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Código Logístico 59662 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6708-4 9 7 8 8 5 3 8 7 6 7 0 8 4 Gestão de custos e riscos operacionais Andréia Ribeiro da Luz IESDE BRASIL 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Juliann/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ L994g Luz, Andréia Ribeiro da Gestão de custos e riscos operacionais / Andréia Ribeiro da Luz. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 104 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6708-4 1. Controle de custos. 2. Contabilidade de custos. 3. Preços - Deter- minação. I. Título. 20-67935 CDD: 657.42 CDU: 657.4 Andréia Ribeiro da Luz Doutora em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Mestre em Administração pela Universidade Positivo (UP). MBA em Marketing e graduada em Administração de Empresas pela Faculdade Opet. Tem sólida experiência em finanças corporativas no segmento da construção civil, desenvolvendo atividades de planejamento financeiro, budget e forecast, elaboração e análise de projetos de viabilidade econômico-financeira, conferência dos processos e participação em licitações públicas. Atuou como assessora financeira para empresas. É consultora e professora universitária da graduação, pós-graduação e de cursos in company para indústrias, associações e cooperativas. Tem artigos publicados em revistas nacionais e internacionais. É escritora e conteudista de materiais acadêmicos. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Conceitos e classificações 9 1.1 Introdução à gestão de custos 9 1.2 Definições e terminologias básicas 14 1.3 Classificação de custos 21 2 Modelo decisório de custos 30 2.1 Fundamentos e principais métodos de custeio 30 2.2 Custeio por absorção ou integral 33 2.3 Custeio direto ou variável 36 2.4 Custeio padrão 39 2.5 Custeio baseado em atividades (ABC) 43 2.6 O melhor método de custeio 46 3 Método dos centros de custos 49 3.1 Centros de custos, de lucro e de investimentos 49 3.2 O processo do target costing (custo-alvo) e o custeio kaizen 58 3.3 Redução de custos com a gestão de riscos operacionais 65 4 Análise de custo-volume-lucro 72 4.1 Margem de contribuição 72 4.2 Ponto de equilíbrio operacional, econômico e financeiro 76 4.3 Margem de segurança 83 5 Formação do preço de venda 86 5.1 Modelos de decisões de preços 86 5.2 Fundamentos para formação de preços 94 5.3 Aspectos adicionais na gestão de preços de venda 100 Este livro traz um enfoque prático sobre gestão de custos, formação de preços e instrumentos para tomada de decisão. Voltado a profissionais de custos e precificação, trata-se de uma leitura complementar para as áreas de administração de empresas, marketing, logística, ciências contábeis e engenharia. A obra é dividida em cinco capítulos. No Capítulo 1 tratamos dos conceitos e das classificações da gestão de custos, base para a compreensão do conteúdo dos demais capítulos, bem como do desenvolvimento da teoria ao longo dos anos. No Capítulo 2 abordamos os modelos decisórios para compreensão da relevância da gestão de custos, por meio dos métodos de custeio, para o planejamento, o controle e a tomada de decisão. No Capítulo 3 elencamos métodos dos centros de custos, com o objetivo de compreender o que é e para que serve um centro de custos, de lucros e de investimentos. Discutimos também os riscos operacionais que podem exercer impacto nos custos empresariais. No Capítulo 4 apresentamos o conceito de margem de contribuição e sua aplicação, assim como os pressupostos existentes na execução do ponto de equilíbrio. Em seguida, discorremos sobre a margem de segurança e sua importância no processo decisório. Por fim, no Capítulo 5, considerando a competição e a dinâmica do ambiente econômico, no qual os conceitos de valor relativo de bens e serviços e de utilidade determinam o que o mercado está disposto a pagar, elucidamos os motivos e os objetivos da decisão de preços. Além disso, esclarecemos como identificar os principais elementos a serem considerados no cálculo do mark-up. Cada um dos capítulos contém dicas e questões para reflexão e fixação do aprendizado. Bons estudos! APRESENTAÇÃOVídeo Conceitos e classificações 9 1 Conceitos e classificações A temática deste capítulo está focada na introdução à gestão de custos. Conheceremos como evoluíram os controles de in- ventários, antes primitivos, até o que temos hoje, a denominada contabilidade de custos. Na primeira seção, veremos esse histórico e compreenderemos como a industrialização exigiu novas técnicas e novos controles de custos adaptados da era mercantilista. Abordaremos também os princípios da contabilidade de custos e as ramificações da conta- bilidade financeira para a contabilidade gerencial e de custos, bem como as características de cada uma. Na segunda seção, explicaremos os diferentes conceitos e ter- minologias e como ocorrem as variações na forma como são apro- priados os valores e seus componentes nos diferentes setores econômicos. Apresentaremos a função da contabilidade de custos e algumas exigências legais. Na terceira seção, entenderemos a classificação de custos, a diferença de custos e despesas e como se dá o fluxo dos custos direto e indireto para formar o custo da mercadoria vendida (CMV) ou o custo do serviço prestado (CSP). Assim, este capítulo nos dará o alicerce para aplicarmos os con- ceitos e a prática que serão abordados adiante. 1.1 Introdução à gestão de custos Vídeo O foco deste livro está na análise do processo de gestão de custos e preços ao utilizar as informações contábeis, financeiras e de vendas como instrumentos de apoio ao processo de decisão. Contudo, antes de definir- mos contabilidade de custos, vamos navegar em um breve histórico para entendermos a trajetória que nos levou até o termo. 10 Gestão de custos e riscos operacionais O ser humano sempre demonstrou necessidade de registrar seus eventos. Segundo Iudícibus, Marion e Faria (2002), existem registros de inventários desde o término da Era da Pedra Polida, representados por desenhos e gravações. Após, os sumérios (babilônios e assírios) regis- travam seus inventários em peças de argila, as quais ficaram famosas como as pequenas tábuas de Uruk. Na Caldeia, cidade de Ur onde viveu Abraão, personagem bíblico, foram encontradas escavações com docu- mentos contábeis bem como tabelas de escrita cuneiforme, nos quais eram registradas contas referentes à mão de obra e aos materiais, ou seja, custos diretos. Isso demonstra que os humanos já consideravam necessário registrar seus gastos há pelo menos 5.000 a.C. (SÁ, 1995). Os egípcios, em 6.000 a.C., também deixaram um riquíssimo acervo de inventário. A escrita egípcia era fiscalizada pelo fisco real e o inventá- rio era considerado tão importante que a contagem do boi – divindade adorada por esse povo – marcava o início do calendário. Bens e imó- veis já eram registrados e, primitivamente, controles administrativos e financeiros eram estabelecidos (ZANLUCA, J. C.; ZANLUCA, J. S., 2020). Outros registros, como pagamentos de escravos, vendas diárias e pa- gamento de tributos, tambémeram controlados. Até o início da Revolução Industrial (1720-1860), a produção era basicamente artesanal. Para Martins (2018, p. 6), “[n]a Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia a Contabilidade Financeira (ou Geral), que, desenvolvida na Era Mercantilista, estava bem estrutura- da para servir as empresas comerciais”. Com o mercado em expansão, as empresas foram forçadas a substituírem a produção artesanal pela mecanizada e junto veio a complexidade em estimar os fatores de pro- dução, como matéria-prima direta, mão de obra direta, depreciação, manutenção etc., e a dificuldade de levantar dados para elaborar o ba- lanço patrimonial e o demonstrativo de resultado do exercício (DRE). Após a Revolução surgiu a necessidade de informações mais pre- cisas, que permitissem uma tomada de decisão eficaz. Em contrapar- tida, a oferta de produtos começou a superar a demanda e a lógica da produção capitalista se modificou, os produtos que eram padro- nizados com linhas de produção rígida foram sendo substituídos por linhas de produção mais rápida e com diversidade de modelos. A com- petição crescente exigia uma redução contínua dos preços e, para isso, know-how, inovação, gerenciamento e controle se faziam essenciais. Conceitos e classificações 11 Com a industrialização, foi necessário repassar para o produto todo o custo necessário para a fabricação. Para tanto, houve adaptações na formação dos critérios de avaliação de estoques da empresa mercan- tilista para a empresa industrial. Desse modo, nasceu a contabilidade de custos no processo de levar em conta o valor dos insumos mais os custos do processo de fabricação. Quer conhecer mais sobre a história da contabilidade de custos? Acesse o artigo Evolução Histórica da Contabilidade de Custos, publicado na Contabili- dade Vista & Revista. O artigo de autoria de Beuren apresenta um histórico sobre as origens da contabilidade de custos, sua evolução no tempo e o desenvolvimento dos métodos de custeio. Acesso em: 9 nov. 2020. https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/52 Artigo 1.1.1 Contabilidade versus gestão de custos A contabilidade financeira tem o intuito de sistematizar e orde- nar os registros e as alterações ocorridos no patrimônio de uma entidade (BRUNI; FAMÁ, 2004). A depender do tipo de informação neces- sário para a tomada de decisão, foram surgindo as “ramificações” da con- tabilidade