário público para o Código Penal, ele não é 
considerado agente público para fins de aplicação da Lei de Abuso de Autoridade , pois seria 
uma analogia in malan parten trazer o §1º do Art. 327 do CP, cujo conteúdo o legislador não 
decidiu replicar no Art. 2º da LAA. 
 
CP, Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos 
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce 
cargo, emprego ou função pública. 
 
§1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego 
ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa 
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de 
atividade típica da Administração Pública 
 
Exemplo: empregado que trabalha na coleta de lixo. 
 
➢ Agente que não está em horário de trabalho: 
Prevalece o entendimento de que o crime pode ser cometido no exercício da função ou em 
razão dela. O importante é detectar que o agente praticou o abuso prevalecendo-se, usando, as 
prerrogativas, ainda que mínimas, do cargo, emprego ou função pública. 
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➢ Funcionário demitido, exonerado ou aposentado: 
Por não deter mais autoridade, não pode ser sujeito ativo dos crimes de abuso de 
autoridade. Significa, pois, que não pode abusar daquilo que não tem mais. Ao contrário, caso o 
agente público estejasó de licença, não deixa de ser “autoridade” para os fins da lei, pois ainda 
mantém vínculo funcional com a Administração Pública. 
 
➢ Concurso de Agentes – Particular 
Particular pode cometer crime de abuso de autoridade? 
Sim. Desde que o particular atue em concurso de pessoas com uma autoridade. Isso se 
deve ao art. 30 do Código Penal, que assim dispõe: “não se comunicam as circunstâncias e as 
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime” 
 
Elementar do tipo: São os fatores que integram a definição básica de uma 
infração penal. São dados essenciais da figura típica cuja ausência pode produzir uma 
atipicidade absoluta ou relativa. 
No homicídio simples (CP, art. 121, caput), por exemplo, as elementares são 
“matar” e “alguém”. Excluindo-se uma elementar, o fato se torna atípico, ou então 
se torna outra infração penal. 
Circunstâncias do tipo: São os fatores que se agregam ao tipo fundamental, 
para o fim de aumentar ou diminuir a pena. Exemplo, no homicídio, que tem como 
elementares “matar” e “alguém”, são circunstâncias o “relevante valor moral” (§ 1ª), 
o “motivo torpe” (§ 2º, I) e o “motivo fútil (§ 2ª II), dentre outras. 
Quando a circunstância de caráter pessoal for elementar para o crime, ou seja, 
o crime não existe sem ela, essa circunstância contamina o coautor. 
Ex: Se José, policial militar, pratica crime de abuso de autoridade em coautoria 
com seu primo João, particular, a circunstância pessoal de José ser “autoridade” 
contamina o segundo, pois é elementar para o crime de abuso de autoridade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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COMPETÊNCIA CRIMINAL PARA JULGAMENTO DOS CRIMES 
 
1° INSTÂNCIA 
Pelo menos em regra, o abuso de autoridade será julgado em 1ª instância. 
É possível que o abuso de autoridade seja praticado por uma autoridade detentora de 
foro, de modo que, neste caso, haverá competência originária dos Tribunais. Para isso, contudo, 
é preciso demonstrar que o crime foi praticado durante o exercício da função detentora de foro 
e em razão dela (regra da contemporaneidade). 
 
COMPETÊNCIA 
Em regra, a competência é da Justiça Comum. 
Exceções: 
➢ Justiça Federal: quando praticado por funcionário público federal (ex.: abuso 
cometido por delegado da polícia federal, ou ainda, abuso praticado na qualidade de 
crime comum (estadual), mas em conexão/continência com um crime federal. 
 
➢ Justiça Militar: Antes do advento da lei 13.491/2017, a súmula 172 do STJ era que 
afirmava a competência da justiça comum para processar e julgar militar por crime 
de abuso de autoridade, ou tortura, ainda que praticado em serviço. Após a Lei, a 
súmula perdeu seu objeto. 
 
O Código Penal Militar foi modificado e seu art. 9º foi expandido o rol de possibilidade de 
inclusão de crimes não militares como sendo militares. 
• ANTES DA ALTERAÇÃO, o art. 9, II, do Código Penal Militar previa o seguinte: 
II - Os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei 
penal comum, quando praticados: 
• APÓS A MENCIONADA LEI, PASSOU A PREVER QUE: 
II – Os crimes previstos neste Código e os PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO PENAL, quando 
praticados: 
 
Nota-se, portanto, que houve uma ampliação dos crimes de natureza militar, uma vez que 
qualquer crime existente no ordenamento jurídico brasileiro poderá se tornar crime militar, a 
depender do preenchimento de uma das condições previstas no inciso II do art. 9º do Código 
Penal Militar. 
Antes, somente os crimes previstos no CPM eram crimes militares. Com a alteração 
legislativa, a previsão é de que “os crimes previstos neste Código” (Código Penal Militar) e os 
“previstos na legislação penal” (todas as leis penais do país) também são crimes militares, 
quando preenchida uma das hipóteses do inciso II do Código Penal Militar. 
 
 
 
 
 
 
 
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Código Penal Militar 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
(...) 
II – Os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: 
(...) 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza 
militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra 
militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
 
Os crimes da legislação penal a que se refere o Art. 9º, II do CPM devem ser praticados em 
um dos contextos mencionados nas alíneas do inciso II para que seja considerados crimes 
militares. 
Exemplo: um Policial Militar que prende uma pessoa e a coloca em frente ao logo do 
batalhão para que possa filmá-la e ganhar visibilidade nas redes sociais pela prisão realizada 
será processado pelo crime do Art. 13, I da Lei 13.869/19 c/c Art. 9º, II, (c) do CPM. 
 
AÇÃO PENAL 
 
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. 
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, 
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia 
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, 
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação 
como parte principal. 
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 meses, contado da data em 
que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. 
 
