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Lei de Abuso de Autoridade

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2 
Sumário 
Abuso de autoridade........................................................................................07 
Aspecto histórico...............................................................................................07 
Constitucionalidade duvidosa.........................................................................09 
Objeto jurídico tutelado...................................................................................11 
Elemento subjetivo............................................................................................12 
Vedação do crime de hermenêutica..............................................................14 
Efeitos da condenação.....................................................................................18 
Penas restritivas de direitos............................................................................21 
Independência de instâncias...........................................................................22 
Procedimento e competência.........................................................................23 
Decretação ilegal de privação da liberdade.................................................24 
Decretação descabida de condução coercitiva...........................................28 
Condução coercitiva de investigado...............................................................29 
Testemunha ou investigado.............................................................................31 
 
 
3 
Omissão de comunicação de prisão...............................................................31 
Ausência de comunicação ao MP e à Defensoria.........................................32 
Constrangimento de preso a exibição do corpo, vexame ou produção de 
prova....................................................................................................................34 
Meios de execução............................................................................................34 
Constrangimento a depoimento ou prosseguimento de 
interrogatório.....................................................................................................37 
Sigilo profissional e proibição de depor como testemunha......................38 
Interrogatório policial.......................................................................................40 
Interrogatório judicial.......................................................................................41 
Omissão de identificação ao preso.................................................................41 
Identificação obrigatória e espontânea.........................................................42 
Policiais velados e a possibilidade de se utilizar de história 
cobertura.............................................................................................................43 
Agente Infiltrado................................................................................................43 
Operações policiais de risco e uso de balaclava...........................................43 
 
 
4 
 
Interrogatório policial de réu preso...............................................................44 
Interrogatório noturno.....................................................................................45 
Nossa posição.....................................................................................................46 
Impedimento ou retardamento de pleito de preso.....................................47 
Impedimento de entrevista pessoal e reservada de preso........................48 
Direito de entrevista..........................................................................................48 
Investigado ou réu preso.................................................................................49 
Justa causa..........................................................................................................50 
Manutenção indevida de presos na mesma cela ou ambiente 
inadequado.........................................................................................................50 
Lei de Execução Penal.......................................................................................50 
Violação de domicílio com abuso de autoridade.........................................52 
Dia e Noite..........................................................................................................53 
Fraude processual com abuso de autoridade...............................................54 
Constrangimento a funcionário de hospital.................................................56 
 
 
5 
Núcleos proceder e fazer uso..........................................................................57 
Princípio da Especialidade................................................................................58 
Matéria Jornalística...........................................................................................60 
Instauração de investigação: obrigatoriedade e justa causa.....................61 
Divulgação ilegal de gravação.........................................................................61 
Modalidade especial de falsidade ideológica...............................................63 
Procrastinação injustificada de investigação...............................................64 
Duração Razoável..............................................................................................65 
Cotas ministeriais de natureza protelatória..................................................66 
Negativa de acesso a investigação.................................................................67 
Abertura de vistas..............................................................................................68 
Crime de exigência ilegal de informação ou cumprimento de 
obrigação.............................................................................................................68 
Carteirada............................................................................................................69 
O aceite de uma cortesia não configura abuso de autoridade..................69 
Decretação excessiva de indisponibilidade de ativos.................................70 
 
 
6 
Morosidade injustificada no exame de processo.........................................71 
Antecipação de atribuição de culpa por meio de comunicação................72
 
 
Abuso de autoridade 
(Lei 13.869/19) 
Ementa: 
Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro 
de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, 
e a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 
1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). 
Obs1. A LAA revogou a majorante do crime de violação de domicílio (art. 150, § 2º, CP) 
e o delito de exercício arbitrário ou abuso de poder (art. 350, CP). 
Obs2. No mandado de prisão temporária deverá constar o prazo e o dia em que o preso 
será libertado, após o qual será colocado em liberdade independente de nova ordem 
judicial (art. 2º, § 4º-A). 
 
Aspecto histórico 
- Operação Lava Jato. 
- Reação dos parlamentares por meio de projetos de lei. 
- Idêntico fenômeno ocorreu na Itália após a Operação Mãos limpas. Vale lembrar 
que o país ostenta hoje um dos piores níveis de combate a corrupção no 
continente europeu. 
Lei anterior (L. 4.898/65) 
- 19 infrações de menor potencial ofensivo 
- prescrição em 3 anos. 
 
 
8 
- tipos penais abertos e com penas irrisórias. 
 
Lei atual (L. 13.969/19) 
- Mais normas incriminadoras (arts. 9º a 38). 
- Apesar de eliminar o problema das penas insuficientes, exagerou em algumas 
sanções penais 
- Persistiu com crimes vagos demais 
- Criminalizou infrações disciplinares 
 Detenção de 1 a 4 anos e 
multa 
Detenção de 6 meses a 2 
anos e multa 
Quantidade 13crimes 11 crimes 
Tipos penais arts. 9º, 10, 13, 15, 19, 21, 
22, 23, 24, 25, 28, 30 e 36 
arts. 12, 16, 18, 20, 27, 29, 
31, 32, 33, 37 e 38 
Classificação crimes de médio potencial 
ofensivo 
crimes de menor potencial 
ofensivo 
Consequência gera prisão em flagrante e 
inquérito policial 
gera termo circunstanciado 
de ocorrência 
Pena Obs1. Não há crime 
apenado com reclusão 
Obs2. A pena de detenção 
deve ser cumprida em 
regime semiaberto ou 
aberto, salvo necessidade 
 
 
 
9 
de transferência a regime 
fechado (art. 33 do CP). 
 
 
Constitucionalidade duvidosa 
(a) Uma lei dessa envergadura deveria ter passado por um debate intenso junto à 
comunidade jurídica e à sociedade como um todo. 
(b) Com a utilização de expressões vagas e imprecisas, a lei parece ter malferido o 
princípio da tipicidade dos delitos (art. 5º, XXXIX da CF) e aberto espaço para a 
criminalização da hermenêutica. 
(c) O legislador escolheu alvos preferenciais para sofrer incidência dos tipos penais 
abertos, o que faz surgir a suspeita do propósito de retaliação na edição da lei (“abuso 
do poder de legislar” – princípio da impessoalidade). 
Destinatários do Abuso de Autoridade Crimes 
Deligado de Polícia 32 
Policial 27 
Membro do MP 21 
Magistrado 14 
Agente Penitenciário 8 
Agente público em Geral 6 
Parlamentar em CPI 5 
Servidor do MP 5 
Servidor do Judiciário 3 
 
 
10 
(d) O princípio da intervenção mínima ficou sob risco, na medida em que a lei 
transformou certas infrações disciplinares dos agentes públicos em crimes. 
(e) Estatuto da Criminalidade 
O diploma legal está contaminado por diversos tipos penais abertos e indeterminados, 
de duvidosa constitucionalidade, praticamente transformando o exercício de qualquer 
função pública, ainda que de maneira legítima, em uma verdadeira atividade de risco 
(Renato Brasileiro). 
Capítulo I Disposições Gerais Art. 1° 
Capítulo II Sujeitos do Crime Art. 2° 
Capítulo III Da ação penal Art. 3° 
Capítulo IV Dos efeitos da condenação 
e das penas restritivas de 
direito 
Arts. 4° e 5° 
Capítulo V Das sanções de natureza 
civil e administrativa 
Art.s 6° a 8° 
Capítulo VI Dos crimes e das penas Arts. 9º a 38° 
 