financeira, sendo elas: contabilidade gerencial e contabilidade de custos. Suas características podem ser observadas no quadro a seguir. Quadro 1 Características das contabilidades financeira, gerencial e de custos. Contabilidade Financeira Gerencial Custos Público-alvo Externo: acionistas, credo- res e autoridades fiscais Interno: funcionários, gerentes e executivos Interno: gerentes e executivos Objetivo Reportar o desempenho passado Informar para tomada de decisões internas; feedback e controle do desempenho das operações Usar os princípios da contabi- lidade financeira para registrar os custos das operações de uma empresa. Temporalidade Histórica; passada Corrente; orientada para o futuro. Corrente; orientada para o pre- sente e o futuro. Restrições Reguladas: condicionadas às imposições legais e aos requisitos fiscais Sem regras estabelecidas: siste- mas e informações determinados pelos gestores para as necessida- des estratégicas e operacionais Sem regras estabelecidas: sis- temas e informações determi- nados pelos gestores (Continua) https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/52 12 Gestão de custos e riscos operacionais Contabilidade Financeira Gerencial Custos Tipo de informações Financeiras Financeiras mais medidas opera- cionais e físicas sobre processos, tecnologias, fornecedores, clientes e competidores Determinação de lucro, contro- le das operações e tomada de decisões Natureza da informação Objetiva; aditável; confiável; consistente; precisa Mais subjetiva Mais subjetiva Escopo Altamente agregado; rela- tórios sobre a organização inteira Desagregado, de informação a ações e decisões locais Fonte: Elaborado com base em Crepaldi, 2012, p. 9. Podemos ver no Quadro 1 que a contabilidade financeira tem como objetivo o registro dos compromissos já assumidos. Ela se preocupa com as questões legais e é obrigatória para as entidades legalmente estabelecidas. A contabilidade gerencial, por ser um relatório interno, é mais flexí- vel, possibilita ao gestor estruturar os dados da melhor forma possível para extrair as informações necessárias. Já a contabilidade de custos, outra ramificação da contabilidade fi- nanceira, objetiva apurar os custos dos produtos e serviços vendidos e, para isso, segue três princípios fundamentais: Competência A receita é reconhecida quando realizada; o lucro ou o prejuí- zo se realiza no ato da venda. Uniformidade Para não prejudicar os registros contábeis, o processo ou o método de registro contábil não deve ser mudado com fre- quência. Caso haja necessidade de alterar o método, esse deve ser informado nos demonstrativos contábeis. (Continua) Conceitos e classificações 13 Prudência Para registrar um ativo, é necessário escolher entre o valor do custo e o valor de mercado do bem ou do serviço – dos dois o menor. A lógica é a mesma quando houver dúvidas na classificação entre custo de produção ou despesa do período, prevalecendo a escolha que representa redução imediata de resultado (BRUNI; FAMÁ, 2019). Perceba que os princípios, por um lado, facilitam a padronização da prática contábil, mas, por outro, dificultam a gestão, por ser rígida ao seguir critérios preestabelecidos. Portanto, faz-se necessária a elabo- ração de relatórios financeiros gerenciais para a tomada de decisões. Alguns exemplos de perguntas que podem ser respondidas para a tomada de decisão com a contabilidade gerencial e de custos são: • Qual o desconto máximo que pode ser concedido sem compro- meter a lucratividade? • Qual a margem de lucro com que cada produto ou serviço contri- bui para a minha empresa? • Quantos itens de determinado produto preciso vender para co- brir os custos e gerar lucro? • Existem produtos que deveriam deixar de ser comercializados? • Existem processos da produção que deveriam ser terceirizados? Ao levar em consideração um mercado competitivo com uma in- finidade de inovações tecnológicas e acesso a uma grande varieda- de de produtos dos mais diversos preços e qualidades, os projetos são modificados frequentemente, sendo necessário produzi-los da forma mais eficiente possível para não onerar os custos. Esse novo ambiente, segundo Crepaldi (2012, p. 10), “demanda informações mais relevantes relacionadas a custos e desempenho das ativida- des”. Diante desse contexto, atualmente, a contabilidade de custos contribui para: • projetar produtos e serviços lucrativos e que estejam de acordo com as expectativas dos consumidores; O Jornal Contábil detalha as diferenças entre conta- bilidade gerencial e finan- ceira. Vamos conhecer? Disponível em: https:// www.jornalcontabil.com.br/ quais-sao-as-diferencas-entre- contabilidade-gerencial-e- contabilidade-financeira/. Acesso em: 15 dez. 2020. Leitura https://www.jornalcontabil.com.br/quais-sao-as-diferencas-entre-contabilidade-gerencial-e-contabilidade-financeira/ https://www.jornalcontabil.com.br/quais-sao-as-diferencas-entre-contabilidade-gerencial-e-contabilidade-financeira/ https://www.jornalcontabil.com.br/quais-sao-as-diferencas-entre-contabilidade-gerencial-e-contabilidade-financeira/ https://www.jornalcontabil.com.br/quais-sao-as-diferencas-entre-contabilidade-gerencial-e-contabilidade-financeira/ https://www.jornalcontabil.com.br/quais-sao-as-diferencas-entre-contabilidade-gerencial-e-contabilidade-financeira/ 14 Gestão de custos e riscos operacionais • sinalizar os produtos ou serviços que devem ser continuados ou descontinuados; • auxiliar no aprendizado ou aprimoramentocontínuo dos funcio- nários do sistema produtivo; • orientar sobre o mix de produtos e decidir sobre investimentos; • escolher fornecedores e negociar preços, características do pro- duto e serviços ao cliente; • estruturar de modo eficaz e eficiente os processos de distribuição para os mercados e o público-alvo. Vale destacar que para a formação do custo de um produto ou ser- viço existem vários critérios e convenções que podem ser adotados no tratamento de custos. A boa classificação e o bom critério de rateio são aqueles que fornecerão os subsídios para a valorização dos produtos ou serviços. 1.2 Definições e terminologias básicas Vídeo A contabilidade de custos, sendo uma ramificação da ciência contábil, tem por finalidade a mensuração do custo unitário dos produtos e serviços para fins contábeis e processo de tomada de decisão. Ou seja, é um conjunto de procedimentos necessário para identificar, mensurar e informar quanto custou para a empresa a fabricação dos seus produtos ou a prestação dos seus serviços. Não se trata de uma ciência, e sim de uma técnica específica inseri- da no estudo das ciências contábeis. Seu principal objetivo é a forma- ção correta dos valores dos estoques e dos valores que irão compor o demonstrativo do resultado do exercício (DRE) e o custo da mercadoria vendida (CMV) ou do serviço prestado (CSP). O processo pelo qual se efe- tua a avaliação de custos difere em relação aos segmentos das ativida- des econômicas – indústria, comércio e serviços –, pois existem variações na forma como são apropriados os valores e os seus componentes. Vamos entender como se dá essa diferença. Na indústria o custo dos estoques de produtos acabados é composto por três grandes gru- pos: o de matéria-prima, o da apropriação da mão de obra utilizada no processo de fabricação e o de rateio de custos indiretos de fabricação. Qual contabilidade financeira, contabilidade gerencial e de custos? Atividade 1 Conceitos e classificações 15 Figura 1 Demonstração de processo fabril Prostock-studio/Shutterstock Figura 2 Demonstração de compra mercantil PopTika/Shutterstock No comércio é mais simples, pois o custo dos estoques normalmen- te é composto apenas pelos valores pagos na aquisição do produto para revenda. 16 Gestão de custos e riscos operacionais Na prestação de serviços a complexidade de levantamento dos cus- tos poderá ser maior, pois o elemento predominante será a mão de obra utilizada. Figura 3 Demonstração de negócio na prestação de serviços St an dr et /S hu tte rs to ck Na prestação de serviços vale lembrar que não podemos valorizar um “estoque de serviços”, mas existem muitas atividades em que os custos dos serviços em andamento devem ser apropriados e diferidos, sendo levados para a DRE apenas quando a receita for efetivada. Percebemos que não existe um padrão para mensuração dos cus- tos. A forma da apuração vai depender do setor econômico e, muitas vezes, de empresa para empresa, como veremos conforme avançar- mos no tema. No dia a dia, a palavra custos acaba sendo utilizada para várias co- locações, tanto na linguagem empresarial quanto na social. É comum ouvirmos esse termo sendo sinônimo de despesa, gasto, dispêndio, consumo, entre outros, portanto, no próxima seção, entenderemos a diferença de cada um e o porquê da importância de dissociá-los e não de entendermos como sendo um único conceito, principalmente para a formação de preços. Custos também são definidos como sacrifício financeiro, termino- logia que está de acordo com a abordagem sistêmica, na qual a em- presa é entendida como um sistema aberto que processa os recursos que entram (inputs) para dar saída a produtos ou serviços (outputs) (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013). Vejamos a figura a seguir. Uma atividade mercantil ou um comércio se refe- rem às atividades de com- pra, estoque e venda de mercadorias. Parece sim- ples, mas algumas ações precisam ser observadas para que isso seja feito de maneira correta. Entre elas, o Sebrae (2020) destaca principalmente os controles ou registros de todos os gastos