Os crimes previstos nesta Lei são de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. 
A nova lei de abuso de autoridade admite a ação penal privada subsidiária da pública. 
➢ Ação penal privada subsidiária da pública: São aqueles casos em que a lei não 
prevê a ação como privada, mas sim como pública. Ocorre que o Ministério Público, 
Titular da Ação Penal, fica inerte, ou seja, quando o MP não oferece a denúncia no 
prazo legal. 
• Para isso o Ministério Público tem um prazo que varia em regra de 5 dias para 
réu preso a 15 dias para réu solto. 
• Na lei de abuso de autoridade antiga (lei 4.898/65), o prazo era de 48 horas. 
Não se manifestando (ficando inerte) no prazo, abre-se a possibilidade para que o 
ofendido, seu representante legal ou seus sucessores ingressem com a ação penal privada 
subsidiária da pública. 
Não há prazo para denúncia na nova lei, porém deve-se aplicar subsidiariamente os 
prazos do CPP. 
Se o MP não realizar a denúncia no prazo legal, gera o direito para parte ofendida de 
propor a ação penal privada subsidiária da pública e será exercida no PRAZO DE 06 MESES 
contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia. 
Possibilidades do MP após a queixa na ação penal privada subsidiária: 
• Aditar a queixa 
• Repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva 
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• Intervir em todos os termos do processo fornecer elementos de prova, interpor 
recurso 
• E todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte 
principal. 
 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
O art. 4º descreve os efeitos extrapenais de uma condenação criminal de um crime de 
abuso de autoridade. 
Art. 4º São efeitos da condenação: 
 
I - Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a 
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos 
causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; 
 
II - A inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 
1 a 5 anos; 
 
III - A perda do cargo, do mandato ou da função pública. 
 
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são 
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são 
automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença. 
 
Obrigação de reparar o dano 
 
I - Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, 
devendo ojuiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o 
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, 
considerando os prejuízos por ele sofridos; 
 
A obrigação de reparar o dano é também prevista no art. 91 do Código Penal. 
O art. 4º também dispõe sobre uma faculdade da parte quando menciona fixação de um 
valor mínimo para a indenização, tal como previsto no Art. 387, IV do CPP. Não havendo 
requerimento da parte, o juiz não poderá fixar o valor mínimo. 
Segundo o professor Renato Brasileiro, considerando que a LAA não fez nenhuma restrição 
quanto ao dano, pode-se entender que qualquer espécie de dano passível de reparação poderá 
ser fixado pelo juiz neste momento (material; moral; estético; dentre outros). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Inabilitação para outro cargo, mandato ou função pública 
II - A inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função 
pública, pelo período de 1 a 5 anos; 
 
Perda do cargo, do mandato ou da função pública. 
III - A perda do cargo, do mandato ou da função pública. 
 
 
- AS SANÇÕES SÓ PODERÃO SER APLICADAS CASO O RÉU SEJA 
REINCIDENTE EM CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE 
- OS EFEITOS NÃO SÃO AUTOMÁTICOS 
 
 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES: 
➢ Em caso de primeira condenação por crime de abuso de autoridade é impossível que 
um indivíduo perca o cargo; 
➢ A perda do cargo não é automática. Deverá ser motivada pelo juiz na sentença; 
➢ Na lei de abuso de autoridade anterior (lei nº 4898) a INABILITAÇÃO PARA OUTRO 
CARGO (de até 3 anos) e a PERDA DO CARGO eram sanções penais. 
➢ Com a lei nº 13.869/2019, a INABILITAÇÃO PARA OUTRO CARGO (1 a 5 anos) e a 
PERDA DO CARGO não são mais penas, são SANÇÕES EXTRAPENAIS ou EFEITOS 
EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO. 
➢ A OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO é efeito automático. 
 
 
PERDA DO CARGO INABILITAÇÃO PARA O 
EXERCÍCIO DE OUTRO 
CARGO 
OBRIGAÇÃO DE REPARAR 
O DANO 
EFEITO AUTOMÁTICO 
NÃO NÃO SIM 
RÉU PRIMÁRIO 
NÃO NÃO SIM 
RÉU REINCIDENTE EM 
OUTRO CRIME 
NÃO NÃO SIM 
REU REINCIDENTE EM 
OUTRO CRIME DE ABUSO 
DE AUTORIDADE 
SIM SIM SIM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de 
liberdade previstas nesta Lei são: 
I - Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; 
II - Suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo 
prazo de 1 a 6 meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; 
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser 
aplicadas autônoma ou cumulativamente. 
O Código Penal traz no seu artigo 43 quais são as penas restritivas de direito. Porém, nem 
todas são possíveis aos condenados por crime de Abuso de Autoridade, já que na LAA traz de 
forma especial as duas possíveis. A nova lei de abuso de autoridade prevê duas penas 
restritivas de direitos (PRD) que substituem as penas privativas de liberdade (PPL): 
 
1. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE OU A ENTIDADES 
PÚBLICAS; 
2. SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO CARGO, DA FUNÇÃO OU DO 
MANDATO 
➢ Prazo de 1 a 6 meses, com a perda dos vencimentos e das 
vantagens. 
➢ Era prevista na lei antiga, porém era espécie de sanção 
administrativa (5 a 180 dias). 
➢ Na nova lei de abuso de autoridade, a suspenção do exercício do 
cargo é uma espécie de pena restritiva de direitos que substitui a 
pena privativa de liberdade, caso essa substituição seja possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PENAS 
RESTRITIVAS DE 
DIREITOS 
Código Penal 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as 
privativas de liberdade, quando: 
I - Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não 
for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena 
aplicada, se o crime for culposo; 
II - O réu não for reincidente em crime doloso; 
III - A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa 
substituição seja suficiente. 
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QUAIS SÃO OS CRIMES DA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE QUE NÃO 
PERMITEM A SUBSTITUIÇÃO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE 
EM PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO? 
 
São as infrações praticadas com violência ou grave ameaça. 
 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, 
grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: 
I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade 
pública; 
II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não 
autorizado em lei; 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, sem prejuízo da pena 
cominada à violência. 
 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à 
revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, 
ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação 
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, 
quem: 
I - Coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a 
franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; 
 
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário 
ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir 
para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de 
alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena 
correspondente à violência. 
 
SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA 
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas 
independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa 
cabíveis. 
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que 
descreverem falta funcional serão informadas à autoridade 
competente com vistas à apuração. 
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes 
da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a 
autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo 
criminal. 
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no 
administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido 
o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em 
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
A doutrina penal afirma que não há comunicação entre as instâncias, isto é, a regra geral 
é a independência entre as instâncias civil, penal e administrativa. Por isso, uma pessoa pode 
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cometer uma infração e este ato ser considerado, ao mesmo tempo, uma infração no âmbito 
civil, no âmbito penal e no âmbito administrativo, e ser punida nestas três esferas, sem que isso 
se configure bis in idem, porque as instâncias são independentes entre si. 
Primeiramente, há de se notar que a sentença penal condenatória pode determinar a 
condenação criminal do servidor, ou, a sua absolvição, que pode se fundamentar em três 
situações distintas: 
A – Condenação: 
A condenação penal produz efeitos diretos em relação ao processo administrativo (e no 
processo civil), fazendo coisa julgada relativamente à culpa do agente, sujeitando-o à reparação 
do dano e às punições administrativas. 
 
B – Absolvição 
B1. Negativa de autoria ou do fato 
Na absolvição por negativa da autoria ou do fato, a sentença criminal produz efeitos na esfera 
administrativa e civil. 
 
B2. Ausência de culpabilidade penal 
Na absolvição ou ausência de culpabilidade penal, a absolvição criminal NÃO produz efeito algum 
nos âmbitos civis e administrativos, sendo que a Administração poderá ajuizaração de regresso 
de indenização e condená-lo à infração disciplinar administrativa, já que houve apenas a declaração 
de não existência de ilícito penal, que não afasta a punição civil e administrativa. 
 
B3. Ausência de provas. 
A absolvição criminal também NÃO produz qualquer efeito no juízo cível e administrativo, já 
que a insuficiência de prova da ação penal não impede que se comprovem a culpa administrativa e a 
civil. 
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes 
da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a 
autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo 
criminal. 
Segundo o art. 7º, as responsabilidades civil e administrativa são independentes da 
criminal, não se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas 
questões tenham sido decididas no juízo criminal. Significa dizer que uma vez confirmado a 
autoria ou a existência do fato no âmbito penal, ele poderá ser responsabilizado 
administrativamente e civilmente. Da mesma forma, em relação a absolvição (ver B1). 
 
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no 
administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido 
o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em 
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Se um agente agiu sob o amparo de uma excludente de ilicitude e isso for comprovado no 
âmbito penal, vinculará e fará coisa julgada no âmbito administrativo e civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DOS CRIMES E DAS PENAS 
Dentre os vários tipos penais de abuso de autoridade previstos na Lei nº 13.869/19, 
diversos deles são infrações de menor potencial ofensivo e que, portanto, necessariamente, 
devem ter todo o procedimento estabelecido pela Lei 9.099/95. 
 
CRIMES EM ESPÉCIE 
Para facilitar a compreensão e o entendimento dos crimes de abuso de autoridade, 
dividimos os crimes de acordo com o seu preceito secundário. 
 
GRUPO 1 - DETENÇÃO – 6 MESES A 2 ANOS + MULTA 
Crimes de Menor Potencial Ofensivo – Competência do JECRIM 
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à 
autoridade judiciária no prazo legal: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
I - Deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou 
preventiva à autoridade judiciária que a decretou; 
II - Deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local 
onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada; 
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 horas, a nota de culpa, 
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das 
testemunhas; 
IV - Prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, 
de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem 
motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente 
após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial 
ou legal. 
 
Sujeito Ativo é o agente público, porém deve ser aquele que tem a obrigação de comunicar 
a prisão em flagrante. De forma mais específica, o sujeito ativo desse crime é a autoridade 
policial, pois é sobre ela que recai a obrigação de comunicar a prisão em flagrante. 
 
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante 
à autoridade judiciária no prazo legal: 
 
No caso do caput, a autoridade judiciária referida é o juiz das garantias (já estudando 
como se estivesse em vigência), que é quem detém a competência para a fase investigatória, 
isto é, até o recebimento da peça acusatória. 
O prazo legal a que se refere o Art. 12 da LAA está previsto em outras normas, como o Art. 
306 do CPP. Daí se concluir que o Art. 12 é espécie de norma penal em branco. 
Segundo a Doutrina, o prazo legal a que se refere o Art. 12 é o que consta do Art. 306, §1º 
do CPP, que prevê um prazo de 24 horas para a remessa do Auto de Prisão em Flagrante 
para a autoridade judiciária. Trata-se, portanto, de norma penal em branco homogênea e 
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heterovitelina. É homogênea porque o complemento do Art. 12 é oriundo da mesma fonte 
legislativa que editou o preceito primário que precisa ser complementado (no caso em questão, 
o Congresso Nacional). É heterovitelina porque o complemento está contido em outro diploma 
legal. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
I - Deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão 
temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou; 
Segundo Renato Brasileiro, o “imediatamente” do inciso I não deve ser o de 24 horas. 
“Se a lei utiliza palavras diversas é porque o legislador possui intenção diversa. Assim, 
por mais complicado que possa ser definir o que significa o termo IMEDIATAMENTE 
referido no inciso I, não é possível estabelecer para ele o mesmo prazo que o da prisão 
em flagrante (24 horas), dado que o cumprimento de um mandado de prisão preventiva 
ou temporária é muito mais rápido do que a lavratura de um auto de prisão em 
flagrante. Logo, o termo imediatamente tem sentido mais restritivo para os demais 
casos.” 
II - Deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa 
e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela 
indicada; 
Independentemente do tipo de prisão (flagrante, preventiva ou temporária), ela deverá 
ser comunicada imediatamente a FAMÍLIA ou PESSOA INDICADA pelo preso. 
Em resumo, o cumprimento de uma prisão temporária ou preventiva deverá ser 
IMEDIATAMENTE comunicado ao JUIZ que decretou, a FAMILIA ou PESSOA INDICADA. 
 
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 horas, a nota de 
culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes 
do condutor e das testemunhas; 
A nota de culpa nada mais é do que um documento entregue ao preso em flagrante, com 
vistas a dar ciência a ele de quais são os motivos e quais são os responsáveis por sua prisão. 
Além disso, o nome das testemunhas também deve constar da nota de culpa. O preso deve 
receber no prazo de 24 horas a nota de culpa. Se não for entregue ao preso no prazo 
estabelecido, será crime de abuso de autoridade. 
 
