Buscar

Ebook Contabilidade Gerencial - FGV

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 85 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 85 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 85 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 2 
Fundação Getulio Vargas 
Programa de Certificação de Qualidade 
 
Curso: 
 
Graduação em Administração 
 
Contabilidade Gerencial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor Elaborador: 
 
Antonieta Elisabete Magalhães Oliveira. Doutora e Mestre em Administração de 
Empresas pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo, EAESP. Professora da 
FGV-SP nas Escolas de Administração, Direito e Economia, em cursos de 
graduação e pós-graduação lato sensu. Atualmente, dedica-se aos cursos de 
pós-graduação nas Escolas de Administração e de Economia. Coordenadora 
de cursos de educação executiva e professora do IDE-FGV. Consultora na 
FGV Projetos, atuando em empresas públicas e privadas, nas áreas de 
Contabilidade e Controladoria. 
 
 
 3 
Sumário 
 
Capítulo 1. Contabilidade financeira e contabilidade gerencial .......................... 5 
1.1. Introdução ................................................................................................ 5 
1.2. Desenvolvimento histórico da contabilidade gerencial............................. 5 
1.3. Diferenças entre contabilidade financeira e contabilidade gerencial ....... 9 
Capítulo 2. Classificações e comportamento dos custos e despesas .............. 13 
2.1. Introdução e definições .......................................................................... 13 
2.2. Custos e despesas ................................................................................ 14 
2.3. Componentes dos custos ...................................................................... 14 
2.4. Classificação quanto ao objeto de custo, produto ou serviço ................ 15 
2.5. Classificação quanto ao volume ............................................................ 16 
2.6. Outras classificações de custos ............................................................. 18 
2.7. Classificações de custos e sistemas de custeio .................................... 18 
Capítulo 3. Custeio por absorção e precificação .............................................. 22 
3.1. Introdução .............................................................................................. 22 
3.2. Fluxo de custos ...................................................................................... 22 
3.3. Materiais diretos e tributos ..................................................................... 24 
3.4. Mão de obra direta e encargos .............................................................. 27 
3.5. Custeio por absorção sem departamentalização ................................... 29 
3.6. Custeio por absorção com departamentalização ................................... 30 
3.7. Tratamento da capacidade ociosa ......................................................... 31 
3.8. Formação de preço com tributos e margem .......................................... 32 
3.9. Diferenças entre os sistemas de custeio tradicionais ............................ 34 
Anexo 3.1. Tributos incidentes sobre compras e vendas .......................... 38 
Capítulo 4. Custeio marginal e decisões .......................................................... 41 
4.1. Introdução .............................................................................................. 41 
4.2. Relações custo, volume e lucro (CVL) ................................................... 42 
 
 4 
4.3. Ponto de equilíbrio ................................................................................. 42 
4.4. Margem de segurança ........................................................................... 47 
4.5. Grau de alavancagem operacional ........................................................ 47 
4.6. Decisões gerenciais ............................................................................... 49 
Capítulo 5. Custeio Baseado em Atividades (Activity-Based Costing – ABC) .. 54 
5.1. Antecedentes do ABC............................................................................ 54 
5.2. Sistema de Custeio Baseado em Atividades ......................................... 58 
5.3. Sistema de Gestão Baseado em Atividades (Activity-based management 
– ABM) .......................................................................................................... 65 
5.4. Aspectos de implementação .................................................................. 67 
5.5 Time-Driven Activity-based Costing – TD-ABC ....................................... 67 
Anexo 5.1. Exemplo de uso do ABC ......................................................... 69 
Anexo 5.2. Exemplo de uso do TD-ABC (time driven–activity based 
costing) ...................................................................................................... 70 
Capítulo 6. Planejamento e controle orçamentário ........................................... 73 
6.1. Introdução .............................................................................................. 73 
6.2. Planejamento orçamentário ................................................................... 74 
6.3. Controle orçamentário: análise de variações e orçamento flexível ........ 80 
6.4. Tendências ............................................................................................ 83 
Anexo 6.1. Resumo do ciclo orçamentário ................................................ 83 
Capítulo 7. Bibliografia ..................................................................................... 85 
7.1. Bibliografia básica .................................................................................. 85 
7.2. Bibliografia complementar ..................................................................... 85 
 
 
 
 5 
Capítulo 1. Contabilidade financeira e contabilidade 
gerencial 
1.1. Introdução 
Informações para a tomada de decisão sempre foram geradas, de forma mais 
ou menos estruturada, e utilizadas desde as primeiras negociações entre os 
homens. E, desde seus primeiros usos, a contabilidade, informalmente 
chamada de “linguagem dos negócios”, foi a fonte principal de informações 
financeiras. Atualmente, as empresas têm sistemas gerenciais com 
informações financeiras e não financeiras, que permitem a geração de 
relatórios para auxiliar nas decisões dos usuários externos e dos usuários 
internos. Como chegamos até aqui? É sempre importante conhecer as origens, 
os principais fatos e personagens relacionados a qualquer campo de estudos 
ou profissão. O conhecimento dos desenvolvimentos e das tendências na 
Contabilidade Gerencial pode fornecer uma perspectiva para a avaliação das 
práticas e do pensamento atuais. 
 
1.2. Desenvolvimento histórico da contabilidade gerencial 
Considera-se que a Contabilidade de Custos se desenvolveu como um “filho” 
da Contabilidade Geral e que sua origem está associada ao crescimento do 
sistema fabril na Revolução Industrial, que nasceu na Inglaterra no século 
XVIII. Foi realmente nessa época que muitos contadores se defrontaram, pela 
primeira vez, com a maioria dos problemas que ainda hoje afligem a 
Contabilidade Gerencial. 
Na primeira fase da Revolução Industrial, os proprietários administravam 
pessoalmente as organizações, não precisando de informações mais 
elaboradas para conferir a rentabilidade das operações. Na segunda fase, 
começou-se a dissociar a figura do administrador da do proprietário; a 
rentabilidade passou a ser uma medida de eficiência operacional; houve um 
aumento da complexidade dos negócios e da pressão competitiva, e tudo isso 
impulsionou o uso de uma Contabilidade de Custos mais sistemática, exigindo 
registros de custo mais complexos, semelhantes aos encontrados hoje em 
muitas empresas. 
 
 6 
Com o rápido crescimento de alguns setores, como a mineração de carvão e a 
indústria têxtil, no fim do século XVIII e início do XIX surgiram várias 
dificuldades associadas ao grande montante de capital investido em 
instalações, equipamentos e transportes. Os três problemasprincipais para os 
gestores eram o estabelecimento de preços, a apropriação dos custos indiretos 
de fabricação e a integração das contas contábeis e de custos. 
Ao se observar como os gerentes das empresas fabris do século XIX usavam 
as informações contábeis para as decisões e o controle gerencial, percebeu-se 
que o surgimento de novos modos de organização da atividade econômica 
ajuda a explicar o desenvolvimento de procedimentos contábeis de custos nas 
empresas industriais dessa época. 
O uso de informações contábeis para planejamento e controle se desenvolveu 
nas empresas do setor têxtil e nas ferrovias nos Estados Unidos, na primeira 
metade do século XIX. Esses setores realizavam transações muito volumosas 
(em número de transações e no montante de dinheiro envolvido), o que levou a 
procedimentos para registro e sumarização dessas transações, e para a 
confecção de relatórios financeiros das suas várias subunidades, dispersas 
geograficamente. 
Resumindo, até o século XIX as informações contábeis eram geradas para uso 
interno, pelos gestores, o que hoje denominamos Contabilidade Gerencial. As 
empresas só passaram a usar os procedimentos da Contabilidade Financeira 
no início do século XX. Foram as exigências legais para a confecção dos 
relatórios financeiros, encontradas nos regulamentos do imposto de renda e 
nos contratos com o governo, que levaram à ampla difusão de tais 
procedimentos. Nos anos 1930, nos Estados Unidos, foi criada a estrutura da 
legislação contábil, e ao longo do século XX as empresas maiores e mais 
complexas se concentraram em gerar relatórios para usuários externos, como 
bancos, governos e órgãos reguladores. 
As organizações precisavam apresentar relatórios de curto prazo para o 
público externo: acionistas, instituições financeiras, fiscais de imposto de renda 
e, finalmente, auditores. Estes não estavam interessados na informação do 
 
 7 
custo do produto para tomada de decisão, mas, sim, em seu impacto na 
avaliação dos estoques e nos lucros relatados. Deve-se destacar, também, o 
alto custo da coleta e do processamento dos dados. 
Nesse período, houve alguns poucos desenvolvimentos nas técnicas e práticas 
de Contabilidade Gerencial. O tratamento moderno do orçamento de capital, 
usando a abordagem do fluxo de caixa descontado para a avaliação de 
projetos, foi a principal inovação no período. O conceito do valor do dinheiro no 
tempo já era conhecido, mas o uso do fluxo de caixa descontado como uma 
ferramenta analítica só surgiu nos anos 1950, em substituição aos métodos do 
Return on Investment (ROI) e do Payback. Na mesma época, o conceito de 
Residual Income (RI) foi utilizado pela empresa General Electric. RI é o lucro 
que resta depois que o custo de todo o capital empregado é subtraído do lucro 
operacional da divisão ou empresa, também conhecido como Lucro 
Econômico. 
Outra novidade foi o uso do custo de oportunidade da divisão vendedora como 
preço de transferência. Com isso, o valor de mercado ficou como um caso 
especial de um mercado perfeitamente competitivo. 
A partir de 1960, como consequência do desenvolvimento da pesquisa 
operacional como disciplina acadêmica, cresceu a aplicação de modelos 
quantitativos aos mais diversos problemas de planejamento e controle. Isso, 
porém, não ampliou o domínio da Contabilidade Gerencial – foram apenas 
novas ferramentas analíticas para ajudar no processo decisório. 
Com o conceito de custo agregado como a base da Contabilidade de Custos e 
com o aumento na complexidade dos processos produtivos, o predomínio da 
Contabilidade Financeira sobre a Gerencial fez com que os dados de custo 
perdessem a confiabilidade. 
Chegamos à década de 1980 numa situação bastante difícil. Os pesquisadores 
nas universidades se ocupam com modelos altamente sofisticados, aplicados a 
cenários de produção bastante simplificados, com o auxílio da tecnologia da 
informação. As organizações reais não eram levadas em conta, nem como 
motivação nem como ambiente para teste das pesquisas. Os contadores 
 