da empresa. Contudo, utilizar as informações para conhecer os custos é mais importante do que simplesmente registrar os valores gastos. O ideal é proporcionar ao negócio condições de enfrentar situações desfavoráveis ou tirar mais proveito das situações favo- ráveis e ainda obter lucro (SEBRAE, 2020). Você pode conferir uma cartilha de como registrar e calcular os custos da mercadoria, as despe- sas fixas e as despesas variáveis do seu comércio, disponibilizada pelo Se- brae, no link a seguir. Disponível em: https://m.sebrae. com.br/sites/PortalSebrae/bis/ saiba-mais-custos-no-comercio, 442ab88efc047410VgnVCM2000 003c74010aRCRD. Acesso em: 15 dez. 2020. Saiba mais https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD Conceitos e classificações 17 Figura 4 Custos no enfoque sistêmico Vy ac he sl av ik us /S hu tte rs to ck Recursos necessários Processamento Produto ou serviço Cu st o Sa cr ifí ci o Re ce it a Fonte: Elaborada com base em Padoveze e Takakura Jr., 2013, p. 24. Na ótica do enfoque sistêmico os custos são a mensuração econô- mica dos recursos necessários para a atividade produtiva, o sacrifício é o processamento dos recursos e a receita é a mensuração econômica do produto ou serviço vendido. A contabilidade de custos também tem a função de gerar informa- ções que serão utilizadas na tomada de decisões, por exemplo: • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para fins de contabilização dos estoques, atendendo à legislação vi- gente e às exigências fiscais; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para formação do preço de venda; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para estabelecer parâmetros de produção; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para apurar o resultado do exercício, bem como a lucratividade; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para controle operacional; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para avaliação de desempenho; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para obter dados para orçamentos; • apurar o custo unitário da mercadoria ou do serviço vendido para análise de alternativas; • elaborar relatórios para o planejamento, o controle e a tomada de decisão gerencial. Desse modo, vemos que a contabilidade de custos, além de aten- der às necessidades gerenciais da empresa com informações que vão 18 Gestão de custos e riscos operacionais possibilitar a tomada de decisões, é necessária para o cumprimento da legislação em vigor e das exigências legais e fiscais. Vale destacar que a terminologia custo se refere tanto aos custos quanto às despesas que po- dem ser apropriados ao produto ou ao serviço unitário. Já o termo gastos é utilizado quando não há necessidade de especificar o tipo de dispêndio. Quanto à exigência legal, é importante ressaltar a Lei n. 6.404/1976 – Lei das Sociedades Anônimas –, a qual, em seu artigo 183, nos orienta que: no balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: [...] II - os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos de comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifa- do, serão avaliados pelo custo de aquisição ou produção; deduzi- do deprovisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior. (BRASIL, 1976) Para as demais sociedades, o novo Código Civil brasileiro – Lei n. 10.406/2002 –, em seu artigo 1.187, preconiza que: na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir determinados: [...] II – os va- lores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comér- cio da empresa, podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor de custo de aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço de custo não será levada em conta para a distribui- ção de lucros, nem para as percentagens referentes a fundos de reserva. (BRASIL, 2002) Quanto à exigência fiscal, é importante ressaltar o Decreto n. 9.580/2018 – Dos critérios para avaliação de estoques (BRASIL, 2018): Art. 304. Ao final de cada período de apuração do imposto, a pessoa jurídica deverá promover o levantamento e avaliação dos seus estoques. Art. 305. As mercadorias, as matérias-primas e os bens em almoxarifado serão avaliados pelo custo de aquisição (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, § 3º e § 4º, e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, caput, inciso II). Art. 306. Os produtos em fabricação e acabados serão avaliados Conceitos e classificações 19 pelo custo de produção (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, § 4º, e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, caput, inciso II). § 1º O contribuinte que mantiver sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração poderá utilizar os custos apurados para avaliação dos estoques de produtos em fabricação e acabados (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 14, § 1º). § 2º Considera-se sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração aquele: I - apoiado em valores originados da escrituração contábil (matéria-prima, mão de obra direta, custos gerais de fabricação); II - que permite determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor dos estoques de matérias-primas e outros materiais, pro- dutos em elaboração e produtos acabados; III - apoiado em livros auxiliares, fichas, folhas contínuas, ou mapas de apropriação ou rateio, tidos em boa guarda e de regis- tros coincidentes com aqueles constantes da escrituração prin- cipal; e IV - que permite avaliar os estoques existentes na data de encerramento do período de apropriação de resultados segundo os custos efetivamente incorridos. Art. 307. O valor dos bens existentes no encerramento do pe- ríodo de apuração poderá ser o custo médio ou o dos bens adquiridos ou produzidos mais recentemente, admitida, ainda, a avaliação com base no preço de venda, subtraída a margem de lucro. (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 14, § 2º) A contabilidade de custos tem exigência legal e tributária, portanto não pode ser confundida com a contabilidade gerencial ou somente para fins de informações internas. 1.2.1 Classificação de gastos, custos e despesas Quando tratamos de contabilidade de custos ou da formação do custo de um produto, devemos estar atentos aos termos, pois não são sinônimos e representam destinações diferentes do que se pensa nor- malmente. Vamos diferenciar os conceitos de gastos, investimentos, cus- tos, despesas e perdas. Bruni e Famá (2019, p. 5) demonstram como se dá esse processo, que pode ser visto na figura a seguir. 20 Gestão de custos e riscos operacionais Figura 5 Diferenciação entre custo e despesa Balanço Patrimonial Demonstrativo de Resultado do Exercício Custos Despesas Produtos ou serviços elaborados Consumo associado à elaboração do produto ou serviço Consumo associado ao período Gastos Investimentos Fonte: Bruni; Famá, 2019, p. 5. Depois de termos uma visão geral de como ocorre o processo de transformação de um gasto em investimento, custo ou despesa, conforme demonstrado na Figura 5, vamos entender os conceitos de cada um: • Gastos ou dispêndios: são o desembolso em dinheiro, ou equi- valente a dinheiro, sacrificado para produtos e serviços que se espera que tragam um benefício atual ou futuro (receita) para a empresa. Trata-se de qualquer gasto que ainda será classificado como investimento, custo ou despesa. • Investimentos: são o gasto alocado em função da vida útil do bem ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos. Exemplos: matéria-prima é um gasto contabilizado temporariamente como investimento circulante; máquinas e equipamentos são gastos que se transformam em um investimento permanente. • Custo: relativo à produção de um bem ou à prestação de um servi- ço, é o gasto que será apropriado ao produto de maneira direta ou indireta. Exemplos: custo direto: matéria-prima e mão de obra dire- ta; custo indireto: manutenção, aluguel da fábrica, lubrificantes etc. • Despesas: todo gasto incorrido após o produto sair do processo produtivo ou da finalização do serviço prestado. Não possuem Conceitos e classificações 21 natureza fabril, ou seja, não estão associadas à produção de um produto ou serviço. Exemplos: salários de vendedores, gastos com funcionários administrativos, comissão, frete para entrega etc. • Perdas: é o gasto involuntário, indesejado, quando a matéria-prima se torna inútil, não sendo mais possível o seu rea- proveitamento. Exemplos: erro no corte, riscos, manchas, defeito de fabricação etc. • Desperdício: é o gasto que não agrega valor do ponto de vista do cliente, como os gastos com retrabalho. Por exemplo, se a em- presa precisar refazer um produto por não estar de acordo com as normas técnicas, os recursos gastos com o retrabalho podem ser computados como desperdício. • Depreciação, amortização e exaustão direta: é a perda de va- lor dos bens imobilizados (máquinas, equipamentos, computado- res etc.) e intangíveis (direitos de exploração de serviços públicos, marcas e patentes, direitos autorais, softwares, fundo de comér- cio adquirido etc.) diretamente relacionados com a produção dos produtos ou serviços. • Depreciação, amortização e exaustão indireta: é a perda de valor dos bens imobilizados e intangíveis que não estão direta- mente relacionados com a produção dos produtos ou serviços. Agora que compreendemos como diferenciar os gastos, custos e despesas, na próxima seção veremos como classificá-los. Por que é necessário que as empresas, independentemente do setor econômico, tenham uma boa gestão de custos? Atividade 2 1.3 Classificação