Excepcionalmente, é possível que o nome do condutor e das testemunhas não 
conste da nota de culpa sem que isso seja considerado como crime. O fundamento 
da exceção pode ser encontrado com base nas leis 12.890/12 (Lei das Organizações 
Criminosas) e 9.807/99 (Lei de Proteção às Testemunhas). 
 
 
IV - Prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão 
temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de 
internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de 
executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de 
promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou 
legal. 
A Lei de Abuso de Autoridade trouxe mudanças também para a Lei nº 7.960/89, a Lei da 
Prisão Temporária. 
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Foi incluído o § 8º que traz a seguinte redação: § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do 
mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária.” 
Assim, se uma pessoa for presa efetivamente as 19 horas de um dia, este dia já será 
contado como o 1º. 
Observe abaixo: 
PACOTE ANTICRIME - Atualização da Lei nº 7.960/89 – Prisão 
Temporária 
 
COMO ERA: 
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade 
policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 dias, prorrogável por igual 
período em caso de extrema e comprovada necessidade. (...) 
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das 
quais será entregue ao indiciado e servirá comonota de culpa. (...) 
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em 
liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva. 
 
COMO FICOU: 
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade 
policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 dias, prorrogável por igual 
período em caso de extrema e comprovada necessidade. 
(...) 
§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão 
temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado. 
(...) 
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia 
deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em 
liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação 
da prisão preventiva. 
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão 
temporária.” 
 
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua 
captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório 
em sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao 
preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função. 
 
Caso um agente não se identifique ou se identifique falsamente durante uma prisão ou 
detenção de qualquer pessoa, cometerá um crime de abuso de autoridade (dolo específico). 
 
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso 
noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, 
consentir em prestar declarações: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa 
 
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O delito do Art. 18 também é marcado pela presença de um conceito jurídico 
indeterminado, qual seja, o repouso noturno. O Art. 155, §1º do CP traz o repouso noturno como 
uma qualificadora do furto. 
 A doutrina menciona que a expressão pode ser melhor compreendida como uma espécie 
de costume, já que o período de repouso noturno em um lugar não é o mesmo de outro. No que 
toca a LAA, segundo o professor Renato Brasileiro, o ideal é entender que o conceito pode ser 
encontrado na própria lei, pois a própria lei, ao tratar do crime de violação a domicílio, no art. 
22, conceitua o que pode ser entendido como “noite”. 
 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à 
revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, 
ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação 
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
 
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, 
quem: 
 
I - Coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-
lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; 
 
II - (VETADO); 
 
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h 
ou antes das 5h 
A partir desta observação, podemos entender o repouso noturno como o período 
compreendido entre 21h e ás 5h. Por isso, como regra, o interrogatório não poderá ser feito 
durante este período, salvo exceções abaixo: 
O aluno deve prestar atenção nas ressalvas da proibição de interrogar o preso durante o 
repouso noturno. 
Exceções: 
• Se capturado em flagrante 
• Se o preso consentir, porém tem que estar devidamente assistido. Observe 
que durante o inquérito policial, a presença do advogado não é obrigatória, até 
porque a natureza do inquérito é inquisitiva. Porém, para o preso consentir ser 
interrogado durante a noite, ele deverá ser assistido. 
 
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada 
do preso com seu advogado: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o 
réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e 
reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, 
antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele 
comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de 
interrogatório ou no caso de audiência realizada por 
videoconferência. 
 
Se em uma unidade prisional for permitida a entrevista reservada com o preso e não é 
autorizado mediante os DOLOS ESPECÍFICOS da lei, o agente que não autorizou responde por 
abuso de autoridade. 
Perceber que a negativa da conversa com o advogado deve ser para prejudicar outrem ou 
beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. 
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O parágrafo único refere-se ao preso, o réu solto ou o investigado. 
Perceber que o crime de abuso de autoridade acontece quando é impedido o acesso do 
preso ou do réu solto a entrevista com o advogado ANTES da audiência judicial e de sentar-
se ao seu lado. Durante o interrogatório não é possivel a comunicação entre advogado e 
investigado. É ato continuo. 
 
 
 
 
 
 
 
Uma lei não pode mandar o que a outra proíbe. 
Logo, se o Art. 217 do CP possibilita a retirada do acusado da sala de audiência 
o acusado não ficará sentado ao lado de seu defensor, não configurando-se o crime 
do Art. 20 da LAA nesta hipótese. 
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, 
temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que 
prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, 
somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, 
prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. 
 
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento 
investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de 
alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito 
funcional ou de infração administrativa: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou 
investigação preliminar sumária, devidamente justificada. 
Sujeito ativo: O crime do Art. 27 é muito próximo das funções do delegado e do promotor 
de justiça. 
A lei fala em procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, 
abarcando as hipóteses de inquérito; procedimento investigatório criminal ou qualquer 
outro procedimento. 
A requisição deve ser feita à falta de qualquer indício para que se configure o crime. 
A requisição de inquérito deve demonstrar que há uma mínimo de plausibilidade para a 
sua instauração, sob pena da autoridade recair na prática de tal delito 
Necessidade de VPI: no processo penal, a investigação penal sumária é o que comumente 
chamamos de Verificação de Procedência de Informações (VPI), a qual antecede a instauração 
de um inquérito. A VPI é muito comum nos casos de denuncia anônima, por exemplo. 
Quando não há indício de infração penal, nem de infração administrativa contra um 
indivíduo, não se pode instaurar um procedimento investigativo. Deve haver lastro fático ou 
“começo”. As investigações devem ser iniciadas para apurar FATOS e não pessoas. 
É o Direito penal do fato e não do autor. 
Sindicância ou investigação preliminar sumária vão ser para buscar o “indício” que é 
preciso para formalizar o procedimento investigatório ou administrativo. É um cuidado prévio 
para justificar a requisição ou a instauração do processo investigativo. 
 
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Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, 
policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse de 
investigado: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. 
 