 8 
gerenciais, nesse período, não escreveram nada sobre seus problemas ou 
sobre inovações surgidas nas suas organizações. Além da complexidade 
crescente das empresas, outras mudanças ocorreram no ambiente de negócios 
a partir dos anos 1980: 
 Internamente: automação, flexibilidade no ambiente de produção, 
controle de qualidade, ampliação no portfólio de produtos etc. 
 Externamente: ambiente competitivo e busca pelo atendimento às 
necessidades dos clientes. 
Nos anos 1990, observou-se uma evolução no foco e na estrutura dos sistemas 
de informações nas empresas. Durante muitas décadas, todas as informações 
tinham origem nos dados da Contabilidade Financeira, geradora dos relatórios 
para os usuários externos (bancos, investidores e governo), o que se sabe ser 
insuficiente e inadequado para as decisões gerenciais. No entanto, a 
Tecnologia da Informação (TI), com capacidade crescente e custo decrescente, 
permitiu a separação dos relatórios contábeis em internos e externos e, como 
consequência, da Contabilidade em Financeira e Gerencial, de maneira mais 
formal. 
No fim do século XX, com a ajuda da TI, muitas empresas passaram a ter uma 
base de dados comum, gerando diferentes relatórios para os usuários externos 
e internos, ainda com foco nas informações financeiras. Hoje, há preocupação 
com a geração de informações financeiras e não financeiras, para todos os 
envolvidos com as organizações. Essas mudanças se refletiram no próprio 
desenho da estrutura organizacional das empresas; a área de Controladoria, 
responsável pela captura, tratamento e distribuição das informações para os 
vários usuários, é considerada tão importante que a tendência, nas grandes 
organizações, é que a ela funcione como uma assessoria simultânea à 
presidência e ao conselho de administração, no topo da estrutura 
organizacional. 
Outra variável mudando o ambiente de negócios foi a crescente participação do 
setor de serviços, inicialmente nas economias dos países desenvolvidos e 
depois nos países em desenvolvimento. Por esse motivo, entre outros, em 
todos os setores foi observada a crescente participação dos ativos intangíveis 
 
 9 
nos investimentos realizados para a geração de receitas e lucros e para a 
definição do valor de mercado das empresas. Muitos desses ativos nem são 
registrados pelo sistema contábil, tornando inviável conduzir o processo de 
gestão das empresas usando apenas indicadores financeiros. 
Vale ressaltar que a evolução relatada e todos os desenvolvimentos 
aconteceram em empresas industriais, e só aos poucos as empresas 
prestadoras de serviços incorporaram os sistemas de custeio e outras 
ferramentas gerenciais, preocupadas com a qualidade das informações para 
decisão. Os bancos e o setor de saúde foram os pioneiros no Brasil, seguidos 
das empresas que foram privatizadas, do governo e do terceiro setor. 
As prestadoras de serviços no Brasil atuavam em ambiente menos competitivo, 
eram mais protegidas por regulamentação ou eram organizações 
governamentais. O uso da informação gerencial era apenas para orçamento e 
controle, e não para determinar o custo do serviço ou gerar indicadores de 
desempenho. Com a competição, alguns aspectos – como a não existência de 
um produto tangível, que pode ser trocado, e o contato maior entre funcionários 
e clientes – tornaram a qualidade do serviço e a rapidez de atendimento fatores 
críticos, o que ajuda a explicar a busca por informações gerenciais. 
Hoje, é possível ter uma base de dados comum e diferenças no tratamento dos 
dados e na estrutura dos relatórios, em função dos objetivos dos diferentes 
usuários das informações, tanto externos quanto internos. Essa tendência 
também aparece com a contabilidade financeira se aproximando da 
contabilidade gerencial para “mostrar a realidade econômico-financeira das 
empresas”, como estáocorrendo no Brasil, pelo alinhamento ao padrão 
contábil internacional (International Financial Reporting Standard – IFRS). 
 
1.3. Diferenças entre contabilidade financeira e contabilidade gerencial 
Contabilidade Gerencial é o processo de produção de informações financeiras 
e não financeiras para atender às necessidades dos usuários internos à 
organização (empregados e gerentes), orientando-os nas suas decisões 
operacionais e estratégicas. As informações geradas pelos sistemas gerenciais 
 
 10 
auxiliam no planejamento e controle e no processo de tomada de decisão, além 
de contribuírem para a melhoria contínua das organizações. 
O quadro a seguir resume as diferenças entre as duas áreas da Contabilidade 
em relação aos aspectos: usuários, legislação, orientação para o passado ou 
não, preponderância de dados históricos, grau de agregação, uso de 
informações financeiras e não financeiras, periodicidade da informação e 
relevância. 
 
Quadro 1 
Contabilidade financeira Contabilidade gerencial 
usuários externos usuários internos 
restrições: IFRS e Receita Federal sem restrições externas 
foco em informações do passado orientada o para futuro também 
dados históricos dados não históricos 
informações agregadas da empresa informações abertas 
informações financeiras 
informações financeiras e não 
financeiras 
informações atrasadas informações em tempo hábil 
objetiva, auditável julgamental, relevante 
 
A informação contábil gerencial atende a várias funções na empresa: controle 
operacional, custeio do produto e do cliente, controle gerencial e controle 
estratégico. 
 
 Controle operacional é o processo que fornece feedback a 
empregados e gerentes sobre a eficiência e qualidade das atividades 
realizadas. 
 Custeio do produto e do cliente inclui a medição dos custos dos 
recursos usados para projetar, produzir, vender e entregar produtos ou 
serviços para os clientes. 
 Controle gerencial é o processo de fornecimento de informações sobre 
o desempenho de gerentes e unidades operacionais. 
 
 11 
 Controle estratégico é o processo de fornecimento de informações 
sobre o desempenho competitivo do negócio, tanto em termos 
financeiros quanto no atendimento das expectativas dos clientes. 
 
A demanda pela informação contábil gerencial difere, dependendo do nível na 
organização. No nível operacional, onde a matéria-prima ou os materiais 
comprados são convertidos em produto final e onde os serviços são 
executados para os clientes, a informação é necessária primeiramente para 
controle e melhoria das operações. A informação é desagregada e frequente; é 
mais física e operacional do que financeira e econômica. 
Quanto mais se sobe na estrutura organizacional, onde o trabalho é 
supervisionado e as decisões sobre produtos, serviços e clientes são tomadas, 
a informação pode ser recebida com menos frequência e é mais agregada e 
estratégica. É usada para fornecer uma visão mais geral da organização e 
sinalizar se alguns aspectos operacionais estão diferentes das expectativas. 
A informação nos níveis mais altos da organização resume as transações e os 
eventos que ocorreram no nível da operação ou do cliente. Nesses níveis, a 
informação financeira é a mais usada, de modo que os gestores possam 
avaliar as consequências dos eventos ocorridos no nível operacional da 
organização. Aqui, a informação é ainda mais estratégica e menos frequente, 
com uma proporção muito maior de informações financeiras e somente 
algumas poucas variáveis operacionais agregadas, usadas para relatar os 
fatores críticos de sucesso de toda a organização. 
Assim, a informação contábil gerencial pode ser gerada para empregados e 
administradores, dependendo das suas necessidades. 
Novas demandas por informação gerencial incluem: a medida do custo e da 
lucratividade de tipos de serviços, segmentos de mercado e clientes; 
informações para controle operacional que permitam melhorias de custo e 
qualidade; uso dos Sistemas Activity-based Costing (ABC), Time-driven 
Activity-based Costing (TDABC) e Activity-based Management (ABM); e o uso 
de sistema de indicadores de desempenho vinculados à estratégia da empresa, 
 
 12 
relacionando ações atuais com os objetivos de longo prazo, como o Balanced 
Scorecard (BSC). 
O esquema a seguir descreve as relações entre os vários campos de estudo 
ligados à gestão contábil financeira das empresas, destacando a contabilidade 
de custos e o sistema orçamentário, objetos de nossa disciplina. 
 
Figura 1 
 
 
 
 13 
Capítulo 2. Classificações e comportamento dos custos 
e despesas 
2.1. Introdução e definições 
A Contabilidade de Custos tem como objetivo fornecer informações úteis para 
os responsáveis pela operação das empresas, visando à confecção de 
relatórios externos e ao aprimoramento do desempenho interno. Ela identifica, 
mede, relata e analisa os vários elementos dos custos diretos e indiretos, 
associados com a produção e a comercialização de bens e serviços. Seus 
objetivos são: 
 
 Avaliação dos estoques para a determinação do resultado do 
exercício, se for o caso. 
 Controle de custos e despesas. 
 Auxílio no processo de tomada de decisão. 
 Auxílio no estabelecimento de uma política de preços. 
 