Capítulo VII Do procedimento Art. 39° 
Capítulo VIII Disposições finais Arts. 40 a 45 
 
 
 
 
 
11 
Objeto jurídico tutelado 
Bem jurídico imediato ou principal: 
Protegem-se os direitos e garantias fundamentais das pessoas físicas e jurídicas. 
Exs. liberdade de locomoção (arts. 9º, 10, 12), liberdade individual (arts. 13, 15 e 18), 
direito à informação (art. 16), direito de petição (art. 19), direito à assistência de 
advogado (arts. 20 e 32), direito à integridade física (art. 21), direito à inviolabilidade do 
domicílio (art. 22), administração do Estado e da Justiça (art. 23, 24, 25, 27, 29, 30, 31, 
33, 36 e 37), intimidade e vida privada (arts. 13, 22, 28 e 38). 
Bem jurídico mediato ou secundário: 
Protegem-se a normalidade e a regularidade dos serviços públicos, isto é, o bom 
funcionamento do Estado. 
Questão: Comete crime de abuso de autoridade o delegado de polícia que, 
injustificadamente, deixa de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no 
prazo legal: 
( ) Certo ( ) Errado 
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade 
judiciária no prazo legal: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
 
 
12 
Elemento subjetivo 
Art. 1º. (...) 
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando 
praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar 
a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. 
Obs1. Todas as infrações penais são dolosas. Não existe crime culposo na LAA. 
Obs2. Não basta o dolo de praticar a conduta descrita no tipo, sendo indispensável a 
demonstração do elemento subjetivo específico (finalidade especial do agente). 
Vai cair em todo concurso! 
Finalidade especial do agente (art. 1º, §1º) 
a) prejudicar outrem; 
b) beneficiar a si mesmo ou a terceiro; 
c) por mero capricho; 
d) por satisfação pessoal. 
Obs1. Esse especial fim que move a conduta do agente do agente não se presume, nem 
se deduz, e deverá ser demonstrado por prova inequívoca. 
 
 
 
 
13 
Elemento subjetivo geral 
(dolo) 
 
+ Elemento subjetivo 
especial 
(animus abutendi) 
a) consciência 
b) vontade 
+ a) prejudicar outrem 
b) beneficiar a si mesmo ou 
a terceiro 
c) por mero capricho 
d) por satisfação pessoal 
Ex. Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade 
judiciária no prazo legal (para prejudicar outrem, para beneficiar a si mesmo ou a 
terceiro, por mero capricho ou por satisfação pessoal). 
Obs2. Os tipos penais da Lei de Abuso de Autoridade são incongruentes, porquanto 
requerem a demonstração não somente do dolo (vontade e consciência de realizar os 
elementos do tipo penal), mas também de um especial fim de agir do agente. 
Obs3. São classificados como delitos de intenção (tendência interna transcendente) e, 
em sua maioria, como de resultado cortado (consumam-se independentemente de 
alcançar o resultado pretendido – crimes formais). 
Questão: Os crimes de abuso de autoridade são compatíveis com o dolo eventual? 
1C: Sim, em regra, os crimes de abuso de autoridade são compatíveis com o dolo 
eventual, salvo se o tipo penal exigir expressamente o dolo direto, a exemplo do que 
ocorre com os art. 19, parágrafo único, art. 25, parágrafo único e art. 30 (Renato 
Brasileiro). 
 
 
14 
2C: A finalidade específica exigida do agente só pode ser atingida com vontade, e não 
com mera assunção do risco de atingir o resultado. Assim, os crimes da LAA são 
incompatíveis com o dolo eventual (Nossa posição e também de Rogério Sanches e 
Rogério Greco). 
Questão: E se a autoridade realizar uma interpretação equivocada da lei, dos fatos ou das 
provas, poderá incorrer no abuso? 
Ex. Promotor oferece denúncia, mas o juiz a rejeita, reconhecendo a insignificância penal. 
Haverá abuso por parte do membro do MP? 
Vai cair! 
 
Vedação do crime de hermenêutica 
Art. 1º (...) 
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura 
abuso de autoridade. 
Obs1. A norma visa coibir o chamado crime de hermenêutica (nome dado por Rui 
Barbosa). A interpretação jurídica, fática ou probato ́ria não pode ser criminalizada, sob 
pena de configurar crime de hermenêutica. 
Obs2. Cuidado! Interpretações absurdas e teratológicas, que pretendam subverter o 
sentido óbvio das palavras, configura abuso de autoridade. 
 
 
15 
Ex. Não pode o agente público ignorar o comando de uma Súmula Vinculante, sob a 
justificativa de estar realizando atividade hermenêutica. 
Obs3. Outros sistemas jurídicos adotam entendimento semelhante, como o da 
Alemanha, em que a criminalização do abuso de autoridade não alcança qualquer 
aplicação equivocada do direito, mas apenas aquela em que o agente se distancia 
conscientemente de forma gravíssima do Direito. 
Obs4. Natureza jurídica: 
1C: Excludente do elemento subjetivo específico do agente: se no caso há apenas 
discordância na análise da norma, do fato ou da prova, é sinal de que o agente não 
atuou para causar benefício ou prejuízo, ou por capricho ou satisfação pessoal (Nossa 
posição). 
2C: Excludente da imputação objetiva: há doutrina sustentando que a norma reafirma 
que algumas interpretações, ainda que arriscadas, encontram-se dentro do risco 
permitido para o desempenho de determinadas atividades humanas. Haveria, portanto, 
exclusão no nexo normativo (Renee do Ó Souza). 
Sujeito ativo 
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor 
ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal, dosMunicípios e de Território, compreendendo, 
mas não se limitando a: 
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; 
 
 
16 
II - membros do Poder Legislativo; 
III - membros do Poder Executivo; 
IV - membros do Poder Judiciário; 
V - membros do Ministério Público; 
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. 
Art. 2º (...) 
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que 
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, 
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, 
cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. 
Obs1. O crime de abuso de autoridade exige uma condição pessoal de agente público 
que é elementar do crime e, como tal, ainda que subjetiva, comunica-se ao particular 
(art. 30, do CP). Portanto, admite-se que o particular concorra na condição de coautor 
ou partícipe desde que, por óbvio, tenha ciência dessa condição especial, sob pena de 
incidir no erro de tipo. 
Obs2. Regra de ouro: 
Para saber se houve ou não o crime de abuso de autoridade, a conduta deve ter sido 
praticada em razão do cargo (propter officium). Dessa forma, desde que invoque a sua 
função, o agente público poderá responder por este crime, ainda que não esteja de 
serviço. 
 
 
17 
Ex1. Policial militar em dia de folga e sem farda. 
Ex2. Férias ou licença. 
Atenção! 
Agente aposentado: não existe mais vi ́nculo com o Estado, logo, não responde por 
abuso de autoridade. 
Obs3. Abuso de Autoridade cometido por militar 
Súmula 172 do STJ: “Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de 
abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.” 
Em decorrência da alteração do art. 9º, do CPM, promovida pela Lei 13.491/17, o delito 
tipificado em legislação penal especial (como é o caso da Lei de Abuso de Autoridade) 
praticado pelo militar é considerado crime militar. 
Portanto, deve ser investigado e processado naquela seara (encontra-se superada a 
Súmula 172 do STJ) . 
Questão: Aquele que exerce cargo em uma paraestatal pode cometer crime de abuso 
de autoridade? 
1C: Em se tratando de lei especial que se silenciou, e sendo vedada a analogia in malam 
partem, não se aplica o conceito de agente público por equiparação à nova lei de abuso 
de autoridade (Nossa posição; Renato Brasileiro); 
 
 
18 
2C: Aqueles que exercem func ̧ão em paraestatais podem responder por abuso de 
autoridade, pois, apesar do vínculo na ̃o ser pu ́blico, exercem poder de mando e, por 
isso, podem atuar com excesso de poder ou desvio de finalidade. (Renee de Ó Souza). 
 