Percebe-se no art.29 que há já um elemento subjetivo especial próprio, qual seja, “com o 
fim de prejudicar interesse de investigado”. 
As outras hipoteses do art. 1º, § 1º, não foram contempladas. 
Segundo a doutrina, o art. 29, em sua parte final, seria, na verdade, uma norma especial 
quando comparada com o art. 1º, parágrafo primeiro. 
Ou seja, o art. 29, então, estaria restrito à finalidade de prejudicar interesse de investigado. 
Segundo o Conselho nacional de Procuradores Gerais dos Ministérios Públicos dos 
Estados e da união (CNPG), caso a mesma conduta do art. 29 seja praticada com a finalidade de 
“beneficiar”, pode, o agente, responder por outro delito, como, por exemplo, prevarização. 
 
Enunciado n. 19 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios 
Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de Coordenadores de 
Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): 
“O legislador, na tipificação do crime do art. 29 da Lei de Abuso de Autoridade, 
optou por restringir o alcance do tipo, pressupondo por parte do agente a finalidade 
única de prejudicar interesse do investigado. Agindo com finalidade de beneficiar, 
pode responder por outro delito, como prevaricação (art. 319 do CP), a depender das 
circunstâncias do caso concreto” 
 
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-
a em prejuízo do investigado ou fiscalizado: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo 
para execução ou conclusão de procedimento, o estende de forma 
imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do 
fiscalizado. 
Os prazos devem ser em regra cumprido, porém, os prazos podem ser estendidos 
justificadamente. Caso a investigação seja procrastinada em prejuízo do investigado, alinhado 
com o “dolo específico” 
Prazo da investigação: nos termos do CPP e das leis especiais, a investigação tem um 
prazo determinado de duração diferente conforme seja caso de réu preso ou réu solto. 
Excetuando os casos contidos em leis especiais, quando o indivíduo está solto, o prazo previsto 
pelo CPP é de 30 dias, podendo tal prazo ser prorrogado. Por outro lado, estando o indivíduo 
preso, o prazo é de 10 dias, admitindo-se também prorrogação por mais 15 dias (Art. 3º-B, §2º, 
CPP). No caso de réu preso, há vedação expressa no sentido de não permitir a prorrogação por 
mais de 15 dias. Todavia, em se tratando de réu solto, não é incomum que o prazo seja 
prorrogado sucessivamente. Veja-se nesse sentido o caso do inquérito que durou 07 anos e que 
foi analisado pelo STJ 
Tutela da razoável duração do processo: o delito do Art. 31 tutela a duração razoável 
do processo, não podendo o juiz permitir que um inquérito policial tramite por um tempo 
demasiadamente grande. 
Elemento normativo (“injustificadamente”): o elemento normativo 
“injustificadamente” é essencial para que haja caracterização do crime. Assim, se o promotor 
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devolve o inquérito ao delegado sem qualquer motivo por sucessivas vezes, a demora do 
processo estará sendo causada por diligências não pertinentes. Se as diligencias forem 
pertinentes, isto é, com motivos, não há crime (ex.: quebra do sigio bancário, pitiva de 
testeminha, dente outros). 
ATENÇÃO: o excesso e a procrastinação dependem do caso concreto. Não devemos 
pensar, portanto, que há um prazo certo e objetivo para o alongamento da investigação. Logo, 
o prolongamento da investigação jamais poderá ser considerado como crime sem a análise 
específica. O indivíduo deve, portanto, perguntar-se se há alguma diligência que vem 
justificando o alongamento do processo. 
 
 
 
Enunciado n. 21 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios 
Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de Coordenadores de 
Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): 
“A elementar ‘injustificadamente’ deve ser interpretada no sentido de que o 
excesso de prazo na instrução do procedimento investigatório não resultará de 
simples operação aritmética, impondo-se considerar a complexidade do feito, atos 
procrastinatórios não atribuíveis ao presidente da investigação e ao número de 
pessoas envolvidas na apuração. Todos fatores que, analisados em conjunto ou 
separadamente, indicam ser, ou não, razoável o prazo para seu encerramento” 
 
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos 
autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao 
inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de 
infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a 
obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a 
diligências em curso, ou que indiquem a realização de 
diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa 
Criminalização do não cimprimento da Súmula Vinculante 14. 
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos 
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado 
por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do 
direito de defesa.” 
Não há crime quando a negativa é para acesso a peças relativas a diligências em curso ou 
futuras. 
O tipo quer proteger a pessoa contra o abuso de uma agente público que quer obrigar você 
a fazer alguma coisa que a lei não diz. 
 
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive 
o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo 
ou função pública ou invoca a condição de agente público para se 
eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio 
indevido. 
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22 
 
Núcleo do tipo penal: exigir é impor como obrigação, sob pena de represália. A hipótese 
do Art. 33 da LAA é diferente dos artigos 316/317 do CP, pois no primeiro caso a exigência 
dirige-se a prestação de informação ou de direitos de fazer ou de não fazer, enquanto que no 
segundo (concussão) a exigência não é de cumprimento de obrigação, mas de vantagem ilícita. 
Distinção com tipos penais próximos: embora a redação do artigo 33 seja muito 
próxima daquela contida na hipótese de corrupção passiva concussão, no crime do Art. 33 o 
indivíduo se utiliza do cargo/função e mostra quem é, mas não há nenhuma ameaça implícita 
inerente ao exercício funcional. 
Exemplo: indivíduo invoca a sua condição de promotor em uma festa open bar para entrar 
(carteirada) → Se o indivíduo fala que vai instaurar inquérito, há concussão/corrupção passiva. 
Por outro lado, se ele apenas invoca a sua qualidade funcional o crime será o do Art. 33 da LAA. 
 
 
 
Enunciado n. 22 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios 
Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de Coordenadores de 
Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), referindose, porém, ao crime de corrupção 
passiva: “Quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de agente 
público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio 
indevido pratica abuso de autoridade (art. 33, parágrafo único) se o comportamento 
não estiver atrelado à finalidade de contraprestação do agente ou autoridade. Caso 
contrário, outro será o crime, como corrupção passiva (art. 317 do CP)” 
 
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de 
processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o 
intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. 
 