É importante destacar que a determinação do custo de um produto não é um 
fim em si mesmo, mas é necessária para uma ou mais das finalidades citadas; 
também é preciso considerar que a obtenção dessas informações tem um 
custo, o qual deve ser sempre confrontado com o benefício decorrente do seu 
uso. 
A contabilidade de custos, junto com outras ferramentas gerenciais, compõe a 
contabilidade gerencial, definida e caracterizada no capítulo anterior. Emprega 
certos termos que precisam ser definidos para a compreensão adequada dos 
conceitos a seguir: 
 
 Centro de custos. Menor unidade ou área de responsabilidade onde 
se acumulam custos. Exemplos: um equipamento, departamento ou 
atividade. 
 
 14 
 Centro de lucros. Centro que tem receitas e custos sob a sua 
responsabilidade e que pode gerar lucro (ou prejuízo). Exemplo: uma 
divisão de uma empresa. 
 Centro de serviços. Unidade que não trabalha diretamente com o 
produto, mas onde se acumulam custos que são apropriados a outros 
centros de custos, de forma tal que, no fim, esses valores sejam 
zerados. Exemplos: os departamentos de controle de qualidade, 
almoxarifado e manutenção. 
 Objeto de custo. Qualquer unidade identificável e mensurável para a 
qual são atribuídos custos. Exemplos: um produto, serviço ou lote de 
produção. 
 
2.2. Custos e despesas 
Os primeiros conceitos relacionados à apuração dos custos e das despesas e, 
portanto, do lucro são descritos a seguir: 
 
 Custos são os gastos aplicados na fabricação de um bem ou na 
realização de um serviço. 
 Despesas são outros gastos necessários para a geração de receitas, 
como os relativos à administração, às vendas e aos financiamentos. 
 Investimentos são gastos ativados em função de benefícios futuros. 
 Desembolsos são os pagamentos pela aquisição de um bem ou 
serviço. 
 
2.3. Componentes dos custos 
Em uma empresa industrial ou prestadora de serviços, os elementos do custo 
são os mesmos, com pequenas alterações de nomenclatura. 
 
 Matéria-prima (MP), ou materiais, são os itens adquiridos para uso 
no processo de fabricação, na prestação do serviço. 
 
 15 
 Mão de obra direta (MOD) inclui os salários e encargos das pessoas 
e é aquela aplicada sobre a MP para transformá-la no produto a ser 
vendido, ou aquela que trabalha diretamente na prestação do serviço. 
 Custos indiretos de fabricação (CIF), ou custos indiretos, incluem 
os outros custos do processo que não podem ser classificados como 
MP ou MOD. 
 
Exemplos de diferentes estruturas de custos em diferentes setores: 
 
 Setores intensivos em MP: embalagens e alimentos. 
 Setores intensivosem MOD: escolas tradicionais e consultorias. 
 Setores intensivos em custos indiretos: telecomunicações, onde a 
depreciação de equipamentos é o custo mais elevado. 
Os custos podem ser classificados de duas formas: quanto ao objeto de custo 
(produto ou serviço) e quanto ao volume de atividade. 
 
2.4. Classificação quanto ao objeto de custo, produto ou serviço 
A primeira classificação está relacionada com a forma de atribuição a um 
objeto de custo. 
 
 Custo direto é aquele que pode ser diretamente relacionado a um 
objeto de custo (produto, serviço ou departamento). A madeira para a 
produção de uma mesa pode ser identificada com a unidade mesa e 
pode ser medida em termos de consumo e valor, caracterizando assim 
um custo direto. O salário do gerente do Departamento Pessoal é um 
custo direto do Departamento Pessoal. 
 Custo indireto é aquele que não pode ser diretamente relacionado a 
um objeto de custo (produto, serviço ou departamento). Há 
necessidade de um rateio, usando uma base de apropriação arbitrária. 
Por exemplo, o aluguel de um imóvel que aloja diversos centros de 
 
 16 
custos departamentais é um custo indireto para esses centros, e uma 
base lógica para fazer sua apropriação seria de acordo com a área 
ocupada pelos vários departamentos. Do mesmo modo, a energia 
elétrica consumida na produção de mesas é um custo indireto do 
objeto de custo mesa, já que há necessidade de rateio. 
A classificação em diretos e indiretos só é válida para os custos, e não para as 
despesas; a classificação está associada ao sistema de custeio por absorção. 
 
2.5. Classificação quanto ao volume 
A segunda classificação está relacionada ao comportamento do custo em 
relação ao volume de atividade. Essa classificação se aplica a custos e 
despesas operacionais. 
 
 Custo variável é aquele que muda, no total, com as mudanças no 
volume de atividade, sendo constante por unidade. Um exemplo é a 
matéria-prima. O gráfico a seguir apresenta o comportamento dos 
custos e despesas variáveis, onde Q é a quantidade ou volume de 
atividade, CVT é o custo variável total e CVu é o custo variável 
unitário,. As despesas variáveis apresentam o mesmo comportamento. 
 
Figura 2 
 
 
 17 
 Custo fixo é aquele que, em determinado período e faixa de atividade, 
não se altera com mudanças no volume de atividade. Por exemplo, 
aluguel do prédio da fábrica. 
É importante lembrar que os custos fixos são fixos dentro de certos 
limites, pois, quando o volume excede determinado nível de 
capacidade (ou intervalo relevante), os custos fixos passam para outro 
patamar. É o chamado “efeito escada nos custos fixos”. O gráfico a 
seguir apresenta o comportamento dos custos e despesas fixos. CFT 
é o total de custos fixos. As despesas fixas apresentam o mesmo 
comportamento. 
 
Figura 3 
 
 
Custo semivariável é aquele composto por uma parte fixa e outra 
variável. Por exemplo, energia elétrica. Há poucos exemplos de 
despesas variáveis e semivariáveis, e quase todas as despesas são 
classificadas como fixas. O gráfico a seguir apresenta o 
comportamento dos custos e despesas semivariáveis. 
 
 
 
 18 
Figura 4 
 
 
2.6. Outras classificações de custos 
Existem outros conceitos relacionados com a apuração e a gestão de custos: 
 
 Custos de conversão ou de transformação: são todos os custos 
necessários para transformar o que foi comprado pela empresa em 
produto acabado. Inclui todos os custos de produção menos matérias-
primas ou outros materiais comprados prontos, como as embalagens. 
 Custos primários: matéria-prima mais mão de obra direta. 
 Custo de oportunidade: o que a empresa deixou de ganhar por ter 
escolhido uma alternativa, e não outra. 
 Perdas: bens ou serviços consumidos de forma anormal e involuntária 
e que não geram receita. 
 
2.7. Classificações de custos e sistemas de custeio 
As classificações apresentadas estão vinculadas aos sistemas de custeio que 
serão comentados a seguir, de forma resumida. Um sistema de custeio pode 
ser definido como uma abordagem teórica para tratamento de dados de custos 
para fornecer informações que atendam às necessidades dos usuários internos 
e externos à organização. 
 
 19 
Existem dois sistemas chamados “tradicionais” para a determinação do custo 
dos produtos: custeio por absorção e custeio marginal, ou variável. As 
informações fornecidas por esses sistemas podem ser usadas para: 
 
 Avaliação de estoques, determinação do Custo do Produto Vendido 
(CPV), do Custo do Serviço Prestado (CSP) e do resultado do período, 
de acordo com a legislação societária e fiscal. 
 Auxiliar no processo de tomada de decisão, planejamento e controle. 
No custeio por absorção, os custos são classificados em diretos e indiretos, 
sendo os indiretos rateados através de bases de rateio arbitrárias. A 
Demonstração de Resultados do Exercício usando o custeio por absorção tem 
a seguinte estrutura: 
 
Receita de vendas 
(-) CMV, CPV, CSP 
Lucro bruto 
(-) Despesas operacionais 
Lucro antes do IR/CSLL 
(-) IR/CSLL 
Lucro Líquido 
Essa é a estrutura adotada nos relatórios externos da contabilidade financeira. 
No custeio marginal, os custos e as despesas são classificados de acordo com 
o comportamento (fixos ou variáveis em relação ao volume de atividade), e os 
custos e despesas fixos são tratados como despesa do período associada a 
um período de tempo, e não a uma unidade produzida. 
A Demonstração de Resultados do Exercício usando o Custeio Marginal tem a 
seguinte estrutura: 
 
Receita de vendas 
(-) Custos/despesas variáveis 
 
 20 
Margem de contribuição 
(-) Custos/despesas fixos 
Lucro operacional 
 
Nessa estrutura, surge o importante conceito da margem de contribuição. 
Como não há apuração do custo total do produto ou serviço, esse sistema de 
custeio não é aceito nos relatórios externos, sendo usado apenas para fins 
gerenciais. 
O custeio por absorção, portanto, classifica os custos de acordo com a forma 
como são atribuídos aos produtos ou serviços. O Custeio Marginal classifica os 
custos de acordo com seu comportamento em relação ao volume de atividade. 
A principal vantagem do custeio por absorção é que todos os custos são 
atribuídos aos objetos de custo, de uma forma ou de outra, e a desvantagem é 
que os objetos de custos podem receber custos que não causaram, já que os 
critérios de rateio são, muitas vezes, arbitrários e subjetivos. 
A principal vantagem do Custeio Marginal é que, com a separação dos custos e 
despesas em fixos e variáveis, o relatório gerencial facilita a compreensão do 
que acontece se forem alterados os volumes, os custos e os preços, o que 
torna esse sistema um instrumento útil no processo decisório do administrador. 
Por outro lado, não se obtém o custo total do produto ou serviço. É importante 
que os administradores entendam as duas abordagens de custeio, pois, na 
prática, elas são frequentemente combinadas. O quadro a seguir resume os 
principais conceitos apresentados no capítulo. 
 
Quadro 2 
 
 21 
 
 
O detalhamento das características e dos usos desses sistemas de custeio 
será apresentado nos capítulos seguintes. 
 