Sujeito passivo 
Os crimes previstos na Lei de Abuso de Autoridade têm dupla subjetividade passiva: 
a) O Estado (Poder Público); 
b) A pessoa física ou jurídica diretamente atingida. 
Ação Penal 
Todos os delitos previstos na Lei de Abuso de Autoridade são de ação penal pública 
incondicionada, admitindo-se a ação penal privada subsidiária da pública em caso de 
inércia do MP (art. 3º). 
 
Efeitos da condenação 
Art. 4º São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a 
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos 
causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; 
 
 
19 
Obs1. Diferentemente da regra prevista no art. 387, IV, do CPP, na Lei de Abuso de 
Autoridade o valor mínimo da indenização não será fixado obrigatoriamente pelo juiz, 
mas apenas se requerido pela vítima. Cuida-se, portanto, de efeito não automático 
(princípio da especialidade). 
Obs2. Se a vítima não tiver feito expressamente esse requerimento, caberá tão somente 
o direito a liquidar, no juízo cível, seu título executivo judicial, vale dizer, a sentença 
penal condenatória transitada em julgado. 
Art. 4º São efeitos da condenação: 
(...) 
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período 
de 1 (um) a 5 (cinco) anos; 
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública. 
Obs. A inabilitação para o exercício do cargo, mandado ou função pública pelo período 
de 1 (um) a 5 (cinco) anos diferencia-se da perda do cargo, mandato ou função pública, 
pois uma vez decorrido o período estabelecido na sentença condenatória, o agente 
público condenado estará habilitado novamente ao exercício das referidas atividades. 
Questão: A perda do cargo é efeito automático da da sentença que condena o agente 
pela prática do crime de abuso de autoridade? 
Art. 4º São efeitos da condenação: 
(...) 
 
 
20 
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são 
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não 
são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença. 
Atenção! “Quantum da pena” 
Código Penal (art. 92, inciso I): condiciona a perda do cargo, mandado ou função 
pública à PPL: 
a) igual ou superior a 1 ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação 
de dever para com a Administração Pública, ou 
b) quando for superior a 4 (quatro) anos nos demais casos 
LAA: reincidente específico em crime de abuso, independentemente do “quantum” da 
pena aplicada. 
 
 
 
21 
Penas restritivas de direitos 
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade previstas 
nesta Lei são: 
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; 
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 
6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; 
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou 
cumulativamente. 
Obs1. A LAA não estabeleceu os requisitos para a substituição da PPL por PRD. Ante o 
silêncio da lei especial, impõe-se a aplicação das regras gerais do art. 44, do CP: 
a) aplicada PPL não superior a 4 anos e o crime não for cometido com violência ou 
grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for 
culposo; 
b) o réu não for reincidente em crime doloso; e 
c) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa 
substituição seja suficiente. 
 
 
 
 
22 
Independência de instâncias 
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de 
natureza civil ou administrativa cabíveis. 
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional 
serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração. 
 Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não 
se podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas 
questões tenham sido decididas no juízo criminal. 
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a 
sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em 
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Obs1. O comportamento abusivo do agente público pode ensejar, a um só tempo, ilícitos 
de natureza penal, civil, administrativa e política, sendo as sanções aplicadas de forma 
independente. 
Obs2. Essa independência é relativa, pois alguns resultados da sentença penal podem 
repercutir em outras esferas de responsabilidade. 
Exs.: Absolvição por excludente de ilicitude; absolvição por reconhecimento da 
inexistência material do fato; sentença condenatória que reconhece autoria e 
materialidade, etc. 
 
 
 
23 
Procedimento e competência 
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que 
couber, as disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de 
Processo Penal), e da Lei nº9.099, de 26 de setembro de 1995. 
Obs. Os crimes que não são de menor potencial ofensivo devem respeitar o rito especial 
dos crimes funcionais (arts. 513 a 518 do CPP), cuja característica marcante é a 
possibilidade de apresentação de resposta preliminar. 
 
 
24 
Dicas de ouro! 
1. A LAA não prevê nenhum crime culposo. 
2. Não existe crime apenado com reclusão. 
3. Diferentemente da lei anterior, nem todos os delitos são infrações de menor 
potencial ofensivo. 
4. Todos os crimes da LAA são de ação penal pública incondicionada. 
5. Lembrem-se dos vetores interpretativos. Os crimes previstos na LAA exigem 
elementos subjetivos específicos do agente, sendo vedado o crime de 
hermenêutica. 
6. A perda do cargo não é efeito automático da condenação e exige reincidência 
específica, não importando o “quantum da pena aplicada”. 
 
Decretação ilegal de privação da liberdade 
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com 
as hipóteses legais: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo 
razoável, deixar de: 
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
 
 
25 
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade 
provisória, quando manifestamente cabível; 
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível. 
Sujeito ativo 
1C: Crime próprio, pois só pode ser praticado por aquele que tem atribuição para 
decretar a privação de liberdade (magistrados e delegados de polícia) – Rogério Sanches, 
Rogério Greco e Renato Brasileiro. 
2C: Crime de mão própria, pois só pode ser praticado pelo magistrado (criminal, cível 
ou da infância e juventude). O Delegado de Polícia não pode ser sujeito ativo desse 
delito – Nossa posição e também de Samer Agi. 
Fundamentos da nossa posição: 
a) A lei anterior previa, no mesmo tipo penal (art. 4º, “a”) a conduta de ordenar ou 
executar medida privativa de liberdade com abuso de poder. Criminalizava tanto o 
agente público com poder de decidir sobre a privação da liberdade (ex: juiz e delegado), 
quanto o mero executor da ordem do superior (ex: servidor do Judiciário e policial). 
A nova lei separou em 2 crimes distintos as condutas de ordenar (art. 9º) e executar (art. 
11) a custódia ilegal, inserindo no segundo delito a ação do delegado de decretar 
ilegalmente prisão em flagrante, bem como dos policiais que executam a captura. 
Portanto, o art. 9º foi o tipo penal idealizado para incidir somente em face de 
magistrados. Poderia o legislador ter aglutinado no mesmo crime as 2 autoridades que 
decretam a privação da liberdade: a policial (prisão em flagrante) e a judicial (prisão 
 
 
26 
preventiva, temporária e pena). Mas como não foi esse o caminho adotado, não pode 
ser alterado por meio de analogia in malam partem. 
Ocorre que o art. 11 foi vetado pelo PR e o veto mantido pelo CN. 
b) O art. 9º também foi vetado pelo PR que reconheceu nas razões do veto que o crime 
é praticado somente pelo magistrado: 
“poderia comprometer a independência do magistrado ao proferir a decisão pelo receio 
de criminalização da sua conduta”. 
Diferentemente do art. 11, nesse caso o veto foi derrubado pelo CN. 
c) O parágrafo único do art. 9º reforça o intento do legislador em punir somente o juiz, 
pois se refere expressamente à autoridade judiciária, o que serve de norte magnético 
para a interpretação do caput. A localização topográfica da figura equiparada é forte 
indício de que a figura simples segue a mesma sorte (crime praticável apenas por 
magistrado). 
 