Para a doutrina, o art. 37 da LAA fala em órgão colegiado, parte da doutrina sustenta que 
esse crime só poderia ter como sujeito ativo os desembargadores ou ministros. O Doutrinador 
Renato brasileiro, contudo, acredita que nãoé a melhor interpretação, sobretudo se levarmos 
em conta que o artigo 37 sequer menciona a necessidade do processo ser judicial. E, ainda que 
se interprete nesse sentido, não se pode esquecer que há órgãos colegiados em 1ª instância, 
coma participação de juízes (ex.: turma recursal; juízos colegiados para o julgamento de 
organizações criminosas – Lei nº 12694; vara colegiada para o julgamento de organizações 
criminosas, etc...). 
A lei não descreve o tempo de devolução após o pedido de vistas. Essa má fé é que está 
sendo criminalizada. Necessário o dolo específico de realizar a demora para retardar 
julgamento para beneficiar terceiro, por exemplo. (5 dolos). 
 
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de 
comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de 
concluídas as apurações e formalizada a acusação: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. 
 
Quando o responsável pela investigação, antes de concluída a investigação ou 
formalização das acusações, divulga por meio de comunicação (inclusive rede social) que uma 
pessoa é culpada. 
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GRUPO 2 – DETENÇÃO – 1 A 4 ANOS + MULTA 
 
Tendo como base a pena de detenção de 1 a 4 anos, seguem algumas 
considerações: 
Competência do JUÍZO COMUM. 
 
Delegado poderia arbitrar fiança? 
Sim. Art. 322 CPP 
Art. 322. 
A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja 
pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 anos. 
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que 
decidirá em 48 horas. 
 
Cabe Suspenção Condicional do Processo? 
 Sim. Art. 89 da Lei nº 9.099/95 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior 
a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a 
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que 
o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro 
crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da 
pena 
 
Se for condenado cumprirá pena em regime fechado? 
Em regra, não. Apenas regime aberto ou semiaberto pois a pena cominada é 
de DETENÇÃO. 
 
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta 
desconformidade com as hipóteses legais: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária 
que, dentro de prazo razoável, deixar de: 
I - Relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
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II - Substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de 
conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível; 
III - Deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando 
manifestamente cabível. 
 
Renato Brasileiro e outros grandes doutrinadores como Rogério Sanches e Rogério Greco 
acreditam que não necessariamente deve ser um juiz, mas também delegados de polícia ou 
agentes de polícia podem figurar no polo ativo e decretar uma medida privativa de liberdade. 
 
Enunciado n. 5 do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios 
Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do Grupo Nacional de Coordenadores de 
Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM): 
“O sujeito ativo do art. 9º, caput, da Lei de Abuso de Autoridade, 
diferentemente do parágrafo único, não alcança somente autoridade judiciária. O 
verbo núcleo ‘decretar’ tem o sentido de determinar, decidir e ordenar medida de 
privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais”. 
 
No parágrafo único, o legislador especificou que o sujeito ativo só pode ser a 
autoridade judiciária. O crime do parágrafo único é do tipo omissivo próprio. 
A autoridade judiciária poderá o juiz da instrução e julgamento ou o juiz das garantias. 
Doutrina critica a adoção do “prazo razoável” por falta de taxatividade. 
Segundo o professor Renato Brasileiro: 
“Ao analisarmos os incisos I e II do parágrafo único do Art. 9º, é possível notar que se 
tratam de medidas previstas, respectivamente, nos incisos I e III do Art. 310 do CPP, que 
trata da convalidação judicial do flagrante, feita na audiência de custódia. Considerando 
que é na audiência de custódia que o juiz pode relaxar a prisão ou conceder liberdade 
provisória fica mais fácil compreender qual seria o prazo razoável exigido pela lei, o 
qual, neste caso, seria de 24 horas.” 
 
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou 
investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de 
comparecimento ao juízo: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
 
A Condução Coercitiva: 
É um cautelar pessoal diversa da prisão. Por meio da condução coercitiva a pessoa é 
conduzida “contra a sua vontade” à autoridade judiciaria ou autoridade policial para um 
procedimento que dependa da sua presença. 
Segundo Renato brasileiro, Somente o juiz poderá praticar o crime do art. 10. 
O STF entende que o delegado de polícia pode decretar a condução coercitiva. 
Todavia, disso não se pode extrair como conclusão que o delegado pode ser sujeito 
passivo do Art. 10 da LAA. Pois, a luz do Art. 282 do CPP, apenas o juiz pode decretar 
medidas cautelares pessoais. Uma leitura constitucional nos leva a conclusão de que 
somente o juiz pode determinar medidas que impliquem restrição da liberdade de 
locomoção, ainda que temporariamente. 
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• Podem ser submetidas a condução coercitiva: ofendido, perito, testemunhas e 
investigado/acusado (Arts. 201, 218, 411, 461, 260, 278 do CPP). 
Todavia, para fins de tipificação do Art. 10, só pode restar caracterizado crime de abuso 
de autoridade quando a condução coercitiva for em relação a pessoa da testemunha ou do 
investigado. 
Atenção para prova: Não é possível, assim, que a condução coercitiva do perito ou do 
ofendido sejam consideradas abuso de autoridade, sob pena de analogia in malan parten. 
Falta taxatividade para o entendimento do crime de abuso de autoridade após decretação 
da condução coercitiva “manifestamente descabida”. A expressão deixa margem para 
discricionariedade. 
Porém, segundo professor Renato Brasileiro, à luz da decisão do Supremo Tribunal 
Federal, a “condução coercitiva manifestamente descabida” é a condução coercitiva do 
investigado para fins de interrogatório. 
 
STF: “(...) Arguição julgada procedente, para declarar a incompatibilidade 
com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de 
réus para interrogatório, tendo em vista que o imputado não é legalmente 
obrigado a participar do ato, e pronunciar a não recepção da expressão “para o 
interrogatório”, constante do art. 260 do CPP.” 
(STF, Pleno, ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/06/2018, 
DJe 107, 21/05/2019). 
 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave 
ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: 
I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade 
pública; 
II - Submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não 
autorizado em lei; 
III - Produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo 
da pena cominada à violência. 
Atentar para as formas de constrangimento ao preso: 
➢ Violência 
➢ Grave ameaça 
➢ Redução de sua capacidade de resistência. 
I - Exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade 
pública; 
Em geral, a exibição do preso não atende a nenhuma finalidade pública. Doutrina aponta, 
porém, de forma excepcional, que pode ser que haja interesse público envolvido, como no caso 
de alguns crimes sexuais, nos quais a exibição do preso auxilia outras vítima a identificarem o 
acusado e denunciarem. 
 