 
 22 
Capítulo 3. Custeio por absorção e precificação 
3.1. Introdução 
O ambiente de negócios vivido pelas empresas, atualmente, é bastante 
complicado. Além dos impactos externos, globais, o ambiente interno reforça a 
incerteza em relação ao modo de gestão dos negócios. Apesar de taxas baixas 
de inflação e de taxas de juros decrescentes, a queda de demanda e a 
concorrência acirrada dificultam a competição pela preferência dos 
consumidores. 
Nesse panorama, observamos que os administradores estão enfrentando 
muitas dificuldades em relação às decisões que devem ser tomadas. As 
informações fornecidas pelos sistemas de Contabilidade Gerencial devem ser 
confiáveis para garantir a eficácia nos processos dedecisão, assim como o 
alcance do objetivo de lucratividade das empresas no longo prazo. 
Para melhor enfrentar a concorrência, é imprescindível que a empresa 
determine o custo justo dos seus produtos e serviços, o que serve de 
orientação na determinação dos preços, do potencial de vendas e das 
perspectivas de lucro. 
Retomando os sistemas de custeio apresentados no Capítulo 2, este capítulo 
abordará o custeio por absorção, a apuração dos custos diretos, o tratamento 
dos custos indiretos e a formação do preço de venda. 
No sistema de custeio por absorção, os custos são classificados em diretos e 
indiretos, de acordo com o plano de contas da empresa, e todos os custos são 
absorvidos pelos objetos de custo, sendo que os custos indiretos são rateados 
usando bases de apropriação arbitrárias. 
 
3.2. Fluxo de custos 
Nas empresas industriais, que se dedicam ao processo de transformação de 
matérias-primas em produtos acabados, existe um fluxo complexo de custos 
até chegar à comercialização. Essa operação de transformação, que fez surgir 
 
 23 
a Contabilidade de Custos, procura determinar o custo total de determinado 
produto, por unidade ou lotes. Na Contabilidade Industrial existem: 
 
 Estoques, controlados separadamente para: 
o Matérias-primas. 
o Produtos em processamento ou semiacabados. 
o Produtos acabados. 
 Mão de obra direta, que corresponde ao custo e ao tempo 
efetivamente aplicado na obtenção dos produtos; e 
 Custos Indiretos de Fabricação, que são incorridos na fábrica, mas 
que exigem critérios específicos para apropriação aos produtos. 
 
A compreensão desse fluxo de custos exige a apresentação de três conceitos: 
 
 Custo de produção do período (CPP), que é a soma dos custos 
incorridos no período na fábrica. 
 Custo dos produtos acabados no período (CPA), que é a soma dos 
custos contidos na produção acabada no período, podendo incluir 
custos de produção de períodos anteriores. 
 Custo dos produtos vendidos no período (CPV), que é a soma dos 
custos incorridos na fabricação dos bens que só agora estão sendo 
vendidos, podendo incluir custos de produção de diversos períodos. 
 
A apuração dos custos de produção do período (CPP), do custo dos produtos 
acabados (CPA) e do custo dos produtos vendidos (CPV) envolve o uso das 
seguintes equações: 
 
Estoque inicial de matérias-primas 
+ Compras de matérias-primas 
- Estoque final de matérias-primas 
= Matérias-primas consumidas 
 
 24 
+ Mão de obra direta (MOD) 
+ Custos indiretos de fabricação (CIF) 
= Custo de produção do período (CPP) 
 
Estoque inicial de produtos semiacabados 
+ Custo de produção do período (CPP) 
- Estoque final de produtos semiacabados 
= Custo dos produtos acabados (CPA) 
 
Estoque inicial de produtos acabados 
+ Custo dos produtos acabados (CPA) 
- Estoque final de produtos acabados 
= Custo dos produtos vendidos (CPV) 
 
3.3. Materiais diretos e tributos 
A apuração dos custos diretos envolve, geralmente, os materiais diretos e a 
mão de obra direta (MOD). 
O primeiro custo direto a ser apurado é o dos materiais diretos, composto por 
matéria-prima, componentes comprados e embalagens, usados na operação e 
registrados a custo histórico de aquisição. A gestão dos estoques compreende 
vários aspectos, como o montante a atribuir às várias unidades – que é o ponto 
relevante aqui –, o controle em termos de distribuição de funções, fluxo de 
requisições e consumo efetivo, além da programação das compras. 
Para fins de apuração do custo dos materiais, consideram-se: o valor de 
entrada no estoque, a forma de controle e o valor de saída do estoque. O valor 
de entrada não é o valor da nota fiscal, sendo necessários alguns ajustes, já 
que o registro de um ativo contempla a inclusão de todos os gastos 
necessários para colocá-lo em condições de uso ou de venda. Alguns itens 
devem ser observados quando do registro do valor de entrada de materiais 
direto nos estoques: 
 
 25 
 Frete e seguro devem ser acrescentados ao valor da nota fiscal, e 
rateios são necessários quando estão incluídos vários materiais na 
mesma entrega. 
 Armazenagem e outros gastos do departamento de compras 
costumam ser incluídos nos custos indiretos e depois são rateados 
aos objetos de custo, como uma simplificação, pela dificuldade de 
identificação com os materiais. O uso do rateio aos produtos não traz 
grandes diferenças se o fluxo de produção é homogêneo e se o custo 
da área é constante. 
 Descontos comerciais e abatimentos reduzem o valor do custo de 
aquisição dos materiais diretos. 
 Todos os gastos de importação são incorporados aos custos de 
aquisição dos materiais diretos. 
 Os aspectos financeiros (despesas financeiras e descontos 
financeiros) não entram no valor do estoque, indo diretamente para a 
DRE. 
 Os tributos incidentes nas operações de compras e vendas (IPI, ICMS, 
PIS e COFINS) podem ser incorporados ao custo de aquisição, ou 
não, dependendo se há ou não recuperação do mesmo tributo na 
venda do produto ou serviço. Neste capítulo, os tributos são tratados 
apenas nos aspectos referentes à sua incorporação ou não no custo 
dos materiais. É relevante destacar que há projetos de mudança na 
legislação em relação aos tributos incidentes nas compras e vendas, 
entre outros. O Anexo 3.1 apresenta um resumo das características 
destes tributos. 
 
Há duas formas de controle de estoques: inventário periódico e inventário 
permanente. 
 
 Inventário periódico: quando, ao final de cada exercício, com a 
contagem física do estoque e o registro das compras, determina-se o 
que foi consumido, sem haver controle durante o período das entradas 
 
 26 
(compras) e saídas (requisições). Conhece-se o valor do estoque 
inicial, ao qual são somados os valores das compras do período e 
subtraído o valor do estoque final. É utilizado para materiais de 
pequeno valor e cujo custo do controle permanente não compensa. 
 Inventário permanente: quando se registram em ficha, 
cronologicamente, todas as entradas (compras) e saídas (requisições). 
Através da soma de todas as saídas, temos o consumo dos materiais, 
e o saldo da ficha representa o valor monetário do estoque em 
qualquer data. 
 
Quanto ao valor de saída, há vários métodos que podem ser adotados 
gerencialmente, quando os valores de entrada registrados são diferentes para 
itens iguais, que não podem ter o custo específico identificado: 
 
 Custo médio ponderado móvel. Cada nova entrada (compra) será 
acumulada, em termos de quantidade e valor, com as respectivas 
quantidades e valores existentes. A divisão do valor monetário 
acumulado pela quantidade acumulada dá o Custo Médio Ponderado. 
Havendo uma saída (requisição), ela será valorizada pelo Custo Médio 
Ponderado existente, e os itens que sobram permanecem no estoque 
com o mesmo valor. 
 PEPS. Primeiro que entra é primeiro que sai quando da requisição. 
 UEPS. Último que entra é primeiro que sai quando da requisição. 
 PREPS. Próximo que entra é primeiro que sai, também chamado de 
custo de reposição, sendo usado muitas vezes em decisão de preço. 
 
Cada método apresenta um custo de saída que influenciará para mais ou para 
menos o valor dos materiais consumidos e do custo do produto ou serviço, 
levando a menor ou maior Resultado Bruto. 
Ainda em relação aos materiais diretos, resta comentar sobre as perdas. Uma 
perda normal é inerente ao processo e permanece embutida no custo dos 
 
 27 
materiais. É o caso, por exemplo, da perda por evaporação no processo de 
fabricação de tintas. Uma perda é anormal quando é aleatória e involuntária; 
nesse caso, é registrada diretamente na DRE, reduzindo o resultado do 
período. Algumas situações permitem a recuperação de perdas: 
 
 Os subprodutos aparecem normalmente no processo e têm mercado e 
preço estáveis; são custeados pelo valor de venda e o valor 
recuperado reduzo custo de produção do período. Exemplos: apara 
de plástico, limalha de ferro e serragem. 
 As sucatas são itens com venda esporádica e valor não previsível; o 
valor das vendas vai para a DRE como outras receitas operacionais. 
 
3.4. Mão de obra direta e encargos 
O segundo custo direto a ser apurado é a mão de obra direta (MOD). O custo 
da MOD se refere ao pessoal que trabalha diretamente no produto em 
elaboração ou na prestação do serviço, desde que seja possível medir o valor e 
o tempo, identificando quem executou o trabalho, sem rateios aos produtos e 
serviços. Sua contabilização é mais simples do que a dos materiais. 
São incluídos no custo da MOD os salários mais os encargos sociais. Se a 
MOD é grande parte do custo do produto ou serviço, justifica-se o investimento 
em um sistema mais sofisticado de medida, mas há uma tendência de 
diminuição da MOD pelo aumento da automação em todos os setores. 
A mão de obra indireta (MOI) é aquela que não pode ser identificada e medida 
para cada objeto de custo. É rateada aos produtos com maior ou menor grau 
de erro e incluída nos custos indiretos. Pode acontecer de a MOD ser tratada 
como MOI pelo valor pequeno e a dificuldade para medir (o alto custo de 
medida não compensa a melhoria na qualidade da informação). 
É importante destacar que há uma diferença entre a folha de pagamento, que é 
fixa e independe do volume de produção, e a MOD, que é variável na parte 
relativa ao tempo realmente utilizado na produção. 
 