 
27 
 
 
Cuidado! 
Art. 9º (...) 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo 
razoável, deixar de: 
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade 
provisória, quando manifestamente cabível; 
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível. 
 
 
28 
Obs. As condutas do parágrafo único são todas omissivas pro ́prias. Portanto, não se 
admite a tentativa. 
 
Decretação descabida de condução coercitiva 
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente 
descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
1) Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente 
descabida 
Sujeito ativo: Magistrado, delegado de polícia, membro do Ministério Público e 
parlamentar em CPI. 
2) Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado sem prévia 
intimação de comparecimento ao juízo. 
Sujeito ativo: somente o magistrado 
Questão: Pratica esse delito o agente de polícia ou o policial militar que realiza a 
condução coercitiva de alguém capturado ilegalmente (que não estava em estado 
flagrancial)? 
A utilização do termo decretar limitou a incidência do delito somente às autoridades 
que, possuindo poderes legais de decretação semelhantes ao do magistrado, ajam de 
forma inadequada (delegado, membro do MP e parlamentar em CPI). 
 
 
29 
Obs. Se houver finalidade especial, o ato de ofício contra expressa disposição de lei 
pode configurar delito de prevaricação por parte do policial militar ou do agente de 
polícia (art. 319 do CP). 
 
Condução coercitiva de investigado 
O STF decidiu (ADPFs 395 e 444) ser vedada a condução coercitiva para interrogatório, 
seja policial, seja judicial (direito de não produzir prova contra si mesmo). 
Como exemplos de diligências que não acarretam a autoincriminação por não demandar 
comportamento ativo do imputado e não configurar prova invasiva, temos: 
(a) reconhecimento pessoal, 
(b) identificação criminal. 
De outro lado, podemos lembrar das seguintes diligências que acarretam 
autoincriminação: 
(a) interrogatório, 
(b) reconstituição simulada do crime, 
(c) perícia vocal ou grafotécnica, 
(d) exame de etilômetro (bafômetro), 
(e) exame de sangue. 
 
 
30 
 
 
 
 
 
31 
Testemunha ou investigado 
O tipo penal, curiosamente, criminaliza apenas a decretação descabida de condução 
coercitiva de testemunha ou investigado. 
 Assim, não há abuso de autoridade a condução forçada de réu, vítima ou perito, por 
força do princípio da taxatividade. 
A falha grave do legislador só pode ser sanada via processo legislativo, e não por 
analogia in malam partem. 
 
Omissão de comunicação de prisão 
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade 
judiciária no prazo legal: 
Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Sujeito ativo 
É o delegado de polícia, podendo também ser praticado pelo escrivão ou investigador. 
O que se entende por prazo legal? 
Doutrina: para fins de incidência deste tipo penal, ocorre crime quando não é feita a 
remessa do auto de prisão em flagrante no lapso temporal de 24h a contar da captura. 
 
 
32 
Essa comunicação à autoridade judiciária pode ser realizada por qualquer meio hábil 
(email, telefone, ou entrega pessoal de ofício). 
O importante é o agente público se resguardar e manter um comprovante de que a 
comunicação foi realizada dentro do prazo legal. 
# E se o atraso for justificado? 
Não há crime. 
Omissão de comunicação de prisão 
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade 
judiciária no prazo legal. 
 
Ausência de comunicação ao MP e à Defensoria 
Não foi criminalizada a ausência de comunicação da prisão em flagrante ao Ministério 
Público e à Defensoria Pública (art. 306, caput e §1º do CPP). 
Entendimento diverso equivaleria a analogia, considerada, aqui, in malam partem. 
Pode acarretar o relaxamento da prisão. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
I– deixa de comunicar, imediatamente, a execuçãode prisão temporária ou preventiva 
à autoridade judiciária que a decretou; 
 
 
33 
II– deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se 
encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada; 
III– deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, 
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das 
testemunhas; 
IV– prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão 
preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e 
excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de 
promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. 
Detalhe importante! 
Obs. No caso do inc. III, parece possível, em situações excepcionais, que da nota de 
culpa não conste o nome do condutor, das testemunhas e das vítimas. Isso tudo para 
garantir a segurança de tais pessoas, quando se tratar de crime gravíssimo, como, por 
exemplo, os que envolvam criminalidade organizada. 
Note-se que a Lei n. 12.850/2013, que trata dessa espécie de criminalidade, concede ao 
colaborador (colaboração premiada), “ter [o] nome, qualificação, imagem e demais 
informações pessoais preservados” (art. 5º., inc. II). 
A mesma lei estende esse benefício ao agente infiltrado (art. 14, inc. III). Também a Lei 
n. 9.807/1999, assegura a vítimas e testemunhas, a “preservação da identidade, imagem 
e dados pessoais” (art. 7º., inc. IV). 
 
 
34 
Constrangimento de preso a exibição do corpo, vexame ou 
produção de prova 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou 
redução de sua capacidade de resistência, a: 
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada 
à violência. 
Detento: capturado, sem flagrante formalizado. 
Preso: prisão devidamente formalizada (flagrante, temporária, preventiva ou prisão 
pena). 
Obs. Não abrange investigado solto nem o réu solto. 
 
Meios de execução 
1) Violência física 
Abrange desde as vias de fato à lesão gravíssima. 
 
 
35 
Somam-se as penas (Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo 
da pena cominada à violência). 
2) Grave ameaça 
É a violência moral. 
3) Violência imprópria 
Consiste na redução da capacidade de resistência da vítima. 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou 
redução de sua capacidade de resistência, a: 
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
Obs1. O legislador vista evitar o chamado “perp walk” (caminhada do perpetrador). De 
origem norte-americana, refere-se à prática policial de exibir, de maneira intencional e 
sensacionalista, um preso à mídia, com o propósito deliberado de atingir e ofender a 
sua honra ou a sua imagem. 
Obs2. Não há crime se houver autorização do preso, ou quando houver justificativa de 
interesse público (efetividade da persecução penal e o direito à informação – ex. retrato 
falado de foragidos), pois o que se veda é a exibição do preso à curiosidade pública. 
Obs3. O próprio Código Civil faz essas ressalvas: 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou 
a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser 
 
 
36 
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe 
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins 
comerciais. 
Obs4. É interessante que a autoridade fundamente por escrito a decisão de expor a 
imagem do preso, visando evitar ilações acerca dos motivos que o levaram a mostrar o 
rosto ou sinais característicos daquele. 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou 
redução de sua capacidade de resistência, a: 
(...) 
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; 
Ex1: Forçar o preso a gravar vídeo chorando e pedindo desculpas à Polícia Militar; 
Ex2: Força o preso a ficar nu ou a vestir uma roupa ridícula. Nesses casos, pode se fazer 
presente a satisfação pessoal (art. 1º, §1º). 
Lei de Abuso de Autoridade Lei de Tortura 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, 
mediante violência, grave ameaça ou 
redução de sua capacidade de resistência, 
a: 
I– exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele 
exibido à curiosidade pública; 
II– submeter-se a situação vexatória ou a 
constrangimento não autorizado em lei; 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I – constranger alguém com emprego de 
violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, 
declaração ou confissão da vítima ou de 
terceira pessoa; 
(...) 
 