II - Submeter-sea situação vexatória ou a constrangimento não 
autorizado em lei; 
Situação que cause constrangimento ou humilhação. 
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Exemplos: Preso que é obrigado a bater palmas e cantar parabéns, pois foi recolhido a 
prisão no dia do seu aniversário; preso que é obrigado a vestir roupas de mulher. 
 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, sem prejuízo da pena 
cominada à violência 
O presidente vetou o inciso III, porém teve seu veto derrubado. 
Exemplo: Obrigar a dar a senha do celular que a polícia tenha acesso. 
Não confundir esse crime com o crime de tortura prova. Lembrem-se: Constranger alguem 
mediante violencia ou grave ameaça causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter 
declaracao, confissao ou declaracao da vitima. O crime de Abuso de Autoridade é crime próprio, 
o crime de tortura é comum e deve existir o sofrimento físico ou mental. 
 
Pacote Anticrime – Código de Processo Penal (Redação dada pela Lei n. 
13.964/19) 
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para 
o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com 
órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena 
de responsabilidade civil, administrativa e penal. 
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, 
em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização 
da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a 
programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, 
assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à informação e a dignidade 
da pessoa submetida à prisão. 
 
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em 
razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar 
segredo ou resguardar sigilo: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
I - De pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou 
II - De pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou 
defensor público, sem a presença de seu patrono. 
Algumas pessoas tem o segredo como elemento essencial da função por elas exercidas. 
Desta forma, a ideia do tipo penal contido no Art. 15 é obstar que tais pessoas sejam 
constrangidas a depor (Art. 207, CP). 
Não se trata, contudo, de qualquer constrangimento. O constrangimento é sob ameaça de 
ser preso e o sigilo é decorrente de segredo ou sigilo funcional, ministerial ou profissão. 
 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o 
interrogatório: 
I - De pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou 
 
No parágrafo único não há o constrangimento advindo de ameaça de prisão, sim do ato de 
prosseguir o interrogatório por quem optou por exercer o direito ao silêncio e por quem optou 
por ser assistido por um advogado. 
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Se o investigado/acusado já advertiu a autoridade de que permanecerá em silêncio, esta 
não poderá prosseguir com as perguntas, sob pena de responsabilização criminal, desde que 
presente o dolo específico. Além disso, não poderá ser tido como prejudicial o fato de o réu 
permanecer em silêncio ou as razões pelas quais a pessoa pretende exercer esse direito. 
 
O direito ao silêncio não abarca a qualificação/identificação do 
investigado/acusado 
 
II - De pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou 
defensor público, sem a presença de seu patrono 
Art.15, II da LAA criminaliza a conduta daquele que impede que o investigado/acusado 
seja assistido por advogado durante o ato. 
No interrogatório judicial, a presença do advogado é obrigatória. 
O grande problema está no caso do interrogatório policial/ministerial (MP), onde a 
presença do advogado não era obrigatória. 
Com a nova LAA, se o individuo optar pela assistência do advogado, o interrogatorio 
policial não poderá prosseguir. Pelo menos tem tese, optando o individuo pela presenca de um 
advogado não se pode prosseguir pelo interrogatorio judicial.. 
 
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de 
preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da 
legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente 
do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências 
tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a 
prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja. 
Impedir ou retardar de forma injustificada o envio de requerimento de preso a JUIZ para 
que ele analise a legalidade da prisão ou circunstâncias de custódia. 
O parágrafo único tem como sujeito ativo o magistrado que, ciente da demora referida no 
caput, não tomar providências para saná-lo. 
E se o juiz que receber o requerimento não for o competente? Ele deve enviar para o juiz 
que seja. 
Caso o magistrado não seja o competente para decidir sobre a prisão, responderá por 
abuso de autoridade quando ele não envia o requerimento do preso à autoridade judiciária 
competente. 
 
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço 
de confinamento: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma 
cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em 
ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de 
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). 
 
Provavelmente será um artigo que trará grandes discussões na medida em que não 
correlacionou o conceito biológico ou social de sexo amplamente debatido nos dias atuais. 
Provavelmente deverá prevalecer o conceito mais conservador, jurídico ou formal, ou 
seja, o do documento de identidade. 
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STF: “(...) a identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da 
pessoa humana e, como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca 
de constituí-la. A pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero 
dissonante daquela que lhe foi designada ao nascer por autoidentificação firmada em 
declaração escrita desta sua vontade dispõe do direito fundamental subjetivo à 
alteração do prenome e da classificação de gênero no registro civil pela via 
administrativa ou judicial, independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de 
terceiros, por se tratar de tema relativo ao direito fundamental ao livre 
desenvolvimento da personalidade”. 
(STF, Pleno, ADI 4.275/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 01/03/2018, DJe 
45 06/03/2019). 
 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à 
revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, 
ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação 
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, 
quem: 
I - Coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-
lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; 
II - (VETADO); 
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h 
ou antes das 5h 
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou 
quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do 
ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. 
 
Esse crime é análogo ao art. 150 do Código Penal, invasão de domicílio. O § 2º do art. 150 
do CP aumenta a pena quando o crime for cometido por funcionário público. Com o 
advento da nova lei de Abuso de autoridade e seu art. 22, revogou-se, então, o parágrafo 2º do 
art. 150 do Código penal. 
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestinaou astuciosamente, ou 
contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa 
alheia ou em suas dependências: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por 
funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das 
formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. 
Para cumprir mandado de busca e apreensão, a partir da vigência da nova lei, terá hora 
para começar e terminar. Após as 5 horas e antes das 21 horas. 
Norma penal em branco homogênea heterovitelina: o Art. 22, caput da LAA contém uma 
norma penal em branco homogênea heterovitelina, pois coloca a necessidade de se buscar em 
outra norma os requisitos para o cumprimento de um mandado judicial, ou seja, quais são as 
condições para que a polícia possa ingressar na casa de alguém. Grosso modo, essas condições 
estão previstas no Art. 245 do CPP. 
 