de custos Vídeo A teoria da contabilidade de custos aponta a existência de várias formas de classificação dos custos, dependendo do interesse e da me- todologia empregados, sendo indispensáveis: Classificação com relação à identificação do custo do produto produzido ou do serviço prestado. Classificação com relação ao volume produzido do bem ou do serviço prestado. Am mu s/S hut ters toc k 22 Gestão de custos e riscos operacionais A identificação do custo do produto ou serviço é classificada em: • Custo direto: compreende a soma dos gastos aplicados ou consumidos na produção de bens ou na prestação de serviços. Exemplos: matéria-prima, frete, embalagem e todos os demais materiais de consumo de fácil identificação aplicados diretamen- te ao produto. • Custo indireto: é difícil de atribuir ao produto por estar presente no processo produtivo global; portanto, utiliza-se de critérios de rateios para apropriação. Exemplos: depreciação, energia, alu- guel, supervisão da fábrica, manutenção da fábrica etc. Observe a Figura 6 e reflita sobre como se dá a classificação dos custos e das despesas na contabilidade de custos. Figura 6 Classificação dos custos e das despesas Custo de transformaçãoCusto direto ou primário Custo contábil, fabril ou total Custo integral ou gasto total Matéria-prima ou material direto(MD) Mão de obra direta (MOD) Custos indiretos de fabricação (CIF) Despesas e gastos não associados à produção Fonte: Elaborada com base em Bruni e Famá, 2019, p. 14. Como podemos observar, a identificação dos custos é classificada de maneira distinta quanto à aplicabilidade de cada um (BRUNI; FAMÁ, 2019): • Custo direto ou primário: é apropriado de modo objetivo e direto no cálculo dos produtos fabricados ou do serviço prestado. Ou seja, não precisa de critério de rateio, como matéria-prima e mão de obra direta, no qual é mensurável de maneira objetiva. Conceitos e classificações 23 • Custo de transformação: também denominado custo de conversão ou custo de agregação, consiste no esforço gerado para obter o produto ou prestar o serviço. Exemplos: mão de obra direta e custos indiretos de fabricação. • Custo contábil, fabril ou total: inclui todos os custos diretos e indiretos. • Custo integral ou gasto total: inclui todos os custos diretos e indiretos, bem como as despesas. Entendida a classificação dos custos, conheceremos outros concei- tos importantes: • Custo da mercadoria vendida (CMV): é determinado para operações mercantis; na operação industrial é chamado de custo dos produtos vendidos (CPV), e nas operações de servi- ços custo dos serviços prestados ou vendidos (CSP ou CSV). É a etapa final do processo de formação de custos, pois diz res- peito à saída dos estoques da empresa para o comprador. • Custo de oportunidade: representa o valor da melhor alter- nativa em detrimento da alternativa escolhida, ou seja, é o custo da alternativa abandonada. Por exemplo, se uma em- presa planeja lançar um novo produto aproveitando o molde de outro já existente, caso o molde possua um valor de mer- cado, ele deverá ser incluído no cálculo dos custos, mesmo que nada seja desembolsado. • Lucro: é o resultado (Figura 7) que, após deduzidos os custos e as despesas, pode ser exemplificado pela equação: L = R – C – D Em que: L = lucro R = receita C = custo D = despesa 24 Gestão de custos e riscos operacionais É importante compreendermos também como se dá o fluxo dos custos direto e indireto para formar o custo da mercadoria vendida (CMV) ou o custo do serviço prestado (CSP). Vejamos a figura a seguir. Figura 7 Fluxo dos custos Demonstrativo de Resultado do Exercício (-) Custos do DRE CMV CPV CSP (+) Receitas (-) Despesas (=) Resultado Balanço Patrimonial Custos diretos e indiretos Estoques Materiais diretos Produtos em elaboração Produtos acabados Fonte: Bruni e Famá, 2019, p. 6. Observe como é importante a eficácia na formação dos cus- tos, pois o valor identificado como custo irá compor a conta CMV ou CSP. Como é um demonstrativo de resultado (lucro/prejuízo), quanto mais detalhada for a apuração dos custos, mais preciso será o resultado. A classificação com relação ao volume produzido geralmente é feita da seguinte forma: fixo, variável, semifixo e semivariável. • Fixo: são os custos que não se alteram conforme aumenta ou diminui a quantidade produzida. São os compromissos já fixados, e não importa se a empresa produz ou não, ela deve honrar esses compromissos. A Figura 8 demonstra o comportamento do custo fixo em relação à quantidade produzida. Vamos tomar como exemplo a conta te- lefônica básica mensal: nos planos atuais o valor da conta não altera de acordo com o volume de chamadas locais. Então, o cus- to fixo em relação à quantidade é linear, ou seja, não altera ao fazermos mais ou menos chamadas telefônicas locais. Conceitos e classificações 25 Figura 8 Comportamento do custo fixo em relação à quantidade R$ Q Fonte: Elaborada pela autora. • Variável: são os custos nos quais o valor total é alterado de acor- do com o aumento ou a queda da quantidade produzida. Como exemplo, vamos supor que o total da conta de telefone de lon- ga distância seja com base em quantos minutos falamos. Sendo assim, o custo variável total é proporcional à quantidade/minu- tos utilizada nas ligações de longa distância. A figura a seguir de- monstra esse comportamento. Figura 9 Comportamento do custo variável em relação à quantidade R$ Q Fonte: Elaborada pela autora. Os gráficos nos ajudam a entender o comportamento dos custos fixos e variáveis com relação à quantidade produzida. No Quadro 2 apresentamos o comportamento dos custos em relação ao custo total e à unidade produzida. 26 Gestão de custos e riscos operacionais Quadro 2 Comportamento dos custos fixos e variáveis em relação ao total e à unidade Custo Total Por unidade Variável Aumenta ou diminui conforme o nível de atividade é alterado. Permanece o mesmo em diversos níveis de atividade. Fixo Permanece igual, mesmo quando o nível de atividade é alterado. Médio; diminui conforme o nível de atividade aumenta. Fonte: Elaborado pela autora. • Semifixo: custos que até determinado nível são fixos, mas se esse nível for excedido, passam a ser variáveis. São muito comuns em gastos com água, energia, gás, telefone etc. Retomando o exem- plo da conta telefônica básica mensal, vamos supor que o plano seja de R$ 100,00 mensais e que dá o direito de consumir até 200 minutos por mês em ligações locais; contudo, se ultrapassar os 200 minutos, será cobrado adicional por minuto chamado; se não ultrapassar, serão cobrados os R$ 100,00 contratados. A figura a seguir demonstra esse comportamento. Figura 10 Comportamento do custo semifixo em relação à quantidade R$ QFonte: Elaborada pela autora. • Semivariável: são os custos que se mantêm fixos dentro de cer- tos níveis de quantidade produzida, contudo vão evoluindo “aos saltos”, pois não acompanham linearmente os custos de produ- ção. Continuando com nosso exemplo da conta telefônica bási- ca, vamos supor que a operadora tenha oferecido um plano com escalas de consumo: até 200 minutos R$ 100,00; de 201 a 400 minutos R$ 150,00; e assim sucessivamente. Veja que temos um nível de consumo fixo; ao ser excedido, passa a variável e volta a ser fixo por determinado nível de consumo. Conceitos e classificações 27 Figura 11 Comportamento do custo semivariável em relação à quantidade R$ Q Fonte: Elaborada pela autora. As despesas, como os custos, seguem o princípio de competência, no qual são reconhecidas por período ou na ocorrência do fato gerador e são classificadas geralmente como despesas fixas e variáveis: Despesas fixas Não se alteram em função do volume de vendas. Se a em- presa em determinado mês faturou mais ou menos em rela- ção a outros períodos, a despesa fixa permanece inalterada. Exemplo: salário fixo dos vendedores, administrativo e co- mercial, limpeza e manutenção de loja ou escritório, seguro de loja ou escritório etc. O vídeo Aula 4 / Custo fixo e variável, publicado pelo Professor Daniel Santana, ensina a diferenciar os custos fixos dos custos variáveis, além de demonstrar como gerenciá-los. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=4EjpLKrrbKc. Acesso em: 15 dez. 2020. Vídeo Despesas variáveis Alteram-se de acordo com o volume de vendas. Se a empresa em determinado mês faturou mais ou menos em relação a outros períodos, a despesa variável vai variar na mesma pro- porção. Exemplo: frete para entrega, embalagem, comissão por venda etc. As despesas podem ser desmembradas de várias formas, como: despesas administrativas, despesas financeiras, despesas comerciais, despesas operacionais, despesas com depreciação, entre outras. Para o gestor projetar indica- dores eficazes de desempenho, como margem de contribuição, Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (Ebtida) ou lucratividade, são necessários sistemas eficientes de gestão de custos. Atenção Quais critérios devem ser segui- dos para identificar e classificar os custos e as despesas? Atividade 3 https://www.youtube.com/watch?v=4EjpLKrrbKc https://www.youtube.com/watch?v=4EjpLKrrbKc https://www.youtube.com/watch?v=4EjpLKrrbKc 28 Gestão de custos e riscos operacionais CONSIDERAÇÕESFINAIS Neste capítulo aprendemos que a contabilidade de custos é uma rami- ficação da contabilidade financeira, voltada a gerar informações internas para a tomada de decisão. Além disso, vimos que se trata de um processo sistemático, que usa os princípios da contabilidade financeira para regis- trar e acompanhar os custos de operação de uma entidade. As empresas, estando estabelecidas em um ambiente em constante mudança e com concorrência acirrada, precisam de sistemas de controle eficazes e de informações coerentes com a realidade do negócio para adequar suas operações às crescentes mudanças do mercado. O profissional de custos, por sua vez, deve dominar conhecimentos estatísticos e matemáticos, técnicas de planejamento e pesquisa opera- cional para garantir a efetividade e eficiência nas operações. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 nov. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm#art4. Acesso em: 15 dez. 2020. BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l6404compilada.htm. Acesso em: 15 dez. 2020. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ l10406.htm. Acesso em: 15 dez. 2020. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na calculadora HP 12C e Excel. São Paulo: Atlas, 2004. CREPALDI, S. A. Contabilidade Gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. IUDÍCIBUS, S. de.; MARION, J. C.; FARIA, A. C. de. Introdução à teoria da contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2018. PADOVEZE, C. L.; TAKAKURA JR., F. K. Custo e preços de serviços: logística, hospitais, transporte, hotelaria, mão de obra, serviços em geral. São Paulo: Atlas, 2013. SÁ, A. L. Dicionário de Contabilidade. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1995. SEBRAE. Saiba mais: custos no comércio, 2020. Gestão financeira. Disponível em: https://m. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410 VgnVCM2000003c74010aRCRD. Acesso em: 15 dez. 2020. ZANLUCA, J. C.; ZANLUCA, J. S. História da contabilidade. Portal da contabilidade, 2020. Disponível em: http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm. Acesso em: 15 dez. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/saiba-mais-custos-no-comercio,442ab88efc047410VgnVCM2000003c74010aRCRD http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm Conceitos e classificações 29 GABARITO 1. Por ser voltada para o público externo e atender às exigências legais, a contabilidade financeira dificulta o processo de análise para a tomada de decisão, pois não pode ser ajustada de acordo com os objetivos dos gestores e da informação que se deseja extrair. Por isso, dependendo do tipo de informação necessária para a tomada de de- cisão, foram surgindo as ramificações. A contabilidade gerencial contribui para obter informações mais precisas e claras de acordo com as diversas áreas da empresa, en- quanto a contabilidade de custos contribui para o fornecimento de informações sobre os valores envolvidos na produção de produtos ou na prestação de serviços. 2. Uma gestão de custos eficiente auxiliará o gestor a tomar melhores decisões com base no conhecimento do custo unitário e total de cada produto vendido, bem como facilitará o processo de precificação. 3. Primeiramente, é preciso se perguntar se os gastos foram destinados ao sistema pro- dutivo ou não. Caso tenham sido, são classificados como custo fixo, direto ou indireto; do contrário, serão classificados como despesas fixas ou variáveis. 30 Gestão de custos e riscos operacionais 2 Modelo decisório de custos A temática deste capítulo são os principais métodos de custeio de produtos e serviços que necessitam de mensurações físicas das operações aplicadas no processo produtivo e das especificações dos materiais que os compõem. Vamos perceber que todos os métodos de custeamento são baseados no sistema contábil, no qual se buscam as informações da composição de cada produto ou serviço e de como eles são produzidos ou prestados. Primeiramente trataremos dos fundamentos e principais mé- todos de custeio, como o custeio por absorção (obrigatório para todas as empresas) e os métodos de custeio gerencial: custeio variável, custeio padrão e custeio ABC. Em seguida, discutiremos sobre qual é o melhor método de custeio e como identificá-lo de acordo com as necessidades de cada empresa. Assim, este capítulo nos dá os fundamentos para escolher qual é o melhor método de custeio para cada empresa. 2.1 Fundamentos e principais métodos de custeio Vídeo Métodos de custeio, ou custeamento, são utilizados para a toma- da de decisão de custos adotada pelos gestores das empresas. Eles são compreendidos, segundo Padoveze e Takakura Jr. (2013), como o caminho percorrido para encontrar o custo unitário de produtos ou serviços. Para tanto, utilizamos informações dos relatórios financeiros, da estrutura do serviço e da forma de fabricação do produto. Existem várias metodologias para apurar o custo unitário, e cada método tem vantagens e desvantagens, contudo, para efeitos contá- beis, somente o custeio por absorção é aceito. Modelo decisório de custos 31 A adoção de um método de custeio deve ser adequada aos objeti- vos da empresa, pois contribui para trazer informações não só de custo do produto, mas também de rentabilidade. Portanto, o método deve ser utilizado de maneira objetiva e sistemática, para que o gestor tome decisões sem prejudicar a lucratividade da empresa. Bornia (2010) afirma que o funcionamento da empresa pode ser vis- to como um processo que transforma insumos em produtos, conforme demonstrado na figura a seguir. Figura 1 Empresa como processo Processo produtivo Produtos Custos Insumos Fonte: Bornia, 2010, p. 31. No processo, conforme demonstrado na Figura 1, torna-se necessário identificar “o que” e “quanto” compõe cada custo e a participação desses associados em cada produto ou serviço. Em resumo, os métodos de custeio podem ser observados sob dois aspectos: o princípio, ou o tratamento das informações, e o método, sendo aquele que viabiliza a operacionalização do princípio, ou seja, vai decidir quais informações são importantes e como serão obtidas (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013). A Figura 2 apresenta uma visão geral dos principais métodos de custeio. Na coluna à esquerda, estão os gastos mais comuns de uma empresa, os quais utilizaremos para fazer o custeamento unitário, e na coluna à direita os métodos de custeamento mais utilizados. Figura 2 Principais métodos de custeio Gastos totais – diretos e indiretos Tipos de gastos Métodos de custeio Matéria-prima, materiais diretos e embalagens Te or ia da s re s- tr iç õe s Cu st ei o di re to o u va ri áv el Cu st ei o po r ab so rç ão Cu st ei o AB C RK W Despesas variáveis Mão de obra direta Mão de obra indireta Despesas geraisindustriais Depreciação Mão de obra administrativa/comercial Despesas administrativas/comercial Despesas financeiras 32 Gestão de custos e riscos operacionais Produto/serviço 1 Produto/serviço 2 Produto/serviço 3 Produto/serviço 4 Produto/serviço 5 Gastos totais + Métodos de custeio Fonte: Padoveze e Takakura Jr., 2013, p. 68. Na teoria das restrições, os gastos considerados para custeio são os variáveis (custos e despesas variáveis), como matéria-prima, frete, embalagens, comissões sobre as vendas etc. O custo da mão de obra direta não faz parte do custo unitário nessa teoria. O método de custeio variável ou direto reconhece a mão de obra direta como custo variável, já que no médio e longo prazo esse gasto apresenta variabilidade em relação ao volume produzido. O método de custeio por absorção é o mais conhecido e utilizado no mundo todo, pois é determinado pelas práticas contábeis interna- cionais. No Brasil, é obrigatório para fins de avaliação de inventários e de tributação do imposto de renda (BORNIA, 2010). Nesse método, os custos diretos e indiretos são apropriados ao custo unitário. O método de custeio ABC é uma alternativa ao custeio integral, pois reconhece tanto os custos diretos e indiretos quanto as despesas administrativas, comerciais, entre outras. É considerado mais racional ao considerar as atividades dos setores indiretos e depois fazer a dis- tribuição dessas atividades para formar os custos unitários dos pro- dutos e serviços da empresa. No entanto, não reconhece as despesas financeiras. O método RKW considera todos os gastos para apropriação do custo unitário, inclusive os financeiros. Nesse método, todos os custos de operação, comercialização, além dos administrativos e financeiros (exceto material direto), devem ser canalizados para o custo dos depar- tamentos ou setores diretos, assim os custos dos departamentos ou setores diretos absorvem todos os demais gastos da empresa. Nas seções seguintes, aprofundaremos os estudos sobre os prin- cipais métodos de custeio, sendo eles: custeio por absorção, custeio variável, custeio padrão e custeio ABC. Os métodos de custeio podem ser observados sob dois aspectos. Cite e explique cada um deles. Atividade 1 Modelo decisório de custos 33 2.2 Custeio por absorção ou integral Vídeo O custeio por absorção, também conhecido como custeio integral, é o método derivado da aplicação dos princípios fundamentais da contabi- lidade. Foi derivado do sistema desenvolvido na Alemanha, no início do século XX, conhecido como Reichskuratorium für Wirtschaftlichkeit (RKW). O método consiste na apropriação de todos os custos diretos, indi- retos, fixos e variáveis utilizados na fabricação dos produtos – ou todos os gastos relativos ao esforço de fabricação que serão distribuídos para todos os produtos ou serviços. O método de absorção segue os princípios fundamentais da con- tabilidade, sendo obrigatório para todas as empresas, além de ser utilizado para fins gerenciais. Vejamos um exemplo: a empresa XYZ, em um determinado mês, produ- ziu 10.000 unidades. Admitindo os custos para produção detalhados na Ta- bela 1, vamos fazer o custeamento pelo método do sistema por absorção. Tabela 1 Exemplo de custeio por absorção para um produto DESCRIÇÃO VALOR Matéria-prima transferida para produção R$ 85.000,00 Custo da mão de obra da produção apurada no mês R$ 12.000,00 Gastos gerais de produção apurados no mês R$ 10.000,00 TOTAL DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO MÊS R$ 107.000,00 Unidades produzidas no mês 10.000 Custo unitário de produção de XYZ (107.000 / 10.000) R$ 10,70 Fonte: Elaborada pela autora. 