 
37 
III – produzir prova contra si mesmo ou 
contra terceiro: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) 
anos, e multa, sem prejuízo da pena 
cominada à violência. 
(...) 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem 
submete pessoa presa ou sujeita a medida 
de segurança a sofrimento físico ou 
mental, por intermédio da prática de ato 
não previsto em lei ou não resultante de 
medida legal. 
 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou 
redução de sua capacidade de resistência, a: 
(...) 
III – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Ex. injetar substâncias químicas na vítima, a fim de que isso cause reaço ̃es em seu corpo 
e, fatalmente, facilite a obtenc ̧ão de declarac ̧o ̃es (conhecido como soro da verdade ou 
narcoanálise). 
 
Constrangimento a depoimento ou prosseguimento de 
interrogatório 
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, 
ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: 
 
 
38 
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: 
I – de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou 
II – de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, 
sem a presença de seu patrono. 
 
Sigilo profissional e proibição de depor como testemunha 
Os profissionais englobados pelo sigilo são indicados em diversas normas 
constitucionais, legais e infralegais, a exemplo do 
(a) parlamentar (art. 53, §3º da CF), 
(b) advogado (art. 7º, XIX da Lei 8.906/94), 
(c) médico (art. 73 do Código de Ética Médica) e 
(d) padre (art. 983, §1º do Código Canônico). 
O impedimento não é absoluto, pois referidas pessoas podem ser desobrigadas pela 
parte interessada no resguardo da informação (art. 207, CPP). Nesse caso, por óbvio, não 
há que se falar em constrangimento se o profissional optar por dar seu testemunho. 
Art.15 (...) 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: 
 
 
39 
I – de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou 
O interrogatório é dividido em 2 partes. 
1ª) Diz respeito à identificação do interrogado: é obrigado a responder a verdade (pois 
não corre o risco de se autoincriminar), sob pena de cfime de falsa identidade (art. 307 
do CP – Súmula 522, STJ) 
2ª) Diz respeito aos fatos apurados: somente nessa etapa incide o direito ao silêncio (já 
que existe o perigo de produzir prova contra si mesmo). 
 
 
Cuidado! 
 
 
40 
De agora em diante, o exercício do direito ao silêncio não deve ser fracionado no 
interrogatório. 
Se antes o advogado do investigado ou réu podia escolher quais questionamentos 
desejava que seu clienterespondesse, agora essa estratégia defensiva ficou prejudicada. 
Se houver a negativa do interrogado em responder aos questionamentos formulados 
pelo agente público, não deve a autoridade prosseguir com as perguntas, como se ele 
pudesse optar em responder uma ou outra e tampouco consignar os quesitos no auto. 
“Se o investigado não é obrigado a falar, não faz qualquer sentido que seja obrigado a 
comparecer ao ato, a menos que a finalidade seja de registrar as perguntas que, de 
antemão, todos já sabem que não serão respondidas, apenas como instrumento de 
constrangimento e intimidação” (Rcl 39449/PR, Min. Gilmar Mendes, 04/03/2020). 
Art. 15 (...) 
Parágrafo único: Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: 
(...) 
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, 
sem a presença de seu patrono. 
 
Interrogatório policial 
O advogado continua sendo facultativo. Se o investigado optar por ser assistido, o 
Delegado não poderá realizar o interrogatório sem a presença do advogado. 
 
 
41 
Atuação exclusiva para a inquirição de seu cliente (e não nas oitivas de outros envolvidos, 
às quais pode ter acesso assim que finalizadas e juntadas aos autos) 
 
Interrogatório judicial 
A presença de defensor é obrigatória, seja advogado, defensor público ou defensor 
dativo, com ou sem a vontade do interrogado (art. 185 do CPP). 
Obs. O delegado não está obrigado a aguardar o comparecimento do causídico para 
então iniciar e concluir o interrogatório, principalmente no caso de prisão em flagrante, 
que possui exíguo prazo para conclusão, não precisando o procedimento permanecer 
suspenso até a chegada do patrono. Basta que não se prossiga com a inquirição do 
suspeito. 
 
Omissão de identificação ao preso 
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso quando de sua 
captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em 
sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso 
ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função. 
 
 
42 
Inexplicavelmente, caput e parágrafo, ao menos aparentemente, têm alcance distintos. 
O parágrafo único acaba punindo não somente aquele que deixar de se identificar ou 
se atribuir uma identidade falsa, como também aquele que deixa de informar seu cargo 
ou função, ou mesmo informa cargo ou função falsa. 
Ex: alguém se identifica ao preso como sendo o Delegado de Polícia quando, na 
realidade, é o escrivão ou o investigador. 
Duas são as formas de cometer o abuso. 
1) Deixar de se identificar (atuação negativa) 
2) Identifica-se falsamente (atuação positiva). 
 
Obs. O nome completo não precisa ser mencionado, bastando um dos sobrenomes ou 
o nome de guerra, aquele pelo qual o agente público é identificado na instituição. 
 
Identificação obrigatória e espontânea 
O tipo penal faz uso das expressões deixar de identificar-se e identificar-se falsamente, 
indicando a existência de uma obrigação legal imposta aos agentes públicos quando 
efetuam a prisão de alguém. 
Não se trata, portanto, de uma mera faculdade, mas sim, de um dever daquele que 
realiza a prisão. 
 
 
43 
Policiais velados e a possibilidade de se utilizar de história 
cobertura 
É possível que durante o trabalho investigativo indivíduos venham a ser capturados em 
flagrante delito por policiais à paisana. Nessa hipótese, não vemos saída: deverá o policial 
que agiu de forma velada identificar-se, sob pena de incorrer no delito de abuso de 
autoridade. 
 
Agente infiltrado 
Não precisa se identificar (art. 14, incisos II, III e IV, Lei 12.850/13). 
 
Operações policiais de risco e uso de balaclava 
A fim de não comprometer o êxito da operação, não se pode exigir dos policiais a 
imediata retirada da balaclava. 
Porém, após controlada a situação, devem se apresentar ao preso os policiais 
responsáveis pelo seu ato de captura, e não todos aqueles que participaram daquela 
intervenção. Somente estes policiais é que possuem o dever de fazê-lo. 
 
 
 
 
44 
Interrogatório policial de réu preso 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório 
em sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao 
preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função. 
Ex: alguém se identifica ao preso como sendo o Delegado de Polícia quando, na 
realidade, é o escrivão ou o investigador (falsidade de cargo ou função). 
Obs. O crime não incide no interrogatório 
a) policial do investigado solto, e 
b) judicial do réu preso ou solto, 
Nesse caso, embora não haja abuso de autoridade, poderá ocorrer o crime do art. 307, 
CP. 
 
 
45 
 
 
Interrogatório noturno 
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso 
noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, 
consentir em prestar declarações: 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Obs1. Abrangência do tipo penal: Não incide no 
a) interrogatório policial do investigado solto. 
b) interrogatório judicial do réu preso ou solto; 
 
 
46 
 
Obs2. A oitiva do indiciado deve ser feita, ordinariamente, durante o dia, pouco 
importando o dia da semana. Não há proibição de interrogatório durante final de 
semana ou feriado. Apenas durante o repouso noturno. 
# O interrogatório policial, no caso de preso preventivo ou temporário, não poderá ser 
realizado durante o período de repouso noturno. Mas o que se entende por repouso 
noturno? 
Art. 212 CPC: 
“Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) 
horas” 
Art. 22, III, Lei de Abuso: 
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: 
(...) 
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) 
ou antes das 5h (cinco horas). 
 