 28 
A taxa horária de MOD, ou custo total por hora, é calculada considerando 
salários mais encargos que são proporcionais ao valor dos salários no 
numerador, e as horas de trabalho realmente disponíveis no denominador. 
Cada empresa deve calcular sua taxa de encargos, pois há variações nos 
diferentes setores de atividade. 
Os componentes da taxa horária de MOD: 
 
 Salário e encargos sociais que são função do valor pago. 
 Descanso semanal remunerado. 
 Férias, feriados, faltas abonadas. 
Há benefícios que não são proporcionais aos salários, como transporte, 
alimentação e assistência médica, e que por isso devem ser incluídos nos 
custos indiretos para rateio aos produtos ou serviços. 
Outros aspectos sobre a apuração do custo da MOD e da MOI são: 
 
 As paradas sazonais, que devem ter seu custo provisionado para o 
ano e rateado para todos os produtos, se for possível sua previsão. 
 Os tempos de preparação (setup), que devem ser apropriados aos 
produtos ou ordens de serviço, se a identificação for possível, ou 
incluídos nos custos indiretos. 
 As paradas para descanso, que devem ter seu custo apropriado ao 
produto, se o processo é contínuo ou as ordens de serviço são 
demoradas, ou incluído nos custos indiretos. 
 O custo do tempo ocioso utilizado em outra função, que deve ser 
tratado como MOI. 
 As horas extras, que devem ter seu custo atribuído diretamente ao 
produto ou ordem de serviço que lhes deu origem ou incluído nos 
custos indiretos; se podem ser previstas, incluir na determinação da 
taxa horária de MOD. 
 
 29 
Dadas as características apresentadas, cada caso deve ser analisado 
individualmente. 
Vale destacar que há mudanças já aprovadas na legislação trabalhista, e 
outras em projeto, que, em algumas situações, podem eliminar a necessidade 
do cálculo da taxa horária aqui apresentado. 
 
3.5. Custeio por absorção sem departamentalização 
O tratamento dos custos indiretos no custeio por absorção envolve rateios, ou 
alocações, e pode ser feito sem ou com departamentalização. No custeio por 
absorção sem departamentalização, os custos indiretos são apropriados aos 
produtos ou serviços por estimativas, critérios de rateio, o que implica 
subjetividade na determinação do custo total do produto ou serviço. 
Etapas do custeio por absorção sem departamentalização: 
 
 1º passo: Separação entre custos e despesas. 
 2º passo: Atribuição dos custos diretos (identificados e medidos). 
 3º passo: Atribuição dos custos indiretos por rateio. 
Nesse método, pode ser usado um critério de rateio único para toda a 
empresa, ou dois ou mais critérios por grupos de custos, levando em conta as 
caraterísticas dos custos, mesmo sem haver departamentalização. As bases de 
rateio mais comumente usadas são: 
 
 Volume. 
 Horas de MOD ou reais de MOD. 
 Quantidade de materiais ou reais de materiais. 
 Horas-máquina. 
A decisão a ser tomada aqui é em relação ao melhor critério, que forneça a 
melhor informação de custo possível; para auxiliar na escolha do critério, deve 
ser feita uma análise dos componentes dos custos indiretos, assim como é 
fundamental o conhecimento dos processos operacionais. 
 
 30 
 
3.6. Custeio por absorção com departamentalização 
Antes do detalhamento do custeio por absorção com departamentalização, é 
preciso apresentar algumas definições: 
 
 Um departamento é uma unidade mínima administrativa, representada 
por homens e equipamentos, com atividades homogêneas. 
 Um centro de custos é uma unidade mínima para a acumulação de 
custos. 
 Existem departamentos denominados operacionais, pois neles 
acontece uma atuação direta sobre os produtos, modificando-os, ou o 
atendimento aos clientes na prestação dos serviços. 
 Os departamentos de apoio, ou auxiliares, prestam serviços aos outros 
departamentos, na operação da empresa. 
 Existem, ainda, departamentos e centros de custos nas áreas de 
vendas e administração, mas seus gastos são despesas e não entram 
na apuração do custo dos produtos e serviços. 
 
Vale ressaltar que um departamento pode incluir mais de um centro de custos, 
e um centro de custos pode incluir mais de um departamento. Também é 
importante haver uma espécie de conciliação entre os departamentos e centros 
de custos e o organograma da empresa. Sempre tem que haver alguém 
responsável pelo centro de custos ou departamento. Qualquer mudança na 
estruturação dos centros de custos deve ser acompanhada por uma revisão no 
organograma, e vice-versa. 
Etapas do custeio por absorção com departamentalização: 
 
 1º passo: Separação entre custos e despesas. 
 2º passo: Atribuição dos custos diretos (identificados e medidos). 
 3º passo: Atribuição dos custos indiretos. 
 
 31 
Vale ressaltar que: 
 
 Custos identificados são atribuídos diretamente aos departamentos. 
 Custos são rateados separadamente para os departamentos, pois a 
identificação não é possível. 
 Departamentos auxiliares têm seus custos transferidos, por rateios, 
para os departamentos operacionais. 
 Departamentos operacionais têm seus custos transferidos, por rateios, 
para os produtos ou serviços. 
No sistema de custeio por absorção com departamentalização, a apropriação é 
feita em duas etapas: 
1. Custos isolados ou combinados em grupos são identificados ou rateados 
para os departamentos, usando bases variadas; os custos dos 
departamentos auxiliares ou de apoio à operação são rateados para os 
departamentos operacionais. 
2. Custos são rateados de cada departamento para os produtos, 
geralmente usando a MOD (horas ou valor) ou horas-máquina como 
base. 
No custeio por absorção com departamentalização, observamos dois diferentes 
objetos de custo: departamentos e produtos ou serviços. 
 
3.7. Tratamento da capacidade ociosa 
Este é um tema controverso, e, conforme o tratamento adotado, pode haver 
distorções significativas no custo dos produtos e serviços, prejudicando as 
decisões gerenciais. 
A ociosidade normal, planejada, deve ter todo o seu custo incluído nos custos 
indiretos para rateio posterior aos produtos ou serviços. Já a ociosidade 
anormal não deve “contaminar” o custo do produto ou serviço, mas, sim, ser 
tratada como despesa de produção ou como custo em uma linha separada do 
 
 32 
custo do produto ou serviço. Para entender o conceito e o cálculo da 
ociosidade, algumas definições são necessárias: Capacidade disponível teórica: total de horas disponíveis pelo 
calendário do período, sem descontar dias e horas sem atividade. 
 Capacidade disponível prática: total de horas disponíveis descontando 
da capacidade teórica os dias e horas sem atividade. 
 Capacidade utilizada: total de horas efetivamente trabalhadas, seja de 
MOD ou de horas-máquina. 
 A ociosidade é a diferença entre a capacidade prática e a efetivamente 
utilizada. 
A determinação das taxas de rateio dos custos indiretos deve ser feita com a 
capacidade disponível prática do critério de rateio, para evitar a “armadilha” de 
o custo do produto depender do volume de produção do período. Dessa forma 
é possível determinar o custo da capacidade ociosa a cada período, 
informação muito relevante para a gestão. 
 
3.8. Formação de preço com tributos e margem 
Após a obtenção da informação do custo total do produto ou serviço, a próxima 
etapa é formar o preço de venda, geralmente somando ao custo o lucro 
pretendido, ou aplicando um fator sobre o custo. Em muitos setores e 
situações, o mercado determina os preços, e nesse caso resta às empresas: 
 
 Buscar menores custos para garantir o lucro pretendido, dado o preço 
de mercado. 
 Reduzir o lucro pretendido se não há mais condição de redução de 
custos. 
 Reduzir a participação do produto ou serviço no mix ofertado. 
 Finalmente, desistir de ofertar o produto ou serviço. 
As abordagens associadas à formação do preço de venda são: 
 
 33 
 Abordagem orientada pela Teoria Econômica, onde os preços são 
determinados pelo equilíbrio entre oferta e demanda. 
 Abordagem orientada pelo Mercado, onde a empresa acompanha 
constantemente a demanda e os preços praticados pela concorrência 
e, dependendo de sua posição no setor, pode não ter outra saída 
senão adotá-los. 
 Abordagem orientada pelos Custos, onde os preços são formados 
para cobrir todos os custos e despesas, além dos tributos e do lucro 
pretendido para garantir a remuneração dos proprietários. 
As empresas usam todas as abordagens em conjunto nos seus processos de 
decisão, com ênfase nas abordagens de mercado e custo. 
Na abordagem orientada pelo custo surge o conceito do fator preço de venda 
(FPV), ou mark-up. É um fator a ser aplicado sobre o custo para determinar o 
preço de venda com impostos embutidos. As informações necessárias para a 
determinação do FPV são: 
 
 impostos sobre faturamento como percentual da receita, obtidos da 
legislação tributária; e 
 margem bruta desejada como percentual da receita, obtida geralmente 
do orçamento da empresa. 
A fórmula do FPV é: 
FPV = 1 / (1 – %impostos - %lucro bruto) 
E o preço de venda é obtido pela fórmula: 
PV = Custo total x FPV 
Esse mesmo procedimento pode ser feito com a margem operacional. E o lucro 
pretendido pode estar expresso em valores monetários, e não percentuais, da 
receita. 
 