34 Gestão de custos e riscos operacionais Perceba que todos os gastos da produção foram considerados no cálculo, sejam eles variáveis, fixos, diretos ou indiretos, conforme es- quema demonstrado na figura a seguir. Figura 3 Esquema do custeio por absorção Receita Lucro/PrejuízoDespesaCMV Produto Rateio IndiretosDiretos Gasto InvestimentoCustos Fonte: Elaborada pela autora. As principais características do custeio por absorção são: • Engloba os custos totais: fixos, variáveis, diretos e/ou indiretos. • É necessário um critério de rateio para apropriação dos custos in- diretos quando houver mais de um produto ou serviço. O gestor escolhe qual método é o mais adequado para a empresa, entre eles: o gasto com a mão de obra direta; o total das quantidades produzidas; o total dos custos diretos; ou os custos de transfor- mação (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013). • É o critério legal exigido no Brasil. Entretanto, nem sempre é útil como ferramenta de análise para tomada de decisão, pois apresenta distorções ao distribuir os custos aos diversos pro- dutos e serviços, possibilitando mascarar desperdícios e ou- tras ineficiências produtivas. • Os resultados sofrem influência direta do volume de produção. Para uma empresa que produz dois produtos, vamos denominá-los de produtos A e B, utilizaremos como critério de absorção o custo da mão de obra do período, para, em seguida, atribui-los unitariamente Modelo decisório de custos 35 aos custos dos produtos A e B. Antes, precisamos obter o total da mão de obra direta, conforme demonstrado na tabela a seguir. Tabela 2 Exemplo de custeio por absorção para dois produtos Descrição do gasto Produto A Produto B Total Materiais diretos (R$) 122.000 81.500 203.500 Mão de obra direta (R$) 278.000 92.000 370.000 Custo direto (R$) 400.000 173.500 573.500 Rateio MOD% 75,14% 24,86% 100% Custo indireto (R$) 480.896 159.104 640.000 Custo total (R$) 880.896 332.604 1.213.500 Unidades produzidas 280.000 60.000 Custo unitário (R$) 3,15 5,54 Fonte: Elaborada pela autora. Ao utilizar como critério para rateio dos custos indiretos a mão de obra direta, chegamos a um custo unitário de R$ 3,15 para o produto A e R$ 5,54 para o produto B. Segue detalhamento do cálculo: • 1º Identificamos quanto a mão de obra consumida para cada pro- duto representa da mão de obra total (Tabela 3). Tabela 3 Demonstração de cálculo da participação da mão de obra para cada produto Descrição Custo mão de obra direta (R$) % participação Produto A 278.000 75,14% Produto B 92.000 24,86% Total 370.000 Fonte: Elaborada pela autora. • 2º Pegamos o valor total do custo indireto de R$ 640.000 e fize- mos a distribuição para cada produto de acordo com a participa- ção de gastos. O produto A apropriou 75,14% dos custos indiretos = 640.000 x 75,14% = R$ 480.896,00 O produto B apropriou 24,86% dos custos indiretos = 640.000 x 24,86% = R$ 159.104,00 • 3º Identificado o custo total (material direto, mão de obra indireta e custo indireto), chegamos ao custo total de R$ 880.896 para o produto A e R$ 332.604 para o produto B. Para encontrarmos O vídeo Aula 8 / custeio por absorção, publicado pelo Professor Daniel Santana, explica de uma forma clara e didática o conceito de absorção e sua forma de aplicação. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=GI5F9k8KB8g&t=63s. Acesso em: 15 dez. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=GI5F9k8KB8g&t=63s https://www.youtube.com/watch?v=GI5F9k8KB8g&t=63s https://www.youtube.com/watch?v=GI5F9k8KB8g&t=63s 36 Gestão de custos e riscos operacionais o custo unitário, é necessário dividir a quantidade produzida de cada produto pelo seu custo total: Produto A = 880.896 / 280.000 = R$ 3,15 custo unitário Produto B = 332.604 / 60.000 = R$ 5,54 custo unitário Na próxima seção, vamos entender como aplicar o custeio variável. 2.3 Custeio direto ou variável Vídeo No método de custeio direto ou variável, apenas os custos variáveis são relacionados aos produtos, e o custo fixo é considerado custo do pe- ríodo (BORNIA, 2010). Ou seja, o custo final do produto ou serviço será a soma do custo variável, dividida pela produção correspondente, sendo os custos fixos considerados diretamente no resultado do exercício. Os custos fixos devem ser amortizados independentemente do vo- lume produzido, por issoa empresa precisa produzir o máximo possí- vel para diluir esses custos. Sendo assim, os únicos custos relevantes são os variáveis. Gerencialmente é um método muito usado, mas, por sua restrição fiscal e legal, sua utilização implica a exigência de dois sistemas de custos: • o sistema de custo contábil (absorção ou integral), para atender às normas legais; • um método de custeio paralelo, separando os custos fixos e variáveis. Há possibilidade de efetuar separação do custeio direto na con- tabilidade, segregando-se todos os custos em categorias específi- cas, por exemplo: Mão de obra de produção Mão de obra de produção – Variável Mão de obra de produção – Fixa Gastos gerais de fabricação Manutenção – Variável Manutenção – Fixa Modelo decisório de custos 37 Desde que o sistema de acumulação seja a soma dos custos fixos e variáveis, não há que se opor a essa sistemática de separar os valores para utilização gerencial. Contudo, atualmente a maioria das empresas tem sistemas de gestão próprios que extraem da contabilidade dados específicos para análise de custos variáveis. A contabilidade utiliza o custeio por absorção enquanto os sistemas de análise extraem das contas de custos os valores diretos. Algumas características essenciais do método de custeio variável são: • divisão dos custos em dois grupos principais: fixos e variáveis; • custo final dos produtos é a soma dos custos variáveis; • custos fixos são considerados integralmente nas contas de resultado. Resumindo, nesse método de custeio, no cálculo dos custos fi- nais por produto são computados somente os custos variáveis. Os custos fixos são considerados despesas, levadas integralmente ao resultado do período, por não serem considerados elementos com- ponentes do custo dos produtos. Obtém-se, assim, o custo final variável dos produtos. Na Tabela 4 podemos analisar um exemplo de custeio variável para uma empresa que produz um único produto. Tabela 4 Demonstração de cálculo do custeio variável para um produto Descrição Valor Total Fixo Variável Matéria-prima transferida para produção (R$) 85.000,00 85.000,00 Custo da mão de obra da produção apurada no mês (R$) 12.000,00 6.000,00 6.000,00 Gastos gerais de produção apurados no mês (R$) 10.000,00 7.000,00 3.000,00 TOTAL DO CUSTO DE PRODUÇÃO DO MÊS (R$) 107.000,00 13.000,00 94.000,00 Unidades produzidas no mês 10.000 10.000 Custo unitário de produção (R$) 10,70 9,40 Fonte: Elaborada pela autora. Nesse exemplo, o custo total, de R$ 10,70 por unidade, foi subdi- vidido em custo fixo e em variável, o que resultou numa apuração de “custo direto”, por unidade final de produto, de R$ 9,40, na qual somen- te foram considerados os custos variáveis do período (matéria-prima, mão de obra e gastos gerais, todos da produção). 38 Gestão de custos e riscos operacionais Vamos ver outro exemplo, agora para dois produtos, conforme da- dos dispostos na tabela a seguir. Tabela 5 Demonstração de cálculo do custeio variável para dois produtos Descrição do gasto Produto A Produto B Total Materiais diretos (R$) 122.000 81.500 203.500 Mão de obra direta (R$) 278.000 92.000 370.000 Custo direto (R$) 400.000 173.500 573.500 Custo indireto (R$) 640.000 Unidades produzidas 280.000 60.000 Custo unitário (R$) 1,43 2,89 Preço de venda (R$) 2,70 4,63 Margem de contribuição (unit) (R$) 1,27 1,74 Margem de contribuição (%) 47,09% 37,50% Margem de contribuição total (R$) 356.000 104.100 Fonte: Elaborada pela autora. Esse método contribui para identificar a margem de contribuição unitária e total por produto. Margem de contribuição é a contribuição monetária de cada produto ou serviço para cobertura dos custos e das despesas fixas. Pode ser encontrada na aplicação da seguinte equação: MCunit = PVunit – CVunit Ou, para encontrar em porcentagem: MC(%) = MCunit PVunit MCunit = margem de contribuição unitária MC(%) = margem de contribuição em porcentagem PVunit = preço de venda unitário CVunit = custo variável unitário No exemplo supracitado, percebemos que o produto A contribui para amortizar os custos fixos em 47,09% ou em R$ 1,27 por unidade, gerando uma margem de contribuição total de R$ 356.000. Já o produto B contribui em 37,50% para amortizar os custos fixos ou em R$ 1,74 por unidade, gerando uma margem de contribuição total de R$ 104.100. Note que num primeiro momento poderíamos concluir que o pro- duto B é o melhor da empresa, ao analisar somente a margem de contribuição unitária. Contudo, ao observarmos a margem de contri- Quer se aprofundar no assunto? O Portal de Contabilidade divulga os principais métodos de cálculo, legislação e resoluções. Disponível em: http://www. portaldecontabilidade.com.br/ tematicas/metodosdecusteio.htm. Acesso em: 15 dez. 2020. Leitura http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/metodosdecusteio.