Nossa posição 
Para manter coerência com a própria lei, a melhor solução é realizar uma interpretação 
sistemática e adotar o critério trazido pelo legislador no art. 22, § 1º, III. 
 
 
47 
De acordo com esse dispositivo, o mandado de busca e apreensão domiciliar não pode 
ser cumprido no período entre 21h e 5h. 
Com isso, devemos compreender que a expressão repouso noturno abrange esse 
intervalo de tempo, no qual o interrogatório policial não pode ser, em regra, realizado. 
 
Impedimento ou retardamento de pleito de preso 
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade 
judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias 
de sua custódia: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou 
da demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo 
competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária 
que o seja. 
Obs1. No caput, o crime é próprio. Comete esse delito, por exemplo, o delegado de 
polícia que impede o envio, ao jui ́zo competente, de habeas corpus elaborado por preso. 
Também comete a conduta abusiva o escrevente da Vara Criminal que, dolosamente, 
deixa de dar seguimento a pedido de advogado que busca a apreciação da legalidade 
da prisão de seu cliente. 
 
 
 
48 
Obs2. No parágrafo único, o crime só pode ser praticado por magistrado, que ao tomar 
ciência do impedimento ou da demora do envio do pleito de preso à autoridade 
judiciária competente, não toma as providências para saná-lo ou, não sendo competente 
para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido ao magistrado que o seja. Nessa 
hipótese, o crime é de mão própria. 
 
Impedimento de entrevista pessoale reservada de preso 
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu 
advogado: 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Direito de entrevista 
Diversos diplomas, inclusive internacionais, garantem o direito de entrevista do preso 
com seu defensor, considerando-o essencial para que a autodefesa e a defesa técnica 
se complementem. 
É o que se observa da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José 
da Costa Rica), do Código de Processo Penal, da Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84), e 
do Estatuto da OAB (Lei 8.906/94). 
Daí a importância de o delegado ou juiz consignar no termo de audiência que o preso 
teve assegurada a entrevista pessoal e reservada com seu defensor, antes do seu início. 
 
 
49 
Investigado ou réu preso 
O impedimento de entrevista com advogado só configura abuso de autoridade quando 
se referir a preso, seja na condição de investigado ou réu (isto é, antecedendo 
interrogatório policial ou judicial). 
O tipo penal não abarca a vedação de entrevista com advogado em relação a investigado 
ou réu solto. 
Cuidado! 
Todavia, essa conduta está abrangida no delito inserido pela própria Lei de Abuso de 
Autoridade no Estatuto da OAB. 
 
 
 
 
 
50 
Justa causa 
O legislador estabeleceu que o direito de entrevista com advogado não é absoluto, 
podendo ser negado se houver justa causa. 
Ex1. defensor constituído; 
Ex2. advogado e cliente presos na mesma operação (veda-se que o advogado tente 
contato com os outros investigados sob o pretexto de realização de entrevista prévia). 
 
Manutenção indevida de presos na mesma cela ou ambiente 
inadequado 
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou 
adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado 
o disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
Lei de Execução Penal 
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao submetido à medida 
de segurança, ao preso provisório e ao egresso. 
 
 
51 
§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão recolhidos a 
estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal. 
§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de destinação 
diversa desde que devidamente isolados. 
Aparecem como elementos espaciais do tipo a cela ou o espaço de confinamento. 
Cela abrange o local destinado ao recolhimento dos presos, cautelares ou definitivos. 
# E o que significa espaço de confinamento? 
Alcança qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação contínua do preso, 
como sítios de triagem, ambiente de custódia nos fóruns, veículos de transporte de 
presos (caminhão baú) etc. 
 
 
 
52 
Travesti e transexual 
A Resolução Conjunta nº 1, de 15 de abril de 2014, editada pelo Conselho Nacional de 
Política Criminal e Penitenciária – CNPCP e pelo Conselho Nacional de Combate à 
Discriminação – CNCD/LGBT, estabeleceu os parâmetros de acolhimento de LGBT em 
privação de liberdade. 
Travesti: 
Deverá ser recolhido em cela feminina. 
Transexual: 
Deverá ser recolhido na cela que diga respeito ao seu gênero, a menos que opte em 
permanecer na cela correspondente ao seu sexo anatômico. 
 
Violação de domicílio com abuso de autoridade 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do 
ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas 
condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem, na forma prevista no caput: 
I– coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel 
ou suas dependências; 
 
 
53 
II– vetado; 
III– cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) 
ou antes das 5h (cinco horas). 
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver 
fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de 
flagrante delito ou de desastre. 
 
 
Dia e noite 
Critério físico-astronômico: 
Dia é o período entre a aurora e o crepúsculo (nascer e pôr-do-sol) 
 
 
54 
Critério cronológico: 
Engloba o espaço de tempo entre 6h e 18h. 
Critério adotado: A Lei 13.869/19 define como crime o cumprimento de mandado de 
busca e apreensão domiciliar após as 21h ou antes das 5h (adotou o critério 
cronológico). 
Questão: Iniciada a diligência durante o dia (ex. 17h), ela poderia se estender até às 22 
horas, quando já é noite ou seria necessária a suspensão dos trabalhos? 
Eventual suspensão dos trabalhos demandaria que a casa fosse cercada, com rodízio de 
equipes policiais, e todos os moradores impedidos de sair, gerando o risco de que 
objetos ilícitos ainda não encontrados fossem destruídos ou ocultados, frustrando a 
diligência. 
Portanto, não deve haver solução de descontinuidade nos trabalhos policiais. 
 
Fraude processual com abuso de autoridade 
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, 
o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade 
ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de: 
 
 
55 
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso 
de diligência; 
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para 
desviar o curso da investigação, da diligência ou do processo. 
 Obs1. O legislador visa coibir as chamadas provas plantadas. 
Obs2. Nas modalidades equiparadas, existe a intenção de o agente se livrar de 
responsabilidade civil ou administrativa (ou ainda desviar o curso da persecução), o que 
leva à conclusão de que na figura simples a responsabilidade que o autor deseja se 
eximir é criminal. 
Obs3. O fato de o agente praticar a fraude processual para encobrir crime anterior não 
afasta a incidência do tipo penal. O direito à não autoincriminação não abrange a 
possibilidade de alterar a cena do crime e inovar o estado de lugar, coisas ou pessoa, 
criando artificiosamente outra realidade. 
 
 
56 
 
 
Constrangimento a funcionário de hospital 
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de 
instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já 
tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua 
apuração: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à 
violência. 
Ex. Cena de falso confronto policial. 
 
 
57 
O policial busca alterar o local do crime ou até mesmo o momento da morte, 
prejudicando a apuração. 
Difícil saber onde o fato realmente ocorreu se o corpo for levado ao hospital. O trabalho 
pericial fica muito prejudicado, a indicar que o local do crime não foi preservado (arts. 
6º, I e 169 do CPP). 
Obtenção ou utilização de prova ilícita 
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, 
por meio manifestamente ilícito: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do 
investigado ou fiscalizado, tendo prévio conhecimento de sua ilicitude. 
 