 34 
 
3.9. Diferenças entre os sistemas de custeio tradicionais 
O exemplo a seguir mostra o uso do custeio por absorção de forma que o lucro 
da empresa depende da quantidade produzida, e não da quantidade vendida 
(Li, 1981). A percepção dessa distorção levou ao desenvolvimento e à adoção 
do custeio marginal, ou variável. Sabemos que a apuração do custo do produto 
deve considerar a capacidade disponível, separando o custo da ociosidade do 
custo do produto e eliminando essa distorção, como visto anteriormente neste 
capítulo. 
Os custos apresentam, como elementos constitutivos, a matéria-prima e a mão 
de obra direta, ambas com comportamento variável em relação ao volume, e o 
custo indireto de fabricação, composto de uma parcela variável e outra fixa, 
conforme o quadro 1. 
 
Quadro 3. Elementos constitutivos do custo de determinado produto 
 
 
Para determinar o custo total por unidade de produção, precisamos conhecer o 
volume de produção, ou seja, o custo total por unidade depende deste volume. 
É preciso ratear a parcela fixa do CIF para que ela seja absorvida pelas 
unidades produzidas, conforme o Quadro. 
 
 
 35 
Quadro 4. Influência do volume sobre o custo unitário de produção 
 
 
Esta é a premissa do sistema denominado custeio por absorção. ele calcula um 
custo unitário que varia inversamente com o volume de produção. Os custos 
são classificados em diretos e indiretos, de acordo com o plano de contas da 
empresa, e todos os custos são absorvidos pelas unidades produzidas, sendo 
que os indiretos são rateados usando bases de apropriação arbitrárias. 
No Quadro 3, observamos três demonstrações de resultados, de três períodos 
subsequentes, baseadas nas informações dos custos, fornecidas pelo Quadro 
2: 
 
Quadro 5. Demonstração de resultados pelo custeio por absorção 
 
 
Analisando os anos X7 e X8, observamos resultados diferentes, apesar de as 
receitas de vendas, as comissões sobre as vendas e as outras despesas com 
 
 36 
vendas e gerais serem iguais; o ano de X7 mostra um maior resultado 
simplesmente porque foram produzidas mais unidades do que em X8. 
Comparando com o ano de X9, o resultado é ainda mais absurdo, pois, embora 
o número de unidades vendidas neste ano seja menor do que o dos anos 
anteriores, seu resultado supera os outros dois, pois neste período mais 
unidades foram produzidas. Essa influência do volume de produção sobre o 
custo unitário e, consequentemente, sobre o resultado do exercício impedia 
que os administradores, de modo geral, fizessem um uso gerencial mais 
eficiente das informações fornecidas pela Contabilidade de Custos. 
Essa incoerência levou ao desenvolvimento, por gestores, do Custeio Marginal, 
onde os custos são classificados de acordo com seu comportamento e a 
parcela fixa do custo indireto de fabricação é tratada como despesa do período, 
associada a um período de tempo, e não a uma unidade produzida. Só a 
matéria-prima, a mão de obra direta e o CIF variável são considerados 
elementos do custo fabril, os quais são deduzidos da receita de vendas, dando 
a margem de contribuição, de onde são subtraídos os custos fixos do período 
para obter o lucro ou o prejuízo. 
Com base no Quadro 2, o custo unitário de produção, no Custeio Marginal, 
seria R$2,45, independentemente do volume de produção. 
 
 37 
 
Quadro 6. Demonstração de resultados pelo Custeio Marginal 
 
 
Uma vantagem de se usar o Custeio Marginal para fins gerenciais é que o 
resultado varia com as vendas, conforme mostra o Quadro 4. 
Para finalizar a comparação entre os sistemas de custeio, o exercício a seguir 
apresenta uma situação onde podemos usar o custeio por absorção ou o 
custeio marginal para decidir sobre o melhor mix de produtos, visando à 
maximização do lucro. 
Quadro 7. Produtos Plastic. Análise da produção de embalagens–31/12/X1 
 
OBS: A capacidade máxima da planta é de 8.000 unidades por ano. 
Qual mix de produtos maximiza o resultado? 
 
 38 
Ao observar os lucros unitários, tende-se a eliminar o produto de menor lucro, o 
produto X. Entretanto, os custos fixos rateados para X não necessariamente 
são eliminados e serão rateados para os outros produtos. Além disso, a 
mudança no critério de rateio (que não foi informado) pode alterar o lucro dos 
três produtos, o que aumenta ainda mais a incerteza da decisão. 
A seguir, apresenta-se a mesma situação usando as premissas e o relatório no 
formato do Custeio marginal. 
Quadro 8. Produtos Plastic. Análise da produção de embalagens–31/12/X1 
 
OBS: A capacidade máxima da planta é de 8.000 unidades por ano. 
Qual mix de produtos maximiza o resultado? 
Ao usar a margem de contribuição para a decisão, sem fazer o rateio dos 
custos fixos, fica claro que o produto Y é o que contribui menos para a 
cobertura dos custos fixos e a geração de lucro. Esse formato de relatório, que 
facilita certas decisões gerenciais e permite realizar análises de sensibilidade e 
aplicar o orçamento flexível, será apresentadono próximo capítulo. 
 
Anexo 3.1. Tributos incidentes sobre compras e vendas 
ICMS: Imposto sobre a circulação de mercadorias e prestação de alguns 
serviços, como transporte interestadual e intermunicipal, fornecimento de 
energia elétrica, telefonia e outros. 
 
 39 
 
 Estadual. 
 Contido no valor da transação. 
 Alíquota: 18% em São Paulo. 
 Se recuperável, é destacado do custo de aquisição e contabilizado em 
conta de ativo, como um direito de recuperação do imposto. 
 Se não é recuperável, incorpora-se ao custo de aquisição dos 
materiais. 
IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados. 
 
 Federal. 
 Percentual adicionado ao valor da transação. 
 Por ramo de atuação. 
 Se recuperável, é destacado do custo de aquisição e contabilizado em 
conta de ativo, como um direito de recuperação do imposto. 
 Se não é recuperável, incorpora-se ao custo de aquisição dos 
materiais. 
PIS: Programa de Integração Social. 
 
 Criado em 1970. 
 Contribuintes são as pessoas jurídicas de direito privado, excluídas as 
pequenas empresas que usam o regime de tributação Simples. 
 Base de cálculo: total das receitas, com algumas exclusões. 
 Passou a ser recuperável a partir de 01/12/2002, para as empresas 
que apuram o lucro real. 
 Alíquotas: 1,65% (lucro real) e 0,65% (lucro presumido). 
COFINS: Contribuição para Financiamento da Seguridade Social. 
 
 Criado em 1991. 
 
 40 
 Contribuintes são as pessoas jurídicas de direito privado, excluídas as 
pequenas empresas que usam o regime de tributação Simples. 
 Base de cálculo: total das receitas, com algumas exclusões. 
 Passou a ser recuperável a partir de 01/02/2004, para as empresas 
que apuram o lucro real. 
 Alíquotas: 7,60% (lucro real) e 3,00% (lucro presumido). 
 
 41 
Capítulo 4. Custeio marginal e decisões 
4.1. Introdução 
O custeio marginal, ou variável, é o sistema de custeio que atribui apenas os 
custos e despesas variáveis aos produtos ou serviços. Os custos e despesas 
fixos são tratados como “despesas” do período, lançados na DRE no período 
em que ocorrem, independentemente das vendas realizadas. Uma vantagem a 
ser destacada é que os dados obtidos dessa forma são mais proveitosos para 
o planejamento, a análise, o controle e a tomada de decisão, justamente por 
exigir a distinção entre custos e despesas fixos e variáveis, o que: 
 
 Familiariza o administrador com o comportamento dos custos. 
 Evidencia a magnitude dos custos fixos, muito importante em vista da 
tendência constante de automação. 
 Dirige a atenção do administrador para fatores relevantes, facilitando o 
processo de análise e tomada de decisão. 
O custeio marginal permite o cálculo da margem de contribuição, muito 
utilizada em vários tipos de decisões gerenciais, como, por exemplo: 
 
 Identificar os produtos ou serviços que devem ter suas vendas 
incentivadas ou reduzidas, ou ser eliminados do mix da empresa. 
 Identificar os produtos ou serviços que devem ser priorizados quando 
há fatores limitantes na operação. 
 Definir os preços de venda em negociações especiais, como 
exportações, com capacidade ociosa ou sem capacidade ociosa. 
 Decidir entre fazer internamente ou terceirizar produto ou atividade. 
 Decidir sobre a concessão de descontos. 
O custeio marginal, pela estrutura simplificada da DRE, auxilia nos cálculos do 
ponto de equilíbrio, na margem de segurança e no grau de alavancagem 
operacional. 
 
 42 
 
4.2. Relações custo, volume e lucro (CVL) 
A análise de sensibilidade, realizada com o auxílio do custeio marginal, recebe 
o nome de análise das relações custos x volume x lucro (CVL). Permite projetar 
o lucro esperado a diversos níveis possíveis de operação, assim como analisar 
o impacto sobre o lucro de modificações nos preços, custos e quantidades. A 
margem de contribuição total de um produto deve aumentar devido a aumentos 
no volume, aumentos no preço e reduções no custo variável unitário; e diminuir 
por reduções no volume, reduções no preço e aumentos no custo variável 
unitário. 
A análise das relações custo, volume e lucro (CVL) também ajuda a 
administração a determinar suas políticas, por destacar o efeito sobre o lucro 
das variações nos preços de venda, nos volumes de vendas, no mix de 
produtos, nos custos variáveis e nos custos fixos. A compreensão da interação 
entre esses fatores auxilia a administração no orçamento e planejamento do 
lucro e na avaliação dos efeitos de cursos de ação alternativos. 
 