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/metodosdecusteio.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/metodosdecusteio.htm Modelo decisório de custos 39 buição total, percebemos que o produto A é o melhor da empresa, pois, apesar de apresentar uma margem de contribuição unitária me- nor, vende mais. Vamos ter uma ideia geral do método por meio do esquema ilustra- tivo a seguir. Figura 4 Esquema do custeio variável Lucro operacional (Despesa) (Custo do produto vendido) D.R.E. Receita operacional Após a venda Imediatamente Custo variável Investimento Custo fixo Despesa Gasto Fonte: Elaborada pela autora. Os custos diretos são transferidos aos produtos por meio do consumo efetivo e pelo tempo de produção de cada um. Dessa forma, os materiais são alocados aos produtos com base no consumo apurado pelo sistema de controle de estoques. Já a mão de obra direta é alocada com base nas horas trabalhadas para cada produto, e os outros custos diretos identifi- cáveis – como a industrialização efetuada por terceiros sobre os produtos – são atribuídos diretamente aos produtos que os consumiram. A empresa que utilizar a apuração de custos pelo sistema direto de custeio deverá ajustar os cálculos de maneira que não distorça o método de absorção, tratando de preservar as informações sobre custos fixos e sua distribuição nos cálculos. Então, uma conta de estoques, por exemplo, deverá prever duas subcontas distintas, para que a somatória delas com- ponha o custo final do produto, desta forma: Estoques – Produtos acabados – Custo variável Estoques – Produtos acabados – Custo fixo (=) Estoques – Produtos acabados Atenção 2.4 Custeio padrão Vídeo O custeio padrão consiste na técnica de prefixar antes do início da produção o custo para cada produto ou serviço prestado, com base no histórico ou nas metas a serem conquistadas pela empresa. Segundo Dubois (2019), padrão é uma referência, um elemento quantitativo ou fi- nanceiro que servirá de base de comparação com os resultados futuros. Os principais tipos de custeio padrão são: • custo-padrão corrente ou standard: é o custo que leva em con- sideração o histórico de custo de períodos anteriores. A empresa considera inclusive as perdas normais que ocorrem no processo, tanto de material como de tempo dos funcionários. 40 Gestão de custos e riscos operacionais • custo-padrão ideal: é o custo que a empresa deseja alcançar em condições normais de eficiência do uso dos seus recursos. É útil para ser usado como parâmetro de longo prazo. Os desperdícios são reduzidos ou eliminados para se chegar na condição ideal, com base em estudos científicos (BRUNI, 2019). O custeio padrão é importante para a gestão de custos, pois permite a comparação com os custos reais, apresentando as melhorias ou falhas que ocorrem no processo produtivo. No caso de falhas, ajuda a identifi- car os motivos que levaram a empresa a não atingir o padrão esperado. Para que cumpra o seu principal papel, o de subsidiar a gerência com informações a respeito do comportamento dos custos, quanto maior for o detalhamento em cadaetapa do processo, atribuindo os padrões em quantidade e valores, maior será a facilidade de a empresa verificar os pontos falhos. Quando o custo-padrão é superado, o custo-efetivo (custo que ocor- reu no período) passará a ser o custo-padrão para os próximos exercícios. Vale destacar que alguns autores não classificam o custo-padrão como sendo um método, mesmo porque não é estabelecido um processo de como fazer, apenas comparam-se os resultados com o pré-determinado. Para Dubois (2019), o método de custeio padrão é indicado quando a fábrica trabalha com grandes quantidades de produtos homogêneos ou lotes, ou quando produz grandes quantidades de itens similares. Portanto, o custo-padrão não pode ser classificado nem como prin- cípio nem como método, por não apresentar orientações específicas de procedimento. Ele é um referencial, criado para comparação. Assim, o custo-padrão é mais um instrumento de controle do que um instrumen- to operacional. Vamos ver um exemplo detalhado na tabela a seguir. Tabela 6 Demonstração de cálculo do custo-padrão Custos Custo--efetivo (R$) Custo-padrão (R$) Situação O que fazer Materiais 120.000,00 110.000,00 Piorou Verificar Aluguel 4.000,00 4.000,00 Padrão Energia elétrica 2.200,00 2.050,00 Piorou Alteração irrelevante Departamento de corte 22.000,00 21.500,00 Melhorou Usar como padrão Departamento de montagem 42.500,00 40.000,00 Melhorou Usar como padrão Departamento de acabamento 16.000,00 14.000,00 Piorou Verificar Fonte: Elaborada pela autora. Modelo decisório de custos 41 O custo-efetivo é comparado ao custo-padrão e é dado um status para possível verificação. O objetivo é que o custo-efetivo seja pelo menos igual ao custo-padrão, contudo, caso não seja, deve-se adotar medidas corretivas. Segundo Bruni (2019), as variações podem ser do preço de custo, da quantidade ou conjuntas. A variação do preço de custo é a diferença entre o preço de custo-padrão e o de custo-efetivo, desde que a quan- tidade padrão seja realmente consumida. No caso de materiais diretos, a variação é calculada como a diferença entre o custo-efetivo unitário e o custo-padrão unitário dos materiais, multiplicada pela quantidade- -padrão. Já a mão de obra direta é a diferença entre o salário-efetivo e o salário-padrão multiplicada pelo número de horas-padrão. A variação do preço de custo-padrão pode ser representada da se- guinte maneira: ∆% do preço de custo-padrão = (preço de custo-efetivo – preço de custo- -padrão) x quantidade-padrão Como exemplo, vamos considerar uma empresa que produz 1.000 unidades de um produto, num determinado período, e tenha identificado os seguintes resultados de custo e quantidade-padrão e custo e quantidade-efetiva: Descrição Valor Custo-padrão (R$) 720,00 Custo-efetivo (R$) 732,00 Quantidade-padrão de matéria-prima por produto 2 Quantidade-efetiva de matéria-prima por produto 3 ∆% do preço de custo-padrão = (732,00 – 720,00) x 1.000 = R$ 12.000,00 A diferença por produto, chamada de variação, foi de R$ 12,00. Nesse caso, seria um desempenho desfavorável, pois o custo-efetivo ultrapassou o custo-padrão. A variação na quantidade de matéria-prima utilizada é a diferença entre o consumo-padrão previsto e o consumo-efetivo identificado. A variação da quantidade pode ser representada como segue: ∆% da quantidade = (quantidade-efetiva – quantidade-padrão) x preço- -padrão 42 Gestão de custos e riscos operacionais Como exemplo, vamos supor que, para produzir um único produ- to, a empresa precise de duas matérias-primas ao custo unitário de R$ 110,00. Se ao apurar a quantidade da matéria-prima consumida a empresa percebesse que foram utilizadas três por produto, teríamos: ∆% da quantidade = (3 – 2) x 110,00 = R$ 110,00 unitário Houve acréscimo de uma matéria-prima por produto, ocasionando uma situação desfavorável em relação à quantidade-padrão estabele- cida anteriormente. A variação conjunta é um misto das variações de preço de custo e quantidades; é o produto das diferenças. Pode ser representada como segue: ∆% conjunta = (preço de custo-efetivo – preço de custo-padrão) x (quantidade-efetiva – quantidade-padrão) ∆% conjunta = (732,00 – 720,00) x (3 – 2) = R$ 12,00 A variação conjunta informa que a variação no preço de custo em conjunto à variação na quantidade eleva o custo unitário do produto em R$ 12,00. Ao utilizar o custo-padrão, o gestor poderá definir um custo-padrão como referência para a análise dos custos, apurar o custo-efetivo in- corrido e analisar a variação ocorrida entre o custo-padrão e o efeti- vo, a fim de tomar decisões corretivas, caso necessário (BORNIA, 2010; DUBOIS, 2019). Além disso, esse método possibilita acesso a informa- ções para negociação de preços, permite acompanhar os estoques de produtos acabados e em elaboração bem como o monitoramento das operações, da avaliação de desempenho, da identificação de gargalos ou pontos de ineficiências. Ao perceber que o custo-padrão se desviou do efetivo, o gestor pre- cisa agir rapidamente, buscando as causas que levaram aos desvios. Sendo assim, o custo-padrão, tendo a sua utilidade voltada para fins de- cisórios, pode também fornecer informações externas (imposto de ren- da, por exemplo). Só que para isso as variações das contas devem ser ajustadas aos saldos reais no fim do período de controle fiscal. Modelo decisório de custos 43 2.5 Custeio baseado em atividades (ABC) Vídeo O custeio baseado em atividades (ABC), ou Activity-Based Costing, na sua primeira versão é definido como um método de custeio que procura re- duzir as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos, aumentando sua importância em relação aos custos diretos, já que estes são mais fáceis de serem identificados (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013). Esse método diferencia-se dos demais por separar os custos indire- tos de acordo com a atividade realizada. Ou seja, enquanto nos demais métodos os custos indiretos são repassados para departamentos ou centros de custos, no método ABC os custos indiretos são repassados para as atividades independentemente do local onde o serviço é pres- tado ou o produto é fabricado. Martins (2018) afirma que a segunda versão do custeio ABC foi rea- lizada para possibilitar a análise de custos sob duas visões: a primeira fornece os mesmos dados da versão tradicional do custeio ABC, e é uma visão econômica que apropria os custos aos objetos de custeio por meio das atividades realizadas em cada centro de custos; e a segunda visão, no aperfeiçoamento de processos, capta os custos das atividades realizadas nos vários departamentos existentes, reconhecendo que os processos são formados por uma sequência de atividades. Esse reco- nhecimento permite que os processos sejam analisados, custeados e aperfeiçoados com bom desempenho na execução das atividades. Exemplificando, o que consome bens e serviços dentro da empresa são as atividades, e não os locais de trabalho. O método ABC procura fazer uma identificação de todas as principais atividades da empresa e de todos os setores indiretos (comercial, administrativo e operacio- nal) (PADOVEZE; TAKAKURA JR., 2013). Assim, o custo de vigilância, por exemplo, não vai ser rateado para os departamentos, mas será o servi- ço de vigilância considerado um centro de custos. Quadro 1 Representação dos processos do custeio ABC Recursos Direcionadores de custos Atividades Direcionadores de atividades Objetos de custeio Gastos indiretos Indicadores de con- sumo de gastos pelas atividades Eventos executados por homens, máquinas, equipamentos e insta- lações que consomem recursos Indicadores de consu- mo de atividades pelos processos Processos operacio- nais que geram bens ou serviços Fonte: Oliveira e Perez Jr., 2000. 