Núcleos proceder e fazer uso 
No caput, o legislador pune a conduta daquele que produz a prova ilícita, ao passo 
que no parágrafo único incrimina aquele que se utiliza de tal prova, com prévio 
conhecimento de sua ilicitude. 
Art. 25, caput: 
 
 
58Somente pode ser praticado dolosamente, acrescido do especial fim de agir anunciado 
no §1º. do art. 1º (prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, 
por mero capricho ou satisfação pessoal). 
Art. 25, parágrafo único: 
Também punido a título de dolo, mas não segue a regra geral. 
O legislador preferiu restringir ainda mais o alcance do tipo, exigindo do agente 
finalidade única: prejudicar o investigado ou fiscalizado. 
Prova baseada em entendimento dominante da doutrina e da jurisprudência 
Considerando que não se admite o chamado crime de hermenêutica (art. 1º, §2º), não 
há que se falar em crime de abuso de autoridade na conduta do agente público que faz 
uso de prova por entender, com base na legislação ou na jurisprudência e doutrina 
dominantes, que não houve qualquer ilicitude na sua obtenção. 
 
Princípio da especialidade 
O art. 25 da Lei de Abuso de Autoridade pode ceder espaço para outros crimes previstos 
em diplomas mais específicos, como é o caso da obtenção de prova em interceptação 
telefônica realizada sem autorização judicial (art. 10 da Lei nº 9.296/96. 
Instauração ou requisição de investigação sem indícios 
 
 
59 
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração 
penal ou administrativa, em desfavor de alguém, a ̀ falta de qualquer indício da prática 
de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa: 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Não ha ́ crime quando se tratar de sindicância ou investigação 
preliminar sumária, devidamente justificada. 
Requisição infundada 
Identificada eventual requisic ̧a ̃o infundada recebida do MP, deverá o delegado devolver 
fundamentadamente o expediente para reapreciac ̧a ̃o do requisitante, que, se insistir, 
poderá incorrer no crime de Abuso de Autoridade. 
Para a configuração do delito é necessária a absoluta inexistência de qualquer indício. 
Inexistindo indícios razoáveis para a investigação formal, é sempre recomendável lançar 
mão de investigações preliminares, como é o caso da VPI. 
A propósito desse tema, foi aprovada a Su ́mula nº 10 do Seminário Polícia Judiciária e 
a Nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/2019), realizado na Academia de Poli ́cia 
de São Paulo no dia 19/11/2019, abaixo transcrita: 
Quando a noti ́cia de fato não viabilizar instauração de procedimento investigato ́rio, o 
Delegado de Poli ́cia responsável determinara ́ a verificação da procedência das 
informaço ̃es a título de investigac ̧ão preliminar sumária, em atenção ao artigo 5º, § 3º, 
do CPP, sem prejui ́zo de ulterior acautelamento fundamentado enquanto na ̃o obtidos 
 
 
60 
elementos indicia ́rios que denotem justa causa para deflagrar o procedimento legal 
cabível. 
 
Matéria jornalística 
Não haverá crime se a investigação instaurada teve como origem uma matéria jornalística 
(o tipo penal emprega a expressão “a ̀ falta de qualquer indício”). 
Aliás, esse é o entendimento da 6ª Turma do STJ (RHC 98.056-CE, Rel. Min. Antonio 
Saldanha Palheiro, julgado em 04/06/2019 - Info 652). 
 
 
 
 
 
61 
Instauração de investigação: obrigatoriedade e justa causa 
 A evolução de uma bem sucedida persecução penal (desde sua primeira fase policial 
até sua segunda etapa judicial) se dá pela instauração do inquérito policial, passando 
pelo oferecimento da acusação e chegando à condenação. 
Ocorre de maneira gradual conforme os standards probatórios são alcançados, e se 
avança de um juízo de possibilidade (obtido com indícios mínimos) para um juízo de 
probabilidade (amparado em indícios suficientes), atingindo por fim a um juízo de 
certeza (calcado em provas robustas) 
 
 
Divulgação ilegal de gravação 
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se 
pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a 
imagem do investigado ou acusado: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
 
62 
A Resolução n° 59/2008, do CNJ, disciplina as rotinas quanto ao sigilo a ser observado 
na Lei n° 9.296/1996, no que se refere a transmissão e preservação de dados obtidos 
por meio dessa diligência. Em seu art. 17, determina que: 
“não será permitido ao magistrado e ao servidor fornecer quaisquer informações, direta 
ou indiretamente, a terceiros ou a órgão de comunicação social, de elementos contidos 
em processos ou inquéritos sigilosos, sob pena de responsabilização nos termos da 
legislação pertinente”. 
Obs1. Não se ajustava a qualquer das condutas do art. 10 da Lei de Interceptações 
Telefônicas aquela em que o agente divulgava gravação ou trecho de gravação sem 
relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada 
ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado. 
Obs2. O crime pressupõe interceptação legal (legítima e lícita), havendo abuso no 
manuseio do conteúdo obtido com a medida. 
Interceptação telefônica ilícita 
Crime art. 10, Lei 9.296/96 
Captação ambiental ilícita 
Crime do art. 10-A, Lei 9.296/96 
Divulgar trecho de interceptação telefônica lícita 
Crime do art. 28 da Lei 13.869/19 (abuso de autoridade) 
Divulgar trecho de interceptação ambiental lícita 
 
 
63 
Crime do art. 10-A, § 2º, da Lei 9.296/96 
 
Falsa informação sobre procedimento 
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou 
administrativo com o fim de prejudicar interesse de investigado: 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Modalidade especial de falsidade ideológica 
Exemplo: cometerá esse crime de abuso de autoridade o delegado de polícia que, na 
qualidade de autoridade coatora, presta informações falsas em sede de um habeas 
corpus com o fim de prejudicar interesse de investigado. 
 
 
64 
Obs. Os crimes tipificados na Lei de Abuso de Autoridade são punidos a título de dolo, 
demandando, em regra, a finalidade do §1º. do art. 1º (prejudicar outrem ou beneficiar 
a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal). 
Contudo, no crime em exame, o legislador optou por restringir ainda mais o alcance do 
tipo, exigindo do agente finalidade única: prejudicar interesse de investigado. 
Agindo com finalidade diversa, por exemplo, beneficiar o indigitado, pode responder por 
outro delito, como prevaricação (art. 319 do CP), a depender das circunstâncias do 
caso concreto. 
 
Procrastinação injustificada de investigação 
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do 
investigado ou fiscalizado: 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou 
conclusão de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em 
prejuízo do investigado ou do fiscalizado. 
As condutas do caput e do parágrafo único não se confundem. 
Caput: o legislador pune o comportamento do agente público que, de forma 
injustificada, estende a investigação, procrastinando-a em desfavor do investigado ou 
 
 
65 
fiscalizado. Estender aqui tem o sentido de extrapolar, ultrapassar o prazo legalmente 
estabelecido, a exemplo daquele estipulado para a conclusão do inquérito policial. 
Parágrafo único: pune-se a mesma conduta (figura equiparada), porém, envolve 
procedimentos que não possuem prazo legal para sua conclusão, como ocorre, por 
exemplo, com as verificações de procedência de informações (VPI). 
Estender injustificadamente (caput) e estender de forma imotivada (parágrafo único) 
Caso o agente público prorrogue a apuração indicando os motivos, inexiste delito, ainda 
que não se concorde com tal fundamentação. 
Ex1. falta de recursos humanos e materiais para a conclusão; 
Ex2. a complexidade do caso investigado (grande número de agentes ou vítimas), que 
demandea realização de inúmeras diligências (colheita de prova pericial, testemunhal, 
etc.) podem justificar um atraso na ultimação do feito. 
Ex3. dificuldade para a realização de determinado exame pericial, o que pode prologar 
demasiadamente uma investigação. 
 