4.3. Ponto de equilíbrio 
O cálculo do ponto de equilíbrio (PE) estabelece a quantidade mínima que uma 
empresa deve produzir e vender para que não incorra em prejuízos; determina 
o volume de vendas que cobre exatamente os custos e despesas totais, ou 
seja, que gera lucro operacional igual a zero. Se a empresa pretende evitar 
prejuízos, suas vendas precisam cobrir todos os custos e despesas: aqueles 
que variam diretamente com o volume e aqueles que não se modificam dentro 
de certos limites de produção, o chamado intervalo relevante. 
Conforme apresentado no Capítulo 2, são exemplos de custos e despesas 
fixos: aluguéis de imóveis, salários do pessoal administrativo, depreciação de 
veículos e equipamentos, despesas gerais do escritório, entre outros. Alguns 
desses itens podem ser variáveis até certo ponto, entretanto, as empresas 
evitam reduzi-los como resultado de uma flutuação temporária nas vendas. 
 
 43 
São exemplos de custos e despesas variáveis: matérias-primas, materiais e 
despesas variáveis com o volume vendido. 
Na prática, alguns custos são difíceis de classificar como fixos ou variáveis. 
Esses custos duvidosos devem ser tratados como custos fixos quando são 
esperadas reduções no volume e como variáveis quando são previstos 
aumentos no volume, o que leva em consideração uma posição mais 
conservadora em ambos os casos. 
Existem dois métodos para determinar o PE: algébrico – usando fórmulas – e 
gráfico, onde são projetadas as retas de custos totais e receitas totais para 
obter sua intersecção, que é o PE. 
A determinação do PE pelo método gráfico é apresentada na Figura 1, onde 
temos o volume vendido no eixo horizontal e os custos e receitas no eixo 
vertical. Os custos fixos são representados por uma reta horizontal; isto é, eles 
são independentes do volume de atividade da empresa e nesse exemplo 
totalizam R$600,00. Os custos variáveis são de R$0,50 por unidade. O custo 
variável total aumenta em R$0,50 para cada unidade adicional vendida. A 
produção é vendida ao preço unitário de R$2,00, sendo a receita total mostrada 
como uma linha reta, aumentando também com as unidades vendidas. A tabela 
1 foi composta para auxiliar na confecção do gráfico (Figura 1). 
Tabela 1 
 
 
 
 44 
Figura 5 
 
 
A inclinação positiva da reta da receita total é mais acentuada do que a da reta 
dos custos variáveis, porque a empresa está tendo uma receita de R$2,00 para 
cada R$0,50 de custos variáveis por unidade. 
Até o ponto de equilíbrio, que é o cruzamento das retas de custo total e receita, 
existe prejuízo. Depois desse ponto, a empresa começa a ter lucro. A Figura 1 
indica o ponto de equilíbrio quando custos e vendas são iguais a R$800,00 e o 
nível de vendas é de 400 unidades. Para facilitar a notação matemática e 
gráfica, foram usados custos variáveis (CVT), representando custos e 
despesas variáveis, e custos fixos (CFT), representando custos e despesas 
fixos. 
Na solução algébrica, usa-se o mesmo conceito, ou seja, a quantidade no 
ponto de equilíbrio é definida como o volume de vendas no qual a receita é 
exatamente igual aos custos totais (custos fixos mais custos variáveis). 
Receitas – custos variáveis – custos fixos = lucro operacional = zero 
Considere-se que: 
 
 45 
PVu = Preço de Venda Unitário 
Q = Quantidade Vendida 
CFT = Custos Fixos Totais 
CVu = Custo Variável Unitário 
Então: 
RV= CT 
RV = CFT + CVT 
RV = CFT + CVu.Q 
PVu.Q = CFT + CVu.Q 
PVu.Q – CVu.Q = CFT 
Q (PVu – CVu) = CFT 
 
PE (Q)=CFT ÷ (PVu – CVu) 
 
Esse é o PE em unidades, e PVu – CVu é a margem de contribuição unitária 
O cálculo do ponto de equilíbrio em reais de vendas, e não em unidades 
vendidas, também é bastante útil. A principal vantagem desse método é que 
ele nos permite determinar um ponto de equilíbrio geral para uma empresa que 
vende vários produtos a preços e custos variáveis diversos. O procedimento 
exige um mínimo de informações. Três valores são necessários: receita de 
vendas, custos fixos totais e custos variáveis totais, facilmente obtidos se a 
empresa utiliza o custeio marginal ou variável. 
Se o custeio marginal não é utilizado, informações sobre a receita de vendas e 
sobre o custo total estão disponíveis na demonstração de resultados do 
exercício. Os custos e as despesas totais podem ser determinados deduzindo-
se os lucros operacionais das vendas líquidas. Depois, é necessário classificar 
os custos em fixos e variáveis. Os maiores itens de gastos fixos podem ser 
obtidos na mesma DRE (aluguel, depreciação, juros, despesas gerais e 
administrativas). Por fim, os custos variáveis podem ser obtidos subtraindo-se 
do custo total os gastos fixos. Nesse caso, é preciso lembrar que estamos 
realizando estimativas mais vulneráveis. 
 
 46 
No ponto de equilíbrio, as vendas (RV) são iguais aos custos fixos totais (CFT) 
mais o custo variável total (CVT). 
RV = CFT + CVT 
Como o preço de venda e o custo variável unitário são considerados 
constantes na análise do ponto de equilíbrio, o índice CVT/RV também é 
constante e pode ser obtido da DRE pelo custeio marginal. Já que os custos 
variáveis são uma porcentagem constante da receita de vendas, a equação 
acima pode ser facilmente transformada no PE em reais de vendas ou 
faturamento. 
 
 
 
Nessa equação, o denominador é a margem de contribuição em percentagem. 
O ponto de equilíbrio em unidades ou reais é aquele em que contabilmente não 
há lucro ou prejuízo. O resultado contábil nulo significa que, economicamente, 
a empresa está perdendo o retorno do capital próprio investido (PL). O PE 
econômico considera também a cobertura do retorno esperado para o PL. Ao 
mesmo tempo, é possível fazer uma análise da situação da empresa levando-
se em conta somente os desembolsos de caixa. Alguns dos gastos fixos não 
são desembolsos, como as depreciações, e há outras saídas de caixa que não 
são registradas na DRE, como a amortização de empréstimos. O PE financeiro 
é a quantidade ou o valor da receita de vendas que cobre todos os 
desembolsos de caixa. 
Uma empresa pode ter um nível de custos fixos que gera prejuízo em época de 
recessão de negócios e apresentar grandes lucros em períodos de expansão. 
Se as saídas de caixa são pequenas, mesmo durante a época de prejuízos, a 
empresa pode continuar operando acima do ponto de equilíbrio financeiro. 
Assim, os riscos de insolvência, no sentido de impossibilidade de atender às 
obrigações que exigem pagamento em dinheiro, são reduzidos. 
 
 47 
A análise do ponto de equilíbrio é bastante útil no estudo das relações entre 
volume, preços e custos e outras decisões gerenciais. Ela tem, entretanto, 
limitações, devido a algumas premissas simplificadoras. 
 
 Nem todos os custos são sempre fixos ou variáveis em relação ao 
volume; alguns custos apresentam comportamento errático, fora de 
determinada faixa de atividade. 
 Só um período é considerado para o cálculo do PE. 
 Qualquer mudança no mix de produtos invalida o PE calculado 
anteriormente. 
 A análise linear do ponto de equilíbrio é especialmente falha por 
considerar um preço de venda constante. Desse modo, para estudar 
as possibilidades de lucro com diferentes preços, é necessário fazer 
uma série completa de gráficos, com um gráfico para cada preço. 
 
4.4. Margem de segurança 
Atrelada ao conceito do PE e ao uso do custeio marginal, a margem de 
segurança (MS) é o quanto a receita pode ser diminuída antes de haver 
prejuízo. Pode ser expressa em quantidade, valores monetários ou 
percentagem, que é a forma mais utilizada. A margem de segurança depende 
do nível de vendas da empresa adotado como base para o cálculo. 
 
MS (% )=(RV-PE ($ ))/RV 
 
4.5. Grau de alavancagem operacional 
Alavancagem é o uso de ativos ou recursos com custo fixo, para aumentar o 
retorno para os proprietários da empresa. Elevações na alavancagem 
aumentam o risco e o retorno, e reduções na alavancagem resultam em menor 
risco e retorno. 
Existem três tipos de alavancagem: operacional, financeira e total. 
 
 48 
 
 Alavancagem operacional: relação entre a variação no lucro 
operacional e a variação nas vendas da empresa. 
 Alavancagem financeira: relação entre a variação no lucro líquido e a 
variação no lucro operacional. 
 Alavancagem total: relação entre a variação no lucro líquido e a 
variação nas vendas da empresa. 
A alavancagem operacional é a variação percentual no lucro operacional como 
consequência da variação percentual no volume, ou seja, permite estimar o 
impacto da variação no volume sobre a variação no lucro. Dito de outra forma, 
é o uso de custos e despesas fixos para aumentar os efeitos das mudanças 
nas vendas sobre os lucros operacionais da empresa. Existe alavancagem 
operacional sempre que a empresa tem custos e despesas fixos. 
A alavancagem operacional funciona em ambas as direções. O aumento nas 
vendas resulta em aumento mais do que proporcional no lucro operacional; 
diminuição nas vendas resulta em diminuição mais do que proporcional no 
lucro operacional. A alavancagem maior pode ser favorável dependendo do 
ciclo de vida do produto e da posição da empresa no setor. 
O grau de alavancagem operacional (GAO) é uma medida numérica da 
alavancagem operacional da empresa. 
GAO = variação % no lucro operacional / variação % em vendas 
Sempre que a variação % no lucro operacional for maior do que a variação % 
nas vendas, que é a causa da variação anterior, existe alavancagem 
operacional. Importante destacar que um aumento nos custos fixos em relação 
aos variáveis aumenta o grau de alavancagem operacional. O GAO depende 
do nível base de vendas, adotado como referência para seu cálculo, assim 
como a margem de segurança. 
As fórmulas para cálculo do GAO e da margem de segurança são pouco 
usadas na prática, mas todos os gestores sabem que mais custo fixo significa 
mais risco de chegar ao prejuízo quando o volume se reduz, assim como 
 
 49 
sabem que é melhor estar mais distante do ponto de equilíbrio. Os conceitos 
são usados, mas os cálculos não. 
 