44 Gestão de custos e riscos operacionais Agora, vamos entender os conceitos de direcionadores de custos, atividade, direcionadores de atividades e processo, segundo Oliveira e Perez Jr. (2000): • Direcionadores de custos:parâmetros de atividades por meio dos quais são identificados e avaliados os recursos gastos em uma determinada atividade ou serviço. • Atividade: qualquer ação que consome recursos da empresa, sendo composta por um conjunto de tarefas necessárias ao bom desempenho do negócio. Uma atividade pode ser entendida como uma combinação de recursos humanos, materiais e finan- ceiros para produzir os bens e serviços. • Direcionador de atividades: parâmetros por meio dos quais são identificadas e avaliadas todas as atividades consumidas no de- senvolvimento de um processo. • Processo: conjunto de atividades relacionadas e coordena- das nas quais são consumidos recursos visando à obtenção de resultados. As fases para implantação do custeio ABC, segundo Padoveze e Takakura Jr. (2013), são: 7 Custear unitariamente o total das atividades para cada produto ou serviço e inserir no custo unitário total. Custear unitariamente cada atividade.5 Identificar a quantidade de direcionadores de cada atividade consumida por cada produto ou serviço. 6 1 Identificar as atividades dos setores indiretos. 3 Quantificar periodicamente as quantidades dos direcionadores realizados pelas atividades. 2 Escolher o melhor direcionador de custo (cost driver) de cada atividade. 4 Mensurar quanto se gasta periodicamente para realizar as atividades. Modelo decisório de custos 45 Vamos agora observar o caminho do processo representado pelo esquema da figura a seguir. Figura 5 Esquema do custeio ABC Materiais diretos Mão de obra direta Custo indireto A Custo indireto X PRODUTOS Apropriação direta Direcionador de recursos Atividade 1 Direcionador de atividades Atividade n Fonte: Megliorini, 2007, p. 152. Bornia (2010) demonstra a lógica do funcionamento do método ABC, no qual os recursos são consumidos pelas atividades e as ativida- des são usadas pelos produtos ou serviços. Figura 6 Lógica de funcionamento do método ABC Recursos usam consomem (a) Lógica de funcionamento Atividades Produtos Custeio do processo (b) Modelo Custeio dos produtos AtividadesCustos Produtos Fonte: Bornia, 2010, p. 122. Os sistemas de custos tradicionais refletem os custos da estrutura organizacional da empresa, que na maioria das vezes é funcional. Já o custeio ABC busca o custeio dos processos, geralmente interdeparta- mentais, para além da organização funcional, como uma ferramenta de análise dos fluxos de custos. Os benefícios são proporcionais aos processos interdepartamentais da empresa (MARTINS, 2018). O vídeo Exemplo 1 – Custeio Baseado em Atividades (Custeio ABC), publicado pelo Professor Danillo Nogueira, explica usando uma planilha do Excel como fazer o custeio baseado em atividades. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=iQ8nExR51F8. Acesso em: 15 dez. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=iQ8nExR51F8 https://www.youtube.com/watch?v=iQ8nExR51F8 46 Gestão de custos e riscos operacionais Uma vantagem do custeio ABC em relação a outros sistemas de custeio é que sua análise vai além do custo do produto, da lucratividade, da continuidade etc. Além disso, permite que os processos que ocorrem dentro da empresa sejam custeados e proporciona a identificação das atividades que podem ser aprimoradas, reestruturadas ou eliminadas para melhorar a competitividade da empresa (MARTINS, 2018). Porém, para Dubois (2019), o método de custeio ABC exige sacrifício financeiro para ser colocado em prática e apresenta duas limitações importantes: os altos custos administrativos necessários aos centros de atividades e geradores de custos e a inevitabilidade das alocações aleatórias, apesar de a maioria dos direcionamentos dos custos serem feitos para os custos indiretos. Qual é o principal benefício de o gestor ter uma visão dos processos da empresa adquirida pelo custeio ABC? Atividade 2 2.6 O melhor método de custeio Vídeo O método de custeio direto ou variável, segundo Padoveze e Takakura Jr. (2013), é o melhor para propósitos de tomada de decisão por fornecer informações sobre o custo unitário de produtos e serviços. É um dos métodos de custeio mais conhecidos e utilizados pelas empresas industriais e de prestação de serviços por ser simples e objetivo. Além disso, é um método que propicia flexibilidade nas tomadas de decisões sobre preços de venda e lucro dos produtos ou serviços, contribuindo para manter a competitividade. Ao utilizar outros métodos de custeio, a empresa pode perceber que alguns produtos apresentam prejuízo; por exemplo, no custeio por absorção, que considera somente os custos fixos, e no método ABC, que além dos custos fixos considera também as despesas. Ao analisar pelo método do custeio direto, isso não acontece, pois ele trabalha com o conceito de margem de contribuição (PV – CV). Enquanto alguns produtos, ao utilizar o custeio por absorção ou ABC, poderiam ser eliminados do portfólio por apresentarem prejuízo, no custeio direto ou variável isso não ocorreria, pois notaríamos que todos os produtos contribuem com determinado valor para amortizar os custos e as despesas fixas, devendo então ser mantidos. Padoveze e Takakura Jr. (2013, p. 87) afirmam que: Para tomada de decisão que envolva alteração de volume de mix de produtos e serviços só é admissível a utilização do método de Modelo decisório de custos 47 custeamento direto/variável. Os métodos que contemplem qual- quer tipo de alocação de gastos indiretos/fixos (absorção, ABC, integral, RKW) aos produtos e serviços não podem ser utilizados, de forma nenhuma, para tomada de decisão que envolva mix de produtos, alterações de preços, custos e volume, uma vez que misturam, no custeamento unitário, custos de natureza fixa com natureza variável. Devido ao fato de o custeio por absorção ser exigido por práticas internacionais e pela legislação tributária, as empresas acabam tendo uma tendência a utilizar outros métodos de custeio para análise gerencial. Contudo, como orientado por Padoveze e Takakura Jr. (2013), eles devem ser utilizados com cautela. Tanto em empresas comerciais quanto em industriais o método do custeio variável ou direto é recomendado para o processo de tomada de decisão. Lembrando que, para o comércio, o custeio direto ou variá- vel é o custo da mercadoria vendida; e na indústria, a matéria-prima e a mão de obra direta. No caso de prestação de serviços, o custo direto é o custo da mão de obra fixa, ou seja, do profissional prestador do serviço, que pode ser: empresas de serviços contábeis, arquitetura, engenha- ria, consultoria, assessoria etc.; empresas de profissionais liberais; de serviços financeiros; do ramo da educação; de serviços de manuten- ção; vigilância, entre outros. Na prestação de serviços, os custos são fixos com alocação direta a determinado serviço. Não se aconselha, nesse caso, utilizar método de custeio por absorção ou qualquer outro método de rateio dos custos in- diretos, por não poderem ser alocados de maneira objetiva aos serviços. Quais são as principais características do método de custeio direto ou variável? No que eles se diferenciam do custeio por absorção? Atividade 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo conhecemos os principais métodos de custeio, suas ca- racterísticas e sua aplicação. Como vimos, esses métodos são conjuntos de técnicas utilizados para determinar os custos dos produtos produzi- dos e serviços prestados, fornecendo informações para sua precificação e para a apuração do resultado. O custeio por absorção e o custeio direto ou variável são os méto- dos mais tradicionais de identificação dos custos totais. Com o passar do tempo, houve modificações nos processos organizacionais devido à maior competitividade e ao aumento da lucratividade. Tal fato exigiu 48 Gestão de custos e riscos operacionais o desenvolvimento de outros métodos que fornecessem informações mais precisas para a tomada de decisão e que permitissem planejar e traçar estratégias. Entre os métodos de custeio
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