Duração razoável 
O excesso de prazo na instrução do procedimento investigatório não pode resultar de 
simples operação aritmética, devendo-se considerar a complexidade do feito, atos 
procrastinatórios muitas vezes atribuídos à defesa e número de pessoas envolvidas na 
 
 
66 
apuração, fatores que, analisados em conjunto ou separadamente, indicam ser, ou não, 
razoável o prazo para o seu encerramento. 
 
Cotas ministeriais de natureza protelatória 
Com a previsão desse tipo penal, os membros do Ministério Público precisam ter cautela: 
se há remessa injustificada da investigação para a delegacia, procrastinando-a, podem 
ser responsabilizados pelo art. 31 da nova Lei de Abuso de Autoridade; se não se cercam 
de todos os lados para ofertar a peça inicial (justa causa fundamentada), podem incidir 
no crime previsto no art. 30 desta lei. 
 
Crítica: Como se percebe, diversos tipos penais possuem nítido caráter intimidativo e 
pode surtir efeitos em autoridades públicas investidas na função investigatória (Polícia e 
MP), padecendo de inconstitucionalidade e inconvencionalidade. 
 
 
67 
A obrigação de proteger os direitos humanos, para ser efetiva, ocorre mediante a 
concessão de garantias de que as autoridades atuarão sem retaliações indevidas. 
 
Negativa de acesso a investigação 
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de 
investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro 
procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como 
impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em 
curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: 
 Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Duas são as modalidades de condutas típicas anunciadas pelo art. 32: 
a) negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos; 
b) impedir a obtenção de cópias 
Atenção! 
Não há crime se o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a 
realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível. 
A matéria já estava disciplinada na Súmula Vinculante 14: 
 
 
68 
 “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos 
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão 
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. 
O alcance da Súmula (e da incriminação do art. 32) refere-se ao direito assegurado ao 
interessado (bem como ao seu defensor ou advogado) de acesso aos elementos 
constantes em procedimento investigatório que lhe digam respeito e que já se 
encontrem documentados nos autos, não abrangendo, por óbvio, as informações 
concernentes à decretação e à realização das diligências investigatórias pendentes, em 
especial as que digam respeito a terceiros eventualmente envolvidos. 
 
Abertura de vistas 
E ́ importante que o Delegado de Poli ́cia, ao abrir vistas ao causi ́dico ou ao interessado, 
o faça de maneira formal e mediante termo, a fim de que o exame fique documentado, 
inclusive acerca de horário, local e data. 
 
Crime de exigência ilegal de informação ou cumprimento de 
obrigação 
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou 
de não fazer, sem expresso amparo legal: 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
 
69 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou 
invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter 
vantagem ou privilégio indevido. 
 
Carteirada 
O parágrafo único do art. 33 criminaliza o comportamento do agente estatal que, fora 
de serviço, exibe sua cédula de identidade funcional para, sem efetuar o devido 
pagamento, ingressar em algum espetáculo, show, cinema (obtenção de vantagem ou 
privilégio indevido), ou até mesmo para isentar-se de uma autuação de trânsito (eximir-
se de obrigação legal). Trata-se da conduta popularmente conhecida como “carteirada”. 
Crítica: Conquanto imoral e antiética, não deveria o Direito Penal se preocupar com 
comportamentos que são suficientemente inibidos ou reprimidos por outros ramos do 
ordenamento jurídico. “A lei de improbidade, por exemplo, prevê sanções até mais 
rigorosas para a carteirada, como a perda do cargo. A punição extrapenal, portanto, 
parece eficiente” (Sanches e Greco). 
 
O aceite de uma cortesia não configura abuso de autoridade 
Tratando-se de ato voluntário de quem a oferta, ou seja, livre de qualquer 
constrangimento ou coação, não há que se falar em crime de abuso de autoridade por 
 
 
70 
parte do agente público que aceita um convite ou um ingresso para determinado 
espetáculo, ou, ainda, uma refeição em determinado estabelecimento. 
Quanto a esse tema, foi aprovada a Súmula nº 8 do Seminário Polícia Judiciária e a Nova 
Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/2019), realizado na Academia de Poli ́cia de São 
Paulo no dia 19/11/2019, abaixo transcrita: 
A identificação formal de agente estatal quando as circunsta ̂ncias exigirem assim como 
a resposta cortês a ato volunta ́rio e gratuito de particular motivado por respeito, 
educaça ̃o ou gentileza não configura abuso de autoridade por ause ̂ncia de dolo na 
conduta. 
 
Decretação excessiva de indisponibilidade de ativos 
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em 
quantia que extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da 
parte e, ante a demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-
la: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Há dois momentos na execução do crime: 
1º.) O magistrado decreta, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros 
em quantia que extrapole exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida 
da parte. 
 
 
71 
# O que se entende por exacerbadamente? 
A norma, nesse tanto, não parece certa, mas de difícil compreensão, ferindo, 
consequentemente, o princípio da taxatividade. De nada vale a observância da 
anterioridade da lei se esta não estiver dotada da clareza necessária, de modo a permitir 
reduzir o grau de variabilidade subjetiva na aplicação da lei. 
2º.) O magistrado deixa de corrigir ante a demonstração, pela parte, da excessividade 
da medida. 
Logo, não é a decretação da indisponibilidade em valor excessivo que, por si só, 
caracteriza o crime, mas a recusa em corrigir o abuso diante do alerta do executado. 
 
Morosidade injustificada no exame de processo 
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha 
requerido vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou 
retardar o julgamento: 
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Obs1. O tipo penal alcança não apenas os membros de órgão colegiado judicial, mas 
também aqueles que integram órgãos colegiados administrativos e políticos (ex: Tribunal 
de Contas, Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência, Conselho de 
Contribuintes e Recursos Fiscais). 
 
 
72 
Obs2. Não comete crime de abuso de autoridade o advogado que pede vistas de 
processo e procrastina sua devolução, porquanto não ostenta a qualidade de agente 
público. 
 
Antecipação de atribuição de culpa por meio de comunicação 
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive 
rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a 
acusação: 
Pena – detenção,de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Atenção! 
O tipo não impede a publicidade da condição de suspeito da pessoa objeto da 
investigação. Aliás, essa divulgação, não raras vezes, aparece como necessária para a 
apuração de determinadas infrações, podendo contar com a colaboração dos membros 
da comunidade em que ocorreu a infração. 
Aliás, foi aprovada a Súmula nº 9 do Seminário Polícia Judiciária e a Nova Lei de Abuso 
de Autoridade (Lei 13.869/2019), realizado na Academia de Poli ́cia de São Paulo no dia 
19/11/2019, abaixo transcrita: 
A exposição dos fundamentos do jui ́zo de probabilidade voltado a indicar autoria, 
materialidade e circunstâncias do fato apurado, inerente à decisa ̃o de indiciamento, ato 
privativo do Delegado de Poli ́cia, na ̃o exprime prévia atribuic ̧a ̃o de culpa própria da 
 
 
73 
acusação formal, porquanto decorrente de exige ̂ncia legal e dos postulados da 
publicidade e da motivação dos atos estatais.

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