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Mandado genérico: o mandado genérico é vedado pelo ordenamento, uma 
vez que todo mandado deve ser individualizado. 
Exemplo (mandado genérico).: “autorização para que a polícia possa entrar em 
qualquer casa do bairro “X”. 
 
” cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 
21h ou antes das 5h” 
 
A LAA oferece um conceito de noite em seu Art. 22, III. O problema é que tal conceito é 
muito restritivo, tendo em vista que seria muito difícil sustentar que alguns horários fora do 
período fornecido pela LAA seriam tidos como dia. Aqui também existem 3 correntes: 
• 1ª CORRENTE: O legislador recaiu em inconstitucionalidade, pois ampliou 
excessivamente o conceito de dia. 
• 2ª CORRENTE: o inciso III é válido, mas desde que interpretado conforme a 
Constituição, ou seja, se ainda houver luminosidade solar, será dia. (Rogério 
Greco, Rogério Sanches) 
• 3ª CORRENTE: o inciso III é plenamente constitucional sem que haja a 
necessidade do elemento “lumisosidade solar” para a sua interpretação. A razão 
da Constituição exigir o cumprimento da ordem judicial durante o dia é respeitar 
o repouso noturno. Logo, ás 20h59, por exemplo, dificilmente alguém está 
dormindo. nAlém disso, vivemos em um país de dimensões continentais, de modo 
que em muitas localidades já é dia ás 5h. (Renato Brasileiro) 
 
ATENÇÃO: no caso da chamada exploração de local – na qual coloca-se um 
grampo na casa de alguém durante a diligência com objetivo de promover ali uma 
escuta ambiental - é possível ingresso no período noturno (Inquérito nº 2424, 
STF). 
 
Polícia pode fazer buscas por causa de cheiro de maconha? 
A Sexta Turma do Supremo Tribunal Justiça (STJ) decidiu que policiais podem 
fazer buscas caso tenham sentido “forte odor de maconha” mesmo se não tiverem 
um mandado para isso. 
Para o relator, ministro Sebastião Reis Júnior, “é dispensável o mandado de 
busca e apreensão quando se trata de flagrante da prática do crime de tráfico ilícito 
de entorpecentes, pois o referido delito é de natureza permanente, ficando o agente 
em estado de flagrância enquanto não cessada a permanência”. 
 
A decisão foi tomada de maneira monocrática no início de fevereiro com base 
em um caso ocorrido em São Paulo. Na ocasião, agentes da polícia militar abordaram 
Derek Araujo dos Santos Furtado na rua. Como ele não portava documentos, os 
agentes o acompanharam até sua casa e lá sentiram um forte cheiro de maconha. 
Ao fazer buscas no imóvel, encontraram 667 porções de crack, 1.605 invólucros de 
maconha, 1.244 de cocaína e 35 frascos de lança-perfume. 
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A defesa de Furtado alega que houve ilegalidade na ação já que os policiais não 
possuíam um mandato de busca e apreensão e só tiveram conhecimento das 
substâncias entorpecentes depois de entrarem na residência. HC 423.838 
 
“É pacífico nesta Corte Superior o entendimento de que, tratando-se de flagrante por 
crime permanente, no caso, por tráfico de drogas, desnecessário tanto o mandado de busca e 
apreensão quanto a autorização para que a autoridade policial possa adentrar no domicílio 
do paciente, conforme previsto no 5o, XI, da CF. [...] 8. Habeas corpus não conhecido. “ 
HC n. 352.811/SP, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, 1/8/2016 
 
Para que o ingresso de policiais em residência de outrem, sem ordem judicial, seja 
legítimo, é imprescindível a presença de um lastro probatório mínimo da existência de crime. 
Nessa linha de pensamento, o STF entendeu necessária a preservação da inviolabilidade do 
domiciliar contra ingerências arbitrárias no domicílio. 
 
“A entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o 
direito, é arbitrária. Não será a constatação da situação de flagrância, posterior ao 
ingresso, que justificará a medida”. 
STF - 603616/RO, 10/05/2016 
 
“Conforme entendimento da Suprema Corte e da Sexta Turma deste STJ, a 
entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o direito, é 
arbitrária, e não será a constatação de situação de flagrância, posterior ao ingresso, 
que justificará a medida, pois os agentes estatais devem demonstrar que havia 
elemento mínimo a caracterizar fundadas razões (justa causa)”. 
INFORMATIVO 623 STJ - RCH83501/SP, 06/03/2018 
 
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de 
investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, 
com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar 
criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta 
com o intuito de: 
I - Eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso 
praticado no curso de diligência; 
II - Omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações 
incompletas para desviar o curso da investigação, da diligência ou do 
processo. 
A figura contida no Art. 23 da LAA é praticamente uma reprodução do crime de fraude 
processual contido no Art. 347 do CP. O que a LAA faz é apenas enquadrar a conduta em um 
contexto de abuso de autoridade. 
É o crime do agente que tenta enganar a prova pericial para eximir-se de responsabilidade 
ou responsabilizar alguém ou agravar-lhe a responsabilidade. 
Exemplo: Policiais ao chegarem no local de um acidente automobilístico entre 3 carros 
com um óbito percebe que um dos causadores é seu irmão. Para beneficiar seu irmão e colocar 
a culpa em outro motorista, ele modifica o morto de local. 
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Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou 
administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de 
induzir a erro o juiz ou o perito: 
Pena – detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa. 
Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir efeito em 
processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em 
dobro. 
 
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou 
empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir 
para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de 
alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa, além da pena correspondente 
à violência. 
É o ato de forçar um funcionário de um hospital PÚBLICO ou PRIVADO a “dizer que a 
pessoa chegou viva ao hospital e que morreu após atendimento”. Popularmente chamada de 
“esquentar cadáver”. 
O legislador criou um dolo específico próprio: “com o fim de alterar local ou momento de 
crime, prejudicando sua apuração” 
 
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de 
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito: 
Pena - detenção, de 1 a 4 anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, 
em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento

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