4.6. Decisões gerenciais 
Entre as decisões gerenciais, destaca-se a decisão sobre o preço de um 
produto ou serviço. A forma de análise dos custos dos produtos ou serviços é 
muito importante nas decisões de preços, quando a empresa estabelece ou 
influi nos preços no seu setor. Entretanto, mesmo quando os preços são 
determinados por forças de mercado, independentemente da influência da 
empresa, a análise dos custos ainda é importante para decidir sobre o melhor 
mix de produtos ou serviços. Decisões quanto a preço dependem de vários 
fatores: comportamento de clientes, de concorrentes, custos. Elas são tomadas 
por equipes multifuncionais, com representantes das áreas de Controladoria, 
Marketing e Estratégia. 
Características do setor e do produto sinalizam se é melhor aumentar ou 
reduzir o preço. Entre os fatores a considerar nas decisões sobre preço e mix 
de produtos, visando a maximizar o lucro, temos: as características do setor 
(pulverizado ou não), características dos produtos (commodities ou especiais), 
tipos de empresas (formadoras de preço, com posição destacada no setor, ou 
seguidoras, com pouca ou nenhuma influência no setor, seguindo preços 
estabelecidos), a participação da empresa no setor e o intervalode tempo da 
decisão (curto ou longo prazo). 
No curto prazo, os recursos comprometidos são tratados como custos fixos, 
pois a capacidade disponível não pode ser facilmente alterada. Do mesmo 
modo, devemos verificar o período de tempo para o qual a capacidade está 
comprometida, o que pode ser uma restrição para o aproveitamento de 
oportunidades lucrativas. A falta de capacidade pode ser contornada com horas 
extras, outro turno de trabalho ou terceirização. Já no longo prazo existe mais 
flexibilidade para ajustar os recursos disponíveis à respectiva demanda. 
Quando não há relacionamento de longo prazo entre vendedores e 
compradores e existe capacidade disponível, o preço mínimo deve cobrir os 
 
 50 
custos incrementais, variáveis. Quando não existe capacidade disponível, os 
custos adicionais para aquisição de capacidade (ex.: horas extras) também 
devem ser considerados. Daí a definição de custos relevantes: são os custos a 
considerar na decisão entre duas alternativas. 
Os custos relevantes para a decisão são os que variam com a decisão, 
também chamados de custos incrementais: são os custos variáveis e, portanto, 
a decisão se baseia na margem de contribuição (MC). Se não há flexibilidade 
no uso dos recursos – ou seja, se há limitação de capacidade –, o produto com 
menor MC por fator limitante deve ser sacrificado. Outro aspecto a considerar é 
o impacto do custo de oportunidade: benefício potencial (lucro) sacrificado 
quando da escolha de uma alternativa em detrimento de outra. O critério de 
decisão passa a incluir os custos variáveis mais o custo de oportunidade e, 
portanto, a nova MC. 
Decisões de preço no longo prazo devem considerar como relevante o custo 
total (materiais, mão de obra direta e custos indiretos). Entre as situações 
possíveis para uso do custo total estão: contratos para desenvolvimento e 
produção de produtos especiais; contratos com empresas do governo; preços 
estabelecidos em setores regulamentados e quando há relação de longo prazo 
com o cliente e a empresa, o que traz flexibilidade para ajustar o 
comprometimento dos recursos, tornando todos os custos variáveis e 
relevantes. No longo prazo, o preço médio aplicado tende a ser igual ao custo 
total mais um mark-up, que serve como benchmarking ou preço alvo, a partir 
do qual a empresa ajusta os preços para cima ou para baixo, de acordo com a 
demanda e a capacidade disponível. 
Quanto ao mix, a adição ou a retirada de um produto ou serviço traz 
implicações de longo prazo para a estrutura de custos da empresa. Ambas as 
decisões exigem a implementação de planos por vários períodos, pois os 
recursos comprometidos para a realização de atividades que geram custos 
fixos não são rapidamente alterados. Nessa decisão, são usados os custos 
totais dos produtos, pois no longo prazo é possível ajustar a capacidade 
disponível para atender à demanda de recursos do novo mix. 
 
 51 
As decisões de mix no longo prazo devem estar relacionadas à estratégia da 
empresa, e a retirada de produtos só aumenta a lucratividade da empresa se 
são eliminados custos fixos ou se os recursos são direcionados para outros 
produtos ou serviços mais lucrativos. Os custos resultam do comprometimento 
para o fornecimento dos recursos necessários para a realização de atividades 
e não desaparecem automaticamente com a retirada de um produto ou serviço 
não lucrativo. A comparação do preço com os custos totais fornece valiosa 
avaliação da lucratividade de longo prazo dos produtos ou serviços. 
Resumindo, a lucratividade dos produtos ou serviços pode ser avaliada 
usando-se: 
 
 A margem de contribuição gerada pelo produto ou serviço, isto é, 
Receita de Vendas – Custos e Despesas Variáveis. 
 O lucro operacional obtido pelo produto ou serviço, isto é, Receita de 
Vendas – Custos Diretos – Custos Indiretos rateados. 
No custeio marginal, a margem de contribuição indica quanto sobrou da receita 
de vendas após terem sido deduzidos os custos e as despesas variáveis. Essa 
parcela “contribui” para cobrir os custos e despesas fixos da empresa e gerar 
lucro na operação. Se determinado produto ou serviço é descontinuado, a 
empresa perde sua respectiva contribuição, sem garantia de que o custo fixo 
da empresa sofrerá qualquer diminuição. 
No custeio por absorção, tentamos quantificar a parcela do lucro operacional 
de uma empresa que é proveniente de um produto ou serviço específico. A 
receita de vendas do produto é reduzida de todos os seus custos diretos (isto 
é, aqueles que podem ser associados diretamente com o produto) e de uma 
parte daqueles custos indiretos que são apropriados de alguma forma ao 
produto. Se um produto ou serviço é descontinuado, seus custos diretos são 
eliminados, mas não há garantia de que os custos indiretos vão sofrer qualquer 
alteração; eles somente serão realocados aos outros produtos ou serviços. 
 
 
 52 
Diante do que foi aqui apresentado, podemos concluir que ambos os métodos 
de custeio apresentam vantagens, mas também problemas. No custeio por 
absorção, as bases de rateio usualmente utilizadas, como MOD e horas-
máquina, podem causar distorções, supondo que todos os custos têm relação 
com o volume ou nível de atividade. 
No custeio marginal os custos indiretos fixos, que estão aumentando muito, são 
excluídos do custo do produto ou serviço, em uma perspectiva de curto prazo. 
Outro ponto é a dificuldade de classificar e separar os custos em fixos e 
variáveis. Além disso, o rateio dos custos indiretos variáveis continua 
acontecendo, mesmo que os valores a ratear sejam significativamente 
menores. O custeio marginal permanece válido quando os custos variáveis são 
parte considerável do custo total e não há diversidade de produtos, o que não 
acontece com muita frequência atualmente. 
Existe um consenso geral de que: 
 
 O custeio por absorção é preferível para a determinação do custo total 
dos produtos e serviços, para a avaliação dos estoques de produtos 
acabados e para a preparação de relatórios financeiros externos, além 
de permitir estimativas de ociosidade, total ou por departamento. 
 O custeio marginal é preferível em termos da qualidade das 
informações e da estrutura simplificada da demonstração de 
resultados, para fins de decisões gerenciais. 
A principal distinção entre os sistemas é a apropriação dos custos indiretos 
fixos, cujas consequências são muito graves para as decisões gerenciais, pois 
os custos fixos estão crescendo muito em relação ao custo total do produto. 
Muitas empresas adotam uma combinação dos dois sistemas para estabelecer 
e controlar seus custos, pois não existe um sistema perfeito, que atenda a 
todas as necessidades de todos os usuários (internos e externos à empresa). 
As informações oriundas dos dois sistemas são úteis, facilitando o trabalho do 
administrador. 
 
 53 
Esse é o cenário que observamos hoje em muitas empresas, ou seja, o uso de 
sistemas diferentes, alimentados por uma mesma base de dados, para atender 
aos vários objetivos da contabilidade de custos. Isso é viável, atualmente, pelo 
baixo custo e alta capacidade de processamento dos sistemas de TI. 
Precisamos de um sistema de custeio que incorpore todos os custos variáveis 
de longo prazo, o qual fornecerá uma base muito melhor para as decisões 
relacionadas aos produtos. Um sistema assim pode tornar-se estrategicamente 
importante, criando vantagem competitiva para a empresa. 
 
 
 54 
Capítulo 5. Custeio Baseado em Atividades (Activity-
Based Costing – ABC) 
5.1. Antecedentes do ABC 
Os sistemas tradicionais de apuração do custo de produtos e serviços, 
apresentados nos capítulos anteriores são utilizados para a avaliação dos 
estoques de produtos acabados, a determinação do custo do produto vendido e 
do custo do serviço prestado, a confecção de demonstrações financeiras para 
usuários externos e o auxílio nos processos de controle

Continue navegando